Relatório de Estágio - Armazém Criativo

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André Peixoto Escola Superior de Educação de Coimbra | Comunicação e Design Multimédia | 2016/2017 | Orientadora: Márcia Figueiredo | Coordenador: Tiago Monteiro





Em primeiro lugar gostaria de agradecer à minha família, sem eles nada disto era possível. Aos meus pais, Ercília e Vitor, um grande obrigado pelo apoio e por, acima de tudo, permitirem-me perseguir o meu sonho. Devo-vos muito! Aos meus irmãos, Chico e Cátia, pelo apoio incondicional e por serem a minha maior fonte de inspiração. Obrigado à ESEC e a todos os professores pela integridade e ensino. Obrigado a todos com quem me cruzei nestes últimos 3 anos, foram sem dúvida influência para mim. Um obrigado especial aos meus “putos” João Marques, Rodrigo Montês e Pedro Baía, sem vocês isto teria sido muito diferente, talvez pior, talvez melhor, mas não era a mesma coisa. Por fim, um obrigado aos armazenistas do Armazém Criativo por me receberem de braços abertos neste projeto, especialmente ao meu coordenador Tiago Monteiro por todo o conhecimento transmitido, sem dúvida saio mais maduro profissionalmente.

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Este relatório foi realizado no âmbito do Projeto estágio curricular da licenciatura em Comunicação e Design Multimédia na Escola Superior e Educação de Coimbra. A entidade acolhedora foi a empresa Armazém Criativo durante um período de 3 meses - Fevereiro de 2017 a Maio de 2017. Será feita uma breve apresentação da empresa e da equipa e a descrição dos trabalhos realizados. Toda a componente teórica do presente relatório envolve as temáticas de vídeo promocional, vídeo institucional e design de identidade.

PALAVRAS CHAVES Audiovisual Video Promocional Vídeo Institucional Produção Publicidade Design Gráfico Design de identidade Packaging 7



4 — Agradecimentos 6 — Resumo 12 — Introdução 14 — Estrutura 16 — Expectativas 18 — Empresa 20 — Enquadramento Teórico TRABALHOS 24 — Fundamentação Teórica: CliTaipas — Pré-Produção 25 — as fases da PRODUÇÃO audiovisual 29 — CliTaipas: Pré-Produção 30 — STORYBOARD - Vídeo Promocional CliTaipas 36 — STORYBOARD - Vídeo Institucional CliTaipas 38 — Fundamentação Teórica: Vídeos — Pós-Produção 39 — o papel da MONTAGEM no discurso audiovisual 41 — Histórico da Montagem 46 — Continuidade Narrativa 50 — o papel da PUBLICIDADE audiovisual 52 — iStore Oeiras Parque: Pós-Produção

54 — WebSummit: Pós-Produção 56 — Apresentação da Programação Nortravel 2017: Pós-Produção 58 — Evento Founders Founders (F2): Pós-Produção 60 — Teammatters 3 (Pixelmatters): Pós-Produção 62 — Gala El Corte Inglés - Boîte: Pós-Produção 64 — Hack for Good 2017: Pós-Produção 66 — Fundamentação Teórica: White Valley — Branding/Identidade Visual 67 — Branding 70 — Identidade Visual 74 — Posicionamento 77 — White Valley: Branding/Identidade Visual 84 — Conclusão 86 — Bibliografia/Webgrafia

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fig.01 — Efeito Kuleshov

fig.08 — Inicial Pinterest

fig.02 — Logótipo Salsa

fig.09 — Firma Fátima Lopes

fig.03 — Imagotipo Sapo

fig.10 — Pictograma Figurativo Twitter

fig.04 — Isologo NOS

fig.11 — Pictograma Abstrato Vodafone

fig.05 — Símbolo McDonald’s

fig.12 — Testes de símbolos realizados pelo Telmo

fig.06 — Monograma Caixa Geral de Depósitos fig.07 — Sigla Novo Banco

fig.13 — Mockup de cartão de visita realizado por mim fig.14 — Mockup de carimbo realizado pelo Telmo

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Este presente relatório surge no âmbito do estágio curricular da Licenciatura em Comunicação e Design Multimédia da Escola Superior de Educação de Coimbra. Constitui a prova final do curso e tem como propósito expor a experiência curricular em estágio que eu tive oportunidade de vivenciar. O estágio curricular marca o início de uma nova etapa na vida de um estudante e é o primeiro contacto com o mercado de trabalho. É uma oportunidade de colocar em prática os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo da licenciatura, como também, é uma oportunidade para adquirir novos conhecimentos e competências. Este relatório permite catalogar e descrever resumidamente o trabalho desenvolvido ao longo de três meses na empresa Armazém Criativo e guiar os leitores numa consideração breve sobre o audiovisual, as suas fases de produção, a montagem, o papel da publicidade e também o branding e a identidade visual incluídos na área do design gráfico.

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Este relatório encontra-se segmentado em três partes: Na primeira parte abordo a minha escolha do estágio, a abordagem que tive para procurar uma entidade acolhedora com a qual me identificasse, expectativas e objetivos. E ainda faço uma apresentação da empresa e a sua equipa. Dado o estágio ter sido desenvolvido nas áreas de vídeo e design gráfico, na segunda parte apresento alguns projetos, com diferentes dimensões e duração, nos quais eu participei durante o estágio. A acompanhar a descrição desses mesmos trabalhos, estará presente um enquadramento teórico sobre as áreas desenvolvidas, o vídeo e o design gráfico. Por fim, é apresentada a reflexão final do relatório, sobre as experiências vividas durante o estágio e a sua importância a nível académico, pessoal e profissional.

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Quando comecei a procurar estágio tinha já definido a minha área, o vídeo, mais propriamente na pós-produção e motion graphics, a fim de evoluir profissionalmente a esse nível, no entanto, não gostaria apenas de estar envolvido numa só área e sim poder envolver-me noutras. Encontrei várias empresas do meu agrado e sendo o meu objetivo trabalhar com uma equipa jovem e empreendedora nas várias áreas da comunicação, escolhi o Armazém Criativo.

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EMPRESA

A empresa tem o nome de Armazém Criativo, é uma agência de comunicação multimédia fundada por 4 jovens rapazes (Tiago Monteiro, Fábio Barros, Simão Bartolo e Nuno Malta) a 3 de Janeiro de 2014, completando este ano 3 anos de existência. Já colaborou com Infraspeak, Pixelmatters, Douro ECI e muito mais. Esta empresa desenvolve várias áreas de comunicação como design, vídeo, web e motion, e fica situada na Ribeira, Porto. Descrição no facebook da empresa (facebook. com/armazemcriativo): “Confiamos na importância da multidisciplinaridade dos nossos serviços, no impacto de contar uma boa história, na experiência honesta que partilhamos com os nossos clientes. Somos uma equipa flexível composta por designers, developers e estrategistas que desenvolvem variados projetos que vão desde a identidade corporativa à animação, fotografia e web, sempre com uma linguagem apelativa e única.”

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Tiago Monteiro Founder & Videographer

Simão Bártolo Founder & Graphic Designer

Nuno Malta Founder & Web Designer

Fábio Barros Founder & VFX Artist

António Araújo Account Manager

Telmo Moranguinho Estagiário

Ilustrações minhas da equipa Armazém Criativo realizadas para o relatório

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Antes de apresentar os trabalhos realizados, começo por um enquadramento teórico geral sobre a área nos quais esses trabalhos se encaixam - vídeo (audiovisual). AUDIOVISUAL Conceito A linguagem audiovisual é composta por outras três linguagens - verbal, sonora e visual - que conjugadas, transmitem uma mensagem específica. “A linguagem audiovisual é um conjunto de signos1 utilizados para a comunicação de ideias e/ou sentimentos, que se constitui pelo uso sígnico da imagem em movimento e de registos gráficos, combinados com o som. Tanto a fotografia como o som, podem compor a mensagem audiovisual com finalidade expressiva ou ilustrativa.” (Jorge Alves, ipv.pt/forumedia/3/3_fi6.htm) O sistema de signos audiovisual é composto pela combinação do que é percepcionado pelo ouvido e pela visão e pelas relações que entre eles se estabelecem.

Segundo o investigador Jorge Alves, os signos perdem parcialmente a sua autonomia de acordo com a função que realizam, mas a substituição ou modificação de um dos componentes, pode alterar o conjunto. Os signos Visuais são produzidos por significantes captados pela visão: pictóricos, gráficos, imagens, etc. Signos auditivos são produzidos por significantes apreendidos pelo ouvido. No contexto da linguagem audiovisual, o som não enriquece a imagem, mas sim, modifica a percepção global do receptor. Em suma, o resultado da combinação audio e visual “não consiste na percepção de sons e imagens enquanto tais, mas na percepção de espaço, de matéria, de volume, de sentido, de expressão e de organização espacial e temporal”. (Jorge Alves, ipv.pt/forumedia/3/3_fi6.htm)

1 - Signos Audiovisuais - produzidos pela combinação

de significantes percepcionados pelo ouvido e pela visão. As imagens e os sons constituem o significante.

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CliTaipas — Pré-Produção


as fases da PRODUÇÃO audiovisual Qualquer produção audiovisual, quer seja uma longa/curta metragem, um vídeo institucional, comercial, envolve uma série de várias etapas para o sucesso da sua execução. Estas fases determinam todo o processo criativo, desde a ideia até ao resultado final, e para cada tipo de produção, difere o grau de complexidade e de profissionais envolvidos.

PRÉ-PRODUÇÃO A pré-produção é a primeira etapa do processo e é a fase que torna uma ideia em algo concreto. Nesta fase define-se uma sequência de operações sucessivas de como será conduzida a captação de imagens, que vai da ideia inicial, procedimentos técnicos a adotar, abordagens estéticas, burocracias, ao conteúdo completo da narrativa audiovisual.

Para assegurar o sucesso do resultado final é necessário ter em conta as necessidades, interesses e perfil do público-alvo. Devemos, por isso, antecipar a reação do público e adequar o estilo do nosso produto a essas características. Para que o produto tenha sucesso deverá: captar o interesse do público no início, mantê-lo e surpreendê-lo no final. GUIÃO O guião técnico é elaborado na pré-produção e procura descrever antecipadamente, plano a plano (daí que seja o instrumento mais comum da planificação), aquilo que o vídeo vai retratar depois de montado e terminado. Nele, deve constar a definição da ideia, o storyline, a sinopse, argumento, storyboard/moodboard e o planeamente técnico. Esta fragmentação dos conteúdos que constam do guião, constitui uma espécie de visualização prévia do vídeo.

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Em termos criativos, é neste momento que se decidem algumas das mais relevantes escolhas artísticas, ou seja, que o vídeo começa a tomar forma enquanto tal. Em termos produtivos, é neste momento que se avaliam e ponderam as exigências logísticas e os procedimentos necessários à concretização da visão artística que sustenta a obra. PLANEAMENTO - Definição da quantidade de horas diárias para gravar; - Equipamentos a serem utilizados; - Definição dos lugares onde vão acontecer as gravações; - Definição dos recursos necessários: cenário, figurino, objetos em cena, maquilhagem; - Contactar as entidades e locais necessários; - Definição dos custos de planeamamento, adequados ao orçamento disponível; - Testes de câmara, lente, som entre outros; - Preparação das autorizações/licenças. 26

BRIEFING O briefing possui um papel importante pois reúne, detalhadamente, as explicações relevantes para o desenvolvimento do projeto específico. Dinamiza o processo de criação e direciona a equipa para a melhor abordagem criativa. Nele, precisam constar as seguintes informações sobre o produto ou serviço como o seu histórico, as características e diferenciais, o público-alvo a que se pretende dirigir, qual deve ser a abordagem da comunicação, restrições ou obrigatoriedade em formatos, tamanhos, imagens, cores, e toda a informação pertinente para melhorar a realização do projeto.


PRODUÇÃO Nesta fase é gravado tudo aquilo que é necessário para a montagem do filme e é uma fase de extrema atenção para os intervenientes, pois “uma equipa competente e profissional faz o seu trabalho com eficácia e rapidez, e minimiza tempos de espera, respeita o trabalho de todos os departamentos e funções, respeita o material e as ferramentas de cada departamento (...)” (Luz, 2014, pág. 14) Filmado em equipa, nos locais escolhidos, nos dias definidos, pela ordem anteriormente determinada na pré-produção, plano a plano em função do storyboard. Cada elemento desempenha a sua função, devendo estar atento a quaisquer imprevistos e falhas e com capacidade de resposta imediata.

ILUMINAÇÃO A iluminação é um fator muito importante para uma boa filmagem pois o que a câmara capta não é o objeto em si mas sim a luz refletida pelo mesmo. Para conseguir a iluminação adequada ao resultado esperado é preciso planear os ângulos da máquina para obter em cada cena a “atmosfera” e as sensações que se deseja provocar no público. Iluminar não é encher uma cena de luz mas sim usar a luz solar ou artificial de modo a criar as ambiências e atmosferas que pretendemos para uma determinada cena. Na captação das imagens com a luz solar, a câmara deve ficar entre a fonte luminosa e a cena, de maneira a que a máquina aponte para o objeto principal. Desse modo há uma distribuição homogénea de luz, iluminando todos os pontos do quadro. (Gonçalo Luz, 2014)

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PÓS-PRODUÇÃO A pós-produção é a etapa final e frequentemente a mais demorada de todo o processo. A pós-produção é a fase da montagem, da correção de cor, dos efeitos especiais, da introdução de grafismos e da finalização de um filme. Os planos de imagem e som são primeiro visionados um a um para posteriormente serem montados. “Das fases anteriores, apenas realizador e produtor se mantêm a trabalhar no filme e a acompanhá-lo. A pós-produção compõe-se de momentos distintos, que muitas vezes têm mesmo lugar em locais ou estúdios diferentes, desempenhados por pessoas distintas.” (Luz, 2014, p.16). Distinguem-se três grandes fases durante a pós produção: montagem, montagem do som, edição de efeitos e colorização.

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CliTaipas Pré-Produção BRIEFING Recebemos uma proposta de uma clínica dentária de Taipas, Guimarães chamada CliTaipas, para a realização de 2 vídeos promocionais com as seguintes condições: “- Gostavam de transmitir um lado emocional de forma a puxar o turismo dentário; - Dadas as condições que possuem, querem mostrar as 2 clínicas + Centro de formação; - Abertura para se produzir 2 vídeos; - Sem grandes espalhafatos; - A dentária é um tema sensível à maioria das pessoas; - Colocar o peso emotivo no sorriso; - Aparecer a zona do D’ouro;”

emocional com planos próximos para reforçar o sorriso e olhar das personagens e também incluír o conceito “Turismo Dentário”. A história trata-se da mesma personagem em várias fases da vida, ou seja, em criança, adolescente, adulto e idoso, reforçando a frase: “Desde sempre a colecionar sorrisos”. O segundo vídeo já é institucional, mostrando já imagens da clínica e os serviços que nos pode fornecer. Este vídeo será mais à base de motion graphics para apresentar a clínica de forma correta com todo o conteúdo fornecido. SOFTWARES Adobe Illustrator

METODOLOGIA Foi me dado a tarefa de idealizar os dois vídeos, sendo assim fiz os dois storyboards. Este primeiro é um vídeo promocional, sem referir diretamente a clínica, atraír o sentimento e o lado

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STORYBOARD - Vídeo Promocional CliTaipas

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STORYBOARD - Vídeo Institucional CliTaipas

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Vídeos — Pós-Produção


o papel da MONTAGEM no discurso audiovisual Para avaliar um trabalho audiovisual de forma justa, seja ele uma longa metragem ou um spot publicitário, temos de compreender a complexidade do processo de edição de som e imagem, para assim perceber que a montagem está presente até no mais ínfimo detalhe. Este processo não só é longo como também é dividido em diferentes fases, que têm de ser cumpridas minuciosamente para que o resultado final não fique comprometido de forma nenhuma.

“A montagem procura compreender, caracterizar, explicar (...) vídeo enquato forma de expressão, na qual tem implicações estéticas: como associar duas imagens de natureza heterogénea numa totalidade de sentido pleno, consistente e efectivo.” (Luís Nogueira, 2010, p.95)

Compreensão

“A montagem é a organização discursiva de acontecimentos ou ideias através da escolha e combinação dos planos, tendo em vista determinados propósitos e efeitos discursivos, sejam eles retóricos, dramáticos, éticos ou estéticos. Trata-se de dar às imagens, ao juntá-las, um significado que isoladamente não possuem. Ou seja: através da montagem, o resultado da união das partes excede a sua simples soma – ela ajuda a perceber ou constituir o texto fílmico, portanto, como um sistema.” (Luís Nogueira, 2010, p.100) A montagem é uma parte importantíssima na realização de uma produção, e é indispensável pois é a fase em que se visualiza como irá ficar o produto final. É nesta fase que se juntam todos os ficheiros de gravação e inicia-se o projecto final.

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É um processo que consiste em selecionar, ordenar e ajustar os planos de um filme, ou outro produto audiovisual, a fim de alcançar o resultado desejado - seja em termos narrativos, informativos, dramáticos, visuais, experimentais, etc. Em geral, a montagem é realizada pelo montador, com o equipamento adequado, sob a supervisão do diretor ou, em alguns casos, do produtor. Primeiro é feita a preparação do material, devidamente identificado e organizado, para posteriomente serem selecionadas as melhores cenas e delineadas as várias sequências. Aumentam-se as pausas, agilizam-se os diálogos, cortam-se, caso seja necessário, falas e planos que não funcionam, acrescenta-se planos onde não estavam previstos, “por vezes acontece que, por vários motivos, as cenas filmadas não fazem justiça ao argumento, e é na fase da montagem que se têm de tomar decisões, algumas radicais - como por exemplo eliminar uma ou mais cenas.” (Schiavone, 2003, p.108).

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Um elemento importante é o tempo, ou seja, a duração que a cena deve ter para exprimir o seu conteúdo. É determinado o tempo de cada cena, que influencia, obviamente, o tempo final do filme, porém não se pode expandir muito dos valores incialmente pré-definidos na pré-produção ou exigidos pelo cliente. Quando esta fase estiver completamente terminada, o filme é revisto novamente, “e se não ocorrerem mudanças de ideias ou leves ajustes, está pronto para os trabalhos seguintes de edição.” (Schiavone, 2003, p.11)


HITÓRICO DA MONTAGEM Contexto

“No mundo audiovisual, o cinema emulou de alguma forma a tradição visual estava emparelhada à pintura e ao teatro: a acção iniciava, desenrolava-se e completava-se num único plano, sem mudança de perspectiva e sem movimento da câmara. Se podemos falar já de algo como uma narrativa, ela centrava-se entre a integridade do plano e da acção, e dispensava a ideia de corte ou de montagem. No entanto, desde cedo a preocupação com a organização de uma narrativa mais complexa através do recurso à montagem viria a manifestar-se em diversos locais e na obra de diversos autores. É então que um vasto e disperso grupo de estudiosos e criadores das formas cinematográficas começa a aperceber-se e a explorar com maior profundidade as potencialidades da montagem.” (Nogueira, 2010, Planificação e Montagam, p.103)

EFEITO KULESHOV Em 1918, durante o contexto da grande experimentação criativa e de investigação, aconteceu um dos momentos mais célebres da história do cinema, no que diz respeito à montagem, o chamado efeito Kuleshov. O cineasta Lev Kuleshov levou a cabo uma experiência que consistia na apresentação à audiência de um mesmo plano de um ator, facialmente inexpressivo, seguido, alternadamente, de planos com diferentes motivos. Esta experiência permitiu-lhe constatar que a interpretação emocional que a audiência fazia da expressão do ator variava, em cada caso, em função do plano que se lhe seguia.

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EXEMPLO EFEITO KULESHOV

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fig. 01 — Efeito Kuleshov


ÉPOCA EXPERIMENTAL As décadas de 10 e 20 suscitaram um período de grandes experiências a nível criativo. Pode-se afirmar que, entre 1908 e 1914, surgiu o trabalho do primeiro editor moderno D.W. Griffith. Assim a montagem começa a ser usada para suscitar efeitos emocionais e intelectuais do vídeo sobre o espectador. Um exemplo, é o de Sergei Eisenstein, defensor intransigente da importância decisiva da montagem no cinema – dizia ele que “a montagem foi estabelecida pelo cinema soviético como o nervo do cinema”, assumiu este recurso como absolutamente central na sua obra fílmica, e utilizou a montagem como forma de provocação ou controlo do espectador (a chamada montagem intelectual). No filme que realizou em 1925, Couraçado Potemkin, a linguagem discursiva é inquestionável. (Nogueira, 2010, p. 111)

“Por outro lado, na Europa, a montagem foi assumida pelos cineastas como um dos instrumentos fundamentais para descobrir no cinema, ou para lhe atribuir, o seu carácter único do ponto de vista artístico e expressivo. Os cineastas procuravam, através da plasticidade das suas imagens, a singularidade específica do cinema enquanto meio de expressão profundamente relacionado aos movimentos artisticos como o impressionismo, surrealismo, dadaísmo e o futurismo.” (Nogueira, 2010, p. 108) PERÍODO CLÁSSICO

“Se até ao final da década de 1920, o cinema, nos seus diferentes aspectos, mas na montagem em particular, se dedicou à experimentação, as três décadas seguintes acabariam por se revelar como as décadas do cânone e da estabilidade.” (Nogueira, 2010, p.112)

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O perído clássico foi a época de estabelecer definições. O que se pode e o que não se pode (ou deve) fazer ganha aqui, muitas vezes, contornos de quase dogma estético. A maior preocupação estabecida neste período era em esconder a montagem, ou seja, torná-la suave e não intrusiva, até ao final da década de 1950, esta “montagem invisível”, torna-se uma necessidade quase incontornável pois a narrativa cinematográfica ganha uma relevância que nunca mais viria a perder. A ação ganha um maior poder no discurso cinematográfico, “à qual faz avançar a história contada, e a sua fácil inteligibilidade – que esta fácil inteligibilidade permita uma rápida e imune identificação com a personagem e os seus sofrimentos ou alegrias há-de revelar-se, em muitas instâncias, o segredo maior do sucesso do cinema narrativo.” (Nogueira, 2010, p.113)

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NOVOS CINEMAS

“Ganham uma maior consciência da montagem como recurso estilístico em si e uma acrescida visibilidade da mesma como acrescento de riqueza discursiva ou dramática.” (Nogueira, 2010, p.114) Nos finais da década de 1950 e início da 60, surge um novo patamar na provocação e na ruptura estilística, aparecendo os novos cinemas que inauguraram o cinema moderno: o cinema-verité e a nouvelle vague em França, o free cinema em Inglaterra, o cinema directo e o cinema underground nos EUA. Acontecimentos como estes refazem toda a lógica da imagem e da montagem cinematográfica que parecem ganhar uma liberdade completamente inusitada tanto na sua textura como na sua organização,


“por um lado, uma montagem feita de cortes bruscos ou improváveis, desfocagens e tremuras assumidas, rasuras ou elipses perturbadoras; por outro, uma recusa mais ou menos deliberada da montagem e do corte, substituídos por uma lógica de plano longo, que se estende no tempo, vive da experiência da duração e comporta em si a lógica de autonomia própria da sequência cinematográfica” (Nogueira, 2010, p.118). Esta onda moderna acaba inevitávelmente por afectar hollywood, ainda defensora do cinema invisível, abrindo os caminhos para a Nova Hollywood, de onde surgiram grandes nomes como: Martin Scorsese, George Lucas, Francis Ford Coppola ou Sam Peckinpah. CONTEMPORANEIDADE “Agora cada um pode filmar, editar e divulgar o seu filme com os meios mais reduzidos. O amador mais diletante e o profissional mais diligente passam a coabitar diariamente – ao ponto de, muitas vezes, os papeis se inverterem.” (Nogueira, 2010, p.121)

A partir da década de 60 as ousadias e irreverências formais no vídeo, tornaram-se uma marca distintiva e o ponto fulcral de uma espécie de manifesto estético oficioso. Nos anos 1980 assistimos ao culminar da influência da era televisiva na estética audiovisual. Surge o filme publicitário e o videoclip que vêm oferecer novas propostas de economia ao nível da montagem, criando uma nova lógica estilística assente nos planos rápidos, sedutores e comerciais. A decada de 90, dá inicio à época que marca a cultura visual para a sempre, a era digital. As tecnologias digitais vêm trazer inúmeras vantagens e possibilidades nunca antes sequer imaginadas, tornando todo o processo técnico e de manipulação de imagem, mais fácil e rápido, proporcionando uma exponencial flexibidade criativa.

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CONTINUIDADE NARRATIVA À medida que as descobertas na montagem evoluíram, o papel da “continuidade” também se evidenciou e cresceu em termos de narrativa e construção visual. A continuidade na montagem consiste na deslocação do espectador no espaço e no tempo da acção, sem que este se sinta confuso ou perdido ao longo da história, onde os acontecimentos desenrolam-se de forma lógica e clara. A montagem dos planos deve ser o mais imperceptível possível para que o espectador possua uma imediata imersão na história e veja tudo como se fosse uma continuidade de acção garantindo assim, a ilusão da progressão contínua e da narrativa. Existem vários elementos que preservam a continuidade narrativa entre os planos: COR

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É fundamental existir uma constância cromática, em que as tonalidades das cores num plano devem manter-se no plano seguinte, desde que ambos se refiram a uma mesma realidade.

EIXO Consiste em fazer uma transição entre planos num mesmo eixo visual. Esta transição serve, normalmente, para uma mudança dramática, que se consegue através de uma mudança de escala de planos. O momento do corte, que usualmente coincide com um qualquer movimento de uma ação, é muito importante para se evitar o salto na imagem. GESTO Consiste na fragmentação de um gesto em dois ou mais planos. Deste modo, a relevância de cada momento de um determinado gesto ganha uma notoriedade acrescida. É importante que a intensidade ou a fluidez do gesto se mantenham nos diferentes planos.


LUZ Neste caso procura-se que a iluminação de um determinado elemento ou acontecimento, mantenha valores iguais nos diferentes planos. MOVIMENTO/RITMO Importância da coerência da velocidade da ação entre os planos e do sentido em que um objecto/personagem se deslocam num plano, que se mantenha no plano seguinte. OLHAR O olhar é muito importante na montagem, pois em muitas situações, conduz grande parte da narrativa. Durante a montagem, é importante ter em atenção a linha do olhar de uma personagem num plano e a direcção do olhar de outra personagem num plano seguinte, a articulação do olhar de alguém num plano e do objecto contemplado num plano seguinte.

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MONTAGEM DO SOM Esta é a fase em que se acrescenta o som ao vídeo montado, dando mais poder aos sons originais utilizando ruídos, voz ou música. O som é um elemento fundamental para, juntamente com a imagem, captar a atenção e gerar emoções. Tal como na imagem, a montagem do som tem de ser bem trabalhada, pois os nossos ouvidos são muito sensíveis às mudanças repentinas de som, e um corte ou mudança de som bruscos (como de música para diálogos, por exemplo) chamaria muito a atenção ao espectador, perdendo assim a sua suavidade. Exemplos como os sons do sapateado no musical, as perseguições no thriller, os tiroteios no western, as explosões nos filme de acção, os golpes nas artes marciais, o choro no drama, o riso na comédia, os gritos no filme de terror, as onomatopeias na animação, são exemplos de manipulação sonora que contribuem para a carga emocional de cada situação específica.

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Outro fator igualmente importante para referir na montagem do som, é a importância do silêncio. O silêncio pode tornar-se num elemento retoricamente decisivo nas mais diversas situações, capaz de funcionar como manifesto estético, político ou afectivo, por exemplo, como o facto da ausência de imagem, como sucede com o ecrã negro, sublinhar e reforçar a presença e importância do som.


EFEITOS E CORREÇÃO DE COR Para começar esta fase, é necessário ter a versão final do vídeo devidamente montado, juntamente com as músicas, sons e locução previamente aprovados pelo cliente. É a fase em que se faz a correcção de cor, cria-se emoções através das mesmas, consolidando os ambientes das cenas, assegurando a continuidade entre planos na mesma cena ou conjunto de cenas entre si, melhora-se a fotografia, no que respeita a correção de tons, cores, contrastes, etc. Todos os efeitos especiais, gráficos, animações, efeitos 3D, são elaborados nesta fase e introduzidos no vídeo. (Vincent Amiel, Estética da Montagem)

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o papel da visual

PUBLICIDADE audio-

O vídeo transformou-se num produto audiovisual próprio, e na atualidade, é outro objeto de consumo na nossa sociedade. Em 1898, o visionário francês George Mélies, anteviu a possibilidade de inserir mensagens publicitárias nos seus filmes, citando a célebre frase: “O cinema, que maravilhoso veículo de propaganda para a venda de produto de todas as espécies. Bastaria encontrar uma idéia original para atrair a atenção do público, e no meio do filme, se passaria o nome do produto escolhido.” (RIBARIC, 2011, p. 1) IMPORTÂNCIA

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Quando se trata de alcance potencial, o vídeo é incomparável. A importância do meio audiovisual atualmente para a divulgação de qualquer produto/marca/entidade/individuo é indiscutível, seja ela musical, institucional, artística ou apenas para o divertimento. Vídeos interessantes, divertidos e acima de tudo, informativos geram um efeito maior no público.

As pessoas encontram, assistem e divulgam os vídeos baseados no seu conteúdo. É desde marcas, empresas, sites, bandas, instituições, que fazem uso desse meio para alcançar o público. RELAÇÃO A relação entre o audiovisual e a publicidade torna-se muito importante, uma vez que une a possibilidade de envolver o público, de maneira afetiva, a um conjuntos de sons e imagens. Não são poucas as grandes marcas erguidas a partir de uma história repleta de alternâncias, quebras, reviravoltas e personagens sensacionais. Cada episódio, ao longo do tempo, une-se a outras etapas e tece uma narrativa que dá forma ao significado de um empreendimento perante a sua época, e, assim, uma organização torna-se mais consciente a respeito do seu propósito e da sua relevância social. O Content Marketing Institute, numa das suas publicações no site, em Janeiro de 2015 afirma que “o vídeo aumenta em média 10 vezes a propensão de levar a


audiência a envolver-se, a incorporar, a partilhar ou a comentar sobre o conteúdo em blogues ou redes sociais. No entanto, devemos sempre considerar o público que estamos a tentar alcançar, assegurando que o vídeo é relevante para o mesmo.” O meio audiovisual é, sem dúvida, a forma mais poderosa de apelar às emoções no mundo digital, pois o tom de voz, as expressões faciais e a música conferem mais realidade do que os meios tradicionais. “No final, depois de ver um vídeo emocionante, o espectador até poderá não sair imediatamente para ir comprar o produto, no entanto, e muito provavelmente, essas emoções estarão presentes mais tarde, de uma forma mais subtil e subconsciente num processo de compra.” (Weiss, Patrícia, Meio&Mensagem, 2 de janeiro de 2014)

POSIÇÃO DA MARCA/EMPRESA As atitudes da marca surgem como meio fundamental neste processo construtivo, pois é a trajetória da marca que demonstra e faz a força do seu significado perante as pessoas. Segundo Martha Terenzzo, numa das suas palestras, disponíveis no Youtube, sobre o marketing: “não há uma regra no desenho de uma narrativa, mas alguns pré-requisitos indispensáveis: a marca deve ser credível, próxima da realidade, com personagens que problematizem uma questão e ofereçam uma solução que cause interesse nas pessoas. Mas, acima de tudo, ressaltar a autenticidade. Com o poder das redes sociais, é muito fácil uma má história ser desvendada, e corroer a imagem de uma empresa”.(Weiss, Patrícia, Meio&Mensagem, 2 de janeiro de 2014)

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iStore — OEIRAS PARQUE Pós-Produção BRIEFING No dia 18 de Fevereiro foi a abertura da loja iStore no Oeiras Parque, em Lisboa. O Armazém foi convidado para filmar e realizar um vídeo resumindo a abertura. METODOLOGIA Neste trabalho comecei por rever todas as imagens capturadas pelo Tiago, depois parti para a escolha da música. De seguida fiz um bloco de notas com a sequência que pretendia para o vídeo, dividí-lo por partes: mostrar os produtos; empregados; público e a sua interação com os produtos; interação dos empregados com o público; ‘selfies’; entretenimento fora da loja; vencedores do concurso e por fim, as compras. Após a seleção das imagens, escolhi uma música calma devido ao conteúdo do vídeo, passei para a edição, mantendo a sincronização de imagem com música. Por fim, depois do tratamento de cor, realizei uma animação do logo da iStore no After Effects. 52

SOFTWARES Adobe Premiere Adobe AfterEffects


FRAMES DO VÍDEO - Abertura iStore

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WebSummit Pós-Produção — Vídeo 60 segundos BRIEFING Pouco tempo depois do WebSummit, realizado em Portugal no MEO Arena, foi aberto um concurso de vídeo, cujo prémio era tornar-se a produtora de vídeo dos eventos do WebSummit. O Armazém Criativo participou na primeira ronda, chegando à final. Fiquei com o cargo de fazer o vídeo para a final, um resumo de 60 segundos do evento WebSummit em Lisboa. METODOLOGIA Mais uma vez comecei por rever todas as imagens do evento, fornecidas pela organização. Depois passei para a escolha da música, sendo um resumo rápido de apenas 60 segundos, escolhi um rock mais rítmico, adequado para as várias trocas de imagens e também para acentuar a adrenalina. Tendo as imagens e a música escolhidas, passei para a edição, mais uma vez sincronizada com a música.

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De seguida, dei um tratamento de cor, usando os LUT’S(tabela de números que aplica a transformação de cor na imagem) do Adobe Premiere. Depois foi colocado o motion por Fábio Barros, founder e motion designer de serviço, com as informações todas sobre o evento, como oradores, sart ups, jornalistas, etc. No fim, acabei por realizar uma animação com o logo da WebSummit, idêntica à do logo da iStore. SOFTWARES Adobe Premiere Adobe AfterEffects


FRAMES DO VÍDEO - Resumo WebSummit

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Apresentação da Programação Nortravel 2017 Pós-Produção BRIEFING Este vídeo representa um evento da nortravel, um operador turístico. Este evento foi dividido em dois dias, um no Porto e outro em Lisboa e serviu para a apresentação do programa anual do operador. É um vídeo bastante semelhante ao da iStore, no entanto contém várias entrevistas de muitos dos convidados e representantes de empresas. METODOLOGIA Dois dias de filmagem, foram várias as imagens capturadas pelo Tiago. Comecei por rever as imagens e cortar as entrevistas. Mais uma vez organizei um bloco de notas da sequência que pretendia para o vídeo: receção; palestras (parte 1); almoço; espetáculo César Mourão (parte 1); convívio (fotografias, assinaturas, conversas...); palestras (parte 2); jantar e espetáculo César Mourão (parte 2).

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De seguida, comecei por organizar as entrevistas e cortá-las, escolher as melhores frases visto que eram entrevistas demasiado alargadas em relação ao vídeo pretendido. Organizei o restante vídeo seguindo a sequência que fiz e por fim, a música. Neste caso a música já não teve tanta relevância devido à presença de entrevistas, apenas surge como som de fundo. Depois disto tudo, o tratamento de cor com os LUT’S e a animação de texto (título e os nomes e empresas dos entrevistados) no AfterEffects. SOFTWARES Adobe Premiere Adobe AfterEffects


FRAMES DO VÍDEO - Apresentação Programação Nortravel

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Evento Founders Founders (F2) Pós-Produção BRIEFING “Quando chega o momento de sair da incubadora, muitas startups encontram um novo desafio: como poderão continuar a trabalhar em parceria, mantendo o ambiente de partilha de conhecimento, problemas e soluções? Este foi um dos problemas encontrados pela Musicverb, Infraspeak, LabOrders, ShiftForward e Tuizzi quando tiveram que deixar a UPTEC. Estas foram as principais motivações para criar a Founders Founders (F2), um hub criativo que procura promover uma cultura de partilha para startups em crescimento – scaleups. A Founders Founders é um ótimo exemplo de que o ecossistema empreendedor da cidade está ativo e à procura de soluções que ajudem as startups a crescer. Foi precisamente para ajudar no processo de scaleup que a estratégia ScaleUp Porto surgiu.”

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Este evento realizou-se no dia 24 de Maio e o nosso videographer foi convidado para capturar imagens do feito. METODOLOGIA Neste trabalho exercitei o cargo de selecionar as imagens certas para o vídeo, inserir legendas em inglês e escolher a música, visto que estávamos com a pressão do prazo, o resto da edição ficou a cargo do Tiago. Por fim, realizei o motion do logo da Scale Up Porto. SOFTWARES Adobe Premiere Adobe AfterEffects


FRAMES DO VĂ?DEO - Evento Founders Founders (F2)

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Teammatters 3 (Pixelmatters) Pós-Produção BRIEFING Este trabalho é para a empresa Pixelmatters, parceira do Armazém, que desenvolve sites e aplicações. Todos os anos a equipa tem um fim de semana “away”, mais concretamente numa casa, com vária diversão e atividades sendo o objetivo a união da equipa, sendo essa a mensagem a passar no vídeo. O meu orientador de estágio, Tiago, vai com eles para os filmar e o trabalho é realizar um ‘aftermovie’ do fim de semana. Dão-lhe o nome de “Teammatters”, sendo este o terceiro realizado. METODOLOGIA Normalmente escolho primeiro a música e só depois começo a trabalhar, mas neste caso o cliente mandou uma lista de imagens/atividades a demonstrar o que pretendia visualmente, por isso, fiz primeiro uma seleção de imagens e só depois escolhi a música, esta acelarada para a adrenalina estar presente. 60

Depois com as imagens escolhidas, montei uma sequência de dia até noite com a respetiva sincronização com a música. Neste projeto tive um pouco mais de trabalho e dificuldades em relação aos outros, pelo facto de ser um cliente com ideias definidas e houve alguns desacertos em relação à música e imagens selecionadas. Mas tudo acabou por ficar resolvido e ao gosto de ambas as partes, demorando cerca de duas semanas para a edição ficar concluída. SOFTWARES Adobe Premiere Adobe AfterEffects


FRAMES DO VÍDEO - Teammatters 3

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Gala El Corte Inglés - Boîte Pós-Produção BRIEFING Mais um resumo de um evento, neste caso, a gala que celebra os 11 anos do grupo El Corte Inglés, na discoteca Boîte no Porto. A gala contou com várias atuações e entrega de prémios. METODOLOGIA Como habitual, comecei por uma revisão das imagens capturadas. De seguida comecei por tornar umas imagens longas em timelapse, representando a preparação da festa. Depois juntei as várias atuações e entrega de prémios com o som original dos microfones. Por fim, várias entrevistas foram feitas aos vencedores e aos vencidos.

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SOFTWARES Adobe Premiere


FRAMES DO VÍDEO - Gala El Corte Inglés

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Hack for Good 2017 Pós-Produção BRIEFING Hack for Good é um hackathon que tem como missão criar uma ligação forte entre o sector tecnológico (e os seus profissionais) e o sector social. O objetivo é desenvolver soluções inovadoras para os principais problemas sociais vividos pela nossa sociedade. Este ano (segunda edição) o tema foi a crise dos refugiados. METODOLOGIA Neste projeto tive de desenvolver dois vídeos, o primeiro durante o evento para apresentar aos participantes os dois dias de trabalho intenso. Montei este vídeo conforme o resto da equipa ia filmando o evento. Comecei então por escolher uma música hip-hop dançável para demonstrar o bom ambiente do evento e só depois comecei com a montagem, estando ela em sequência real do programa. No fim fiz o ‘grading’ e os ajustes finais.

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No ‘aftermovie’ do evento, mantive o mesmo ‘mood’ e escolhi uma música do mesmo estilo. Mantive também a sequência do programa do evento, mas colocando mais e diferentes imagens sendo este vídeo um pouco maior. Contém planos de todas as atividades que ocorreram durante o fim de semana. Por fim foi adicionado o motion do logo e os patrocínios pelo nosso motion designer. SOFTWARES Adobe Premiere


FRAMES DO VÍDEO - Hack for Good 2017

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White Valley — Branding/Identidade Visual


BRANDING Para se compreender como a identidade pode ser uma ferramenta importante para a gestão da marca é necessário definir Branding. De acordo com a Investopedia, brand ou marca “Uma marca é um símbolo distintivo, marca, logotipo, nome, palavra, frase ou uma combinação desses itens que as empresas usam para distinguir seu produto de outros no mercado. A proteção legal dada a uma marca é chamada de marca registrada”. Ou seja, a marca é a cultura e as experiências que se encontram na mente do consumidor sobre um produto ou serviço de uma empresa.

Atualmente o termo brand ganhou um novo sentido, sendo a ligação entre um nome e uma reputação com algo ou alguém. No entanto, já os primeiros homens deixavam marcas nos seus objetos para os definir como propriedade pessoal ou de um grupo ou tribo. Os faraós egípcios também deixavam a sua assinatura na forma de hieróglifos nos seus templos, túmulos e monumentos. Este novo sentido ganhou forma quando o avanço da tecnologia começou a fazer com que houvesse uma grande quantidade de produtos e serviços ou seja era preciso diferenciar ofertas que eram semelhantes. Para alguma marca se afirmar em relação a outra com um serviço semelhante era preciso procurar algum atributo que lhe desse alguma vantagem e a diferenciasse aos olhos do consumidor.

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Em termos de estratégia, Branding é o nome que se dá ao processo de gestão de uma marca. Num mundo em que o intangível tem mais valor, o Branding promove um maior empatia entre o consumidor e o público-alvo. Para além das qualidades técnicas que uma marca deve transmitir sobre os seus serviços e produtos, a marca deve também ter em conta os valores que montam a sua personalidade através de atributos tangíveis e intangíveis. Aaker (1997), no seu artigo Dimensions of brand personality definiu cinco principais características humanas que podem caracterizar uma marca:

1 SINCERIDADE doméstica, honesta, genuína e alegre.

2 ENTUSIASMANTE ousada, animada, imaginativa e atual.

3 COMPETENTE de confiança, responsável, segura e eficiente.

4 SOFISTICADA glamorosa, pretenciosa, encantadora e romântica.

5 ROBUSTA resistente, forte e ligada ao ar livre. (p.347)

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O branding tem a função de gerir os diversos discursos de uma marca, que derivam de várias áreas de conhecimento, procurando uma coerência nas manifestações de identidade da marca. O marketing entra na parte do planeamento, pesquisa e estratégia para a criação do produto final. O design tem a função de interpretar essas informações e, através delas, criar a expressão visual da marca.

“Identities are the beginning of everything. They are how something is recognized and understood. What could be better than that?” — Paula Scher, 2014 No entanto, construir uma marca apresenta várias dificuldades, principalmente quando se passa da teoria à prática. Chegar a uma estratégia de sucesso, com uma execução de qualidade só é possível quando se conhece bem o mercado e daí a importância de uma boa pesquisa, não só sobre o mercado mas também em busca de inspiração e ideias que estimulem a criatividade.

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IDENTIDADE VISUAL A identidade visual deve ser um resumo dos valores e qualidades da marca, visualmente é formado por uma combinação de formas, símbolos, cores e letras e deve conseguir estender-se para uma identidade completa que consiga comunicar da forma correcta com o público da marca. O uso de imagens gráficas não é novo e estas têm sido usadas ao longo da história, sendo aplicada em fardas, bandeiras, cunhos e outro tipo objetos para identificá-los como pertencente a algo ou alguém. Estas marcas serviam também para simbolizar a importância desses mesmos objetos porque geralmente eram de famílias ou pessoas, lugares ou grupos importantes.

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É comum usar-se a palavra logótipo quando nos referimos à identidade que representa uma marca, o que está errado. A palavra logótipo pode ser subdivida em LOGO que significa palavra e TYPO que significa letra ou caracter. Gaspar (2015) publicou no blog Design Culture para esclarecer qual o termo correcto a ser utilizado:


LOGÓTIPO Identificação da marca, produto ou serviço apenas pelo lettering ou pela escolha de um tipo de letra já existente.

fig. 02 — Logótipo Salsa

IMAGOTIPO Combinação entre símbolo/icon e logótipo. O símbolo e o logótipo poderão eventualmente funcionar em separado.

fig. 03 — Imagotipo Sapo

ISOLOGO Combinação integrada entre o símbolo e o logótipo, não podendo funcionar separadamente.

fig. 04 — Isologo NOS

ISOTIPO OU SÍMBOLO É apenas o Icon/Símbolo que visualmente resume toda a identidade da marca.

fig. 05 — Símbolo McDonald’s

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Ainda dentro dos isótopos temos algumas subcategorias: MONOGRAMA É a sobreposição, agrupamento ou combinação de duas ou mais letras ou outros elementos gráficos para formar um símbolo.

fig. 06 — Monograma Caixa Geral de Depósitos

SIGLA Quando a identidade visual é formada pela junção das inicias do nome da marca.

fig. 07 — Sigla Novo Banco

INICIAL Uso da primeira letra de uma palavra para a formação da identidade visual da marca.

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fig. 08 — Inicial Pinterest


FIRMA Assinaturas que funcionam como a imagem que representa uma marca.

fig. 09 — Firma Fátima Lopes

PICTOGRAMA FIGURATIVO Um símbolo que representa uma figura óbvia.

fig. 10 — Pictograma Figurativo Twitter

PICTOGRAMA ABSTRATO Um símbolo que não representa uma figura óbvia, mas que pode ter um determinado significado.

fig. 11 — Pictograma Abstrato Vodafone

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POSICIONAMENTO Antes de definir o que é o posicionamento de uma marca, é relevante definir público-alvo já que este é um fator importante a ter em conta quando se define o posicionamento de uma marca. Segundo o dicionário online Priberam, público-alvo é o “Grupo de pessoas a que se dirige determinado produto, serviço ou mensagem”.

“Posicionamento é o acto de desenvolver a oferta e a imagem da empresa, de forma a que ocupem um lugar distinto e valorizado na mente do consumidor-alvo.” — Kotler, 1996 (p.270)

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Para uma marca conseguir espaço no mercado, ela deve conseguir traduzir de forma objetiva e clara aquilo que se quer que os consumidores percebam, sem ser comparada com nenhum outro produto ou serviço. Isto é o posicionamento da marca, o ato de ocupar um espaço na mente do consumidor, geralmente através de uma ou mais qualidade ou característica que diferencia o produto ou serviços dos restantes concorrentes.


O posicionamento decide o rumo que a marca irá seguir e deve assumir um compromisso com os seus consumidores. O posicionamento não se “inventa”, não se pode pensar que podemos comunicar algo que a marca não é. O posicionamento define-se e é ele que deve ser a direção a seguir pelas estratégias de comunicação da marca. Marcas bem posicionadas tem maiores probabilidades de crescimento e solidez. Não é preciso uma grande pesquisa para comprovar isso, basta olhar para os exemplos da Apple, Coca-Cola e Red Bull. Marcas como estas criaram um diálogo único com os seus públicos, equilibrando entre aspectos racionais e emocionais, desde o design à interação direta com os consumidores. Um posicionamento forte significa que a marca tem um posicionamento único, credível e sustentável na mente do consumidor.

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Dias (2010) diz as qualidades que o posicionamento de uma marca devem incluir:

CLAREZA A marca deve ser posicionada de uma maneira fácil de ser comunicada e rápida de ser compreendida.

COERÊNCIA A marca precisa de manter o seu discurso nas diferentes formas de promoção dos seus produtos ou serviços.

COMPROMISSO A gestão da marca precisa de manter o compromisso perante o posicionamento que adotou.

RELEVÂNCIA O posicionamento de uma marca deve focar- se nos benefícios que são importantes para o seu público-alvo ou que sejam importantes para refletir o caráter da marca.

DISTINÇÃO Atualmente existe um número considerável de marcas a competir por um espaço no mercado, isso força as marcas a competir entre si na base do preço e promoção. Para superar esta situação, as marcas precisam de algo que diferencie o seu produto ou serviço.

PACIÊNCIA A paciência tem um papel importante no sucesso de uma marca. Uma marca pode levar várias anos a ocupar o seu espaço na mente do consumidor.

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White Valley Branding/Identidade Visual BRIEFING No Armazém Criativo estão neste momento 2 estagiários, eu na área de vídeo e o Telmo na área de design. Foi nos proposto desenvolver uma identidade visual, o respetivo branding e uma plataforma digital de uma empresa de reportagem videográfica de casamentos rústicos, com o nome de “White Valley”. O primeiro passo foi receber o briefing por parte do cliente, com várias questões da nossa parte, obtivemos as seguintes informações: - “Os valores que se prendem com a nossa empresa, são os seguintes: sentimento, autenticidade, humildade, motivação, criatividade, naturalidade, cumplicidade, responsabilidade e organização.” - “O nosso público-alvo é essencialmente casais com idades compreendidas entre os 25 e os 40 anos, procuramos casais que se identifiquem a 100% com o nosso registo e com os nossos gostos (casamentos rústicos).”

- “Os nossos objetivos passam por criar um trabalho sólido, com um estilo artístico, fazer com que os clientes recordem o seu dia de casamento de forma especial e emotiva para o resto das suas vidas.” METODOLOGIA Inicialmente o cliente queria apenas o lettering, mas propusemos e aconselhámos um símbolo e o cliente aceitou. Com estas respostas e vários exemplos de referências dadas pelo cliente, começámos o nosso trabalho, sendo que a primeira semana foi apenas e só de pesquisa. Na semana seguinte começámos com os testes de logo e aplicações em branding. SOFTWARES Adobe Illustrator Adobe Photoshop

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TESTES DO SÍMBOLO

fig. 12 — Testes de símbolos realizados pelo Telmo

PRIMEIRO SÍMBOLO

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PRIMEIRO LOGÓTIPO

PRIMEIROS IMAGOTIPOS

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PRIMEIRO CARTÃO DE VISITA

fig. 13 — Mockup de cartão de visita realizado por mim

PRIMEIRO CARIMBO

fig. 14 — Mockup de carimbo realizado pelo Telmo

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No entanto, devido a um acidente que me deixou incapacitado fisicamente, tive de parar no estágio durante um mês, ou seja, este projeto prosseguiu entre o Simão (Founder/Designer Gráfico) e o Telmo, sofrendo várias alterações:

SÍMBOLO

LOGÓTIPO

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IMAGOTIPO

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CARTÃO DE VISITA

F R E N T E

c u n h o

i m p r e s s ã o

n o r m a l

f r e n t e / v e r s o

V E R S O

Miguel Sevivas Founder

+351 917 873 554 miguel@whitevalley.com

whitevalley.pt

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Ao longo do meu estágio procurei sempre adquirir conhecimentos, numa aprendizagem que aconteceu todos os dias, especialmente nos momentos mais desafiantes ou de maior dificuldade, mas que foram sempre ultrapassados com sucesso através da colaboração de todos. O receio de integrar uma equipa de trabalho profissional, onde prazos e responsabilidades eram reais, foi ultrapassado e contribuiu para um enriquecimento gradual, ajudando na construção do meu trabalho. Apesar de no início sentir algumas dificuldades a nível mais técnico, aprendi a desenvolver métodos de organização de conteúdos, novas capacidades no pensamento, de execução e finalização de um projeto. Esta experiência permitiu-me aplicar conhecimentos e competências adquiridas durante a licenciatura, a nível profissional. Maior parte dos projetos em que me envolvi estavam ligados à edição de vídeo, área na qual evoluí e pretendo seguir carreira. Tive a oportunidade de participar em projetos de outras áreas que tenho bastante interesse, como o design e motion graphic.

Por fim, quero agradecer a todos aqueles com quem trabalhei, que tanto me ajudaram e com quem muito aprendi, tanto a nível profissional como a nível pessoal. Trabalhei com colegas e orientadores incríveis, a quem agradeço do fundo do coração e que já deixam saudades. Concluo assim que hoje sou uma pessoa mais experiente e mais conhecedora após a realização deste estágio.

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BIBLIOGRAFIA / WEBGRAFIA ALVES, Jorge. ipv.pt/forumedia - O som e o audiovisual. AMIEL, V. Estética da Montagem. Edições Texto & Grafia. 2010 AUMONT, Jacques e MARIE, Michel: Dicionário teórico e crítico de cinema, ed. Papirus, 2003, pp. 195-197. AUMONT, Jacques. A Estética do filme. Papirus Editora. 1995 AVILA, B. (2012). O que é Branding? Uma visão geral do conceito. Empreendedor Moderno. BARONY, J. (2014). O logo, o conceito e a genialidade. Design Culture. BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 2005. BERG, S. (2008). O que é branding? Design.Blog. BRASIL, Paulo. Processos de Produção Audiovisual. InSlideShare. 2015 DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. ed. Elsevier, 2003. FRANTTO, E. (2016). Brand ou Logotipo. Eis a questão. Design Culture. GARCIA, M. (2011). Hablemos con propiedad: logotipo, isotipo, imagotipo, isologo, imagen corporativa, identidad... Brandemia.

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REDAÇÃO. A próxima onda da Web. Meio e Mensagem, São Paulo, 06 jul. 2009. SANTTOS, Júlio. A Importância do Vídeo Marketing para Seus Negócios Online. SILVA, A. (s.d.). Posicionamento e Marca. InfoEscola. TAVARES, Inês Bacelos (2014). A identidade visual de uma marca : design de comunicação no atelier (Tese de Mestrado). Lisboa: Universidade de Lisboa. Faculdade de Arquitetura.

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Tiago André Moura Peixoto Licenciatura em Comunicação e Design Multimédia da Escola Superior de Educação de Coimbra Relatório de Estágio na empresa Armazém Criativo - Porto, Portugal Documento composto e paginado em InDesign CC, com recurso ao tipo de letra: Kohinoor Devanagari Desenhada por Satya Rajpurohit





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