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INTERATIVA Ano I / Nº 1 / Abril de 2012
Um espetáculo diário Cenário de gravações de filmes e comerciais, Itu é considerada “Cidade Vale do Sol”. Entenda o porquê
Pedra Letícia
Conheça essa banda que une humor e música de qualidade
El Camargo
Pintor da região agora mostra seu trabalho até no exterior
Paraquedismo
Esporte radical propicia um “salto” para fortes emoções
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ÍNDICE Editorial (página 3) Conheça a banda Pedra Letícia (páginas 4 e 5) Paraquedismo em Boituva (páginas 6, 7, 8 e 9) Itu, Vale do Sol (páginas 10, 11, 12, 14 e 15) El Camargo, artista da região (páginas 16, 17, 18 e 19) Virada Cultural Paulista (páginas 20 e 21) Faz de conto (página 22) Com a palavra (página 23)
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Um céu de possibilidades
F aqui.
oi ao ver uma imagem do pôr-do-sol em Itu que pensamos na capa desta revista. E também foi essa mesma imagem que nos chamou a atenção para os outros assuntos que colocamos
Há uma frase clichê que diz: “Se abriu um mar de possibilidades”, para algo ou alguém. No nosso caso, se abriu um céu. Desses coloridos, de tantas cores que mal sabemos nomeá-las. Que se faz esplendoroso por aqui em dois momentos especiais, ao amanhecer e ao cair da noite. É até uma metáfora: temos duas oportunidades no dia de tornar a vida mais bela. Duas chances que talvez desperdiçamos diariamente de tornar nosso dia realmente mais colorido. E talvez a gente passe a vida inteira olhando as possibilidades de uma única perspectiva. Olhando no máximo, horizontalmente, sem nos darmos conta de que talvez exista algo maior, mais legal e mais apaixonante se nos dermos a chance de olharmos para o alto. De contemplarmos o céu. Por isso, nesta edição, não nos limitamos a sermos lineares. Alçamos voos. Nossa mente e imaginação se ampliaram ao aumentarmos nosso campo de visão, o que nos levou a pensar na sensação de liberdade que só os pássaros têm ao voar. E então voamos até Boituva para entender essa atração pelo ar que todo ser humano tem.
Fomos ao céu também ao admirar as obras do artista plástico boituvense, El Camargo, que nos fez viajar com sua arte, na entrevista que deu a revista.
E alcançar o céu é mais fácil do que se imagina. Não precisa mergulhar em frases poéticas e nem em belíssimas obras de arte. O dom de fazer rir pode levar qualquer pessoa a um estado celestial. E isso o pessoal da banda Pedra Letícia faz de maneira excepcional. Você vai entender melhor na matéria sobre a banda. Belas imagens nos levam ao céu. Boa comida também. Alegria, amor, compartilhar a vida com pessoas queridas na mesa de um bar é estar no paraíso. E com tudo isso, temos uma única certeza. Nosso céu, não é mais nosso limite e sim nossas possibilidades!
Expediente
Revista Interativa Jornalistas Responsáveis: André Roedel Patrícia Cunha Kelly Freire Tiragem: 1.000 exemplares
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Editorial
Uma banda mundialmente desconhecida É assim que o vocalista Fabiano Cambota descreve o grupo goiano que surgiu em 2005 e que se apresenta no início de maio em Sorocaba. Conheça um pouco mais sobre os novos integrantes do cenário do pop rock humorístico nacional
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úsica e comédia sempre caminharam juntas. O maior expoente brasileiro dessa mistura foram os Mamonas Assassinas que, em meados dos anos 1990, arrancavam boas risadas da plateia de seus shows, sempre com letras engraçadas e cheias de duplo sentido. O trágico fim da banda deixou um vazio no cenário do “humor musical” nacional.
“Pegue uma baranga, diga que a ama, chama pra assistir DVD. Detona a Juliana Paes, critica a Aline Morais, declame: ‘Eu prefiro você!’” (Trecho da música “Teorema de Carlão”) Esse período durou quase uma década e só terminou com o nascimento da Pedra Letícia, em 2005. A banda goiana, atualmente formada por Fabiano Cambota no vocal e violão, Thiago Sestini na percussão, Kuky Sanchez no baixo, Xiquinho na guitarra e Zé Junqueira na bateria, venceu o quadro “Garagem do Faustão”, do Domingão do Faustão, em 2009 e conquistou o Brasil com suas letras irreverentes, sempre aliadas a uma alta qualidade musical. Agora, com quase sete anos de estrada e colecionando sucessos, eles se apresentam no Plaza Hall Sorocaba, no dia 04 de maio (mais informações no quadro “Serviço”). Mas quase que a Pedra Letícia toma um caminho totalmente diferente desse que conhecemos. No início, os músicos faziam shows mais caretas, sem o humor que os consagram hoje em dia. Foi uma amiga de Cambota, o líder da trupe, que disse aos integrantes da banda que reproduzissem nos palcos a descontração mostrada nas apresentações da banda entre amigos, nos churrascos da vida. E o que significa Pedra Letícia? “O nome tem uma história interessante: ele não tem significado nenhum”, explicou Cambota, em entrevista ao Programa do Jô. Significado não tem, mas uma explicação sim: Renato Aragão, o eterno Didi, parodiava a música “Bijuterias”
de João Bosco trocando o trecho “minha pedra é ametista” por “minha pedra Letícia”. Foi daí que os músicos tiraram o nome da banda.
Ainda de acordo com o líder da Pedra Letícia, a tarefa de encontrar um sentido para o nome fica para os fãs. Ele ainda conta que a melhor explicação veio de um médico. “Letícia vem de leite e tirar leite de pedra é uma coisa que vocês fazem com o rock em Goiás”. Tumdumtss! Internet
Além das músicas engraçadas e do carisma de seus integrantes, a Pedra Letícia tem uma grande aliada: a internet, que abriu as portas e ainda serve como o principal veículo de divulgação da banda. Hoje o perfil da banda no Twitter tem mais de 30 mil seguidores e a páginas no Facebook quase 10 mil fãs.
O primeiro grande sucesso, a música “Teorema de Carlão”, tem mais de 860 mil visualizações no YouTube. Somando todos os vídeos, os internautas já viram mais de 25
Info
Música Veja + bit.ly/teoremadecarlao
milhões de vezes a trupe de Goiás na tela do PC. Nada mau para quem começou com uma apresentação pequena, para cerca de 50 espectadores, em um bar de Goiânia, não? Sucesso
Depois da já clássica “Teorema de Carlão”, a banda emplacou outros sucessos, como “Eu não toco Raul” e “Como que Ocê Pôde Abandoná Eu?”. O último álbum lançado, “Eu Sou Pedreiro”, foi produzido em São Paulo por Tadeu Patolla, renomado produtor musical que já trabalhou com Charlie Brown Jr., Biquini Cavadão, Jorge Benjor, Wilson Sideral, entre outros grandes artistas.
“A pegada é mais rock’n’roll, devido a evolução da banda e da entrada dos novos integrantes. Mas a característica da banda está sempre evidente, visões bem humoradas de situações cotidianas”, disse Cambota sobre o trabalho mais recente, lançado em 2011, e que contou até com a colaboração do humorista e apresentador Danilo Gentili na composição de uma das músicas.
Show da banda Pedra Letícia - 04 de maio Local: Plaza Hall Rua Cabreuva, 530 - Jardim Iguatemi Sorocaba - SP CEP 18085-340 Telefone: (15) 3011-3323 e-mail: faleconosco@plazahall.com.br
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Paraquedismo
Um salto radical
Que tal um voo sem asas?
Por Patrícia Cunha
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uem já ouviu falar na pequena cidade de Boituva? Localizada no interior, a 100 km da capital de São Paulo, o município, que conta com quase 50.000 habitantes, valoriza até hoje seus costumes e tradições conservadas nas variadas atividades econômicas, artes e gastronomia. As marcas da colonização enriquecem até hoje a cultura da cidade e con-
tribuem no sucesso e na criatividade de um povo vencedor. Ela oferece a todos os seus moradores e visitantes o aconchego de um lugar ideal para descanso e tranquilidade. Mas para quem pensa que Boituva, só por ser no interior, apresenta características iguais a todas as outras pequenas cidades, não sabe que apesar
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do aconchego e lugar ideal para desfrutar e contemplar tamanha beleza e sossego, ela também oferece muito lazer e diversão e um espaço totalmente livre para a prática de um esporte para lá de radical e totalmente dedicado à aventuras: o paraquedismo. Conhecida como Capital do Paraquedismo, Boituva é considerada um centro de referência
nacional e internacional deste tipo de esporte, por abrigar o Centro Nacional de Paraquedismo, que possui mais de 30 anos de existência.
O local se tornou uma atração para quem gosta de curtir fortes emoções e é dotada de uma excelente infraestrutura, recebe pessoas de todo o Brasil e também do exterior. Todas reunidas
para desfrutarem de uma experiência única e recheada de emoções: saltar de paraquedas.
Semanalmente, o Centro Nacional de Paraquedismo abre suas portas para essa opção de lazer e esporte inusitado, que proporcionam para adultos, crianças e adolescentes de ambos os sexos, saltos em quedas livres sempre acompanhados de um instrutor.
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Foto: divulgação
O Centro Nacional do esporte na cidade conta com 16 escolas homologadas para o ensino do esporte, com instrutores habilitados e inspecionados pela Confederação Brasileira de Paraquedismo. Todos os dias, do nascer ao pôr-do-sol, a área possui aviões sempre disponíveis e cursos para saltos individuais e saltos duplos com instrutores técnicos, que possibilitam ao
PA R A F E L I P E B A R T C H E W S K Y, O M E L H O R M O M E N T O D O S A LT O É A Q U E D A L I V R E aluno uma ascensão desde o primeiro salto.
E é exatamente neste local que Felipe Bartchewsky realizou uma de suas melhores experiências, seu primeiro salto de paraquedas. “Foi sensacional, uma das melhores sensações que já senti”, conta ele. Por ser um salto duplo, Felipe apenas treinou a posição em queda livre e como teria que ficar na saída do avião e no momento do pouso.
Mas, insatisfeito, se aventurar no ar só uma vez não bastou para ele. Através de um treinamento especial e mais específico, bem diferente do seu primeiro treinamento, o rapaz se preparou dessa vez para saltar sozinho. Mas os cuidados também foram grandes. “Antes desse momento acontecer, fiz aula teórica com um instrutor qualificado para conhecer a estrutura do equipamento, situações de emergência, treinamento de solo, direção do vento, como devia me posicionar, controlar o paraquedas, deslocar para os lados e como girar, enfim todas as situações que precisava saber fazer para me virar sozinho.”
Felipe saltou sozinho, porém, acompanhado de dois instrutores, com toda preparação e treinamento de solo e todos os aspectos necessários. Existem dois cursos mais comuns para quem tem interesse em se tornar paraquedista: o ASL (Accelerated Static Line) e o AFF (Accelerated Free Fall).
No curso AFF, a pessoa salta sozinha desde o primeiro salto, que possui sete níveis. Do nível um ao três, ela é acompanhada por dois instrutores, e, do nível quatro ao sete, por apenas um. Jó no nível oito que é o de graduação, o salto pode ser realizado sozinho sem nenhum instrutor durante a queda livre. Felipe está no nível três e já sente a diferença em saltar sozinho. “Quando saltei com o instrutor, eu tive um auxílio, sem o instrutor, eu preciso saltar com mais responsabilidade.” O interesse pelo paraquedismo para esse apaixonado pelo esporte surgiu pelo fato de ele frequentar Boituva desde pequeno. “Todos os finais de semana paraquedistas saltavam praticamente em cima da minha
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chácara, e por isso tive vontade de fazer um salto. É adrenalina pura, muito boa, você se sente leve e solto e a sensação é de que realmente está voando.” Como surgiu
De acordo com a Confederação Brasileira de Paraquedismo, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o paraquedismo não é um esporte novo. Na verdade ele vem do eterno sonho do ser humano, destinado a viver no chão, o sonho de voar. Voar livremente utilizando somente seu próprio corpo, assim como fazem os pássaros. O sonho tem início registrado ainda na mitologia, que mostra Dedado e seu filho Ícaro na busca de alçar voo com asas de penas de pássaro ligadas por cera. Em 1306, aparecem registros de acrobatas chineses que se atiravam de muralhas e torres empunhando um dispositivo semelhante a um grande guarda-chuva que amortecia a chegada ao solo. Em 1495, Leonardo da Vinci escreveria em suas notas: “Se um homem
dispuser de uma peça de pano impermeabilizado, tendo seus poros bem tapados com massa de amido e que tenha dez braças de lado, pode atirar-se de qualquer altura, sem danos para si”. Da Vinci é considerado também o precursor como projetista de um paraquedas. Dobragem
Muita gente não sabe, mas o paraquedismo é muito mais seguro do que parece e os acidentes são raríssimos. Para quem pula pela primeira vez, principalmente, o momento de alívio é quando o paraquedas se abre e existe um segundo paraquedas para emergências. Mas, para garantir a segurança de quem quer se aventurar, é preciso algumas medidas com o paraquedas. E essas precauções são feitas através da manutenção feita pelo dobrador.
bragens anotadas e conta que o paraquedas tem de ser dobrado de uma maneira que proporcione uma abertura com as linhas esticadas e desembaraçadas, e que tenha uma desaceleração progressiva da queda livre até o momento em que todo o velame esteja aberto. “Caso o velame abra muito rápido, pode ocorrer lesões ao paraquedista, visto que ele está a uma velocidade terminal de 250KM/H.”
O dobrador de paraquedas também deve ter atenção com a separação das linhas, para que não enrosquem no tecido. “Caso isso ocorra, o velame pode rasgar, ou até mesmo abrir com uma pane, necessitando que o paraquedista utilize o procedimento de emergência, liberando o paraquedas principal e abrindo o paraquedas reserva.” O profissional dessa área tem
de zelar pela integridade do seu cliente e, também, pela manutenção do seu paraquedas, prestando atenção e alertando o cliente assim que algum sinal de desgaste ocorra ou algo que possa comprometer a segurança do paraquedista. “Um bom dobrador de paraquedas tem de dobrar de uma maneira que garanta a segurança do seu cliente, e que assegure também a integridade do paraquedas da pessoa que você presta serviço”, fala Antunes.
Se o paraquedas não for dobrado corretamente, pode rasgar durante a abertura, fazendo com que ele abra mais rápido, machucando o paraquedista. “Pode estourar linhas e até mesmo ter uma pane, sendo necessário utilizar o procedimento de emergência para acionar o paraquedas reserva.”
Dobrar esse instrumento do esporte, para um leigo, a primeiro momento, pode soar como “pegar todo aquele tecido e cordinhas, enrolar tudo e ensacar na mochila.” Mas não é bem isso que acontece. Há 12 anos na profissão, o dobrador Richard Antunes exerce essa função por amor. Ele, que também é paraquedista por lazer, tem mais de 30 mil do-
FELIPE AGUARDANDO O MOMENTO DE ENTRAR NO AVIÃO
Curiosidades
- Existe um modelo desenvolvido pelas fábricas de paraquedas e, que, hoje são utilizados como padrão de dobragem. - Um paraquedas principal demora no máximo sete minutos para ser dobrado. Para uma pessoa que não tem muita prática, pode demorar até 40 minutos. - O dobrador Richard já dobrou 87 paraquedas em um dia, mas, normalmente, a média é de 50.
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O espetรกculo diรกrio do Vale do Sol Por Kelly Freire
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ão 17h45min de um dia qualquer em início de outono. O céu de um azul profundo começa a se colorir em muitas matizes que vão de um amarelo ouro a um púrpura escuro. No meio dessa explosão de cores, impossível de ser copiada pela astúcia humana, um globo laranja latejante e incandescente se move como num solo de balé.
O cenário ao fundo é uma rodovia movimentada, onde luzes brancas e vermelhas rumam sentido a um horizonte infinito, sem começo ou fim. Os pensamentos e problemas mundanos são incapazes de se deliciar com tamanho espetáculo. Uma pena.
Em minutos pequenos, o colorido sai de cena. As cortinas se fecham deixando de consolo um céu de veludo coberto de minúsculos pontos brilhantes.
Essa descrição pode parecer poética demais, mas o nascer e o pôr do sol no céu de Itu são dignos de toda a poesia, tamanha beleza que apresentam diariamente. Mas por que esse fenômenos da natureza cotidianos ganham nuances de extrema beleza por
aqui? A resposta está na geografia. Ou na generosidade Divina. Cidade Cinema
Estamos no interior paulista e o ambiente decidiu ser diferente em Itu. Prova disso, é a vegetação existente na região. A floresta de transição semidescidual preserva espécies de mata atlântica e cerrado vivendo em harmonia em um mesmo ambiente. Por estas terras é comum encontrarmos Jequitibás milenares – espécie típica de mata atlântica e símbolo da primeira estrada parque do país – ao lado de retorcidos e rugosos cambarás – árvores de cerrado, que não morrem quando pegam fogo e são conhecidas em alguns lugares como “fênix do cerrado”. Além disso, o terreno onde Itu e algumas cidades da região estão localizadas é chamada pelos geógrafos de depressão periférica, que é como se estivéssemos no fundo de um vale. Luis Saldanha, professor de geologia da Universidade Estadual Paulista – Unesp de Botucatu, explica que por estar neste vale, o vento passa dissipando as nuvens e a poluição o que faz com que o céu se mantenha sempre
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límpido. Assim, o sol também aparece de forma mais translucida, sem muita interferência. Isso permite uma luminosidade especial para a cidade, o que favorece filmagens e fotos ao ar livre. Foi nas décadas de 60 e 70 o auge do cinema em Itu. Muitas fazendas eram locadas para a gravação de filmes e comerciais para a TV.
Outro fator importante para as locações era a vegetação árida existente em alguns locais com espécies de cerrado como os mandacarus. Esses cenários serviam para a indústria cinematográfica porque barateavam o custo da produção já que não precisavam se deslocar para o nordeste.
Os melhores locais para assistir a esse espetáculo gratuito São muitos os locais para se admirar o pôr do sol em Itu. Na década de 90 por exemplo, os jovens ituanos descobriram um lugar onde podiam ter uma vista privilegiada da cidade e consequentemente do pôr-do-sol. Claudia Arruda, professora, 36 anos conta que nos dias de
O Sol - Jota Quest Ei, dor! Eu não te escuto mais Você não me leva a nada Ei, medo! Eu não te escuto mais Você não me leva a nada
É pra lá que eu vou
E se quiser saber Pra onde eu vou Pra onde tenha Sol É pra lá que eu vou
Yeah! Han! Caminho do Sol, eh! Lá lararará! Caminho do Sol, eh!
Ei, medo! Eu não te escuto mais Você não me leva a nada Ei, medo! Eu não te escuto mais Você não me leva a nada
E se quiser saber Pra onde eu vou Pra onde tenha Sol É pra lá que eu vou
E se quiser saber Pra onde eu vou Pra onde tenha Sol É pra lá que eu vou
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E se quiser saber Pra onde eu vou Pra onde tenha Sol É pra lá que eu vou
E se quiser saber Pra onde eu vou Pra onde tenha Sol É pra lá que eu vou É pra lá que eu vou
B I T. LY / J O TA Q U E S T S O L
horário de verão ela e sua turma costumavam subir a ladeira do “Morro da Cruz”, para tomar vinho, conversar e admirar esse espetáculo da natureza. “Quando chegávamos lá em cima, sempre encontrávamos outras turmas e esses momentos sempre viravam uma festa. Fazíamos novas amizades, começávamos namoros e víamos de outro ponto de vista a cidade crescer”. Relembra Claudia. O local ainda existe em Itu, mas o acesso é precário e pelo aumento da violência as pessoas deixaram de frequentar o mirante. Ainda é possível, com muita boa vontade e coragem chegar até o morro. Lá em cima, uma cruz e um pequeno altar abandonados são lembranças do tempo em que as pessoas podiam desfrutar da beleza do lugar. A vista da cidade cinzenta ainda é de tirar o fôlego, contrastando com o abandono e descaso de um dos locais com a vista mais bonita da cidade. Mas há outros locais tão especiais para se admirar o nascer e pôr do sol em Itu quanto o Morro da Cruz. Quem percorre a Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto que liga Itu a Jundiaí tem várias opções.
O Camping das Pedras, por exemplo, tem uma formação geológica privilegiada com vales cobertos por rochas magmáticas de aproximadamente 500 milhões de anos e uma energia ímpar. Caminhar ao final da tarde pelo descampado repleto de rochas em formas variadas e observar as cores que resultam do sol se pondo é uma experiência inesquecível. Já no Camping Cabreúva esse
espetáculo é tão valorizado que a equipe de recreação promove passeios até o Mirante da Figueira para se vivenciar esse fenômeno da natureza. A caminhada demora uma hora em média por um local cuja vegetação se assemelha à caatinga. Durante o percurso é possível encontrar tatus, teiús e mandacarus, além de uma vista incrível. Na Fazenda do Chocolate, o melhor local para se admirar o pôr do sol é a Pedra Baleia, um granito róseo cujo formato se assemelha ao mamífero gigante. Deste lugar é possível observar o percurso sinuoso do Rio Tietê, respirar o ar puro da floresta remanescente com espécies de Mata Atlântica e ao longe as silhuetas de algumas cidades da região como Cabreúva e Salto. Ainda há outros ambientes de localização privilegiada em Itu para se comtemplar esse belíssimo espetáculo, como por exemplo, a Fazenda Capoava, o Camping Carrion e o Parque do Varvito.
Mas, se você estiver andando pelas ruas da cidade ao cair da tarde, pare um pouco e observe. É bem provável que se emocione com o céu daqui. O presente mais bonito que Deus podia nos dar.
Onde conferir Para quem ficou curioso e quer admirar de perto essa beleza, nós damos o endereço:
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Parque do Varvito Rua Parque do Varvito s/n – Parque Nossa Senhora da Candelária Funcionamento: de terça a domingo, das 8h as 17h. Entrada e estacionamento gratuito. Grupos de excursão é obrigatório o agendamento prévio.
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Fazenda do Chocolate
Camping Carrion
Fazenda Capoava
Rodovia dos Romeiros, km 90
Av. Dr. Lauro Souza Lima, 1300 – Vila Martins, próximo a saída do km 80 da Castelo
Estarda Itu-Jundiaí, km90 (pegar estrada de terra e seguir as placas - 8 km)
Aberto diariamente, das 8h as 18h.
Aberto diariamente, necessário reservar.
Abre para hospedagem em chalés ou barracas.
VIP Fone (11) 2118-4100
Aberto todos os dias, das 8h30 as 18h. Entrada e estacionamento gratuitos Trilhas devem ser agendadas e são tarifadas
O C ATA D O R D E S U C ATA S , H O M E N A G E M A O T I O D E E L C A M A R G O
Sucesso na pintura Conheça a história desse ilustre artista e pintor de paredes que agora mostra seu trabalho até no exterior
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ono de habilidosas mãos e de um talento sem igual. Assim é o boituvense pintor, artista plástico e restaurador, Edson Benedito Leite Camargo, mais conhecido como El Camargo. Mas é na pintura e nas artes plásticas que esse brilhante artista, que já foi pintor de paredes, vem recebendo grandes destaques. Formado em artes plásticas pela Academia Real de Belas Artes de Avaré, esse artista de 32 anos já representou a cidade de Boituva em diversas exposições e já realizou grandes conquistas
e premiações. Uma delas, foi a "Grande Medalha de Ouro", no 15º Salão de Artes Plásticas de Catanduva, o segundo maior prêmio do evento, concorrendo na categoria Moderna com obra Catástrofe. Também ganhou medalha de bronze com sua obra "Pintor de Paredes" na exposição de artes no lançamento da Coletânea Cristal de Talentos, na Casa da Fazenda Morumbi (São Paulo). Sucesso também fora do país, em 2011, ele participou de exposições nos Emirados Árabes e recebeu medalha de bronze. Na
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China, expôs suas obras no Art Canton e levou medalha de prata, por votação popular. Agora, em junho de 2012, El Camargo, se prepara para expor suas obras na Art Gallery de Londres, na Inglaterra. Você está prestes a expor seu trabalho pela terceira vez no exterior Qual é sua expectativa? O que isso lhe trouxe e traz de experiência? El Camargo: Nas duas viagens anteriores, Emirados Árabes e China, só consegui enviar meus quadros, mas nessa exposição
de Londres, irei junto com as minhas obras. A expectativa é grande, espero que minha obra seja bem vista pelo público que irá prestigiar a exposição. Minha participação nesses eventos já me proporcionou uma visão ampla de como direcionar meu trabalho e traz um estimulo para a minha criatividade e aprendizado. Como e quando você descobriu que tinha talentos para pintar quadros?
El Camargo: Foi através da minha profissão como pintor residencial de paredes. Certa vez, observei um artista plástico executar uma pintura com efeito esponjado em uma coluna de parede numa residência. Então, resolvi fazer o mesmo trabalho na parede da casa da minha mãe, o que me levou a crer que eu possuía certa facilidade em pintar. De quantas exposições você já participou? Quais consideram as mais importantes?
El Camargo: Já foram aproximadamente 30 exposições. A primeira mais importante foi em Catanduva, pois foi através dessa participação eu ganhei meu primeiro prêmio. Qual é o seu estilo de pintura?
El Camargo: Tenho um estilo de pintura moderno e contemporâneo, voltado para novas tendências. Quantos prêmios você já recebeu com o seu trabalho? El Camargo: Foram quase 20 prêmios recebidos. Entre eles troféus, medalhas e menções
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“Estou apenas no início de uma grande caminhada para conquistar meus objetivos” (El Camargo) de Londres, irei junto com as minhas obras. A expectativa é grande, espero que minha obra seja bem vista pelo público que irá prestigiar a exposição. Minha participação nesses eventos já me proporcionou uma visão ampla de como direcionar meu trabalho e traz um estimulo para a minha criatividade e aprendizado. Qual é sua principal fonte de inspiração?
El Camargo: Ela está principalmente na realidade dos acontecimentos naturais e humanos.
Tem alguma obra sua que você considera mais especial? Por quê? El Camargo: Sim. A obra “Pintor de Parede”, porque ela homenageia todos os pintores de paredes. Eu sou um deles e, também porque foi a primeira obra a ser exposta fora do país. Em sua opinião, qual é o diferencial que tem que apresentar um pintor de quadros?
El Camargo: Estar antenado no mundo e conseguir passar para a tela a realidade dos acontecimentos. Quais pintores brasileiros famosos você admira? E por quê? El Camargo: Gosto muito do trabalho do Gustavo Rosa,
Romero Britto e, em especial Beatriz Milhazes, pois eles são artistas que em vida foram consagrados.
Que tipos de obras você costumam fazer parte da sua exposição? El Camargo: Obras polêmicas e bem atuais.
Qual a quantidade de quadros que fazem parte do seu acervo hoje? El Camargo: Meu acervo particular consta no momento de 30 a 40 obras.
Existe algo que você ainda sonha ou queira realizar como pintor? El Camargo: Sim, claro! Estou apenas no início de uma grande caminhada para conquistar meus objetivos.
Tem algum lugar específico que você ainda gostaria de expor seus quadros? Existe um lugar (centro cultural) em especial? Por quê? El Camargo: Sim, na galeria de São Paulo Fortes Vilaça, que hoje é mensão em âmbito mundial na vigência e qualidade da arte contemporânea brasileira. Em alguma Bienal também de São Paulo e Veneza. Porque eu sei que quando meus trabalhos estiverem em um desses lugares meus objetivos foram alcança-
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dos.
Entrega de Quadros O pintor já teve a oportunidade de homenagear com seu trabalho, duas pessoas bem conhecidas na mídia, que passaram por Boituva. O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin e o cantor Luan Santana. Uma tela com a imagem da mulher do governador Lú Alckmin, que é grande admiradora da arte moderna, foi entregue ao governador. E uma tela com o tema da música “Meteoro,” fazendo referência a um “meteoro do bem” para o cantor Luan Santana. Inédito
Durante um mês, desde o dia 23 de março até o dia 23 de abril, El Camargo, está tendo sua primeira oportunidade de fazer uma exposição individual, realizada na Casa de Artesanato da Prefeitura de Avaré. Apoio
Para mostrar seu trabalho na galeria Art Gallery de Londres, na Inglaterra, El Camargo conta com a ajuda da empresa Eric Art, que tem como dono Eric Landmayer Junior, que trabalha há 35 anos como crítico de arte . A empresa vem sendo a responsável pela divulgação da obra do artista no exterior e acreditou desde o começo no seu trabalho e talento.
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Virada Cultural Paulista 2012 leva arte para todo o estado
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m evento gratuito que atrai anualmente um público circulante de milhões de pessoas durante 24 horas de programação cultural ininterrupta. Essa é a Virada Paulista, evento organizado pela Secretaria de Cultural e que reúne as diferentes classes sociais, todas as faixas etárias, inúmeras tribos, numerosas plateias, todos os horários. A cidade é tomada por uma
imensa variedade de ritmos e estilos, por artistas consagrados e emergentes, por apresentações de dança e teatro; sessões de cinema; discotecagens, performances; bandas, orquestras, exposições, intervenções e diversos tipos de artes circenses e de rua. A Virada Cultural Paulista
Inspirada na Virada Cultural da capital, a Virada Cultural Pau-
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lista não para de crescer desde sua primeira edição em 2007. Naquele ano foram 200 atrações em 10 cidades e o público chegou a 200 mil pessoas. Em 2008 foram 476 atrações, atingindo um público de mais de 738 mil pessoas. Em 2009, a Virada contou com 560 atrações e levou um milhão de pessoas para as ruas. Em 2010 chegou a 1,5 milhão. E em 2011, mais de 1.000 atrações contaram com um público de 1,7 milhão de
pessoas.
A Virada Cultural Paulista 2012 terá palcos em Americana, Araçatuba, Araraquara, Assis, Barretos, Bauru, Botucatu, Campinas, Caraguatatuba, Diadema, Franca, Indaiatuba, Jundiaí, Marília, Mogi das Cruzes, Mogi-Guaçu, Piracicaba, Presidente Prudente, Santa Bárbara D’Oeste, Santos, Santo André, São Caetano do Sul, São Carlos, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba.
Na programação de 2012, destaque para nomes consagrados da música brasileira como Dominguinhos, Luiz Melodia, Zélia Duncan, Lobão, Ultraje a Rigor, Titãs e Pitty com o projeto Agridoce em parceria com o guitarrista Martin. Alguns artistas participam pela primeira vez do veneto: Gal Costa, com o novo show Recanto, Nando Reis, Emicida, Gaby Amarantos, Planta e Raiz, Fernanda Abreu e Roberta Sá. Além de jovens talentos como Filipe Catto, Fepa, Letuce, Daniel Gonzaga, Marcelo Jeneci, Thiago Pethit, Mariana Aydar, Gabriel Sater e Karina
Buhr, Tulipa Ruiz, Nina Becker e 5 à Seco. Como na edição passada, a Virada traz artistas estrangeiros. Neste ano haverá shows de Ky- Mani Marley e Fernando Ferrer, além de Arto Lindsay, que participa do show da paulistana Cibelle, destaque no exterior. Outra artista brasileira com carreira internacional, que vive atualmente na Holanda, é Ceumar.
Confira o que vai rolar de melhor na nossa região: Indaiatuba A Virada Cultural de Indaiatuba acontece entre os dias 19 e 20 de maio. Com atrações serão gratuitas o evento acontecerá em dois espaços, com palco externo (no Parque Ecológico) e palco interno (na Sala Acrísio de Camargo), das 18h de sábado até 18h de domingo. Destaque para as apresentações de Emicida e Negra Li. Sorocaba
Atrações circenses e musica
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alternativa são os destaques da virada deste ano. A banda local Maria Madame, também se apresenta levantando a galera ao som de samba roque de primeira. Moraes Moreira se apresenta as 00h00 do dia 20 e às 18h a festa se encerra com a Banda Moveis Coloniais de Acajú. Junidaí
Batalha de Sabre de Luz e Cosplay são os destaques da virada em Jundiaí. Exposição de ilustração e quadrinhos também é uma boa pedida. Já as atrações musicais são Titãs e Teresa Cristina, imperdível. Campinas
Léo Jaime abre as atrações da Virada em Campinas, as 19h30. Na programação muitas intervenções teatrais e circenses invadem os espaços campineiros. Musica eletrônica e Pitty são os destaques deste ano.
Confira a programação completa em: http://bit.ly/viradapaulista2012
Faz de conto
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Um Apólogo M A C H A D O
ra uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. — Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando... — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é
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A S S I S
que prendo, ligo, ajunto... Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima... A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um
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lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe: — Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
Machado de Assis era cario-
ca, mulato, gago e epilético. Foi fundador da Academia Brasileira de Letras. Como cronista, escreveu para vários jornais do Rio de Janeiro. Tinha um estilo particular de escrever que tornava o leitor quase que seu confidente. Por isso, era genial.
Com a palavra
S
abe aquela sensação de posse que te insulta quando alguém pede uma informação que você batalhou para conhecer? Pois é nessa coisa de valorizarmos nossos grupos, nossas memórias, nossos brasões, que exercitamos a pior faceta da tutela: o egoísmo.
Um exemplo de péssima administração cultural é o Turismo que, na maioria das vezes, revela-se como um território de ninguém e cheio de oportunidades. Porém, dos grandes problemas nos destinos turísticos está a criação de um universo paralelo ambientado para os outros, enquanto a população do pólo receptor fica à margem, defendendo-se dos "invasores", pois geralmente não são incluídos no processo.
A L E X
P I N H E I R O
do centro eles se revelam órfãos, têm medo de entrar no Museu Republicano e vergonha de ler um livro sem pressa no Espaço Cultural Almeida Júnior. Eles não ficam à vontade em um restaurante da cidade e grande parte nunca foi ao Parque do Varvito. Vêem uma grande bobagem na "história das coisas grandes", acham que a Fazenda do Chocolate cobra entrada e que os campings são lugares apenas pra passar um dia e depois ir dormir em casa.
Hoje, com exceção de algumas ruas, na maioria das esquinas
sa de orgulho. Daquele orgulho que temos em compartilhar as nossas coisas. Precisa de um portal turístico funcional, belos espaços públicos de convivência, eventos de interesse integrativo e, principalmente, de ações que envolvam a comunidade como um pai que convida os filhos pra "contar vantagem". Ações que acolham escolas, grupos religiosos, sindicatos, associações de bairro e outras entidades representativas. Itu precisa daqueles tapumes em obras públicas para quando, reveladas, surpreenderem os próprios ituanos, antes de qualquer coisa.
Corram que ainda é tempo! Eles estão lá embaixo do orelhão afrontando os turistas, reafirmando seu território e zombando dos "trouxas que vêm ver as coisas grandes".
Pensar duas cidades dentro de uma é contradizer o próprio Turismo. Talvez por uma imaturidade contemporânea, Itu fez isso.
O Berço da República parece uma criança que, na década de 1970 e principalmente às custas do trabalho de Francisco Flaviano de Almeida, o Simplício, percebeu ter um brinquedo que ninguém tinha. E assim a super proteção dos egoístas no playground concebeu um novo comportamento no povo, pois foi na periferia que os ituanos encontraram uma cidade. Nas calçadas sem censura. Nas vielas dos pares.
Com a palavra
Quando frequentam as igrejas do circuito "Roma Brasileira" não conseguem entender a intrigante proximidade das igrejas católicas no único traçado de ruas do século XVIII pra contar história. Eles não fazem parte dessa história. Além de micro-ações, a cidade precisa de um projeto maior, que toca naquilo que é mais sensível em um povo. Itu preci-
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Alex Pinheiro é gerente de relacionamento da Fazenda do Chocolate. Sua formação é em turismo e eventos. Apaixonado pela comunicação, abusa e usa com maestria seu maior dom: A acidez.