TCC - Entre o Profano e o Sagrado

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FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR MUNHOZ MAEDER” CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: REESTRUTURAÇÃO DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO CARMO EM PRESIDENTE PRUDENTE-SP

ANDRESSA ALMEIDA SILVA

Presidente Prudente - SP 2016


FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR MUNHOZ MAEDER” CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: REESTRUTURAÇÃO DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO CARMO EM PRESIDENTE PRUDENTE-SP

ANDRESSA ALMEIDA SILVA Trabalho de Conclusão, apresentado à Faculdade de Engenharias Conselheiro Algacyr Munhoz Maeder, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para sua conclusão.

Orientador: Fabrícia Dias da Cunha de Moraes Fernandes Borges

Presidente Prudente - SP 2016


ANDRESSA ALMEIDA SILVA

ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: REESTRUTURAÇÃO DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO CARMO EM PRESIDENTE PRUDENTE-SP

Trabalho de Conclusão, apresentado à Faculdade de Engenharias Conselheiro Algacyr Munhoz Maeder, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para sua conclusão. Presidente Prudente, 25 de novembro de 2016

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Orientadora Prof.ª Fabrícia Dias da Cunha de Moraes Fernandes Borges Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente-SP

_______________________________________________ Prof. Dr. Instituição Local

_______________________________________________ Prof. Dr. Instituição Local


Para os meus pais, irmĂŁos e a comunidade Nossa Senhora do Carmo


AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e sabedoria em todas as etapas deste trabalho. Aos meus pais e irmãos, Elizeu, Anete, Alessandro e Emilio por sempre acreditarem em mim e me dar todo o apoio para ir além. Aos meus professores, por todo o aprendizado e conversas. E finalmente a minha orientadora, Fabrícia pelos meses de dedicação e incentivo e por feito a diferença na minha formação.

A todos que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.


“Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta terra podem satisfazer, a única explicação lógica é que eu fui feito para um outro mundo”. (C.S. Lewis)


RESUMO

ENTRE O PROFANO E O SAGRADO: REESTRUTURAÇÃO DO CENTRO COMUNITÁRIO DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DO CARMO EM PRESIDENTE PRUDENTE-SP

O presente trabalho consiste em estabelecer uma síntese dos locais religiosos e seu processo evolutivo entendendo a relação dos ambientes sagrados e profanos durante os anos até a atualidade, onde o papel da igreja católica se volta para propósitos mais sociais, analisando assim a importância da socialização religiosa presente nesse ambiente. A dissertação aponta ainda, a chegada do catolicismo na cidade de Presidente Prudente, destacando a história da paróquia Nossa Senhora do Carmo. Posto isso, a proposta consiste na reestruturação do centro comunitário da paróquia, visto que este se encontra defasado a abrigar as demandas de atividades exercidas, propondo uma nova setorização e a construção de um novo bloco anexo ao mesmo, capaz de favorecer o convívio social da comunidade e intensificar a utilidade do espaço sagrado. Palavras-chave: Reestruturação. Sagrado. Profano.


LISTA DE SIGLAS

FDE IBC AIDS ABNT MLC NBR

_ Fundação para Desenvolvimento do Ensino _ Instituto Brasileiro do café _ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida _ Associação Brasileira de Normas Técnicas _ Madeira Laminada Colada _ Norma Brasileira


LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 – Linha do tempo: Espaços sagrados da antiguidade QUADRO 02 – Linha do tempo: Períodos arquitetônicos a partir de Cristo QUADRO 03 – Linha do tempo: Períodos arquitetônicos no Brasil QUADRO 04 – Jurisdição das paróquias em Presidente Prudente

15 31 40 67


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 – Reconstituição da Acrópole. O Parthenon, no topo. .................. 19 FIGURA 02 – Templo Parthenon dedicada a deusa Atena .............................. 20 FIGURA 03 – Casa Romana ............................................................................ 20 FIGURA 04 – Vista exterior de uma Domus Romana ...................................... 21 FIGURA 05 – Altar doméstico de uma Domus Romana .................................. 21 FIGURA 06 – Templo coríntio, Maison Carré, Ano 16 a.C., Roma .................. 22 FIGURA 07 – Planta do conjunto de templos de Largo Argentina, em Roma .. 22 FIGURA 08 – Elevação frontal e lateral, corte e planta baixa do Panteão ....... 23 FIGURA 09 – Cúpula do Panteão .................................................................... 23 FIGURA 10 – Mapa da palestina Cristã ........................................................... 24 FIGURA 11 – Reconstituição do templo de Jerusalém .................................... 25 FIGURA 12 – Planta da Sinagoga de Cafarnaum ............................................ 26 FIGURA 13 – Ruinas da sinagoga de Cafarnaum ........................................... 26 FIGURA 14 – O império romano no tempo de Jesus ....................................... 27 FIGURA 15 – Planta e Perspectiva da Domus Ecclesiae de Dura Europos .... 29 FIGURA 16 – Catacumbas de San Genaro, Nápoles ...................................... 30 FIGURA 17 – Catacumba de Comodila. Roma, Itália. ..................................... 31 FIGURA 18 – Basílica Paleocristã típica .......................................................... 32 FIGURA 19 – Antiga Basílica de São Pedro .................................................... 33 FIGURA 20 – Mosaico da Igreja Sant apollinare.............................................. 33 FIGURA 21 – Divisão Política Religiosa do Império Romano .......................... 35 FIGURA 22 – Basílica de Sant Vitale ............................................................... 36 FIGURA 23 – Basílica de Santa Sofia.............................................................. 36 FIGURA 24 – Planta Baixa: Basílica Santa Sofia e Saint Vitale....................... 37 FIGURA 25 – Catedral de Saint-Sernin de Toulouse ....................................... 39 FIGURA 26 – Planta Baixa Catedral de Saint-Sernin de Toulouse .................. 39 FIGURA 27 – Catedral de Notre-Dame de Paris.............................................. 40 FIGURA 28 – Planta Baixa da Catedral de Notre-Dame de Paris.................... 40 FIGURA 29 – Basílica de Santo André ............................................................ 41 FIGURA 30 – Planta Baixa da Basílica de Santo André .................................. 41 FIGURA 31 – Vista exterior da Basílica de São Pedro .................................... 42 FIGURA 32 – Planta Baixa da Basílica de São Pedro ..................................... 42 FIGURA 33 – Evolução das Igrejas Brasileira.................................................. 44 FIGURA 34 – Igreja franciscana de Cairu em Salvador ................................... 45 FIGURA 35 – Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto ...................... 45 FIGURA 36 – Planta Baixa - Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto46 FIGURA 37 – Planta cidade colonial e barroca ................................................ 47 FIGURA 38 – Catedral da Sé em São Paulo ................................................... 47 FIGURA 38 – Planta Baixa Catedral da Sé em São Paulo .............................. 48 FIGURA 40 – Igreja São Francisco de Assis da Pampulha ............................. 49 FIGURA 41 – Planta Baixa Igreja São Francisco de Assis da Pampulha ........ 49 FIGURA 42 – Espaço sagrado e profano segundo Rosendahl ........................ 52 FIGURA 43 – Localização Igreja do Jubileu..................................................... 55 FIGURA 44 – Fachada Igreja do Jubileu ......................................................... 56 FIGURA 45 – Ambientes sagrados e sociais ................................................... 56 FIGURA 46 – Planta Baixa: Subsolo e Térreo da Igreja do Jubileu ................. 57


FIGURA 47 – Planta Baixa: 1º e 2º pavimento da Igreja do Jubileu ................ 57 FIGURA 48 – Localização do centro comunitário Regina Pacis ...................... 59 FIGURA 49 – Igreja Regina Pacis.................................................................... 59 FIGURA 50 – Implantação da Igreja Regina Pacis .......................................... 60 FIGURA 51 – Pátio do Centro Comunitário ..................................................... 60 FIGURA 52 – Planta Baixa do Centro Comunitário.......................................... 61 FIGURA 53 – Planta Baixa do Centro Comunitário.......................................... 62 FIGURA 54 – Localização da escola Várzea Paulista ..................................... 63 FIGURA 55 – Planta Baixa escola Várzea Paulista ......................................... 64 FIGURA 56 – Insolação escola Várzea Paulista .............................................. 65 FIGURA 57 – Área de convivência escola Várzea Paulista ............................. 65 FIGURA 58 – Localização de Presidente Prudente ......................................... 67 FIGURA 59 – Primeira capela de Presidente Prudente ................................... 67 FIGURA 60 – Hierarquia simplificada - igrejas católicas .................................. 68 FIGURA 61 – Circunscrições eclesiásticas católicas do Brasil ........................ 69 FIGURA 62 – Circunscrições eclesiásticas católicas – Província de Botucatu 69 FIGURA 63 – Primeira capela Nossa Senhora do Carmo ............................... 71 FIGURA 64 – Nossa Senhora do Carmo em Presidente Prudente .................. 72 FIGURA 65 – Localização – sem escala .......................................................... 73 FIGURA 66 – Localização e sentido das vias – sem escala ............................ 74 FIGURA 67 – Fachada salão paroquial ........................................................... 74 FIGURA 68 – Planta Baixa – Pavimento térreo ............................................... 75 FIGURA 69 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento ........................................... 76 FIGURA 70 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento ........................................... 77 FIGURA 71 – Fluxo de pessoas....................................................................... 78 FIGURA 72 – Volumetria salão paroquial – Vila Maristela ............................... 78 FIGURA 73 – Perfil Topográfico – sem escala................................................. 79 FIGURA 74 – Mapa de uso e ocupação – sem escala .................................... 80 FIGURA 75 – Mapa fundo figura – sem escala ................................................ 81 FIGURA 76 – Mapa de Gabarito de Altura – sem escala................................. 82 FIGURA 77 – Planos Verticais – sem escala ................................................... 82 FIGURA 78 – Arborização urbana ................................................................... 83 FIGURA 79 – Mobiliários e Equipamentos Urbanos ........................................ 84 FIGURA 80 – Estudos de Insolação e Ventilação – sem escala ...................... 84 FIGURA 81 – Igreja Madre Redentora ............................................................. 86 FIGURA 82 – Ambientes internos da Igreja Madre Redentora ........................ 87 FIGURA 83 – Ambientes sagrados e sociais ................................................... 88 FIGURA 84 – Croqui: planta baixa, perspectiva e setorização ........................ 90 FIGURA 85 – Croqui: estudos de insolação, ventilação e fluxo ....................... 91 FIGURA 86 – Fachada Principal ...................................................................... 92 FIGURA 87 – Vias............................................................................................ 93 FIGURA 88 – Pavimento Térreo ...................................................................... 94 FIGURA 89 – Salas de Aula............................................................................. 95 FIGURA 90 – Paredes flexíveis ....................................................................... 95 FIGURA 91 – Dutos ......................................................................................... 96 FIGURA 92 – 1º Pavimento ........................................................................... 101 FIGURA 93 – Salão Principal ......................................................................... 102 FIGURA 94 – Área Externa ............................................................................ 103 FIGURA 95 – Fachadas ................................................................................. 105 FIGURA 96 – Vista Oposta Capela ................................................................ 105


FIGURA 97 – Vista Frontal da Capela ........................................................... 106 FIGURA 98 – Auditório .................................................................................. 107 FIGURA 99 – Escada ..................................................................................... 109 FIGURA 100 – Leitura ................................................................................... 110 FIGURA 101 – 2º Pavimento ......................................................................... 111 FIGURA 102 – Área Social ............................................................................ 112 FIGURA 103 – Vista da sacada ..................................................................... 113 FIGURA 104 – Quadra Poliesportiva ............................................................. 115 FIGURA 105 – 3º Pavimento ......................................................................... 116 FIGURA 106 – Ventilação Quadra Poliesportiva............................................ 116


SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15

2

BREVE HISTORIA SOBRE OS LUGARES DE CULTO RELIGIOSO ...... 17

2.1

A religião nas antigas civilizações .......................................................... 18

2.2

Cristianismo através dos tempos............................................................ 24

2.3

Espaços sagrados do Cristianismo ........................................................ 31

2.4

Arquitetura Católica no Brasil ................................................................. 43

3

O HOMEM E O ESPAÇO SAGRADO ....................................................... 50

3.1

Importância da religião ........................................................................... 50

3.2

O Sagrado e o Profano ........................................................................... 51

3.3

A Socialização Religiosa ........................................................................ 53

4

ANTECEDENTES PROJETUAIS.............................................................. 55

4.1

O Jubileu (Itália, 2003) ........................................................................... 55

4.2

Objetivo da Escolha................................................................................ 58

4.3

Centro Comunitário Regina Pacis (Itália, 2014)...................................... 58

4.4

Objetivo da Escolha................................................................................ 62

4.5

Escola Várzea Paulista (São Paulo, 2008) ............................................. 62

4.6

Objetivo da Escolha................................................................................ 66

5

PRESIDENTE PRUDENTE ....................................................................... 67

5.1

Paróquia Nossa Senhora do Carmo – Vila Maristela ............................. 71

5.2

Análise do local ...................................................................................... 73

6

CONDICIONANTES PROJETUAIS .......................................................... 79

6.1

Topografia do Terreno ............................................................................ 79

6.2

Uso e Ocupação e Gabarito De Altura ................................................... 80

6.3

Mobiliário e Equipamentos urbanos ....................................................... 83

6.4

Insolação Ventilação .............................................................................. 84

7 7.1 8

REFERÊNCIAS CONCEITUAIS ............................................................... 86 Igreja da Madre Redentora – Studio Kuadra (Itália, 2015) ..................... 86 PROJETO ................................................................................................. 88

8.1

Diretrizes Projetuais ............................................................................... 88

8.2

Conceito e partido .................................................................................. 91

8.3

Memorial Descritivo e Justificativo.......................................................... 92 8.3.1

Pavimento Térreo ......................................................................... 92

8.3.2

Primeiro Pavimento .................................................................... 101

8.3.3

Segundo Pavimento ................................................................... 109


8.3.4

Terceiro Pavimento..................................................................... 115

cONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 119 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 120


15 1

INTRODUÇÃO O presente trabalho traz como proposta uma reestruturação do

Salão Paroquial da Igreja Nossa Senhora do Carmo da Vila Maristela na cidade de Presidente Prudente-SP, trazendo um novo e atual projeto construtivo. Sabendo da importância da Religião desde o início da humanidade, como um meio de formação de valores para as pessoas, podendo através deste formar opiniões de convívio social, a proposta surte com a intenção de unir e proporcionar espaços para suas atividades acontecerem com mais comodidade e funcionalidade. Através deste, o projeto será elaborado com o intuito de cessar as necessidades locais, trazendo uma nova setorização do local já existente, e projetando uma nova edificação anexa ao mesmo. Estudando a historicidade dos lugares religiosos e sua importância para com a Religião Católica, o Centro de Convivência Cristã é fonte de uma evolução quanto a religiosidade construtiva. Atravessando os séculos, as análises trazem uma dinâmica leitura do espaço de culto, através de como este acompanhou as necessidades de cada período histórico relacionando o sagrado e profano. O estudo atribui ainda, a importância contínua do homem de se relacionar com o divino, relacionado a espaços sagrados, esse atua na manifestação de sentimentos próprios adquirindo um simbolismo heterogêneo aos demais lugares. A partir do Concílio Vaticano II, o conceito de igreja se torna mais amplo, proporcionando alterações no catolicismo capaz de atender as demandas da sociedade moderna. Assim, para Franco (2011) a igreja se torna mais humanitária, passando a ser um lugar não somente de celebrações, mas de encontros, proporcionando a socialização da comunidade através de lugares para serviços prestados em função do próximo. Deste modo o objetivo do trabalho é a valorização do espaço sagrado e do profano, através da reestruturação do centro comunitário da Vila Maristela. As três referências arquitetônicas abordas exemplificam as necessidades religiosas, sociais e educativas, nessa mesma ordem para duas obras internacionais: Igreja do Jubileu, na Itália de 2003, o Centro Comunitário Regina Pacis, na Itália de 2014 e uma obra nacional: a Escola da Várzea Paulista, em São Paulo de 2008.


16 Localizado na rua Pe. Joao Salgari na cidade de Presidente Prudente, o local é servido por ônibus municipais de fácil acesso as pessoas que se encontram nas regiões mais afastadas da cidade, visto que o bairro se encontra na zona norte do centro principal, a grande maioria dos moradores exercem alguma função para a igreja. Entretanto muitas pessoas mesmo longe dessa zona local frequentam e trabalham para essa comunidade, mediante ao seu grande crescimento e suas atividades intensas. Os

trabalhos

exercidos

pela

paróquia

não

são

apenas

exclusividade para o catolicismo e sim abriga movimentos que acolhem todo tipo de caridade independente da religião. Posto isso, o salão hoje é destinado a catequese, a palestras, cursos, eventos religiosos, retiros, atividades pastorais, festas gastronômicas, e atividades afins ligadas as lideranças da igreja. Todavia a estruturação do local se faz necessária de acordo com a sua demanda, que atualmente encontra-se defasada. A metodologia empregada foi baseada em levantamentos bibliográficos, buscando os conceitos históricos e estéticos, trabalhando proporção e harmonia em cada ambiente já existente e podendo conceituar os novos a serem representados. Pesquisas in loco foi feita para descriminar seu levantamento arquitetônico atual, através de medidas, fotografias, e tendo a vivencia local podendo colher um pouco da sua rotina. Em consideração aos estudos praticados, a edificação já implantada, o Salão Paroquial, manterá para população sua importância quanto a vínculos afetivos, sendo agregado um novo bloco capaz de favorecer a carência de espaços sagrados e a necessidade de ambientes para proveito pastoral e de convívio.


17 2

BREVE HISTORIA SOBRE OS LUGARES DE CULTO RELIGIOSO Para compreender o conceito de espaço sagrado é necessário

entender o que é religião. A etimologia da palavra vem do termo latino “ReLigare”, ou melhor, uma “religação” com o divino. Esse significado está atrelado a ideia de destino do ser humano para um mundo pós existência reconhecendo a presença constante de uma crença em um fenômeno religioso, algo místico e sagrado que abrange quaisquer doutrinas, seitas, ou formas de pensamento característico. Em outras palavras, religião é o conjunto de crenças fora da realidade humana por um grupo de pessoas em comum. Este fenômeno religioso é tratado com importância, pois se integra a história da humanidade. (ICP, 2009) Certamente, todos nós, atentos aos mais diversos fenômenos culturais, quer da atualidade, quer do passado, percebemos como o fenômeno religioso marca sua presença, de modo universal e constante, não só no campo que lhe é especifico, como, ainda, em muitos outros, históricos, políticos, sociais, artísticos, filosóficos etc. (JORGE, 1998, p. 11)

A importância que o autor compõe nesse exemplo se reafirma com base em análises da história. Segundo Jorge (Apud BERGSON, H., 1978, P. 85.) É possível comprovar que todas as sociedades que já existiram e existem, pode se descrever sem determinadas áreas como a ciência, a arte ou a filosofia. Mas nunca existiu uma sociedade sem religião. O homem religioso sente necessidade de viver numa atmosfera impregnada do sagrado; é por essa razão que se elaboram técnicas de construção do sagrado. Esse trabalho humano de consagrar um espaço, essa necessidade de construir ritualmente o espaço sagrado nos revela que o mundo é, para o homem religioso, um mundo sagrado. (ROSENDAHL, 1996, p. 30).

A construção de espaço religioso parte do próprio ser humano em se rodear do sagrado. Visto que conceituar um espaço exige uma abertura do olhar que transpasse o afetivo-emocional humano, logo, um lugar se diferencia do outro não apenas por seus elementos construtivos e modais, mas principalmente por sua vivencia. “O espaço vivido é uma experiência contínua, egocêntrica e social, um espaço de movimento e um espaço-tempo vivido que se refere ao afetivo, ao mágico, ao imaginário. ” (CORRÊA, 2001, p. 32). Se tratando do espaço religioso, significa dizer que para o homem atuante em um


18 local sagrado, este se faz heterogêneo aos demais pois a experiência vivenciada atua através da manifestação da fé. Vale aqui destacar que a história das igrejas possui várias vertentes, simbolismos e características singulares em relação a cada período arquitetônico. Venturini (2014) afirma que o processo evolutivo de espaços arquitetônicos de culto foi se ajustando conforme as demandas de cada período vivido e que essa retomada do passado é primordial para o entendimento da arquitetura religiosa da contemporaneidade.

2.1

A religião nas antigas civilizações Conforme a análise de Santos (2003) os primeiros monumentos

dedicados apenas as práticas religiosas surge com as primeiras civilizações (Quadro 01). Destaca-se aqui duas importantes cidades-estados que contribuíram substancialmente para a cultura religiosa: a Grécia e a Roma.

QUADRO 01 – Linha do tempo: Espaços sagrados da antiguidade

Fonte: Venturini (2014). Modificado: autor (2016).

A civilização grega possuí uma importância grandiosa para a estruturação da civilização ocidental. Além de contribuírem com a herança cultural para o ocidente, nos campos das artes, da geometria, e filosofia, o templo


19 dispõe um papel secundário na religião, possuíam a função apenas de abrigar as estatuas dos deuses. (DUARTE, 2010) Um modelo comum de planta dos templos gregos era a implantação simétrica e retangular com uma série de colunas dando suporte ao teto e ao centro (cela ou nau) margeadas por paredes de pedras, permaneciam as estatuetas, de um deus. (VENTURINI, 2014) Robertson-Smith (1907), teólogo e antropólogo do século XVIII, já constatava que um santuário só poderia ser construído em um local onde os deuses tivessem dado evidência inquestionável de sua presença, pois, era mais provável que a divindade se manifestasse novamente onde já aparecera no passado. (RIBEIRO, 2006, p. 03)

O local dos templos é de suma importância e está vinculado conforme uma forte presença da divindade. Como era de costume, os gregos procuravam sempre lugares altos para a construção dos templos, as chamadas acrópoles (Figura 01). O templo mais conhecido é o Parthenon (Figura 02) e em sua localização pode-se reforçar o simbolismo do local situado no alto das cidades gregas. (RIBEIRO, 2006)

FIGURA 01 – Reconstituição da Acrópole. O Parthenon, no topo.

Fonte: Guia Geo-Grecia, (20??).


20 FIGURA 02 – Templo Parthenon dedicada a deusa Atena

Fonte: Commons, (2006). Modificado: autor (2016).

O império romano tem sua origem em 753 a.C. e contou com influências orientais e ocidentais sobre a cultura e religiosidade, que foram adaptados aos costumes e necessidades dos romanos. Dentre eles, os gregos. (SOUZA, 2016) Em um primeiro momento, Roma era considerada politeísta, ou seja, a religião difundida se baseava na crença em vários deuses. Caracterizada em duas divisões, o culto familiar e o culto público. Segundo Pinto (2016) o culto familiar era realizado no domínio residencial romano particular e celebrado pelos próprios membros da família em adoração ao fogo. Casas estas conhecidas como Domus (Figura 03 e 04). Com um aspecto simples, as domus se organizavam ao redor de dois pátios.

FIGURA 03 – Casa Romana

Fonte: Cyber Padres, (20??). Modificado: autor (2016).


21 FIGURA 04 – Vista exterior de uma Domus Romana

Fonte: Um olhar sobre a arte (2009).

Conforme Pinto (2016) os deuses romanos eram comumentes ligados as forças da natureza, sentimentos e ações humanas: tempo, amor, beleza, guerra e etc. Deste modo, os deuses adorados no ambito familiar eram conhecidos como “lares”. Sendo estes capazes de proteger os membros familiares, possuiam um altar no átrio de uma domus (Figura 05), convenientemente construido em um local visivel e de movimentação para ser celebrado. FIGURA 05 – Altar doméstico de uma Domus Romana

Fonte: Commons (2005).

O culto público era controlado pelo Estado nos templos romanos (Figura 06). Os edifícios destinados aos deuses romanos contavam com funções além de culto religioso, como também políticas e sociais. Considerados como o lugar mais importante da cidade romana (PONTES, 2009).


22 Seu valor sagrado e simbólico é nítido, apesar de ter influências gregas, a arquitetura religiosa romana não deve jamais ser confundida. “Deve repudiar como insensata a posição crítica de alguns tratados estrangeiros em que a arquitetura romana é definida como filha ou escrava da grega. “ (ZEVI, 1996, p. 67) A arquitetura romana reuniu elementos vitais de suas influências juntamente com a funcionalidade do espaço interior. Enquanto os edifícios religiosos gregos destinava-se apenas aos deuses (Figura 07).

FIGURA 06 – Templo coríntio, Maison Carré, Ano 16 a.C., Roma

Fonte: Um olhar sobre a arte (2009).

FIGURA 07 – Planta do conjunto de templos de Largo Argentina, em Roma

Fonte: Zona Foro (2007). Modificado: autor (2016).

Venturini (2014) explica que o Panteão (Figura 08) foi construido inicialmente como um templo pagão do imperio romano, o mesmo futuramente serviria de estímo para a arquitetura católica. O templo romano compreende um espaço interno de 43,5m de diametro em sua planta circular, e 43,5m de altura, até o óculo: abertura superior (Figura 09) “ A impresão que esta transmite é de


23 um caráter cósmico do firmamento: o espaço circular, centralizado no eixo vertical, a grande abertura no zenite da cúpula. ” (VENTURINI, 2014, p. 32) Bruno Zevi (1996) o trata como um edficio elementar de fácil compreensão por seu espaço centrado uniformemente. Ruan Venturini (2014) assemelha a centralidade monumental conhecida por Zevi (1996) como inspiração para uma reflexão do homem. Tornando o caráter cosmico que o templo é capaz de transmitir como um meio de ligação com o divino.

FIGURA 08 – Elevação frontal e lateral, corte e planta baixa do Panteão

Fonte: Venturini (2014). Modificado: autor (2016).

FIGURA 09 – Cúpula do Panteão

Fonte: Marmara Life (2015).


24 2.2

Cristianismo através dos tempos Em decorrência de todos os fatos citados acima, ainda no período

romano, temos como marco mais importante da história da humanidade, o nascimento, morte e ressureição de Jesus, considerado como a pessoa mais influente de todos os tempos. A partir de então tem-se início a cronologia adotada com a chegada de Cristo sendo o ano primeiro. (BLAINEY, 2012) Ainda de acordo com Blainey (2012) é necessário estudar a trajetória de Jesus para compreender o início do cristianismo. O estudo do possui uma história multifacetada e perpassa pelas antigas civilizações ocidentais. Visto que este interviu de maneira expressiva no desenvolvimento da história ao longo dos anos. Geoffrey Blainey (2012) conduz os fatos da antiguidade como uma marcha até Jesus Cristo, retomando assim para o lugar onde a história desperta, a Palestina. A estreita faixa de terra situada na costa do mar mediterrâneo e conhecida como palestina, (Figura 10) foi palco de várias conquistas de povos antigos.

FIGURA 10 – Mapa da palestina Cristã

Fonte: Blainey (2012). Modificado: autor (2016).


25 No domínio dos hebreus, a palestina por volta do ano de 1000 a.C. a mando do rei Salomão, filho do rei Davi, erigiu o Grande Templo (Figura 11), apontado como a edificação mais magnifica do mundo ocidental até então. Nele, orações e sacrifícios eram ofertados (BLAINEY, 2012, p. 12). Construído para a religião judaica em Jerusalém, constitui-se em dois ambientes, um pátio aberto onde estava posicionado o altar dos holocaustos, e um edifício onde era guardada a arca da aliança (VENTURINI, 2014, p. 19).

FIGURA 11 – Reconstituição do templo de Jerusalém

Fonte: Brandão (2011).

Blainey (2012) descreve em seu livro o período mais traumático para os judeus, ocorrido em 587 a.C. após a morte do rei Salomão. Os babilônicos vindos da mesopotâmia conquistam Jerusalém e com o fim da guerra muitos Judeus foram exilados na babilônia, longe da Terra Santa. “Converter-seá esta terra em angustia e solidão, e por setenta anos lhe há de perdurar a servidão ao rei da babilônia. ” (JEREMIAS, 25:11). Passados, setenta anos a babilônia é conquistada pelos Persas, podendo assim, os judeus voltarem a sua terra natal. Seguindo a análise de (EKERMAN, 2007) o surgimento das primeiras sinagogas (Figura 12) acreditasse que se deu a partir do regresso dos judeus a Jerusalém, após Judá ser conquistada pelos babilônico. Nesse regresso, os judeus exilados, com o objetivo de manter suas crenças religiosas, criaram um conceito de templo revolucionário para sua época, as sinagogas, que


26 em um sentido amplo significa assembleia. As sinagogas (Figura 13) tinham o propósito de servir como o espaço de oração para os judeus, além de ser o ponto de encontro da comunidade para ensinamentos da religião Judaica. Até esse ponto da história da humanidade os templos eram oferecidos apenas como moradia para suas divindades, que eram construídos rodeados de um pátio onde o povo exercia suas celebrações e orações. A entrada nos templos era apenas permitida aos sacerdotes da época, e às vezes nem mesmo a estes. (EKERMAN, 2007)

FIGURA 12 – Planta da Sinagoga de Cafarnaum

Fonte: Tutto L’ evangelho (20??). Modificado: autor (2016).

FIGURA 13 – Ruinas da sinagoga de Cafarnaum

Fonte: Catai (20??).


27 Por volta de 63 a.C. o império romano conquista a Palestina. Apesar de serem dominados pelo maior império do mundo, Blainey (2012) afirma que os judeus preservaram sua cultura e religião monoteísta. Não apenas por certa independência que os romanos concediam as suas colônias, desde que pagassem impostos e se comportassem com obediência, mas porque mantiveram suas tradições na medida do possível e aparte. “Os romanos escolheram um líder local, Herodes, a quem delegaram poder e deram o título de rei e concederam considerável liberdade religiosa aos judeus. “ (BLAINEY, 2012, p. 12) Foi então no reinado de Herodes que nasceu o menino Jesus pela virgem Maria em Nazaré. Seu nascimento já era esperado e profetizado a muitos anos antes de Cristo. Uma dessas profecias dizia que Deus enviaria o messias, o salvador, para libertar a palestina do domínio estrangeiros, ou seja, dos romanos (Figura 14), embora Jesus jamais dissera isso (BLAINEY, 2012) FIGURA 14 – O império romano no tempo de Jesus

Fonte: Mapas Bíblicos (2011). Modificado: autor (2016).

Mesmo com a existência de templos e outros espaços religiosos, as sinagogas eram o lugar de reunião e ensinamento de Jesus. “Dirigiram-se para cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar. ” (MARCOS 1:21). Algumas das crenças judaica Jesus seguia, e outras ele reformulou, conforme diz Blainey (2012) em seu livro. Era considerado um líder político e religioso, todavia de origem humilde, trabalhava como carpinteiro.


28 Com o aumento de adeptos aos ensinamentos de Jesus, de acordo com Brandão (2011) as reuniões e adoração dos primeiros cristãos continuavam nos templos, porém, o ritual da Fração do Pão, em menção a santa ceia feita por Jesus com seus discípulos, antes de sua morte, era feito habitualmente em casas particulares dos fiéis. Nessa época as habitações se dividiam em três tipos: a domus, ou casa particular; a villae, ou casa de campo; e insulae, que eram casas de apartamentos. (VENTURINI, 2014) Jesus propagava uma mensagem contraria a época em que viveu. Seus ensinamentos baseavam-se essencialmente no respeito para com o próximo, não importando quem fosse, ou o que possuía, até mesmo os cobradores de impostos do Império Romano, os criminosos e os deficientes. "Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, “ (MATEUS 5:43,44). Pode-se perceber que muitas vezes os preceitos ensinados eram adversos a cultura das pessoas daquela época, e mesmo assim o filho de Deus atraiu milhares de seguidores. Porém os altos sacerdotes e autoridade temiam que a popularidade de Jesus, por várias curas e um certo teor de rebelião contra o Estado, o tornasse poderoso demais, apesar de ser inocente o prenderam e o condenaram a morte na cruz. (BLAINEY, 2012) A morte por crucificação, naquela época, era considerada a mais lenta, dolorosa e humilhante. Apesar da atrocidade ligada a cruz de madeira o simbolismo nela embutido se tornou, séculos a frente, o símbolo universal do cristianismo.

“Todas as religiões e ideologias têm seu símbolo visual, que

exemplifica um aspecto importante de sua história ou crenças. “ (STOTT, 2006). Para Blainey (2012) a crucificação de Jesus e a dor de sua mãe, permitiu o impulso na criação de uma nova comunidade cristã. O corpo de Jesus foi levado ao túmulo e fechado com uma pedra pesada. Passados três dias, encontraram o túmulo com a pedra movida e o corpo não se encontrava no interior. Os discípulos estavam reunidos quando Jesus apareceu no meio deles para os incentivar a dar continuidade em seus ensinamentos.


29 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. (MATEUS 28:19,20)

No livro de Blainey (2012), poucas centenas de seguidores teriam continuado com as crenças de Jesus após sua morte. Decorridos cinquenta anos os adeptos aumentaram significamente a milhares, tornando-se bilhões nos dias de hoje. Mas para esse desenvolvimento, o cristianismo passou por numerosas dificuldades ao longo do caminho. No século II já tendo sido consumada a separação entre cristãos e judeus, o número dos primeiros aumenta, e isso despertou a necessidade de um edifício maior e funcional para as atividades da fé cristã. Criando assim uma nova tipologia de construção religiosa, as chamadas domus ecclesiae (Figura 15). (LIMA, 2012, p. 24) Estas possuíam uma organização dedicada aos elementos pastorais da tradição deixada por Jesus.

FIGURA 15 – Planta e Perspectiva da Domus Ecclesiae de Dura Europos

Fonte: Venturini (2014). Modificado: autor (2016).


30 Segundo Lima (2012) os cristãos sofriam eventuais perseguições, mas na maioria das vezes eram considerados inofensivos. Porém logo no ano de 250, o cristianismo atingiu grande parte do império romano, e isso preocupou o imperador Décio, que elevou as perseguições em uma escala maior. Nos anos 250 e 257 a 260, entretanto, os cristãos sofreram sangrentas perseguições em Cartago, Alexandria e Roma 22. Eles foram obrigados a participar dos sacrifícios públicos, seu culto foi proibido e seus bens foram confiscados, mas no ano 260 o imperador Galieno lhos devolveu. [...] Isso requereu da domus ecclesiae uma estrutura interna que permitisse o desenvolvimento dos ritos, acomodação dos ministros e da assembleia. (LIMA, 2012, p.25)

Frade (2007) afirma que a clandestinidade da época em que os cristãos viviam, impulsionou o surgimento da Domus Ecclesiae, assim como as catacumbas (Figura 16). Construídas para serem cemitérios subterrâneos na Roma antiga, as catacumbas eram conjuntas de corredores que abrigavam os restos mortais de cristãos após serem cremados pelos romanos.

FIGURA 16 – Catacumbas de San Genaro, Nápoles

Fonte: historia y biografias (2014).

Assim como na Domus Ecclesiae, as catacumbas para Venturini (2014) após as sangrentas perseguições, serviam não apenas para refugiar os cristãos perseguidos, mas para manterem sua religiosidade viva. Designadas como Catacumbas Paleocristãs (Figura 17) eram adornadas com imagens da vida de Jesus nas paredes e tetos.


31 FIGURA 17 – Catacumba de Comodila. Roma, Itália.

Fonte: Study Blue (20??).

Apesar de todas as dificuldades o cristianismo ainda influenciava a muitas famílias romanas e de outras cidades grandes, que se sentiam conquistadas pelos princípios de Jesus Cristo. Conforme a análise de Blainey (2012), Constantino assumiu o Império Romano ocidental em 312. Vindo de uma família cristã conseguiu obter liberdade religiosa a todos os habitantes, além disso, tornou o domingo como um dia especial, em respeito a ressurreição de Cristo. Posteriormente, Constantino se transformou em um dos maiores governadores de Roma, implantando sua religião conseguiu que: o cristianismo elevasse seu número de fiéis, favorecimento dos impostos conduzidos a igrejas e propriedades cristã, e até mesmo a cruz foi adotada como símbolo, nos escudos dos soldados. Constantino foi considerado como transformador da Igreja (BLAINEY, 2012) 2.3

Espaços sagrados do Cristianismo Tendo o Cristianismo se consolidado, as Domus Ecclesiae não

comportavam mais o número de adeptos que se converteram após o mesmo ser considerado a religião oficial do Império Romano, por intermédio de Constantino. A tipologia construtiva de acordo com Brandão (2010) compunha-se por Ecclesiae Basilicalis (Figura 18), caracterizadas por edifícios grandiosos para comportar os fiéis, e derivadas das casas romanas.


32 As basílicas paleo-cristãs consistiam de três principais ambientes: o Átrio, a Nave e o Abside. Segundo Janson (2001) e Venturini (2014), o Átrio, herdado das casas romanas, era localizado na parte frontal do edifício, saudando o visitante prestes a entrar no edifício, além de ser um divisor entre as ruas da cidade e a igreja propriamente dita, ou melhor dizendo, o espaço de transição do profano ao sagrado. A Nave, se divide em nave central e naves laterais. A central destinava apenas a entrada do clero, enquanto as laterais era o lugar onde permaneciam os fiéis, separados por gênero, esses espaços são definidos por arcos e pilares típicos da arquitetura romana. O lugar considerado mais sagrado do conjunto era a Abside, que se localizava no outro extremo da planta longitudinal, reservada para os membros do clero.

FIGURA 18 – Basílica Paleocristã típica

Fonte: Frade (2007). Modificado: autor (2016).

Uma das basílicas mais conhecidas da era paleo-cristã, é a antiga basílica de são Pedro (Figura 19). Segundo Venturini (2014) foi construída a mando do Imperador Constantino, e se localiza exatamente onde hoje existe a atual Basílica de São Pedro no Estado do Vaticano. Logo ganhou fama e se tornou um dos principais pontos de peregrinação dos cristãos além de Jerusalém.


33 FIGURA 19 – Antiga Basílica de São Pedro

Fonte Study Blue (20??).

O aspecto mais impressionante dessas basílicas se encontra no contraste do externo com a parte interna. No livro de Janson (2001) a arte cristã primitiva se revela nas paredes internas das igrejas, com o efeito surpreendente que os mosaicos fabricados com pedaços de vidros coloridos causam (Figura 20). Regularmente nas igrejas desse período os artistas retratavam cenas da vida de Jesus, do antigo e novo testamento, e símbolos do cristianismo. Além de transportar o indivíduo para um mundo glorioso, fora da realidade, o objetivo dos mosaicos também era contar a história da fé através de imagens.

FIGURA 20 – Mosaico da Igreja Sant apollinare

Fonte: Janson (2001).


34 O Cristianismo e suas basílicas já teriam tomado conta do mar mediterrâneo quando Constantino resolveu adotar outra cidade como capital. “Ele não gostava de Roma, e até deixou de visitar a cidade. Decidiu então, construir uma “nova Roma”. Para isso escolheu a cidade de Bizâncio” (BLAINEY, 2012, p. 43) Bizâncio teria sido colonizada pelos gregos a muito tempo antes, e com a chegada de Constantino, seu nome se tornou Constantinopla conforme Blainey (2012). Inicia-se então o período Bizantino paralelo ao Romano (Quadro 02)

QUADRO 02 – Linha do tempo: Períodos arquitetônicos a partir de Cristo

Fonte: Janson (2001). Modificado: autor (2016).

No livro de Lemerle (1991) os sucessores do trono de Constantino, entretanto, não estavam dispostos a seguir seus ideais. Em uma época confusa, introduziram vários decretos pagãos, dentre eles, a volta dos sacrifícios aos deuses. Em 392 Teodósio I lançou normas de intolerância ao paganismo, porém, iniciava uma era onde o Estado impunha sua dominação sobre todos os governantes, inclusive religiosos, como o papa. Para Lemerle (1991, p, 32) “A ortodoxia e a heresia tornam-se um assunto político tanto quanto religioso, ou antes, os dois pontos de vista se confundem. ” Durante esses acontecimentos, com a ascensão de Constantinopla e essa, se igualando a Roma, foram realizados vários decretos ecumênicos que dividiram politicamente o império em oriente e ocidente (Figura 21). O mais


35 importante concilio a destacar, é o concilio da calcedônia em 451, considerado importante marco da história do cristianismo no período bizantino, pois no livro de Lemerle (1991) dividisse a igreja em Católica Ortodoxa do oriente e Igreja Católica Romana do ocidente. Para Janson (2001) as diferenças entre ambas são evidentes, sendo o catolicismo independente da autoridade imperial, se constituí em uma instituição autônoma; enquanto a Igreja Ortodoxa funciona com a igualdade das autoridades, tendo o imperador como o membro de unificação.

FIGURA 21 – Divisão Política Religiosa do Império Romano

Fonte Catedu (20??). Modificado: autor (2016).

No período de Constantino ainda, nos deparamos com uma tipologia construtiva instituída por formas redondas ou poligonais, com elementos encimados. Para Janson (2001) o desenvolvimento desse tipo estrutura, deriva-se dos banhos públicos romanos, caracterizados com tanques de aguas termais no meio do edifício. Mais tarde no século IV atribui-se essa tipologia aos batistérios e capelas funerárias atados as igrejas. Em 526 no período Justiniano erigiu em Ravena na Itália, a igreja San Vitale (Figura 22) com uma planta octogonal, que quase nada se parece com as basílicas longitudinais e possui muitas particularidades bizantinas vindas do oriente, como por exemplo: a forma geométrica fechada; a intenção de dilatação do espaço por abóbodas circular e semicirculares sustentados por pilares robustos criando assim, imensos vãos livres. (ZEVI, 1996)


36 FIGURA 22 – Basílica de Sant Vitale

Fonte: Study Blue (20??).

Entre as principais construções do cristianismo em Constantinopla, destaca-se a basílica de Santa Sofia (Figura 23). Considerada como um projeto renovador, para o período bizantino, engloba elementos das basílicas primitivas com sua planta longitudinal, porém o que mais se destaca é a grande cúpula localizada no centro da edificação e sustentada por quatro grandes arcos acima de pilares que oferecem o formato quadrado. (JANSON, 2001)

FIGURA 23 – Basílica de Santa Sofia

Fonte: Marmara Life (2015).

A análise de Zevi (1996) compara a Basílica de Santa Sofia em Constantinopla com a Basílica de Sant Vitale em Ravena (Figura 24). Apesar de estarem em cidades opostas, a basílica de Ravena sofre influências bizantinas principalmente por abrigar domos, consideradas típicas de Constantinopla. A


37 semelhança dominante está na estrutura em que as basílicas são compostas, destacando a grandiosidade do espaço interno por ela permitido, essa característica romana esclarece a preocupação com o interior devido as necessidades do usuário. Contudo, a tipologia construtiva retrata a nítida diferença de postura espacial das Basílicas criadas no reinado de Justiniano, que devesse considerar segundo Zevi (1996) como uma arquitetura nova, que será difundida e referenciada nos próximos séculos, principalmente, pela arquitetura sacra.

FIGURA 24 – Planta Baixa: Basílica Santa Sofia e Saint Vitale

Fonte: Beatrix (2008). Modificado: autor (2016).

Janson (2001) descreve que enquanto isso o Império Romano do ocidente vinha em uma continua decadência devido as invasões das tribos germânicas. Com a decadência do Ocidente em 476 inicia-se a era da Idade Média. Vendo-se a necessidade de armar alguma estratégia para que a Igreja Católica Romana não sucumbisse a tantas invasões. O Papa Leão III resolveu então, buscar auxilio no Norte Germânico e designou ao governante o cargo, a muito tempo em desuso, de Primeiro Imperador Sacro Romano á Carlos Magno em 800. Apesar de ter sido coroado em Roma, na antiga basílica de São Pedro, Carlos Magno constituiu sua capital em Aachen ao norte do mediterrâneo. As Basílicas construídas para Janson (2001) sofre muitas influências das basílicas Romanas, devido as visitas que Magno fazia e sentia-se maravilhado.


38 Porém seu reinado dura pouco e o que restava do império ficou a comando de dois netos, um a oeste, aproximadamente a região da França e o outro a leste, na Alemanha. Devido a inúmeras invasões durante séculos, a arquitetura desse período se vincula e atribui elementos de diversos povos que se fixaram, e adotaram o catolicismo como religião. Com isso, as igrejas criadas sofrem apenas variações de temas (ZEVI, 1996) O período Românico para Janson (2001) se assemelha ao estilo romano de construção, por conter arcos e estrutura solidas e pesadas, que se opõe ao estilo gótico a seguir. Mas para Bruno Zevi (1996) a arquitetura Românica é o amadurecimento da construção romana. Após séculos sem um denominado estilo, o Românico surge a partir das igrejas, junto com a Europa ocidental, reunindo vários estilos regionais. Essa união de fontes para criar um estilo coeso foi resultante de fatores variados que se espalhou por toda Europa. (JANSON, 2001) A arquitetura românica se concentra em dois conceitos: a união dos elementos construtivos e a métrica do espaço. “No que diz respeito a primeira característica, pode-se dizer que a arquitetura deixa de agir em termos de superfícies, de pele, e se exprime em termos de estrutura e ossaturas. ” (ZEVI, 1996, p. 89). No românico não vemos mais os mosaicos no interior das basílicas, assim, as catedrais se alimentam pura e unicamente da arquitetura integrada, tanto externa quanto interna. (Figura 25) A forma edificante mais encontrada é a de cruz latina, formada pelas naves laterais e principal, a abside e o transepto (Figura 26). Com desaparecimento do átrio segundo Zevi (1996) pode-se focar maior atenção nas fachadas das catedrais românicas, que nos convida a adentrar no recinto. O jogo de pilares e abóbodas, combinados com a fraca luz vindas das naves laterais, nos convida mais uma vez a seguir na direção da abside e deambulatórios inundados por luz. (JANSON, 2001)


39 FIGURA 25 – Catedral de Saint-Sernin de Toulouse

Fonte: Suny Oneonta (20??).

FIGURA 26 – Planta Baixa Catedral de Saint-Sernin de Toulouse

Fonte: Toman (1996). Modificado: autor (2016).

Janson (2001) relata que o estilo Gótico se inicia em uma pequena região da França, por uma reforma artística na Abadia real de Saint-Denis, orientada pelo Abade Suger e se alastra aos poucos por toda Europa. A obra mais famosa, difundida pela Europa é a catedral de NotreDame (Nossa Senhora) (Figura 27) em Paris. Ao comparar a planta baixa da catedral gótica com a Saint-Sernin, logo se faz perceptível a compactação da mesma com o transepto menos marcado. Para Zevi (1996) com os avanços da engenharia os elementos estruturais se desenvolveram reduzindo as pressões que as abóbodas exercem, criando poderosos contrafortes (Figura 28) bem marcados na parte externa da catedral, que se transformam em um arco diagonal a partir das altas janelas, permitindo também, que essas sejam maiores, consequentemente facilitando a entrada de luz. Os vitrais coloridos das igrejas


40 góticas simbolizam a Luz divina, criando uma atmosfera mística. Outro aspecto marcante do estilo gótico é a verticalidade constante na arquitetura, simbolizando a ascensão aos céus e a valorização com elementos escultóricos do altar-mor.

FIGURA 27 – Catedral de Notre-Dame de Paris

Fonte: Tymo (2015)

FIGURA 28 – Planta Baixa da Catedral de Notre-Dame de Paris

Fonte: Toman (1996). Modificado: autor (2016).

O renascimento foi primeiramente desenvolvido na Itália pouco depois de 1400, e trazia como objetivo a revalorização da cultura clássica grecoromana (JANSON, 2001). Assim, baseados nos princípios da antiguidade clássica, a arquitetura renascentista adquire uma posição humanística, que nesses termos, significa resumidamente dizer que o observador consegue perceber em poucos segundos todo o edifício, quebrando então, a continuidade do românico e do gótico. Para Bruno Zevi (1996) o renascimento não foi um estilo inovador ou apenas uma simples cópia do passado, mas é tratado como uma disciplina métrica espacial da antiguidade.


41 Em uma esfera espiritual, o renascimento foi uma inovação para a igreja católica, sendo que essa preservava conceitos arquitetônicos mediantes ao místico, e o novo estilo focava-se no homem. A arquitetura renascentista (Figura 29 e 30) segundo Zevi (1996) foi construída para acolher como se fosse uma casa, sem elementos místicos religiosos, obedecendo uma escala humana semelhante ao templo grego, que conduz o visitante a um conforto.

FIGURA 29 – Basílica de Santo André

Fonte: Commons (2013).

FIGURA 30 – Planta Baixa da Basílica de Santo André

Fonte: Venturini (2014). Modificado: autor (2016).

No livro de Bruno Zevi (1996) a basílica de São Pedro permitiu o surgimento de um novo estilo, denominado barroco e com a temática de liberdade,

sugerindo

uma

certa

independência

da

racionalidade

do

renascimento, criando uma nova concepção espacial. Os espaços dinâmicos


42 vazios do barroco se opõem as formas geométrica ritmadas e nítidas ondulando as paredes para criar formas complexas. (JANSON, 2001) Em aproximadamente 1506 o papa Júlio II decidiu substituir a antiga Basílica e São Pedro por uma nova que fosse tão imponente e significativa quanto o Panteão (JANSON, 2001) o primeiro projeto com uma planta excepcionalmente simétrica, definiu quatro fachadas idênticas com elementos clássicos: cúpula, colunatas, frontões, porém sua última alteração foi no estilo barroco. O projeto da basílica de São Pedro (Figura 31) que possui paredes escultóricas e decorações na parte interna, que preenchem seu grande vazio, podendo criar um ambiente agradável, segundo Janson (1996) foi proposto pelo Papa em 1603 o acréscimo de uma nave, sendo assim possível, a ligação da basílica com o Palácio do Vaticano. (Figura 32)

FIGURA 31 – Vista exterior da Basílica de São Pedro

Fonte: Study Blue (20??).

FIGURA 32 – Planta Baixa da Basílica de São Pedro

Fonte: Study Blue (20??).


43 2.4

Arquitetura Católica no Brasil Com a descoberta do Brasil por colonos de Portugal em 1500, o

catolicismo foi sendo implantado por padre e missionários. Os nativos foram submetidos ao modelo de espaços de culto religiosos que os Portugueses trouxeram (FRADE, 2007). Assim, em um sistema chamado padroado que se refere a união da colonização e da ação missionaria, foram responsáveis pelas construções de igrejas no período colonial (Quadro 03). Conforme Frade (2007) as ações missionarias eram comandadas por ordem religiosas, destacando entre elas a Companhia de Jesus, ou Jesuítas.

QUADRO 03 – Linha do tempo: Períodos arquitetônicos no Brasil

Fonte: Frade (2007). Modificado: autor (2016).

As primeiras igrejas introduzidas nesse período se caracterizavam pela simplicidade e padrão que os Jesuítas determinavam, afim de, catequisar os índios (Figura 33). Possuíam planta simples retangular, sem transepto e capelas laterais, e com fachada semelhante a arquitetura clássica. (FRADE, 2007)


44 FIGURA 33 – Evolução das Igrejas Brasileira

Fonte: Frade (2007).

Com a vinda de arquitetos europeus, as igrejas brasileiras sofrem inspirações de igrejas europeias que agregam valores artísticos, porém, sem ainda trazer elementos marcantes da arquitetura europeia, como a cúpula e o transepto. Segundo Frade (2007) o padrão jesuítico com a influência das terras dos colonos, fez surgir planta simples retangulares com capelas laterais e torres na fachada. As igrejas da ordem missionária dos franciscanos para Frade (2007) continham elementos marcante, sendo o principal deles a utilização do alpendre.Segundo Souza (2006) a igreja de Cairu (Figura 34), situada ao sul de Salvador na Bahia, foi construída em meados do século XVII e marca o surgimento do barroco no Brasil, desempenhando uma revolução da arquitetura religiosa, que seguia o traçado classicista geométrico, de plantas e fachadas simples. Cinco características da frontaria em questão fazem dela uma composição nitidamente barroca: seu caráter atectônico ou cenográfico; o fato de sua aparência ser determinada pela decoração; o movimento de linhas curvas que define seus contornos; o forte efeito ilusionista nela presente; e a sua dramaticidade compositiva. (SOUZA, 2006)

Os elementos constituintes decorativos são o que determina a aparência da igreja barroca e dão identidade ao nartéx. Além de impressionar o observador pelo contraste e o movimento, capazes de causar emoções libertárias. (SOUZA, 2006)


45

FIGURA 34 – Igreja franciscana de Cairu em Salvador

Frade (2007).

Com a evolução do barroco, desperta uma das obras mais monumentais desse período: a igreja de São Francisco de Assis de Aleijadinho (Figura 35 e 36). Para Gabriel Frade (2007) a obra é um conjunto harmonioso e ritmado de elementos barrocos, criando uma arquitetura monumental tanto no exterior quanto na parte interna da edificação, introduzindo esculturas que dão vida a uma concepção plástica as paredes.

FIGURA 35 – Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto

Fonte: Commons (2011); IPHAN (2014).


46 FIGURA 36 – Planta Baixa - Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto

Fonte: Colin (2012). Modificado: autor (2016).

No período barroco as cidades ganham uma importância artística com influências europeias, seguindo um plano ortogonal de quadra e vias que destacam os edifícios públicos e igrejas (POERSCHKE, 2013). Visto que as primeiras cidades coloniais são encontradas no litoral brasileiro e sua construção tinham o propósito de civilizar e fixar o domínio português no novo território, trazendo portos de comércio, sedes administrativas e poder religioso. Diferente das cidades da Europa com formas geométricas, a cidade colonial seguia um traçado desordenado que evoluía conforme a rotina da cidade (POERSCHKE, 2013). Como uma evolução do átrio da arquitetura grega e romana, as praças ou adros muitas vezes, se localizavam ao redor de uma igreja (Figura 39), além disso, para Rosetti (2012) (Apud LAMAS, 2007, p. 102) a praça era o: “[...] lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio” resultando na dinâmica das cidades e extrema importância para a religião.


47 FIGURA 37 – Planta cidade colonial e barroca

Fonte: Poerschke (2013). Modificado: autor (2016).

A partir do barroco brasileiro em 1900, no âmbito religioso da igreja católica assim como na arquitetura em geral, não obteve nenhuma originalidade nos edifícios construídos (BRUAND, 2010). Propagado pela academia Imperial de Belas Artes no Brasil, o ecletismo adquire o apoio de novas tecnologias construtivas e recursos de materiais que possibilitaram a criação de uma arquitetura caracterizada por reunir elementos arquitetônicos de estilos passados, em uma só obra. (PETONE, 2005) O ecletismo retoma os conceitos antigos a fim de perpetuar no novo o que cada um possui de melhor, combinando elementos geralmente da arquitetura clássica, medieval, renascentista e barroca. (Figura 38)

FIGURA 38 – Catedral da Sé em São Paulo

Fonte: Hoje São Paulo (2012).


48 FIGURA 38 – Planta Baixa Catedral da Sé em São Paulo

Fonte: Modificado: autor (2016).

Conforme Bruand (2010) assim como os estilos arquitetônicos passados, o movimento moderno não surgiu subitamente, sendo desenvolvido a partir do século XX com reflexos da arquitetura moderna iniciada na Europa. Durante esse período a arquitetura brasileira

passa por

transformações, visando a busca da arte, as obras modernistas nascem no início da industrialização no Brasil. Devido ao surgimento de novas técnicas construtivas, que permitiam maiores vãos com leveza, o auxílio do aço e concreto armado, garantia a livre produção de forma inéditas, porém, a arquitetura monumental das igrejas dos períodos anteriores se torna homogenia no modernismo. (VALBUZA, 2015) Dentre os arquitetos modernistas brasileiros, destaca-se Oscar Niemeyer e seu projeto da igreja São Francisco de Assis da Pampulha (Figura 40). Segundo Valbuza (2015) a valorização do concreto se torna um elemento definidor do volume, porém, se perde a identidade de produção. Ao analisar a igreja da Pampulha percebe-se que a mesma respeitava os ambientes tradicionais de uma igreja, trazendo aspectos de períodos passados e integrando ao período vigente (Figura 41).


49 FIGURA 40 – Igreja São Francisco de Assis da Pampulha

Fonte: Martins (2015).

FIGURA 41 – Planta Baixa Igreja São Francisco de Assis da Pampulha

Fonte: Estúdio IV (2012). Modificado: autor (2016).

Para se adequar as mudanças da sociedade moderna o Papa João VI em 1962 solicita um concílio ecumênico que reuniria os bispos para discutir as questões relacionadas a igreja católica, denominado Concílio Vaticano II. Dentre os efeitos das decisões, posteriormente, a forma de celebração nos templos religioso passa por mudanças, com o princípio de participação da comunidade. (VALBUZA, 2015) Segundo Frade (2007) a integração dos fiéis nas atividades da igreja, conduziu os participantes a terem a percepção de viver a religião e de estarem reunidos para um só Deus. Com isso, a arquitetura contemporânea passa a privilegiar espaços para a comunidade, possibilitando a redução de adornos, mas importância ao altar e dedicando-se a socialização.


50 3 3.1

O HOMEM E O ESPAÇO SAGRADO Importância da religião Desde a antiguidade, nos primórdios das civilizações em que se

tem relato, o homem busca uma proximidade com os símbolos, afim de materializar um sentimento próprio. Para Oliveira (2010) o simbolismo é uma forma do homem expressar aquilo que é invisível aos olhos, tornando uma forma abstrata, em real. “O homem necessita dar ao imperceptível uma forma perceptível, por isso a simbolização se produz em um contexto misterioso, já que o objeto simbolizado tem algo de inapreensível”. (OLIVEIRA, Apud SEBASTIAN, 1996, p.17). A necessidade em reproduzir um universo simbólico, traduz o desejo do homem em recorrer a algo efetivo diante das suas próprias angustias e emoções. A análise de Oliveira (2010) trata a religião como uma área composta de linguagem simbólica, representando uma definição em caráter religioso para os sentimentos humanos. Como por exemplo, ao representar uma divindade capaz de ouvir e atender as condições da vida humana de forma artística, seja em uma pintura ou um espaço edificado ou até mesmo na natureza, é um encontro simbólico do homem com o sagrado. Para Oliveira (2010, p. 16) “O templo é o “lugar sagrado” por excelência e é a partir dele que os espaços adquirem sentido e realidade. ” Desse modo, é no templo onde a vida do homem religioso, através do simbolismo nele embutido, encontra sentido para suas emoções e assim poder suporta-las. Se tratando do espaço religioso, significa dizer que para o homem atuante em um local sagrado, este se faz heterogêneo aos demais pois a experiência vivenciada atua através da manifestação da fé. “O espaço vivido é uma experiência contínua, egocêntrica e social, um espaço de movimento e um espaço-tempo vivido que se refere ao afetivo, ao mágico, ao imaginário. (CORRÊA, 2001, p. 32). ” Esse espaço demarcado e presente na civilização da atualidade ou do passado traduz a necessidade do ser humano em envolver-se com algo fora da realidade cotidiana, invisível, transcendente, porém real, que traz consigo a emoção, a espiritualidade e a fé cristã. Um lugar que renova que transforma e


51 considerado muito importante, mas que também demonstra um poder temeroso. Essa ambiguidade de sentimentos sobre o sagrado é que faz o homem ser irresistivelmente atraído por ele (ROSENDAHL, 1996, p. 29). 3.2

O Sagrado e o Profano Ao aceitar a existência do sagrado significa aceitar ao mesmo

tempo a existência do profano, assim, o primeiro aspecto considerado sagrado é a relação com a divindade, e tudo o que se difere disto é profano. (ROSENDAHL, 1994, p. 39). Porém apesar de diferentes, são atrativos entre si e um depende sua existência no outro. Opostamente ao espaço sagrado o profano não possui significados ou referências. Para Eliade (1992) o sagrado está no mundo, assim como o profano, mas se difere por uma hierofania (ato da manifestação do sagrado). Assim um objeto qualquer é considerado profano, uma vez que este sofre significados simbólicos ele se torna diferente dos demais, pois manifesta o sagrado. Logo, a noção de sagrado depende de duas caracterizações: a experiência emocional, e o objeto profano. Os principais elementos hierofânicos são relacionados a natureza: o céu, o sol, a terra, as pedras, as plantas, as águas (MUTZ, 2006). O ser humano, ao aceitar a hierofania, experimenta um sentimento religioso em relação ao objeto sagrado. Não se trata de uma veneração do objeto enquanto tal, e sim da adoração de algo sagrado que ele contém e que o distingue dos demais. (ROSENDAHL, 1996, p. 27)

Para o homem religioso os objetos hierofânicos são identificados através da sua fé. Com isso, o sagrado pode se revelar em objetos que remetem sua religião ou instituições construídas. Essa importância pelo templo é composta por significados, cultura e história que fizeram parte dos antepassados e refletem nos dias de hoje (MUTZ, 2006). O telhado do templo representa o céu; as paredes, os quatro pontos cardeais; o poço ou elemento aquático, quando existe, é uma representação das águas. O templo simboliza o “centro”, o lugar sagrado por excelência. (VENTURINI apud FRADE, 2007, p. 19)

Podemos perceber que desde as sociedades mais antigas o lugar de oração está atrelado muitas vezes com relação a natureza, por sua representatividade das formas e elementos. Deste modo, a criação de um templo


52 surge para criar o centro da religiosidade, isto é, reunir os significados do meio ambiente em um lugar cósmico. (VENTURINI, 2014) O templo sagrado para Eliade (1992) e Rosendahl (1994) é considerado como o “centro do mundo” ou “ponto fixo”. Através de um modelo proposto, conceituam as diferenças no espaço sagrado e profano, a partir do senso de orientação que possibilita ao homem religioso um objetivo em meio ao mundo real. No modelo de Rosendahl (Figura 42), existem mais duas camadas de espaços entre o sagrado e o profano propriamente dito, classificadas como Espaço Profano Diretamente Vinculado, Espaço Profano Indiretamente Vinculado e Espaço Profano Remotamente Vinculado (Espaço Profano). Este modelo é aplicado a partir da Igreja Católica.

FIGURA 42 – Espaço sagrado e profano segundo Rosendahl

Fonte: OLIVEIRA (2012, p. 146).


53 O sagrado e o profano estão em uma relação remota entre o ideal e comum, místico e cotidiano, luz e escuridão. Dessa maneira, a passagem de um espaço para o outro requer “sacrifícios”. (ROSENDAHL, 1994, p. 45). Analisando o esquema acima é possível perceber as interações ali demarcadas por flechas que vão de um elemento espacial a outro. Essas interações podemos aqui chamar de sacrifícios ou caminhos. A palavra sugere imediatamente a idéia de consagração, e poder-seia pensar que as duas noções se confundem. Com efeito, é certo que o sacrifício sempre implica uma consagração: em todo sacrifício um objeto passa do domínio comum ao domínio religioso - ele é consagrado. (MARCEL, 1899, p. 15)

A palavra sacrifício traz para nós, geração moderna, um conceito ruim, de algo sofrido. Porém, sua terminologia vem da união de dois termos “sacro” e “oficio”, isto é, trabalho sagrado. Quer dizer que sacrifício é uma ação de passagem para algo melhor de âmbito religioso. Esse rito para os cristãos demonstram a devoção em meio ao cotidiano. (OLIVEIRA, 2012) 3.3

A Socialização Religiosa A etimologia da palavra Igreja vem do termo grego “Ekklesia”, ou

seja, um grupo de indivíduos formadores de uma sociedade singular (FRANCO, 2011). Logo, para os cristãos a igreja em si, não se define pelo templo religioso, ou elementos místicos que a compõe, mas é representada pelos próprios membro pertencentes a comunidade. Para Franco (2011) o catolicismo atual acredita na mística religiosa que as pessoas reunidas trazem, assim o lugar considerado sagrado é o espaço de realizações e socialização dos fiéis. Conceituando a palavra igreja em pessoas e não em construções. Conforme Fabien (2015) o indivíduo tende a buscar uma socialização, normalmente iniciada nas principais bases: família, escola, igreja, etc. Ao compreender os espaços de socialização os cidadãos se tornam conscientes de não apenas entender, como contribuir para o desenvolvimento das ações e convivências sociais. Com isso, no aspecto religioso, ao analisar os estudos de Fabien (2015) com Franco (2011) as contribuições na socialização acontecem muitas vezes no lugar de convivência cristã, ou seja, o espaço


54 sagrado deve ser considerado não apenas como um lugar de celebrações e devoção, mas de relação social. A igreja Católica, para que corresponda a sua correta finalidade, o arquiteto ou engenheiro, deve-se ter a visão de que é um espaço para celebrações sacramentais, encontros e devoções pessoais. (FRANCO, Apud ZEVI, 1996, p.xx)

Assim, a socialização não é uma oposição a presença constante de uma crença em um fenômeno religioso, mas a elevação conceitual de um planejamento de um espaço sacro monumental capaz de promover encontros. Em suas análises Franco (2011) explica que com o passar dos anos a definição de igreja molda-se as necessidades e vivencia da época. Com isso, confere-se que a igreja católica contemporânea adquire princípios mais humanos, a partir de vínculos sociais.


55 4

ANTECEDENTES PROJETUAIS Com a finalidade de fundamentar o processo projetual, foram

analisadas três obras: Complexo Religioso: O Jubileu, Complexo Religioso da Madre Redentora e a Escola da Várzea Paulista. 4.1

O Jubileu (Itália, 2003) Em um concurso fechado onde participaram arquitetos de renome

como Tadao Ando, Santiago Calatrava, Peter Eisenman e Frank Gehry, o projeto escolhido para a Igreja do Jubileu em Roma, foi o do americano Richard Meier dedicada ao jubileu do Papa João Paulo II. (SERAPIÃO, 2004) Localizada em uma zona periférica no bairro Tor Ter Testa, na cidade de Roma (Figura 43) a Igreja se encontra ladeada por um parque público e apartamentos residências, totalizando uma área plana de 10 072m² que inclui estacionamentos, área de lazer, jardins e o volume construído de um templo religioso em conjunto com o centro comunitário e residência do pároco. (SERAPIÃO, 2004)

FIGURA 43 – Localização Igreja do Jubileu

Fonte: Google Earth (2014). Modificado: autor, (2016).

Ao dividir o projeto ao meio percebe-se que o lado sul, onde situase os ambientes de âmbito sagrado, como o templo e capela, possui três elementos curvos simbolizando a santíssima Trindade, enquanto o lado norte abriga o centro comunitário da paróquia, com o predomínio das linhas retas


56 (Figura 44). Fica visível a escolha do arquiteto ao definir a forma do volume pela distinção da função. (FRANCO, 2011)

FIGURA 44 – Fachada Igreja do Jubileu

Fonte: Richard Meier (20??). Modificado: autor (2016).

A estrutura da parte sul da edificação, é formada por curvas em formato de conchas de concreto protendido moldadas in loco que amenizam o ganho de calor no interior. Os intervalos entre as três conchas são vedados por caixilhos e vidros que proporcionam a entrada da luz natural, e modificam a visão do espaço interior conforme as mudanças da natureza e intensidade da luz (Figura 45). Trazendo a utilização da luz com o branco da estrutura, característica de Richard Meier, um ambiente místico. (SERAPIÃO, 2004)

FIGURA 45 – Ambientes sagrados e sociais

Fonte: Richard Meier (20??). Modificado: autor, (2016).


57 O subsolo do lado sul destina-se ao porão, enquanto no térreo o acesso principal encontra o templo sagrado. O lado norte da edificação conta com quatro andares destinados as atividades e convívio da comunidade, que se abrem para um pátio aberto no subsolo. Formada por formas geométricas sobrepostas, o centro comunitário comporta a parte administrativa, educacional e social da paróquia (Figura 46 e 47) com salas de catequese, auditório, sala de reuniões, jardim e um pátio. No último andar está a residencial paroquial acessada por circulação vertical de escadas e elevadores. (FRANCO, 2011)

FIGURA 46 – Planta Baixa: Subsolo e Térreo da Igreja do Jubileu

Fonte: Franco (2011). Modificado: autor (2016).

FIGURA 47 – Planta Baixa: 1º e 2º pavimento da Igreja do Jubileu

Fonte: Franco (2011). Modificado: autor (2016).


58 4.2

Objetivo da Escolha A escolha do edifício se deu a partir da forma conceituada do

mesmo, ou seja, a igreja do jubileu se define por sua forma seguir a função, delimitando visivelmente a diferença entre o sagrado e profano. As linhas curvas do lado sagrado se contrastam com as linhas retas do lado profano, porém os dois lados são unidos, formando um só edifício, esclarecendo assim o conceito de sagrado e profano, onde um depende do outro para existir. O mesmo acontece na função do edifício entre o templo propriamente dito e o centro comunitário, que são diferentes entre si, mas necessitam um do outro para formar uma comunidade católica. Por estar inserido em um bairro majoritariamente residencial o projeto se difere do entorno criando uma monumentalidade por sua forma e cores claras traduzindo um valor místico a obra, porém com espaços de socialização localizados no centro comunitário, e a transparência em sua fachada permitindo o olhar para o interior, o mesmo se torna convidativo gerando uma concepção de acessível.

4.3

Centro Comunitário Regina Pacis (Itália, 2014) A fim de reestruturar o centro comunitário pertencentes a Igreja

Regina Pacis, o escritório Iotti + Pavarani desenvolveu um projeto reorganizador que envolveu salas multiuso, salas de catequese, serviços e área externa para uso da comunidade em geral. (PEDROTTI, 2016) Com o intuito de transmitir uma linguagem convidativa do externo para o interno e, propondo a interação dos fiéis, o novo projeto está localizado na cidade de Reggio Emilia no norte da Itália. (Figura 48)


59 FIGURA 48 – Localização do centro comunitário Regina Pacis

Fonte: Google Earth (2005). Modificado: autor (2016).

Segundo o site da paróquia (2015) a igreja é dedicada a Rainha da Paz, e foi construída em 15 de janeiro de 1947 após o fim da segunda guerra mundial. Suas características arquitetônicas remetem ao estilo românico, por possuir pequenas aberturas para a entrada de luz no seu interior (Figura 49). Desde o início de suas atividades paroquiais, a igreja se preocupa em proporcionar ações atrativas aos jovens, visto que essa se encontra cercada de apartamentos residenciais e consequentemente a população jovem do lugar é bastante populosa.

FIGURA 49 – Igreja Regina Pacis

Fonte: Parrocchia Regina Pacis (2015). Modificado: autor (2016).


60 No lado oeste, encontra-se a casa paroquial existente da igreja, (Figura 50) e ao norte o novo centro concebe-se a partir da demolição de um antigo cinema de rua denominado “Cinema Capitol”. (PEDROTTI, 2016)

FIGURA 50 – Implantação da Igreja Regina Pacis

Fonte: Cantoni (2015). Modificado: autor (2016).

Adotando um conceito de inserção do contemporâneo em meio ao contexto local, o centro comunitário demonstra visível contraste, porém estabelece um diálogo entre a igreja e a casa paroquial, para uma percepção única do complexo. O aspecto mais interessante da obra é o pátio criado no entorno da abside da igreja (Figura 51), destinando a esta, uma importância majoritária. Além disso, o pátio dá acesso ao centro comunitário e promove um espaço externo recreativo, de lazer e descanso para os atuantes do local. (PEDROTTI, 2016)

FIGURA 51 – Pátio do Centro Comunitário

Fonte: Cantoni (2015). Modificado: autor (2016).


61 O novo edifício em formato de “L”, se abre para quadras poliesportivas localizadas no lado oposto ao pátio, justificando o conceito de o centro comunitário ser voltado aos jovens (Figura 52). Retomando a proposta do antigo cinema demolido no mesmo local, foi proposto um auditório multiuso no pavimento térreo que atende a palestras, filmes, teatros e etc. O térreo é reservado para os ambientes de socialização e serviço, enquanto o primeiro pavimento fica por conta das salas de catequese. (PEDROTTI, 2016)

FIGURA 52 – Planta Baixa do Centro Comunitário

Fonte: Cantoni (2015). Modificado: autor (2016).

Todos os ambientes possuem grandes janelas de vidros com brises, promovendo a integração com a parte externa, e diminuindo assim as chances do edifício se tornar uma barreira visual entre o pátio e as quadras. Com grandes aberturas, foi necessário implantar elementos presentes nas janelas que impedem a entrada do sol direto nas salas de catequese. (PEDROTTI, 2016) Os tijolos aparentes em tom claro, combinados com o ocre das janelas de vidro retoma combinações de cores associadas as igrejas, assim, as formas geométrica, os materiais e elementos construtivos dessa obra (Figura 53) disseminam atributos com o propósito convidativo, transmitindo uma recepção em um ambiente familiar no meio religioso. (PEDROTTI, 2016)


62 FIGURA 53 – Planta Baixa do Centro Comunitário

Fonte: Cantoni (2015). Modificado: autor (2016).

4.4

Objetivo da Escolha O edifício em análise foi escolhido, primordialmente por sua relação

da preexistência com o novo, tanto por sua materialidade e cores, quanto a intensificação do valor histórico. O centro comunitário Regina Pacis insere-se no contexto local adotando elementos capazes de criar a mesma linguagem conceitual sem perder seu aspecto contemporâneo. Além disso, o projeto é dedicado integralmente a juventude, associando espaços sociais com o ensino católico, assim a escolha dos materiais partiu do princípio de conforto residencial tornando o ambiente menos monótono para os jovens e acolhedor.

4.5

Escola Várzea Paulista (São Paulo, 2008) A Escola Estadual Prof. Marcos Alexandre Sodré, está localizada

na região metropolitana de São Paulo, em Várzea Paulista (Figura 54). Estabelecida na área institucional do loteamento a edificação possui entorno constituído majoritariamente por áreas residenciais e uma área de preservação ambiental. (SAYEGH, 2009)


63 FIGURA 54 – Localização da escola Várzea Paulista

Fonte: Google Earth (2016). Modificado: autor (2016).

A escola é regida pelos padrões do programa da Fundação para Desenvolvimento do Ensino (FDE), órgão capaz de viabilizar a construção das instituições de ensino, instituído pelo Governo do Estado de São Paulo (SAYEGH, 2009). Posto isso, a escola da Várzea Paulista segue os padrões comuns, como o sistema e materiais construtivos pré-moldados. Permitindo a suavização da aparência e tornando um lugar confortável para o ensino a partir da integração dos espaços interno e externos, o escritório de arquitetura FGMF, permitiu que o acidentado terreno proporcionasse, uma grande praça no entorno de dois prédios (Figura 55), um destinado a abrigar a quadra poliesportiva e o outro com salas de aula, serviços e administração. (MELLO, 20??) No pavimento térreo situa-se a secretaria, a área de funcionário, os sanitários, a cozinha, o refeitório e os espaços de convivência: a quadra poliesportiva, e pátio coberto, ambos com pé direito duplo. No primeiro e segundo pavimento encontra-se a diretoria e salas de aula, os acessos se dão por duas escadas e um elevador. (FERNANDES, 2012)


64 FIGURA 55 – Planta Baixa escola Várzea Paulista

Fonte: FMGF (2008). Modificado: autor (2016).

A estrutura modular avança sobre os ambientes criando uma parede de sombreamento, no lado oeste da edificação, contendo elementos vazados com o objetivo de conter a insolação que irradia diretamente no prédio de salas de aula (Figura 56). Por estar em uma zona elevada a vegetação do entorno não consegue impedir os raios solares diretos, assim todo o projeto é dedicado a aberturas de concreto, criando um efeito visual no interior e exterior, e permitindo que a ventilação percorra os ambientes, conseguindo assim uma eficiência térmica. (FERNANDES, 2012)


65 FIGURA 56 – Insolação escola Várzea Paulista

Fonte: Kon (2008). Modificado: autor (2016).

O Projeto possui a preocupação com os ambientes sociais, a quadra poliesportiva, juntamente com a praça para atividades diversas, são os locais de convivência, não apenas para os estudantes como também para os moradores do bairro, onde nos fins de semana a escola abre suas portas para a comunidade. (FERNANDES, 2012) Apesar da rigidez que o sistema construtivo impõe os arquitetos conseguiram suavizar essa visão através do mosaico e aberturas por todo edifício. Além disso, contrapondo a ortogonalidade, o piso das áreas abertas recebeu faixas de mosaico português desalinhadas (Figura 57), com o objetivo de enfatizar a continuidade do lugar de socialização. (SAYEGH, 2009)

FIGURA 57 – Área de convivência escola Várzea Paulista

Fonte: Kon (2008). Modificado: autor (2016).


66 4.6

Objetivo da Escolha A escola da Várzea Paulista traz uma abordagem sobre a

suavização, de uma rigidez imposta, para o favorecimento de um edifício de eficiência térmica. Os elementos de concreto vazados utilizados além de possuir um caráter estético, impedem a entrada de raios solares diretos e permitem a passagem de ventilação, garantindo um maior aproveitamento dos alunos nas salas de aula. O projeto se organiza de tal forma a direcionar o fluxo dos alunos desde o acesso principal, passando por suas áreas de convívio até as salas de aulas no último andar, promovendo uma interação do externo ao interno. Além disso, o pátio da escola foi projetado com o intuito de atender não apenas aos alunos, mas toda a comunidade do bairro nos fins de semana quando a escola abre suas portas. Com isso, a escola passa a ter importância para todo o bairro e não apenas a um determinado grupo de pessoas, criando um sentido de pertencimento para a comunidade.


67 5

PRESIDENTE PRUDENTE A cidade de Presidente Prudente, teve seu início em 1917 e está

localizada em uma região denominada Pontal do Paranapanema no extremo oeste do Estado de São Paulo, Brasil, há uma distância de 559,2 km da capital São Paulo. (Figura 58)

FIGURA 58 – Localização de Presidente Prudente

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado: autor (2016).

Logo após a fundação da cidade, o catolicismo se estabelece a partir da construção da primeira igreja com cobertura e paredes de tábua (Figura 59) no local onde hoje se encontra a praça 9 de julho. Porém, apenas em 1925, com a vinda do padre José Maria Martinez Sarrion para a cidade que o catolicismo é impulsionado, quando este assume a paróquia de São Sebastião, atualmente catedral, e neste mesmo ano o bispo de Botucatu resolve dividir o território das dioceses, tornando mais tardiamente Presidente Prudente sede de uma diocese de Botucatu. (TAIAR, 2003).

FIGURA 59 – Primeira capela de Presidente Prudente

Fonte: Taiar (2003).


68 Para entender melhor as questões administrativas, a igreja católica conta com uma hierarquia de poderes capaz de atender a expansão territorial (FILHO, 2005). Assim, cada uma das subdivisões possui suas funções e regidas por padres e bispos em nome do sumo pontífice da igreja católica, o papa (Figura 60).

FIGURA 60 – Hierarquia simplificada - igrejas católicas

Fonte: Santos (2002). Modificado: autor (2016).

O Brasil é dividido em 17 regiões episcopais, onde cada uma abrange provinciais regidas por uma arquidiocese (Figura 61). A região sul 1 delimitada pelo o estado de São Paulo abriga 6 províncias sendo uma delas a província eclesiástica de Botucatu que administra 7 dioceses, entre elas a diocese de Presidente Prudente definida por 4 regiões pastorais. (Figura 62).


69 FIGURA 61 – Circunscrições eclesiásticas católicas do Brasil

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado: autor (2016).

FIGURA 62 – Circunscrições eclesiásticas católicas – Província de Botucatu

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado: autor (2016).

A primeira região pastoral apesar de menor em área, apresenta a maior quantidade de paróquias devido a densidade populacional de Presidente Prudente (CAVALCANTE, 2010). Com isso, as paróquias são construídas de forma a atender geograficamente núcleos numerosos de fiéis, sendo compreendida uma divisão territorial para a jurisdição de cada paróquia (Quadro 04). Apesar de cada paróquia ser responsável por questões de âmbito religioso em determinado território, os fiéis buscam paróquias as quais mais se identificam, não existindo restrições quanto a participações de pessoas de outras localidades.


70 QUADRO 04 – Jurisdição das paróquias em Presidente Prudente

Fonte: Cavalcante (2010). Modificado: autor (2016).


71 5.1

Paróquia Nossa Senhora do Carmo – Vila Maristela A história da paróquia Nossa Senhora do Carmo, se inicia na

década de 40 com o início do loteamento do bairro Vila Maristela. O parcelamento do solo, a comando de Antônio Lopes de Azevedo e doada por Francisco de Paula Goulart, reservou uma área determinada para a construção da futura igreja, a praça então adquiriu o nome do doador. (REZENDE, 2006) Aos poucos, com os esforços da comunidade, através de quermesses, doações e benfeitores, em meados de 1956, conseguiram construir uma pequena capela (Figura 63) atribuída a Paróquia São Sebastião (atualmente catedral), possuía um caráter de simplicidade e disposta a atender os moradores do bairro.

FIGURA 63 – Primeira capela Nossa Senhora do Carmo

Fonte: Igreja Maristela (2016).

Segundo Rezende (2006) com o passar dos anos, a pequena capela expandiu seu número de fiéis carecendo assim, de uma reforma e ampliação capaz de atender seu público. Esta ampliação foi concluída em 1967 e com ela, o Bispo Diocesano de Presidente Prudente da época, Dom José de Aquino Pereira, nomeou a comunidade Nossa Senhora do Carmo para o grau de paróquia. No mesmo dia, o novo templo, ao se desvincular da Paróquia São


72 Sebastião, o Padre João Salgari foi designado ao cargo de primeiro pároco da Vila Maristela. Devido à grande procura pela população local, em 1979 o centro pastoral realiza uma ampliação e criação de salas de catequese. A partir desse período a paróquia cada vez mais evoluía em número de fiéis. Com a ajuda de colaboradores, a paróquia da Vila Maristela inicia em 1993 uma nova forma de evangelizar trazendo novos cursos, acampamentos e missões, tomando grandes proporções e atraindo a juventude da cidade (CAVALCANTE, 2010). Em 2004 a igreja passa por sua última reforma até os dias de hoje, demolindo completamente o antigo templo para construir o novo (Figura 64).

FIGURA 64 – Nossa Senhora do Carmo em Presidente Prudente

Fonte: Igreja Maristela (2016).

Atualmente, a paróquia conta com inúmeros programas sociais que atuam na cidade, casas de recuperação para dependentes químicos, ações sociais nas escolas, movimento de auxílio a portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e moradores de rua, trabalho de promulgação da paz e cidadania; e outros que já se expandiram para diferentes regiões do país, como os acampamentos e cursos específicos (CAVALCANTE, 2010). Recebendo fiéis de todas as localidades e municípios próximos. O trabalho com a juventude se destaca na paróquia Nossa Senhora do Carmo, por contar com elevado número de pessoas e atividades como


73 pastorais jovens, dezoito acampamentos anuais, espiritualidades semanais e em média 700 crianças matriculadas na catequese (CAVALCANTE, 2010).

5.2

Análise do local A presente análise será efetuada na edificação existente situada

na Rua Pe. João Salgari, n 46 no bairro Vila Maristela, em Presidente Prudente/SP ao norte do centro da cidade (Figura 65). Os locais indicados encontram-se próximos ao local de estudo, atuando como pontos referenciais. Por se encontrarem próximos a ferrovia e serem locais com certo caráter histórico industrial, exercem influência na dinâmica sociocultural.

FIGURA 65 – Localização – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado: autor (2016).

A construção existente é pertencente a Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Classificada como Salão Paroquial, é destinado ao uso auxiliar do templo. Conta com a parte administrativa, recreativa e educativa da paróquia. O terreno está localizado entre o templo, situado sobre a praça Cel. Goulart no centro do quadrilátero do bairro e a linha férrea localizada no lado leste próxima ao Instituto Brasileiro do Café (IBC) atual centro de eventos e o condomínio residencial Príncipe de Andorra, interligando a rua Pe. João Salgari e a rua José


74 Claro. O acesso ao lote também é admissível pôr a Avenida Cel. José Soares Marcondes atravessando o bairro no sentido leste. (Figura 66)

FIGURA 66 – Localização e sentido das vias – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado: autor (2016).

Construído em meados da década de 1940, o centro comunitário da Vila Maristela passou por diversas reformas e ampliações, sendo a primeira delas a construção do terceiro andar de salas de catequese em 1979 e mais recentemente a reforma da sua fachada principal (Figura 67) e área administrativa, além de pequenas modificações que se contrastam do prédio da década de 40. (CAVALCANTE, 2010). A mais recente reforma obteve uma grande diferença estética, porém, a aparência de sua fachada não se assemelha ao seu interior.

FIGURA 67 – Fachada salão paroquial

Antes

Depois Fonte: Google Earth (2016).

Por conter ambientes de espiritualidade em meio a áreas consideradas profanas, o salão paroquial da paróquia Nossa Senhora do Carmo,


75 funciona como uma extensão do templo, atuando como membro pertencente ao complexo, porém independente em sua função. O acesso principal ao prédio de três pavimentos encontra-se na rua Pe. João Salgari, enquanto o acesso de serviço situasse na rua José Claro. O pavimento térreo possui três acessos (Figura 68), sendo o principal destinado a área administrativa da paróquia, contendo a secretaria e a sala de atendimento do padre, salas de apoio e a circulação vertical para o primeiro pavimento. O segundo acesso é mais restrito e destina-se a recepção para o auditório com capacidade para 137 pessoas, usado para palestras e cursos. O terceiro acesso direciona-se para a única rampa do edifício para o primeiro pavimento. Por terem a construído sem planejamento, a inclinação inadequada da rampa não atende as Normas Brasileiras (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

FIGURA 68 – Planta Baixa – Pavimento térreo

Fonte: Autor (2016).

O segundo pavimento (Figura 69) se estende sobre toda a largura do quarteirão, e designado a atender a praticamente todas as atividades a cargo do edifício. O salão principal voltado para um pequeno palco, se destaca por suas dimensões internas, e externamente seu teto côncavo é o responsável pela forma do volume. A utilização do salão é feita para grupos, encontros, retiros,


76 shows, missas e almoços que atendam a um grande número de pessoas, todavia, o salão principal possui limitada ventilação e iluminação natural, ocasionalmente em um ambiente desconfortável. Atrás do palco, um corredor direciona-se a uma pequena área de convívio pouco utilizada com vista para o templo, e duas salas de apoio, sendo uma dela destinada ao cinema. A paróquia Nossa Senhora do Carmo é conhecida na região por ser a organizadora de uma festa gastronômica anual, denominada festa das nações, que mobiliza centenas de voluntários e consumidores, com isso, um estreito corredor ao fundo do salão principal reserva a cozinha da paróquia, onde são preparadas as comidas típicas, além de outros eventos. Ao fundo do corredor encontra-se um grande depósito a abriga os utensílios da festa das nações. Ainda no segundo pavimento, no lado sul situasse a capela do edifício, designada a tender as eventualidades de cada pastoral.

FIGURA 69 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento

Fonte: Autor (2016).

As escadas do lado sul que ligam os três pavimentos, são o único meio de acesso vertical para a atual área de educação religiosa no segundo pavimento (Figura 70), visto que esta atende regularmente, crianças de 9 a 13 anos, e turmas especificas de adolescentes de 13 a 16 anos, turmas de adultos e turmas para crianças especiais. O pavimento possui cinco salas de aula, uma sala de coordenação e uma sala para materiais, dispostas ao longo de um


77 estreito corredor com acesso a um terreno vazio pertencente a paróquia. As salas de aulas não suportam o crescente número de alunos. Além disso, o conforto de mobiliários para as diferentes faixas etárias é nulo e suas janelas não permitem a entrada de ventilação, devido a uma má instalação do aparelho de ar-condicionado. A partir da trágica morte de uma jovem estudante e participante da paróquia, vítima de uma bala perdida entre briga de gangues, em 2003, deu-se início ao Movimento Mariana Braga traduzindo a necessidade de levar a paz para a sociedade. Vinculado a igreja, o movimento tem sua sede ao fundo do salão paroquial, com acesso pela rua José Claro.

FIGURA 70 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento

Fonte: Autor (2016).

A paróquia Nossa Senhora do Carmo mobiliza mais de 200 pessoas por acampamento, realizados em uma zona rural, próximo ao município de Tarabai, pertencente as dependências da paróquia, denominado centro de formação. O transporte dos fiéis é feito através de ônibus alugados para a chegada da celebração eucarística no templo da Vila Maristela, assim os ônibus estacionam na rua José Claro para a descarga no salão paroquial, com isso, o fluxo de campistas atravessa o salão paroquial em sua totalidade em direção a igreja (Figura 71). Durante o percurso as duzentas pessoas passam pelas áreas de depósito, cozinha, salão principal e administração. Além disso a falta de


78 acessibilidade é facilmente percebida, visto que o trajeto começa no primeiro pavimento ao pavimento térreo.

FIGURA 71 – Fluxo de pessoas

Fonte: Autor (2016)

A volumetria do salão paroquial (Figura 72) possui traçado simples de linhas retas, destacando-se somente o telhado côncavo do salão principal, porém o mesmo não se sobressai em sua fachada por estar recuado, podendo ser visto apenas em seu interior. Além disso, o edifício conta com um extenso terreno lateral não utilizado.

FIGURA 72 – Volumetria salão paroquial – Vila Maristela

Fonte: Autor (2016).


79 6 6.1

CONDICIONANTES PROJETUAIS Topografia do Terreno A topografia do terreno estabelece-se em uma área de nível alto da

cidade de Presidente Prudente - SP, na cota 470 (Figura 73), de modo que sua inclinação seja um tanto acidentada; entretanto, o acesso ao lote se dá pelo nível baixo, o mesmo da rua.

FIGURA 73 – Perfil Topográfico – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado: autor (2016).

No que diz respeito sobre sua declividade e presença de córregos e/ou lençóis freáticos adjuntos ao terreno em estudo, observa-se que o mais aproximado se encontra ainda assim distante, a cerca de 500 metros. Como destacado acima, por estar em uma cota elevada, o córrego não influenciará nas medidas projetuais.


80 6.2

Uso e Ocupação e Gabarito De Altura Com base em estudos de mapa da região (Figura 74) o entorno

consiste predominantemente de edificações residenciais de um ou dois pavimentos; o caráter residencial possui uma personalidade própria, sendo de alto padrão e mesmo as mais antigas, contem particularidades arquitetônicas marcantes. O comercio presente no bairro é destinado a atender a população local, entre eles encontramos farmácia, vendas e barzinhos; seu acesso se dá principalmente pelas vias de fluxos mais rápido ao redor dele.

FIGURA 74 – Mapa de uso e ocupação – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado: autor (2016).

Por se tratar de uma região localizada relativamente próxima ao centro da cidade suas áreas de serviços são um tanto numerosas de maneira a satisfazer as necessidades, tanto da população local quanto dos bairros vizinhos, como clinicas médicas e estéticas, imobiliária e outras especialidades. Entre as edificações mais importantes encontradas no local analisado, se destaca Instituto Brasileiro do café (IBC) atual Centro de Eventos da cidade e o próprio templo da paróquia em estudo. Existe uma grande área verde linear paralela a Rua José Claro, que corresponde a área pertencente a linha férrea que ali se encontra. No quarteirão central em que está a igreja há a


81 praça Cel. Goulart, a qual funciona como o “coração” do bairro, de onde todas as ruas partem rumo as vias principais. Com o estudo de cheios e vazios é possível perceber particularidades do entorno necessárias para a realização do projeto. Assim a análise da área de estuda (Figura 75) mostra um equilíbrio entre locais com e sem edificações, resultantes da maioria de construções residenciais que procuram obter espaços livres, porém os pátios são localizados ao fundo, sem acesso nas laterais das edificações, gerando um alinhamento de residências.

FIGURA 75 – Mapa fundo figura – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado pelo autor (2016).

A tipologia construtiva da época em que o loteamento se iniciou, caracteriza-se por suas residências atribuírem dois pavimentos (Figura 76), sendo que o primeiro é destinado apenas ao uso da garagem, enquanto o segundo é acessado por uma escada lateral. O local de estudo possui três pavimentos voltados para a rua Pe. João Salgari (fachada 1) que está a um nível mais baixo da rua José Claro (fachada 2), com isso a edificação se destaca na fachada 1, enquanto na fachada


82 2 a edificação conta com um bloco de um pavimento térreo e um espaço vazio, diferenciando-se dos demais (Figura 77).

FIGURA 76 – Mapa de Gabarito de Altura – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado pelo autor (2016).

FIGURA 77 – Planos Verticais – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado pelo autor (2016).

Os únicos casos de construções com três pavimentos ou mais, são os prédios residenciais, entretanto o que mais se sobressai é o Edifício Padre João Salgari com 16 pavimentos em frente à praça. Os demais casos de construções com mais de três pavimentos são os prédios do Parque Príncipe de Andorra, localizado ao lado leste da linha férrea, com quatro pavimentos cada.


83 6.3

Mobiliário e Equipamentos urbanos A área estudada é considerada um bairro de arborização e

mobiliários urbanos adequados. Além da predominância de vegetação de médio e grande porte existente na praça Cel. Goulart, a grande maioria das residências ao seu redor possuem arvores em suas fachadas (Figura 78).

FIGURA 78 – Arborização urbana

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado pelo autor (2016).

Entre os demais mobiliários urbanos presentes no bairro destacamse os postes de luz, que estão presentes em grande quantidade até mesmo na praça. A maior parte das bocas de lobo situam-se no encontro das ruas Oleno da Cunha Vieira, Getúlio Pinheiro, Caramuru e Amarílio Rocha, para onde as águas pluviais escoam devido a topografia. As placas de sinalização de transito, localizam-se em todos os cruzamentos de ruas. Já os telefones públicos são cinco em toda a extensão analisada. Próximo à avenida principal, Av. Cel José Soares Marcondes, encontra-se o único ponto de ônibus da área (Figura 79).


84 FIGURA 79 – Mobiliários e Equipamentos Urbanos

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado pelo autor (2016).

6.4

Insolação Ventilação É necessário analisar os aspectos climáticos que influenciam direta

e indiretamente na edificação existente. Dentre esses estudos inclui-se o trajeto solar e o predomínio da ventilação natural como proveito para diretrizes projetuais futuras. A parte considerada fundo da construção localiza-se paralelamente a rua José Claro e recebe o sol da manhã de modo direto, por não conter interferências relevantes de construções ou arborização próximas (Figura 80).

FIGURA 80 – Estudos de Insolação e Ventilação – sem escala

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado pelo autor (2016).


85 Já a parte frontal, apesar de seu entorno envolver um prédio com 16 pavimentos e uma praça bastante arborizada, que se localizam em um nível inferior, estes não impedem a chegada da insolação nesta fachada. Quanto a ventilação que atinge o edifício em estudo, não sofre impedimento por possuir três pavimentos e seu entorno ao lado sudeste conter edificações majoritariamente de um ou dois pavimentos.


86 7 7.1

REFERÊNCIAS CONCEITUAIS Igreja da Madre Redentora – Studio Kuadra (Itália, 2015) Por uma iniciativa denominada “caminhos diocesanos” foi criado

um projeto de melhoria e apoio para as igrejas italianas, no que se refere a construção, foi designado concursos para a concepção de três novos complexos religioso; um no Norte, um na parte central, e outro no sul da Itália. Visando a elevação na qualidade moderna das igrejas, viabilidade e sensibilização com a comunidade, o projeto vencedor do concurso para a nova Igreja da Madre Redentora (Figura 00) em Cinisi, no sul da Itália, escolhido pela Diocese de Monreale foi o do Studio Kuadra. (FERRI, 2015) A futura igreja será construída em uma área de expansão em Cinisi no território de Palermo, desencadeando um processo de regeneração urbana. O objetivo é criar novos espaços de atividades religiosas, mas que também atenda as expectativas do povo de ter lugares de identidade e agregação da vida em comunidade. (FERRI, 2015)

FIGURA 81 – Igreja Madre Redentora

Fonte: Archdaily (2015)

Apesar da vastidão do entorno da área a ser construída, é possível perceber que o projeto se vincula ao espaço criando ambientes subterrâneos, permitindo a entrada de luz por vãos nas paredes. Essa entrada proposital da


87 luz natural, simboliza a preocupação em criar um ambiente litúrgico a fim de gerar um percurso experiencial religioso. (VYAS, 2015) O jardim que ladeia a nave principal da igreja se torna um pano de fundo para as celebrações e para o batistério, formado por uma fonte de agua aberta ao céu transmitindo o olhar dos fiéis a um cenário simbólico do batismo de Jesus no rio Jordão (Figura 00).

FIGURA 82 – Ambientes internos da Igreja Madre Redentora

Fonte: Archdaily (2015). Modificado: autor (2016)

A finalidade difundida pelo Studio Kuadra é desafiar a aparecia formal de uma igreja, com sua forma trapezoidal, fendas em forma de cruz, criando vazios funcionais, sem deixar de dar a devida importância para elementos católicos, como a torre do sino, abside, nave e o uso simbólico do revestimento em madeira e pedra local, lembrando a história da cidade e escrituras sagradas, refletindo assim, aspectos vitais de um espaço sagrado (VYAS, 2015). O projeto segrega os ambientes de importância religiosa e de importância social (Figura 00), assim, a área de lazer, centro comunitário e estacionamento são localizados mais ao fundo da construção monolítica (VYAS, 2015). O uso da luz transpassa uma sensação de conforto em meio aos materiais e formas arquitetônicas no ambiente sagrado, gerando pontos específicos de oração, retomando o conceito de capelas laterais encontradas em grandes


88 basílicas. Enquanto o lado social da edificação, se abre para um parque de uso múltiplo, promovendo a socialização da comunidade.

FIGURA 83 – Ambientes sagrados e sociais

Fonte: Archdaily (2015). Modificado: autor (2016)

Posto isto, o projeto busca inspirações no que diz respeito ao tratamento dos ambientes e sua forma volumétrica. Com materiais naturais como a madeira e a rocha os arquitetos conseguiram complementar ambientes litúrgicos sem perder características contemporâneas. Buscando formas geométricas, sua volumetria conta com linhas retas e ângulos dando o aspecto de dobradura tornando a composição de luz e sobra mais marcadas no interior da igreja.

8 8.1

PROJETO Diretrizes Projetuais A reestruturação do centro pastoral da paróquia Nossa Senhora do

Carmo irá remeter a história do catolicismo, trazendo uma ambiência de um espaço anexo ao templo sagrado, preservando a relação tanto do homem com Deus quanto do homem com o próximo. Através de uma arquitetura funcional, o


89 projeto se organizará de maneira a atender as necessidades da paróquia que inclui as áreas de apoio, área sagrada, área educacional, área administrativa e área de convívio. TABELA 01 – Programa de necessidades

Fonte: autor (2016).

A atual área para a educação religiosa, que se encontra no segundo pavimento do edifício em estudo, possui apenas um meio de circulação vertical por escadas, esta deverá ser implantada no pavimento térreo facilitando o acesso e permitindo maior segurança e acessibilidade para os estudantes. Além disso, as salas de aulas deverão ser diferenciadas em seu tamanho, mobiliário e revestimentos, para atender as diferentes faixas etárias que ali estudam, promovendo o conforto térmico e acústico que atuará diretamente no aprendizado. Como auxílio ao sistema de ensino da catequese, será atribuído salas de multimídia para melhor aproveitamento das aulas. Ao fundo do terreno em desuso, será edificado um novo bloco para as áreas de apoio e área espiritual, os lados se diferem por sua forma com linhas retas para o lado profano e para a área espiritual considerada sagrada, o emprego de algumas linhas curvas, percebidas apenas pelo pátio, visando um conforto residencial aos usuários. Assim, as permanências individuais serão ligadas a área espiritual do novo bloco, remetendo as capelas laterais das


90 basílicas europeias, os pequenos espaços de adoração fornecem uma maneira do homem relacionar-se com Deus e com si mesmo. (Figura 84)

FIGURA 84 – Croqui: planta baixa, perspectiva e setorização

Fonte: autor (2016).

O fluxo de pessoas nas chegadas de acampamento se encontrará na rampa lateral de acesso proporcionando fácil trajeto. O novo bloco do centro comunitário irá atribuir espaços de permanências individuais e coletivas, com o emprego de um espaço aberto, localizado entre o novo bloco e o salão principal, sendo possível garantir a interatividade dos membros da comunidade além de contribuir para o direcionamento de ventilação no prédio, juntamente com as grandes aberturas de elementos vazados nas paredes do fundo do salão principal. A parede frontal do salão principal contará ainda com brises, visto que está se encontra posicionada no local de maior incidência de raios solares. (Figura 85)


91 FIGURA 85 – Croqui: estudos de insolação, ventilação e fluxo

Fonte: autor (2016).

8.2

Conceito e partido O estudo da historicidade da religião contribui para o entendimento

da busca espiritual do ser religioso no que se refere ao lugar de culto, capaz de manifestar o sagrado, visto que este se opõe a um lugar comunitário. Assim, partindo de um projeto que viabiliza a inserção de um espaço sagrado juntamente com o profano, o centro de convivência cristã se molda entre as duas concepções. Essa mistura de espaços sagrados e profanos expande a valorização arquitetônica para o homem religioso, criando a mesma relevância para o âmbito espiritual e social. Assim, pode-se definir o conceito desse projeto: a valorização do sagrado e do profano. No que diz respeito ao primeiro, o projeto seguirá de forma a proporcionar um ambiente acolhedor e espiritual, enquanto o segundo é regido pela transformação do papel social da igreja, com caráter industrial remetendo a sua localidade gerando a necessidade de um entendimento arquitetônico em função da socialização religiosa, através de espaços para cursos, salas multiuso, salas de reunião, salas de ensino catequético, ambientes de apoio, de convívio e lazer.


92 8.3

Memorial Descritivo e Justificativo

Com base nos estudos iniciais, detalhados nos capítulos anteriores, o projeto teve como base a reestruturação do centro comunitário visando uma maior valorização e relação do espaço sagrado e profano. 8.3.1 Pavimento Térreo O acesso principal permanece em sua mesma localidade no pavimento térreo na rua Pe. João Salgari, devido a facilidade e proximidade com o templo religioso pertencente a paróquia. Como a área administrativa conta com apenas três funcionários e, em consequência da recente reforma a que foi submetida, optou-se por mantê-la. A fachada principal por sofrer maior insolação, suas janelas receberam por um brise vertical de madeira (Figura 86). A cobertura da sacada possui um beiral maio em um de seus lados, juntamente com o totem de madeira criam o formato de uma cruz.

FIGURA 86 – Fachada Principal

Fonte: autor (2016).


93 Por conta do intenso número de alunos que procuram o ensino catequético da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, definiu-se que a catequese deveria ter seu acesso direto pelo pavimento térreo, na rua Pe. João Salgari, para maior segurança dos alunos, pois é classificada como uma via local, enquanto a rua oposta (rua José Claro) é classificada como coletora (Figura 87), com trânsito intenso inviabilizaria a área de embarque e desembarque dos alunos.

FIGURA 87 – Vias

Fonte: Prefeitura Municipal de Presidente Prudente (2015). Modificado pelo autor (2016).

Assim, o acesso secundário, na rua Pe. João Salgari, é orientado para a área de ensino catequético e sua administração. Por conta da falta de espaço proposto pelas normas de edificações do FDE houve a necessidade de escavar esse pavimento, aproveitando a estrutura existente. A catequese conta com cinco salas de aula destinadas para cada ano do ensino (1º eucaristia, 2º eucaristia, 3º eucaristia, 1º crisma e 2º crisma), e uma sala de aula equipada para a turma de crianças especiais, além de uma sala de multimídia, banheiros com acessibilidade, pátio, depósito de materiais e um anfiteatro para reuniões e apresentações (Figura 88). Vale destacar que a sala de aula especial foi projetada para ser utilizada por crianças com necessidades especiais, dessa forma, conta com mobiliário diferenciado e lúdico.


94

FIGURA 88 – Pavimento Térreo

Fonte: autor (2016)

Conforme o antecedente projetual da Escola da Várzea Paulista, o objetivo da área de ensino da paróquia Nossa Senhora do Carmo é não apenas proporcionar um ambiente adequado para o ensino, mas que este também facilite a socialização dos alunos. Desta maneira, integrando a área de ensino com ambientes sociais, foi proposto um pátio em frente as salas de aula contendo uma rampa localizada aos fundos facilitando o acesso a área externa no piso superior. Além disso, com o intuito de integração entre os diferentes níveis de ensino e maior aproveitamento do espaço para variadas atividades, duas paredes divisórias serão flexíveis (Figura 89), proporcionando salas modulares que se transformam em um amplo espaço.


95

FIGURA 89 – Salas de Aula

Fonte: autor (2016)

As paredes divisórias flexíveis ou painéis deslizantes, são préfabricadas de acordo o espaço desejado, assim seu dimensionamento e material variam (Figura 90). Optou-se pelo uso da madeira, com o objetivo de criar um ambiente aconchegante e que ao mesmo tempo resgata o simbolismo da cruz de Cristo, assim como acontece nos demais ambientes desta proposta projetual.

FIGURA 90 – Paredes flexíveis


96 Fonte: Cultura Mix (2014). Modificado pelo autor (2016)

Como este pavimento foi adaptado para recepção das novas salas de catequese, a ventilação natural destes ambientes é comprometida por não possuir aberturas externas. De forma a solucionar tal problemática, e considerando que os alunos utilizam as salas apenas por 1 hora na semana, optou-se pela ventilação forçada através dos dutos retangulares girotubos, que renovam o ar e ajudam a remover as toxinas presentes nele, fato característico em lugares fechados e sem ventilação natural (TECDUTOS), garante-se assim, melhor aproveitamento das atividades e conforto dos alunos (Figura 91).

FIGURA 91 – Dutos

Fonte: Carretherm (20??)


N

ESC: 1:250

SALA DE CATEQUESE

SALA DE CATEQUESE ESPECIAL

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

PLANTA BAIXA / DETALHES

INDICADAS

01 08


N

CORTE AA ESC: 1:250

CORTE BB ESC: 1:250

DETALHE 01 S/ ESCALA

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

CORTE LONGITUDINAL / DETALHES

INDICADAS

02 08


N

QUADRA

CORTE CC ESC: 1:200

CORTE DD ESC: 1:200

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

CORTE TRANSVERSAL / DETALHES

INDICADAS

03 08


N

DETALHE 02 S/ ESCALA

CORTE EE ESC: 1:200

DETALHE 03 S/ ESCALA

CORTE FF ESC: 1:200

COBERTURA ESC: 1:750

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

CORTE TRANSVERSAL / DETALHES

INDICADAS

04 08


101 8.3.2 Primeiro Pavimento O acesso para o 1º pavimento acontece por três formas: pela rampa, localizada aos fundos da catequese, pela escadaria e elevador lateral que percorrem todos os níveis e, pela escadaria principal, esta termina no salão principal do 1º pavimento (Figura 92).

FIGURA 92 – 1º Pavimento

Fonte: autor (2016)

O salão é utilizado para grandes eventos que envolva muitas pessoas e por ser de uso público, em conformidade com o regulamento de segurança e prevenção contra incêndios das edificações e áreas de riscos do Estado de São Paulo, não necessita de um escada enclausurada, porém serão adotadas as seguintes medidas: extintores de incêndio; iluminação de emergência; sinalização de emergência; alarme de incêndio; instalações


102 elétricas em conformidade com as normas técnicas; brigada de incêndio; hidrantes; saída de emergência; selagem de shafts e dutos de instalações. Os materiais empregados para garantir maior conforto ambiental no salão são os tijolos de vidro e a madeira nas paredes laterais. O primeiro garante aos usuários iluminação interna natural; já o segundo, a madeira, proporciona uma melhor acústica ao ambiente, assim como o seu forro, composto por placas de gesso que escondem a estrutura e auxiliam na absorção do som. Devido a quadra poliesportiva se situar no pavimento superior ao salão principal, para que o som não interfira nos diferentes espaço, a estrutura entre os ambientes conta com laje de concreto, placas de isopor, e forro de gesso (Figura 93).

FIGURA 93 – Salão Principal

Fonte: autor (2016)

Os bastidores do palco englobam o camarim e um depósito de instrumentos musicais. Além disso, um depósito de materiais permitirá auxilio ao salão principal, também localizado aos fundos. Permitindo maior uso em todos os ambientes e diferentes atividades no mesmo horário, a lateral sul do salão, juntamente com um banheiro aos fundos, se divide em dois salões menores com revestimentos acústicos, de modo a impedir ruídos externos, ou que os mesmos incomodem as residências próximas.


103 Setorizando toda a área de serviço da paróquia para a lateral norte, privatizou o acesso a cozinha que também conta com banheiros, câmara fria, despensa, ambiente para churrasqueira e cortes de carnes e um espaço com área para lavagem de alimento; ambientes os quais possuem revestimento cerâmico nos pisos e paredes, por se tratarem de áreas molhadas. Pela rua José Claro, o acesso a esses ambientes se dá através de uma rampa, onde também é possível acessar o depósito no pavimento superior, implantado acima do perímetro da área de serviço. Utilizando o espaço vazio do terreno, assim como na primeira proposta, o bloco novo abriga o setor espiritual e social que conta com uma área externa defronte. Projetada não apenas para o convívio dos membros da comunidade, a área externa central possui um teatro de arena possibilitando atividades pastorais ao ar livre (Figura 94). Além disso, este espaço também proporciona a entrada de ventilação e iluminação natural no interior dos blocos que estão ao seu redor. Desta maneira, a parede externa do salão principal composta por grandes aberturas, recebe ainda o auxílio da vegetação amenizando a radiação solar.

FIGURA 94 – Área Externa

Fonte: autor (2016)


104 A partir da área livre central, optou-se em criar uma fachada monumental para o novo bloco. Com base nas referências projetuais e conceituais, o projeto relacionou dois conceitos opostos: o sagrado e o profano. Assim, a forma da fachada permite identificar a diferença entre os dois, mesmo estes compondo uma mesma obra. O lado sagrado abriga a capela do centro comunitário. Destinada a celebrações e orações, seu interior e fachada possuem elementos orgânicos que remetem as formas da natureza com o aspecto de gruta, trazendo uma linguagem contemporânea sobre a origem histórica de Nossa Senhora do Carmo, a qual apareceu a um devoto seu, numa gruta no Monte Carmelo, em Israel. Posto isto, a entrada principal da capela, também possui uma curva em sua parede, remetendo ao formato da abside das igrejas antigas. Integrando o espaço interno com o externo e permitindo maior permeabilidade visual, tanto a fachada principal quanto a lateral da capela são compostas por grandes aberturas em vidro, intensificando assim, a integração dos fieis com esse local. Porém, devido a insolação direta, foi elaborado um elemento sinuoso que emoldura desde a fachada até a parede externa do salão principal, criando assim um corredor sombreado que se transforma em um brise horizontal para o pavimento superior da capela (Figura 95). Esse elemento feito de Madeira Laminada Colada (MLC) permite que o conceito de uso das formas orgânicas aconteça, pois é um novo processo pelo qual as lâminas de madeira são coladas de modo que as fibras fiquem paralelas entre sim, possibilitando a criação de peças com grandes dimensões, flexíveis e com diferentes modelagens (REWOOD, 20??).


105 FIGURA 95 – Fachadas

Fonte: autor (2016)

O interior da capela conta com o teto de seu mezanino trabalhado em madeira sinuosa. A parede lateral e atrás do altar contam com um espelho d’agua ladeado por rochas naturais, com o intuito de criar um ambiente relaxante; a água é movimentada a partir de uma pequena fonte localizada aos fundos. A parede lateral externa com o acesso de serviço possui ainda uma abertura de iluminação escondida na inclinação da parede (Figura 96), tomando como referência a Igreja da Madre Redentora, cuja entrada de iluminação natural contribui para um espaço místico.

FIGURA 96 – Vista Oposta Capela

Fonte: autor (2016)


106 Na parte oposta da entrada da capela, localiza-se o altar; atrás dele está o sacrário, considerado o ápice da fé dos católicos, e uma floreira. O revestimento utilizado na parede logo atrás, são estreitos nichos verticais de madeira, formando um aspecto de cortina, para que o ponto focal seja o meio, onde se encontra o sacrário. (Figura 97)

FIGURA 97 – Vista Interna da Capela

Fonte: autor (2016)

O setor considerado “profano” neste trabalho, no primeiro pavimento, remetendo a referência da Igreja da Madre Redentora, apresenta uma fachada totalmente oposta ao lado sagrado, ou seja, diferente das linhas flexíveis, este possui ângulos, linhas retas e recortes. Construído em cimentado queimado, a fachada do edifício dá acesso ao auditório com capacidade de 210 assentos, e que poderá ser utilizado para peças de tetros, musicais e demais atividades culturais e religiosas que a paróquia promove (Figura 98). Buscando um nível adequado de conforto desse ambiente, as paredes recebem ângulos para eliminar o paralelismo que interfere na qualidade acústica, assim como revestimento de painéis de madeira nas paredes para absorção das ondas sonoras.


107 FIGURA 98 – Auditório

Fonte: autor (2016)

Apesar de serem propostas fachadísticas diferentes, os dois conceitos, sagrado e profano, fazem parte de um mesmo complexo religioso, pois é possível transitar de um lado para o outro em seu interior, tomando como base a Igreja do Jubileu e as análises teóricas já apresentadas, a existência do profano assume a existência do sagrado e vice-e-versa, logo, a valorização dos dois conceitos intensifica a importância de caminharem juntos.


N

ESC: 1:250

CAPELA

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

PLANTA BAIXA / DETALHES

INDICADAS

05 08


109 8.3.3 Segundo Pavimento No bloco novo, na parede de trás do altar da capela, foi projetada uma escada tortuosa que foge de ângulos retos, feita de mármore com madeira, que dá acesso para o segundo pavimento e à rua José Claro. Seguindo as normas de acessibilidade, a circulação vertical também pode ser feita através de um elevador panorâmico localizado ao lado da escada (Figura 99)

FIGURA 99 – Escada

Fonte: autor (2016)

Como já citado, o mezanino existente na capela tem como função abrigar um espaço introspectivo de leitura e oração individual. Além das estantes de livros, o lugar possui em seu mobiliário assentos confortáveis e um futon ladeando a janela de vidro com vista para a área externa do centro comunitário (Figura 100). O formato da laje do mezanino e o guarda corpo de madeira, assim como em todo o espaço “sagrado”, também contém linhas livres permitindo maior visibilidade para a parede do sacrário e espelho d’água no pavimento abaixo.


110 FIGURA 100 – Leitura

Fonte: autor (2016)

Já acima do auditório encontra-se a área de apoio das pastorais: seis salas de reuniões com diferentes tamanhos, para abrigar as diferentes quantidades de pessoas por pastoral, podendo elas serem privadas de visão externa ou abertas com fechamento em vidro e; três salas de ensaio musical, que serão utilizadas para os vários grupos de músicos existentes na paróquia. Com o objetivo de solucionar qualquer problema de ruído entre as salas, elas receberão acabamento reforçado com espuma acústica “caixa de ovo” (Figura 101).


111 FIGURA 101 – 2º Pavimento

Fonte: autor (2016)

As salas da área de apoio não possuem aberturas externas e estão dispostas ao longo de um corredor central, o qual permite a passagem de iluminação natural a partir de aberturas voltadas para este corredor; já as três salas que estão localizadas na divisa com a rua José Claro, assim como os sanitários, possuem janelas voltadas para a área externa, que garantem ventilação e iluminação natural para estes ambientes (Figura 102).


112 FIGURA 102 – Área Social

Fonte: autor (2016)

Juntamente com o acesso a esses ambientes, pela rua José Claro, encontrasse um estacionamento com seis vagas para uso dos membros da comunidade. Na lateral sul do edifício, optou-se em erigir uma rampa livre de acesso direto a área externa, facilitando o fluxo de pessoas com a chegada de acampamentos. Por conta do pé direito duplo do salão principal, foi possível realocar o Movimento Mariana Braga no espaço onde ficava a antiga catequese, propondo assim, uma maior interação do Movimento com a paróquia. O acesso vertical que passa por todos os níveis é o único meio de chegar até o Movimento, nele encontra-se uma ampla recepção com espaço para comércio, uma sala de cursos, atendimento e sala de oração; revestimento do piso é em porcelanato e as paredes com tinta acrílica, com exceção do corredor que possui parede revestida com painéis de madeira. Acima dos bastidores do salão principal, optou-se em estruturar uma ampla sacada com vista para o templo da paróquia, elevando sua importância, a fim de conectar os edifícios (Figura 103). Assim, a sacada ganhou uma cobertura sinuosa de MLC, assim como na capela e, guarda corpos de vidro com jardim.


113 FIGURA 103 – Vista da sacada

Fonte: autor


N

ESC: 1:250

LEITURA

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

PLANTA BAIXA / DETALHES

INDICADAS

06 08


115 8.3.4 Terceiro Pavimento

O terceiro e último pavimento foi criado para abrigar uma quadra poliesportiva, devido a função social que a igreja propõe e pela paróquia envolver muitos jovens. Dessa forma, ela tem por objetivo o entretenimento tanto dos próprios membros participantes da comunidade, como da população vizinha (Figura 104). A quadra conta com uma arquibancada lateral, depósito de materiais e vestiários. Retomando o que foi apresentado no item 8.3.2, para evitar que qualquer ruído vindo da quadra poliesportiva atrapalhe as atividades do salão que está locado logo abaixo, existe revestimento de piso vinílico seguido da laje e o forro de isopor (Figura 105).

FIGURA 104 – Quadra Poliesportiva

Fonte: autor (2016)


116 FIGURA 105 – 3º Pavimento

Fonte: autor (2016)

A cobertura sinuosa de MLC se divide em duas águas sobrepostas, possibilitando duas aberturas por toda sua extensão que permitem a entrada da ventilação dominante (Figura 106).

FIGURA 106 – Ventilação Quadra Poliesportiva

Fonte: autor (2016)


N

ESC: 1:250

QUADRA

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

PLANTA BAIXA / DETALHES

INDICADAS

07 08


ESC: 1:500

ESC: 1:500

ESC: 1:500

ESC: 1:500

LEGENDA DEMOLIR CONSTRUIR EXISTENTE

N

FOLHA

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO

DISCENTE:

ANDRESSA ALMEIDA

DOCENTE: ESC. DO DESENHO

ASSUNTO

EM PRESIDENTE PRUDENTE - SP

PLANTA BAIXA DEMOLIR E CONSTRUIR

INDICADAS

08 08


119 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A reestruturação do centro de convivência da paróquia Nossa Senhora do Carmo suscita uma discussão sobre o papel social da igreja católica na contemporaneidade, sendo necessário a compreensão dos espaços religiosos e sociais de determinada comunidade. A proposta sobre a paróquia Nossa Senhora do Carmo busca oferecer um ambiente capaz de atender a grande demanda de atividades e abordar a relação de espaços totalmente distintos em uma mesma obra. O presente trabalho discorreu sobre a trajetória dos espaços religiosos, desde os primórdios, retratando ao longo do tempo as relações do meio sagrado com o meio profano com foco na vivencia do homem sobre esses ambientes. Entendendo a necessidade do mesmo de se interagir com o místico ou divino e com o outro, ou seja, o meio social, foi possível reproduzir um espaço capaz de suprir tais necessidades.


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