A RELAÇÃO DO SABER ENTRE A MORFOLOGIA E OS LIVROS DIDÁTICOS Anelise Xavier Miguel¹ Luana Quevedo Mendes² Este trabalho visa analisar a maneira que os livros didáticos, do ensino médio propõe as questões morfológicas quanto à estrutura, a formação de palavras e à teoria lexical e vai mostrar qual a importância da morfologia nos livros didáticos, para o sujeito desenvolver uma linguagem escrita e oral bem elaborada. A morfologia é o campo da linguística que estuda a estrutura, a formação e a classificação das palavras, ela observa as palavras separadamente. Para Basílio (1987), existe uma visão atual e compreensível para os pontos eficazes em relação a teoria lexical e a análise do léxico no português quanto à formação de palavras. Para a autora, a formação de palavras são elementos que dispomos permanentemente para formar enunciados e a mesma afirma que assim como autores formam novas palavras, a sociedade forma novas palavras no cotidiano, seja no discurso formal ou em situações coloquiais, o mecanismo é o mesmo, se acrescenta um afixo a uma base de alguma palavra já existente. O livro “Teoria Lexical”, expõe com clareza que existe duas maneiras básicas no entendimento linguístico: a formação de palavras e a formação de enunciados. A maneira que a formação de palavras pode ter uma função exclusivamente cognitiva, como a classificação, mas, em termos de comunicação, a palavra se apresenta também em função do enunciado. Ensinar teoria lexical é muito importante e muito benéfico a todos que usam a oralidade e a escrita como meio de comunicação. Ao expor os passos dos distintos processos, conceitos e abordagens, quanto à estrutura e a formação das palavras, Basílio (1989) relata o exato enigma existente na construção de novos vocábulos na língua portuguesa. Os aspectos que ela aborda são essenciais e indispensáveis para que haja uma boa comunicação oral e escrita, deste modo, como será aplicado na construção de vocábulos. Então, para os linguistas a morfologia: A morfologia trata da estrutura e dos processos de flexão e formação das palavras. Cabe-lhe ainda, segundo as
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gramáticas, a tarefa de classificar os vocábulos, "Trata dos morfemas e sua estruturação no vocábulo (sintagma lexical) (Câmara 1969)”. Enquanto, para os gramáticos como Perini (1976) existe vantagens quanto a economia e a organização dos elementos linguísticos. De acordo, com suas ideias o ensino deve ser contextualizado, com cautela sobre as variantes linguísticas, de maneira a definir ou não, quanto a mudança ao clássico julgamento do “certo ou errado”. Deste modo, a maneira que a gramática normativa é utilizada como ferramenta única, é equivocada, elas existem para que o docente as estude e use de uma forma adequada o conteúdo que ela expõe, estes livros são soluções a serem aproveitados para embasar a teoria que o professor avaliar ser importante, sempre a considerar as diferenças que existe. Já para os gramáticos a seguir, a posição que eles têm, são diferentes quanto os conceitos de raiz, radical, vogal temática, tema e os afixos. Ao analisar o vocábulo mórfico, as opiniões sobre raiz, radical, vogal temática, tema e afixos formam a partir das primeiras dificuldades, pois as diferenças, nos casos de raiz, radical e tema, nem sempre são satisfatoriamente claras nas principais gramáticas normativas. CUNHA (1976), BECHARA (1975) e Luft (1979) por exemplo, afirmam que tema é o radical acrescido de vogal temática; no entanto, o primeiro autor evita mencionar o conceito de raiz, mesmo quando se refere a famílias de palavras, enquanto que, para Bechara a raiz se confunde com o radical primário, devido a este não possuir afixo. CÂMARA (1969), no qual se basearam os três autores citados anteriormente, reconhece, desde o latim, as dificuldades de se fazer uma distinção entre radical e o tema. Para ele, “o tema vem a ser um radical ampliado por uma vogal (temática) determinada”. Com base nas teorias estudadas, foram analisados os livros didáticos “Ser Protagonista” do primeiro ano do ensino médio, do organizador Ricardo Gonçalves Barreto e o livro de português volume único “Literatura, Gramática e Produção Textual” dos autores Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. O livro de português, volume único, com estudos sobre literatura, gramática e produção textual é dividido em 58 capítulos, de modo que, o capítulo 1 a 21 trabalha a literatura, de 22 a 39 a gramática e do capítulo 40 a 58 a produção textual, o foco da análise realizada no livro foi a gramática, no capítulo 25, da página 195 a 198,
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em que é proposto um estudo sobre “A estrutura e a Formação das Palavras”. Referente a estrutura das palavras o livro expõe as teorias sobre: radical, afixos (prefixos/sufixos), as desinências, tanto as verbais quanto as nominais, vogal temática e tema, o livro não trouxe nenhuma teoria sobre vogal e consoante de ligação. Já no processo de formação de palavras, a teoria expõe conceitos de: derivação, derivação sufixal, parassintética, sufixal e prefixal, regressiva, imprópria, assim como os processos de hibridismo, onomatopeia, redução, estrangeirismo, neologismo e sigla, todos os conceitos com uma linguagem clara para a compreensão do aluno. As teorias mostradas no capítulo 25, sobre o processo de formação e a estrutura das palavras, não menciona em nenhum momento em qual autor foi baseado os conceitos apresentados, não cita nem linguistas e nem gramáticos, mas pôde se observar que os conceitos trabalhados estão muito próximo da gramática do autor Luiz Antônio Sacconi “Nossa Gramática Contemporânea – teoria e prática”. A prática de exercícios no livro, é muito pouco, são 12 exercícios sobre o conteúdo, sendo que 5 deles são questões de vestibular, portanto o professor não pode se prender somente ao livro didático, o docente deve enxergar além, e utilizá-lo apenas como mais uma ferramenta de ensino para os alunos. Já a análise do livro “Ser Protagonista – Português”, do primeiro ano do ensino médio, do organizador Barreto, Ricardo Gonçalves, a unidade 11, capítulo 23 (pág. 278 a 290), mostra explicações sobre o processo de formação de palavras, como: composição, derivação e renovação. Da página 278 e 279, é apresentado um breve histórico relatando sobre a importância das palavras e de onde elas vêm, o que dará seguimento para a introdução sobre formação por composição (palavras que se juntam para formar outras). A página 279 é toda dividida em conceitos e exemplos sobre essas composições, tais como composição por justaposição, por aglutinação e hibridismo. Nas páginas seguintes (280 e 281) são destinadas somente para atividades, todas elas bem diversificadas com histórias em quadrinhos, questionários e exercícios de relacionar as palavras com seus significados. As palavras formadas por derivação, como derivação prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e derivação imprópria (um tipo particular de derivação) se encontram nas páginas 282 até
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285, e possuem a mesma estrutura anterior (como por composição) isto é, uma pequena história exemplificando de como derivam as palavras e em seguida conceitos e exercícios.
Outros
processos
por
formação de palavras (renovação) como onomatopeia, siglas e abreviação, empréstimos linguísticos, neologismos, gírias e jargões encontram-se nas páginas 286 a 291. As atividades nas páginas (288 a 291) são variadas e criativas, e observa-se nessas atividades que o autor procurou utilizar sites de notícias (tanto do facebook quanto artigos de revistas), o que torna as atividades interessantes e com assuntos atuais. Como exemplo, podemos citar a atividade dois (da página 288), que é apresentado um parágrafo de um texto de um site do programa “Malhação” e outro de um site de notícias em relação a leitura e análise desses sites é exposto um questionário com duas questões, uma delas é como você explicaria a formação da palavra pitboy? O que ela significa? Desta forma, os exercícios foram propostos de maneira interessante e diversificada. Sendo assim, os livros analisados mostraram apenas uma diferença entre eles, quanto ao número de exercício proposto, como se pode ver na tabela, no anexo 1. Os livros didáticos é um ótimo recurso para ser utilizado em sala de aula, são bem instrutivos e organizados, pois ambos trabalham cada capítulo com um conteúdo diferente, de maneira coerente com os objetivos das disciplinas e suas propostas, pois a língua está em constante transformação, conforme muda o contexto social, o ser humano varia a maneira de falar, tais como os elementos da língua. Diante desses meios pelas quais a língua se modifica e renova é necessário que se conheça os processos de formação e a estrutura das palavras, para isso é muito importante que o livro didático apresente um conteúdo que exercite o aluno a conhecer e compreender esses processos. Com isso, a análise realizada nos livros “Ser protagonista – português” e o livro de português volume único “Literatura, Gramática e Produção Textual”, é possível evidenciar essa importância, pois consta um capítulo especifico do livro, para a estrutura e formação das palavras, constituído de conceitos, exemplos e atividades diversificadas, isso faz com que o aluno leia, estude e coloque em prática o que aprendeu em relação ao conteúdo.
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Anexo 1
PORTUGUÊS VOLUME ÚNICO “LITERATURA – GRAMÁTICA – PRODUÇÃO TEXTUAL.
SER PROTAGONISTA DECOMPOR AS PALVRAS – 01 ORIGEM DAS PALAVRAS – 22
ORIGEM DAS PALAVRAS – 01
IDENTIFICAR RADICAIS – 02
IDENTIFICAR RADICAIS – 01
CONCEITUAR ACRÉSCIMO DE RADICAL E SUFIXO – 02
CLASSIFICAR ELEMENTOS MORFICOS – 03
CITAR EXPLICAR PALAVRAS COM O MESMO PROCESSO DE
QUESTÕES MULTIPLA ESCOLHA VESTIBULAR – 05
FORMAÇÃO – 04 ATRAVÉS
DA
DERIVAÇÃO
REGRESSIVA,
REPRODUZIR
CONCEITO DE DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA – 01
SUBSTANTIVOS DESVERBAIS – 01 CONCEITUAR JUSTAPOSIÇÃO NAS PALAVRAS – 01
RETIRAR DO TEXTO PALAVRAS OCORRE DERIVÇÃO – 01
QUESTÕES SOBRE O CONCEITO DE ONOMATOPEIA – 03 QUESTÕES SOBRE NEOLOGISMO – 04 TOTAL = 40
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TOTAL = 12
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REFERÊNCIAS: BASÍLIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo : Ática, 1987. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. São Paulo : Ed. Nacional, 1975. CÂMARA, Mattoso. Problemas de Lingüística Descritiva. Petrópolis : Vozes, 1969. CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte : Ed. Bernardo Álvares, 1976. LUFT, Celso Pedro. Moderna Gramática Brasileira. Porto Alegre : Globo, 1979. PERINI, Mário. A Gramática Gerativa. Belo Horizonte : Ed. Vigília, 1976.
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