A 1° Revista Eletrônica de Logística farmacêutica e de produtos para Saúde - 2º edição

Page 1



EXPEDIENTE A revista da Anfarlog é uma publicação trimestral Ano 2 – Edição 2 – Março de 2014 Localização e contato Rua Vergueiro, 2.087, 14 andar, conjunto 1405 Vila Mariana – São Paulo (SP) CEP: 04101‐000

Jornalista Responsável Andrezza Queiroga ‐ 35540/ SP andrezzaq@yahoo.com.br Diagramação Maltus Arantes maltusarantes@hotmail.com

Central de atendimento Tel.: (11) 5087‐8861 FAX: (11) 5087‐8810 Assinatura revista@anfarlog.org.br Diretoria Saulo de Carvalho Junior Presidente Sonja Helena Madeira Macedo Vice‐presidente Diretores Elaine Cris na Izzo Manzano Jônia de Araújo Gurgel Moraes Renata Carolina Formoso Renata Dibernardo Bruna Gi rana Guerra Consultor Jurídico Gil Meizler Consultor de Segurança Coronel PM Marco Antonio Melli Bellagamba

“A A n f a r l o g e m r e v i s t a é u m a propriedade exclusiva da Associação Nacional dos Farmacêu cos Atuantes em Logís ca. A reprodução de suas matérias, fotos e anúncios, sem a devida autorização, estará sujeita as penas previstas por lei. As matérias e ar gos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não

Editores Saulo de Carvalho Junior Sonja Helena Madeira Macedo Renata Carolina Formoso

expressando, necessariamente, a opinião desta publicação”

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

03


EDITORIAL A segunda edição da Revista Eletrônica da Anfarlog vem com algumas novidades. Trazemos a entrevista especial com o Dr. Lauro More o, nossa referência internacional da indústria farmacêu ca, além das matérias envolvendo temas importantes e atuais em logís ca farmacêu ca. Em um ano cheio de desafios logís cos, incluindo o grande evento que é a Copa do Mundo, não poderíamos deixar de abordar este assunto, tão essencial para todos profissionais envolvidos. A regulamentação da Lei 11.903/09, Lei da Rastreabilidade de Medicamentos, também não poderia ficar de fora desta edição, já que estamos prestes à sua implantação. Sendo assim, procuramos abranger temas atuais, que estão “batendo na nossa porta” e que requerem a busca de informações para a solução individuais, mas que irão refle r no mercado em geral de forma a garan r a entrega dos produtos farmacêu cos na ponta e com qualidade. Agradecemos imensamente às empresas associadas que acreditam no nosso trabalho e na proposta da Anfarlog de desenvolver a logís ca farmacêu ca brasileira. Boa Leitura a todos! Saulo de Carvalho Junior, Sonja Helena Madeira Macedo e Renata Carolina Formoso

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

04


SUMÁRIO 07

Reportagem Especial Logística farmacêutica deve se planejar para minimizar impactos causados pelo aumento da demanda com a Copa do Mundo de 2014, que obrigou aeroportos a se reciclar.

13 19 20

Entrevista Lauro Domingos Moretto é o entrevistado desta edição. O vice-presidente do Sindusfarma fala do atual cenário e aponta os desafios do segmento farma.

Conhecendo a Anfarlog

Associado Anfarlog A Transcourier conta o por que de se associar à Anfarlog e, entre os benefícios, aponta as possibilidades de geração de negócios.

22

Multimodalidade Volume de importação apresenta crescimento em Guarulhos, principalmente, devido à entrada de produtos farmacêuticos e a adoção de novas ações visando clientes se tornaram necessárias.

25

Artigo: Entendendo os índices de performance

28 32

Boas Práticas Somente processos logísticos eficientes e custos atrativos não são suficientes. É preciso garantir integridade, segurança e qualidade do produto.

Artigo: Legislação

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

05


SUMÁRIO 34

Cadeia Fria As operações logísticas em cadeia de frio exigem que o gestor de projeto mapeie todos os processos inerentes às operações, de forma a identificar, quantificar e tomar ações para monitorar os riscos e elaborar planos de contingência.

36

Artigo: Logística reversa

39

Rastreabilidade Os impactos da Resolução RDC nº 54 de 10 de Dezembro de 2013, que dispõe sobre a implantação do sistema nacional de controle de medicamentos e os mecanismos e procedimentos para rastreamento de medicamentos na cadeia dos produtos farmacêuticos.

41

Embalagens e Equipamentos Especiais S o l u ç õ e s c o m o c a i x a s m o n t á v e i s, compostas de papelão e placas espessas de EPS de alta densidade, são excelentes opções para aumentar a performance térmica e reduzir o espaço da armazenagem.

43

Artigo: A importância da TI na logística

46 49 51

PARCEIROS

ASSOCIADOS

Gestão de Pessoas O mundo contemporâneo dos negócios apresenta mudanças constantes no comportamento corporativo das organizações, desafiando os gestores a criarem competências, estratégicas e criatividade no trabalho. Perguntas e respostas

REDES SOCIAIS

Agenda

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

06


REPORTAGEM ESPECIAL

Andrezza Queiroga

Copa exigirá planejamento minucioso para minimizar impactos na logística farmacêutica Demanda e aumento de turistas deve causar atraso nas entregas de produtos Prestes a receber um dos maiores eventos do mundo, a Copa de 2014, que terá sua abertura realizada em São Paulo no próximo dia 12 de junho, o Brasil acerta os últimos detalhes para atender a demanda. A logística para dar conta do que vem adiante engloba toda a cadeia de transportes, seja de cargas ou de passageiros, bem como Aeroporto de Guarulhos - SP linhas aéreas, rodoviárias e aquaviárias. São mais pessoas circulando, requerendo serviços e procurando produtos. Para que a resposta a essas necessidades seja eficiente, é preciso planejar e coordenar o passo a passo de toda a cadeia. Em um dos aeroportos mais importantes do País, por exemplo, o aeroporto de Guarulhos, na grande São Paulo, a Copa representa um grande desafio para todos os setores da economia, que traz consigo grandes oportunidades de criar novas soluções logísticas, as quais certamente irão contribuir para o desenvolvimento do Brasil. Para tanto, o terminal de cargas do Aeroporto de Guarulhos está preparado para absorver um crescimento de mais de 50% do volume atual de produtos farmacêuticos que requerem armazenagem em áreas com temperatura controlada. “Em março, já teremos, além das 16 câmaras frigoríficas atuais, com temperaturas controladas variando de -18oC a 15oC, revitalizadas, mais duas novas câmaras: uma na área de importação, para produtos que requerem armazenamento em temperatura de 16oC a 22oC, com 2.200 m2, e uma na exportação, com 220 m2. Além disso, temos mais de 100 posições para contêineres refrigerados elétricos, que podem ser ampliados conforme demanda. Não obstante, temos contingências para eventuais picos de demanda, pois contamos com um armazém recentemente incorporado ao nosso complexo de importação, com mais de 5 mil m2 destinados a cargas de grande porte”, esclarece Maria Siau Feie Fan, gerente comercial de cargas do aeroporto.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

07


REPORTAGEM ESPECIAL Segundo ela, tão relevante quanto à estrutura adequada de câmaras frias é a melhoria de todos os processos internos por ali. Em 2013, ela conta que o aeroporto reduziu os tempos de recebimento das cargas procedentes dos voos internacionais, que chegam ao GRU Airport, em 41%. “Os produtos perecíveis t ê m p r i o r i d a d e n o r e c e b i m e n t o, segregação e armazenagem nas câmaras e para assegurar esta prioridade, criamos uma linha de comunicação com os importadores da indústria farmacêutica e seus representantes para receber informações prévias sobre a chegada dos p r o d u t o s : v o o, d a t a, q u a n t i d a d e, temperatura de armazenagem, cuidados Maria Siau Feie Fan especiais são alguns dos dados de fácil Gerente comercial de cargas do envio pelos importadores, e que nos Aeroporto de Guarulhos - SP ajudam a planejar a capacidade e a logística, antes da chegada do voo. Qualquer discrepância entre a informação recebida e os volumes recebidos, é imediatamente apontada por uma equipe dedicada à linha saúde, que conta com profissionais farmacêuticos”, explica. Maria Fan conta, ainda, que por ali foi implantado o agendamento de entrega da carga. Na prática, uma vez liberada pelos órgãos anuentes, a retirada da carga pode ser feita com agendamento prévio, entre as 3 e as 10 horas da manhã seguinte, com docas exclusivas para esta facilidade. A gerente diz que o processo assegura que os produtos não sofram qualquer excursão de temperatura. “Os resultados desse trabalho são visíveis na qualidade percebida pelos clientes e na agilidade do processo. Em relação à agilidade, podemos destacar, também, o excelente trabalho realizado pela Anvisa na liberação de LI's no GRU Airport. Em janeiro, registramos um tempo médio de menos de três dias úteis. Em 2014, vamos continuar investindo em melhorias para reduzirmos cada vez mais os tempos de armazenagem e liberação de cargas e ampliarmos o número de empresas que já aderiram ao sistema de pré-alertas e agendamentos. O planejamento feito em conjunto com o cliente e demais intervenientes do processo é fundamental para assegurarmos a fluidez do processo.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

08


REPORTAGEM ESPECIAL

Em Viracopos, há nove câmaras com temperatura controlada, entre -18 a 22ºC que atendem a todo o segmento farmacêutico

Portanto, estamos preparados para o crescimento da demanda antes, durante e após o evento da Copa do Mundo”, assegura. Em Brasília o cenário também parece ser tranquilo. Por ali, a demanda não deverá causar qualquer impacto, já que foram alocados esforços em melhorias, como no terminal de cargas, que está passando por reformas e que,

‘‘Viracopos apostou em diversas ações como a ampliação do terminal de importação, a reorganização do novo fluxo do setor.’’ na prática, deverá triplicar sua capacidade operacional para o recebimento de carga seca e elevando em 1.000% a capacidade para cargas refrigeradas. Além disso, as obras de reformas e ampliações do aeroporto, com previsão de entrega para maio, deverá permitir um grande salto na qualidade de atendimento. Hoje, a capacidade do Aeroporto que é de 16 milhões de usuários, passará para 21 milhões. Somente no Setor Farmacêutico a Inframérica aumentou em 1.000% a capacidade de armazenamento. Segundo o aeroporto, foram construídas novas câmaras com diversas temperaturas, todas calibradas e qualificadas. Em Viracopos a situação não é diferente. O aeroporto internacional brasileiro, considerado um dos que possui no País a maior capacidade instalada para o armazenamento de produtos com temperatura controlada, está ampliando a área atual e oferecendo novos serviços aos principais clientes. Por ali, ao todo, são nove câmaras com temperatura controlada, entre -18 a 22ºC que atendem a todo o segmento farmacêutico. Pelo aeroporto, das 15 seleções mundiais que ficarão no Estado de São Paulo durante os jogos da Copa do Mundo Fifa 2014, sete passarão por Viracopos, antes de seguirem viagem para as cidades onde os jogos se realizarão, porém, nada disso parece influenciar a logística do local, que apostou em diversas ações como a ampliação do terminal de importação, a reorganização do novo fluxo do setor de recebimento com área dedicada a produtos farmacêuticos, a ampliação da área para produtos com temperatura

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

09


REPORTAGEM ESPECIAL

Gustavo Lacerda

controlada, a implementação dos novos fluxos dedicados para evitar a contaminação cruzada, bem como o controle de umidade, reorganização da área segregada para produtos da Linha Saúde e equipe treinada e dedicada ao atendimento das cargas da linha saúde. Segundo o aeroporto, além de todas as melhorias em sua infraestrutura, o aumento nas opções

‘‘Teremos um aumento na demanda de logística de medicamentos para hospitais e devido ao aumento de atendimento’’ (Gustavo Lacerda ) de frete aéreo, favorecerá à cadeia logística da indústria farmacêutica. A estrutura, entretanto, preocupa profissionais do setor, que não se dizem tão seguros quanto á eficiência. Gustavo Lacerda, que atua na Inteligência de Negócios da EMF Logística, acredita que a Copa trará impactos imediatos na logística brasileira, no funcionamento das companhias aéreas, nas estradas e no transporte público. “Se for falar apenas da logística farmacêutica, penso que teremos um aumento na demanda de logística de medicamentos para hospitais e devido ao aumento de atendimentos relacionados a alcoolemias, traumatologias e queimados. E, além disso, talvez tenhamos problemas no abastecimento de medicamentos nos postos de saúde, distribuidoras e farmácias devido aos possíveis feriados durante os jogos. Se, por um lado, o evento tem grande importância para promoção mundial do Brasil, por outro, me preocupo com a qualidade das principais obras sendo finalizadas , com a corrupção e desvios, uma vez que o valor gasto para a construção dos 12 estádios da Copa do Mundo é 66% maior que o previsto na Matriz de Responsabilidades assinada em 2010”, sustenta. Para ele, para minimizar esses impactos, será necessário realizar campanhas de conscientização e informativos para o público que irá se expor aos riscos como: direção consciente, consumo moderado de álcool, cuidados quanto ao manuseio de fogos de artifício. Lacerda crê que as empresas devem se programar para regime especial de funcionamento durante os jogos de forma a minimizar problemas de abastecimento de produtos farmacêuticos.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

10


REPORTAGEM ESPECIAL “Aqui na EMF estamos nos preparando por meio de planejamento de operações durante o mês dos jogos e de expressivos investimentos em estrutura de veículos, equipe e infraestrutura de logística, não somente para o evento em si, mas também para o pós-evento. O que me preocupa, é que, até o momento, não percebo preocupação das autoridades quanto a esse tema. Edemilson Silva Acredito que a consciência individual será essencial Gerente da Taglog para que os impactos sejam minimizados”, diz. Edemilson Silva, gerente comercial da Taglog crê que a Copa deverá ajudar o Brasil a criar mais projeção internacional, porém, no que se refere à logística farmacêutica, apesar de apostar que a maioria dos estados brasileiros que tem portos não perceberá nenhuma consequência do aumento da demanda, a situação deverá ser diferente nos grandes conglomerados. “Em São Paulo e Rio de Janeiro, teremos alguns problemas, principalmente em aeroportos que recebem carga internacional. Os congestionamentos nas rodovias deverão criar atrasos nas entregas de alguns produtos farmacêuticos e consequente elevação dos custos, bem como pode causar uma possível escassez de determinados produtos”, afirma.De Paulo Roberto Espírito Santo acordo com Paulo Roberto Espírito Santo, diretor Ativa Logística administrativo, operacional e controladoria da Ativa Logística, em linhas gerais, o evento deve afetar mais o transporte aéreo com aumento de demanda, mas não trará “traumas” ao segmento. “O setor farmacêutico tem vendas importantes no período da Copa, início do inverno, mas a cadeia começa a ser abastecida a partir de março, portanto, não vemos grandes dificuldades para este período, mas estamos atentos para os feriados programados para os jogos. Nos planejamos para termos equipamentos disponíveis neste período”, conta. Alessandro Rodrigues Reis, diretor da Transcourier, acredita que o impacto da Copa para a logística farmacêutica depende de planejamento. “O foco passa a ser as bagagens e não as cargas. Talvez haja menos espaço nos porões das aeronaves, dificuldade de escoar as cargas e, claro, a probabilidade de avarias Alessandro Reis aumenta, como também o prazo para a entrega no Transcourier

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

11


REPORTAGEM ESPECIAL destino final, mas acredito que ter a agenda de funcionamento dos clientes para a programação junto com às companhias aéreas solucionará esses eventuais gargalos. Uma outra solução é fazer antecipações dos envios para o uso durante a Copa”, explica. O diretor crê que sobrará pouco espaço para as cargas devido ao alto número de turistas estrangeiros e nacionais, o que deve gerar falta de espaço nos porões das aeronaves. Ele diz, ainda, que não descarta algum tipo de “apagão” durante este período, pois os aeroportos estarão operando, em sua maioria, acima da sua capacidade e isso pode ocasionar problemas de atraso de voos e liberação das cargas, o que, consequentemente causará atrasos nas entregas. “A única maneira de evitar grandes reflexos no envio das cargas do segmento farmacêutico é fazer estoque dos produtos nas semanas que antecedem a Copa para que, neste período, sejam realizadas apenas reposições com prazos maiores do que os normais. Os clientes devem negociar prazos com fornecedores para minimizarem seus caixas”, aconselha. Emerson Stabenow da UPS, não espera aumento significativo nos setores de remessas expressas, movimentação de frete, transporte de carga ou logística, mas se diz preparado para qualquer consequência que o evento possa trazer: “Nossa companhia é especializada em logística e isso significa que contornar este tipo de gargalo é nosso business. Ou seja, na prática, nossos clientes serão informados caso tenhamos que realizar alguma mudança de rota, horário de entrega ou algo deste tipo. Hoje monitoramos diariamente as informações sobre a Copa para estarmos à frente de qualquer imprevisto”, finaliza.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

12


ENTREVISTA

Andrezza Queiroga

Brasil ainda precisa superar desafios na cadeia do frio Para vice-presidente do Sindusfarma, manutenção da temperatura e umidade dos produtos ainda são pontos impeditivos

Lauro Morreto Vice-presidente do Sindusfarma

O Brasil está inserido na unidade de negócios Mercados Emergentes, uma das unidades que compõem a área de negócios Biofarmacêuticos, porém, apesar de todo o nosso potencial, há desafios a serem superados. De acordo com o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Lauro Domingos Moretto, pode-se destacar como um dos principais gargalos relacionados à logística farmacêutica é a manutenção da temperatura e umidade dos produtos, desde a fábrica até o consumidor. Em entrevista exclusiva à Anfarlog (Associação Nacional dos

“Temos os elementos fundamentais que indicam as oportunidades de investimentos: aumento gradual do poder aquisitivo da população, inserção de classes sociais no consumo, políticas públicas que promovem o acesso a medicamentos, estímulo à produção local como forma de compensar a escalada das importações, etc.” Farmacêuticos Atuantes em Logística), o especialista apontou os entraves e a situação do mercado farma brasileiro. Segundo ele, o Brasil tem muito a crescer e representa um grande potencial de investimentos, ainda seguimos em processo de evolução onde as pesquisas básicas e aplicadas ainda não atingiram um estágio de autossuficiência quando comparadas com vários países que são considerados líderes neste campo.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

13


ENTREVISTA “É indispensável ter segurança de que a mercadoria não sofra avaria, ou seja, devem ser asseguradas as condições de temperatura e umidade, de armazenagem e transporte, preconizadas pelo embarcador, ou seja, não deve ocorrer desvio de rota, em seu trajeto desde o ponto de partida até o destino.” Moretto, que é farmacêutico-bioquímico formado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo falou, ainda, de sua trajetória, que engloba experiência em grandes empresas como a Johnson & Johnson, Instituto De Angeli e Boehringer Ingelheim. Vice-presidente executivo do Sindusfarma desde 1992, o especialista é, ainda, autor do livro Gerenciamento da Produção para Farmacêuticos. Para ele, temos desafios a vencer, mas vale lembrar que o Brasil avança de forma rápida no sentido de alinhar-se aos regulamentos internacionais no contexto da produção e controle, podendo evoluir nas pesquisas básicas, no estudo e desenvolvimento de novos fármacos, bem como em formulações farmacêuticas, que são etapas anteriores do processo fabril. Anfarlog – Para começar não tem como não tratar de sua trajetória na indústria farmacêutica. Poderia nos contar um pouco de sua história até assumir a vicepresidência do Sindusfarma? Lauro Domingos Moretto - Bom, minha vida profissional iniciou-se na empresa Johnson & Johnson, na área de desenvolvimento tecnológico de medicamentos, tendo também atuado como pesquisador de novos métodos de análise química. A etapa seguinte foi desenvolvida no Instituto De Angeli do Brasil, tendo iniciado como sub-chefe de produção, inclusive de produtos químico-farmacêuticos e responsável pela área de tecnologia farmacêutica. Ainda no De Angeli assumi a gerência de controle de qualidade, desenvolvimento de novos produtos e, inclusive, a responsabilidade técnica. Em seguida, atuei na empresa Boehringer Ingelheim, em Itapecerica da Serra, onde desenvolvi atividades em cargos de gerência de Controle de Qualidade, Diretor Industrial, tendo me aposentado após ter atuado como Diretor da Fábrica. Durante todo período em que atuei pela Boehringer, fui farmacêutico responsável técnico dos medicamentos. Anfarlog – Mas também atuou como docente, correto?

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

14


ENTREVISTA Lauro Domingos Moretto - Sim, em paralelo com as atividades profissionais, atuei como docente na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), tendo realizado cursos de pós-graduação e obtido os títulos de Professor Assistente Mestre e Doutor. Anfarlog – Com toda sua experiência, como enxerga o atual cenário farmacêutico e o que mudou desde quando iniciou sua carreira neste segmento? Lauro Domingos Moretto - O setor industrial farmacêutico sofre uma evolução tão grande, em diferentes áreas do conhecimento, tanto nas ciências, quanto na tecnologia quanto na regulamentação. No campo das ciências, no inicio da década dos anos 1960, vivia-se o período dourado das descobertas de novos fármacos de síntese e de fermentação, que passaram a ocupar o espaço dos medicamentos naturais de plantas medicinais e extratos de órgãos animais. Esse período foi caracterizado por um número sem precedente de novos medicamentos e novas formulações, que exigiu a alteração do arcabouço regulatório. É deste período que surge a necessidade de realizar novos ensaios para se caracterizar a eficácia e segurança dos medicamentos, com novos critérios para registro de medicamentos e autorização de unidades fabris. Esta década marca o inicio das famosas Boas Práticas de Fabricação, conhecidas pela sigla GMP, em língua inglesa. Somente na década seguinte é que promulgada a Lei nº 6360, ainda vigente com inúmeras alterações para contemplar as necessárias adequações do processo evolutivo de fármacos e medicamentos. Ainda nesta época não eram conhecidos os assuntos relacionados com a biotecnologia com ADN recombinante, a nanotecnologia, e muito pouco dos processos de diagnóstico com radiofarmacos. Pode-se mesmo dizer que, em nossos dias, restou muito pouco do arcabouço regulatório anterior a 1990 face à fantástica evolução das ciências e tecnologia, que promoveram a revolução da regulamentação industrial farmacêutica. Anfarlog – E hoje, como é a produção de medicamento no Brasil e quais as diferenças entre o mercado nacional e estrangeiro? Onde precisamos avançar? Lauro Domingos Moretto - A produção de medicamentos no Brasil está muito nivelada com outros países no contexto do mercado internacional.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

15


ENTREVISTA O Brasil segue, muito de perto, as recomendações da Organização Mundial da Saúde, órgão que conta com o apoio das mais destacadas agências em seus grupos de trabalho e comissões, que expõem e debatem seus regulamentos que cobrem os quatro eixos fundamentais dos medicamentos industrializados, ou seja, eficácia, segurança, qualidade e racionalidade. O Brasil avança de forma rápida no sentido de alinhar-se aos regulamentos internacionais no contexto da produção e controle, podendo evoluir nas pesquisas básicas, no estudo e desenvolvimento de novos fármacos, bem como em formulações farmacêuticas, que são etapas anteriores do processo fabril. Anfarlog – E quais os principais desafios que podemos destacar neste segmento? Lauro Domingos Moretto - Pessoalmente, acredito que estamos num processo de evolução onde as pesquisas básicas e aplicadas ainda não atingiram um estágio de autossuficiência, quando comparadas com vários países que são considerados líderes nestes campos. Os esforços de instituições e órgãos governamentais de incentivo às pesquisas básicas e inovações tecnológicas deverão projetar o Brasil, em breve, no segmento farmacêutico. Anfarlog – Então vale a pena investir no mercado brasileiro? Por que? Lauro Domingos Moretto - Certamente que vale. A população brasileira ainda está muito distante do acesso aos medicamentos, tanto dos produtos básicos quanto das inovações. O potencial, para os investidores, é muito grande. Temos os elementos fundamentais que indicam as oportunidades de investimentos: aumento gradual do poder aquisitivo da população, inserção de classes sociais no consumo, políticas públicas que promovem o acesso a medicamentos, estímulo à produção local como forma de compensar a escalada das importações, etc. Anfarlog – Dentro deste potencial e das demandas que devemos contemplar, como o senhor acredita que deva ser uma gestão logística farmacêutica eficiente? Lauro Domingos Moretto - Entre o que hoje dispomos, que já evoluiu muito em relação há décadas anteriores, ao que seria ideal, pode-se relacionar vários

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

16


ENTREVISTA componentes de uma logística farmacêutica eficiente, das quais gostaria de relacionar três deles, que resumiriam o contexto da eficiência: segurança, velocidade e custos. É indispensável ter segurança de que a mercadoria não sofra avaria, ou seja, devem ser asseguradas as condições de temperatura e umidade, de armazenagem e transporte, preconizadas pelo embarcador, ou seja, não deve ocorrer desvio de rota, em seu trajeto desde o ponto de partida até o destino. O tempo para transitar, entre o início e o destino deve ser o menor possível, da mesma forma que os custos. O grande desafio é conciliar procedimentos e tecnologias que contemplem os pleitos destes três eixos. Anfarlog – Qual o cenário atual e futuro da cadeia fria em nosso mercado, e quais as tendências comerciais, logísticas e regulamentárias? Lauro Domingos Moretto - Um dos maiores desafios relacionados à logística farmacêutica diz respeito à manutenção da temperatura e umidade dos produtos, desde a fábrica até o consumidor. Como é do conhecimento geral, existem quatro zonas climáticas mundiais e algumas subclasses, nas quais se definem as temperaturas médias e umidade relativa do ar. Também é do conhecimento que muitos medicamentos são desenvolvidos e fabricados numa zona climática e exportados para outros países que tem condições distintas de temperatura media e de umidade. Do ponto de vista técnico, sabese que muitos medicamentos não resistem a variações de temperatura, fora da faixa para a qual foram realizados os estudos de estabilidade. A excursão de produtos fora da faixa de temperatura considerada adequada, tanto na armazenagem quanto no transporte, pode promover perda de potência e consequente perda da atividade terapêutica. Vacinas e medicamentos de natureza biotecnológica, além de tantos outros, estão entre esses. Entende-se que, para que os produtos sensíveis a variações de temperatura transitem desde a fábrica até o consumidor, devem estar acondicionados em embalagens que permitam assegurar as condições estabelecidas nas especificações de armazenagem e transporte, contidos em embalagens que os protejam das variações atmosféricas. Entende-se que, gradualmente, estarão sendo disponibilizadas embalagens especiais, que permitam assegurar as condições necessárias, bem como serão desenvolvidos e disponibilizados recursos em veículos de transporte para a manutenção das referidas especificações.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

17


ENTREVISTA Anfarlog – dentro de todo este contexto, é esperado um grande crescimento anual no segmento farma? Lauro Domingos Moretto - A logística farma no Brasil está acompanhando o desenvolvimento dos conhecimentos e das tecnologias internacionais. Constituem, sem dúvida, desafios a armazenagem e transporte em diferentes regiões e algumas micro regiões inseridas na amplitude da extensão territorial do Brasil, onde nem sempre existem vias de transporte e recursos existentes nos grandes centros. O desenvolvimento gradual e o processo acelerado da evolução dos serviços e da regulamentação destas últimas décadas pressupõem a necessidade de investimentos para atender a crescente demanda.


CONHECENDO A ANFARLOG

Redação

Associação reúne segmento para troca de experiências Objetivo é fomentar negócios voltados ao setor Com o objetivo de trocar informações e apresentar seus parceiros comerciais, a Anfarlog (Associação Nacional dos Farmacêuticos Atuantes em Logística) realizou, em novembro do ano passado, na capital paulista, seu primeiro almoço de negócios. Contando com a presença de diversos diretores e executivos do setor, o encontro reuniu representantes do segmento logístico. Marcaram presença por ali, executivos da Polar Técnica, Gelotech, Novus, Blau Farmacêutica, Consulado de Israel, Bayer, Ativa Logística, Pfizer, Atlas, Transcourier, EMF Logística, Accord, Manserv, Dupont, Ferring e Intermedic. Para o nicho, encontros como este são de extrema importância e fomentam a atividade. De acordo com Marina Valente, líder de marketing da DuPont, o evento representou mais do que um networking: “O almoço organizado pela Anfarlog permitiu que a n o s s a c o m p a n h i a, c o m o r e c e n t e associada, conhecesse os principais contatos da indústria farmacêutica e estreitasse as relações com os clientes e os fornecedores deste mercado.

“O almoço organizado pela Anfarlog permitiu que a nossa companhia, como recente associada, conhecesse os principais contatos da indústria farmacêutica e estreitasse as relações com os clientes e os fornecedores deste mercado” - Marina Valente, líder de marketing da DuPont Recentemente, lançamos um produto inovador no segmento de embalagens térmicas para o transporte de medicamentos de 15-30ºC e este encontro nos permitiu apresentar o produto para o mercado, conhecer as novidades do setor, trocar experiências e conversar sobre as perspectivas para 2014”, disse. Quem fez eco à afirmação e também comemorou a oportunidade foi Valério Galeazzi Neto, gerente comercial da Novus Produtos Eletrônicos. Segundo ele, tratou-se de uma oportunidade bastante “interessante”. “O evento promoveu um networking entre as empresas participantes e, como a Novus está conhecendo este mercado, o encontro foi bastante positivo”, disse.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

19


ASSOCIADO - ANFARLOG

Andrezza Queiroga

Transcourier se associa à Anfarlog com expectativa de movimentar o setor Para diretor da companhia, a Associação se destaca por atuar diretamente com o perfil de seus clientes

Alessandro Rodrigues Reis Diretor da Transcourier

Especializada em transporte e distribuição de produtos, a Transcourier é mais uma das associadas da Anfarlog (Associação Nacional de Farmacêuticos Atuantes em Logística). A empresa, que conta com uma frota de veículos e desenvolve juntamente com o cliente projetos sob medida para as suas necessidades, sempre com foco nos mercados farmacêutico, medicamentos, vacinas e cargas, tem participado das ações da Associação desde abril do ano passado e, de acordo com seu diretor, Alessandro Rodrigues Reis, este associativismo já faz A Anfarlog é uma entidade que atua diretamente com o perfil de clientes da Transcourier”, afirma. Para ele, ao associar-se a Transcourier

“Participo ativamente de algumas entidades classistas e a Anfarlog preencheu a lacuna que existia na Transcourier. Ao nos associarmos, enxergamos uma oportunidade de negócios como também de participarmos de grupo de discussões visando a melhoria para o nosso setor” leque de geração de negócios, bem como de networking empresarial e pessoal. Entre as ações que merecem destaque, o executivo aponta a atuação no meio político e com políticos de extrema importância para o segmento e, somado a isso, atividades como a disseminação de palestras e seminários nos principais estados brasileiros, que tenham como objetivo motivar as pessoas a pensarem e saírem de sua zona de conforto.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

20


ASSOCIADO - ANFARLOG A necessidade de o segmento se expandir se explica com a perspectiva do diretor. Segundo Alessandro Rodrigues Reis, o mercado deve se retrair por causa da Copa do Mundo, a ser realizada a partir de junho deste ano. “Dificilmente iremos “recuperar” o mês do evento e vejo a realização dos jogos com pessimismo, pois o Brasil vai ficar em função da Copa e das atividades relacionada ao turismo. Acredito, porém, que em 2016, nas Olimpíadas, não teremos este problema, pois, basicamente, apenas um Estado será afetado”, conclui.

A Empresa

A Transcourier é uma empresa que, atualmente, conta com uma equipe com mais de 20 colaboradores. Sua estrutura engloba cinco carros que fazem coletas e entregas de cargas. Com espaço climatizado para a movimentação das cargas, seu foco está nos embarques aéreos e expressos. Ao todo, 90% das cargas da companhia são em medicamentos, que, no resultado final, representam 85% de quilos transportados.


multimodalidade

Maria Siau Feie Fan

Importação de cargas no GRU Airport cresce 8% em 2013 A importação de cargas no GRU Airport registrou um crescimento de 8% em 2013, no comparativo com o ano anterior. O volume importado no período foi de 141 mil toneladas, ante as 130 mil movimentadas em 2012. O resultado é bastante expressivo, principalmente se for considerado que o volume nacional de carga aérea importada manteve-se estável ao longo desse ano – aumento de apenas 0,6%, de acordo com dados da Infraero. O desempenho da área de importação deve-se principalmente à entrada de produtos farmacêuticos, seguidos pelos segmentos automotivos, maquinários, tecnologia e têxteis. O crescimento da importação em Guarulhos foi motivado pela chegada de novas operações – somente em 2013, sete companhias aéreas estrearam voos no aeroporto – e pelo aumento da capacidade utilizada nos porões das aeronaves. Desde que a Concessionária assumiu a gestão do aeroporto, diversas mudanças e melhorias foram realizadas nos Maria Siau Feie Fan Gerente Comercial de Cargas processos internos, o que resultou em maior Aeroporto de Guarulhos-SP eficiência operacional. “Somente o setor de produtos farmacêuticos importados, teve crescimento de volume de 5% em 2013, e correspondeu a 21% do total das importações em Guarulhos. Várias melhorias foram implantadas e continuam em 2014 para melhor atender a este segmento. Além das 16 câmaras frias atuais, duas novas serão implantadas ainda no primeiro trimestre”.

Na área comercial, por exemplo, foi feito um mapeamento detalhado do mercado e do perfil de clientes de cada segmento relevante na carteira do Terminal de Cargas, o que serviu para adoção de ações visando novos clientes ou mesmo fortalecendo as relações comerciais com os atuais. Além disso, promovemos melhorias em nossos processos operacionais e investimos em ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

22


multimodalidade equipamentos e na estrutura dos armazéns, onde a capacidade das câmaras frigoríficas foi ampliada em 165%. Considerando todas as operações do GRU Airport Cargo (importação, exportação, carga nacional e courier), o volume total movimentado em Guarulhos de janeiro a dezembro foi de 346 mil toneladas, um crescimento de 3,6% em relação ao mesmo período de 2012. Somente o setor de produtos farmacêuticos importados, teve crescimento de volume de 5% em 2013, e correspondeu a 21% do total das importações em Guarulhos. Várias melhorias foram implantadas e continuam em 2014 para melhor atender a este segmento. Além das 16 câmaras frias atuais, duas novas serão implantadas ainda no primeiro trimestre – uma na importação, com temperatura de 16 a 22 graus, com 2.200 m2, e uma na exportação, com 220 m2. Também foram criadas mais de 100 posições para containers refrigerados elétricos, que podem ser ampliados conforme demanda. De uma maneira geral, as mudanças operacionais e estruturais implementadas em 2013 mostram resultados positivos no atendimento aos clientes. Foram instituídos, por exemplo, controles e ferramentas de gestão que possibilitaram mapear os tempos de execução das diversas etapas da operação, e assim agir nos gargalos, a fim de trazer resultados eficientes a curto, médio e longo prazo. Na exportação, os procedimentos implementados possibilitaram maior agilidade no fluxo da carga e a redução de tempo na entrega para as companhias aéreas em 9%. No setor de importação, o tempo de encerramento total do voo no recebimento da carga foi reduzido em 41%. Além disso, outras mudanças possibilitaram agilizar a movimentação da carga, como a verticalização de áreas de armazenagem, a segregação de área específica para recepção de cargas fora de padrão, com docas exclusivas, e a adequação nas docas que disponibilizou balanças. Para facilitar e agilizar o trabalho dos despachantes foi criado na recepção de documentos o sistema “poupa tempo”, que reduziu em 56% o tempo de atendimento. Estão em andamento diversos projetos de melhorias estruturais e de gestão, tais como a reforma do transelevador, aumentando de quatro para 10 saídas de

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

23


multimodalidade cargas liberadas na área de importação, a implantação de novas docas de recebimento de carga procedente dos aviões, e o novo sistema de armazenagem, que permitirá a integração com companhias aéreas e clientes, permitindo a troca eletrônica de informações sobre todos os momentos relevantes do processo logístico.

Novo serviço de Agendamento de Entregas na Importação cargas liberadas na área de importação, a implantação de novas docas de recebimento de carga procedente dos aviões, e o novo sistema de armazenagem, que permitirá a integração com companhias aéreas e clientes, permitindo a troca eletrônica de informações sobre todos os momentos relevantes do processo logístico. Outra novidade para os clientes de Importação do GRU Airport Cargo é o serviço de Agendamento de Entrega, uma evolução do modelo anterior de Entrega Programada. Disponível desde novembro, o novo padrão permite a definição de um horário exato para retirada da carga, dentro do intervalo entre 3h e 10h, se segunda a sábado. Com o atendimento em horários pré-estabelecidos, o cliente ganha maior agilidade no carregamento dos volumes em razão da carga já estar pronta na Expedição no momento da retirada. O tempo utilizado pelo importador entre chegada e saída do armazém passa a ser apenas o necessário para o carregamento. A agenda prévia reduz as filas nas docas e permite um menor tempo de exposição de produtos perecíveis fora da refrigeração. Para fazer o agendamento, o transportador deve levar a documentação da carga já aprovada pelos órgãos anuentes ao setor de Liberação de DI's, entre 6h e 18h do dia anterior à retirada. O processo levará em conta a quantidade de volumes, o tipo de carga e o número de docas a ser reservado. É imprescindível ter o número da DI associado a cada agendamento. Caso o importador não se apresente até 15 minutos depois do horário agendado, a carga é novamente armazenada. A solicitação de um novo puxe acarretará a cobrança prevista na tabela de preços vigente e a aplicação dos procedimentos tradicionais para entrega de carga. Para mais informações, os interessados devem entrar em contato com a Central de Atendimento ao Cliente (CAC) pelo e-mail gruairport-cargas-cac@gru.com.br ou pelo telefone (11) 2445-5000, de segunda a sexta, das 8h às 0h. Gerente Comercial de Cargas do Aeroporto de Guarulhos ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

24


ENTENDENDO OS ÍNDICES DE PERFORMANCE

Rômulo Lara Nunes

Visibilidade do processo Foram tantas mudanças no Brasil nos últimos 20 anos, que não é possível falar sobre qualquer assunto sem voltar ao passado e relembrar um pouco da história recente do País. Quando Itamar Franco foi conduzido à Presidência da República (29/12/1992), substituindo o presidente cassado Fernando Collor de Melo, “herdou” a inflação daquele ano (1.158%). Isso mesmo, o estratosférico 1.158% (fonte: almanaque.folha.uol.com.br). Naquele momento, a gestão do dinheiro nas empresas era mais importante e necessária até do que a produção e o desenvolvimento de novos produtos e controles. O País possuía sua indústria “protegida” da Rômulo Lara Nunes competição internacional por uma série de “barreiras” a Gerente de Operações Manserv importações e, neste cenário, imperavam as empresas empresas familiares. Estas empresas (naquele tempo) eram totalmente negligentes com seus processos e, consequentemente, com a gestão dos mesmos. Hoje, o cenário mudou radicalmente. População crescente, uso intensivo da informação, maior concorrência, ciclo de vida dos produtos mais curtos, complexidade nos processos, margens apertadas, clientes cada vez mais exigentes, entre outros fazem com que as empresas, para auferir lucros aos seus acionistas, tenham que, vejam só, trabalhar... “As consequências da “falta de visibilidade” nas operações são: altos custos logísticos, atrasos nas entregas e clientes insatisfeitos. Isso leva a perda de vendas e mercados, devoluções, elevados custos operacionais e de ativos, baixo nível de serviços e outras mazelas indesejadas”. As empresas “descobriram” que aquilo que você não vê, você não pode medir. Se não pode medir, não pode controlar. Se não pode controlar, há uma grande possiblidade de insucesso. As consequências da “falta de visibilidade” nas operações são: altos custos logísticos, atrasos nas entregas e clientes insatisfeitos. Isso leva a perda de vendas e mercados, devoluções, elevados custos operacionais e de ativos, baixo nível de serviços e outras mazelas indesejadas.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

25


ENTENDENDO OS ÍNDICES DE PERFORMANCE Desse modo, as empresas passaram a medir seus principais processos (logísticos, comerciais, financeiros, etc). Essas métricas quantitativas, que refletem a “performance” de uma organização na realização de seus objetivos e estratégias, são nossos Indicadores de Desempenho (ou KPI's – Key Performance Indicators – pra dar um charme...). Desde então, muito se tem dito sobre os KPI's. A prática, entretanto, nos mostra que é mais simples do que pensamos. Se pensarmos que aquilo que é medido pode ser gerenciado e, consequentemente, o que não é medido merece pouca ou nenhuma atenção, podemos concluir que os KPI's são métricas que permitem medir o desempenho de uma empresa. Essas métricas garantem que todos os indivíduos, em qualquer nível hierárquico da empresa, caminhem em direção aos mesmos objetivos e estratégias. Ainda mais: definem responsabilidades, padronizam o entendimento entre as pessoas, permitem um melhor controle e planejamento, tornam possível a visualização de trabalhos (resultados), facilitam a delegação de responsabilidades e podem (devem) fazer parte da remuneração. Se perguntarmos a um cliente o que ele espera dos serviços de logística ouviremos sempre: grande “performance” e preço baixo. Aos olhos do cliente, Logística não é investimento, não é ganho, não é nada além de custo. Portanto, o grande desafio da Fonte: Internet Imagens Logística é o equilíbrio entre “performance” e custo. Desse modo, como garantir que os indicadores selecionados estejam relacionados com direcionadores (drivers) críticos de sucesso da empresa? Teremos todos os dados que necessitamos para gerar o indicador? Precisamos fazer algumas perguntas antes de criarmos nossos Indicadores: O que queremos medir?

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

26


ENTENDENDO OS ÍNDICES DE PERFORMANCE Com que frequência queremos medir? Quem responderá pelo indicador? O quanto complexo deve ser o indicador? Há algo que possamos usar de “benchmark”? E, por final, a mais intrigante: Quantos indicadores queremos (e precisamos) ter? Não é ideal ter-se muitos indicadores operacionais. Os indicadores devem refletir direcionamentos de valor estratégico, ser baseados em dados válidos (“achismos” não são bem-vindos), sua definição deve partir dos executivos, precisam ter fácil compreensão e ser relevantes para fluir pela empresa como efeito cascata. Então podemos classificar os Indicadores Operacionais em três tipos bem distintos: Requeridos, Opcionais e “É bom ter a mão”! Se não tivermos certeza de que vamos acompanhar aquele indicador, não vamos criá-lo. É melhor aproveitar nosso tempo para andar de moto, que, convenhamos, é muito mais divertido do que trabalhar...

·Gerente de Operações da Manserv, Administrador de Empresas, Pós-Graduado em Administração de Empresas (ESPM – São Paulo) e cursa Pós-Graduação em Gestão de Negócios na (Faculdade Dom Cabral – in Company).

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

27


BOAS PRÁTICAS

Elaine Cristina Izzo Manzano

Impacto da Gestão da Qualidade e Boas Práticas na Competitividade da Logística Farmacêutica e de Produtos para a Saúde Nas últimas décadas, a logística ficou em evidência como fator importante para que as empresas alcançassem novos mercados. Isto aconteceu devido um fenômeno chamado globalização. Esse fenômeno, que transformou o mundo, ocorreu devido a crescente liberação do mercado internacional, melhoria do método de custo logístico total, desenvolvimento das comunicações e evolução dos meios de transporte. Consequentemente, gerou o crescimento da concorrência. As empresas se mobilizaram para a redução de custo por melhoria através do sistema de gestão da qualidade, deram prioridade e foco no serviço ao cliente e a administração logística se fortaleceu como diferencial competitivo. Isto tornou os negócios voltados para importação e exportação mais seguros e mais rentáveis. Elaine Cristina Izzo Manzano Gerente de Operações Os fabricantes focaram no seu negócio, Intermedic Technology desenvolvimento de tecnologia para saúde e produção de medicamentos. A terceirização da operação logística tornou fato consumado. Surgiram figuras novas na cadeia logística como o operador logístico, houve o crescimento e a especialização das transportadoras para atender a necessidade do mercado farmacêutico e de produtos para a saúde. Nestes últimos anos, com as crises econômicas da Europa e do EUA, os países emergentes se tornaram uma excelente oportunidade de expansão dos negócios. O Brasil, por sua vez, apesar de seus problemas de infraestrutura, obteve um destaque por sua dimensão quase continental e mercado promissor, além de ser sede da realização dos jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol. Estes fatos trouxeram melhoria na qualidade de vida para a população brasileira, pois temos muitas empresas multinacionais entrando no mercado, trazendo para os pacientes a oportunidade de utilização de produtos para saúde de tecnologia de ponta.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

28


BOAS PRÁTICAS Ocorreu, também, crescimento e fortalecimento da indústria nacional através do medicamento genérico e as políticas do governo tornando o medicamento acessível à população mais carente. Neste contexto, é importante ressaltar a forte atuação da Anvisa na regularização dos mercado garantindo a qualidade dos produtos. Este novo cenário sócio econômico com rápidas mudanças e constante movimentação do mercado farmacêutico e produtos relacionados à saúde se apresenta muito promissor para a logística farmacêutica nacional, mas qual é o impacto da Gestão da Qualidade e Boas Práticas na competitividade da Logística Farmacêutica? “Não adianta os processos logísticos serem eficientes e os custos atrativos se a integridade, segurança, qualidade do produto não estiver garantida.” Para os Prestadores de Serviços Logísticos de Medicamentos e demais produtos relacionados à saúde, as Boas Práticas e a Gestão da Qualidade devidamente implementada é imprescindível para garantir que a empresa tenha competitividade no mercado a longo prazo. Não adianta os processos logísticos serem eficientes e os custos atrativos se a integridade, segurança, qualidade do produto não estiver garantida. A logística do medicamento deve acontecer com foco na preservação da qualidade do medicamento em cada etapa da cadeia. Para isso, o medicamento deve ser armazenado e transportado obedecendo às especificações do fabricante e as Boas Práticas que são regras para garantir a qualidade até o momento do uso. Caso isto não ocorra, a eficácia do tratamento e o restabelecimento da saúde do paciente estarão comprometidos. Estes cuidados são necessários por que as alterações do medicamento podem ser imperceptíveis visualmente, portanto é fundamental o controle das condições durante toda a cadeia logística principalmente durante o transporte onde o medicamento esta mais vulnerável a alterações de temperatura, umidade, perda de identificação, rastreabilidade, avarias, etc... A distribuição de Medicamento é um assunto de relevância pública e as regras das Boas Práticas são determinadas pela Anvisa e demais agências de saúde internacionais. As empresas que realmente querem entrar neste nicho atrativo do mercado logístico farmacêutico devem levar a sério a Qualidade e Boas Práticas como

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

29


BOAS PRÁTICAS instrumentos da competitividade. Devem ter desenvolvido uma estrutura de Gestão da Qualidade e Boas Práticas com profissionais competentes para garantir a regularização da empresa e cumprimento das diretrizes das Boas Práticas e de um sistema de Gestão da Qualidade Eficaz e Consistente. Os princípios do sistema de gestão da qualidade são aplicados também para que as empresas garantam que a organização se mantenha saudável e com possibilidade de crescimento. Com essa ferramenta, a empresa estará eliminando falhas nos processos, prejuízos e garantindo a melhoria contínua. A Anvisa vem aprimorando a legislação referente à Boas Práticas . As empresas de transporte e da cadeia logística que se atualizam e estão aptas a prestarem serviços com as Boas Práticas garantidas se destacam no mercado.Não basta só cumprir as normas imposta pela lei, a empresa deve estar atenta as novas regras dos seus clientes, deve observar as tendências regulatórias e aplicá-las ao seu negócio como controle de mudanças, gerenciamento de risco dos processos, validações, etc... A indústria farmacêutica e de produtos para saúde investe muito em tecnologia, certificações e não pode deixar que o produto tenha sua qualidade comprometida na cadeia de distribuição.Para tanto, os processos de qualificação de prestadores de serviço logístico devem ser rigorosos e garantir a capacidade operacional, o cumprimento das Boas Práticas e um sistema de Gestão da Qualidade, além dos custos apropriados. O processo de qualificação é feito através de análise de documentação, auditorias e avaliação do desempenho. O fabricante que não se atenta a isto esta correndo um grande risco do negócio. Muitas empresas na área de logística antes de começarem a trabalhar no mercado farmacêutico já têm um sistema de gestão da qualidade implantado, mas existem diferenças entre as Boas Práticas e Gestão da Qualidade. O responsável técnico é o profissional que tem a obrigação de fazer cumprir as Boas Práticas e responde sobre o cumprimento da mesma pela empresa perante os órgãos sanitários. Segundo o Wikipédia, a competitividade é a característica de qualquer organização em lograr cumprir a sua missão, com mais êxito que outras organizações competidoras. Baseia-se na capacidade de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes ou cidadãos aos quais serve no seu mercado objetivo, de acordo com a sua missão específica para a qual foi criada. A empresa prestadora de serviços logísticos, para manter o status de prestador de serviço qualificado, deve manter o cliente satisfeito com os serviços ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

30


BOAS PRÁTICAS prestados. Para isso, deve ficar atento aos KPIs descritos no contrato a ao cumprimento das Boas Práticas. Falhas devem ser evitadas, mas, eventualmente, podem ocorrer e, neste caso, devem ser investigadas e ações corretivas e preventivas devem ser implementadas de forma eficaz e eficiente. Deve existir pró-atividade entre os parceiros para atingirem o resultado esperado. A transparência entre os setores de gestão da qualidade das empresas e a certeza que os prestadores de serviço cumprem as Boas Práticas é fundamental para o sucesso da parceria. O mercado da Logistica Farmacêutica está aquecido e a Qualidade e as Boas Práticas devem ser evidenciadas pela alta direção como ponto estratégico para a sobrevivência e crescimento da empresa dentro deste mercado competitivo. ·Gerente de Operações da Intermedic Technology na área de Implantes Ortopédicos, vice-coordenadora da Comissão Assessora de Distribuição e Transporte do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo desde 2008 e Diretora da Associação Nacional de Farmacêuticos Atuantes em Logística Anfarlog desde 2009.


LEGISLAÇÃO

Márcio Raposo de Almeida

A Hierarquia das Normas - Resolução X Lei Uma pergunta que todos fazem de vez em quando é: O que vale mais, uma Resolução ou uma Lei? E não podia ser diferente quando na área farmacêutica temos um Órgão Regulador, leia-se, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publica inúmeras Resoluções as quais devem ser cumpridas pelos seus regulados. No entanto, é muito importante que saibamos qual norma é hierarquicamente superior, ou seja, “quem manda mais” em caso de conflito entre elas. Antes de apresentar “quem manda mais”, é importante saber o que é uma lei, o que é um decreto e o que são as Medidas Provisórias. Tais normas são amplamente usadas na área farmacêutica, mas muitos não sabem a diferença entre elas. Lei: É uma norma emanada pelo Poder Legislativo e promulgada pelo Presidente da República, a qual é criada para estabelecer regras a serem cumpridas. Novamente cito como exemplo a Lei 6.360/76, pois ela dispõe Márcio Raposo de Almeida sobre a Vigilância Sanitária a que ficam sujeitos Consultor MRA Consultoria Empresarial os Medicamentos, as Drogas, os Insumos Insumos Farmacêuticos e Correlatos, Cosméticos, Saneantes e Outros Produtos, e dá outras Providências. Medida Provisória: É um ato do Presidente da República que possui força de lei e somente é utilizado em casos de urgência e relevância sem a participação do Poder Legislativo, que somente irá discuti-la e aprová-la posteriormente. Destaca-se que a medida provisória tem esse nome porque entra vigor antes de ser aprovada pelo poder Legislativo. Ex: Medida Provisória nº 2190-34/2001, que alterou a Lei 9.782/99, que define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Decretos: São atos administrativos da competência dos chefes dos poderes executivos, ou seja, podem ser do presidente, dos governadores e dos prefeitos. Normalmente, um Decreto é utilizado pelo chefe do poder executivo para fazer nomeações e regulamentações de leis, neste último caso podemos exemplificar com a Lei 6.360/76, a qual foi regulamentada pelo já revogado Decreto nº 79.0894/77. Abaixo seguem um pequeno demonstrativo para melhor visualização: ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

32


LEGISLAÇÃO “Impende destacar que as normas da Anvisa, antes de sua publicação, são apresentadas ao público em geral na forma de consultas públicas, sendo de suma importância a participação das Empresas e entidades de classe na elaboração do texto final. Além das sugestões enviadas pelos interessados no prazo estipulado pela Anvisa, estes podem defender seus interesses de forma oral em reunião aberta ao público”. - Emendas constitucionais - Constituição Federal - Leis - Medidas Provisórias - Decretos - Normas Infra legais Ex: Resoluções e normas da Anvisa Acima, percebe-se que as normas da Anvisa são nitidamente inferiores as Leis e aos Decretos. Logo, tais normas infralegais devem respeitar sempre a hierarquia, não podendo, jamais, contrariá-la, sob pena de nulidade. Isto porque, conforme disposto no Art. 2, da Lei 9.784/99, a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, ou seja, quando ela praticar atos, estes devem respeitar a Lei, norma superior. Impende destacar que as normas da Anvisa, antes de sua publicação, são apresentadas ao público em geral na forma de consultas públicas, sendo de suma importância a participação das Empresas e entidades de classe na elaboração do texto final. Além das sugestões enviadas pelos interessados no prazo estipulado pela Anvisa, estes podem defender seus interesses de forma oral em reunião aberta ao público, conforme as orientações descritas na pauta disponibilizada no site da Anvisa. Após esses trâmites, a Anvisa decidirá se a sugestão de norma será publicada no Diário Oficial. Pela experiência que tenho, discussões não vão faltar para defesa dos interesses das Empresas e Entidades, na medida em que, dependendo do caso, a norma “a” poderá ser mais benéfica que a norma “b” e vice-versa, sempre respeitando a hierarquia entre elas. ·Consultor na MRA Consultoria Empresarial

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

33


CADEIA FRIA

Angela Mazzeo

Avaliação do grau de complexidade de projetos de cadeia do frio A cadeia do frio é considerada complexa, onde cada elo realiza operações que podem afetar de modo direto ou indireto a qualidade do produto, caso falhem, representam grande prejuízo financeiro. Portanto, baseado neste cenário, projetos realizados neste segmento são considerados complexos, visto a grande diversidade de steakholders envolvidas neste tipo de projeto, tanto a nível burocrático, quanto a nível de operação, por exemplo: fornecedor primário, fornecedor secundário, transportadora, companhia aérea, seguradora, despachante, entre outros. São considerados projetos complexos aqueles que estão situados num ambiente que contêm diversos sistemas autônomos e independentes entre si do ponto de vista de operação, porém interrelacionados do ponto de vista macroscópico, onde a “saída” de um projeto é considerada uma Angela Mazzeo farmacêutica e especislista “entrada” para outro; portanto, o clico de vida nos em cadeia do frio projetos complexos possuem atividades antecessoras e predecessoras em seu cronograma, sendo um dos principais desafios do gestor de projetos logísticos, que essas relações sejam harmônicas para assegurar que o produto do projeto seja entregue para o cliente dentro do prazo, custo e qualidade especificadas pelo cliente. Neste tipo de projeto, é comum ocorrer falhas de comunicação, visto que, muitas vezes, as partes envolvidas estão situadas em cidades/países ou continentes diferentes e, muitas vezes, o contato prévio em reuniões rápidas, emails e videoconferência favorecem o não entendimento claro do escopo do projeto por todos os evolvidos no mesma. Fatores como cultura e língua local devem ser considerados; em cenários, por exemplo, de uma multinacional provedoras de insumos com sede em diversos países recomenda-se o uso do conceito de “contratos tipo aliança” para facilitar a harmonização da documentação do projeto. Portanto, recomenda-se como uma boa prática, que o gestor de projeto,

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

34


CADEIA FRIA “Recomenda-se como uma boa prática, que o gestor de projeto, durante a fase de planejamento, realize o mapeamento de todos os processos inerentes às operações, de forma a identificar, quantificar e tomar ações para monitorar os riscos atrelados à estas e, em alguns casos, elaborar planos de contingência.” durante a fase de planejamento, realize o mapeamento de todos os processos inerentes às operações, de forma a identificar, quantificar e tomar ações para monitorar os riscos atrelados à estas e, em alguns casos, elaborar planos de contingência. O gerenciamento dos steakholders é considerado um dos fatores de sucesso para a integração das informações e controle do projeto. Outro fator pouco utilizado em projetos de cadeia do frio é o uso de Relatório de Lições Aprendidas. Esse tipo de ferramenta possibilita arquivar de forma documentada pontos positivos e negativos de um dado projeto, além de recomendar pontos de melhoria, que devem ser avaliadas e implementadas pelo gestor em projetos posteriores, servindo como base de conhecimento para futuros projetos. O uso da metodologia de gerenciamento de projetos na cadeia do frio é benéfica, visto que a mesma auxilia por meio de ferramentas adequadas de forma a assegurar que o cliente receba conforme preconizado pelo 5 C's : o produto certo, na temperatura certa, na quantidade certa, no local certo e na qualidade certa.

·Farmacêutica, com especializações nas área de Gestão de Projetos, Gestão de Qualidade e Engenharia de Produção, membro do PMI e PMISP. Possui experiência na área de cadeia do frio com validação de transportes, logística de operação e projetos de logística internacional.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

35


LOGÍSTICA REVERSA

Bruna Gitirana

Logística Reversa de Dataloggers A logística reversa de dataloggers é um tema ainda pouco discutido, mas muito vivenciado pelos profissionais que atuam na área de Transporte de Produtos Farmacêuticos Termolábeis. Trata-se do fluxo físico dos aparelhos registradores de temperatura desde o ponto final (local da entrega dos produtos) até o local de origem (a transportadora, operadorlogístico ou indústria). Através de um cálculo matemático simples, é possível observar a importância desse controle e o impacto dessa logística no setor de Garantia da Qualidade. Considere o exemplo abaixo: Produtos : Medicamentos hemoderivados Temperatura controlada: 2 a 8°C Quantidade de Paletes: 175 paletes Veículos: Sete carretas Procedimento no carregamento: São posicionados três loggers em cada carreta ( fundo, Bruna Gitirana - Farmacêutica meio e porta), totalizando 21 unidades. Responsável técnica da EMF Logística Procedimento no descarregamento: No término do transporte, os motoristas devem retirar todos os loggers (devidamente identificados por veículo através dos checklists de transporte refrigerado) , encaminhar por SEDEX (processo que pode levar até 4 dias úteis dependendo do Estado) ou realizar a leitura através de um computador ( processo limitado pela disponibilidade de internet, idioma e complexidade do software para que o motorista possa realizar a leitura do logger). Limitação do processo: Em caso de ocorrência, o farmacêutico não consegue atuar imediatamente pois somente após o término da operação os dados serão analisados. Além disso, vale lembrar que uma transportadora especializada na linha de produtos farmacêuticos refrigerados pode realizar várias operações no mesmo período, fato que aumenta consideravelmente o número total de registradores de temperatura. Tendo em vista que a responsabilidade da transportadora só termina quando os produtos são entregues e os relatórios finais de viagem são apresentados com

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

36


LOGÍSTICA REVERSA “A atuação do setor de Garantia da Qualidade na criação dos processos, orientação dos colaboradores, monitoramento e controle é fundamental, independentemente da solução adotada pela empresa para o controle de qualidade do transporte de produtos críticos”. com os dados de temperatura dentro da faixa especificada pelo cliente, o tempo de retorno das informações é fator determinante para o sucesso da operação. Por isso, o controle integral da saída, da viagem e do retorno desses dispositivos precisa ser minucioso, pois o extravio pode implicar em uma não conformidade grave. Cabe ao farmacêutico responsável pela garantia da qualidade, pesquisar dispositivos que atendam os requisitos técnicos das principais normas, como a da FDA (Food and Drug Administration) 21 CFR Parte 11 e a RDC 17:2010 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Hoje, existem instrumentos de medição que são monitorados por Software, através de tecnologia GPRS (General Packet Radio Service) para envio de dados de temperatura e GPS (Global Positioning System) para geolocalização. Essa solução possibilita ao cliente um acompanhamento integral do seu processo e ao transportador, maior controle e correção de eventuais falhas em tempo hábil. Veja abaixo como funciona: 1.Um termômetro digital remoto ou sensor é instalado no local em que se deseja monitorar a temperatura no baú; 2.Um módulo digital remoto é instalado e energizado na parte externa (entre a cabine e o Baú ) 3.Coloca-se um Chip da Operadora de Celular no módulo digital e configuram-se os números telefônicos e e-mails dos destinatários das notificações de alarme, em caso de desvios de temperatura e queda de energia. 4.O software via interface web, vai monitorar e registrar em tempo real via web, os dados de todos os caminhões de qualquer dispositivo com acesso a internet (

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

37


LOGÍSTICA REVERSA 5.Os relatórios são apresentados em forma de tabelas ou gráficos com data, hora, temperatura atual, máxima e mínima. 6.O sistema permite inserir justificativa da ocorrência e a ação tomada para correção, porém sua utilização está condicionada à disponibilidade da rede GPRS para captar os dados. 7.O custo, a princípio, é mais alto que um logger convencional, porém deve-se avaliar a médio prazo, pois trata-se de uma solução fixa, segura e rastreável para o veículo. Obs: Esse dispositivo é aplicável também para caixas térmicas e contêiners

A atuação do setor de Garantia da Qualidade na criação dos processos, orientação dos colaboradores, monitoramento e controle é fundamental, independentemente da solução adotada pela empresa para o controle de qualidade do transporte de produtos críticos.

Farmacêutica com Habilitação em Indústria Farmacêutica- UFOP, pós graduação em Gestão de Negócios- Ashton College. Responsável Técnica EMF Logística, diretora-conselheira da Anfarlog e membro da Câmara Técnica de Logística Farmacêutica co CRF/M.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

38


RASTREABILIDADE

Jair Calixto

Os Impactos da RDC nº 54/2013 – Rastreabilidade de Medicamentos No final de 2013, foi publicada a Resolução RDC nº 54 de 10 de Dezembro de 2013, que dispõe sobre a implantação do sistema nacional de controle de medicamentos e os mecanismos e procedimentos para rastreamento de medicamentos na cadeia dos produtos farmacêuticos. Esta resolução determina os passos para a implantação da rastreabilidade de medicamentos por meio eletrônico, alterando o procedimento de rastreabilidade hoje vigente. A rastreabilidade é responsabilidade de todos os elos da cadeia, cabendo à indústria farmacêutica manter os dados disponíveis ao órgão regulador sobre o destino de cada unidade de cada produto, a qualquer momento. Até a definição e escolha do mecanismo a ser u t i l i z a d o p e l a s i n d ú s t r i a s f a r m a c ê u t i c a s, distribuidores e farmácias/drogarias, um percurso tortuoso e difícil teve que ser atingido. Ideias, propostas e soluções nem sempre condizentes com a realidade, tiveram que ser discutidas e questionadas, intensa e profundamente, para que prevalecesse o bom senso relativo aos custos e à tecnologia. Jair Calixto Sindusfarma

Agora, estamos na fase de operacionalizar o sistema, inserindo a tecnologia do código bidimensional (2D) para possibilitar a captura,a leitura e transmissão dos dados de cada unidade de cada produto entre os diversos elos da cadeia farmacêutica. Aparentemente simples, o processo torna-se mais complexo conforme o tamanho da empresa, o número de produtos e o número de linhas produtivas. Se por um lado facilitará as ações de recolhimento dos produtos (necessidade primária da rastreabilidade), auxiliará no combate ao roubo, desvios e falsificação de medicamentos e agilizará o controle de inventário, por outro lado os custos para implantação do sistema são fatores que não podem ser

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

39


RASTREABILIDADE “A rastreabilidade é responsabilidade de todos os elos da cadeia, cabendo à indústria farmacêutica manter os dados disponíveis ao órgão regulador sobre o destino de cada unidade de cada produto, a qualquer momento” desprezados. Em visita realizada em algumas indústrias e distribuidores farmacêuticos da Turquia, no ano de 2012, pudemos verificar que no início do processo algumas empresas experimentaram redução de produtividade em até 20%. pode ter mudado em função do aprendizado adquirido nesses dois últimos anos. Destaquem-se ainda os investimentos que terão que ser feitos em equipamentos e bancos de dados. O impacto mais contundente refere-se ao banco de dados e à sua consequente operação e gestão, para que seja efetuada a transmissão de dados de cada unidade produzida, através dos elos da cadeia. Os profissionais que atuam nas linhas de produção terão que ser capacitados eficazmente sob a luz desta nova dinâmica produtiva. A alteração provocada pela serialização fará com que os controles em linha deixem de ser operados lote a lote para serem operados lote a lote/unidade a unidade. Os operadores deverão se habituar a esta nova realidade, que exigirá dos gerentes e coordenadores esforços continuados em estabelecer uma rotina de produção eficiente para manter a empresa dentro dos padrões de custos, produtividade e qualidade.

Gerente de Boas Práticas e Auditorias Farmacêuticas - Sindusfarma

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

40


EMBALAGENS E EQUIPAMENTOS ESPECIAIS Liana Papapietro G. Montemor

Como escolher a melhor embalagem térmica para o transporte de produtos com temperatura e tempo controlados Para garantir a eficiência e robustez da manutenção de uma determinada faixa de temperatura de um sistema de embalagem térmica é necessário, entre outros fatores, - como, por exemplo, os estudos de qualificação - a escolha correta do material que transportará a carga. Atualmente, o mercado farmacêutico conta com algumas opções de materiais para caixas térmicas. O EPS (Poliestireno Expandido), conhecido como Isopor®, é utilizado em 99% das indústrias farmacêuticas, por ser uma opção com bom desempenho térmico, menor custo As caixas montáveis são excelentes direto, disponibilidade em vários volumes opções para reduzir em até 30% (tamanhos) e por não necessitar de logística o espaço da armazenagem reversa por ser descartável. O PU (Poliuretano) está tentando ganhar espaço na logística de produtos com controle de temperatura, mas tanto quanto o VIP (Painéis de isolamento a vácuo), ainda não foi aceito pelo mercado como esperado por fabricantes, devido ao alto custo que não é ultrapassado por sua eficiência térmica. Soluções como caixas montáveis, compostas de papelão e placas espessas de EPS de alta densidade, são excelentes opções para reduzir em até 30% o espaço da armazenagem, contando ainda com ganho em performance térmica, devido a qualidade do EPS utilizado. Além das caixas térmicas, há opções de bolsas e maletas térmicas que podem ser desenvolvidas de forma personalizada e, atualmente, são bastante utilizadas por empresas que realizam o transporte de produtos com tempo e temperatura controlados de forma específica, com logística reversa e acompanhamento de um responsável pela carga durante o transporte. Seja uma bolsa térmica que será utilizada pelo usuário final do produto ou uma

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

41


EMBALAGENS E EQUIPAMENTOS ESPECIAIS “Seja qual for a embalagem térmica selecionada para uso no transporte da empresa, é imprescindível que ela seja qualificada de forma a garantir a qualidade do sistema”. maleta térmica para transporte de materiais cirúrgicos, submetidos ao sistema de consignação entre a empresa e o hospital. A escolha do material mais apropriado ao transporte, mediante as particularidades de cada sistema logístico, faz toda a diferença para o sucesso da manutenção da temperatura da embalagem térmica. Ao contrário do que muitos pensam, o volume da embalagem térmica não deve ser escolhido apenas em função do tamanho do produto ou da carga a ser transportada. Este é apenas uma variável atrelada à escolha do material. Alguns fatores devem ser levados em consideração para esta escolha, como a temperatura do produto a ser transportado; tempo de manutenção térmica requerido pelo sistema de embalagem; modelo de transporte, incluindo a análise de logística reversa; resistência a impactos e segurança da carga; além do valor do produto, atrelado aos riscos do sistema de transporte. Em muitos casos, é necessário ter uma embalagem com volume bastante superior ao tamanho da carga a ser transportada, em função da temperatura e do tempo que são necessários para o transporte, mediante a quantidade de gelo que suportará as especificações do produto durante sua logística. Seja qual for a embalagem térmica selecionada para uso no transporte da empresa, é imprescindível que ela seja qualificada de forma a garantir a qualidade do sistema. Apenas o estudo de qualificação de embalagens térmicas suporta com base em evidências documentadas que a configuração de elementos refrigerantes e materiais de isolamento térmico estão dispostos da maneira correta para suportar a temperatura e o tempo necessário para o transporte.

Farmacêutica e Gerente Técnica da Polar Técnica

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

42


A IMPORTÂNCIA DA TI NA LOGÍSTICA

·Jônia de Araújo Gurgel Moraes

Tecnologia da Informação Aplicada à Logística Farmacêutica Você já observou como a tecnologia da informação faz parte da nossa vida? Celular, GPS, compras on-line e muitas outras que utilizamos rotineiramente e que nem conseguimos mais imaginar como viver sem elas! As novas gerações demonstram intimidade com a TI e cada vez mais cedo fazem uso dessas ferramentas com destreza como se elas fizessem parte de seu DNA. E uma avalanche de novas tecnologias surge a cada dia, facilitando a nossa vida, tornando acessíveis produtos e serviços em tempo recorde. As empresas então são constantemente desafiadas a adquirir novas tecnologias para atender as expectativas de clientes cada vez mais exigentes, ávidos por facilidade e rapidez na obtenção de produtos e de informações de rastreabilidade de suas compras on-line. Jônia de Araújo Gurgel Moraes

Mas a tecnologia por si só não traz vantagens e não garante o atendimento das expectativas do cliente. As empresas precisam fazer uso adequado da TI de forma estruturada e objetiva para ela possa trazer benefícios e agregar valor para empresa, seus produtos e para seus clientes. Além disso, quando falamos em TI para o mercado farmacêutico, destacamos que esse nicho apresenta características próprias, com regras e controles ditados por uma Legislação diferenciada, regida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que pressionam as empresas cada vez mais por qualidade, segurança e rastreabilidade. Sendo assim, torna-se impossível nos dias de hoje, falar sobre logística farmacêutica sem falar em Tecnologia da Informação. O famoso tripé, profissionais, processos e tecnologia nos dias atuais é fundamental. ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

43


A IMPORTÂNCIA DA TI NA LOGÍSTICA “A tecnologia por si só não traz vantagens e não garante o atendimento das expectativas do cliente. As empresas precisam fazer uso adequado da TI de forma estruturada e objetiva para ela possa trazer benefícios e agregar valor para empresa, seus produtos e para seus clientes”. Como a TI pode trazer vantagens e segurança para a Logística da cadeia do produto farmacêutico? ERP – Enterprise Resource Planning – sistema de gestão empresarial, projetado com a finalidade de integrar as diversas áreas empresariais através de um banco de dados central, com dados em comum, como cadastro de produtos, materiais, clientes, fornecedores, trazendo agilidade e confiabilidade ao fluxo de informações, bem como maior eficiência e aumento na produtividade. A unificação das informações da empresa, evitando perda de tempo e divergências geradas pela duplicidade de registros nos diversos departamentos, proporciona maior visibilidade e rapidez na tomada de decisões o que é extremamente importante na comercialização de produtos farmacêuticos. WMS – Warehouse Management System ou Sistema de Gerenciamento de armazéns; através desse sistema a empresa busca processos mais enxutos, controlando adequadamente o estoque em tempo real, organizando e garantindo o posicionamento correto dos produtos no depósito, de grande valia principalmente quando existem diversos produtos com características e necessidades de controles e cuidados diferentes, como produtos da cadeia fria (que necessitam de temperatura controlada). O WMS permite ainda, entre outras funcionalidades, a gestão dos pedidos dos clientes, gerando ordens de separação de forma mais rápida e otimizada. Acoplado ao WMS a empresa ainda pode fazer uso de dispositivos móveis como a RFID (Radio Frequency Identification), ou sistema de rádio freqüência e PDV (Picking Direct Voice), sistema de separação por comando de voz, que oferecem maior velocidade na execução das tarefas, maior acuracidade do inventário e maior segurança nas movimentações dentro do armazém. Não posso deixar de mencionar o TMS (Transpor Management System) sistema

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

44


A IMPORTÂNCIA DA TI NA LOGÍSTICA de gerenciamento de transporte e o GPS (Geographic Positioning System) sistema de posicionamento geográfico, que já estão sendo bastante utilizados pelas empresas de transporte de carga com a finalidade de rastrear e acompanhar a carga durante o período de transito, evitando furto, roubo e favorecendo reações rápidas a problemas não previstos, bem como ações preventivas, o que tem garantido o sucesso no cumprimento das metas de entregas e diminuição no número de roubos de carga de medicamentos. Essas e muitas outras tecnologias podem e devem ser utilizadas pelas empresas de toda a cadeia de produtos farmacêuticos oferecendo melhores produtos e serviços, buscando o atendimento das necessidades dos clientes e agregando valor a esse tipo de produto que é tão especial, pois pode salvar e prolongar vidas. Farmacêutica, especialista em Logística Empresarial, com mais de 12 anos de experiência em Logística Farmacêutica, atuando como Farmacêutica Responsável e Coordenadora de Armazém e Centro de Distribuição, em empresas do ramo. Atualmente atua na Garantia da Qualidade no setor de armazenagem e distribuição da Indústria farmacêutica Baxter.


GESTÃO DE PESSOAS

Maria das Dores Sampaio (Dóris Sampaio)

O desafio das organizações no século XXI O mundo contemporâneo dos negócios apresenta mudanças constantes no comportamento corporativo das organizações, desafiando os gestores para criarem competências, estratégicas e criatividade no mundo do trabalho. Os impactos culturais, a evolução da economia mundial, as mudanças de comportamentos no século XXI, as exigências dos consumidores, mudanças de vida dos trabalhadores, inclusão das pessoas com deficiências, o etarismo e outros, obrigam mercado e costumes, além de melhorias na qualidade de as organizações a repensarem as necessidades de mudanças estratégicas nas competências e criarem planejamentos estratégicos nas contratações de gestores.

Dóris Sampaio Consultora e instrutora de ensino no segmento de transporte

Na última década, percebemos um avanço nas organizações, quanto à necessidade de c a p a c i t a ç ã o d e s e u s c o l a b o r a d o r e s, principalmente aqueles que representam um engajamento com a organização.

No entanto, um dos maiores desafios é entender as novas gerações que estão adentrando no mercado de trabalho, suas necessidades e anseios e reconhecimento é um dos vários desafios para um Recursos Humanos (RH) estratégico, na leitura de perfis e papéis. Vale lembrar que, muitas vezes, o processo cognitivo não atende as necessidades da organização. O conhecimento, a aprendizagem e o maior interesse é atingir as performances cobradas pelos indicadores da qualidade, exigidos pelo mercado para o fechamento do negócio, consequentemente, atingir suas metas. A organização deve buscar formas de identificação no desempenho de seus colaboradores, no sentido de compreender suas necessidades, atendendo os conceitos das ciências humanas e sociais, compreendendo o homem no contexto psicológico no campo organizacional e social.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

46


GESTÃO DE PESSOAS “O capital humano é um bem que a empresa deve valorizar a cada dia que passa, as organizações precisam se reinventar para entender as mudanças psicológicas e formar uma cidadania organizacional, para tornar a empresa um ambiente criativo, compreendendo as necessidades dos colaboradores, nos treinamentos coletivos ou individuais”. Uma ferramenta importante na gestão de pessoas, é estabelecer junto ao indivíduo um engajamento e credibilidade em torno do colaborador para assimilar o seu papel, atingindo os interesses da organização, bem como as metas estabelecidas. O capital humano é um bem que a empresa deve valorizar a cada dia que passa, as organizações precisam se reinventar para entender as mudanças psicológicas e formar uma cidadania organizacional, para tornar a empresa um ambiente criativo, compreendendo as necessidades dos colaboradores, nos treinamentos coletivos ou individuais, os chamados coaching, com o intuito de reconhecer as habilidades, atitudes e características empreendedoras que já possuem, e assim aplicar na organização contribuindo com o aprendizado e crescimento contínuo dos funcionários. As organizações devem ter um RH competente, com planejamento estratégico de contratações dentro da empresa, caso contrário, o resultado é pífio, como ocorre com a Gestão Pública de São Paulo. No caso da Cracolândia, por exemplo, se gasta muito dinheiro sem planejamento estratégico e não há gestão de pessoas com conhecimento para compreender e aplicar ações c o r r e t i v a s, u m a v e z q u e t r a t a - s e d e p s i c o p a t i a, p o r t a n t o c o m acompanhamento psiquiátrico não agentes de saúde como é o caso atualmente. O conceito é válido para todas as administrações: pública, empresarial ou privada. O bom gestor deve conhecer as pessoas com quem convive e assim melhorar as relações no ambiente de trabalho. A inteligência interpessoal consiste na capacidade individual no sentido de compreender as necessidades das pessoas presentes no seu grupo de trabalho. O entendimento deve ser baseado no conhecimento e motivação, como trabalham e como trabalhar em equipe, procurando entender como os indivíduos reagem no ambiente, aplicando a meritocracia. Essa é uma característica que um líder deve ter para administrar um departamento em uma organização.

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

47


GESTÃO DE PESSOAS Hoje, a economia vive em um mundo de incertezas. Os mercados necessitam de produtos, bens e serviços especializados. As organizações estão à procura de indivíduos capacitados, qualificados, pró-ativos e com inteligências coletivas para que atinjam a competência individual. É preciso compreender e aplicar suas habilidades na integração dos valores da organização, no tangente a conhecimentos, comportamentos e atitudes, pensando no desenvolvimento do profissional e com foco na organização, o conhecido método do CHA- Conhecimento Habilidades e Atitudes que é aplicado na gestão do conhecimento, para medir o desempenho do colaborador. Na minha experiência em Gerenciamento de Pessoas, Consultoria de Mercado no ramo dos Transportes e Serviços, concluo que: as organizações devem incluir os colaboradores operacionais que estão invisíveis no planejamento estratégico da empresa, "a ausência do olhar do outro na organização". ·Socióloga, Pós - Graduada em Política e Relações Internacionais, Consultora e Instrutora de Ensino no Transporte Aéreo e Marítimo, Fundadora e Diretora de Ensino da DS AIR Consultoria e Treinamento de Gestão da Qualidade ISO.


PERGUNTAS E RESPOSTAS: As perguntas abaixo foram respondidas por integrantes do grupo de trabalho na área de Transporte da Anfarlog. Tratam-se de : Renata Formoso, Ronaldo Ramos - coordenador do grupo e Eliane Braga.

1.Como realizar mapeamento térmico de um armazém? Resp. Lembramos que o foco de uma empresa de Armazenagem e seus profissionais deve ser a excelência na prestação de serviço. A realização de mapeamento térmico de armazém deve ser feito através de contratação de empresa especializada. É importante qualificar a empresa que prestará este serviço de acordo com todos os requisitos legais e de qualidade.

2.Sou proprietário de uma transportadora, já possuímos AFE – Autorização de Funcionamento ANVISA, e agora pretendo agregar o serviço de armazenagem de produtos farmacêuticos, porém tenho dúvidas: Necessito solicitar nova Autorização de Funcionamento? Se sim, ao peticionar pelo site da ANVISA solicito ampliação de atividade ou não? Resp. Para agregar o serviço de armazenagem de produtos farmacêuticos, será necessário atender todos os requisitos da Legislação Sanitária Vigente inclusive Autorização de Funcionamento – AFE que deverá ser solicitada a ANVISA através do peticionamento pelo site. Quanto à ampliação de classe, será uma opção mais ágil e fácil realizar esta solicitação em vez de nova Autorização.

3.Qual a diferença entre Operador Logístico, Armazenador e Distribuidor? Resp. O Armazenador é um prestador de serviço onde ocorre a guarda temporária de produtos em geral (insumos, matérias primas, produtos acabados, etc.). O armazém normalmente é uma estrutura fechada, coberta, com temperatura monitorada ou controlada, podendo ter prateleiras, gavetas, baias dependendo da necessidade. A distribuição é uma atividade associada à movimentação de materiais desde o fabricante até o cliente final. O Distribuidor é responsável pela distribuição dos produtos manufaturados. Compra e venda de mercadorias. ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

49


PERGUNTAS E RESPOSTAS: O Operador Logístico é uma empresa especializada em movimentar, armazenar, transportar, processar pedidos e controlar estoques, entre outras atividades. O serviço pode ser prestado no próprio Operador Logístico ou nas dependências do cliente, dependendo do acordo firmado entre as partes.

4. Gostaria de saber se há alguma legislação que proíbe a devolução de medicamentos termolábeis de cliente para o fornecedor? Em relação à questão, o grupo de Cadeia Fria da Anfarlog desconhece qualquer normatização a este respeito. Mas, por orientação das empresas, nenhum produto perecível pode ser devolvido após adquirido, visto que não há evidências das condições ambientais do qual foi submetido. Portanto, pode sim haver recusa na entrega, se nesta entrega houver uma identificação de não conformidade. (Respondido pelo Grupo de Cadeia Fria da Anfarlog, que tem como coordenadora a Dra. Lidiana Correia)


AGENDA Anfarlog divulga sua agenda de eventos Programação inclui interior de São Paulo A Anfarlog (Associação Nacional dos Farmacêuticos Atuantes em Logística) tem como seus objetivos fomentar o setor e viabilizar oportunidades de negócios, bem como fornecer subsídios para que o mercado amplie sua competitividade e estreite suas relações comerciais. Para isso, a Associação tem preparado uma série de eventos a serem realizados durante todo o ano e, para começar, a Anfarlog já divulga sua agenda. Para saber mais informações sobre cada um dos eventos, basta ficar atento aos nossos canais de comunicação. Programe-se e não deixe de participar.

Fevereiro - Reunião grupo de trabalho Transporte, na sede da Anfarlog, em São Paulo - Reunião grupo de Trabalho Cadeia Fria, na sede da Anfarlog, em São Paulo

Abril - Seminário Logística Farmacêutica Multimodal, em Campinas (SP) - Almoço de Negócios, local a definir

Maio - Mega Seminário Logistica Farmacêutica, Em Anápolis (SP) - Cool Logistics Americas - 14 e 15 de maio, no Blue True, localizado na Avenida Faria Lima, em São Paulo. O evento, que tem o apoio da Anfarlog, contará com palestrantes da Hamburg Süd, Polo Operadores, APM Terminals, Maersk Line, entre outros. Mais informações pelo coollogisticsresources.com/americas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Livro: Manual Brasileiro de Boas Práticas de Cadeia de Frio Coordenação: Ricardo Miranda Co-coordenação: Liana Papapietro Galvão Montemor Colaboraram: Ana Coelho, Anderson Ramos, Fausto Bartolo, Gisele Buosi, Kleber dos Santos, Lenita Gnochi, Renata Coelho, Roberto Arditti, Vanessa Burri, Vânia de Carvalho e membros do Comitê de Cadeia Fria do ISPE Brasil. Descrição: O manual visa harmonizar e disseminar as práticas e o conhecimento sobre a cadeia fria no Brasil em relação às obras de referência, bem como a legislação corrente. Onde encontrar: Com Ana Lúcia no ispebrasil@ispe.org.br

ANFARLOG EM REVISTA ‐ EDIÇÃO 02 ‐ MARÇO 2014

51



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.