AS MEMÓRIAS DO CORPO: RELAÇÃO DOS SENTIDOS HUMANOS COM O ESPAÇO

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AS MEMÓRIAS DO CORPO

RELAÇÃO DOS SENTIDOS HUMANOS COM O ESPAÇO Angélica Chirle de Jesus Viola. 2021



AS MEMÓRIAS DO CORPO:

RELAÇÃO DOS SENTIDOS HUMANOS COM O ESPAÇO Trabalho final de graduação Arquitetura e Urbanismo. 2021 Centro universitário Barão de Mauá Angélica Chirle de Jesus Viola Orientador: Fernando Gobbo Ferreira


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

V792m Viola, Angélica Chirle de Jesus As memórias do corpo: relação dos sentidos humanos com o espaço/ Angélica Chirle de Jesus Viola - Ribeirão Preto, 2021. 122p.il Trabalho de conclusão do curso de Arquitetura Urbanismo do Centro Universitário Barão de Mauá

e

Orientador: Me. Fernando Gobbo Ferreira 1. Sensorial 2. Arte 3. Cultura I. Ferreira, Fernando Gobbo II. Título 8 Bibliotecária Responsável: Iandra M. H. Fernandes CDU 72 CRB 9878


AS MEMÓRIAS DO CORPO: RELAÇÃO DOS SENTIDOS HUMANOS COM O ESPAÇO Trabalho final de graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Barão de Mauá, para obtenção do título de bacharel. Orientador: Prof. Me. Fernando Gobbo Ferreira Data de aprovação ____ / ____ / ________

BANCA EXAMINADORA

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Ribeirão Preto, 2021


Imagem 01: Praça XV de Novembro. Fonte: Acervo da autora. 2021


Me mostra Eu quero ver Aquela tua arte Que ninguém quer saber Me conta Eu quero ouvir Aquela tua história Importante “só pra ti” Me apresenta Eu quero provar O sabor das tuas ideias Sejam atuais, sejam velhas Me permita Eu quero tocar Nesse teu mundo Tão diferente do de “lá” Me aproxima Eu quero sentir A fragrância da tua alma E o que ela exala por aí Sâmara Santana Câmara



AGRADECIMENTOS Enfim alcancei o final desse lindo ciclo, onde conquistei grandes aprendizados, não apenas na área da arquitetura e urbanismo propriamente ditos, mas em âmbito pessoal e emocional. Pude viver os extremos entre magníficas e apavorantes experiências, todas essenciais para minha formação e não há palavra que defina melhor meu sentimento após esses cinco anos que gratidão. Sou imensamente grata aos principais colaboradores dessa conquista, minha mãe, que além de adotar meu sonho como se fosse dela, me deu todo o suporte necessário durante toda a minha vida, e meu irmão, que acreditou no meu potencial mais que eu mesma. Pessoas me juraram que seria possível e que ao final de tudo valeria a pena, além de segurarem minha mão e vivenciar junto comigo cada momento da loucura chamada curso de arquitetura e urbanismo. Agradeço o meu pai que auxiliou de formas diretas e indiretas esse sonho, aos meus amigos que entenderam as inúmeras vezes que precisei abrir mão de suas companhias para desenvolver os vários trabalhos do curso, em especial a minha amiga Caroline, que desde o primeiro momento me incentivou e vibra junto comigo a cada conquista. Reconheço a importância de todos que cruzaram o meu caminho durante o período de graduação, mas agradeço principalmente aos meus colegas de curso e grandes amigos, por quem tenho grande apreço e espero levar para a vida, meu eterno grupo de projeto, que durante esses cinco anos me ofereceram grande amizade, além de suporte nas dúvidas e problemáticas projetuais. Agradeço especialmente meus amigos Carlos Alexandre e Roberta, que tantas vezes me ajudaram e me auxiliaram. Agradeço imensamente ao meu orientador Fernando Gobbo, por quem tenho grande apreço e admiração desde a primeira aula lecionada na minha turma. Tenho imensa gratidão também aos demais docentes que compartilharam tanto conhecimento e me instigaram a ver de novas formas a cada novo desafio exigido, mas em especial agradeço a Ana Ferraz, que me proporcionou grande auxilio quanto ao desenvolvimento desse trabalho.



RESUMO

O presente trabalho trata-se do objeto para a conclusão do curso de arquitetura e urbanismo, e tem como enfoque a relação do corpo com a arquitetura por intermédio dos sentidos humanos com o espaço, assim possibilitando a criação de conexões, experiências e consecutivamente memórias. Tem como objetivo central a elaboração do projeto de um centro cultural, com possibilidade de replicação em vários locais da cidade de Ribeirão Preto e região, mas tem como local de estudos um espaço presente no bairro Valentina Figueiredo, na zona norte da cidade. A edificação proposta será implantada ao lado de uma quadra poliesportiva existente no local. Pretende-se criar um projeto cujo o edifício tenha como principais característica a instigação e exploração dos sentidos humanos, a integração com os demais edifícios vizinhos e entre os espaços presentes em seu interior, além de ambientes flexíveis de forma que variadas atividades se desenvolvam em um mesmo local.


SUMÁRIO


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Introdução

Relação do corpo com a arquitetura

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Conexão

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Forma que o indivíduo percebe o espaço

Experiência

Vinculo entre o usuário e a obra

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Memória

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Processo para a criação de lembranças

O Local

Características do lote de inserção do projeto

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Análise

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Levantamento das características da área

Referências

Inspirações projetuais

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O Projeto

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Anexo I

Síntese de dados de um questionário aplicado

Desenvolvimento do projeto arquitetônico



MOTIVAÇÃO

Desde o início do curso, ou até mesmo antes dele, as relações do corpo com os espaços urbanos me chamaram a atenção, a forma que os sentidos influenciam nas experiências humanas, como a arquitetura pode estar ligada à muitas de nossas memórias e a importância da presença física na obra. Além disso, pude observar a relevância dos sentidos para a criação de memórias do corpo, por meio de um questionário aplicado a pessoas de diversas idades, profissões e localidades (dados presentes no anexo I), onde foi expressada a relação íntima dos sentidos humanos com as memórias, sejam essas boas ou ruins. A aspiração por um objeto de cunho cultural se deu em razão de minha grande paixão pela arte, que me acompanha desde a infância, o que sempre me fez sentir falta de espaços onde atividades culturais e artísticas pudessem ser desenvolvidas, principalmente nas áreas habitadas por famílias em situação de vulnerabilidade social. Portanto, o trabalho em questão busca frisar a importância da criação de memórias com a arquitetura, por meio da relação do corpo com a obra, podendo gerar o sentimento de pertencimento, além da influência de atividades culturais no desenvolvimento do cidadão.

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INTRODUÇÃO

RELAÇÃO DO CORPO COM A ARQUITETURA


[

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“A arquitetura não é para ser vista, é para ser vivida. " ROCHA, Paulo Mendes


O desenvolvimento de uma obra arquitetônica vai além da criação de limites e setorização de espaços, devese considerar a relação do corpo com a edificação, de forma que o usuário possa ter experiências no local. Com isso, o presente trabalho pretende levantar questões acerca da relação entre o indivíduo e a obra arquitetônica por meio dos sentidos e seu impacto nas sensações, além de sua influência no bem estar, cotidiano e memórias humanas. Collin Abdallah (2018) cita em seu texto um discurso do arquiteto Pallasmaa “Aprendi aos poucos que arquitetura é uma mediação entre o mundo e nossas mentes. Então, arquitetura nos conta alguma coisa sobre o mundo. Conta algo sobre a história, a cultura, como a sociedade funciona e, por fim, nos conta quem somos. E [boa] arquitetura, ou arte em geral, nos permite viver uma vida mais digna do que poderíamos viver sem ela.” PALLASMAA, Juhani. O que torna um espaço marcante ou faz com que o mesmo nos toque de alguma forma? A criação de experiências e memórias são completamente pessoais, por vezes relacionadas a lembranças criadas na infância, por meio dos sentidos humanos. Por isso, locais de grande apreço afetivo para algumas pessoas, podem 05

passar despercebidos a outras. Mas deve-se considerar também o interesse de quem observa a obra, pois, por vezes obras magníficas passam despercebidas pelo olhar desinteressado. A arquitetura nos rodeia o tempo todo, mas além da necessidade de a obra promover certa conexão com o corpo e o indivíduo, o mesmo deve estar aberto ao que a construção pode oferecê-lo. Devese considerar também as diversas formas que uma obra arquitetônica pode ser vista e sentida, essa percepção é pessoal a cada indivíduo, podendo variar conforme a vivência de cada um. “Se a experiência depende duplamente do espaço – ou da coisa – e de quem o percebe, a equação pode ser nula, isto é, em uma situação de apatia por parte do sujeito em um espaço insosso, isto é, que pouco acrescenta à sensorialidade, a troca simplesmente não acontece. Em uma situação ideal a lógica da dupla distância e da interferência entre a minha carne e a carne do mundo acontecem; no entanto, há o caso de não ver, mas ser visto. É que quando o objeto ou o espaço se configuram ao engajamento e o sujeito está em uma condição indisposta para a troca, sua percepção é minguada. Se minha carne não possui certo grau de


CONTEXTUALIZAÇÃO

plasticidade, o mundo real e o mundo possível permanecem neutros para mim. Assim, a interferência da carne do mundo em mim depende também da extensão da minha carne. Sobretudo, depende da disposição da minha carne para a experiência.” CARVALHO, Diogo Ribeiro (2016, vitruvius.com.br) Segundo Benevides (2014), a história de uma sociedade e os fatos históricos podem ser identificados por meio do espaço construído, representado na arquitetura da época e pelos hábitos culturais do local. A organização espacial, as técnicas construtivas revelam influências e todas as adaptações que sofreram ao longo do tempo. Cada qual com suas particularidades típicas da região, caracterizando hábitos culturais da comunidade, fortalecendo a identidade cultural de um povo. Considerando a individualidade de percepção de cada pessoa, a memória afetiva com a cidade pode variar e até mesmo ter extremos, dependendo da forma que o cidadão teve contato com o espaço, suas experiências e consequentemente memórias criadas no local. Ao transitar pelo Centro de Ribeirão Preto muitas obras nos chamam atenção por sua plasticidade, ornamentação

ou a história que a envolve, resquícios de uma sociedade muito diferente da que frequenta o local atualmente, com hábitos e interesses destoantes dos antigos moradores. Indiferente da região da cidade que resida, ou até mesmo moradores de cidades presentes na região metropolitana, em sua maioria possuem memórias afetivas com a região central da cidade, seja por seu caráter comercial e de prestação de serviços, pelas atividades educacionais presentes ali, entre outros atrativos. Uma mescla de construções modernas e do século anterior criam um cenário de encontros, conversas, brincadeiras, expressões artísticas, passeios, local onde a cidade acontece. Espaços como o edifício que abriga a biblioteca Sinhá Junqueira, local desenvolvido pelo arquiteto Ramos de Azevedo para ser residência de uma das famílias mais famosas da cidade, tido como local de grande afeição à família Junqueira, que utilizou a edificação de forma particular por aproximadamente 30 anos. Realizando o desejo da Sinhá Junqueira, a edificação foi aberta ao público, abrigando um variado acervo literário, tornando-se também palco de memórias e experiências de inúmeras pessoas não pertencentes à família 06


Junqueira. Após 64 anos da disponibilização do edifício para uso público a mesma passou por uma revitalização que lhe proporcionou maior destaque na cidade. Assim como o museu de arte de Ribeirão Preto (MARP), que já abrigou atividades totalmente distintas das realizadas atualmente, o edifício inaugurado em 1908 contrasta com as obras atuais contidas em seu interior, exposições que buscam estimular a curiosidade do usuário, fazer com que ao explorar o prédio, sinta-se descobrindo a forma como os antigos moradores da cidade a ocupavam. Outro local muito importante para a história da cidade e dos que frequentam sua área central é a praça XV de Novembro, local que já abrigou a igreja em homenagem à São Sebastião, padroeiro do município, construída em 1856 fez com que o vilarejo crescesse, mas em 1900 a igreja já se encontrava em estado de ruína, por isso foi necessária a construção de uma nova matriz, e assim foi substituída pela atual catedral metropolitana, e nos dias de hoje o local possui uma fonte, um dos principais cartões postais de Ribeirão Preto. A praça que já abrigou uma das principais edificações no início da cidade, atualmente presencia outras 07

diversas histórias, como a feira do livro, evento anual que visa estimular a leitura e outros meios culturais, além das inúmeras apresentações artísticas realizadas no local, manifestações, entre outras várias atividades. Ao lado da praça XV de Novembro está localizada a praça Carlos Gomes, onde já esteve localizado o teatro de mesmo nome, que foi substituído pelo teatro Pedro II, localizado na praça ao lado, o espaço onde estava inserido o antigo teatro atualmente recebe feiras, além de mosaicos presentes ali, e outras atividades realizadas no local, que faz com que a praça esteja sempre repleta de pessoas. A área central passou por inúmeras modificações, adaptando-se aos novos tempos e demandas da população de cada época, com edificações preservadas, outras que se foram e não deixaram ao menos resquícios de sua existência no local de inserção, além das inúmeras novas edificações que contrastam com a história presente nessa região, mas principalmente criam marcas da população atual. Tais usos possibilitam que os mais diversos grupos e pessoas utilizem o local, possibilitando que criem experiências e consequentemente memórias com o local.


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“A falta de humanismo da arquitetura e das cidades contemporâneas pode ser entendida como consequência da negligência com o corpo, os sentidos e um desequilíbrio de nosso sistema sensorial” PALLASMAA, Juhani (2011, p. 17). Nota-se que muitas obras arquitetônicas da atualidade pouco exploram a relação do corpo e sensações humanas com as construções, pois, por vezes, apenas a visão é explorada, por meio da ênfase nos aspectos estéticos, quase que anulandoa importância dos demais sentidos. Com o passar do tempo, os sentidos humanos sofreram adaptações, conforme as tecnologias dispostas em cada época, a princípio, a audição era o sentido que se destacava diante dos demais, por não haver a escrita, como forma de registro visual, informações importantes eram ditas, e assim, a forma de vermos o mundo foi sendo modificada, até alcançarmos a era da fotografia, onde a facilidade do instrumento fez-nos afastar do físico, tornando a visão o sentido mais explorado, e por vezes suficiente para o reconhecimento do ambiente. 1 “Na nossa cultura da fotografia, o olhar é arrasado em uma imagem bidimensional e perde sua plasticidade. Em 11

vez de experimentar nossa existência no mundo, a contemplamos do lado de fora, como espectadores de imagens projetadas na superfície da retina.” PALLASMAA, Juhani (2011, p. 29) “À medida que nossos meios tecnológicos se multiplicam, amadurecemos ou mais bem atrofiamos desde um ponto de vista perceptivo? Vivemos nossas vidas em espaços construídos, rodeados de objetos físicos. No entanto, havendo nascido neste mundo de coisas, somos capazes de experimentar plenamente os fenômenos de sua interrelação, de obter prazer de nossas percepções?” FRACALOSSI, Igor (2012, Archidaily.com.br) Segundo Zevi (1948), o público não se interessa pela arquitetura assim como por outras artes, devido ao difícil acesso às obras, que apesar de serem representadas por desenhos tridimensionais, não podem ser vivenciadas, pois, quando se trata dessas representações, o homem sempre estará de fora, como um simples espectador, o que torna a obra pouco interessante para alguns. A arquitetura, diferentemente das outras artes, pouco é apresentada de forma mais profunda desde a infância, é inevitável o contato com obras arquitetô-


nicas, considerando que estão presentes pelas cidades do mundo todo, mas a falta de conhecimento sobre elas, pode não as torna-las atraentes para pessoas leigas no assunto. 2

PROBLEMÁTICA

“O desafio da arquitetura consiste em estimular tanto a percepção interior como a exterior, em realçar a experiência fenomênica enquanto, simultaneamente, se expressa o significado, e desenvolver esta dualidade em resposta às particularidades do lugar e da circunstância.” FRACALOSSI, Igor (2012, Archidaily.com.br)

1 “Quando, no último decênio do século passado, se torna fácil a reprodução de fotografias, e, por isso, a sua difusão em massa, os fotógrafos tomam o lugar dos desenhistas e com um disparo da sua objetiva substituem as perspectivas que os apaixonados estudiosos da arquitetura haviam laboriosamente traçado a partir do Renascimento.” ZEVI, Bruno (1948, p. 21)

2 “Há, antes de mais nada, a impossibilidade material de transportar edifícios para um determinado local e de com eles fazer uma exposição, como se faz com os quadros. É necessário já ter interesse por esse tema e estar munido de notável boa vontade com uma certa ordem e inteligência.” ZEVI, Bruno (1948, p. 02) 12


Conforme Maurice Merleau-Ponty “Minha percepção é [portanto] não uma soma de pressupostos visuais, táteis e auditivo: Eu percebo de maneira total com todo meu ser: eu abarco uma estrutura única da coisa um modo único de ser, o que fala com todos meus sentidos ao mesmo tempo.” PALLASMAA, Juhani (2011, p. 20) “Edifícios tocam nosso corpo e noção de equilíbrio corporal, tensão, propriocepção e movimento. Na verdade, os espaços de arquitetura abraçam e abrigam nossos corpos. A imagem de arquitetura é, fundamentalmente, um convite à ação; por exemplo, o piso convida à movimentação e atividade, a porta é um convite para entrar ou sair, a janela, para olhar para fora, a mesa, para se reunir em volta dela.” PALLASMAA, Juhani (2013, p. 42 e 43) Segundo Zumthor (2006), uma arquitetura de qualidade é aquela que pode nos comover, e denomina a forma que a arquitetura pode nos tocar como “atmosfera, sendo possível criar diferentes ambientes com as mais diversas finalidades e que provoquem sensações completamente pessoais a cada pessoa. Portanto, o objetivo do presente trabalho de conclusão de graduação do 13

OBJETIVO

curso de arquitetura e urbanismo visa reconhecer a importância dos espaços arquitetônicos pensados para criar conexões e abrigar o corpo de forma marcante, por meio da instigação dos sentidos humanos, ampliando o foco na visão para as demais formas de atingir as emoções humanas, de desenvolver conexões e consequentemente criar memórias.


A escolha do tema arquitetura sensorial se deu em função da relação do corpo com as construções na contemporaneidade e a compreensão de que devido a inexploração dos sentidos humanos, há uma maior dificuldade em criar experiências marcantes, assim, mesmo pessoas com o olhar interessado podem estar restritas a conexões rasas com a obra, o que consequentemente não incita o interesse pela arquitetura. 3 “A arquitetura tem o poder de inspirar e transformar nossa existência do dia - a - dia. O ato cotidiano de agarrar a maçaneta de uma porta e abri-la a um campo banhado de luz pode se converter num ato profundo se o experimentamos com uma consciência sensibilizada. Ver e sentir estas qualidades físicas significa tornar-se o sujeito dos sentidos.” FRACALOSSI, Igor (2012,Archidaily.com.br) Apesar de a arquitetura não nos ser apresentada da mesma forma que outras expressões artísticas palpáveis, como pintura e escultura, que comumente nos são apresentadas ainda no ensino fundamental, ou até mesmo antes disso, em vários formatos. 4 A maioria de nossas memórias afetivas estão ligadas diretamente à algum de

JUSTIFICATIVA

nossos sentidos, seja o cheiro do campo, ou o sabor da comida da avó, como representado nas respostas do questionário presentes no anexo I. Por vezes os menores detalhes de um local, são os que nos marcam profundamente, e os fazem mais ou menos convidativos, podendo oferecer a sensação de bem estar, ou até mesmo torná-lo desagradável. Existem locais em que não queremos mais abandoná-los, mas também existem lugares pensados para transmitir experiências ruins. A maioria das sensações podem ser estimuladas por meio de luzes e sombras, texturas, cores, temperaturas, etc. 5

“A dimensão artística de uma obra de arte não está na coisa física propriamente dita; ela só existe na consciência da pessoa que passa pela experiência pessoal da obra. Assim, a análise de uma obra de arte é um ato genuíno de introspecção da consciência a ela submetida. Seus significados não estão contidos nas formas, mas nas imagens transmitidas pelas formas e na força emocional que elas carregam. A forma somente age sobre nossos sentimentos por meio do que ela representa.” NESBIT, Kate (2008, p. 484) Segundo o texto “Arte, uma necessidade humana”6, o homem está passan14


do por um processo de transformação, por meio de mudança de hábitos, conceitos, pensamentos, mas é indispensável que aproveite a liberdade para se expressar, e o artista deve usar tal liberdade para desempenhar o seu papel social. O contato com a arte é de extrema importância para a evolução de uma sociedade, pois é por meio dessa, que se pode expressar livremente, também dessa forma podem ser registradas as diversas culturas presentes no mundo ou que existiram em outro momento da humanidade. 7

A criação de um espaço cultural na área periférica da cidade possibilitará que muitos dos moradores locais realizem o primeiro contato com a arte, através de diversas atividades artísticas, por meio do corpo, verbalmente ou por registros fotográficos, escritos e desenhos. Também é válido ressaltar a importância dos equipamentos culturais para a redução da marginalidade entre crianças e adolescentes, pois, esses poderão ocupar seu tempo livre com atividades que contribuirão para seu desenvolvimento.

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3 “Uma experiência cinemática de uma catedral de pedra pode levar o observador através e por cima dela, ou inclusive fazê-lo retroceder fotograficamente no tempo, mas só o edifício real permite que o olho deambule livremente por entre os detalhes engenhosos; só a arquitetura oferece as sensações táteis da textura da pedra e dos bancos polidos de madeira, a experiência da luz cambiante com o movimento, o cheiro e os sons que ecoam no espaço e as relações corporais de escala e proporção. Todas estas sensações se combinam numa experiência complexa que passa a estar articulada e a ser específica, embora sem palavras. O edifício fala dos fenômenos perceptivos através do silêncio.” FRACALOSSI, Igor (2012, Archidaily.com.br) 4 “O estudo da arte em sala de aula é importante para que os educandos compreendam a arte como fruto da relação do ser humano com a sociedade em que vive [...]” BIESDORF, Rosane Kloh. WANDSCHEER, Marli Ferreira. (2011, p.4) 5 “Mais plenamente que o resto das outras formas artísticas, a arquitetura capta a imediatez de nossas percepções sensoriais. A passagem do tempo, da luz, da

sombra e da transparência; os fenômenos cromáticos, a textura, o material e os detalhes…, tudo isso participa na experiência total da arquitetura. A representação bidimensional – em fotografia, em pintura ou nas artes gráficas - e a música se encontram sujeitas a limites específicos e, por isso, captam só parcialmente a multidão de sensações que evoca a arquitetura. Embora a potência emocional do cinema é irrefutável, só a arquitetura pode despertar simultaneamente todos os sentidos, todas as complexidades da percepção. ” FRACALOSSI , Igor (2012, Archidaily.com. br) 6 BIESDORF, Rosane Kloh. WANDSCHEER, Marli Ferreira. Arte, uma necessidade humana: Função social e educativa. Jataí. Revista eletrônica do curso de pedagogia, campus UFG. Vol. 2, n. 11. 2011. 7 Segundo Fischer (1987, p. 20), “A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte também é necessária em virtude da magia que lhe é inerente.” BIESDORF, Rosane Kloh. WANDSCHEER, Marli Ferreira. (2011, p.3)

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CONEXÃO

FORMA QUE O INDIVÍDUO PERCEBE O ESPAÇO


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“Damos forma às nossas construções, as quais, por sua vez, dão forma a nós” Hall, Edward T. (1986, p. 125)


um m o v i m e n t o c o m p o n d o a l é m d a n u v e m u m c a m p o d e c o m b a t e m i r a g e m i r a d e u m h o r i z o n t e p u r o n u m m o m e nt o v i v o 19

Décio Pignatari: Um movimento, 1956


A forma que cada pessoa percebe algo é baseado em vivencias, valores, cultura, costumes, formação educacional, situação econômica, local de moradia, entre outros aspectos. A experiência de cada pessoa ocorre de acordo com a forma que o estímulo é percebido, podendo até mesmo não ser percebido e nenhuma experiência ser gerada. De acordo com Benevides (2014), perceber é estar diante de algo que se apresenta, não apenas por meio da visão, mas utilizando outros meios sensoriais e aguçando o sistema cognitivo. Assim, a percepção é entendida como limitada ao que o ser humano está preparado para perceber. “A experiência sensível é o início de todo o conhecimento. Por isso, a sensação é a primeira das fases do processo de percepção. É, através do corpo, que os mundos externo e interno se interligam. Esse conjunto de elementos fornecem condições para que o espaço seja percebido, despertando sensações positivas ou negativas no ser humano.” BENEVIDES, Alessiana (2014, p.42) Segundo Santaella (1993), a maior parte do processo de percepção está fora do nosso controle, podendo contro-

PERCEPÇÃO

la-lo apenas quando o objeto em questão é interpretado. Ou seja, a forma que algo nos atinge dependerá de outros aspetos que vão muito além do que é visto, tocado, ou sentido de forma geral. Durante toda a vida somos bombardeados com informações percebidas e por vezes armazenadas, assim consegue-se reconhecer e entender os símbolos e as imagens apresentadas nas coisas a nossa volta. Zevi (1948) afirma que para captar completamente a visualidade de uma obra arquitetônica é necessário o movimento, transitar por entre seus vãos, dessa forma, a relação da arquitetura com o corpo possibilita que o indivíduo vivencie o ambiente de forma única. Por isso é de extrema importância que o projeto busque criar condições de os ambientes acionarem os sentidos.

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PONTOS COM MAIOR FLUXO/ PERMANÊNCIA DE PESSOAS

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Locais com fluxo/ permanência baixo Locais com fluxo/ permanência médio Locais com fluxo/ Permanência alto


“O Homem e a arquitetura são entidades interiores, ambos são conceitos físicos que dependem e necessitam um do outro. O homem será então o ponto de partida para arquitetura tornando-se um elemento essencial para a sua concepção. Entende-se assim o corpo humano é perspectivado como matéria para a criação arquitetônica e consequentemente perceptiva, esta é a génese de toda a arquitetura.” ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de (2019, p. 24) Ao longo dos anos foram desenvolvidas praticas que possibilitam elaborar espaços adequados às mais variadas demandas, sendo todos os formatos focados no conforto máximo do usuário, considerando a individualidade de cada pessoa. A arquitetura é palco para relações interpessoais e intimamente pessoais, e é capaz de transformar espaços em abrigos, refúgios, lares, entre outros títulos referentes aos espaços de pertencimento humano. A arquitetura sempre esteve na vida humana, por meio da busca por soluções que tornem os espaços acolhedores, assim, notamos a interdependência entre a arquitetura e o indivíduo. “Nossos corpos e movimentos estão em constante interação com o ambiente;

PERTENCIMENTO

o mundo e a individualidade humana se redefinem um ao outro constantemente. A percepção do corpo e a imagem do mundo se tornam uma experiência existencial contínua; não há corpo separado de seu domicílio no espaço, não há espaço desvinculado da imagem inconsciente de nossa identidade pessoal perceptiva” PALLASMAA, Juhani (2011, p.38) A relação humana com os espaços arquitetura vai além da proteção das intempéries do tempo, ou local destinado apenas ao descanso, os espaços são responsáveis por diversas sensações e experiências que podem se tornar memórias permanentes, essenciais para o desenvolvimento pessoal de cada indivíduo. O sentimento de pertencimento auxilia a reforçar a identidade individual, podendo ser instigado por meio dos sentidos e do corpo, estabelecendo relação entre o ambiente e a mente humana. O entendimento do local, disposição dos elementos, organização, fluxo e funcionamento despertam sensações, sejam elas boas ou ruins, em sua maioria associadas a outras experiencias vividas e que de alguma forma foram armazenadas na memória. 8 Segundo Benevides (2014), o ser humano precisa sentir-se acolhido, pertencer 22


a algo, se identificar. Todas essas ações ampliam o sentimento de pertencimento a determinado lugar. Considerando que o lugar é um espaço construído por meio das pessoas, de como se apropriam desse, criando histórias e lembranças, deixando marcas pessoais de cada indivíduo, assim, os espaços são constantemente renovados. “A arquitetura, ao construir espaços habilitados ao longo do tempo, contribui para a construção da identidade humana. Através da mesma, são obtidos traços da história, conexões com o passado e integração com o presente, deixando registrados muitos dos aspectos da vida.” BENEVIDES, Alessiana (2014, p. 31)

8 De acordo com Almeida (2019), a arquitetura não só influencia a vida com atividades que realizamos no interior de cada espaço, também desencadeia emoções, oriundas das suas propriedades físicas e imateriais.

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DINÂMICAS LOCAIS

Fluxo baixo de pessoas Fluxo médio de pessoas Fluxo alto de pessoas Segunda a Sexta

Sábado

Domingo

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Aos fins de semana, os locais mais frequentados pelos moradores locais são os espaços religiosos, bares, campo de futebol e praças. Tais pontos de lazer disponíveis na área não são suficientemente atrativos para os moradores de bairros e regiões vizinhas da cidade, portanto, os espaços presentes no local são comumente frenquentados apenas por moradores vizinhos a eles.


EXPERIÊNCIA

VÍNCULO ENTRE O USUÁRIO E A OBRA


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“O ser humano está associado às experiências vividas, a forma de interpretar o espaço está ligada não só aos sentidos sensoriais como a cultura.” BENEVIDES, Alessiana (2014. p.57)


Segundo Zevi (1948), o espaço é protagonista da arquitetura, ou seja, a obra arquitetônica é intimamente ligada ao local que está inserida, não só pela influência das pessoas que ali habitam, mas também pelas condições climáticas, geológicas, socioeconômicas, entre outras. “A arquitetura é nosso principal instrumento de relação com o espaço e tempo, e para dar uma medida humana a essas dimensões. Ela domestica o espaço ilimitado e o tempo infinito, tornando-o tolerável, habitável e compreensível para a humanidade.” PALLASMA, Juhani (2011, p. 16) O espaço possui papel fundamental sobre a obra arquitetônica, considerando que sem ele não há possibilidade de existir arquitetura, os dois estão interligados de forma indissolúvel e é possível notar a influência e os reflexos de um no outro. “Nós temos usado a palavra ‘habitar’ para indicar a relação total homem-meio. […] Quando o homem habita, ele está simultaneamente locado no espaço e exposto a um certo caráter ambiental. As duas funções psicológicas envolvidas, podem ser chamadas “orientação” e “identificação”. Para ganhar o suporte 29

existencial o homem tem que ser capaz de orientar-se; ele tem que saber onde ele está. Mas também ele tem que identificar-se com o meio, isto é, ele tem que saber como ele está num certo lugar” ALVES, Luiz Augusto dos Reis (2017) 9 De acordo com o trecho citado por Luiz Alves (2017) de Norberg-Schulz (1979), a arquitetura tem de compreender a predisposição do lugar, só assim é que tornamos parte de uma plenitude que convém entender. A arquitetura é a realização do termo Genius Loci, revela a experiência vivenciada pelo Homem, a relação que o homem tem com o lugar. 10 A definição de lugar compreende a sua própria identidade. Neste sentido sabemos que existem diferentes referências identitárias que são atribuídas a cada lugar; assumem-se como singularidades geradoras de sentimentos de pertença do lugar. ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de (2019, p. 18)


ESPAÇO 9 ALVES, Luiz Augusto dos Reis. "O conceito de lugar" Disponível em: < https:// vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.087/225> 10 Trecho de “O lugar tem características únicas e particulares, cheiros, cores, um espírito único” (Norbert-Schulz,1979). Presente em: ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de. 2019. Universidade de Lisboa. ARQUITETURA SENSORIAL E MEMÓRIA: Reabilitação de um Equipamento Hoteleiro e Spa em Porto de Mós, Vila Forte. p. 19.

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“Toda experiência comovente com a arquitetura é multissensorial; as características de espaço, matéria e escala são medidos igualmente por nossos olhos, ouvidos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos. A arquitetura reforça a experiência existencial, nossa sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente uma experiência de reforço da identidade pessoal.” PALLASMAA, Juhani (2011, p.39) Apesar do avanço admirável das técnologias relacionadas a representação, que possibilitam até mesmo passeios virtuais por um projeto não executado, ou por locais que já não existem mais. Apesar da possibilidade de um detalhamento minucioso, a experiência não é completa, pois ainda assim falta a estimulação dos sentidos paladar, olfato principalmente o tato, essenciais para a compreensão total da obra e suas espacialidades. “O corpo do homem procede à união de sentidos e a arquitetura estimula as sensações. É na interligação destes dois conceitos que se dá o entendimento da experiência multissensorial. Existem cinco sistemas sensoriais do qual somos providos, o sistema visual, o auditivo, o paladar, o olfato, e o sistema tátil.” ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de (2019, p. 25) 31

Com o desenvolvimento de ferramentas que possibilitam a captura da imagem a visão se sobressaiu comparada aos demais sentidos, tornando-se um sentido supervalorizado quando comparado aos demais. Apesar da possibilidade de criação de imagens cada vez mais realistas, o visual não é suficiente para o entendimento e experiência total com a obra. “A arte da visão, sem dúvida, tem nos oferecido edificações imponentes e instigantes, mas ela não tem promovido a conexão humana ao mundo.” PALLASMAA, Juhani (2011, p.19) A conexão do corpo humano com o meio que está inserido se dá por meio de estímulos externos, que atingem os receptores sensoriais, por meio da captação desses estímulos é enviada uma espécie de mensagem ao cérebro onde é criada a sensação e consequentemente cria-se a experiência. 11 “Segundo Edward Hall (1986)50 podemos classificar os sistemas sensoriais em duas categorias, os ‘receptores de distância’51, que estão relacionados com o estudo dos objetos distantes, ou seja, os olhos, os ouvidos e o nariz, e os ‘receptores de imediatos’, utilizados para observar o


que está junto ao sujeito, ou seja, referente ao tato e às sensações na pele.” 12 11 “O corpo da arquitectura [...] Corporalmente, como uma massa, como membrana, como tecido ou invólucro, pano, veludo, seda, tudo que me rodeia. O corpo! Não a ideia do corpo – o corpo! Que me pode tocar.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 22) “A consonância dos materiais [...] Materiais soam em conjunto e irradiam, e é desta composição que nasce algo único. Os materiais são infinitos [...]” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 24) “A temperatura do espaço [...] O facto de que os materiais retiram mais ou menos do nosso calor corporal é conhecido. Histórias de como o aço é frio e por isso retira calor. Mas ao falar disso, ocorre-me a palavra temperar. É semelhante a temperar pianos, ou seja, encontrar o ambiente certo. No sentido literal e figurativo.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 34) “As coisas que me rodeiam [...] Essa ideia, de que entrarão necessariamente coisas num edifício que eu como arquitecto não concebo, mas nas quais penso, dá-

SENTIDOS HUMANOS -me de certa forma uma visão futura dos meus edifícios, que se desenrola sem mim. Este lacto faz-me bem, ajuda-me muito imaginar esse futuro dos espaços, das casas, de como serão uma vez utilizadas.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 40) “Entre a serenidade e a sedução [...] A arquitectura é certamente uma arte espacial, é o que se diz, mas a arquitectura também é uma arte temporal. Não a vivo apenas num segundo.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 42) “Degraus da intimidade. Relaciona-se com proximidade e distância. [...] [...]estou a falar num sentido mais corporal de escala e dimensão. O que abrange vários aspectos que se relacionam comigo, o tamanho, a dimensão, a escala e a massa da obra.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 50) 12 Trecho presente em: ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de. 2019. ARQUITETURA SENSORIAL E MEMÓRIA: Reabilitação de um Equipamento Hoteleiro e Spa em Porto de Mós, Vila Forte. p. 27 32


VISÃO

“A luz sobre as coisas. [...] Uma das ideias preferidas é a seguinte: pensar o edifício primeiro como uma massa de sombras a seguir, como num processo de escavação, colocar luzes e deixar a luminosidade infiltrar-se. [...] A segunda ideia preferida é colocar os materiais e superfícies, propositadamente, à luz e observar como reflectem.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 60) Sentido que possibilita a percepção das cores, sombras e luzes, profundidades, texturas, de forma superficial, tornando viável interpretar do que se trata e a composição dos elementos presentes na obra em âmbito estético. Os olhos podem perceber diversos aspectos presentes na obra, como o contraste entre e sombras, cores que compõem o local, ou as formas que se sobressaem perante a totalidade do campo de visão alcançado.

AUDIÇÃO

“O som do espaço. Ouçam! Cada espaço funciona como um instrumento grande, coleciona, amplia e transmite os sons. Isso tem a ver com sua forma, com a superfície dos materiais e com a maneira 33

como estes estão fixos.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 28) Segundo Almeida (2019) audição proporciona um vínculo mútuo entre o ser humano e a obra ao promover um diálogo entre o utilizador e o espaço construído, apresentando uma nova dimensão no espaço, concedida pelo aparelho auditivo. 1

OUFATO/ PALADAR

De acordo com Almeida (2019) os corpúsculos dos cheiros que estão dissolvidos no ar e invadem as fossas nasais, se desfazendo na mucosidade de forma que alcançam as células olfativas, tal informação é enviada para o cérebro, de forma que o odor é interpretado.

“O olfato analisa de um modo mais pessoal as características que cada obra pode ter com o auxílio da memória e da proximidade com o edifício. Com o auxílio da memória conseguimos associar os odores sentidos unicamente ao momento em que foram percecionados assim que sentidos num segundo momento.” ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de (2019, p. 26)

Assim como a visão, o olfato é um


sentido de fácil adaptação, considerando que um cheiro que a principio incomoda após um curto período o mesmo já não é tão perceptível, mas o que difere da visão é a capacidade de perceber muitos aspectos ao mesmo tempo, enquanto o olfato reconhece apenas um odor por vez. Devido a forma de recepção do paladar, sua relação com a arquitetura se torna mais complexo que a relação dos demais sentidos, considerando que seus receptores estão espalhados na superfície da língua, o contato com a obra é quase que improvável. Mas nesse caso o paladar se torna possível por meio de sua relação com o olfato. “O paladar está exatamente relacionado ao olfato pelo facto dos fragmentos que cheiramos entrarem pelo nariz e passarem pela nossa boca despertando o paladar. Desta forma, ao cheirarmos, por exemplo, a madeira usada num edifício arquitetónico, é quase como se experimentássemos o seu sabor, possibilitando assim criar um vínculo sensorial mais rico com a arquitetura. Há diversas características arquitetónicos que, como Pallasmaa (2011)55 menciona, nos provocam a curiosidade da experiência pela obra não só pelo tato, mas também por outras formas.” ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de

(2019, p. 27)

TATO

Apesar de por vezes aparentar que o estimulo visual é suficiente para a compreensão da obra, o contato tátil é fundamental para a compreensão total da obra, suas espacialidades, materialidade de suas superfícies, temperaturas e até mesmo escala. “A dimensão monumental que a arquitetura conquista supera o controle humano do espaço, contribuindo assim para a descredibilização táctil. Este resultado prova o favoritismo visual apresentando o lado intocável das construções de grande escala, o que torna difícil a compreensão da materialidade, da distância e profundidade pela privação da experiência do tato.” ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de (2019, p. 25)

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1

3

2

4

PONTOS MARCANTES

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1- E.E. Vereador José Bompani (R: João Gual, 195) 2 - CEI João da Cruz Moreira (Rua Dr. Fco Henrique L. Rocha, 71) 3 - UBS Dr. Mário Ribeiro de Araujo (R. João Felipe Elías de Andrade, 451) 4 - Campo de Futebol (R. Willians Paula Ferreira, 58) 5 - Paróquia Espirito Santo (Av. João Batista Duarte, 211) 6 - Quadra Poliesportiva (R. João Martinês García, 121)

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Imagem 25: CEI João da Cruz Moreira

Imagem 24: Paróquia Espirito Santo

Imagem 23: E.E. Vereador José Bompani

Imagem 22: Campo de Futebol

Imagem 21: Quadra Poliesportiva

Imagem 20: UBS Valentina Figueiredo/ Dr. Mário Ribeiro de Araujo.


MEMÓRIA

PROCESSO PARA A CRIAÇÃO DE LEMBRANÇAS


[

]

“A arquitetura nos emancipa do abraço do presente e nos permite experimentar o fluxo lento e benéfico do tempo. As edificações e cidades são instrumentos e museus do tempo. Elas nos permitem ver e entender o passar da história e participar de ciclos temporais que ultrapassam nossas vidas individuais.” PALLASMAA, Juhani (2011, p. 49)


Imagem 26: Lote Escolhido

Imagem 27: Horta - Lote Vizinho

Imagem 28: Quadra Vizinha

Imagem 29: Rua do Bairro Valentina Figueiredo


"A memória é uma propriedade psíquica através da qual se consegue reter e (re)lembrar o passado. O termo também nos permite referenciar aqui outros que lhe são convexos, como a lembrança e a recordação, face a algo que já tenha ocorrido, e face ao esclarecimento de factos ou motivos que dizem respeito a um determinado conteúdo." ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de (2019) Segundo Benevides (2014), a memória é um elemento complexo que possui relação com fatores psicológicos, cognitivos e psicológicos. O cérebro conecta cada nova informação com outras já estão arquivadas no mesmo, tornando cada experiência única. De acordo com Benevides (2014), a criação das memórias possui um processo de três etapas: registrar, reter ou esquecer informações, sendo que para registrar a informação é necessário codifica-la de forma que a experiência seja transformada em um formato apropriado para armazenamento, fazendo com que as informações importantes sejam guardadas, descartando partes irrelevantes. O esquecer é importante para que partes sem importância sejam excluídas da memória, de maneira que ao lembrar do acontecimento a experiencia seja vista de forma geral.

A MEMÓRIA

A história e memória são interligadas, por isso até mesmo as arquiteturas mais contemporâneas possuem marcas do passado, seja por meio de técnicas, materiais ou dimensões, distribuição e organização dos ambientes.

MEMÓRIA INDIVIDUAL E COLETIVA “Para que nossa memória se auxilie com a dos outros, não basta que eles nos tragam seus depoimentos: é necessário ainda que ela não tenha cessado de concordar com suas memórias e que haja bastantes pontos de contato entre uma e outras para que a lembrança que nos recordam possa ser reconstruída sobre um fundamento comum.” COSTA, António Firmino da. (2002, p. 26 e 27)

40


Imagem 32: Praça vizinha ao lote

Imagem 31: Quadra

Imagem 30: Horta vizinha ao lote


Ao projetar algo novo em um local já habitado, deve-se considerar e preocupar com os elementos pré existentes no local de inserção da nova edificação, considerando que o espaço possui uma história, e que por vezes pode se tratar de um local importante afetivamente para os moradores locais. No caso do lote de inserção do centro cultural proposto, já existem espaços criados pelos próprios moradores vizinhos a esse lote. Apesar de se tratarem de espaços com poucos recursos, tais locais são muito utilizados pelos moradores diariamente.

PRÉ EXISTÊNCIA

Se tratam de espaços de permanência, contemplação, reuniões, jogos, brincadeiras e plantio. Por meio dos sinais de manutenção frequente da área, que a mesma é de grande valor para a região. Dessa forma, grande parte da população local possui memórias e apreço por essa área.

Vegetação

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O LOCAL

CARACTERÍSTICAS DO LOTE DE INSERÇÃO DO PROJETO


[

]

“As cidades e as edicações, assim como outros objetos feitos pelo homem, estruturam nossas experiências existenciais e lhes conferem signi cados especí cos. ” PALLASMAA, Juhani (2013, p. 119)


EQUIPAMENTOS CULTURAIS Apesar da quantidade considerável de espaços relacionados a cultura presentes na cidaZona Norte de de Ribeirão Preto, facilmente pode-se notar a concentração desses em regiões específicas, como na região central e sul do município. Além disso, muitos desses pontos são privados, ou seja, não oferecem atividades gratuitas ao público, por vezes deixando de fora a população de baixa renda. E até mesmo os que oferecem atividades gratuitas são pouco conheci- Zona Oeste dos pela população, devido à falta de divulgação desses locais. Por meio de uma pesquisa realizada com pessoas entre 20 e 30 anos, pude notar que se assemelha a quantidade de pessoas que deixam de frequentá-los por desconhecer de suas localizações e atividades desenvolvidas nos espaços e as pessoas que não as frequentam por falta de tempo. 45

Zona Leste

Zona Sul

N

Equipamentos Culturais

Sem Escala Dados baseados em informações presentes no Google Maps


POSSÍVEIS LOCAIS Zona Norte

Zona Leste

Zona Oeste

Analisando a escassez de equipamentos culturais nas regiões periféricas da cidade de Ribeirão Preto, percebe-se a possibilidade e benefício da replicação do projeto do espaço cultural pretendido pelo município, considerando que as atividades oferecidas nesses locais poderão contribuir para o desenvolvimento dos cidadãos locais. Portanto, foram sugeridos alguns pontos, onde nota-se a escassez ou falta de espaços culturais.

Zona Sul

N

Áreas servidas de equipamentos culturais Possíveis áreas de inserção de novos equipamentos culturais Sem Escala

46


47

Imagem 34: O Lote. Fonte: ribeiraopreto.sp.gov.br

Localizada entre os bairros Antônio Marincek e Valentina Figueiredo, a área de inserção do projeto possui o total de 4000m². Vizinha de uma quadra poliesportiva que poderá contribuir com o programa pretendido para a nova edificação. Ao analisar o entorno do lote escolhido, facilmente é notada a escassez de equipamentos públicos, principalmente os relacionados à cultura e lazer, ao observar a dinâmica da área. Pode-se notar que em seu entorno os locais mais frequentados pela população local em horários comumente utilizados para o lazer são o campo de futebol, canteiros que se tornam praças improvisadas para a reunião com os amigos e igrejas.

Imagem 33: O Lote. Fonte: ribeiraopreto.sp.gov.br

LOCAL DE INSERÇÃO


ACESSO

00

1000

500

Escala 1:20.000

Pontos de Transporte Público

EXTENSÃO DO PERCURSO NOME DA LINHA 22.20 km Marincek

EXTENSÃO DO PERCURSO NOME DA LINHA 22.20 km

km alho 22.80 Geraldo de Carvalho 22.80 km

e

11.20 km Expresso Via Norte

11.20 km

Expresso Rigon

Oito linhas de transporte público atendem a região, sendo essas Marincek, Geraldo de Carvalho, Expresso via Norte, Jd. Heitor Rigon,Expresso Rigon, Noturno Noroeste, Heitor Rigon HC e Quintino H. Além do lote de inserção do projeto estar localizado à aproximadamente 200 metros de uma parada de ônibus, facilitando o acesso de pessoas de outras regiões da cidade ao edifício. Localizado às margens de uma das principais vias de Ribeirão Preto, mas sem a exposição ao alto fluxo de veículos presentes na avenida Eduardo Andréia Matarazzo, via que conecta a região norte ao centro N da cidade, o que torna fácil o acesso à edificação, sem o risco gerado EXTENSÃO DO pelo contato direto com PERCURSO a avenida de alto fluxo. 14.00 km

Noturno Noroeste

22.70 km

Heitor Rigon - HC

20.20 km

25.40 25.40 km Quintino - HC 38.70 km Jd.km Heitor Rigon Dados baseados em informações presentes no Google Maps 14.00 km

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ANÁLISE

LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DA ÁREA


[

]

“Na arquitectura retiramos um pedaço do globo terrestre e colocamo-lo numa pequena caixa. E de repente existe um interior e um exterior. Estar dentro e estar fora.” ZUMTHOR, Peter (2006, p. 46)


OCUPAÇÃO DO SOLO/ GABARITO

Edicações com Térreas Edicações com 2 Pavimentos ou Mais Vazios

As edificações com dois ou mais pavimentos representados no mapa são 00 500 1000em sua maioria de uso comercial, comumenEscala 1:20.000 te localizados nas principais vias do local. Dentre essas edificações, as que mais se destacam são as quadras poliesportivas presentes nas escolas e vizinha ao lote de inserção do projeto, que possuem em média sete metros de altura, destacando-se 51

N

entre as demais construções. Nas áreas lindeiras a avenida Eduardo Andrea Matarazzo, sentido norte, existem grandes espaços sem nenhuma edificação, alguns desses terrenos estão a venda e muitos outros não possuem ao menos demarcação dos lotes, e as poucas edificações no local se tratam de empresas e pequenas indústrias.

Dados baseados em informações presentes no Google Maps


USO DO SOLO

00

500

1000 Escala 1:20.000

N

Residência

Institucional

Comércio

Área Verde

Prestação de Serviço

Sem Uso

A área é predominantemente residencial, com espaços de uso comercial presentes em sua maioria nas principais vias da área, com pontuais espaços comerciais distribuídos por outras áreas. Apesar de poucos, os locais de prestação de serviços também estão comumente localizados nas denominadas vias principais. Ao observar as áreas caracterizadas como verdes, grande parte se tratam de canteiros, ou pequenas áreas sem uso específico, portanto, raramente encontramos espaços destinados ao lazer nesse local. Nota-se também a concentração de áreas de uso institucional próximas ao lote escolhido, com atividades que variam entre saúde, educação, assistência social, esportiva, entre outras.

Dados baseados em informações presentes no Google Maps

52


HIERARQUIA VIÁRIA A proximidade com a via expressa possibilita o fácil acesso da população local à região central da cidade. Já as avenidas presentes no interior do bairro criam eixos predominantemente comerciais e de prestação de serviços, que facilitam a circulação e fluxo interno e entre os bairros.

00

500

1000 Escala 1:20.000

N

Via Expressa a Ser Implantada Avenida Impantada

53

Dados baseados em informações do plano viário, disponibilizado pela prefeitura municipal de Ribeirão Preto.


DADOS SOCIOECONÔMICOS RENDA PER CAPTA DE ATÉ 0,5 SALÁRIO MÍNIMO Abaixo de 10% De 36 - 70%

DENSIDADE POPULACIONAL RAIO DE 1 KM Até 50 De 100 a 250 Acima de 500

Assim como grande parte da zona mente baixo, refletindo sobre os valores de norte de Ribeirão Preto, a população dos alimentos e demais itens básicos no país. bairros que cercam o lote escolhido (Va- Além disso, é relevante analisar a lentina Figueiredo, Antônio Marincek, Jd. densidade populacional do local que tem Heitor Rigon, Adelino Simioni e Quintino média de 500 moradores no raio de 1km. Facci II), são predominantemente com- Considerando que raramente há edificapostos por famílias de classe média/ baixa. ções com mais de um pavimento, tal nú Ao analisarmos os dados disponibi- mero representa um alto adensamento, o lizados pelo IBGE, nota-se o grande índice que é muito comum em locais de baixa de cidadãos com renda per capta de até renda. meio salário mínimo, o que é consideravelDados baseados em informações presentes no Censo IBGE 2010 (censo2010.ibge.gov.br) 54


REFERÊNCIAS

INSPIRAÇÕES PROJETUAIS


[

]

“A arquitetura, como todas as artes, está intrinsecamente envolvida com questões da existência humana no espaço e no tempo; ela expressa e relaciona a condição humana no mundo” PALLASMAA, Juhani (2011, p. 16)


Imagem 36: Museu Judaico de Berlim, área interna. Fonte: wsimag.com

Imagem 35: Implantação Museu Judaico de Berlim. Fonte: archdaily.com.brsp.gov.br


MUSEU JUDAICO DE BERLIM DANIEL LIBESKIND

Inaugurado em 2001, o museu judaico de Berlim conta a história do povo judeu em duas fases, sendo que o acervo barroco do Museu está abrigado no antigo tribunal de justiça de Berlim, enquanto a fase chamada “moderna” está presente no edifício projetado por Daniel Libeskind, arquiteto de família judaica, portanto, sentiu na pele muitos dos acontecimentos remetidos em sua obra. Tais histórias são contadas por meio de seus espaços, dimensões, materialidade, iluminação e instalações artísticas, e sua exposição revela ao visitante dois milênios de história judaico-alemã. O antigo tribunal de justiça, construído em 1735 abriga a bilheteria, restaurante, salas com exposições itinerantes e a loja do museu. Ao seu lado está localizado o edifício moderno com estrutura em zinco, que sofre modificações conforme as intempéries e o tempo. Os três eixos que compõem o museu são divididos segundo as experiências dos judeus na Alemanha, remetendo à continuidade, holocausto e exílio. Conforme o percorrer do caminho proposto, o visitante passa por diversas experiências, de acordo com a espacialidade dos ambientes internos, com espaços que chegam a somar 20 metros de altura do piso ao teto, além do jardim presente no espaço externo. Vários dos elementos arquitetônicos utilizados possibilitam que os visitantes tenham sensações que fazem alusão à dor, desesperança, desespero, morte, rejeição, esperança e vida. A dor é representada por meio do formato da estrela de David estilhaçada, o

que remete à violência sofrida pelos judeus durante a repressão nazista. No interior do edifício, corredores extensos e estreitos, com altas paredes e acinzentados remetem à frieza e à pressão às quais os judeus foram submetidos pelo nazismo e sua desesperança por não encontrarem saída. O sentimento de desespero é representado pela obra de Menashe Kadishman, que simboliza os milhares de judeus que passaram por situações perversas, a obra é composta por milhares de círculos em zinco, todos com um rosto em expressão de desespero, em um corredor pouco iluminado, gelado e cinza, além disso, o barulho da fricção entre as peças remete à gritos. A chamada torre do holocausto, acessada apenas por um corredor que vai estreitando-se em direção a torre, representando o extermínio dos judeus durante o regime nazista. Em contraponto, Libeskind representa também o sentimento de esperança e vida, por meio do intitulado "eixo da continuidade", que leva o visitante ao pavimento superior do museu, com paredes claras e um dos espaços mais iluminados da edificação. Além do espaço voltado aos símbolos e tradições da cultura judaica. O sentimento de rejeição é traduzido por meio do chamado jardim do exilio, onde estão localizados 48 blocos em concreto preenchidas com terra de Berlim, e um central com a terra de Jerusalém, todos inclinados a 12 graus, referenciando o exílio de centenas de milhares de judeus da Alemanha no final dos anos trinta; já as árvores presentes nessas pilastras representam a vida. 58


Imagem 38: Espaço interno Sesc Pompéia. Fonte: amlatina.contemporaryand.com

Imagem 37: Área externa Sesc Pompéia. Fonte: vejasp.abril.com.br


SESC POMPÉIA Localizado no bairro Pompéia, na zona Oeste da cidade de São Paulo, região de caráter multicultural, o Sesc foi implantado onde no século passado funcionava uma fábrica de tambores metálicos, que inicialmente se tratava de propriedade de uma família alemã. A ideia inicial era a demolição do antigo complexo fabril, e a utilização apenas de seu terreno para criação de novas edificações, mas a arquiteta ítalo-brasileira, introdutora do modernismo no Brasil e ganhadora póstuma do prêmio Leão de ouro, Lina Bo Bardi optou por mantê-lo como parte de seu projeto, voltando-o ao estado primitivo da edificação, e mantendo viva essa memória da cidade, assim tornando-se pioneira no restauro industrial no Brasil. Sua proposta para o complexo do Sesc sempre possuiu enfoque no contraste com o patrimônio fabril ali presente, ao invés de uma tentativa de continuidade e possível criação de um falso histórico. Carinhosamente denominado por Lina como “cidadela da liberdade” o complexo divide-se em um barracão industrial, além de três volumes prismáticos em concreto, sendo um deles retangular, com 45 metros de altura, o segundo de base menor, mas ainda mais alto, com 50 metros de altura, e um cilindro de 70 metros de altura, onde está localizado o reservatório de água local. Os prismas que abrigam as atividades esportivas são interligados por meio

LINA BO BARDI

de passarelas que rompem vãos de até 25 metros. Além de sua finalidade de acesso, a utilização das passarelas possibilitou a preservação do riacho que passa pela área, onde foi criado um deck para uma espécie de solário, seu desenho segue o curso do rio, criando um espaço de lazer. Os espaços destinados ao convívio, presentes nos galpões da antiga fábrica possuem um espelho d'água e uma lareira, tornando o espaço mais aconchegante, além do funcionamento de uma choperia e dos ateliês da unidade, com mobiliário desenvolvido pela própria arquiteta e sua equipe, que mudaram o escritório para a obra. A intervenção realizada por Lina conta com o aumento da iluminação nos galpões fabris, por meio de tijolos de vidro. Além da melhoria na ventilação dos mesmos, tornando o espaço que anteriormente era visto como local de trabalho árduo em um ambiente de lazer. A criação de espaços individuais, e coletivos, possibilitam a realização de experiências íntimas e de convivência. Os espaços convidam a atividades de convívio, ou até mesmo ao não fazer nada, chamado de “solidão compartilhada”. O mobiliário proposto foi pensado conforme a relação pretendida com o corpo e a interação entre os usuários, possibilitando o descanso, devaneio e conversa em um mesmo local. 60


Os projetos de referência escolhidos tratam-se de edificações que instigam os sentidos humanos, seja por meio de sua materialidade, espacialidade, ou formas de utilização de seus ambientes. O projeto proposto possui características espaciais e de materialidade inspirados nas soluções utilizados nos projetos analisados. A forma com que materialidade influência nos aspectos sensoriais presentes na edificação que abriga o museu judaico de Berlim, são utilizados como referência no projeto do centro cultural proposto, assim como, o som proporcionado por elementos metálicos, a frieza das altas paredes de concreto, ou o aconchego proporcionado pelo jardim do exílio. O concreto é utilizado no centro cultural afim de instigar principalmente o sentido tato, por meio de sua temperatura fria, marcas deixadas pela forma em sua execução, porosidade, e até mesmo a aspereza instigam e estímulam o toque. Mas também pela sua neutralidade, possibilitada por sua cor, e assim proporcionando espaços apropriados para as intervenções artistícas realizadas pela própria comunidade e demais usuários. A utilização de vegetação em áreas que remetem à boas memórias no museu judaico serviram como referência para a criação de espaços com grande 61

utilização de vegetação, afim de estimular principalmente o tato e olfato das pessoas que visitarem a edificação proposta. Já no projeto realizado pela arquiteta Lina Bo Bardi, foram utilizados como referência principalmente a disposição dos elementos, liberdade para a utilização dos espaços, além da utilização de elementos naturais. Assim como o teatro presente no projeto do Sesc, onde o público está acima do espetáculo, que tem como referência primária os clássicos teatros gregos. No projeto desenvolvido nesse trabalho criou-se uma conexão entre o espaço de apresentações e o pavimento superior por meio dessa configuração adotada, fazendo com que seja possível a interação entre as diversas atividades desenvolvidas no edifício. A multifuncionalidade presente no projeto de Lina também é proposta no objeto elaborado no presente trabalho, por meio de grandes vãos com poucos elementos fixos definitivamente, os usuários podem até mesmo modificar alguns ambientes, abrindo e fechando grandes planos que podem ser recolhidos, integrando os ambientes e as diversas atividades desenvolvidas no local. O espelho d’água presente na obra de Lina Bo Bardi inspirou a criação


do grande plano composto por água, presente na fachada sul da edificação proposta, da mesma forma que o projeto do Sesc Pompéia propõe um circuito onde o sentido tato é estimulado, busca-se tornar o local convidativo à um passeio acompanhando o plano composto por água, assim, fazendo com que o indivíduo possa criar experiências com o local e seus elementos.

INSPIRAÇÕES

62


O PROJETO

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ARQUITETÔNICO


[

]

“Um edifício não é apenas uma estrutura física, mas também um espaço mental que estrutura e articula nossas experiências” PALLASMAA, Juhani (2013 p. 53)


Imagem 39: Maquete Conceitual. Fonte: Acervo da Autora



A integração com o entorno possibilita que a edificação se torne mais convidativa à população local, tornando a obra realmente parte da vizinhança, além da integração entre os ambientes, que possibilita a contemplação de algumas ações ou até mesmo relacionar atividades.

EXPLORAÇÃO DOS SENTIDOS HUMANOS

CONCEITO

Importância da relação do corpo com a arquitetura e a forma que os sentidos influenciam nas experiências, memórias e consequentemente na sensação de pertencimento.

67

ESPAÇOS MULTIFUNCIONAIS

INTEGRAÇÃO Espaços pré-definidos poderão abrigar diversas atividades distintas, sendo esses por vezes ambientes polivalentes, como nos casos dos ambientes semi - privados, como no ambiente onde deverão acontecer as aulas e workshops, aulas, oficinas, etc, ou nos locais totalmente públicos, como no caso do teatro de arena, presente no centro do edifício onde é possível a realização das mais variadas atividades, como apresentações, palestras, ensaios, manifestações, entre outros.


A integração entre o edifício e o entorno será realizada por meio do nível mantido no passeio e no piso que adentra o pavimento térreo, sendo esse composto pelo mesmo material também, e uma rampa lateral que liga o centro cultural proposto a quadra existente. Já no interior da edicação, essa integração se dará por meio de ambientes com paredes flexíveis que possibilitam a variação do ambiente, além da integração proporcionada pelos vãos, brises pivotantes e vidros que compõem alguns planos verticais.

EXPLORAÇÃO DOS SENTIDOS HUMANOS

Realizada por meio da materialidade utilizada na edicação, como a transparência possibilitada pelo vidro e elementos flexíveis, estimulando a visão. A estimulação do tato será através do contato com a vegetação, água, ou até mesmo a temperatura inuenciada por esses elementos, além da utilização do concreto como principal elemento estrutural e de vedação, material que possibilita uma grande gama de texturas, denidas conforme seu manuseio e instalação, além da estimulação do olfato/ paladar por meio dos aromas disseminados pelas plantas.

PARTIDO

ESPAÇOS MULTIFUNCIONAIS

INTEGRAÇÃO

Foram utilizados poucos mobiliários xos, para que os ambientes possam ser completamente adequados as quaisquer atividades a serem desenvolvidas no local.

68


SENTIDOS HUMANOS

MOVIMENTO

MATERIALIDADE

CHEIOS E VAZIOS ESCALAS

TEXTURAS

CORES

TEMPERATURAS

EXPERIÊNCIA

MEMÓRIA 69


FLUXOGRAMA DESENVOLVER

PREPARAR APRESENTAR

GUARDAR

COMER

CONTEMPLAR/ DESCANSAR/ CONVIVER

LER/ ESTUDAR

CIRCULAÇÃO VERTICAL HIGIENE

APRENDER/ ENSINAR

70


VOLUMETRIA

Plano base horizontal Adição acima

Adição acima

Adição de planos verticais como vedações

Extensão de planos horizontais

71

Subtração de parte do plano central, criando um vão no meio do edifício

Extensão e junção de planos horizontais


PROGRAMA ações

Apresent

Biblioteca

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Cantina

eiros Oc

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liê De

sito

Atividades que englobam todas as pessoas, gêneros e idades, tendo como foco principal individuos de baixa renda e moradores vizinhos ao local. Atividades Diurnas Apresentações Oficinas Aulas

Atividades Noturnas Apresentações Utilização do café Utilização da biblioteca

Palestras Utilização do café Utilização da biblioteca 72


Imagem 42: Estudo Solar 12:00 horas

Imagem 41: Estudo Solar 10:00 horas

Imagem 40: Estudo Solar 7:00 horas


ESTUDO SOLAR

Imagem 44: Estudo Solar 17:00 horas

Imagem 43: Estudo Solar 15:00 horas

Considerada como principal fachada de acesso ao centro cultural por possuir diversos locais para permanência e consumo próximos a essa, a fachada sul da edificação recebe insolação direta no período do final da manhã e inicio da tarde. Já os espaços internos possuem temperatura agradável, devido a distância da frente desses espaços até a fachada que receberá sol diretamente.


R. Vale

n

S nzone tina La

a

oM

ã R. Jo

a

arcí

sG rtinê

ghe entele

PLANTA DE SITUAÇÃO

Av. João Emboaba

da Costa

N 75

Escala 1:1250


IMPLANTAÇÃO BB 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

0,00

S

S

A

A

D

D

S

S

B

B

C

C

D

D

E

AA

E

2,14

AA

0,00

F

F

G

G

H

H

I

I S

S

J

J

K

K

0,00

-0,90

-0,70

1

2

3

4

5

6

7

8

9

BB

10

11

12

13

14

15

16

17

N Escala 1:500

76


3,52

3 4 1,14

5 1,14 15,48

2,15

6 7 8 9 10 11 1,14 1,14

7,39

12

1,14 1,14 1,14

26,89

13

4,57

14

I

2,25

1,70

6,63

4 15

4

0,15

2,29 6,99 0,15

1,21

0,05

0,20 1,00

3,82

0,33 0,15 1,00

4,31

0,10

3,98

12,17

1,00

1,64

0,15

0,15 D

17

10

11

12

13

14

15

16

5

1,50 2,90

7

17E(0,1765 m) 16P(0,2971 m)

S

2

3

1

0,5008 0,20

16

5

1,90

3,90

3,89

4,66

16

0,05 1,15

7,00 2,57

2

5,76

9,23

5,61

6,30

0,80 0,50 0,80

3,98

2

3,60

2,37

0,49

0,10

8

0,4996

15

5,60

6,19

11

0,80

3,82

0,20 1,00

14

2,75

0,15

4 0,15

2

0,15

P14

S

1,00

0,20

13

0,16 0,48 0,80 0,50 0,80 0,80 0,15 2,37

6,10

7,00

0,20

12

0,15 0,43 0,80

1,25

1

11

0,15

0,15

0,20

2,50

4

7,40 2,00

P 1,10

10

2,37

6,04

3 1

P08

4,35

9

0,15

22,93

2,50

BB

14,46

S

H

8

1,63

1,14

7

1,63

1,14

6

13,39

2 2,18

1,14

5

8,64

2,27 12,56

5,77

2,00

4

3,79

3,14

1,00

10,86

0,20

10 9

6

20,84

22,33

9

8

4,35 7

G 6

0,20

5

1

4

0,20

2

2

3

S

1 - Cantina 2 - Depósito 3 - Oficinas 4 - Banheiros 5 - Horta Comunitária 2

S

1 11

3,69 13

J 12

F 4,74 5,14 16

E 3,64 15

D 1,00 14

77 0,29 17

K

1

D

4 7,23

B

4 1

C 3,8976

AA 2,40 1,08 0,20 2,00 0,20

S

1

3

1,20

17E(0,1765 m) 16P(0,2971 m)

7,30

1,30

5,25

TÉRREO 17

A

3 1 A

C

B

D

3 E

F

G

AA

H

I

3

J

K

7,71 4,79

1,93

3

BB 17

2

N

Escala 1:500


PRIMEIRO PAVIMENTO 1

BB 3

A

4

6

7

8

9

10

11

12

19,57

2,30

1,24

9,55

5

14

15

16

A

12,81

2,96

2,50

2,96

1

S

B

B

1,27

26,89

6,82

1,40

6,51

6,82

1,98

0,15

1

5

2

1,29

5,10

0,15

2,89

H

0,15

0,55 0,80 0,55

I

0,80 1,16

J

0,80

0,30

2,40

0,43

0,20 3, 85

6,10

6,40

2 0,15

2,82 4,80

2,00 1,55

2 0,15

2,05

1,00

3

I

J

0,75

G

4

2,38 0,20

AA

0,80 0,45

1

4

0,15

4,80

2,00

G

3

F

0,20 0,48 0,50 0,80 0,80 0,80

6,10

6,40

F

H

E

0,80

2 AA

D

0,44

0,15

11,25

4,00

3

1

D

C

4,83

5,81

4

0,30

5,95

3,70

3,73

0,15

E

5,46

0,15

D

6,51

D

1,00 0,20

12,56

C

4

17

3,50

3,50

0,20

13

1,24

2

S

1

0,15

2,09

0,15

5, 01

K

K 1

2

3

4

5

4

6

1 - Terraço 2 - Biblioteca 3 - Salas para leitura/ estudos 4 - Banheiros 5 - Oficinas

7

8

9

10

11

12

3

13

14

15

16

17

BB

N

2

Escala 1:250

78

3


COBERTURA Laje Impermeabilizada 1

2

4

5

6

7

8

1

Lage Impermeabilizada

9

10

11

12

13

14

15

16

A

4,07

4,07

4,05

A

17 0,20

0,20

3

BB

0,50

0,50

C

1

26,89

0,50

4

3

B

1

8,17

C

0,50

5,52

0,20

1,45

0,50

B

D

D

2

H

I

2

1

2

29,47 24,05

4

Laje impermeabilizada

AA

3

E

Telhado de zinco Inclinação: 5%

G

Telhado de zinco Inclinação: 5%

24,05

4F

23,26

Laje impermeabilizada

E

F

G

AA H

I

J

J

0,50

1

2

3

4

Calhas Condutores (4) 79

0,50

26,89

0,50

4

5

41,93

6

7

8

9

10

11

12

3

8,17

0,20 0,20 0,50

5,52

0,20

K

13

14

15

16

N

BB

2

Escala 1:250

K 17

3


CORTES 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13 14

15

16

17

2,90

+9,10 2 Cobertura

0,00

2,70 0,50

+3,20 1 Primeiro Pavimento

2,70

2,85

1,15

0,43

0,64 0,64 0,64 0,64 0,64

0,50

2,60

3,00

0,30

0,67

6,96

±0,00 0 Pavimento Térreo

-2,90 -1 Terreno

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13 14

15

16

17

Corte AA - Longitudinal. Escala 1:1000 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

13 14

12

15

16

17

0,50

+3,20 1 Primeiro Pavimento

0,64 2,85

2,70 2,70

0,64

1,15

-0,45

0,64

0,64

0,00

±0,00 0 Pavimento Térreo

-1,10

-2,90 -1 Terreno

3

4

5

6

7

8

9

10

11

13 14

12

15

16

17

Detalhe Corte AA - Longitudinal. Escala 1:500 B

A

D

C

E

F

G

H

I

J

K

0,30 0,60

1,00 0,290,02 0,18

+9,10 2 Cobertura

2,10

3,20

0,64 0,64 0,64 1,61 0,64 0,64

2

0,50 0,60

1

0,60

2,10

0,43

0,64

0,50

3,20

2,70

2,60

3,00

0,30

0,67

2,90

+9,10 2 Cobertura

+3,20 1 Primeiro Pavimento

0,00

-0,20

±0,00 0 Pavimento Térreo

-2,90 -1 Terreno

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

Detalhe Corte BB - Transversal. Escala 1:500 80


1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13 14

15

16

17

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13 14

15

16

17

Elevação B - Sul Escala 1:500

17

16

15

14 12

13

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

17

16

15

14 13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Elevação A - Norte Escala 1:500

81


ELEVAÇÕES B

A

D

C

B

A

E

E

D

C

F

H

G

F

G

I

H

I

I

H

G

F

E

D

C

B

A

I

H

G

F

E

D

C

B

A

K

J

J

K

Elevação C - Leste Escala 1:500

Elevação D - Oeste Escala 1:500

82


Detalhe 01 - Arquibancada Sem Escala

+3,20 1 Primeiro Pavimento

0,15

±0,00 0 Pavimento Térreo

Detalhe 02 - Espelho D'água Sem Escala

Detalhe 03 - Porta Camarão Sem Escala 83


Vegetação

DETALHES

Substrato Tecido Permeável - Geotêxtil Sistema de Drenagem Imagem 45

Camada de Proteção Membrana de Impermeabilização Estrutura da Cobertura Bucha de nylon

Detalhe 04 - Cobertura Verde Sem Escala

Metal

Haste de acionamento Detalhe 05 - Brise Pivotante Sem Escala

Porta painel

84


LÂMINA + ARQUIBANCADAS

RAMPAS Rampa que integra o centro cultural proposto a quadra existente, presente a pouco mais de 2 metros de altura.

Elemento que acomoda os espectadores e realiza a ligação entre dois pavimentos, possibilitando a integração entre os usuários presentes nos dois pisos.

D

S D

S D

S

Sem Escala CIRCULAÇÃO VERTICAL Conecta todos os níveis presentes na edicação e no terreno que o cerca.

Sem Escala

PLANOS SENSORIAIS Elementos presentes na edicação que instigam os sentidos humanos. 85

Sem Escala ESTRUTURA METÁLICA + VÃOS Integração realizada pela familiaridade entre os espaços e materialidade pré existente no local, sendo essa grandes vazios envoltos por estruturas metálicas.


ELEMENTOS INTEGRADORES

PORTASCAMARÃO CAMARÃO PORTASPORTAS CAMARÃO

6,40

6,40

Elementos verticais pivotantes que Elementos verticais pivotantes que Elementos verticais pivotantes que permitem a variação entre integrar os permitem a variação entre integrar os permitem a variação entre integrar os ambientes e isolá-los. ambientes e isolá-los. ambientes e isolá-los.

6,40

Elemento quepossibilita possibilita integração Elemento que aaintegração ento que possibilita a integração entre dois ou mais ambientes. entre dois ou mais ambientes. dois ou mais ambientes.

BRISES BRISES BRISES

Sem Escala

FECHAMENTO EMVIDRO VIDRO FECHAMENTO EM FECHAMENTO EM VIDRO

Paredes inteiras compostas compostas por vidro, vidro, por desParedes inteiras inteiras compostas por vidro, possibilitando interação visual, masoo possibilitando aainteração visual, bilitando a interação visual, mas o mas isolamento sonoro, presentes em isolamento sonoro, presentes em locais mento sonoro, presentes em locais locais comoaabiblioteca, biblioteca, espaços dereunião reunião de o acomo biblioteca, espaçosespaços de reunião e workshops. e workshops. kshops.

Rampas RampasRampas Arquibancada Lâmina ++Arquibancada Lâmina +Lâmina Arquibancada Planos Sensoriais Planos Sensoriais Planos Sensoriais Estrutura Metálica Vão Metálica EstruturaEstrutura Metálica + Vão ++Vão PortaCamarão Camarão Porta Porta Camarão Brises Brises Brises Circulação Vertical Circulação Circulação VerticalVertical 86 Fechamento emVidro Vidro Fechamento em Fechamento em Vidro


Imagem 50: Intervenções artísticas

Imagem 49: Plantas aromáticas

Imagem 48: Vãos

Imagem 47: Espaço arborizado

Imagem 46: Espelho D'água


OLFATO/ PALADAR

TATO

PLANOS SENSORIAIS OLFATO/ PALADAR Plantas aromáticas

Água TATO Grama Água Superfície de concreto Grama TATO Superfície de concreto Água Grama Superfície de concreto

Horta Plantas aromáticas OLFATO/ PALADAR Horta Plantas aromáticas Horta

S S

D

D

S D

S D

S

6,40

6,40

6,40

D

S D

VISÃO VISÃO Cores Intervenções artísticas dos usuários Cores VISÃO Intervenções artísticas dos usuários Cores Intervenções artísticas dos usuários ESPACIALIDADE Espaços queESPACIALIDADE afunilam Cheios e vazios Espaços queESPACIALIDADE afunilam Cheios e vazios Espaços que afunilam Cheios e vazios

AUDIÇÃO AUDIÇÃO Isolamento acústico Som das pessoas andando na água Isolamento acústico AUDIÇÃO Som das pessoas andando na água Isolamento acústico Som das pessoas andando na água Tato Olfato/ Paladar Tato Visão Olfato/ Paladar Audição Visão Espacialidade Tato Audição Olfato/ Paladar Espacialidade Visão

88


Imagem 51: Fachada Sul


MATERIALIDADE

ÁREAS Pavimento Térreo: 2.980 m² Primeiro Pavimento: 608 m²


Além de ser um provedor de espaços de lazer, convívio e contemplação, a edificação proposta tem como foco o desenvolvimento do sentimento de pertencimento, pois, ao criar espaços flexíveis, e até mesmo polivalentes, os usuários desfrutam da liberdade de apropriar-sem dos espaços como quiserem, de acordo com suas intenções e necessidades. Já nos espaços previamente definidos, como no exemplo da arquibancada, onde os usuários podem assistir e participar de apresentações, ensaios, oficinas, manifestações, ou quaisquer outras atividades desenvolvidas no local, tendo como foco central o nível mais baixo do ambiente, que está interligado com o exterior da edificação, por meio da uniformidade do piso, o que faz com que o dentro e o fora se misturem, tornando o espaço mais convidativo. Os ambientes presentes no primeiro pavimento necessitam de condições específicas para o bom desenvolvimento de suas atividades, como no caso do ambiente que abriga o espaço de leitura, onde necessita do máximo de isenção de intervenções externas, como barulhos, ou até mesmo os espaços destinados aos workshops e oficinas, que podem necessitar de atmosferas que contribuam para a concentração dos usuários. 91

Já o terraço presente em uma das extremidades do pavimento superior, ao contrário dos demais presentes nesse piso, tem como intuito a integração com o térreo, além do contato com a natureza e possibilidade de descanso e contemplação. A área permeável presente na cota mais baixa do terreno é aberta ao plantio de hortaliças pela comunidade local, afim de que ao apropriar-sem do local de forma ampla, cria-se o sentimento de pertencimento. Os espaços livres que cercam a edificação possibilitam a realização de exposições, convívio e contemplação, ou quaisquer outras manifestações culturais. Já os espaços mais reservados, possibilitam que reuniões, oficinas, e o desenvolvimento de outras atividades ocorram de forma privativa. O eixo formado pelo grande vão presente no centro da edificação possibilita a integração do mesmo com o entorno, utilizando-se do mesmo nível e material da calçada, os espaços chegam se misturar, pois não há nenhuma interrupção ou obstáculo entre o espaço interno e externo. A prevalência do concreto na edificação possibilita que as diversas texturas e formas possíveis de serem realizadas com tal material estimule os sentidos hu-


MEMORIAL JUSTIFICATIVO

manos, assim como a utilização da água presente em um dos acessos do edifício e a vegetação presente no terraço do primeiro pavimento e espalhadas pelo térreo. Além disso, a possibilidade de intervenções artísticas realizadas pelos usuários, como escultururas, grafites, escritas, exposições, etc, poderão ressaltar a possibilidade do sentimento de pertencimento, considerando que as pessoas que utilizarem tais espaços poderão apropriar-sem, deixarem suas marcas e possivelmente serem marcados pelas experiências vividas no local.

92


Edifício composto por dois pavimentos (térreo mais um), possui pé direito de 2,70m de altura nos ambientes internos, classificados como privados e semi-privados. Há grande integração entre os ambientes, pois possui grandes divisórias flexíveis que possibilitam a união de dois ou mais ambientes, possibilitando a adequação conforme desejada. Além da aproximação do pavimento superior e térreo, por meio de brises pivotantes, que formam um fechamento variável, que pode ser modificado facilmente pelos próprios usuários do local. A utilização de peças estruturais metálicas e treliçadas que envolvem a construção, e estão presentes por todo o teto do espaço destinado a apresentações, possibilitam o vencimento de vãos com mais de 10 metros com maior eficiência comparado a outros materiais comumente utilizados. O espelho d’água que cerca quase que totalmente a fachada sul possui 15 centímetros de profundidade, o mesmo pode ser acessado e terá seu acesso facilitado por se tratar de uma suave descida, até alcançar o nível mais profundo (15cm). Seu formato e forma como está disposto no terreno convidam ao movimento. O principal caminho para acessar a edificação presente na fachada sul não possui nennhum tipo de obstáculo, além 93

de estar no mesmo nível que o passeio e ser composto pelo mesmo material, tal acesso convida a entrada. As arquibancadas são compostas por concreto armado, e possuem um dos lados recuados na sua parte de traseira, o que possibilita que as pessoas transitem por esse espaço livre, além disso, o movimento gerado por sua forma permite que o indivíduo experimente uma variação de espacialidades, pois o caminho vai afunilando conforme o usuário se desloca próximo à arquibancada, até atingir o vão de apenas um metro para a travessia. Tal espaço livre gerado no local é disponibilizado para intervenções artísticas dos usuários do edifício. Além dos vários espaços para contemplação e descanso disponíveis no pavimento térreo, o primeiro pavimento possui espaços que permitem que essa experiência seja um pouco mais privativa, por meio de um espaço próximo à cobertura verde, o chamado "terraço" possibilita que o usuário visualize as atividades desenvolvidas no espaço destinado a apresentações e manifestações artísticas, sendo apenas um mero espectador das mesmas, caso desejado. Mesmo os espaços que necessitam de maior privacidade, devido as atividades a serem desenvolvidas, as aberturas para o acesso desses ambientes e ventilação são


MEMORIAL DESCRITIVO generosas, além de em sua maioria possuirem grandes planos de vidro, que possibilitam o contato visual e mantém o isolamento acústico necessário, a utilização de cortinas possibilitará o isolamento total do ambiente.

94


Imagem 54

Imagem 52


Imagem 53


Imagem 55


Imagem 57

Imagem 56


99


CONCLUSÃO Após quase um ano debruçada sobre o tema arquitetura sensorial, e tendo como objetivo central a elaboração de um centro cultural, concluo que o presente trabalho foi continuará sendo de extrema importância não só para a minha formação acadêmica, mas também para o meu desenvolvimento pessoal para o meu início profissional. Considerando que o tema está presente no dia-a-dia de todos, levou-me a refletir sobre como a forma que a arquitetura nos toca impacta nossas vidas, e como as experiências com os espaços podem ser melhoradas, mas também entender que nada adianta a obra ser repleta de elementos pensados para o despertar de sensações se o indivído não estiver aberto a essas. Portanto, a experiência e consequentemente a criação de memórias é algo individual e muito pessoal a cada um, que varia conforme a vivência da pessoa. Além disso, ao me aprofundar ainda mais sobre as condições e necessidade de espaços culturais na cidade de Ribeirão Preto e e sua região, percebo a grande importância e falta da disseminação de equipamentos como o proposto para outras diversas áreas da cidade, como instrumento facilitador do acesso à arte em suas mais variadas formas.

A possibilidade de construção de edificações que valorizam as experiências humanas e que possuem ambientes multifuncionais amplia poderá ampliar a vida útil da edificação, considerando que os espaços poderão se adequar até mesmo a atividades pensadas futuramente.

100


ABDALLAH, Collin. Juhani Pallasmaa: "Arquitetura é uma mediação entre o mundo e nossas mentes ". 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/895277/juhani-pallasmaa-arquitetura-e-uma-mediacao-entre-o-mundo-e-nossas-mentes>. Acesso em: 05/04/2021. ABREU, Maurício de Almeida. Sobre a memória das cidades. Porto. Revista da faculdade de Letras, Geografia I. UFRJ. Volume XIV, 1998. ALMEIDA, Sofia Filipe Pereira de. 2019. ARQUITETURA SENSORIAL E MEMÓRIA: Reabilitação de um Equipamento Hoteleiro e Spa em Porto de Mós, Vila Forte. ALVES, Luiz Augusto dos Reis. "O conceito de lugar" Disponível em: <https://vitruvius.com. br/revistas/read/arquitextos/08.087/225>. Acesso em: 16/09/2021. BENEVIDES, Alessiana. Sentimento de pertencimento na arquitetura. 2014. BIESDORF, Rosane Kloh. WANDSCHEER, Marli Ferreira. Arte, uma necessidade humana: Função social e educativa. Jataí. Revista eletrônica do curso de pedagogia, campus UFG. Vol. 2, n. 11. 2011. CARVALHO, Diogo Ribeiro. Espaço e percepção: Uma abordagem a partir de Merleau-Ponty. 2016. Disponível em: <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.198/6302>. Acessado em: 25/03/2021 Costa, António Firmino da. (2002) Identidades culturais urbanas em época de Globalização. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 17, núm. 48, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo, Brasil. Disponível em: <https:// www.redalyc.org/pdf/107/10704803.pdf> DELAQUA, Victor. "Tijolo por tijolo": conheça a história por trás do Sesc Pompeia de Lina Bo Bardi. 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/922137/tijolo-por-tijolo-conheca-a-historia-por-tras-do-sesc-pompeia-de-lina-bo-bardi>. Acesso em: 30/04/2021. 101


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Imagem 01: Praça XV de Novembro. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 02: Praça, Atual Praça Carlos Gomes, Ribeirão Preto, São Paulo. Fonte: < https://ribeiraopretoculturaljaf.blogspot.com/search?q=pra%C3%A7a+Carlos+Gomes> Acesso em: 15/09/2021 Imagem 03: Imagem 05: Praça Carlos Gomes, Ribeirão Preto. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 04: Área Central de Ribeirão Preto. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 05: Edifício do Banco Comercial do Estado de SP (em construção) e esplanada do Teatro Pedro II. Fonte: Ribeirão Preto pelo Olhar de Tony Miyasaka. Edição em Versão Digital. São Carlos 2021. Página 23 Imagem 06: Praça Carlos Gomes, vista a partir da rua Visconde de Inhaúma. Fonte: Ribeirão Preto pelo Olhar de Tony Miyasaka. Edição em Versão Digital. São Carlos 2021. Página 50 Imagem 07: Praça Carlos Gomes, vista a partir da rua Visconde de Inhaúma. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 08: Esplanada Teato Pedro II. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 09: Esplanada Teato Pedro II. Fonte: SUNEGA, Renata Alves. Quarteirão Paulista: um conjunto harmônico de edifícios monumentais. Fundação Instituto do Livro de Ribeirão Preto - 2011. Página 46 Imagem 10: Rua General Osório, próximo ao Hotel Modelo e Hotel Brazil. No fundo, Av. Jerônimo Gonçalves e Estação da Cia. Mogiana, durante enchente do Ribeirão Preto, em 1927. Data: 07/03/1927. Autoria: Aristides Motta. (Acervo APHRP). Fonte: Ribeirão Preto pelo Olhar de Tony Miyasaka. Edição em Versão Digital. São Carlos 2021. Página 40 105


REFERÊNCIAS DE IMAGENS Imagem 11: Rua General Osório com Av. Jerônimo Gonçalves. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 12: Avenida Francisco Junqueira esquina com Jerônimo Gonçalves. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 13: Avenida Francisco Junqueira esquina com Jerônimo Gonçalves. Fonte: Ribeirão Preto pelo Olhar de Tony Miyasaka. Edição em Versão Digital. São Carlos 2021. Página 108 Imagem 14: Canteiro. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 15: Campo de futebol. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 16: Horta vizinha ao lote escolhido. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 17: Quadra Poliesportiva. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 18: Praça vizinha ao lote escolhido. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 19: Rua do bairro Valentina Figueiredo. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 20: UBS Valentina Figueiredo/ Dr. Mário Ribeiro de Araújo. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 21: Quadra Poliesportiva. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 22: Campo de futebol. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 23: E. E. Vereador José Bompani. Fonte: Acervo da autora, 2021 106


Imagem 24: Paróquia Espirito Santo. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 25: CEI João da Cruz Moreira. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 26: Lote Escolhido. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 27: Horta - Lote Vizinho. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 28: Quadra vizinha ao lote escolhido. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 29: Rua do bairro Valentina Figueiredo. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 30: Horta - Lote vizinho. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 31: Quadra. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 32: Praça vizinha ao lote. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 33: O lote. Fonte: <ribeiraopreto.sp.gov.br/geoprocessamento/g28/ol/ g2803001ol.php>. Acesso em: 21/05/2021 Imagem 34: O lote. Fonte: <ribeiraopreto.sp.gov.br/geoprocessamento/g28/ol/ g2803001ol.php>. Acesso em: 21/05/2021. Imagem 35: Implantação do museu judaico de Berlim. Fonte: <archdaily.com.br/ br/799056/classicos-da-arquitetura-museu-judaico-de-berlim-daniel-libenskind>. Acesso em: 07/05/2021. Imagem 36: Museu Judaico de Berlim, área interna. Fonte: <wsimag.com/pt/arquitetura-e-design/22115-ausencia-e-permanencia-em-berlim>. Acesso em: 07/05/2021. Imagem 37: Área externa Sesc Pompéia. Fonte: <vejasp.abril.com.br/blog/arte-ao-re108


dor/sesc-pompeia-exposicoes-gratuitas/>. Acesso em: 07/05/2021. Imagem 38: Espaço interno Sesc Pompéia. Fonte: <amlatina.contemporaryand.com/pt/ editorial/brazil-bolsonaro/>. Acesso em: 07/05/2021. Imagem 39: Maquete conceitual. Fonte: Acervo da autora, 2021 Imagem 40: Estudo Solar - 7:00 horas. Acervo da autora. 2021 Imagem 41: Estudo Solar - 10:00 horas. Acervo da autora. 2021 Imagem 42: Estudo Solar - 12:00 horas. Acervo da autora. 2021 Imagem 43: Estudo Solar - 15:00 horas. Acervo da autora. 2021 Imagem 44: Estudo Solar - 17:00 horas. Acervo da autora. 2021 Imagem 45: Detalhe 04: Cobertura Verde. Fonte: <https://ecotecnologias.org/?page_ id=561>. Acesso em: 26/09/2021 Imagem 46: Projeto - Espelho D'água - Elemento água. Acervo da autora. 2021 Imagem 47: Projeto - Área arborizada. 2021 Imagem 48: Projeto - Vãos. Acervo da autora. 2021 Imagem 49: Projeto - Plantas aromáticas . Acervo da autora. 2021 Imagem 50: Projeto - Intervenções artísticas . Acervo da autora. 2021 Imagem 51: Projeto - Fachada Sul . Acervo da autora. 2021 109


Imagem 52: Projeto - Vão da arquibancada. Acervo da autora. 2021 Imagem 53: Projeto - Arquibancadas. Acervo da autora. 2021 Imagem 54: Projeto - Fachada sul. Acervo da autora. 2021 Imagem 55: Projeto - Corredor. Fonte: Acervo da autora. 2021 Imagem 56: Projeto - Terraço. Fonte: Acervo da autora. 2021 Imagem 57: Projeto - Espaço de apresentações. Fonte: Acervo da autora. 2021 Imagem 56: Projeto - Terraço. Fonte: Acervo da autora. 2021 Imagem 57: Projeto - Espaço de apresentações. Fonte: Acervo da autora. 2021

110


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ANEXO I

SÍNTESE DE DADOS DE UM QUESTIONÁRIO APLICADO


GÊNERO 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

Feminino

Masculino

Outros

Não me identifico com nenhum gênero

Prefiro não dizer

GÊNERO

IDADE 60 50 40 30 20 10 0

114

De 15 à 18 anos

De 18 à 25 anos

De 25 a 35 IDADE

De 35 à 45 anos

Acima de 45 anos


PROFISSÃO 40 35 30 25 20 15 10 5 0

PROFISSÃO

ONDE VIVE 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

ONDE VIVE

115


LUGARES QUE REMETEM A BOAS LEMBRANÇAS 25 20 15 10 5 0

LUGARES QUE REMETEM A BOAS LEMBRANÇAS

LUGARES QUE REMETEM LEMBRANÇAS RUINS 14 12 10 8 6 4 2 0

116

LUGARES QUE REMETEM LEMBRANÇAS RUINS


O QUE ATRAI A ATENÇÃO EM UM AMBIENTE 35 30 25 20 15 10 5 0

Cores

Formas

Iluminação

Cheiros

Texturas das superfícies

Barulhos

O QUE ATRAI A ATENÇÃO EM UM AMBIENTE

O QUE FAZ RELAXAR 40 35 30 25 20 15 10 5 0

O QUE FAZ RELAXAR

117 94


CHEIROS QUE REMETEM À LEMBRANÇAS RUINS

18 16 14 18 12 16 10 14 8 12 6 10 48 26 04 2 0

CHEIROS CHEIROS À BOAS LEMBRANÇAS CHEIROS QUE REMETEM 30 25 20 15 10 5 0

118

CHEIROS


COR FAVORITA 25 20 15 10 5 0

COR FAVORITA

CORES QUE NÃO AGRADAM 16 14 12 10 8 6 4 2 0

CORES

96 119


SENSAÇÃO EM UM AMBIENTE COM POUCA OU NENHUMA ILUMINAÇÃO 50 40 30 20 10 0

Bem

Mal

Indiferente

SENSAÇÃO

SENSAÇÃO EM UM AMBIENTE EXTREMAMENTE ILUMINADO 40 30 20 10 0 120

Bem

Mal SENSAÇÃO

Indiferente


AO BUSCAR UMA PEÇA DE VESTUÁRIO SE PREOCUPA COM A TEXTURA DA PEÇA OU APENAS O VISUAL

70

60 50 40 30 20 10

0

Sente a textura

Escolhe apenas pelo visual da peça

SUPERFÍCIE MAIS AGRADÁVEL AO TOQUE 40 35 30 25

20 15 10 5

0

Textura Felpuda (Ex: Grama)

Textura Protuberante (Ex: Seixo Rolado)

Textura Rugosa (Ex: Casca de Árvore)

Textura Ondulada (Ex: Revestimento Ondas)

Textura Lisa (Ex: Porcelanato) 121


AMBIENTE DO MUSEU JUDAICO DE BERLIM SENSAÇÃO DESPERTADA AO VER UMA IMAGEM DE UM AMBIENTE DO MUSEU JUDAICO DE BERLIM

35

30 35 25 30 20 25 15 20 10 15 5 10 0 5 0

Interesse

Curiosidade

Alegria

Desconforto

Tristeza

Medo

Indiferença

Interesse

Curiosidade

Alegria

Desconforto

Tristeza

Medo

Indiferença

SENSAÇÃO DESPERTADA AO VER UMA IMAGEM DE UM AMBIENTE DO SESC POMPÉIA SENSAÇÃO DESPERTADA AO VER UMA IMAGEM DE UM AMBIENTE DO SESC POMPÉIA

45 40 45 35 40 30 35 25 30 20 25 15 20 10 15 5 10 0 5 0

Interesse

122

Interesse

Curiosidade

Alegria

Desconforto

Tristeza

Medo

Indiferença

Curiosidade

Alegria

Desconforto

Tristeza

Medo

Indiferença




[

]

“No fundo, vejo a arquitetura como serviço coletivo e poesia” BARDI, Lina Bo



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