Comunicação Oral e Escrita
Prof.ª Ms. Juliana C. Rossato Schrainer
e-mail: julianaschrainer@gmail.com
13 soluções para melhorar a comunicação A dificuldade de se expressar é um problema recorrente entre profissionais e um dos principais obstáculos que as empresas enfrentam para obter resultados. A inabilidade de comunicação leva à má compreensão de objetivos, que leva ao esforço inútil e sem foco. A informação mal transmitida e mal digerida causa conflitos nas equipes, o que, além de improdutivo, é desgastante para todos os envolvidos. Veja como aprimorar sua capacidade de se fazer entender no trabalho: 1 Tenha uma meta Antes de começar uma conversa, pense no resultado. Ter foco no objetivo final faz com que a discussão tenha foco e rapidez. Quando começar a falar, diga a seu ouvinte o que você pretende. “Revele, em uma ou duas frases, o que será tratado”, diz Reinaldo Polito, professor de expressão verbal do Instituto Reinaldo Polito, de São Paulo. 2 Inclua seu interlocutor Um bom jeito de ser ouvido com atenção é mostrar a seu interlocutor que ele faz parte da solução. Isso ajuda a pessoa a se comprometer. Para incluir o outro na conversa, use o pronome “nós”, que deixa claro que há algo a ser compartilhado. “Use o ‘você’ somente para elogiar”, diz Vera Martins, da Assertiva, consultoria de São Paulo. 3 Mantenha o respeito Ao conversar sobre algum assunto mais delicado, demonstre respeito. Olhe nos olhos de seu interlocutor e leve os argumentos dele em consideração. “Fale com a pessoa, não para a pessoa”, diz Reinaldo Passadori, do Instituto Passadori, especializado em educação corporativa, de São Paulo. Demonstre que a conversa não é unilateral e que você também está aberto a ouvir. Tome cuidado para manter a firmeza, mas evite a agressividade. 4 Pergunte mais Procure compreender a perspectiva da outra pessoa, fazendo perguntas para esclarecer o assunto. Repetir as palavras do interlocutor ajuda a conferir se você interpretou o que foi dito corretamente. Para direcionar a conversa, formule questões objetivas quando tiver dúvidas, do tipo: “Quando isso aconteceu?”. Se o assunto precisar de esclarecimentos, use perguntas amplas, como: “Por que você chegou a essa conclusão?”. 5 Escute de verdade
Quando uma pessoa fala, nem sempre os outros escutam. Prestar atenção é uma qualidade importante do comunicador. Uma maneirade evitar devaneios durante uma conversa é olhar para a pessoa e não interrompê-la. Evite planejar mentalmente uma resposta enquanto o outro ainda estiver falando — isso também distrai. Ouvir atentamente não significa virar estátua. Dê sinais de que está prestando atenção. “Acene com a cabeça e use expressões de acompanhamento, como ‘sim’ e ‘entendi’”, diz Reinaldo Polito. 6 Fique atento ao tom Nada pior do que ouvir pedido de desculpas ou elogio que soa falso. A maneira como as pessoas interpretam o que é dito não depende apenas do conteúdo, mas também da forma como se fala. Lembre-se que o tom da voz e a postura corporal transmitem mensagens. “Evite o sarcasmo e a ironia”, diz Reinaldo Passadori. Fale com naturalidade. 7 Cuidado com a linguagem corporal Seu corpo fala tanto quanto sua voz — e há muito mais tempo. A linguagem corporal foi desenvolvida pelos homens antes da linguagem falada. O cérebro é preparado para detectá-la e compreendê-la. Durante uma conversa, cuide da postura e de sua fisionomia. “Verifique se há coerência entre o que você diz e o modo como seu corpo se comporta”, diz Reinaldo Polito. 8 Faça críticas objetivas Se for criticar, coloque o foco no comportamento inadequado, e não na pessoa. É difícil mudar uma personalidade, mas é possível ajudar alguém a ter uma atitudemais adequada com sugestões objetivas e impessoais. 9 Argumente com exemplos Evite ser impreciso ou generalizar demais. Em vez de dizer que a pessoa se atrasa, aponte casos específicos que provem seu argumento, como lembrar que ela chegou tarde nos quatro últimos dias. No caso de uma reunião, tente usar exemplos e histórias para reforçar sua argumentação e ajudar os participantes a fixar melhor a pauta. 10 Use “e” em vez de “mas” Se quiser fazer um elogio, evite construções do tipo “Adorei a ideia, mas será que podemos adaptá-la?”. Quando se fala “mas”, o interlocutor desconsidera o elogio e fixa a atenção na crítica. O melhor é construir frases unidas pela conjunção “e”. “Adorei a ideia e acho que uma abordagem diferente seria mais eficaz”, por exemplo. Esse artifício faz com que a outra pessoa ouça seu ponto com mais tranquilidade. 11 Não fique na defensiva
Vários problemas de comunicação poderiam ser evitados se os profissionais não ficassem na defensiva. Adote uma postura assertiva. Faça perguntas para explorar as diferenças de pontos de vista. “À medida que as defesas diminuem, a capacidade de compreender argumentos aumenta”, diz Vera Martins, da consultoria Assertiva. 12 Saiba ficar em silêncio Ficar calado pode ser muito útil. O silêncio permite a quem escuta ganhar tempo para processar o que foi dito e a organizar os pensamentos antes de uma resposta apressada. “Ficar em silêncio não significa entrar mudo e sair calado, mas suspender a fala por alguns momentos para proporcionar reflexão”, diz Reinaldo Polito. 13 Pratique a empatia A diversidade de pontos de vista é enorme porque todo mundo tem os próprios valores e influências que moldam o jeito de enxergar o mundo. Por isso, a melhor maneira de se fazer entender é tentar se colocar no lugar do outro para imaginar como determinada informação será encarada. “Pense em como gostaria de ser tratado se estivesse no lugar do outro”, diz Reinaldo Polito.
Elementos da comunicação e Funções da Linguagem Com os elementos da comunicação, é possível usar como forma de comunicação, informação, expressão e significados os diversos sistemas simbólicos das diferentes linguagem. A forma de comunicação está divida entre:
Emissor – o que emite a mensagem.
Receptor – o que recebe a mensagem.
Mensagem – o conjunto de informações transmitidas.
Código – a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação só se concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem.
Canal de Comunicação – por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais, ar…
Contexto – a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente.
Ruído – qualquer perturbação na comunicação. Fonte: http://www.colegioweb.com.br/funcoes-de-linguagem/elementos-dacomunicacao.html#ixzz3tyj5jgiS
Funções da Linguagem Para que serve a linguagem? Sabemos que a linguagem é uma das formas de apreensão e de comunicação das coisas do mundo. O ser humano, ao viver em conjunto, utiliza vários códigos para representar o que pensa, o que sente, o que quer, o que faz. Sendo assim, o que conseguimos expressar e comunicar através da linguagem? Para que ela funciona? A multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada em seis funções ou finalidades básicas. Veja a seguir: 1) Função Referencial ou Denotativa Palavra-chave: referente Transmite uma informação objetiva sobre a realidade. Dá prioridade aos dados concretos, fatos e circunstâncias. É a linguagem característica das notícias de jornal, do discurso científico e de qualquer exposição de conceitos. Coloca em evidência o referente, ou seja, o assunto ao qual a mensagem se refere. Exemplo: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, uma maçã, uma laranja, uma banana e um morango. (Este texto informa o que há dentro da cesta, logo, há função referencial).
2) Função Expressiva ou Emotiva Palavra-chave: emissor Reflete o estado de ânimo do emissor, os seus sentimentos e emoções. Um dos indicadores da função emotiva num texto é a presença de interjeições e de alguns sinais de pontuação, como as reticências e o ponto de exclamação. Exemplos: a) Ah, que coisa boa! b) Tenho um pouco de medo... c) Nós te amamos!
3) Função Apelativa ou Conativa Palavra-chave: receptor Seu objetivo é influenciar o receptor ou destinatário, com a intenção de convencê-lo de algo ou dar-lhe ordens. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. É a linguagem usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor. Exemplos: a) Você já tomou banho? b) Mãe, vem cá! c) Não perca esta promoção!
4) Função Poética Palavra-chave: mensagem É aquela que põe em evidência a forma da mensagem, ou seja, que se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer. O escritor, por exemplo, procura fugir das formas habituais e expressão, buscando deixar mais bonito o seu texto, surpreender, fugir da lógica ou provocar um efeito humorístico. Embora seja própria da obra literária, a função poética não é exclusiva da poesia nem da literatura em geral, pois se encontra com frequência nas expressões cotidianas de valor metafórico e na publicidade. Exemplos: a) “... a lua era um desparrame de prata”. (Jorge Amado)
b) Em tempos de turbulência, voe com fundos de renda fixa. (Texto publicitário)
Variação da Linguagem A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. E dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: O nível de formalidade e o de informalidade. O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Quanto ao nível informal, este por sua vez representa a linguagem do dia a dia, das conversas informais que temos com amigos, familiares etc. Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Dentre elas destacam-se: Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual fundamenta-se pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o fragmento exposto: Antigamente “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio." Carlos Drummond de Andrade Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado. Variações regionais: São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem.
Variações sociais ou culturais: Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira. As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissionais da área de informática, dentre outros. Vejamos um poema e o trecho de uma música para entendermos melhor sobre o assunto: Vício na fala Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade CHOPIS CENTIS Eu “di” um beijo nela E chamei pra passear. A gente fomos no shopping Pra “mode” a gente lanchar. Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim. Até que “tava” gostoso, mas eu prefiro aipim. Quanta gente, Quanta alegria, A minha felicidade é um crediário nas Casas Bahia. Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho. Pra levar a namorada e dar uns “rolezinho”, Quando eu estou no trabalho, Não vejo a hora de descer dos andaime. Pra pegar um cinema, ver Schwarzneger E também o Van Damme. (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassinas, 1995.)
Vícios de Linguagem Ao contrário das figuras de linguagem, que representam realce e beleza às mensagens emitidas, os vícios de linguagem são palavras ou construções que vão de encontro às normas gramaticais. Os vícios de linguagem costumam ocorrer por descuido, ou ainda por desconhecimento das regras por parte do emissor. Observe: 1) Pleonasmo Vicioso ou Redundância Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se pleonasmo vicioso quando há repetição desnecessária de uma informação na frase. Exemplos: Entrei para dentro de casa quando começou a anoitecer. Hoje fizeram-me uma surpresa inesperada. Encontraremos outra alternativa para esse problema. Observação: o pleonasmo é considerado vício de linguagem quando usado desnecessariamente, no entanto, quando usado para reforçar a mensagem, constitui uma figura de linguagem. 2)Barbarismo É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis: 2.1) Pronúncia a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico. Por Exemplo: Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica) b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas. Por Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas) c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra. Exemplos: Eu advinhei quem ganharia o concurso. (adivinhei) O segurança deteu aquele homem. (deteve) 2.2) Morfologia Exemplos:
Se eu ir aí, vou me atrasar. (for) Sou a aluna mais maior da turma. (maior) 2.3) Semântica Por Exemplo: José comprimentou seu vizinho ao sair de casa. (cumprimentou) 2.4) Estrangeirismos Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão correspondente na língua. Exemplos: O show é hoje! (espetáculo) Vamos tomar um drink? (drinque) 3) Solecismo É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis: 3.1) Concordância Por Exemplo: Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia) 3.2) Regência Por Exemplo: Eu assisti o filme em casa. (ao) 3.3) Colocação Por Exemplo: Dancei tanto na festa que não aguentei-me em pé. (não me aguentei em pé) 4) Ambiguidade ou Anfibologia Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase. Exemplos: Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado é de Ana ou da amiga?) O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no chão? Pai ou filho?) 5) Cacofonia Ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na frase provoca som desagradável ou palavra inconveniente. Exemplos:
Uma mão lava outra. (mamão) Vi ela na esquina. (viela) Dei um beijo na boca dela. (cadela) 6) Eco Ocorre quando há palavras na frase com terminações iguais ou semelhantes, provocando dissonância. Por Exemplo: A divulgação da promoção não causou comoção na população. 7)Hiato Ocorre quando há uma sequência de vogais, provocando dissonância. Exemplos: Eu a amo. Ou eu ou a outra ganhará o concurso. 8)Colisão Ocorre quando há repetição de consoantes iguais ou semelhantes, provocando dissonância. Por Exemplo: Sua saia sujou.
Pontuação Sinais de Pontuação
Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basicamente, têm como finalidade: 1) Assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura; 2) Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas;
3) Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade. Veja a seguir os sinais de pontuação mais comuns, responsáveis por dar à escrita maior clareza e simplicidade.
Vírgula ( , ) A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da continuação do período. Geralmente é usada: - Nas datas, para separar o nome da localidade. Por Exemplo: São Paulo, 25 de agosto de 2005. - Após os advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase. Por Exemplo: – Você gostou do vestido? – Sim, eu adorei! – Pretende usá-lo hoje? – Não, no final de semana. - Após a saudação em correspondência (social e comercial). Exemplos: Com muito amor, Respeitosamente, - Para separar termos de uma mesma função sintática. Por Exemplo: A casa tem três quartos, dois banheiros, três salas e um quintal. Obs.: a conjunção "e" substitui a vírgula entre o último e o penúltimo termo. - Para destacar elementos intercalados, como: a) uma conjunção Por Exemplo: Estudamos bastante, logo, merecemos férias!
b) um adjunto adverbial Por Exemplo: Estas crianças, com certeza, serão aprovadas. Obs.: a rigor, não é necessário separar por vírgula o advérbio e a locução adverbial, principalmente quando de pequeno corpo, a não ser que a ênfase o exija. c) um vocativo Por Exemplo: Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado. d) um aposto Por Exemplo: Juliana, a aluna destaque, passou no vestibular. e) Uma expressão explicativa (isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou antes, etc.) Por Exemplo: O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu princípio em Deus. - Para separar termos deslocados de sua posição normal na frase. Por Exemplo: O documento de identidade, você trouxe? - Para separar elementos paralelos de um provérbio. Por Exemplo: Tal pai, tal filho. - Para destacar os pleonasmos antecipados ao verbo. Por Exemplo: As flores, eu as recebi hoje. - Para indicar a elipse de um termo.
Por Exemplo: Daniel ficou alegre; eu, triste. - Para isolar elementos repetidos. Exemplos:
A casa, a casa está destruída. Estão todos cansados, cansados de dar dó! - Para separar orações intercaladas. Por Exemplo: O importante, insistiam os pais, era a segurança da escola. - Para separar orações coordenadas assindéticas. Por Exemplo: O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém. - Para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e algumas orações alternativas. Exemplos: Esforçou-se muito, porém não conseguiu o prêmio. Vá devagar, que o caminho é perigoso. Estuda muito, pois será recompensado. As pessoas ora dançavam, ora ouviam música.
ATENÇÃO Embora a conjunção "e" seja aditiva, há três casos em que se usa a vírgula antes de sua ocorrência: 1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes. Por Exemplo: O homem vendeu o carro, e a mulher protestou. Neste caso, "O homem" é sujeito de "vendeu", e "A mulher" é sujeito de "protestou". 2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto). Por Exemplo: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria. 3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, consequência, por exemplo) Por Exemplo: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
- Para separar orações subordinadas substantivas e adverbiais (quando estiverem antes da oração principal). Por Exemplo: Quem inventou a fofoca, todos queriam descobrir. Quando voltei, lembrei que precisava estudar para a prova. - Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas. Por Exemplo: A incrível professora, que ainda estava na faculdade, dominava todo o conteúdo.
Ponto e vírgula ( ; ) O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Quanto à melodia da frase, indica um tom ligeiramente descendente, mas capaz de assinalar que o período não terminou. Emprega-se nos seguintes casos: - Para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que guardem relação entre si. Por Exemplo: O rio está poluído; os peixes estão mortos. - Para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já possui elementos separados por vírgula. Por Exemplo: O resultado final foi o seguinte: dez professores votaram a favor do acordo; nove, contra. - Para separar itens de uma enumeração. Por Exemplo: No parque de diversões, as crianças encontram: brinquedos; balões; pipoca. - Para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.) , substituindo, assim, a vírgula. Por Exemplo: Gostaria de vê-lo hoje; todavia, só o verei amanhã. - Para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da oração. Por Exemplo: Esperava encontrar todos os produtos no supermercado; obtive, porém, apenas alguns.
Dois-pontos ( : ) O uso de dois-pontos marca uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída. Emprega-se, geralmente:
- Para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção. Por Exemplo: "Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz : – Podemos avisar sua tia, não?" (Graciliano Ramos) - Para anunciar uma citação. Por Exemplo: Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim." - Para anunciar uma enumeração. Por Exemplo: Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos. - Antes de orações apositivas. Por Exemplo: Só aceito com uma condição: irás ao cinema comigo. - Para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse. Exemplos: Marcelo era assim mesmo: não tolerava ofensas. Resultado: corri muito, mas não alcancei o ladrão. Em resumo: montei um negócio e hoje estou rico. Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja: Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso, etc. Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si " (= cada um por sua vez, isoladamente). Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc.
- Na invocação das correspondências. Por Exemplo: Prezados Senhores: Convidamos todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório da empresa. Atenciosamente, A Direção
Ponto Final ( . ) O ponto final representa a pausa máxima da voz. A melodia da frase indica que o tom é descendente. Emprega-se, principalmente: - Para fechar o período de frases declarativas e imperativas. Exemplos: Contei ao meu namorado o que eu estava sentindo. Façam o favor de prestar atenção naquilo que irei falar. - Nas abreviaturas. Exemplos: Sr. (Senhor) Cia. (Companhia)
Ponto de Interrogação ( ? ) O ponto de interrogação é usado ao final de qualquer interrogação direta, ainda que a pergunta não exija resposta. A entoação ocorre de forma ascendente. Exemplos: Onde você comprou este computador? Quais seriam as causas de tantas discussões? Por que não me avisaram? Obs.: não se usa ponto interrogativo nas perguntas indiretas. Por Exemplo: Perguntei quem era aquela criança. Note que: 1) O ponto de interrogação pode aparecer ao final de uma pergunta
intercalada, entre parênteses. Por Exemplo: Trabalhar em equipe (quem o contesta?) é a melhor forma para atingir os resultados esperados. 2) O ponto de interrogação pode realizar combinação com o ponto admirativo. Por Exemplo: Eu?! Que ideia!
Ponto de Exclamação ( ! ) O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui entoação descendente. Exemplos: Como as mulheres são lindas! Pare, por favor! Ah! Que pena que ele não veio... Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo enfático. Por Exemplo: Ana! venha até aqui!
Reticências ( ... ) As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza emocional. Empregam-se: - Para indicar continuidade de uma ação ou fato. Por Exemplo: O tempo passa... - Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Por Exemplo: Vim até aqui achando que...
- Para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada. Exemplos: "Vamos jantar amanhã? – Vamos...Não...Pois vamos." Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade. - Para realçar uma palavra ou expressão. Por Exemplo: Não há motivo para tanto...mistério. - Para realizar citações incompletas. Por Exemplo: O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro: "Deitado eternamente em berço esplêndido..." - Para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor. Por Exemplo: "Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de Assis) Saiba que As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor.
Parênteses ( ( ) ) Os parênteses têm a função de intercalar no texto qualquer indicação que, embora não pertença propriamente ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se: - Para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou reflexão. Por Exemplo: Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo (geralmente um verbo)que já apareceu anteriormente na frase.
- Para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.) Por Exemplo: " O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros" (JeanJacques Rousseau, Do Contrato Social e outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.) - Para isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos travessões. Por Exemplo: Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas. - Para delimitar o período de vida de uma pessoa. Por Exemplo: Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987). - Para indicar possibilidades alternativas de leitura. Por Exemplo: Prezado(a) usuário(a). - Para indicar marcações cênicas numa peça de teatro. Por Exemplo: Abelardo I - Que fim levou o americano? João - Decerto caiu no copo de uísque! Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já! (sai pela direita) (Oswald de Andrade) Obs.: num texto, havendo necessidade de utilizar alíneas, estas podem ser ordenadas alfabeticamente por letras minúsculas, seguidas de parênteses (Note que neste caso as alíneas, exceto a última, terminam com ponto e vírgula). Por Exemplo: No Brasil existem mulheres: a) morenas;
b) loiras; c) ruivas.
Os Parênteses e a Pontuação Veja estas observações: 1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser muito longas, mas devem manter pontuação própria, além da pontuação normal do texto. 2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses. Exemplos: É importante ter atenção ao uso dos parênteses. (Eles exigem um cuidado especial!) Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta. Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase completa, o sinal de pontuação ficará externo. Por Exemplo: O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal). 3) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o ponto. Quando qualquer sinal de pontuação coincidir com o parêntese de abertura, deve-se optar por colocá-lo após o parêntese de fecho.
Travessão ( – ) O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado: - No discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos. Por Exemplo: – O que é isso, mãe? – É o seu presente de aniversário, minha filha. - Para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas. Por Exemplo: "E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis)
- Para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto. Por Exemplo: "Junto do leito meus poetas dormem – O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron – Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo) - Para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.
Por Exemplo: "Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase." (Raul Pompeia)
Aspas ( " " ) As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas: a) Antes e depois de citações ou transcrições textuais. Por Exemplo: Como disse Machado de Assis: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada." b) Para representar nomes de livros ou legendas. Por Exemplo: Camões escreveu "Os Lusíadas" no século XVI. Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. também podemos grifar as palavras, conforme o exemplo: Ontem assisti ao filme Central do Brasil. - Para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões populares, ironia. Exemplos:
O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado.(Veja) Com a chegada da polícia, os três suspeitos "se mandaram" rapidamente. Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova! - Para realçar uma palavra ou expressão. Exemplos: Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um "não". Quem foi o "inteligente" que fez isso? Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples. Por Exemplo: "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar." (Machado de Assis)
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO Chama-se Semântica o ramo da língua portuguesa que estuda o significado das palavras. Os conceitos de denotação e conotação referem-se ao uso das palavras e suas possibilidades.
Denotação A palavra está sendo utilizada em seu sentido real, literal, próprio de dicionário, com significado restrito. É muito comum o uso da linguagem denotativa nos textos jornalísticos e científicos.
Na tirinha acima, as expressões estão em seu sentido denotativo, e o humor é obtido pelo enunciado do segundo quadrinho e a expressão de desaprovação de Helga, esposa de Hagar.
Conotação A palavra está sendo utilizada em seu sentido figurado, com significação ampla. O sentido conotativo é próprio da criatividade do falante e remete às inúmeras possibilidades existentes na língua. É muito comum o uso da linguagem conotativa nos textos literários, principalmente através das figuras de linguagem.
Na tirinha acima, a expressão "pendurar a conta" está utilizando o sentido conotativo da língua.
Vejamos alguns exemplos de frases utilizando os dois modos a partir das seguintes palavras: ovelha – coração – traíra – mão – chave – baleia – olhos – cobras – gata – pantera Denotação As ovelhas são animais gregários, sensíveis e inteligentes. Meu avô fará uma cirurgia nocoração. Pescamos várias traíras no sábado. Queimei a mão ao preparar o almoço. Esqueci as chaves do carro em casa. As baleias correm sérios riscos no futuro.
Conotação “Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada...” (Gregório de Matos) João mora no coração da Amazônia. Sempre desconfiei de que ele fosse umtraíra. “Sinto que o tempo sobre mim abate sua mão pesada.” (Carlos Drummond de Andrade) Um dia descubro a chave do seu coração. O André está uma verdadeira baleia.
Seus olhos estavam lacrimejando. O Instituto Butantan possui as mais diversas espécies decobras. A gata não parava de miar. Um filhote de pantera de apenas 2 semanas foi adotado por uma cadela no zoológico de Belgrado.
Fura os olhos do tempo... (Miguel Torga) Minha sogra é uma cobra.
A atriz Jennifer Connely é uma gata. “Somente a ingratidão, esta pantera, foi sua companheira inseparável.” (Augusto dos Anjos)
1. A CONSTRUÇÃO DA FRASE E DO PARÁGRAFO 3.1 A FRASE Para Othon GARCIA (1985, p.6) “frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma ação, estado ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções”. As frases, geralmente, integram dois termos, o sujeito e o predicado. Em MEDEIROS (1996, p.141-145), encontram-se diversos tipos de frases: Frase arrastada Constitui uma sequência de frases independentes muito curtas, que se arrastam atadas por conectivos coordenativos (e, mas, aí, então, etc.). Esse tipo de frase é cansativo e destituído de beleza. Ex.: “Fui ver o homem, mas aí encontrei a mulher dele; então falei para ela e não sei o que aconteceu com a perna dele, e ele entrou e eu fiquei conversando com ela; aí então a mulher quis entrar, mas eu segurei o braço dela, e então (...)”. Frase telegráfica É a frase rápida, muito curta, despida de superfluidade do período clássico. As unidades são breves e os pontos finais se encontram em todo o período. Seu uso torna clara a idéia do autor, facilitando a compreensão do texto. Esse tipo de frase, segundo MEDEIROS (1996), é mais indicado para narrações, não para dissertações. O exemplo selecionado pelo autor é retirado de Graciliano Ramos. Ex.: “Um dia faltou água em casa. Tive sede e recomendaram-me paciência. A carga de ancoretas chegaria logo. Tardou, a ponte era distante – e fiquei horas numa agonia, rondando o pote com brasas na língua (...)”. Frase de ladainha Nela é abundante o uso da conjunção coordenativa “e”. Ex.: “Os seus últimos dias foram uma longa e exaustiva luta com a morte; luta que teria sido mais piedoso não prolongar; mas o pai, que era médico, receava; e a mãe, que era simplesmente mãe, implorava; e Roland, que não tinha coragem de deixar morrer o condenado, ia para o quarto dele e lutava; e Dolores (...)”. Frase labirinto
Constitui-se de uma seqüência de orações subordinadas mal conectadas, de modo que as idéias se atropelam, dificultando a rápida compreensão do texto. A idéia principal fica perdida. Ex.: “Os ferimentos eram mortíferos para os Mouros, porque eles se contentavam em os lavar na água do mar e diziam, numa maneira de provérbio ou de anexim de seu país, que Deus, que lhos dera, lhos havia de tirar; isto menos pelo desprezo que pela ignorância dos remédios, pois estimavam bastante um renegado, o seu único cirurgião, a quem, por uma política excêntrica, a cada ferido de importância, que morria entre suas mãos, davam primeiro um certo número de bordoadas, para os castigar mais ou menos (...)”. Frase fragmentária Ocorre no processo de subordinação. As frases fragmentárias são bem marcadas com ponto final, contribuindo, como recurso estilístico, para um texto claro e harmonioso. Ex.: “Se o amor falasse baixinho. Bem baixinho. Sem igual. Era pôr-se à escuta do coração. Debalde. Tudo era quase ininteligível. Porque a língua não fala, não gagueja, não enrola a mesma poesia do amor. Porque só na harmonia. Sem o conflito. O amor aparece!”. Frase parentética Seu objetivo é esclarecer algo. As parentéticas caracterizam-se como frases que aparecem no meio de um período, inseridas como elemento adicional, sem nexo sintático. Podem ser justapostas, intercaladas ou parentéticas. Ex.: “E esta reflexão – uma das mais profundas que se tem feito, desde a invenção das borboletas – me consolou do malefício, e me reconciliou comigo mesmo”. (Justaposta.) Ex.: “Era ancião de muita bravura, e ainda hoje o é, e não levava desaforo para casa”. (Intercalada.) Ex.: “Na madrugada daquele dia (em véspera da Paixão), saiu com o semblante carregado, e não voltou mais”. (Parentética.) Frase nominal É a frase que dispensa o verbo. É curta, incisiva, de estilo agradável. A frase fica mais solta sem a presença do verbo. Trata-se de um estilo difícil, mas muito expressivo. Serve particularmente às descrições e narrações. Ex.: “A frase sempre límpida, tersa, louçã; o estilo sempre acomodado ao pensamento, modestamente ataviado, sem arrebiques, sem enfeites pretensiosos e ridículos, sem todas essas lentejoulas tão em voga nas épocas de decadência literária”. Dicas • Escreva sempre dentro do raciocínio lógico. Não invente muitas alterações na ordem das palavras dentro do período. A inversão muito forte provoca desentendimento e gera incompreensão. • Não acumular numa só frase pensamentos que não têm muita relação entre si e com os quais se possam formar algumas frases separadas. • Evitar digressões e parênteses, pois para ser fiel ao sentido é necessário que os acessórios não prejudiquem o andamento da construção.
• As idéias de um texto devem ser amarradas de tal jeito que o leitor não possa fugir delas nem abandoná-las, encontrar buracos ou redundâncias. (MEDEIROS,1996, p.152.)
3.2 O PARÁGRAFO Othon M. GARCIA (1985, p.203), conceitua o parágrafo do seguinte modo: “O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve ou se explana determinada idéia central a que geralmente se agregam outras secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”. A cada parágrafo do texto deve corresponder uma idéia central a ser desenvolvida. O texto, portanto, deverá conter, em princípio, tantos parágrafos quantas forem as idéias centrais. O parágrafo comporta, no seu desenvolvimento, idéias secundárias que deverão estar intimamente relacionadas entre si e com a idéia central. Em sua estrutura, o parágrafo geralmente apresenta três partes: a) tópico frasal – consiste, geralmente, na frase inicial que expressa, de maneira geral e sucinta, a idéia central do parágrafo; b) desenvolvimento – é formado pelas frases que esclarecem essa idéia central, discutindo-a em detalhes; c) conclusão – está contida em uma frase final que enuncia a parte mais interessante ou o clímax do parágrafo, ou, ainda, que sintetiza seu conteúdo. Veja o exemplo (MEDEIROS,1996, p.170):
Tópico frasal A eletricidade, desde o início da civilização industrial, esteve associada ao progresso. Desenvolvimento O cidadão medianamente informado percebe a conexão entre a atividade econômica de uma comunidade ou país e a disponibilidade de energia. Já na primeira metade deste século analistas alertavam para a razão, praticamente constante, que existe entre o consumo de energia e o produto interno bruto em cada país. Conclusão Todavia, a eletricidade sempre mereceu um destaque especial, pois está, objetivamente ou não, ligada a uma aspiração de modernidade e de poder.
Dicas • Evite iniciar seus parágrafos somente com particípio passado. • Para prender a atenção do leitor, use frases interrogativas. • O uso de alusão histórica dá sabor agradável a um texto. • No uso de definições, tome cuidado com o ridículo: “Turismo é uma atividade econômica de exploração do gosto pelo lazer”. • Muito didática é a apresentação de ideias mediante divisões, isto é, dividir o pensamento em partes. • O desenvolvimento de um parágrafo com declaração inicial é o mais comum e, portanto, o mais desgastado. • Seja qual for a forma escolhida para abrir suas ideias em um parágrafo, varie na escolha das palavras: pronomes, conjunções, preposições, verbos, artigos definidos e indefinidos, substantivos, adjetivos, locuções de modo geral, advérbios. Mas não se prenda a um uso somente, como, por exemplo, começar todas as suas frases com
orações reduzidas de particípio e de gerúndio (“Projetado com o objetivo de tornar...”; “Revisado e ampliado, este texto procura esclarecer...”). • Para idéias novas, parágrafo novo! (MEDEIROS,1996, p.163.) DIFICULDADES MAIS FREQUENTES NO USO DA LÍNGUA • Onde ou aonde – Onde indica lugar fixo; aonde expressa a idéia de movimento (para onde). Para indicar procedência, emprega-se de onde ou donde: De onde (ou donde) provinham os recursos financeiros? Errado = Aonde você deixou a minuta da carta? Certo = Onde você deixou a minuta da carta? • Afim ou a fim – A fim de equivale a para; afim significa parente por afinidade, semelhante, análogo: Estou aqui a fim de ajudá-lo a concluir o trabalho; Marketing e comunicação são assuntos afins. Errado = Afim de redigir a carta, ele precisa de outras informações. Certo = A fim de redigir a carta, ele precisa de outras informações. • A par ou ao par – A par equivale a ciente, ao lado, junto; ao par, de acordo com a convenção legal, sem ágio (câmbio), sem qualquer desconto ou abatimento (títulos, ações). Errado = O chefe da seção de pessoal não tomou as providências necessárias porque não estava ao par do ocorrido. Certo = O chefe da seção de pessoal não tomou as providências necessárias porque não estava a par do ocorrido. • Há ou a – Usa-se há quando for possível substituir por faz. Ex.: Há (faz) dez dias que espero o fechamento do negócio. Não sendo possível a substituição, empregase a: Pretendo ir a São Paulo daqui a três dias; Eles estavam a dez minutos de Curitiba. Errado = O relatório técnico foi encaminhado ao departamento de vendas a dez dias. Certo = O relatório técnico foi encaminhado ao departamento de vendas há dez dias. • Para eu encaminhar ou para mim encaminhar – Mim é pronome pessoal oblíquo, razão pela qual não pode ser usado como sujeito, função esta que cabe ao pronome pessoal do caso reto eu. Observe que após o pronome mim há um verbo no infinitivo (encaminhar). Errado = No início do expediente, deixaram sobre a minha mesa os prospectos para mim encaminhar aos clientes. Certo = No início do expediente, deixaram sobre a minha mesa os prospectos para eu encaminhar aos clientes. • Difícil para mim ou difícil para eu – Para mim é complemento de difícil. Nada tem a ver com o verbo. Ex.: Não foi fácil para mim conquistar essa vaga; Será impossível para mim realizar esse trabalho. Errado = É difícil para eu entender esse plano, pois ele contém muitas informações técnicas. Certo = É difícil para mim entender esse plano, pois ele contém muitas informações técnicas.
• Havia ou haviam – Por ser impessoal, o verbo fica na 3ª pessoa do singular quando significar existir, acontecer, ocorrer, realizar-se ou indicar tempo transcorrido. Acompanhado do auxiliar (dever, poder), impessoaliza-se: Há muita gente no escritório; Haverá duas reuniões da equipe de apoio operacional neste mês; Deve haver muitos candidatos para o cargo de Datilógrafo; Pode haver muitos problemas com o novo gerente. Errado = Não haviam muitas pessoas na reunião do Departamento de Vendas. Certo = Não havia muitas pessoas na reunião do Departamento de Vendas. • Acerca de ou a cerca de – Acerca de = a respeito de, sobre; a cerca de = a uma distância aproximada de: Falamos acerca de treinamento; Moro a cerca de cem metros da empresa em que trabalho. Existe, ainda, a expressão há cerca de = faz aproximadamente. Ex.: Trabalho nesta firma há cerca de dez anos. Errado = Após o expediente, os funcionários reuniram-se na cantina para conversarem a cerca de política. Certo = Após o expediente, os funcionários reuniram-se na cantina para conversarem acerca de política. • De encontro a ou ao encontro de – Ao encontro de = para junto de, favorável; de encontro a = contra, em prejuízo de. Ex.: Se as medidas econômicas tivessem contrariado o desejo de quem formulou a frase, esta seria escrita assim: Não gostei das novas medidas econômicas, pois elas vieram de encontro aos meus desejos. Observe: Nos exemplos, as preposições de e a estão contraídas com artigos. Errado = Gostei das novas medidas econômicas, pois elas vieram de encontro ao meu desejo. Certo = Gostei das novas medidas econômicas, pois elas vieram ao encontro do meu desejo. • Há ou tem – Não se deve empregar o verbo ter em lugar de haver impessoal (significando existir). Ex.: Há secretárias que não se preocupam com o aperfeiçoamento profissional. Errado = Paralisamos a produção porque não tem matéria-prima. Certo = Paralisamos a produção porque não há matéria-prima. • De o ou do – Não se combina preposição (de, em) com sujeito ou termo que a ele se refira: Chegou o momento de ela mostrar a sua competência profissional; Apesar de o datilógrafo ter pouca experiência, o documento ficou bem datilografado. Errado = Está na hora do malote chegar. Certo = Está na hora de o malote chegar. • Se não ou senão – Se não = caso não, quando não. Caso contrário, usa-se senão, quando puder substituir por: a não ser, do contrário, mas sim, sem que. Errado = Senão revisarmos o texto, a publicação sairá com erros. Certo = Se não revisarmos o texto, a publicação sairá com erros. • Menos ou menas – Menos é invariável, portanto, não existe a forma menas: Queremos menos conversa e mais ação. Errado = Havia menas pessoas na reunião desta semana. Certo = Havia menos pessoas na reunião desta semana.
• Meio ou meia – Meio, quando modifica adjetivo = um tanto, fica invariável: Os candidatos estavam meio nervosos. Quando se refere a um substantivo (claro ou subentendido), concorda em gênero e número: Nosso Diretor não é homem de adotar meias medidas; Apresse-se, porque já é meio-dia e meia (meia hora). Errado = Quando o selecionador perguntou-lhe sobre o seu último emprego, a candidata ficou meia preocupada. Certo = Quando o selecionador perguntou-lhe sobre o seu último emprego, a candidata ficou meio preocupada. • Haja vista ou haja visto. A expressão haja vista é invariável. Porém, haja (verbo) pode concordar em número com o substantivo que o segue: Haja(m) vista as últimas recomendações do presidente da empresa. Errado = Haja visto o relatório da diretoria, que aponta irregularidades. Certo = Haja vista o relatório da diretoria, que aponta irregularidades. • Em vez de ou ao invés de – Ao invés de = ao contrário de: Ao invés de rir, ela chorou. Em vez de = em lugar de: Em vez de contratar uma, o gerente contratou duas recepcionistas. Errado = Paula, ao invés de Márcia, foi indicada para o cargo de Secretária. Certo = Paula, em vez de Márcia, foi indicada para o cargo de Secretária. • Seção ou sessão – Sessão = tempo em que se realiza uma reunião; programa de teatro, cinema, etc.: Durou apenas trinta minutos a sessão do teatro. Seção ou secção = setor, subdivisão: Na Seção de Obras, há dois engenheiros. Cessão = ato de ceder (cedência): Nem todos concordam com a cessão do auditório. Errado = O chefe da sessão de compras encaminhou a proposta ao grupo de estudos. Certo = O chefe da seção (ou secção) de compras encaminhou a proposta ao grupo de estudos. • Mal ou mau – Mal é antônimo de bem = são advérbios e modificam o verbo, adjetivo ou o próprio advérbio: Quem não lê, geralmente, escreve mal; Minha secretária redige muito bem. Mau é antônimo de bom = são adjetivos e modificam substantivos: Todos dizem que ele é um bom funcionário; Nesta empresa não há maus digitadores. Errado = Uma carta mau escrita causa péssima impressão. Certo = Uma carta mal escrita causa péssima impressão. • Decisões políticas-econômicas ou decisões político-econômicas – Nos adjetivos compostos ligados por hífen, só varia o último elemento: Nossa biblioteca recebeu muitas obras técnico-científicas. Errado = As novas decisões políticas-econômicas afetaram os negócios da companhia. Certo = As novas decisões político-econômicas afetaram os negócios da companhia. • Viagem ou viajem – viagem = substantivo; viajem = forma verbal (3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo viajar): Se querem viajar, viajem. Errado = O presidente cancelou a viajem que faria às filiais. Certo = O presidente cancelou a viagem que faria às filiais. • Têm ou tem – Na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo, o verbo ter recebe acento circunflexo: Eles têm alguns privilégios.
Errado = Os funcionários tem contribuído muito para a racionalização dos serviços. Certo = Os funcionários têm contribuído muito para a racionalização dos serviços. • Comunicamos-lhe ou comunicamo-lhe – Com o pronome lhe(s) nenhuma modificação sofre o verbo: Informamos-lhes; fazemos-lhe. Errado = Comunicamo-lhe que estamos devolvendo as mercadorias defeituosas. Certo = Comunicamos-lhe que estamos devolvendo as mercadorias defeituosas. • Subscrevemo-nos ou subscrevemos-nos – Com o pronome reflexivo nos, elimina-se o “s” da forma verbal: Queixamo-nos; esquecemo-nos; comprometemo-nos; dignamonos. Errado = Esperando uma resposta favorável, subscrevemos-nos... Certo = Esperando uma resposta favorável, subscrevemo-nos... • Faz ou fazem – Tempo transcorrido ou fenômeno meteorológico = impessoal, terceira pessoa no singular. Acompanhado de auxiliar (estar, dever, poder), assume a forma impessoal: Faz vinte dias que encaminhei o relatório à Diretoria; Na próxima semana, estará fazendo dois anos que não recebo notícias de meu país. Errado = Fazem dez anos que desativamos a unidade industrial de Recife. Certo = Faz dez anos que desativamos a unidade industrial de Recife. • Situada na rua ou situada à rua – Por se tratar de verbo de quietação (lugar fixo), constrói-se com a preposição em: Resido na Rua Paraná, 327. Errado = A nova filial está situada à Rua Piraí nº 110. Certo = A nova filial está situada na Rua Piraí nº 110. • Procedeu a ou procedeu – No sentido de efetuar, realizar, esse verbo pede objeto indireto (proceder a): É necessário proceder a uma investigação. Errado = O auditor procedeu uma cuidadosa verificação nos livros contábeis. Certo = O auditor procedeu a uma cuidadosa verificação nos livros contábeis. • A essa ou essa – Com o verbo responder, pede objeto indireto (responder a): Não responderei a esse memorando. Errado = Responderei já essa carta, disse a secretária. Certo = Responderei já a essa carta, disse a secretária. • Vir ou ver – Trata-se do verbo ver no futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem. Errado = Se você ver alguém sem o equipamento de proteção, avise a segurança. Certo = Se você vir alguém sem o equipamento de proteção, avise a segurança. • Somos ou somos em – A preposição em é desnecessária. Errado = Somos em sete na seção. Certo = Somos sete na seção. • Obedecer ou obedecer ao – O verbo obedecer pede objeto indireto (obedecer a): Quem não obedece às normas de trânsito deve ser punido. Errado = Todos devem obedecer o regulamento. Certo =Todos devem obedecer ao regulamento.
• Preço alto ou preço caro – O preço da mercadoria pode ser alto ou baixo, nunca caro ou barato. A mercadoria é que pode ser cara ou barata: Essa mercadoria é muito barata. Errado = O preço da mercadoria é muito caro. Certo = O preço da mercadoria é muito alto. • Alugam-se telefones ou aluga-se telefones – Verbo apassivado pelo pronome se concorda em número e pessoa com o sujeito: Vendem-se casas. Se o sujeito estiver no singular, o verbo fica no singular. Observe: Fica no singular o verbo intransitivo indireto acompanhado do pronome se, porque não se trata de voz passiva. Dica: Aparecendo preposição (de, a), deixa-se o verbo no singular. Ex.: Precisa-se de empregados. Errado = Aluga-se telefones. Certo = Alugam-se telefones. • A Vossa Senhoria ou à Vossa Senhoria – Não se usa crase antes de expressões de tratamento: Encaminhamos a Vossa Senhoria a documentação. Observe: o pronome de tratamento senhora admite crase, uma vez que não se trata de expressão ou locução: Peço à senhora que compreenda as minhas dificuldades. Errado = Comunicamos à Vossa Senhoria que ..... Certo = Comunicamos a Vossa Senhoria que ..... • Consigo ou com você – Consigo pronome reflexivo da 3ª pessoa. Não deve ser usado em relação à segunda pessoa. Neste caso, em vez de consigo usa-se com você, com o senhor, com Vossa Senhoria: Presidente, há uma pessoa que deseja falar com o senhor. Só se emprega o pronome consigo na terceira pessoa: A balconista (ela) levou a caneta consigo. Errado = Júlio, esse cliente quer falar consigo. Certo = Júlio, este cliente quer falar com você (contigo). • Todo ou todo o – No singular, tem dois sentidos: sem artigo = qualquer; com artigo (todo o) = inteiro: Todo o arquivo (= o arquivo inteiro) foi afetado pela água da chuva; Todo (= qualquer) funcionário precisa desenvolver seu profissionalismo. Errado = Todo o funcionário que chegar atrasado será advertido pelo chefe. Certo = Todo funcionário que chegar atrasado será advertido pelo chefe.
Coesão e Coerência textual Para que um texto tenha o seu sentido completo, ou seja, transmita a mensagem pretendida, é necessário que esteja coerente e coeso. Para compreender um pouco melhor os conceitos de Coerência textual e de Coesão textual, e também para distinguilos, vejamos:
O que é coesão textual? Quando falamos de COESÃO textual, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, parágrafos, etc. Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos: A. as referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação semântica. Alguns destes termos só podem ser compreendidos mediante estas relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da catáfora. B. as substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma palavra). C. os conectores (elementos que fazem a coesão interfrásica): Estes elementos coesivos estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja, são conjunções, preposições e advérbios conectivos. D. a correlação dos verbos (coesão temporal e aspectual): consiste na correta utilização dostempos verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, que irá permitir a compreensão da sequência dos mesmos.
São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas diferentes partes, bem como a sequenciação das ideias.
O que é coerência textual? Quando falamos em COERÊNCIA textual, falamos acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o compõem. Um texto pode estar perfeitamente coeso, porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo: "As ruas estão molhadas porque não choveu" Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do ponto de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz o texto, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois
se as ruas estão molhadas, é porque alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas estarem molhadas. O texto está incoerente. Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos: 1. Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica. 2. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste n a repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando hárepetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir transmitir a informação. Caso ele não construa uma informação ou mensagem completa, então ele será incoerente 3. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste n a repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando hárepetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir transmitir a informação. Caso ele não construa uma informação ou mensagem completa, então ele será incoerente 4. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto. Outros dois conceitos importantes para a construção da coerência textual são a CONTINUIDADE TEMÁTICA e a PROGRESSÃO SEMÂNTICA. Há quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre uma e outras partes do texto (quebrando também a coesão). A sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar ao leitor. Já a quebra da progressão semântica acontece quando não há a introdução de novas informações para dar sequência a um todo significativo (que é o texto). A sensação do leitor é que o texto é demasiadamente prolixo, e que não chega ao ponto que interessa, ao objetivo final da mensagem.
Em resumo, podemos dizer que a COESÃO trata da conexão harmoniosa entre as partes do texto, do parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que um dê sequência lógica ao outro. A COERÊNCIA, por sua vez, é a relação lógica entre as ideias, fazendo com que umas complementem as outras, não se contradigam e formem um todo significativo que é o texto. Vale salientar também que há muito para se estudar sobre coerência e coesão textuais, e que cada um dos conceitos apresentados acima podem e devem ser melhor investigados para serem melhor compreendidos.
Produção de textos 2. A CONSTRUÇÃO DA FRASE E DO PARÁGRAFO 3.1 A FRASE Para Othon GARCIA (1985, p.6) “frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma ação, estado ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções”. As frases, geralmente, integram dois termos, o sujeito e o predicado. Em MEDEIROS (1996, p.141-145), encontram-se diversos tipos de frases: Frase arrastada Constitui uma sequência de frases independentes muito curtas, que se arrastam atadas por conectivos coordenativos (e, mas, aí, então, etc.). Esse tipo de frase é cansativo e destituído de beleza. Ex.: “Fui ver o homem, mas aí encontrei a mulher dele; então falei para ela e não sei o que aconteceu com a perna dele, e ele entrou e eu fiquei conversando com ela; aí então a mulher quis entrar, mas eu segurei o braço dela, e então (...)”. Frase telegráfica É a frase rápida, muito curta, despida de superfluidade do período clássico. As unidades são breves e os pontos finais se encontram em todo o período. Seu uso torna clara a idéia do autor, facilitando a compreensão do texto. Esse tipo de frase, segundo MEDEIROS (1996), é mais indicado para narrações, não para dissertações. O exemplo selecionado pelo autor é retirado de Graciliano Ramos. Ex.: “Um dia faltou água em casa. Tive sede e recomendaram-me paciência. A carga de ancoretas chegaria logo. Tardou, a ponte era distante – e fiquei horas numa agonia, rondando o pote com brasas na língua (...)”.
Frase de ladainha Nela é abundante o uso da conjunção coordenativa “e”. Ex.: “Os seus últimos dias foram uma longa e exaustiva luta com a morte; luta que teria sido mais piedoso não prolongar; mas o pai, que era médico, receava; e a mãe, que era simplesmente mãe, implorava; e Roland, que não tinha coragem de deixar morrer o condenado, ia para o quarto dele e lutava; e Dolores (...)”. Frase labirinto Constitui-se de uma seqüência de orações subordinadas mal conectadas, de modo que as idéias se atropelam, dificultando a rápida compreensão do texto. A idéia principal fica perdida. Ex.: “Os ferimentos eram mortíferos para os Mouros, porque eles se contentavam em os lavar na água do mar e diziam, numa maneira de provérbio ou de anexim de seu país, que Deus, que lhos dera, lhos havia de tirar; isto menos pelo desprezo que pela ignorância dos remédios, pois estimavam bastante um renegado, o seu único cirurgião, a quem, por uma política excêntrica, a cada ferido de importância, que morria entre suas mãos, davam primeiro um certo número de bordoadas, para os castigar mais ou menos (...)”. Frase fragmentária Ocorre no processo de subordinação. As frases fragmentárias são bem marcadas com ponto final, contribuindo, como recurso estilístico, para um texto claro e harmonioso. Ex.: “Se o amor falasse baixinho. Bem baixinho. Sem igual. Era pôr-se à escuta do coração. Debalde. Tudo era quase ininteligível. Porque a língua não fala, não gagueja, não enrola a mesma poesia do amor. Porque só na harmonia. Sem o conflito. O amor aparece!”. Frase parentética Seu objetivo é esclarecer algo. As parentéticas caracterizam-se como frases que aparecem no meio de um período, inseridas como elemento adicional, sem nexo sintático. Podem ser justapostas, intercaladas ou parentéticas. Ex.: “E esta reflexão – uma das mais profundas que se tem feito, desde a invenção das borboletas – me consolou do malefício, e me reconciliou comigo mesmo”. (Justaposta.) Ex.: “Era ancião de muita bravura, e ainda hoje o é, e não levava desaforo para casa”. (Intercalada.) Ex.: “Na madrugada daquele dia (em véspera da Paixão), saiu com o semblante carregado, e não voltou mais”. (Parentética.) Frase nominal É a frase que dispensa o verbo. É curta, incisiva, de estilo agradável. A frase fica mais solta sem a presença do verbo. Trata-se de um estilo difícil, mas muito expressivo. Serve particularmente às descrições e narrações. Ex.: “A frase sempre límpida, tersa, louçã; o estilo sempre acomodado ao pensamento, modestamente ataviado, sem arrebiques, sem enfeites pretensiosos e ridículos, sem todas essas lentejoulas tão em voga nas épocas de decadência literária”.
Dicas • Escreva sempre dentro do raciocínio lógico. Não invente muitas alterações na ordem das palavras dentro do período. A inversão muito forte provoca desentendimento e gera incompreensão. • Não acumular numa só frase pensamentos que não têm muita relação entre si e com os quais se possam formar algumas frases separadas. • Evitar digressões e parênteses, pois para ser fiel ao sentido é necessário que os acessórios não prejudiquem o andamento da construção. • As idéias de um texto devem ser amarradas de tal jeito que o leitor não possa fugir delas nem abandoná-las, encontrar buracos ou redundâncias. (MEDEIROS,1996, p.152.)
3.2 O PARÁGRAFO Othon M. GARCIA (1985, p.203), conceitua o parágrafo do seguinte modo: “O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve ou se explana determinada idéia central a que geralmente se agregam outras secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”. A cada parágrafo do texto deve corresponder uma idéia central a ser desenvolvida. O texto, portanto, deverá conter, em princípio, tantos parágrafos quantas forem as idéias centrais. O parágrafo comporta, no seu desenvolvimento, idéias secundárias que deverão estar intimamente relacionadas entre si e com a idéia central. Em sua estrutura, o parágrafo geralmente apresenta três partes: a) tópico frasal – consiste, geralmente, na frase inicial que expressa, de maneira geral e sucinta, a idéia central do parágrafo; b) desenvolvimento – é formado pelas frases que esclarecem essa idéia central, discutindo-a em detalhes; c) conclusão – está contida em uma frase final que enuncia a parte mais interessante ou o clímax do parágrafo, ou, ainda, que sintetiza seu conteúdo. Veja o exemplo (MEDEIROS,1996, p.170):
Tópico frasal A eletricidade, desde o início da civilização industrial, esteve associada ao progresso. Desenvolvimento O cidadão medianamente informado percebe a conexão entre a atividade econômica de uma comunidade ou país e a disponibilidade de energia. Já na primeira metade deste século analistas alertavam para a razão, praticamente constante, que existe entre o consumo de energia e o produto interno bruto em cada país. Conclusão Todavia, a eletricidade sempre mereceu um destaque especial, pois está, objetivamente ou não, ligada a uma aspiração de modernidade e de poder.
Dicas • Evite iniciar seus parágrafos somente com particípio passado. • Para prender a atenção do leitor, use frases interrogativas. • O uso de alusão histórica dá sabor agradável a um texto. • No uso de definições, tome cuidado com o ridículo: “Turismo é uma atividade econômica de exploração do gosto pelo lazer”.
• Muito didática é a apresentação de ideias mediante divisões, isto é, dividir o pensamento em partes. • O desenvolvimento de um parágrafo com declaração inicial é o mais comum e, portanto, o mais desgastado. • Seja qual for a forma escolhida para abrir suas ideias em um parágrafo, varie na escolha das palavras: pronomes, conjunções, preposições, verbos, artigos definidos e indefinidos, substantivos, adjetivos, locuções de modo geral, advérbios. Mas não se prenda a um uso somente, como, por exemplo, começar todas as suas frases com orações reduzidas de particípio e de gerúndio (“Projetado com o objetivo de tornar...”; “Revisado e ampliado, este texto procura esclarecer...”). • Para idéias novas, parágrafo novo! (MEDEIROS,1996, p.163.)
Estrutura do Texto Dissertativo Orientações Gerais O texto dissertativo é composto por três partes essenciais:
- Introdução: É um bom início de texto que desperta no leitor vontade de continuar a lê-lo. Na introdução é que se define o que será dito, e é nessa parte que o escritor deve mostrar para o leitor que seu texto merece atenção. Outro aspecto importante é deixar claro o posicionamento a ser defendido ao longo do texto. O assunto a ser tratado deve ser apresentado de maneira clara, existem assuntos que abrem espaço para definições, citações, perguntas, exposição de ponto de vista oposto, comparações, descrição.
- Desenvolvimento: Na dissertação a persuasão aparece de forma explícita, essa se faz presente no desenvolvimento do texto. É nesse momento que o escritor desenvolve o tema, seja através de argumentação por citação, comprovação ou raciocínio lógico, tomando sua posição a respeito do que está sendo discutido. O conteúdo do desenvolvimento pode ser organizado de diversas maneiras, dependerá das propostas do texto e das informações disponíveis. Para defender a opinião poderá ser escolhido diversos argumentos, tais como:
- Consideração do tipo histórico-filosófico - Citação de autoridade - Comparação -Volta ao passado - Resultado de pesquisas - Causas e conseqüências - Pontos positivos e negativos
- Citação de filmes/música e análise do conteúdo dos mesmos, entre outras evidências argumentativas.
- Conclusão: A conclusão é a parte final do texto, um resumo forte e breve de tudo o que já foi dito, cabe também a essa parte responder à questão proposta inicialmente, expondo uma avaliação final do assunto. Na conclusão é muito importante apresentar a proposta de intervenção.
Observações: Sendo assim, obrigatoriamente o texto dissertativo deve possuir no mínimo 5 (cinco) parágrafos. Um para cada item acima explicado. No desenvolvimento apresentar três argumentos diferentes par fortalecer a opinião. Um em cada parágrafo. Em um texto dissertativo deve-se evitar chavões, gírias, linguagem regional e argumentação baseada no “achismo”, senso comum ou na fé (religião), pois a interpretação das palavras sagradas é subjetiva. A argumentação de um texto dissertativo deve estar baseada em dados científicos, por isso, professores insistem tanto para que seus alunos leiam e estejam bem informados em relação aos fatos que acontecem. A escrita deve estar de acordo com a língua padrão (linguagem formal), pois erros de português (ortografia, concordâncias verbais, entre outros) são critérios de avaliação, podendo fazer com que uma boa argumentação seja perdida. Escrever o texto em 3ª pessoa. É imprescindível que o autor tenha bastante cuidado com a estética do texto. Isso quer dizer que a paragrafação deve estar bem marcada, a caligrafia deve estar legível e os borrões devem ser evitados ao máximo, por isso, risque a vontade na sua folha rascunho. Lembre-se: o título compõe o texto.
Questões para Estudo 1. Ler e interpretar a letra da música “Palavras” dos Titãs e comentar a importância das palavras para o ser humano. 2. Pesquisar a história do nascimento da escrita. Elaborar uma linha do tempo e registrar os marcos relevantes da escrita na evolução da humanidade. 3. Discorra sobre a situação abordada na charge, apresentando argumentos que justifiquem seu ponto de vista.
4. Comente a afirmativa de Antunes, 2003 “Escrever sem saber para quem é, logo de saída, uma tarefa difícil, dolorosa e, por fim, é uma tarefa ineficaz, pois falta a referência do outro, a quem todo texto deve adequar-se”. 5. Pesquisar as variações da linguagem e diferenciar cada uma delas. Definir qual variação da linguagem é utilizada na redação oficial e justificar o emprego. 6. Qual a importância dos sinais de pontuação na produção escrita.
7. Apresentar causas e consequências para a ocorrência dos vícios de linguagem na expressão oral e escrita.
8. Pondere a afirmação de Galileu Galileu apresentando argumentos que justifiquem seu posicionamento.“Expressar-se obscuramente qualquer um sabe; com clareza, raríssimos.”(Galileu Galilei) 9. O texto argumentativo apresenta em sua estrutura três partes principais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Comente a importância de cada uma das partes na elaboração de um texto coerente e persuasivo. 10. Leia com atenção os textos de apoio abaixo e elabore uma dissertação sobre o tema:
A gramática facilita ou dificulta a comunicação? As regras gramaticais têm como objetivo uniformizar a língua de um povo, padronizá-la, de modo a torná-la comum e acessível a todos os usuários. Em poucas palavras, a gramática deve facilitar a comunicação. No entanto, a imensa dificuldade dos estudantes em aprendê-la sugere que isso talvez não ocorra de fato. O grande número de normas - às vezes sobre detalhes aparentemente insignificantes - não acaba complicando e criando confusão? Que importância tem, por exemplo, a troca de uma única letra na grafia de uma palavra? Textos de apoio Texto 1 A língua é viva, quem não sabe? Basta ver o que acontece a ela, sempre aberta aos modismos. Agora mesmo está nas ruas uma maré de jeitos novos de falar, extrídos do filme "Tropa de Elite". A língua se enriquece, sai da boca do povo para os dicionários, amolda-se às regras gramaticais. Mas o problema são as regras, ah as regras! Se fizessem um plebiscito, é possível que as regras fossem banidas do Brasil. Aí todo mundo falaria e escreveria à vontade, sem ser vigiado por esses "manuais de censura" que são as gramáticas. Falaríamos gostosamente, sem receios e seríamos talvez mais felizes. Nada de escolher entre x e ch, entre s e z, e adeus acentos. Caso isso acontecesse, no entanto, estariam oficializados o descaso e o desrespeito ao idioma que falamos. Que conseqüências poderiam decorrer disso?
Texto 2
Um erro literalmente federal
"Um único carimbo fabricado com pouco zelo em relação à língua portuguesa fez com que milhares de documentos oficiais da Câmara e do Senado trouxessem um 'Congreço Nacional' estampado nos cantos inferiores de suas páginas. O tropeço vocabular está grafado em documentos como medidas provisórias enviadas pelo Executivo. O carimbo, fabricado em meados de agosto, está em documentos com datas até cerca de três semanas atrás, quando finalmente alguém descobriu o erro."
Folha On-Line - 03/10/2007 - 09h24
Antes de Escrever Observações:
O seu texto deve ser escrito na modalidade padrão da Língua Portuguesa; A redação deve ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas escritas; Não deixe de dar um título a sua redação;