Caminho antigo do ouro

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Expediente

Administração Superior

| Reitor: Prof. Dr. José Rui Camargo | Vice-reitor: Prof. Dr. Marcos Roberto Furlan | Pró-reitor de Extensão: Prof. Dr. José Felício Goussain Murade

Instituto Básico de Humanidades

| Prof. Dr. Edson Trajano

Departamento de Ciências Sociais e Letras | Prof. Ms. Eduardo Carlos Pinto Centro de Documentação e Pesquisa Histórica | Prof. Dr. Mauro Castilho Gonçalves Coordenação do projeto

| Eduardo Carlos Pinto | Mauro Castilho Gonçalves | Rachel Duarte Abdala

Pesquisa Histórica

| Amanda Oliveira Monteiro | Lia Carolina Prado Alves Mariotto

Assessoria Pedagógica

| Fernanda Jesus de Oliveira Bassanelli | Joana Jesus Silva

Estagiários

| Ângelo Rodrigues Azevedo | João Guilherme Soares Viana | Maurício Pereira Souza | Victória Kruger Pessanha Strass

Secretaria

| Claudia Borges Serra

Apoio e Parceria

| Câmara Municipal de Taubaté | Convênio n. 45/11- Termo Aditivo 01/11 | Jeferson Campos - Gestão 2011

Projeto gráfico

| Núcleo de Design Gráfico da Universidade de Taubaté | Coordenação: Profa. Renata Maria Monteiro Stochero | Capa e Diagramação: Frankillyn Dias Yorioka

Colaboração-

| Sistema Integrado de Bibliotecas - SIBi UNITAU | Coordenação: Márcia Maria de Moura Ribeiro | Daniela Augusta de Souza Barreto

Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU Caminho antigo do ouro / Coordenação Eduardo Carlos Pinto; Mauro Castilho Gonçalves; Rachel Duarte Abdala. - Taubaté: EdUnitau, 2013. 50p. : il. Inclui Bibliografia ISBN 978-85-66128-03-01 1. História. 2. História do Brasil. 3. Geografia histórica. I. Pinto, Eduardo Carlos. II. Gonçalves, Mauro Castilho. III. Abdala, Rachel Duarte. CDD - 981 Índice para Catálogo Sistemático 1. 2. 3.

História 981 História do Brasil 981 Geografia Histórica 911.09

Copyright © by Editora da UNITAU, 2012 Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada em sistema eletrônico, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do editor




Sumário Capítulo 1 - Caminho Antigo do Ouro: História e Geografia 1. Os caminhos do início da colonização do Brasil

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2. A História do Caminho do Ouro

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3. O que é documento histórico? Para que serve?

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Capítulo 2 - Caminhando pelo mapa: o caminho esquecido 1. Paraty

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2. Bairro da Encruzilhada

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3. Bifurcação do Itacuruçá / 4. Cemitério das Abóboras

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5. Várzea do Avião

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6. Alto do Catioca / 7. Fazenda Sant’anna

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8. Meandros do Paraitinga / 9. Cachoeira Grande

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10. Capela de São Benedito do Morro Grande / 11. Bairro do Ribeirão

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12. Bairro da Pedra Grande

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13. Igreja de São Macuco

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14. Igreja de Nossa Senhora do Bom Parto / 15. Bairro do Monjolinho

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16. Escola do Monjolinho

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17. Desembocadura do rio Una - Garganta do Piracuama

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Capítulo 3 - Saberes e Fazeres: Cultura e Costumes 1. Tradições e costumes de ontem e hoje / 2. As tropas

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3. Tropeirismo

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4. Alimentação: receitas e curiosidades

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5. Permanências: do indígena, do bandeirante e do tropeiro / 6. Ditos populares

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7. Contos, lendas e causos

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8. Festas e manifestações culturais

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Referências Bibliográficas

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1. Os caminhos do início da colonização do Brasil

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amos começar a jornada? Para iniciar nossa aventura pela História do Caminho Antigo do Ouro precisamos conhecer a História do Brasil desde os primeiros tempos da colonização, ou seja, desde que os portugueses chegaram aqui. Para colonizar e povoar as novas terras, abrir ou descobrir caminhos era muito importante. Para ir à escola você não utiliza um caminho? Então, para nos mover no território os caminhos são fundamentais. São eles que nos ligam aos lugares e permitem que a gente se desloque de um lugar para outro. No início da colonização, os portugueses se fixaram no litoral e pouco avançaram para o interior, porque eles tinham medo do desconhecido e estavam “reconhecendo o terreno”. Frei Vicente Salvador, um dos primeiros historiadores do Brasil, afirmou que os colonos ficavam mais concentrados no litoral como se fossem “caranguejos arranhando a praia”. Isso significa que eles só andaram por todo o litoral, “de lado”, sem se aventurarem para o interior do território, coberto pelas matas.

Imagem 1: Mapa do Brasil, do Estado de São Paulo e da região do Vale do Paraíba

Imagem 2: Frei Vicente Salvador

Frei Vicente Salvador (Matuim-BA, 1564 - Salvador-BA, 1636?) Vicente Rodrigues Palha, como se chamava Frei Vicente, nasceu na Bahia, em 1564. Como a maioria dos homens instruídos da época, estudou com os jesuítas no colégio de São Salvador, e depois na Universidade de Coimbra. Voltando ao Brasil ordenou-se sacerdote. Aos trinta e cinco anos tornou-se frade e trocou o nome pelo de Frei Vicente de Salvador. Missionou na Paraíba, residiu em Pernambuco e cooperou na fundação da casa franciscana do Rio de Janeiro, em 1607. As diversas viagens que realizou entre Portugal e a Colônia parecem ter contribuído para desenvolver seu olhar sobre a História. Sua obra, História do Brasil, concluída em 20 de dezembro de 1627, só foi conhecida em 1888.

Após várias investidas de outras potências européias - como a França, Holanda e Inglaterra - que tentaram se fixar no litoral do Brasil e conquistar esse território, Portugal decidiu defender as terras, ocu-

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pando-as. Assim, além das chamadas expedições guarda-costas que defenderam a nova descoberta durante os trinta primeiros anos, em 1530. O governo português enviou a expedição chefiada


Imagem 2 – Pátio do Colégio, local de construção do colégio dos jesuítas. Hoje o local abriga um museu (Museu Anchieta) e uma igreja. Foto: Maurício Pereira de Souza.

por Martim Afonso de Souza com a missão de fazer um melhor reconhecimento do litoral do Brasil. Cumprindo a missão, em 1532, ele fundou a Vila de São Vicente, a primeira vila de colonização portuguesa em terras brasileiras. São Vicente localiza-se no litoral do Estado de São Paulo, próximo a cidade de Santos. São Paulo, que é hoje a capital do nosso Estado, foi fundada por um grupo de padres católicos, os jesuítas. Isso foi no ano de 1554. Há muito tempo, não? Dois desses jesuítas foram especialmente importantes no início da História do Brasil: José de Anchieta e Manuel da Nóbrega. Eles fundaram o Colégio de São Paulo de Piratininga que deu origem a cidade de São Paulo. No entorno do Colégio dos jesuítas o povoado foi crescendo até quando foi elevado à condição de vila em 1560. Mas o que os jesuítas queriam mesmo era divulgar a religião católica na terra que pertencia às comunidades indígenas. Eles representavam Portugal que, nessa época, era um país católico.

Jesuítas Os jesuítas são padres católicos membros da Companhia de Jesus, que foi fundada em 1540. Era inicialmente um grupo liderado por Inácio de Loyola,

Imagem 3: Anchieta e Nóbrega com os Tamoios. Benedito Calixto. A tela de Benedito Calixto mostra os índios em processo de catequização. Atualmente pertence ao acervo do Museu Paulista (antigo Museu do Ipiranga) em São Paulo.

com o objetivo de evangelizar. A descoberta da América e de povos “selvagens” levou a Companhia de Jesus a se incorporar na colonização dessas nações. Em 1749, mais de três mil Jesuítas se encontravam distribuídos em cinco continentes. Os Jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Os padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta começaram suas atividades em Piratininga, em 25 de janeiro de 1554, construindo um colégio, que viria a ser o núcleo em torno do qual se ergueria o povoado e, posteriormente, a cidade de São Paulo. No território onde hoje é o e Estado do Rio Grande do Sul, os Jesuítas desenvolveram intensa atividade missionária, conhecida como Missões Guaranis. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996.

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Voltando para 1534, Portugal deral com o interior. Após a experiência das cidiu dividir o território da colônia capitanias, em 1548, Portugal adotou no nas chamadas Capitanias HereditáBrasil o sistema de Governo-geral e o pririas que eram longas e largas faixas meiro governador geral foi Tomé de Soude terra que iam do litoral para o intesa, que ficou nessa função entre 1549 e rior. O sistema das Capitanias Here1553. ditárias foi uma forma de ligar o lito-

Entradas e Bandeiras Os termos Entradas, Bandeiras e Monções são utilizados para designar, os diversos tipos de expedições realizadas na época do Brasil Colônia, com vários objetivos: exploração do território, busca de riquezas minerais, captura ou extermínio de escravos indígenas ou africanos. As Entradas tinham a finalidade de expandir o território e eram expedições organizadas pelo governo de Portugal, expedições oficiais. As Bandeiras foram iniciativas de particulares, que com recursos próprios buscavam lucros. As Monções eram expedições fluviais paulistas, ou seja, eram realizadas pelos rios, com destino às áreas de mineração em Mato Grosso. As canoas levavam mantimentos, ferramentas, armas, munições, tecidos, instrumentos agrícolas e escravos negros, entre outras mercadorias para serem coOceano mercializados nos povoados, arraiais e vilas do Atlântico interior. Na volta, traziam principalmente ouro e peles. Mapa 2 – Capitanias Hereditárias Disponível em: http://www.blogcaicara.com/2011/05/capitanias-hereditarias-resumo.html

ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996.

Além dessas primeiras iniciativas, as chamadas bandeiras foram tam- dade de uma figura histórica que tivesse vabém muito importantes para o pro- lores que pudessem servir de exemplo. No cesso de interiorização e de ocupação entanto, estudiosos e historiadores mudado território brasileiro. ram essa imagem buscando nos documentos Muito já se falou sobre a figura dos elementos reais sobre a vida do bandeirante Bandeirantes. Em diferentes momen- e suas ações. Seus objetivos eram baseados tos da História eles foram vistos como em interesses econômicos particulares e, heróis. A construção dessa imagem foi para descobrir ouro e outros metais e peprincipalmente realizada em função da dras preciosos, muitas vezes, era necessánecessidade de criar uma identidade rio recorrer a meios que desconsideravam para São Paulo, ou seja, dar à cidade de ou prejudicavam colonos e índios. São Paulo, e também ao estado, a identiOs bandeirantes se aventuravam pelo interior do Brasil desbravando caminhos

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As expedições tinham cerca de 50 pessoas, em busca de riquezas. Para auxiliá-los, recorriam aos índios que já entre homens livres - por exemplo, mateiros conheciam muito bem essas terras. que conheciam a região a ser explorada - esEntão, como era o modo de vida e cravos negros e índios. Os escravos ficavam com o trabalho duro, como arrastar as canoa organização dos bandeirantes? as para fora dos rios e os índios, indicavam o caminho e as dificuldades do terreno.

Os historiadores se dividem nas interpretações sobre o papel desempenhado pelos nossos “desbravadores” ou caçadores de indígenas. Pesquise sobre o assunto.

Os homens tinham ainda pistolas, facões, machados e foices. Para comer, os homens caçavam, pescavam e coletavam frutas.

Imagem 4 – Armas Indígenas – Disponível em: http://www.iande.art.br/loja/ armas/barezarabatana1081l.htm - Acessado em 04/12/2012

Bandeirantes – Heróis ou Vilões?

No arsenal (local onde eram guardados utensílios e armas) dos bandeirantes, a arma principal era o arcabuz, uma espingarda carregada pela boca e que disparava pequenas bolas de ferro ou até mesmo pedregulhos recolhidos pelo caminho.

Um dos itens básicos da alimentação era a farinha-deguerra, feita de mandioca cozida. Esta farinha era assim chamada, porque era muito resistente, se chovesse, mesmo sendo carregada nas costas não se estragava porque era ensacada. Desse modo suportava grandes jornadas. A comida era preparada em fogueiras, onde os homens se reuniam para comer duas vezes por dia. Conhecido como “capitão”, o líder do grupo recrutava os integrantes e mantinha a disciplina dos homens. Em geral, usava um colete sem mangas feito de couro acolchoado - chamado de estupil - que protegia as costas e o peito de flechas lançadas por índios. Pelo caminho, os bandeirantes encontravam aldeias indígenas. Os desbravadores, não faziam questão de ser simpáticos: aprisionavam e escravizavam índios, que eram obrigados a revelar os locais de minas de metais preciosos. Baús de madeira serviam para levar a bagagem e também para erguer o acampamento. Cabanas eram improvisadas usando os baús como “paredes”. Os bandeirantes também podiam agrupar os baús em círculo, dormindo no interior dele. Burros com cangas - armações onde eram presos os baús ajudavam a levar as carImagem 5: Armas usadas pelos Bandeirantes. gas. Mas o principal meio de transporte eram as canoas. Com ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. fundo chato, elas podiam navegar por rios de pouca profundidaTaubaté – SP: Minerva, 1996. de e eram tão largas que acomodavam até os animais de carga. De Taubaté partiram vários bandeirantes para dois ciclos

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diferentes. O do ouro, em meados do século XVII, com inúmeras bandeiras, destacaram-se: Tomé Portes Del Rei, João de Siqueira Afonso e Bartolomeu Bueno de Siqueira.

No ciclo da caça ao indígena podemos citar os seguintes bandeirantes: João Portes Del Rei, Miguel Garcia de Almeida e Cunha e Manuel Vieira Sarmento.

Tomé Portes Del Rei Foi um homem de posses e sua fazenda no bairro de Caçapava. Dono de terras férteis o que lhe garantiu uma boa quantidade de suprimentos. Realizou entradas nos sertões do Vale do Paraíba e da Mantiqueira. Em 1701, construiu um povoado ribeirinho – o Arraial do Rio das Mortes. Em 1702 foi assassinado, num levante, por alguns de seus escravos. Os assassinos foram logo em seguida presos por outros escravos e agregados, que os mataram e esquartejaram junto ao próprio arraial.

Imagem 6: Bandeirantes. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996.

Fonte: PASSARELLI, Umberto. Contribuição à história de Taubaté – denominação de vias e logradouros públicos. Taubaté: Prefeitura Municipal, 1996 (Taubateana nº 15).

2. A História do Caminho Antigo do Ouro Como vimos, vários foram os caminhos abertos ou descobertos para realizar o povoamento do Brasil no início da colonização. Convidamos você para estudar agora o caminho mais antigo que passa pela região do Vale do Paraíba, onde moramos. , Iniciando em Paraty, litoral do Rio de Janeiro, esse caminho passa por Cunha, Lagoinha e Taubaté.

Imagem 7: Mapa do Caminho Antigo do Ouro

A descoberta desse caminho aconteceu por meio de uma pesquisa feita pela paleógrafa Lia Carolina Prado Alves Mariotto, que descobriu em documentos antigos que existiu um caminho aberto por comunidades indígenas da região que passou a ser utilizado por desbravadores (os bandeirantes) que estavam interessados em buscar a região do ouro, atualmente localizada no estado de Minas Gerais. Lia Carolina Prado Alves Marotto, é paleógrafa e responsável pelo Arquivo Histórico de Taubaté.

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Imagem 8: Paleógraf

a Lia Carolina Alves Prado Mariotto dur ante o trabalho de campo. Foto: Maurí cio Pereira de Sou za.

Os caminhos, velho e novo, da chamada Estrada Real eram já muito conhecidos. Essa estrada recebeu o nome de real porque era oficialmente utilizada pela Coroa Portuguesa. Todas as vias terrestres utilizadas pela coroa portuguesa para povoamento e Você sabe o que é uma pesquisa? exploração econômica do Brasil eram chamadas de estradas reais. É a produção de um novo conhecimento, De acordo com a pesquisa em 1596, o por meio de informações obtidas em docugovernador geral do Brasil, Francisco de mentos de diversas naturezas. Diferente do Sousa, ofereceu para Martim Correia de trabalho escolar, por exemplo, que é apenas a Sá, a missão de chefiar uma bandeira, reprodução de um conhecimento já criado. que saiu do Rio de Janeiro, passou por Paraty, subiu a serra do Mar e, por uma trilha indígena, alcançou a região vale-paraibana.

Um longo período passou entre a utilização do caminho indígena pelos portugueses, para transporte de pessoas e de mercadoria entre a cidade do Rio de Janeiro e as vilas de Paraty e Taubaté, e a utilização para transporte do ouro descoberto nas Minas Gerais, que se chamavam Minas de Taubaté. A região que hoje conhecemos como Minas Gerais já foi conhecida como Minas de Taubaté, porque guardava estreita relação com a Vila de Taubaté, de onde saíram os bandeirantes que fundaram diversas cidades nesta região e contribuíram para o seu reconhecimento. Com a descoberta do ouro a estrada, serviu também como via de transporte desse metal precioso até o porto de Paraty e de lá para Portugal. Por esta razão, ficou conhecido como Caminho Antigo do Ouro.

Após o período do Ciclo do Ouro, esse caminho foi cada vez menos utilizado, e muitas pessoas acharam que ele não existisse mais. Para comprovar a existência desse caminho tão importante em outros tempos, foi realizada uma pesquisa documental de manuscritos inéditos da época, complementada por um trabalho de campo realizado pela paleógrafa acompanhada pela Polícia Ambiental, que mapeou o trajeto com auxílio do GPS.

GPS Sua sigla significa Global Position System, ou seja, Sistema de Posicionamento Global. Utilizando-se de sinais de satélites, um aparelho de GPS fornece a sua posição exata em qualquer lugar da terra. Disponível em: http://www.mbe.com.br/ gps/curso/para_que_serve_um_gps.htm - Acessado em 02/12/2012

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3. O que é documento histórico? Para que serve? Para a realização de pesquisas históricas documento. O que isso quer dizer? Sigcomo a que apresentamos aqui, realizada nifica que qualquer objeto, texto, imapela pesquisadora Lia Carolina Prado Algem, ou qualquer ação produzida pelo ves Mariotto, os documentos são fundahomem pode nos oferecer pistas para mentais. São os documentos que dão as podermos conhecer e compreender os informações para o historiador realizar a fatos realizados ao longo da História. sua pesquisa e analisar os fatos. Existem Em se tratando da pesquisa sobre o diferentes tipos de documentos. AntigaCaminho Antigo do Ouro as informamente, até o século XIX, só os documenções foram coletadas nos seguintes titos escritos eram considerados válidos pos de documentos: pelos historiadores. Hoje em dia todo vestígio da ação humana é considerado Repertórios de Sesmarias Documento apresentando descrição de terreno abandonado que os reis de Portugal ofereciam aos colonos.

Atas da Câmara Municipal Documento produzido pela Câmara Municipal de Taubaté para registro da pauta e das discussões das sessões.

Inventário Descrição detalhada do patrimônio de pessoa falecida, para que se possa proceder a partilha dos bens entre os herdeiros.

Carta de Datas Documento passado por autoridades civis e militares para ocupação e/ou posse de terras.

Mapas Desenho que representa uma região geográfica. Neste desenho, há a conversão do espaço geográfico real, numa representação, com a indicação de suas principais características. À técnica e ciência de construção de mapas é dado o nome de cartografia.

Mapa 3 - Mapa Antigo. Acervo projeto Caminho Antigo do Ouro.

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Escritura Documento do ato de compra e venda de terras e de escravos

O Ofício do Historiador O ofício ou trabalho do historiador é pesquisar sobre fatos e processos históricos do passado, mas que não ficaram lá são construídos ao longo do tempo e chegaram até os dias de hoje. Isso é História. A História não é só o passado, mas é a ação do homem no tempo. Assim, o historiador pesquisa sobre as culturas e identidades construídas ao longo do tempo. O trabalho do historiador é uma aventura por caminhos, campos e sítios de pesquisa e também desenvolvido com muita leitura e estudo (pesquisa), dedicação e esforço (empenho).


Atividades Agora que já estudamos o que são documentos históricos e os tipos de documentos utilizados na pesquisa sobre o Caminho Antigo do Ouro, vamos exercitar e analisar um desses documentos? Analise atentamente o documento da escritura de venda de terras de Domingos Vieira Cardoso e sua mulher, Marta de Miranda, ao Capitão Manoel de Borba Gato. Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté, 8/9/1655. Abaixo temos uma fotografia do documento original e a sua transcrição.

Imagem 9: Livro de Registros de Escrituras, 1693-1696, bloco 3, caixa 157. Arquivo Histórico Dr. Félix Guisard Filho, Taubaté.

Viram só? Antigamente os documentos eram escritos a mão e ao longo do tempo sofreram, como esse, o ataque de bichos e a própria ação do tempo. Vamos ler o documento? Abaixo a transcrição dele. Saibam quantos este público instrumento de escritura de venda de quatro centas braças de terras de testada e de sertão uma légua, nas cabeceiras das terras que foram de Bernardo Sanches de la Pimenta virem que, no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e noventa e cinco anos, aos oito dias do mês de setembro do dito ano, nesta Vila de São Fran cisco das Chagas de Taubaté, no termo dela, freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso, onde eu público tabelião adiante nomeado fui chamado. E, sendo lá, apareceu presente Domingos Vieira Cardoso e bem assim sua mu lher Marta de Miranda, a quem eu tabelião tomei outorga, pelos quais ambos

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juntos, marido e mulher, cada um de per si, me foi dito, em presença das testemunhas adiante nomeadas e assinadas, que têm e possuem quatrocentas braças de terras, que foram de Bernardo Sanches de la Pimenta, partindo de uma banda com terras do dito Domingos Vieira Cardoso e da outra com quem na verdade se achar, com as arrumações a sueste. As quais ditas terras, disseram eles ambos, marido e mulher, vendiam, como logo, com efeito, ven deram, desde hoje e para sempre, ao Capitão Manoel de Borba Gato, por preço e quantia de dezesseis mil réis, que confessaram haver recebido em dinheiro de contado, moeda corrente neste Estado. E que, por este instru mento, lhe davam plenária quitação do dito preço e quantia. E, por esta ma neira, disseram eles ditos vendedores que vendiam as ditas terras ao sobredito comprador, para que as logre, haja e possua como coisa sua, comprada por seu dinheiro; e de si afastavam toda a posse real e atual que nas ditas terras tinham. E tudo demitiam e trespassavam na pessoa do dito comprador e seus herdeiros, ascendentes e descendentes, e se obrigavam por seus pessoa e bens, móveis e de raiz, havidos e por haver, a fazer sempre esta escritura boa e de paz pacífica. E dar-se por opoente a toda dúvida que se pudesse oferecer adiante ao dito comprador, a tudo bem cumprir e guardar realmente, como também se obrigava a medir as ditas terras ao dito comprador. E de como assim o disseram, pediram a mim tabelião lhes fizesse este instrumento nesta

Agora escreva no seu caderno as seguintes informações retiradas do documento: 1. Título, autor, data, texto completo ou trecho. 2. Qual o assunto tratado? 3. Em qual momento da História do Brasil ele foi escrito? Qual a relação do momento histórico com o seu conteúdo? 4. Pesquise os termos encontrados que você não conhece. 5. Quem foi Borba Gato? Pesquise sobre a vida dele e sobre as atividades que desenvolveu

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Ao longo desses três séculos, o caminho foi bastante modificado e marcado por construções no decorrer da História, tais como: capelas, cercamentos de terras, escolas, casas, fazendas, etc. Assim, além dos elementos naturais que compõem o caminho como cachoeiras e rios, por exemplo, que serviram como base para o traçado da rota e como ponto de paragem, o homem foi construindo e deixando marcas dos fatos históricos no entorno da rota. Vamos conhecer o caminho e os pontos interessantes que fazem parte desta rota? Nossa aventura começa aqui. Para que possamos nos localizar e perceber por onde vamos passar, observem o mapa:

Mapa 1: Mapa político do Vale do Paraíba do Sul.

1. Paraty Nossa aventura começa em Para- vimentação apenas para o porto da cidade do ty, cidade portuária do Rio de Ja- Rio de Janeiro. neiro. Por que começa lá? Porque a Quando o ciclo do ouro entrou em decacidade sediava um importante porto. dência, a cidade passou a se dedicar à produA cidade ganhou importância no ção de cachaça, e se especializou tanto nessa século XVII porque servia de porto produção que ficou conhecida por fabricar que levava o ouro das Minas Gerais a melhor cachaça do Brasil. Seu nome torpara Portugal. Nessa época, os sobranou-se referência da cachaça: dos começaram a ser construídos e seu porto era o segundo mais importante do Brasil, perdendo em importância e mo-

Terra da Cachaça “Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí... Em vez de tomar chá com torrada ele tomou Paraty.” - Assis Valente A música é de Assis Valente, mas foi Em 1954, foi aberta uma estrada que popularizada pela voz de Carmem Mipassou a ligar Paraty ao interior pelo Vale randa. do Paraíba. Posteriormente a rodovia RioO porto de Paraty foi usado também Santos ligou Paraty aos dois maiores cenpara embarcar o café vindo do Vale do tros do país (São Paulo e Rio de Janeiro). Paraíba para a Europa. Esse período foi E, desde então, a cidade viu surgir um marcado por outro momento de grande ciclo de turismo que dura até os dias de crescimento econômico na história da hoje. Atualmente a população da cidade cidade. possui 37.533 habitantes (IBGE - 2010).

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE Instituto que é o principal provedor de dados e informações do país, que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal. O IBGE oferece uma visão completa e atual do País, através do desempenho de suas principais funções: •P rodução e análise de informações estatísticas • Produção e análise de informações geográficas • Estruturação e implantação de um sistema da informações ambientais • Coordenação dos sistemas estatístico e cartográfico nacionais Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/eventos/missao/instituicao.shtm Acessado em 03/12/2012

Paraty O nome da cidade é uma palavra indígena que significa o espaço do mar, golfo, ou ainda pequena enseada. Paraty é ainda uma variação de mandioca e nome de uma conhecida cachaça fabricada na cidade. Uma curiosidade é a manutenção do y no nome da cidade apesar da normatização ortográfica brasileira que excluiu essa letra no nosso alfabeto. Imagem 2: Vista panorâmica de Paraty-RJ. Foto: Maurício Pereira de Souza 09/07/2012

Fonte: DOMENICO, Hugo D. Léxico Tupi-português: com adiantamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté: UNITAU, 2008.

2. Bairro da Encruzilhada O Bairro da Encruzilhada se localiza atualmente no território da cidade de Cunha. Você sabe o que significa a palavra encruzilhada? Encruzilhada significa lugar onde se cruzam estradas ou caminhos. O termo também é utilizado quando você se encontra numa posição na vida em que precisa optar por alternativas equivalentes, ou seja, escolher o caminho para onde vai.

Imagem 3: Entrada do Bairro da Encruzilhada em Cunha-SP. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2011

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3. Bifurcação de Itacuruçá De acordo com as pesquisas da professora Lia Carolina Prado Alves Mariotto, o território da vila de Taubaté se estendia por toda a região do atual município de Lagoinha, chegando ao bairro de Itacuruçá, hoje pertencente ao município de Cunha. Essas terras fizeram parte do município de Taubaté até 1873, quando foram vendidas. Félix Guisard Filho, historiador de Taubaté, relata o seguinte: “Era o Itacurussá uma sesmaria de terras pertencentes ao senado da Câmara de Taubaté, situada na Encruzilhada, caminho do Parati, hoje município de Cunha.

Muito tempo foi conhecida pelo nome de Terras de Taubaté da Cruz de Ferro.” Vocês perceberam que a palavra Itacuruçá está escrita com SS? Isso acontece porque antigamente tinha se escrevia assim e quando o historiador vai copiar um documento tem que ser exatamente igual ele foi escrito. Naquela época, no chamado Ciclo do Ouro, no final do século XVIII, o escoamento do ouro se iniciava na vila de Taubaté, passava pelo rio Una, pelo ribeirão Ipiranga e seguia em direção à região de Itacuruçá.

Itacuruçá De acordo com o livro léxico Tupi-português do estudioso Hugo Di Domenico, significa ita = pedra + Curuçá = estendido, espalhado; pedregal. Também tem o significado de cruz de ferro. Fonte: DOMENICO, Hugo D. Léxico Tupi-português: com adiantamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté: UNITAU, 2008.

Imagem 4: Foto da Bifurcação de Itacuruça. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011

Neste ponto do caminho há uma bifurcação, ou seja, o caminho se divide em dois: um lado vai para o Cemitério das Abóboras, dando continuidade à nossa rota, e o outro vai para o Bairro do Jericó, parte do território de Cunha.

4. Cemitério das Abóboras O chamado Cemitério das Abóboras boras (que antigamente fazia parte da vila ainda fica na região de Cunha - SP. Dide Taubaté). ferente esse nome, não é? Há um bairPara facilitar os sepultamentos desta rero com esse nome e o cemitério se logião que é formada pelos bairros de Abócaliza exatamente no Caminho Antigo boras, Catioca, Itambé, Catioquinha, Vardo Ouro. gem da Santa Cruz, Jericó e Sertão dos A região das Abóboras fazia parte dos Marianos, construiu-se esse cemitério na domínios do sesmeiro Francisco Pereidécada de 1950. ra de Sousa, morador do bairro das Abó-

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Sesmeiro Sesmeiro era o colono responsável pela Sesmaria, que era o terreno abandonado ou que apresentava dificuldade para o cultivo que os reis de Portugal cediam aos novos povoadores. Fonte: FAUSTO. Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2001.

Imagem 5: Cemitério das Abóboras. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011

5. Várzea do Avião Outro ponto muito interessante e histórico do caminho, é a várzea onde aterrizou o Tenente Eduardo Gomes, em 23 de julho de 1924. Atualmente, essa várzea faz parte de uma fazenda no território do município de Cunha, onde, um dos donos, conhecedor dessa história, fixou uma placa informando sobre o curioso fato. O ponto ficou conhecido como várzea do avião.

Várzea Termo geográfico utilizado para uma área cultivada, terreno baixo e plano, que não alaga, que margeia os rios e ribeirões. Fonte: AB’SÁBER, Aziz. Os domínios de Natureza no Brasil. São Paulo, Ateliê Editorial, 2005

Texto da Placa do Avião Aqui nesta várzea, no dia 23 de julho de 1924, aterrissou um avião monomotor modelo Curtiss, devido problemas mecânicos. O avião transportava uma bomba com 3 quilos de dinamite, 50 mil panfletos e se dirigia ao Rio de Janeiro para bombardear o Palácio do Catete e convocar os cariocas para a Revolução de 24. O avião era pilotado pelo alemão Carlos Herdler e comandado pelo Tenente Eduardo Gomes, futuro fundador do Correio aéreo Nacional Brigadeiro, Marechal do Ar, e Patrono da Força Aérea Brasileira.

Eduardo Gomes foi um aviador, militar e político brasileiro. Patrono da FAB Imagem 6: Várzea onde o Tenente Eduardo Gomes pousou. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 (Força Aérea Brasileira) e ministro da Aeronáutica duas vezes: de 1954 a 1955 e de 1965 a Revolta Paulista de 1924, a Coluna Prestes e a 1967. Foi um dos sobreviven- as ações que derrubaram Washington Luís, em tes da Revolta dos 18 do Forte de 1930. Com a subida de Getúlio Vargas ao poder, trabalhou na criação do Correio Aéreo Copacabana em 1922, marco inicial Militar, que viria a se tornar o Correio Aéreo do tenentismo, quando foi ferido graNacional. vemente. Participou de importantes momentos históricos do Brasil, como

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Imagem 7: Símbolo da Força Aérea Brasileira http://www.aereo.jor.br/ wp-content/uploads//2011/05/S%C3%ADmbolo-FAB.jpg

Nos anos de 1946 e 1950, Eduardo Gomes, já com a patente de Brigadeiro candidatou-se à presidência do Brasil pela UDN (União Democrática Nacional). Brigadeiro é a mais alta patente da Aeronáutica. Durante a campanha para a eleição foram organizadas festas em São Paulo promovendo sua candidatura. E numa dessas ocasiões, criaram o doce que recebeu o nome de brigadeiro em Imagem 8: Tenente Eduardo Gomes. sua homenagem. http://doceslembrancasmg.files.wordpress.com/2011/11/sr2bbrigadeiro2b2.jpg

História do Brigadeiro O brigadeiro, o doce, ficou conhecido mesmo em 1945, durante a campanha do brigadeiro Eduardo Gomes pelas eleições presidenciais. O docinho de chocolate, até então quase anônimo, era preparado pelas eleitoras mais prendadas do político e servido em festas de campanha como sendo ‘o preferido do brigadeiro’. De tanto ser apresentado desse modo, o docinho, que não tinha nome, passou a ser chamado ‘brigadeiro’. Imagem 9: Doce brigadeiro http://ladyninjas114.wikispaces.com/file/view/200pxBrigadeiro2.jpg/215920250/329x271/200pxBrigadeiro2.jpg

Fonte: A história do brigadeiro. http://blogs.estadao.com.br/revista/a-historia-do-brigadeiro-receitasdeliciosas/?doing_wp_cron=1354537234.59264111518859863281 25 Acessado em 03/12/2012

Como fazer o Brigadeiro Ingredientes 1 lata de leite condensado 1 colher de sopa de margarina sem sal 7 colheres rasas das de sopa de Nescau ou 4 colheres de sopa de chocolate em pó Chocolate granulado para fazer bolinhas Modo de Preparo Coloque em uma panela funda o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó. Cozinhe em fogo médio e mexa sem parar com uma colher de pau. Cozinhe até que o brigadeiro comece a desgrudar da panela. Deixe esfriar bem, então unte as mãos com margarina, faça as bolinhas e envolva-as em chocolate granulado. As forminhas de papel você encontra em qualquer supermercado.

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6. Alto da Catioca Acompanhando o relevo sinuoso e ondulado dos mares de morro, nesse ponto do caminho há uma elevação, por esse motivo é chamado de alto da Catioca, que fica a quase 900 metros do nível do mar. Texto da Placa do Avião Domínio dos Mares de Morros ou domínio das regiões serranas, de morros mamelonares do Brasil de Sudeste – área de climas tropicais e subtropicais úmidos, zona de mata atlântica sul-oriental (Ab’Saber). Caracterizam-se pela presença de vales estreitos, apresentam relevo acidentado, ondulado e montanhoso. A litologia condiconante à formação desta paisagem é o embasamento granito-gnáissico. Fonte: AB’SÁBER, Aziz. Os domínios de Natureza no Brasil. São Paulo, Ateliê Editorial, 2005

Imagem 10: Vista dos mares de morro do Alto da Catioca. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2011

Esse agitado bairro rural de Cunha, que tem hoje um extenso roteiro de festas e de manifestações culturais, era, antigamente, parte da sesmaria de um morador da Vila de Taubaté. A extensa região da Catioca é formada pelos bairros do Itacuruçá, Encontro,

Praia, Abóboras, Várzae da Santa Cruz, Ribeirão das Almas, Catioca, Itambé, Mato Dentro, Catioquinha, Barro Vermelho e Paraitinga. É considerada uma região de povoamento antigo. Em 1740, foi criada a freguesia do Facão, que hoje é o município de Cunha-SP.

7. Fazenda Sant’anna Catioca O termo de origem indígena significa espumosa e poço, alusivo a muita espuma e um poço logo abaixo. Qûa = poço + ti-yuî-og = espumar = ca = sufixo para formar supino, ou seja, elevação. Esse significado faz sentido porque na região há uma cachoeira. Fonte: DOMENICO, Hugo D. Léxico Tupiportuguês: com adiantamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté: UNITAU, 2008.

A fazenda é localizada no município de Lagoinha e foi construída em 1861, por José Domingues de Castro, construtor de igrejas de origem portuguesa. É um belissimo marco da época cafeeira, quando chegou a ter 200 escravos. Fazendo parte do conjunto vê-se a Igreja de Sant’ana. A Fazenda também foi chamada de Fazenda dos Escravos.

Imagem 8: Fazenda Sant’anna. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011

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Imagem 12: Igreja de Sant’anna. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011

Santa Sant’anna Mulher nazarena que apesar de não ser mencionada nos Evangelhos, pela tradição da Igreja Católica seria a mãe da Virgem Maria e, portanto, avó materna de Jesus Cristo. Venerada como padroeira das mulheres casadas, especialmente das grávidas, cujos partos torna rápidos e bem-sucedidos, é também protetora das viúvas, dos navegantes e marceneiros. Fonte: Santa Ana. Acessado em http://www.parsantana.org/paroquia/santa-ana/ 03/12/2012

Imagem 13: Gravura de Sant’anna. http://www.minhaprece. com/wp-content/uploads/2008/02/santa-ana.jpg

8. Meandros do Paraitinga Aqui, o caminho acompanha o Rio Paraitinga e a vista é muito bonita. Antigamente os índios, os tropeiros e outros viajantes que faziam uso do caminho e de outras rotas dessa natureza, precisavam de água, assim, não é coincidência a proximidade do caminho com o rio. Meandro Meandro é uma curva acentuada de um rio ,e que muda de forma e posição. O canal do rio muda constantemente de posição ao longo da planície devido à erosão e deposição de detritos em suas margens. Este processo leva a acentuar a curvatura do meandro. “Meandro” ou “Meandros”? Está correto o plural, pois, meandro é uma curva e, neste trecho do Rio Paraitinga há várias curvas. Fonte: Meandro. Acessado http://www.dicio.com.br/meandro/ 28/11/2012

Imagem 14: Imagem de satélite dos meandros do rio Paraitinga

9. Cachoeira Grande Esse ponto era paragem das tropas e mes: Salto Grande, Cachoeira do Faxinal. Embora muita gente ache que a caainda hoje é muito visitado por turistas e choeira está localizada na cidade de São banhistas. Luiz do Paraitinga a Cachoeira Grande A cachoeira Grande já teve outros no-

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faz parte do município de Lagoinha. Você sabe como se forma uma cachoeira? A Cachoeira Grande, por exemplo, se forma pela queda de 18 metros do ribeirão da Serra, que nasce na serra do Que-

bra Cangalha e deságua no rio Paraitinga. É possível localizá-la no mapa porque é um acidente geográfico.

Acidente Geográfico São variações no relevo terrestre, e podem ser divididos em duas categorias: acidentes naturais, como lagos, cachoeiras, rios, montanhas, vales, etc; e acidentes artificiais, como casas, cidades, pontes, etc. Fonte: FARIA, Carolina. Acidentes Geográficos. Acessado em http://www.infoescola.com/geografia/acidentesgeograficos/ 28/11/2012

Imagem 10: Vista panorâmica da Cachoeira do Faxinal. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011

10. Capela de São Benedito do Morro Grande Tendo como padroeiro São Benedito, da Nossa Senhora da Conceição e, atuesta capela está localizada no território de almente está fechada, provavelmente Lagoinha. Segundo relatos, foi constru- porque existem poucos moradores na ída no século XIX. Pertence à Paróquia região.

11. Bairro do Ribeirão O Bairro do Ribeirão teve origem como uma das propriedades de Antonio Vieira de Maia. Era uma sesmaria situada na região da Vila de Taubaté, na paragem chamada Barreiros. Hoje ainda pertence à Taubaté.

Imagem 16: Capela de São Benedito do Morro Grande – Foto de Amanda de Oliveira Monteiro

Neste bairro tradicionalmente é vendido na venda local, conhecida como “Bar e Mercearia do Dorfo”, o pastel de carne seca desfiada. Esta receita originouse com os tropeiros e foi passada de geração em geração, até os dias atuais. Imagem 17: Vista aérea do bairro do Ribeirão. Foto: Googleearth 29/11/2012

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Pastel de carne seca desfiada Ingredientes 1 quilo(s) de carne seca (coxão duro) 2 cebolas grandes Azeite a gosto 8 dentes de alho 2 tomates verdes sem semente Salsinha a gosto Pimenta-do-reino a gosto 10 azeitonas chilenas 600 grama(s) de massa de pastel 24 ovos de codorna cozidos Óleo para fritar

Imagem 18: Pastel de carne seca desfiada. Foto: Mauricio Pereira de Souza. 24/09/2012

Modo de preparo Deixe a carne de molho na água de um dia para o outro. Escorra a carne, corte em cubos e ferva em água limpa na panela de pressão por 40 minutos ou até ficar macia. Desfie e reserve. Leve ao fogo uma panela com um fio de azeite, a cebola picada, o alho amassado e deixe fritar até dourar. Coloque o tomate e misture bem. Junte a carne desfiada e misture tudo. Finalize com a salsinha, a pimenta, a azeitona picada. Acerte o sal e deixe esfriar. Abra a massa do pastel e corte no tamanho desejado. Recheie cada unidade com a carne seca temperada e um ovo de codorna. Frite em óleo quente. Fonte: Pastel de carne seca. Acessado http://comidasebebidas.uol.com.br/receitas/2012/07/07/pastel-de-carne-seca.htm 03/12/2012

12. Bairro da Pedra Grande Primeiro bairro da região de Tauba- para atirar. Seus pés cravaram-se na pedra té vindo no sentido Paraty – Taubaté que o fez perder o equilíbrio impossibiliReza a lenda que, na Pedra Grande tando apertar o gatilho. Até hoje, essas um filho ficou de tocaia para matar o marcas se encontram na pedra. pai Quando viu seu pai, preparou-se A Lenda da Pedra Grande Havia um bairro chamado “Pedra Grande”, que ficava a mais de uma légua da fazenda. O que deu origem a esse nome, foi uma enorme pedra preta, que existia à beira da estrada. Coisa impressionante!... O terreno não era pedregoso, terra até muito boa e sem mais nem menos a gente deparava com aquela pedra, muito maior que uma casa. Tinha um declive, pelo qual era possível subir e andar sobre ela. A superfície era bem lisa, havendo somente uma pequena reentrância, semelhante ao rastro de uma pessoa. Contavam os moradores do bairro que um homem, chamado José Pinto, havia dado uma surra em seu próprio pai. Este correu, sempre perseguido pelo filho e galgou a pedra. O filho subiu também e antes que o alcançasse, sentiu o pé afundar-se na pedra, e lá ficou o seu rastro para sempre. Imagem 19: Pedra Grande e detalhe das lendárias marcas dos pés – Foto de Maurício Pereira de Souza 24/09/2011

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13. Igreja São João do Macuco O bairro do Mato Dentro do Macuco, onde localizava-se a Fazenda São Joaquim, no município de Taubaté, fazia divisa ao norte com o bairro da Pedra Grande e outros bairros rurais. Dentre os vizinhos, havia a fazenda Santa Maria, que pertenceu ao Visconde do Tremembé, avô de Monteiro Lobato. A distância do bairro até a cidade de Taubaté é de 23 km, percorridos na época de carro de boi em aproximadamente quatro horas, cinco horas a pé e três horas a cavalo. Essa estrada passava por dois pontos da rota do ouro, o bairro do Monjolinho e a vargem do rio Una.

Imagem 20: Carro de boi, veículo muito utilizado na zona rural. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2012

A capela de São João do Macuco localiza-se no município de Taubaté (Bairro do Macuco). Como a capela está numa propriedade privada muito próxima do município de Lagoinha, os moradores do bairro freqüentam a cidade de Lagoinha em função da grande distância que se encontra de Taubaté e por esse mesmo motivo o padre que celebra as missas dominicais é pároco de Lagoinha. Foi construída de “pau a pique” em 1914.

Imagem 21: Capela São João do Macuco. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011

Pau a pique Também conhecida como taipa de mão, taipa de sopapo ou taipa de sebe, é uma técnica construtiva antiga que consistia no entrelaçamento de madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu amarradas entre si por cipós, dando origem a um grande painel perfurado que, após ter os vãos preenchidos com barro, transformava-se em parede. Utilizado no repertório das construções dos séculos XVIII e XIX, período colonial. Notese que seu uso ocorre, em sua maioria, na zona rural. Fonte: Arquitetura Arqueológica. Acessado em http://verdesaine.net/arquitetura_ecologica/ 28/11/2012

Imagem 22: Casa de Pau a pique. Foto: Maurício Pereira de Souza 10/04/2012

Como a maioria das capelas e igrejas rurais essa também centraliza a realização de festas e manifestações culturais. Como o padroeiro é São João, a principal festa é realizada no mês de junho.

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14. Igreja Nossa Senhora do Parto Localizada em Taubaté, tem como padroeira a Nossa Senhora do Bom Parto. A principal festa é realizada em setembro

Imagem 23: Capela de Nossa Senhora do Parto Foto de Amanda de Oliveira Monteiro

Nossa Senhora do Bom Parto

Imagem 24: Imagem de Nossa Senhora do Bom Parto. http://www.tudook.com/portalcatolico/ images/bomparto.jpg

Os títulos de Nossa Senhora, “do Bom Parto” e do “Bom Sucesso” nasceram aos pés da imagem da Virgem Negra de Paris, venerada na antiga igreja SaintEtienne-des-Grès, capital francesa. Invocar a proteção da Mãe durante a gestação e parto é o que toda família cristã sempre fez ao longo dos séculos. O culto à Virgem do Bom Parto é uma das mais tradicionais devoções da França, Espanha e Portugal, que se espalhou por muitas outras nações. No mundo cristão, esse culto aparece com títulos semelhantes, como Nossa Senhora do Divino Parto, entre outros, porém as imagens representam a Virgem com a pele clara. Fonte: Nossa Senhora do Bom Parto - Virgem Morena de Paris. Acessado em http://www.cnbbo2.org.br/index2.php?system=news&action=read&id=1274&e id=33103/12/2012

15. Bairro Monjolinho Todas as terras da região pertenciam à fazenda Sete Voltas, mas com a morte de seu proprietário, em 1941, os filhos a dividiram em duas, surgindo a fazenda do Monjolo, que recebeu esse nome devido a um pequeno monjolo que ali existia, utilizado pela população local para pilar o milho para o consumo. Ao longo dos anos, a própria comunidade que existia ao redor da fazenda foi apelidando-a de “Monjolinho”. Para conhecer a história do Monjolinho e dos outros bairros rurais de Taubaté, precisamos voltar no tempo e fazer uma viagem com os tropeiros que, desde o século XVII, utilizavam a estrada denominada Sete Voltas como passagem comercial. Como era de costume, os viajantes realizavam paradas ao longo do trajeto

para descanso e abastecimento, além de rezarem nas capelas que encontravam pelo caminho buscando proteção. Foi assim que muitas cidades, vilas e bairros nasceram na região do Vale do Paraíba, inclusive em Taubaté. Foi a partir destes povoamentos que nasceram os bairros rurais.

Imagem 26: Inicio do Bairro do Monjolinho. Foto: Rachel Duarte Abdala 23/11/2011

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Monjolo Monjolo é uma máquina tradicional movida à água, destinada ao beneficiamento do arroz. Ao contrário do que se pensa, o monjolo não é muito utilizado para a fabricação de farinha, uma vez que o peso do braço, que é de madeira, não é suficiente para moer os grãos. Para se fazer a farinha é utilizado o moinho, que atrita os grãos contra uma mó, pedra pesada capaz de reduzir os grãos a pó. É formado por uma haste de madeira suspensa de forma que a parte que suporta o pau do pilão é maior que a outra, que termina por um cocho que enche com a água proveniente de uma calha, fazendo assim levantar o pau do pilão. Quando está cheio o cocho, este faz baixar a haste e, quando o cocho despeja a água, a outra extremidade cai sobre o pilão. Para o habitante do meio rural é comum procura morar nas proximidades do rio ou riacho, lugar onde haja água. Se ele é plantador de arroz ou milho terá uma das mais prestativas máquinas, o monjolo. Fonte: VAINSENCHER,Semira Adler. Pilão e Monjolo. Acessado em http://basilio.fundaj.gov.br/ pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view =article&id=629&Itemid=195 03/12/2012

Imagem 25: Monjolo. Foto: Mauricio Pereira de Souza 26/10/2011

16. Escola Monjolinho Apesar de ser conhecida como Escola do Monjolinho, a Escola tem um “nome oficial” que é: EMEIEF Prof. José Marcondes de Moura. A educação no Monjolinho acompanha a história e o desenvolvimento do bairro. Entre os anos de 1956 e 1957, por iniciativa da comunidade e apoio dos fazendeiros, foi construída uma escola dentro da fazenda Monjolo, onde apenas um professor era responsável pelo ensino das crianças da região.

Em 1985, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo assumiu a escola com a intenção de unificar o ensino da área rural, concentrando o atendimento aos alunos no novo prédio construído para esse fim. Em 1995, a escola passou a ser mantida pela prefeitura de Taubaté, atendendo desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental. Atualmente, a escola atende do Ensino Infantil até o Ensino Médio.

Taubaté De acordo com a cultura dos índios guaianases, habitantes da região, o significado do termo é: Tabaeté = taba legítima. Félix Guisard Filho, médico, historiador e prefeito da cidade, apresentou em sua obra outras grafias encontradas em antigos documentos - inventários, testamentos, recibos, certidões, certificados e cartas – Tabaetê, Thaubatê, Taubaté, Taybaté, Taobaté, Tabuathé, Tauvaté, Taubithé, Tabibathé, Taubuaté e Tabahybaté. Há ainda outros significados para o termo: considerando-se que o sinal de plural entre os índios era eté, aité ou etá, Taubaté, também poderia significar muita taba ou tabas, conjunto de muitas tabas. Outro significado é o de aldeia alta porque taba significa aldeia e o sufixo ibaté alto. Fonte: DOMENICO, Hugo D. Léxico Tupi-português: com adiantamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté: UNITAU, 2008.

Imagem 27: Brasão da Escola EMEIF José Marcondes de Moura no bairro do Monjolinho em Taubaté – SP. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2011

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Índios Guaianases Os índios guaianás, também conhecidos como “guaianases”, foram um agrupamento indígena brasileiro, que povoou São Paulo de Piratininga até o final do século XVI. Durante o período colonial, essa tribo recebeu vários nomes, como guaianases e guaianã. Era um grupo considerado coletor, ocupando a região da Serra do Mar, em um território que ia desde a Serra de Paranapiacaba até a foz do Rio Paraíba, no atual estado do Rio de Janeiro. Imagem 28: Gravura do século XVII demonstrando uma tribo de índios Guaianases. http://www2.guiasjc.com.br/wp-content/uploads/2011/09/img3.jpg

17. Desembocadura do rio Una - Garganta do Piracuama

Una O nome do rio é também um termo indígena que significa preto, escuro, negro e um besouro.

Piracuama O termo significa comedouro dos peixes, também chamado de ceva. Pirá = peixe = guama = comedouro. O termo denomina o rio com leito desigual e voltas esquinadas, que nasce na Serra da Mantiqueira e desce com saltos e cachoeiras pelos municípios de Pindamonhangaba e Taubaté. Fonte: DOMENICO, Hugo D. Léxico Tupi-português: com adiantamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté: UNITAU, 2008.

Fonte: DOMENICO, Hugo D. Léxico Tupi-português: com adiantamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté: UNITAU, 2008.

O Rio Una é formado pelo rio das Almas e rio da Rocinha que se encontram no bairro do Registro no município de Taubaté. A sua foz é no rio Paraíba do Sul. Foz é denominado o local onde uma corrente de água, como um rio, deságua. Sendo assim, um rio pode ter como foz um outro rio, um grande lago, uma lagoa, um mar, ou mesmo o oceano.

Nossa aventura termina aqui quando chegamos em Taubaté porque o Caminho Antigo do Ouro partia de Paraty e seguia até Taubaté de onde era possível continuar até as paragens das Minas Gerais.

Imagem 29: Vista panorâmica da cidade de Taubaté com a Garganta do Piracuama ao fundo. Foto: Mauricio Pereira de Souza 28/11/2012

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Atividades 1. Para conhecer o espaço em que vivemos e o espaço construído ao longo do tempo é preciso caminhar, é preciso viver esse espaço, é preciso estudá-lo, como fizemos nesse capítulo. Vamos trabalhar um pouco mais? Pesquise os mapas atuais da sua cidade e da região em que você mora. Você consegue perceber a ligação entre a região onde você mora e o Caminho Antigo do Ouro? 2. Tomando como exemplo o percurso apresentado neste capítulo, faça a descrição do caminho que você utiliza para ir à escola mostrando os pontos de maior interesse.

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1. Tradições e costumes de ontem e de hoje O nosso passeio pelo Caminho Antigo do Ouro e pela História não é formado só pela caminhada e pelos marcos deixados ao longo do tempo. É formado também de saberes e de fazeres, ou seja, dos costumes dos homens, mulheres e crianças que moraram e moram nessa região. Segundo os historiadores, são assim chamadas permanências. Isto significa que o mundo muda, o entorno muda, as inovações tecnológicas chegam e transformam o nosso dia-a-dia, mas há traços que ficam, como, por exemplo, até na nossa maneira de falar. Além da nossa maneira de falar, temos outras permanências, como alguns tipos de comida e a forma

Imagem 2: Cortejo de cavaleiros na festa de São Bom Jesus do Ipiranga na cidade de Taubaté - SP. Foto Mauricio Pereira de Souza 20/05/2012

2. As tropas

Imagem 1: Amarildo Pereira Marcos Morador de Lagoinha, Membro do grupo Orgulho Caipira, violeiro, repentista, folclorista e uma das figuras mais populares da cidade.

de preparo dessa comida, receita de remédios caseiros, formas de tratamento, festas, manifestações culturais, etc. São esses saberes, coisas que aprendemos pela prática e pela transmissão de geração em geração, “de pai para filho” como se diz, fazemos sem saber a origem. São tradições que deixam marcas nas pessoas e nas comunidades que as identificam. São por esses saberes e fazeres que reconhecemos de onde as pessoas são e como são. O mais importante é que a cultura popular, realizada pelas festas, cantorias, contos folclóricos, continue a preservar e valorizar a identidade local. Aqui na nossa região do vale do Paraíba temos os nossos saberes e fazeres. Vamos conhecê-los mais?

As tropas eram grandes grupos de comerciantes paulistas que transportavam com cavalos, burros e mulas, açúcar, carne salgada (charque), cereais, e, mais tarde, o ouro e o café. As tropas transportavam esses produtos, comercializavam e movimentavam a região promovendo e alimentando feiras.

Imagem 3: Tropeiros em Lagoinha. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-LU04ks7k_ j0/TZjcaBZC_ZI/AAAAAAAAB2g/KqxSYVsiM7g/s1600/4197955.jpg

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Abaixo temos algumas imagens de tropas, dos tropeiros e dos animais que levavam a carga.

Imagem 4: Desenho de uma besta das tropas. Visão dianteira. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996.

Imagem 5: Desenho de um burro das tropas. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996.

Imagem 7: Desenho de uma tropa. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996. Imagem 6: Desenho de um tropeiro com a capa de proteção para grandes viagens. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996

3. Tropeirismo O tropeirismo começou para o transporte de produtos alimentares e para a busca das minas de ouro. Essa locomoção passava por serras, rios, montanhas, florestas e exigia animais fortes como meio de transporte de bandeirantes e de produtos a serem vendidos. No período do chamado Ciclo do Ouro, os tropeiros que vinham das Minas Gerais e do Médio Vale do Paraíba tinham como destino o Porto da cidade de Paraty para a saída dos produtos que transportavam.

O tropeirismo começou no século XVII e no século XIX, continuou, mas com algumas mudanças. Na verdade, você sabia que até hoje há tropeiros? É claro que não são exatamente como nesse período mais antigo quando surgiram, mas ainda existem grupos que fazem travessias. A cultura tropeira está presente em várias cidades da região. São aspectos que nós nem sabemos que tiveram origem no tropeirismo, como, por exemplo, algumas formas de preparar comida, como no caso do café que não é coado.

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Para o suporte dos tropeiros havia os so de Tropa“ se localizasse às margens pousos e vários tipos de ajudantes, tais de um córrego. Assim nasceu Lagoicomo: ferreiros, celeiros, domadores, crianha às margens de uma lagoa. dores de animais. Havia assim, uma mobiOs pousos de tropa geralmente eram lização que criava condições para que os a cada, trinta quilômetros. Por isso, as tropeiros se locomovessem. cidades, que surgiram a partir de um Lagoinha, como tantas cidades pouso de tropas têm até hoje essa disdo interior paulista, nasceu por causa do tância entre si. Tropeirismo. Era natural que todo “Pou-

Imagem 9: Vista Aérea da Região Central da Cidade de Lagoinha. Foto: Rosângela Teixeira. 01/09/2012.

Lagoinha A Vila de Nossa Senhora da Conceição de Lagoinha, nasceu em 26 de março de 1866, com a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Lagoinha, integrada ao Município de São Luiz do Paraitinga. Em 25 de janeiro de 1880, foi elevada à condição de Vila Nossa Senhora da Conceição de Lagoinha. Em 19 de fevereiro de 1900, a Vila Nossa Senhora da Conceição de Lagoinha, foi elevada à categoria de Município. Essa sua primeira emancipação política durou apenas trinta e quatro anos, pois em 21 de maio de 1934, Lagoinha voltou à condição de Distrito e passou integrar o Município de Cunha. Só em 23 de dezembro de 1953, Lagoinha foi, novamente e definitivamente, elevada à condição de Município, readquirindo sua autonomia política.

4.Alimentação: receitas e curiosidades A alimentação vai mudando de acordo com os ingredientes disponíveis na reTermos do Tropeirismo: gião e as práticas culturais. Hoje na re1 Marcha: equivale a cinco léguas. gião do Vale do Paraíba do sul há receitas 1 Légua: equivale a seis quilômetros. e formas de cozinhar que permaneceram 1 Marcha é a distância percorrida por desde o período colonial, ou seja, do início uma tropa, em um dia. Tem a duração de, da nossa aventura pelo caminho antigo do aproximadamente, cinco horas. ouro. Alguns ingredientes, como o milho, foram e são muito freqüentes na alimentação das pessoas da região. Vamos aprender a fazer essas gostosuras?

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Bolinho de milho Ingredientes: 2 copos de farinha de milho; 1 copo de polvilho azedo; 1 colher de chá de sal; Modo de preparo: Coloque numa vasilha média a farinha, o polvilho, o sal e o ovo. Vá colocando o leite e amassando com as mãos até soltar das mãos, depois enrole e frite em óleo quente.

Imagem 9: Bolo de Milho. Fonte: http://www.lenny.com.br/bloglenny/ wp-content/uploads/2012/05/bolo-de-milho.jpg 29/11/2012

Bolo de fubá assado na panela de ferro Ingredientes: 2 Ovos 1 Copo de açúcar; 1 Copo e meio de trigo; 1 Copo meio de fubá; 1 Copo de óleo; 1 Colher de fermento; 1 Copo e meio de leite; 1 Colher de erva doce. Modo de preparo: Bata tudo numa tigela, passe óleo na panela e coloque a massa. Tampe a panela e coloque no fogão a lenha em fogo brando e jogue a brasa em cima da tampa e deixe assando. Letícia – 5º ano C - Escola Municipal Alceu Coelho - Lagoinha

Aline – 5º ano C - Escola Municipal Alceu Coelho - Lagoinha

Imagem 10: Bolo de Fubá. Fonte: http://www.asreceitas.com.br/wpcontent/uploads/receita-bolo-fuba-secreto.jpg 29/11/2012wp-content/ uploads/2012/05/bolo-de-milho.jpg 29/11/2012

Além do milho, outros ingredientes eram usados para dar “sustância” aos viajantes, ou seja, a alimentação dos tropeiros devia ser rica para dar-lhes força para as viagens e empreitadas.

Tutu de Feijão da Vovó Ingredientes: 1/2K de feijão cozido e temperado batido no liquidificador junto com o caldo; ½ Xícara de chá de farinha de mandioca; Sal a gosto; 1 Cebola média picada; 2 Dentes de alho amassado; 1K de lingüiça de porco cortada em pedaços; 1/2K de toucinho para torresmo Cheiro verde; Modo de preparo: Frite a cebola picada e o alho amassado em 3 colheres de gordura do torresmo e coloque no feijão. Engrosse com farinha de mandioca. Despeje num pirex e enfeite com as lingüiças de porco fritas e o torresmo. Polvilhe com cheiro verde picado. Letícia – 5º ano C - Escola Municipal Alceu Coelho - Lagoinha

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5. Permanências: do indígena, do bandeirante e do tropeiro A língua muda de acordo com o uso. Assim, a chamada “língua paulista” Taubaté possui um dos maiores acervos foi formada pela fala dos bandeirantes, documentais do Brasil a respeito do períodos colonos portugueses, dos índios e do do início da colonização e do auge das dos escravos negros. atividades dos bandeirantes, ou seja, os Conseguimos acompanhar e entender séculos XVI e XVII. Essa documentação as mudanças por meio dos documentos esta arquivada e disponível para pesquisa escritos. no Arquivo Histórico da cidade. Para compreender essa escrita existe uma técnica chamada Paleografia.

Lagoinha Paleo significa antiga e grafia escrita, assim, Paleografia é escrita antiga. Paleografia é o estudo de textos manuscritos antigos e medievais, independentemente da língua veicular do documento Imagem 11 Estudos de paleografia realizados no Arquivo Histórico de Taubaté. Foto: Mauricio Pereira de Souza 31/10/2012

O fato é que com o tempo muitas palavras conseguem ser inscritas nos dicionários, mesmo porque se tornam por tal forma entrosadas nas conversações, que precisam ser consideradas. Por outro lado, há palavras que desaparecem pelo desuso.

6. Ditos populares Você certamente já ouviu sua mãe, seu Os ditos populares não existem só pai, seus avós, seus vizinhos e você mesmo aqui na nossa região, praticamente já deve ter falado sobre os ditos populares. todos os povos da Terra têm os seus O taubateano Emílio Amadei Berings esditos. Mas os daqui fazem referência aos tropeiros, às tropas e às coisas da creveu sobre os ditos populares. Disse que não há, praticamente, povo algum sobre nossa terra. Falamos, repetimos e muia Terra que não tenha seus usos e costutas vezes não sabemos as origens. mes próprios, seu modo de se comunicar Há os mais conhecidos, que falamos com os semelhantes, seus ditados e suas bastante, e os menos conhecidos, mas frases. veja se você identifica alguns:

• Quando um burro fala, o outro murcha a orelha • Um burro carregado de açúcar, até o casco dele é doce • Burro que não agüenta deita • Pra quem monta burro esperto, toda lonjura é perto. • Praga de urubu, burro não pega • Do homem é o errar, da besta o teimar

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• Burro não se amansa, se conforma • Burro que muito zurra pede cabresto • Filho de burro pode ser lindo, mas um dia dá coice • Boas idéias e burros mancos chegam sempre atrasados • Quem lava a cabeça do burro perde o trabalho e o sabão.


E há também as expressões que se referem à nossa cultura tropeira: • Deixe de ser besta • Não seja burro • Deu com os burros n’água • Disse besteira • Pai-dos-burros

• Cor de burro quando foge • É uma bruaca • Estar emburrado • Eleitor de cabresto • De pensar morreu um burro

7. Contos, lendas e causos Existem lendas e tradições interessantes te quando a pessoa fazia o sinal da da região e cidades pelas quais o Caminho cruz”. Existe também a lenda da faAntigo do Ouro passa. Esses causos, lendas zenda Cachoeira: “contam que nos are contos fazem parte da riqueza da cultura redores dessa fazenda, via-se um papopular e são grandes fontes de identidade. dre que, após a meia noite, parava e Na região do Bairro do Monjolinho em conversava com quem estivesse fora de Taubaté, podemos citar o conto da fazenda suas casas”. Monjolinho: “no dia das almas, durante Em toda a região há muitos causos noite, acontecia um cortejo funeral na que nos contam como os moradores antiga estrada que cortava as terras da pensam e no que acreditam. fazenda. O cortejo desaparecia somen-

Causos Causo é uma história (representando fatos verídicos ou não), contada de forma engraçada, com objetivo lúdico. Muitas vezes apresentam-se com rimas,trabalhando assim a sonoridade das palavras. São conhecidos também como causos populares e já fazem parte do folclore brasileiro. Fonte: Dicionário online Português. Acessado http://www.dicio.com.br/causo/ 28/11/2012 Lenda É o conjunto de mitos que são transmitidos de geração em geração, que faz parte da cultura popular. É também uma representação fantasiosa a fim de dar uma interpretação e uma explicação aos fenômenos da natureza e da vida. Fonte: Dicionário online Português. Acessado http://www.dicio.com.br/lenda/ 28/11/2012 Contos História curta em prosa, com um só conflito e ação, e poucos personagens. Fonte: Dicionário online Português. Acessado http://www.dicio.com.br/conto/ 28/11/2012

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Lenda do Homem de Capa Preta Antigamente na Festa do Divino iam cavaleiros com facas na cintura, na região do Paraíba em Lagoinha. Havia um fazendeiro muito ruim, quando ele morreu nem o inferno quis recebê-lo, então ele ficou vagando pelo mundo. Certo dia os cavaleiros foram embora da Festa do Divino e estavam indo para a Cristal, quando entrou na frente dos cavalos um homem de capa preta. Todos ficaram assustados, então o homem de capa preta falou: - Vocês querem conhecer a desgraça? Todos disseram que sim, amarraram os cavalos numa árvore ali perto e entraram em uma trilha e viram um baú de jóias preciosas, então disseram: - Isso que é desgraça, estamos ricos! Vai comprar um vinho para nós comemorarmos. E então, um foi para Lagoinha novamente e comprou um vinho e um veneno para matar os companheiros e ficar com todo o tesouro. Enquanto isso, os dois amigos também pensaram assim. O mais forte pegou a faca e enfiou no primeiro amigo, e depois enfiou a faca no outro companheiro que havia comprado o vinho e com o vinho também morreu. O homem da capa preta falou assim: - Vocês não queriam conhecer a desgraça?! Lenda de Lagoinha

Procissão das Almas Conta a lenda que havia uma mulher muito curiosa, tudo que passava pela rua ela tinha que ver. Um dia por volta da meia-noite ela abriu a janela e estava passando uma procissão. Uma pessoa que estava na reza aproximou-se dela e disse: - Amanhã no mesmo horário passaremos para pegar. No dia seguinte a vela virou um osso. Ela muito assustada foi pedir socorro ao padre. O padre disse que era a procissão das almas. Ela tinha que arrumar três Marias e dar doces, pipocas e balas para não dormir. Assim ela fez. No outro dia, meia-noite a procissão passou e pegou a vela e disse: - Se não fosse essas três Marias, você faria parte dessa procissão! Assim, a mulher nunca mais foi curiosa para saber da vida das outras pessoas. Lenda de Lagoinha

Existe uma diferença entre Lenda e das, principalmente, de forma oral de geraCauso. A lenda é um tipo de História ção em geração. As lendas não podem ser mais ampla e com aspectos mais fantás- comprovadas cientificamente, pois são ticos e que explicam fenômenos a partir frutos da imaginação das pessoas que as do imaginário popular. São transmiti- criaram.

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Imagem 12: Lenda escrita pelo aluno Claudemir Alves Junior de Lagoinha-SP.

Os ww são narrativas populares sobre “fatos verdadeiros” que parecem irreais.

Causo do Caipira Pescador Um dia o mineiro resolveu pescar sozinho porque já estava cheio de tanta gente em volta dele. Vara na mão, lata de minhoca e lá vai ele pro rio, bem cedinho. No caminho ele encontra um caboclinho que começa a acompanhá-lo. E o mineiro já pensando: “Ô saco, será que esse caboclinho vai ficar grudado ni mim?”. Chegaram no rio e o caboclinho do lado sem falar nada. O mineiro se arruma todo, começa a pescar e também não fala nada. Passam 3 horas e o caboclinho acocorado olhando sem dar um pio. Passam 6 horas e o caboclinho só zoiando ... Já no finalzinho do dia o mineiro ficou com pena e oferecendo a vara pro caboclinho disse: — O mininim, qué pesca um cadim? E o caboclinho responde: — Deus me livre moço, tem paciênça não, sô! Maicon Renan Escola Municipal Alceu Coelho - Lagoinha

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Lendas de Lagoinha Dizem que na fazenda Santana, ouvem-se choro dos escravos que moravam lá, também dizem que na mesma fazenda existia uma professora muito ruim que se chamava Dona Adelia, até hoje quando se usa um banheiro ela costuma aparecer no espelho rindo. Será que isso realmente é verdade? Também o povo conta que o coronel aparece atrás da Igreja dando chicotada em quem lá estiver. Isso tudo foi o que eu escutei de uma pessoa mais velha do que eu. Minha avó disse que isso tudo são só lendas. Será? Alexandra de Freitas e Sousa, Escola Municipal Alceu Coelho - Lagoinha

A Cobra com Cabeça de Cavalo Existe uma lenda que no bairro do Saperal tem uma cobra com cabeça de cavalo. Diz o tio da minha mãe que ele foi pescar com seu amigo no rio perto da fazenda do Bento. Eles estavam pescando quando viram o mato deitando, quando olharam era uma cobra que tinha uma cabeça de cavalo. Eles largaram da vara e correram. Maicon Renan Pena Firme, Escola Municipal Alceu Coelho - Lagoinha

8. Festas e manifestações culturais Na região rural as festas são muito associadas à chamada religiosidade popular. Isso significa que muitas festas são em homenagem ou honra de algum santo ou para comemorar datas religiosas. Cultura significa diferentes formas de vida, valores e tradições de um povo. As festas populares e religiosas são um exemplo de cultura, pois reúnem pessoas de todas as idades para um mesmo motivo, respeitando os valores culturais que ali existem. Os festejos marcam as origens de vá-

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Imagem 13: Festa de São Francisco de Assis na Igreja do Monjolinho. 23/10/2011. Foto: Rachel Duarte Abdala


rias comunidades são preservados até os dias de hoje. Em geral as festas acontecem anualmente, como por exemplo, a realizada em louvor ao Divino Espírito Santo, e têm barracas típicas, músicas, danças e um almoço para todos os convidados.

As festas da roça relacionadas à religiosidade popular têm ampla participação das comunidades e características em comum, tais como: • Novena preparatória • Missas e procissão • Barracas da festa • Barracas externas • Almoço gratuito oferecido pelo festeiro – geralmente o “afogado” • Rodeio • Shows • Brincadeiras típicas (pau-de-sebo) • Leilão de gado • Bingo • Distribuição de doces

Imagem 14 – Festa de São Francisco de Assis na Igreja do Monjolinho. 23/10/2011. Foto: Rachel D. Abdala

TEIXEIRA, Rosângela Isabel. As capelas de roça no município de Lagoinha-SP. Monografia. Trabalho de Conclusão de Curso de História. Taubaté: Universidade de Taubaté, 2008. 66p.

Aqui terminamos nossa jornada pelo Caminho Antigo do Ouro. Percebemos que a história do Brasil passa pela experiência dos nossos antepassados que viveram e construíram a identitumes, saberes e fazeres construindo a nosdade da nossa gente valeparaibana. sa cultura. Agora cabe a cada um de nós Indígenas, bandeirantes, tropeiros, olharmos um pouco para o passado, pensar escravos, aventureiros, imigrantes, o presente e o futuro como forma de manter todos contribuíram com os seus cosviva a nossa história. Como disse o violeiro Amarildo Pereira Marcos, escondido na simplicidade do caipira lagoiense: “A educação forma e a cultura transforma.”

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Atividades Entendimento do Tempo Pesquisa na Escola: o que é, para que serve e como se faz a) levantamento de histórias de moradores da região por meio da história oral e entrevistas. • Levar à escola antigos moradores, avós, pais, vizinhos dos alunos para contar histórias, causos (saberes e fazeres) e o que sabem sobre a Caminho b) levantamento de fotografias antigas • Pedir aos alunos fotografias antigas, de seus avós, pais, de eventos e festas da comunidade/município • identificar essas fotos: data, evento, local, pessoas retratadas, fotógrafo • fazer exposição dessas fotos na escola

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Referências Bibliográficas Capítulo 1 ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996. Capitanias hereditárias. Disponível em: http://www.knoow.net/ciencterravida/geografia/mapa.htm#vermais Acessado em: 08/05/2012. Global Position System. Disponível em: http://www.mbe.com.br/gps/curso/para_que_serve_um_gps.htm - Acessado em 02/12/2012 PASSARELLI, Umberto. Contribuição à história de Taubaté – denominação de vias e logradouros públicos. Taubaté: Prefeitura Municipal, 1996 (Taubateana nº 15). Capítulo 2 AB’SÁBER, Aziz. Os domínios de Natureza no Brasil. São Paulo, Ateliê Editorial, 2005 Arquitetura Arqueológica. Acessado em http://verdesaine.net/arquitetura_ecologica/ 28/11/2012 Bacia do Rio Uma. Fonte http://www.agro.unitau.br/una/una_plano_bacias_04.html Bairro do Monjolinho. Monjornal. Edição Especial 2010. Centro de Documentação e Pesquisa Histórica da UNITAU. Bairro do Ribeirão. Disponível em: http://www.almanaqueurupes.com/estudos/lia/tour.swf Acessado em 14/09/2011 Brigadeiro Eduardo Gomes. Disponível em: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=1006 e em: http://www.monumentosdorio.com.br/monu/rio/028/007.htm. Acessos em: 22/05/2012. BUENO, Eduardo (org.), PREZIA, Benedito in Os Nascimentos de São Paulo, São Paulo: Ediouro, 2004 Cachoeira Grande. Fonte: ALVES MARIOTTO, Lia Carolina Prado. “Em busca de um roteiro perdido: o caminho entre as vilas de Parati e Taubaté”. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/dlcv/lport/flp/images/arquivos/FLP10-11/ Mariotto.pdf . Acessado em: 13/09/2011. Catioca, Itacuruçá, Pedra Grande, Bairro do Ribeirão e Fazenda Sant’anna. Disponível em: http://www. almanaqueurupes.com/estudos/lia/tour.swf Acessado em: 14/09/2011 DOMENICO, Hugo Di. Léxico Tupi-Português: com aditamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté: UNITAU, 2008. FARIA, Carolina. Acidentes Geográficos. Acessado em http://www.infoescola.com/geografia/acidentesgeograficos/ 28/11/2012 FAUSTO. Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2001. GUISARD Filho, Félix. Nome, limites e brasões. Itacurussá. Achegas à História de Taubaté. Taubaté-SP: Athena, 1939. História de Paraty. Disponível em: http://www.eco-paraty.com/br/historia/index.htm. Acessado em: 22/05/2012. Índios Guaianazes. Fonte: BUENO, Eduardo (org.), PREZIA, Benedito in Os Nascimentos de São Paulo, São Paulo: Ediouro, 2004 Lenda da Pedra Grande. Fonte: MARCONDES, Maria Thereza Ramos. Tempo e Memória. 2 ed. Taubaté: Prefeitura de Taubaté., 1998. p. 188 – 189. MARCONDES, Maria Thereza Ramos. Tempo e memória. 2° ed. Taubaté: Taubaté – SP, 1998. MARIOTTO, Lia Carolina Prado Alves. “Em busca de um roteiro perdido: o caminho entre as vilas de Parati e Taubaté”. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/dlcv/lport/flp/images/arquivos/FLP10-11/Mariotto.pdf . Acessado em: 11/10/2010.

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Meandro Acessado http://www.dicio.com.br/meandro/ 28/11/2012 Meandros. Disponível em: http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/meandro.htm Acessado em: 13/09/2011 Nossa Senhora do Bom Parto - Virgem Morena de Paris. Acessado em http://www.cnbbo2.org.br/index2.php? system=news&action=read&id=1274&eid=33103/12/2012 Paraty. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paraty#Hist.C3.B3ria Acessado em: 22/05/2012. Pastel de carne seca. Acessado http://comidasebebidas.uol.com.br/receitas/2012/07/07/pastel-de-carne-seca. htm 03/12/2012 Primeiros dados do Censo 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/disseminacao/eventos/missao/ instituicao.shtm. Acessado em 03/12/2012 Santa Ana. Acessado em http://www.parsantana.org/paroquia/santa-ana/ 03/12/2012 Tenente Eduardo Gomes. Disponível em: http://www.babylon.com/definition/Tenente-Brigadeiro/English Acessado em: 22/05/2012. VAINSENCHER,Semira Adler. Pilão e Monjolo. Acessado em http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index. php?option=com_content&view=article&id=629&Itemid=195 03/12/2012 VELOSO, João José de Oliveira. A História de Cunha Freguesia do Facão: a rota da exploração das minas e abastecimento de tropas. Cunha-SP: Centro de Cultura e Tradição de Cunha, 2010.

BERINGHS, Emílio Amadei. Conversando com a saudade.... Taubaté: Bisordi, 1968. Capítulo 3 Dicionário online Português. Causo. Acessado http://www.dicio.com.br/causo/ 28/11/2012 Dicionário online Português. Lenda. Acessado http://www.dicio.com.br/lenda/ 28/11/2012 Dicionário online Português. Conto. Acessado http://www.dicio.com.br/conto/ 28/11/2012 MENDANA, Denise Teberga. A festa do Tropeiro na cidade de Jambeiro: 1986-2006. Monografia. Trabalho de Conclusão de Curso de História. Taubaté: Universidade de Taubaté, 2006. 85p. TEIXEIRA, Rosângela Isabel. As capelas de roça no município de Lagoinha-SP. Monografia. Trabalho de Conclusão de Curso de História. Taubaté: Universidade de Taubaté, 2008. 66p. Monjornal. Edição Especial. 2010. Centro de Documentação e Pesquisa Histórica de Taubaté-UNITAU.

Lista de imagens e referências • Mapa 1: Mapa do Brasil, do estado de São Paulo e da região do Vale do Paraíba Capítulo 1 • Imagem 1: Frei Vicente Salvador • Imagem 2 – Pátio do Colégio, local de construção do colégio dos jesuítas. Hoje o local abriga um museu (Museu Anchieta) e uma igreja. Foto: Maurício Pereira de Souza. • Imagem 3: Anchieta e Nóbrega com os Tamoios. Benedito Calixto. A tela de Benedito Calixto mostra os índios em processo de catequização. Atualmente pertence ao acervo do Museu Paulista (antigo Museu do Ipiranga) em São Paulo. • Mapa 2 – Capitanias Hereditárias Disponível em: http://www.blogcaicara.com/2011/05/capitaniashereditarias-resumo.html • Imagem 4: Armas usadas pelos Bandeirantes. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996.

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• Imagem 5 – Armas Indígenas – Disponível em: http://www.iande.art.br/loja/armas/barezarabatana1081l.htm - Acessado em 04/12/2012 • Imagem 6: Bandeirantes. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996. • Imagem 7: Mapa do Caminho Antigo do Ouro • Imagem 8: Paleógrafa Lia Carolina Alves Prado Mariotto durante o trabalho de campo. Foto: Maurício Pereira de Souza. • Mapa 3 - Mapa Antigo. Mapa: Acervo projeto Caminho Antigo do Ouro. Capítulo 2 • Mapa 1: Mapa político do Vale do Paraíba do Sul. Fonte: http://www.geomapas.com.br/mapas/comerciais/ estados/Vale_do_Paraiba_591.jpg 04/12/2012 • Imagem 2: Vista panorâmica de Paraty-RJ. Foto: Maurício Pereira de Souza 09/07/2012 • Imagem 3: Entrada do Bairro da Encruzilhada em Cunha-SP. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 4: Foto da Bifurcação de Itacuruça. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 5: Cemitério das Abóboras. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 6: Várzea onde o Tenente Eduardo Gomes pousou. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 7: Símbolo da Força Aérea Brasileira http://www.aereo.jor.br/wp-content/uploads//2011/05/ S%C3%ADmbolo-FAB.jpg • Imagem 8: Tenente Eduardo Gomes. http://doceslembrancasmg.files.wordpress.com/2011/11/ sr2bbrigadeiro2b2.jpg • Imagem 9: Doce brigadeiro http://ladyninjas114.wikispaces.com/file/view/200px-Brigadeiro2. jpg/215920250/329x271/200px-Brigadeiro2.jpg • Imagem 10: Vista dos mares de morro do Alto da Catioca. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 11: Fazenda Sant’anna. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 12: Igreja de Sant’anna. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 13: Gravura de Sant’anna. http://www.minhaprece.com/wp-content/uploads/2008/02/santa-ana.jpg • Imagem 14: Imagem de satélite dos meandros do rio Paraitinga • Imagem 15: Vista panorâmica da Cachoeira do Faxinal. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 16: Capela de São Benedito do Morro Grande – Foto de Amanda de Oliveira Monteiro • Imagem 17: Vista aérea do bairro do Ribeirão. Foto: Googleearth 29/11/2012 • Imagem 18: Pastel de carne seca desfiada. Foto: Mauricio Pereira de Souza. 24/09/2012 • Imagem 19: Pedra Grande e detalhe das lendárias marcas dos pés – Foto de Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 20: Carro de boi, veículo muito utilizado na zona rural. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2012 • Imagem 21: Capela São João do Macuco. Foto: Maurício Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 22: Casa de Pau a pique. Foto: Maurício Pereira de Souza 10/04/2012 • Imagem 23: Capela de Nossa Senhora do Parto– Foto de Amanda de Oliveira Monteiro • Imagem 24: Imagem de Nossa Senhora do Bom Parto. http://www.igreja-catolica.com/misc/imagens/nossasenhora/nossa-senhora-do-bom-parto.jpg • Imagem 25: Monjolo. Foto: Mauricio Pereira de Souza 26/10/2011

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• Imagem 26: Inicio do Bairro do Monjolinho – Foto: Rachel Duarte Abdala 23/11/2011 • Imagem 27: Brasão da Escola EMEIF José Marcondes de Moura no bairro do Monjolinho em Taubaté – SP. Foto: Mauricio Pereira de Souza 24/09/2011 • Imagem 28: Gravura do século XVII demonstrando uma tribo de índios Guaianases. http://www2.guiasjc.com. br/wp-content/uploads/2011/09/img3.jpg • Imagem 29: Vista panorâmica da cidade de Taubaté com a Garganta do Piracuama ao fundo. Foto: Mauricio Pereira de Souza 28/11/2012 Capítulo 3 • Imagem 1: Amarildo Pereira Marcos. Acervo Pessoal. Imagem do Acervo Caminho Antigo do Ouro • Imagem 2: Cortejo de cavaleiros na festa de São Bom Jesus do Ipiranga na cidade de Taubaté - SP. Foto Mauricio Pereira de Souza 20/05/2012 • Imagem 3: Tropeiros em Lagoinha. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-LU04ks7k_j0/TZjcaBZC_ZI/ AAAAAAAAB2g/KqxSYVsiM7g/s1600/4197955.jpg • Imagem 4: Desenho de uma besta das tropas. Visão dianteira. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996. • Imagem 5: Desenho de um burro das tropas. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996. • Imagem 6: Desenho de um tropeiro com a capa de proteção para grandes viagens. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996. • Imagem 7: Desenho de uma tropa. ABREU, Maria Morgado. ANDRADE, Antonio Carlos de Argôllo. História de Taubaté através de Textos. Taubaté – SP: Minerva, 1996. • Imagem 8: Vista Aérea da Região Central da Cidade de Lagoinha. Foto: Rosângela Teixeira. 01/09/2012. • Imagem 9: Bolo de Milho. Fonte: http://www.lenny.com.br/bloglenny/wp-content/uploads/2012/05/bolo-demilho.jpg 29/11/2012 • Imagem 10: Bolo de Fubá. Fonte: http://www.asreceitas.com.br/wp-content/uploads/receita-bolo-fuba-secreto. jpg 29/11/2012 • Imagem 11: Estudos de paleografia realizados no Arquivo Histórico de Taubaté. Foto: Mauricio Pereira de Souza 31/10/2012 • Imagem 12: Lenda escrita pelo aluno Claudemir Alves Junior de Lagoinha-SP. Imagem do Acervo Caminho Antigo do Ouro • Imagem 13 – Festa de São Francisco de Assis na Igreja do Monjolinho. 23/10/2011. Foto: Rachel Duarte Abdala • Imagem 14 – Festa de São Francisco de Assis na Igreja do Monjolinho. 23/10/2011. Foto: Rachel D. Abdala

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Apoio Cultural Câmara Municipal de Taubaté Escola Legislativa da Câmara Municipal de Taubaté Memorial da Câmara Municipal de Taubaté Secretaria da Educação de Taubaté Secretaria da Educação e Cultura de Lagoinha Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Lagoinha Associação Turística de Lagoinha Divisão de Museus e Arquivo Histórico da Prefeitura Municipal de Taubaté Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo Apart Hotel Olavo Bilac Sindicato dos Professores - SINPRO Taubaté

Universidade de Taubaté


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