E.C. TAUBATÉ 100 ANOS

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EXPEDIENTE Produção/Pesquisa/Projeto Gráfico/ ALMANAQUE URUPÊS Revisão Luiz Carlos Batista e Lincoln Santiago Realização Câmara Municipal de Taubaté Prefeitura Municipal de Taubaté Almanaque Urupês

Capa: comemoração da vitória do campeonato de 1979 (ValeParaibano/AMPAH) Campo do Bosque (MISTAU)

VEREADORES DA 16ª LEGISLATURA MESA 2014 Presidente: Carlos Roberto Lopes de Alvarenga Peixoto (PMDB) 1º Vice-presidente: Alexandre Villela Silva (PMDB) 2º Vice-presidente: Paulo de Tarso Cardoso de Miranda (PP) 1º Secretário: Jeferson Campos (PV) 2º Secretário: José Antonio de Angelis (PSDB) Diego Fonseca Nascimento (PSD B), Douglas Alberto Santos (PCdoB), João Marcos Pereira Vidal (PS B), Joaquim Marcelino Joffre Neto (PS B), José Adalcio Nunes Coelho (PR B), Luiz Gonzaga Soares (PROS ), Luiz Henrique Couto de Abreu (PDT ), Maria das Graças Gonçalves Oliveira (PS B), Maria Gorete Santos de Toledo (DEM), Noilton Silvestre Ramos (PSD), Pollyana Fátima Gama Santos (PPS), Rodrigo Luis Silva (PSDB), Salvador Soares de Melo (PT ), Vera Lucia Santos Saba (PT ).


A la J oel Santana “Para o conhecimento dos esportistas e do povo em geral”, um folheto distribuído em 1904 procurava explicar as regras do futebol ao taubateano. O texto, carregado de termos em inglês, é digno dos comercias de xampu estrelados pelo técnico Joel Santana.

What?

O futebol desembarcou no Brasil no final do século 19, em peladas promovidas por marinheiros ingleses e com os filhos da “elite nacional”, que retornavam dos estudos na Europa e traziam na bagagem artefatos (bola, livro de regras e uniformes) do “novo jogo”.

Formação do Club Sportivo Taubateense em 1904 (MISTAU)

FUTEBOL ARTE

Leia um trecho da pérola: “Os campos de cada team são escolhidos por meio de sorteio entre os capitains, e o capitain que perder o toss (sorteio) determinará ao seu center-forward que dê centro o primeiro kick-o place-kick”.

FEBRE DE BOLA Não adiantou tentar complicar as coisas para confinar o esporte nos clubes sociais. A febre do futebol se espalhou pela cidade sem pedir licença. Bolas improvisadas eram disputadas nas várzeas, nos terrenos baldios e em qualquer planície que comportasse um grupo de jogadores. Após 1904, times sem “pedigree” pipocaram em todos os cantos do município. VELÓDROMO Idealizado pelo lutador José Brunini, foi a segunda sociedade esportiva de Taubaté. Inaugurado em 2 de abril de 1904, era um complexo esportivo com pista de corrida de bicicleta e a pé, saltos e exibições de força. No centro do páreo de corridas, no dia 9 de abril, uma semana depois da inauguração, construiu-se o primeiro campo de futebol da cidade, data que marca também a fundação do primeiro clube de futebol. RAFAEL FALCO

Consta que, em Taubaté, o esporte chegou em 1904 pelas mãos do argelino Rafael Falco, o dono da bola e também o dono do time. O time surgiu no Velódromo Taubateense, que difundiu o esporte primeiramente entre os abastados da cidade, reunidos sob uma nova entidade, o Club Sportivo Taubateense.

De família de artistas, foi o primeiro goleiro taubateano. Nasceu na Argélia e veio ainda criança para Taubaté. Filho do pintor e fotógrafo Gaspar Falco, é o autor da pintura “Tiradentes ante o carrasco”, que estampou a cédula de 5 mil cruzeiros nos anos 1970, obra que está atualmente em exposição no Senado Federal A primeira bola a rolar nos campos da cidade pertencia a ele, assim como a idealização do Club Sportivo Taubateense.


Em 1914 o futebol não pertencia mais somente aos bem-nascidos. O Velódromo estava abandonado. O Taubaté Foot-Ball Club, sucessor do efêmero Sportivo, não andava bem das pernas. Os sócios não se sentiam representados adequadamente pelo time. Nesse ponto a figura do zelador do Velódromo se confunde com a história do futebol taubateano. Seu Moreira, mais conhecido como Moreirinha, é o nome de quem definiria, ainda que involuntariamente, o destino do futebol na cidade.

o time é meu Dizem que a zeladoria subiu tanto na cabeça do danado que em determinada tarde, às vésperas de uma importante partida, Moreirinha decidiu que seria o atacante do time. Assim mesmo, sem consultar ninguém. O abuso não foi tolerado. Os “colegas” de time cancelaram o jogo e puseram Moreirinha para correr... Literalmente.

zorra total

O Bafafá daquela tarde provocou uma reunião urgente entre os esportistas revoltados. Sob a presidência de Irito Barbosa definiram a extinção do Taubaté Foot-ball Club e a criação de uma nova agremiação esportiva. Por sugestão de Synésio Barbosa, a agremiação foi batizada como “Sport Club Taubaté”. A reunião de 1º de novembro e a escolha do presidente só foram documentadas duas semanas depois, considerando todos os presentes daquele dia fundadores do clube.

Gastão da Câmara Leal, presidente do Taubaté e prefeito municipal, vistoria as obras do campo (MISTAU)

casa nova Depois da fundação do clube, foi preciso uma força-tarefa para viabilizar local, campo de treinos e jogos e um time treinado. Definiu-se que o Largo do Convento seria a casa do clube. O terreno, cedido pela Prefeitura, foi rapidamente preparado, com o aterramento de um córrego, construção do campo, colocação de alambrados. Enquanto isso, o time treinava no campo do Estrela Futebol Clube, time vizinho.

cinco presentes de natal O time foi estruturado rapidamente. No intervalo de pouco mais de um mês, os treinos eram feitos por um técnico, Dr. João Rachou, e com o campo pronto a partida inaugural foi marcada. O primeiro rival veio da capital paulista. Era nada menos que a Associação Atlética das Palmeiras, que seria o campeão paulista no ano seguinte. A partida de estreia do time taubateano foi no dia 25 de dezembro. O Sport Club Taubaté conseguiu marcar um gol no time paulistano, mas levou outros cinco de presente. O JOGO HISTÓRICO Naquele dia de Natal de 1914, o técnico João Rachou escalou o seguinte time: Paulino, Sérgio Areão, Luís Simi, Hugo Cintra, Synésio, Irito Barbosa, Waldomiro Camargo, Paula e Silva, Renato Granadeiro Guimarães, João Moura e Jacynto Lopes. “Apesar de tudo, a goleada do Palmeiras não tirou o estímulo dos taubateanos, e até mesmo lhes serviu de formidável estímulo”, disse um cronista. O autor do único tento taubateano foi Renato Granadeiro Guimarães.

1 5 x


Formação do time campeão de 1919 (Acervo Moacir dos Santos)

Injeção de ânimo A derrota na estreia serviu de estímulo para o Sport. Por influência do técnico e sob muitos protestos o time passou a aceitar jogadores negros e a exigir que os jogadores do time principal fossem ambidestros. Jajá foi o primeiro negro do time, saiu do Estrela direto para o time principal, treinado pelo Dr. Rachou. O jogador encantou o técnico durante a partida do segundo time do Sport contra o Estrela, no Natal de 1914. Antes disso, o jogador havia defendido a camisa do Taubaté Football Club, sendo um dos seus artilheiros em 1913. Com a ajuda de Jajá, entre 1915 e 1919 o Sport Club cresceu e se tornou o maior time do Vale do Paraíba.

1919, o ano das glórias Em 1919, pela primeira vez o Brasil realizou e conquistou um campeonato internacional. Tratava-se do Campeonato Sul-Americano de Seleções, torneio que, afirmam muitos, abriu caminho para a democratização do esporte no país.

e para o taubaté... Em 13 de abril de 1919, com gols de Sansoni, Evandalo e Tatu sobre o Comercial F. C. de Ribeirão Preto, o E. C. Taubaté sagrava-se como primeiro campeão de futebol do interior paulista. Daquele momento em diante, o futebol adquiriria estatura diplomática na cidade. Relatou o cronista Oswaldo Barbosa Guisard: “Jamais em Taubaté neste século e quiçá em toda sua história houve uma festa com tanto calor, tanto entusiasmo, com tanta vibração, como a recepção aos jogadores e dirigentes do Sport por essa conquista, que encheu de orgulho os taubateanos”.


o calceteiro

Seleção brasileira de 1922, no destaque Altino Marcondes, o Tatú (Baú do Futebol)

da prefeitura

O personagem mais marcante do E.C. Taubaté nos seus primeiros anos foi, certamente, o técnico Dr. Rachou. Synésio Barbosa, um dos fundadores do clube, afirmou em entrevista histórica, em 1979, que o treinador era a alma do Taubaté. Comandou o time com mãos de ferro. Além de chutar com as duas pernas, o treinador exigia que os jogadores mantivessem capacidade plena. Treinavam corridas (os atletas precisavam correr 100 metros em, no máximo, 13 segundos), saltos com vara, à distância e de altura. No embarque para o jogo que disputaria o troféu “Competência” barrou, mesmo sob protestos, o principal jogador, João Moura (campeão da Taça Sul-Americana pela Seleção Brasileira de 1919), por ter faltado a um treino.

o primeiro negro do futebol Elenco vencedor do campeonato de 1919 (Acervo Moacir dos Santos)

O maior ídolo do time campeão de 1919 foi um ex-acrobata circense: Altino Marcondes, mais conhecido como Tatu. O apelido veio da sua habilidade em furar barreiras, herança da sua atividade original. O jovem jogador saiu de Taubaté para atuar no Corinthians Paulista, onde ficou até 1925, tendo sido decisivo nos três títulos do primeiro tricampeonato do clube naquela década. Em 1922 tornou-se o primeiro taubateano a atuar na Seleção Brasileira, com quem foi campeão sul-americano. Passou pelo Palestra Itália, Vasco da Gama e se tornou diretor esportivo e técnico do Santa Leopoldina, no Espírito Santo, até terminar a carreira na Portuguesa de Desportos. Voltou para Taubaté para construir o pavimento das ruas. Pouco tempo depois adquiriu uma tuberculose que o vitimou ainda jovem, aos 33 anos.

a alma do clube

Tatu foi o maior, mas não o primeiro ídolo do Taubaté no seu tempo mais primitivo. Coube a José Maria Ludgero, mais conhecido pelo apelido de Jajá, o posto de principal destaque do time no seu nascedouro. Antes de entrar para o time, Jajá foi sineiro do vigário Nascimento Castro. Defendeu a camisa do Taubaté Football Club e do Estrela Football Club, de onde saiu para defender o Alviazul. Oswaldo Barbosa Guisard atribuiu a ele o pioneirismo do ingresso do negro no futebol brasileiro.


Depois do título de 1919, o Taubaté ficou bastante próximo de uma nova conquista de campeão. Ficou em segundo lugar nos anos de 1921 e 1922, foi campeão do Norte em 1923 e 1924. Depois de um ano desclassificado, sagrou-se campeão do Interior em 1926 pela Liga de Futebol Amador, título que permitiu que, no ano seguinte, disputasse a primeira divisão daquela liga. Um troféu com o mesmo nome só seria levantado novamente em 1942, no Campeonato do Interior realizado pela Federação Paulista de Futebol.

campeonato do interior Os jogos do Campeonato Paulista do Interior foram organizados pela Associação Paulista de Sports Athleticos (A.P.S.A.), que reinou absoluta até 1925, quando alguns clubes descontentes com as regras da Associação fundaram a Liga de Futebol Amador. O Taubaté foi um dos dissidentes. No ano de 1926, as duas entidades realizaram campeonatos simultaneamente, conferindo o título de campeão do Interior em ambas as disputas. Nos anos 1940, o Campeonato do Interior era realizado pela Federação Paulista de Futebol (F.P.F.), que depois profissionalizou a disputa.

profissionalização

No ano de 1947 uma inovação: a Federação Paulista de Futebol criou o primeiro Campeonato Profissional do Interior, que dividiu o futebol paulista em primeira e segunda divisões. Os times precisariam se ajustar em uma espécie de “padrão Fifa”. Deveriam, antes de tudo, aumentar a capacidade dos estádios e garantir salário aos jogadores, o que o Taubaté fez por intermédio da Prefeitura.

a primeira campanha No ano de 1947 uma inovação: a Federação Paulista de Futebol criou o primeiro Campeonato Profissional do Interior, que dividiu o futebol paulista em primeira e segunda divisões. Os times precisariam se ajustar em uma espécie de “padrão Fifa”. Deveriam, antes de tudo, aumentar a capacidade dos estádios e garantir salário aos jogadores, o que o Taubaté fez por intermédio da Prefeitura.

Campeões do título de 1942 (MISTAU)

tricampeão


Em 1955, quatro décadas após ser fundado, o Esporte Clube Taubaté integraria a elite do futebol paulista ao sagrar-se campeão do Campeonato de Acesso de 1954. Mas nem tudo foram flores.

Taubaté x Botafogo, vitória de 4 a 1 para o time local,. Jogo realizado no Campo do Bosque,. Abaixo, elenco campeão de 1954 (Acervo Moacir dos Santos)

que mancada, alcino!

o time campeão

O jornal Mundo Esportivo alertava, em meados de 1954, que o Taubaté “estava contratando meio mundo” e pagando altos salários para bons jogadores, o que surtiu efeito. O clube entrou no campeonato como favorito ao título. O time que trouxe a primeira grande glória profissional do E. C. Taubaté. Sob o comando do técnico Joaquim Loureiro, era formado por Sérgio, Rubens, Ananias, Can-Can, Zé Américo e Ivan, Sílvio, Taino, Berto, Benedito e Alcino. O técnico atuou como voluntário – ele alegava ter sido “mais um amigo do que um técnico”. O acesso à Primeira Divisão causou tensão na cidade, pois a vaga do Burrão na elite só seria garantida se o campo do bosque tivesse capacidade de receber 20 mil espectadores.

Um burocrata falhou, e o time inteiro foi penalizado. Foi assim que o E.C. Taubaté ficou conhecido como o Burro da Central. Na vitória do Taubaté sobre o Comercial Futebol Clube, algum diretor descuidado se esqueceu de registrar, na F.P.F., o contrato do jogador Alcino. Em decorrência deste erro, o time perdeu os pontos obtidos na partida vitoriosa sobre o Comercial. Foi então que, no dia seguinte, a Gazeta Esportiva “homenageou” o time do Taubaté, estampando a caricatura de um burro. “Eis o novo membro da Federação Paulista de Futebol, o Burro da Central. Ganha no campo, mas perde na burocracia”, afirmava jocosamente a legenda.


12 jogador

Para cumprir todas as exigências da Lei de Acesso, a diretoria do clube saiu em busca de auxílio, e a cidade respondeu à altura. Cerca de 100 operários trabalhando de 18 a 20 horas por dia foram mobilizados pelo E. C. Taubaté a fim de que seu estádio atendesse aos novos padrões exigidos. A remodelação do estádio foi orçada em mais de 800 mil cruzeiros.

na segundona Fora da elite, o Taubaté viveu história intensa. Depois da queda, disputou pela primeira vez um campeonato profissional contra o time que se tornaria o seu maior rival, o São José, que logo subiu para a primeirona.

oito anos na elite

Na primeira divisão, o Taubaté teve desempenho mediano. De 1955 e 1956 figurou entre os dez primeiros; em 1957, com a décima quinta posição na fase de classificação, sendo salvo da degola no torneio do rebaixamento; voltou a figurar entre os dez primeiros nos dois anos seguintes e começou a derrocada em 1960. Em 1962 veio o rebaixamento: derrotado em 21 das 30 partidas, o Taubaté deixou a elite do futebol paulista.

(MISTAU)

gigante de madeira

O esforço deu resultado, e o campo do bosque foi remodelado. “Com o campo atual, isto é, com capacidade para 20 mil espectadores, teremos arrecadações de 500 mil cruzeiros nos chamados grandes jogos”, explicava Joaquim de Morais Filho, então presidente do Taubaté. “Não acredito, no entanto, que tenhamos rendas inferiores a 100 mil cruzeiros em qualquer partida, pelo menos este ano, pois todos os times serão atração para nossa torcida”.

155/55

Em 1955 o Taubaté recebeu, por intermédio da Lei nº 115, assinada pelo então prefeito Félix Guisard Filho, a doação de uma área no Jardim das Nações, onde seria construído o novo estádio. A construção levou mais de dez anos, e o Estádio “Joaquim de Morais Filho” só foi entregue em 1968. O jogo inaugural foi uma derrota por dois gols a um contra o São Paulo. O clube taubateano permaneceu fora da elite até 1979, sendo que entre 1969 e 1975 abandonou o futebol profissional por ser inviável manter o time sem um objetivo, já que a Lei de Acesso havia sido abolida pela Federação Paulista de Futebol.


ganha lá.

perde cá

o biscoito Aymoré Moreira era um nome consagrado do futebol quando assumiu o comando do time do E. C. Taubaté. Em 1961, a imprensa carioca começou a especular sobre quem seria o nome a substituir Vicente Feola, campeão do mundo na copa de 1958, O nome de Aymoré Moreira liderava as bolsas de apostas. No dia 8 de março veio a confirmação: “O técnico escolhido foi certo. O homem certo para a posição certa”, decretou Paulo Machado de Carvalho, o conhecido “Marechal da Vitória”. Um contrato inédito. Moreira treinaria a seleção sem romper com o Taubaté. Reportagens da época afirmavam que a relação do novo treinador com as duas entidades atentava contra determinações da CBD, que obrigava o técnico da seleção a ser exclusivo da Confederação.

segurando a lanterna Quando Aymoré assumiu a seleção o E.C. Taubaté estava na lanterninha do Paulistão, fato insistentemente lembrado pela imprensa. “Não pode fazer milagres”, ironizava o articulista do Última Hora. “Dirige uma equipe pequena, sem expressão e sem astros: o Taubaté”.

caiu Em 1962, após se consagrar dirigindo a seleção brasileira na conquista do bicampeonato na copa do mundo de 1962, Aymoré voltou para dirigir o Taubaté. Por aqui, ele não teve sorte: o Burrão foi rebaixado e ficou 17 anos longe da primeira divisão do futebol paulista.


ecos da imprensa Os olhos e ouvidos do Taubateano ficaram atentos à transmissão da TV Bandeirantes e da Rádio Difusora. O título de 79, o mais importante das últimas décadas, chegou na cidade por meio das vozes, de J. Bonani, Adilson Barbosa, na cabine de transmissão e Germano Drumont, Pedro Luiz Belisqui e Moacir dos Santos no campo. 35 anos depois do título histórico, os jornalistas torcedores, se reuniram mais uma vez para

O jogo foi muito disputado. Foi um jogo de garra, de determinação. O Taubaté saiu na frente com um gol que desmontou o time do São José. PEDRO LUIZ

O Taubaté tomou o gol do São José com 10 jogadores. Mas o gol antológico do China, que fez toda a jogada, que liquidou a partida. GERMANO DRUMOND

rememorar os melhores fatos da batalha contra o São José. lembram com saudade do episódio. A vibração dos gols e o momento de fé no penalti perdido pelo rival joseense. O apito final, quando o narrador abandonou a cabine para se misturar aos torcedores e Germano, no campo, largou o equipamento de transmissão para gritar com os jogadores. A história do Taubaté não seria a mesma sem eles.

Tivemos essa alegria e a emoção que são eternos em nossas vidas e nós desejamos que outros venham viver a mesma emoção para continuar o time. J. BONANI Eu nunca imaginei que um time como o do Taubaté pudesse dar a alegria que deu a torcida taubateana e a cidade. ADILSON BARBOSA

O elenco do Taubaté tecnicamente não era o melhor. Mas, o Oscar Amaro conseguiu fazer lá uma família. MOACIR DOS SANTOS


Foram 17 anos longe da primeira divisão. Nesse espaço de tempo, o Taubaté voltou ao futebol amador, construiu um novo estádio, voltou ao profissionalismo e sagrou-se campeão em 29 de novembro com vitória sobre o seu maior rival, o São José.

sorte de principiante? Em 36 partidas, o Taubaté foi superado em apenas quatro. Antônio Carlos, viceartilheiro do campeonato, marcou 19 dos 51 gols anotados pela equipe, e 11 foram de Taino. A crônica esportiva classifica o Taubaté como uma equipe modesta, porém briosa, já que não era um time cheio de estrelas. A imprensa contemporânea foi enfática, os méritos da boa campanha taubateana eram devidos sobretudo capacidade de liderança do estreante técnico Oscar Amaro, em seu primeiro ano como treinador.

Elenco do Taubaté no campeonato de 1979 (Acervo Moacir dos Santos)


grito decêncio

(AMPAH)

Antes mesmo da partida, torcedores ocupavam as ruas em apoio ao Taubaté. A confirmação da vitória, vinda imediatamente pelas ondas das emissoras de rádio e de TV, foi o estopim dos fogos que clarearam aquela noite. A espera pelos jogadores foi contagiante, e um imenso número de taubateanos participou do cortejo. No dia seguinte, um feriado não planejado foi decretado, e blocos de carnaval tomaram as vias da cidade em sucessivas homenagens ao time vitorioso. A Câmara Municipal prestou suas homenagens, os jogadores promoveram grande caminhada até a Basílica de Aparecida, e a Banda Super Rio 80 foi a responsável por animar o Baile da Vitória. Os gritos de campeão só diminuíram depois de dez dias, ao final da partida amistosa contra o América do Rio de Janeiro.

cadê a torcida? A partida contra o time fluminense merece um capítulo a parte. Um troféu, muitas entrevistas, atraso e alguns torcedores roubaram a cena. Enquanto o juiz retirava os jornalistas do campo para iniciar a partida, dois torcedores cumpriam a promessa feita em prol do clube e, com bandeiras em punho, atravessaram o campo de joelhos. Por outro lado, a irritação da diretoria foi visível. Lamentando a renda fraca, Benedito Elias de Souza, o Lolito, presidente do Clube, foi claro: “O Taubaté tem que possuir uma grande torcida, ou não resistirá às despesas da [Divisão] Especial”. E assim continua. o elenco O time liderado por Oscar Amaro, que trouxe o título de Campeão da Divisão Intermediária para Taubaté, era formado por Wagner, Ari, Cleto, Piorra, Banha, Botú, Amauri, Toninho Taino, Antonio Carlos, China e Betinho. O elenco contava com mais jogadores: Alfredo, Aldo, Julião, Góes, Buzuca, Paulão, Adilson, Jovelino, Mário, Ligão, Waldir, Caixote, Belini


(MISTAU)


REFERÊNCIAS Documentos Acervo Área de Museus, Patrimônio e Arquivo Histórico de Taubaté. Acervo Almanaque Urupês Jornal Valeparaibano (Hemeroteca Antonio Mello Junior) Jornal O Norte (Hemeroteca Antonio Mello Junior) A República (Hemeroteca BN) Correio Paulistano (Hemeroteca BN) Mundo Esportivo (Hemeroteca BN) Revista Placar (Editora Abril) Jornal do Brasil (Hemeroteca BN) Folha de S. Paulo (Acervo Folha) Estado de S. Paulo (Acervo Estadão) Revista Realidade (Hemeroteca BN) Diário de Notícias (Hemeroteca BN) Museu da Imagem e do Som de Taubaté (MISTAU) Acervo pessoal Moacir dos Santos Acervo E.C. Taubaté Livros Almanack Illustrado 1905, Taubaté, 1905. Azevedo, Taubaté e o Futebol: histórias e instatâneos, Edição do Autor, 1988. Cunha, Horton Sidney - História do E.C. Taubaté. , 1 Ed., Taubaté, 2012 Guisard, Oswaldo Barbosa - Taubaté no Aflorar do Século. Edição do Autor, Taubaté, 1974 Lobato, Monteiro - Cartas Escolhidas Tomo I, 1959



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