O Reino Milenar: os mil anos de Apocalipse 20

“A chave para a história do mundo é o reino de Deus”.

(D. Martyn Lloyd-Jones)

“O único reino que prevalecerá neste mundo é o reino que não é deste mundo” (autor desconhecido)

SUMÁRIO O texto bíblico ................................................03 Introdução ......................................................06 A Prisão de Satanás: O Início do Reino Milenar ..............................12 O Reinado com Cristo: A Continuidade do Reino Milenar ..................22 A Soltura de Satanás: A Proximidade do Término do Reino Milenar ...........................................29 O Julgamento Final: O Término do Reino Milenar .........................39 Considerações Finais ....................................45 Referências Bibliográficas .............................47

O TEXTO BÍBLICO: APOCALIPSE 20.1-151 1 Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente.

2 Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; 3 lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos.

Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo.

4 Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.

1

Todas as referências bíblicas estão na versão revista e atualizada, segunda edição.

5 Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição.

6 Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.

7 Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão 8 e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar.

9 Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu.

10 O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.

11 Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles.

12 Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono.

Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.

13 Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras.

14 Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.

15 E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.

INTRODUÇÃO Antes de compreendermos o sentido da passagem bíblica lida nas páginas anteriores é importante que se conheça os principais métodos de interpretação aplicados ao último livro da Bíblia, o Apocalipse de João. Para simplificar, cinco visões são mais conhecidas e utilizadas na compreensão do livro e do período dos mil anos:2 a preterista, a pré-milenista histórica, a pré-milenista dispensacionalista, a pós-milenista e a amilenista. Vejamos cada uma delas abaixo: a) A visão preterista. O termo remete ao pretérito, aquilo que é relativo ao passado.

Portanto, os adeptos dessa visão creem que o reino milenar já se cumpriu em dias anteriores, em um passado distante. Mais especificamente, a morte e ressurreição dos santos da 2

A palavra milênio vem do latim mille (mil) e annus (ano). Pela expressão milênio tem-se entendido no meio acadêmico o reino dos mil anos, o reino milenar. Às vezes, é chamada tal doutrina de milenarismo e em outras vezes de quiliasmo (expressão que significa um mil e que vem lembrar o texto original em grego).

pré-consumação do século cobriria o tempo do reino da pré-parusia de Cristo (1) desde a cruz (2) até o ano 70 d.C., o fim desta era, o dia do Senhor, a queda de Jerusalém (3). Seria assim esquematizado:

b) A visão pré-milenista histórica. O termo “pré" estabelece a crença de que Jesus voltará antes de instaurar o seu reino milenar.

Depois da era da igreja, o reino messiânico, ocorreria a ressurreição dos santos e seu arrebatamento para encontrar com Cristo nos ares (1). Imediatamente após tal encontro, Jesus e os crentes retornariam para a terra, onde seria inaugurado o reino milenar (2). A

ressurreição dos incrédulos e o julgamento final seriam eventos após o término do período de mil anos (3). Seria assim esquematizado:

c) A visão dispensacionalista. Essa corrente também é pré-milenista. O termo “dispensacionalista” refere-se ao sistema de crença que interpreta a Bíblia a partir das dispensações, modo que Deus teria utilizado para se relacionar e tentar salvar os homens em diferentes momentos da Escritura. Seus adeptos acreditam que, depois da era da igreja, ocorreria uma ressurreição dos crentes e seu

arrebatamento para encontrar e estar com Cristo (1) num período de sete anos subdivididos em duas partes de 3,5 anos.

Esses sete anos são a grande tribulação ou o cumprimento da septuagésima semana da profecia de Daniel. Após estes sete anos, Jesus e os santos retornariam para a terra onde seriam inaugurados os mil anos (2). A ressurreição dos incrédulos aconteceria apenas no final de um reino com mil anos literais (3). O sistema pode ser assim esquematizado:

d) A visão pós-milenista. O termo “pós” designa que a volta de Jesus seria um evento

posterior a instauração do reino milenar. Seus adeptos declaram que, depois da era da igreja, ocorrerá um período de mil anos não literais seguidos da volta de Cristo (1). Após seu retorno, ocorreriam a ressurreição dos crentes, dos incrédulos, o julgamento e a manifestação do Novo Céu e Nova Terra. Pode ser assim esquematizado:

e) A visão amilenista. Os defensores desse sistema acreditam que, paralelo à era da igreja, mil anos não literais estão se realizando.

Assim, o reino milenar é o mesmo reino de Deus anunciado por Jesus. Declaram ainda que, após esses mil anos não literais, Cristo

voltará acompanhado com a ressurreição dos crentes e incrédulos, julgamento dos mesmos e a manifestação do Novo Céu e Nova Terra.

Para o amilenista o reino milenar é o período correspondente entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Pode ser visto assim:

De posse dessas necessárias informações e considerando a visão amilenista, podemos ver no texto em estudo quatro acontecimentos que sustentam a realização do milênio na atual dispensação. O primeiro deles é:

CONSIDERAÇÕES FINAIS O reino milenar, os mil anos descritos em Apocalipse 20, correspondem ao período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.

Eles se iniciam com a prisão de Satanás e terminam com o juízo de Deus. Contudo, o final desse estudo precisa apontar o resultado do término, do julgamento: a sentença dada por Aquele que se assenta no trono. O resultado do julgamento é duplo e se encontra na primeira perícope de Apocalipse 21. Para os crentes há um novo céu e nova terra (Ap 21.1-7). Para os ímpios há um Lago de fogo e enxofre (Ap 21.8).

Ap 21.1-7 – “E vi um novo céu e uma nova terra.

Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe. 2 E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo. 3 E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. 4 Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais

morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. 5 E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas.

E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. 6 Disse-me ainda: está cumprido: Eu sou o Alfa e o èmega, o princípio e o fim. A quem tiver sede, de graça lhe darei a beber da fonte da água da vida. 7 Aquele que vencer herdará estas coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho”.

Ap 21.8 – “Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte”.

Rev. Ângelo Vieira da Silva e-mail: revavds@gmail.com blog: revavds.blogspot.com.br

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2010; ALLISON, Haroldo B. A Doutrina das Últimas Coisas: Estudos Esboçados Sobre a Profecia Bíblica. São Paulo, SP: Imprensa Batista Regular, 1971; ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. 2ª ed. São Paulo, SP: Sociedade Bíblica do BARCLAY, Willian. comentado;

O

Novo

Testamento

BAVINCK, Herman. Teologia sistemática. São Paulo: SOCEP, 2001; BERKOF, Louis. Teologia sistemática. 2ª ed.

São Paulo: Cultura Cristã, 2001; Bible Windows 2.1.2 P. Mountain Software Silver, Copyright ©, 1993; Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo, SP: cultura Cristã, 1999;

Bíblia de Jerusalém. São Paulo, SP: Paulus, 2008; BLANCHARD, John. Pérolas para a vida: pensamentos para sermões e palestras.

São Paulo, SP: Vida Nova, 1993; BLOOMFIELD, Arthur E. Antes da Última Batalha Armagedom: os Dramáticos Acontecimentos Proféticos que estão Prestes a Acontecer a este Planeta. Belo Horizonte, MG: Betânia, 1981; BOOR, Werner de & POHL, Adolf. Comentários Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Esperança; BROWN, Raymond. Comentario Biblico San Jeronimo: Antigo e Novo Testamentos.

Madrid: Cristiandad, 1971; BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI. São Paulo, SP: Vida, 2009; CAITANO, Joá. Os Mistérios do Apocalipse.

Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011;

CARRO, Daniel; POE, José Tomás; ZORZOLI, Ruben O. Comentários Bíblicos Mundo Hispano. Editorial Mundo Hispano, 1994; CARSON, D. A. Comentários Bíblicos. São Paulo: Shedd Publicações, 2011; CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001; CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Candeia, 1998; CHEUNG, Vicent. Comentários do Novo Testamento. Boston, MA: Reformation Ministries International, 2003; CLARKE, Adam. Comentário Pentateuco. Esdras Digital;

Bíblico

-

COHEN, Armando Chaves. Estudos sobre o Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2001; DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia.

São Paulo: Vida Nova, 2009

EARLE, Ralph. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro, CPAD, 2006; ERDMANN, Charles R. Apocalipse. São Paulo, SP: Casa Editora Presbiteriana, 1960; ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992; ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992; ERICKSON, Millard J. Opções Contemporâneas na Escatologia: um Estudo do Milênio. São Paulo, SP: Vida Nova, 1982; FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.

Dicionário Aurélio Século XXI 3.0. São Paulo, SP: Nova Fronteira & Lexikon Informática Ltda, 1999; GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederik W. Léxico do Novo Testamento Grego– Português. São Paulo, SP: Vida Nova, 1984;

GRIER, W. J. O Maior Acontecimento de Todos os Tempos. 2a ed. São Paulo, SP: Luz para o Caminho, 1987; GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. São Paulo, SP: Vida Nova, 1999; HENDRIKSEN, William. A Vida Futura Segundo a Bíblia. São Paulo, SP: Casa Editora Presbiteriana, 1988; HENDRIKSEN, Willian & KISTEMAKER, Simon. Comentários do Novo Testamento.

São Paulo: Editora Cultura Cristã; HENRY, Mathew. Comentário Bíblico. 2ª ed.

Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2000; HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo, SP: Hagnos, 2001; HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o Futuro: a Doutrina Bíblica das Últimas Coisas. 2ª ed.

São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2001; JENSEN, Irving L. Apocalipse. 2a ed. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 1987;

LADD, George Eldon. Apocalipse. 7ª ed. São Paulo, SP: Vida Nova, 1999; LIVINGSTON, George H. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro, CPAD, 2012; LOPES, Hernandes Dias. Estudos no Livro de Apocalipse. São Paulo: Hagnos, 2005; MACDONALD, Willian. Comentário Bíblico Popular Versículo por Versículo: Antigo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2010; OLIVEIRA, João. O Milênio. Rio de Janeiro: CPAD; PENTECOST, J. Dwight.

Manual de Escatologia: uma Análise Detalhada dos Eventos Futuros. São Paulo: Vida Nova, 2002; PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody – Novo Testamento. São Paulo: Batista Regular, 2010; POHL, Adolf. Apocalipse de João. Curitiba, PR: Esperança, 2001;

QUIMELLI, Jeferson Antônio. O Apocalipse Comentado. Ponta Grossa, 2004; RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 2000; SCHALY, Harald.

Breve História da Escatologia Cristã. Rio de Janeiro: JUERP, 1992; SHEED, Russel N. A Escatologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999; SILVA, Severino P. Escatologia: Doutrina das Últimas Coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1988; SPROUL, R. C. Os Últimos Dias Segundo Jesus. São Paulo: Cultura Cristã, 2002; WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Novo Testamento 1. Santo André: Geográfica, 2007.

WILCOOK, Michaell. A Mensagem Apocalipse. São Paulo, SP: ABU, 1986.

de