Argumento para o filme “The Hunter� por 555P
O Caçador Beja, 5 anos atrás Naquele dia ele sabia que seria o seu fim, correu o mais que pode por entre aquela mata escura, mas aquele ser feroz fazia questão de o perseguir e acabar com tudo. A sua respiração estava sufocante de tanta aflição, estava quase a apanhá-lo e sabia. Como ele queria ter tempo, para viver... Sobreviver Aquela criatura só visível aos olhos das suas prezas, tinha um aspeto ainda pior do que ele alguma vez imaginou. O seu corpo é rasgado, mutilado pelas garras afiadas, e apenas gritos de dor se ouvem por entre aquela escuridão. Ele sentia uma dor indiscritível por palavras, vermelho seria a sua última lembrança. Um vermelho vivo, ao contrário de si próprio ,esta seria a sua última visão deste mundo.
Beja, Atualidade
“Acorda, por favor acorda!”- Fiz força para abrir os meus olhos e finalmente consegui. Encontrava-me novamente no meu quarto sozinho, aquele pesadelo faz questão de assombrar a minha mente todas as noites, mas o pior é que eu sabia que não se tratava só disso, era… Real! Passo os dias entre o trabalho e uma procura, uma conquista que tento alcançar praticamente, desde sempre. A biblioteca da minha cidade e arredores parece pequena e demasiado familiar para mim. Conheço cada canto destas paredes, cada cheiro das largas folhas daqueles livros, mas eu não posso desistir, não agora que sinto estar tão perto de uma resposta. Neste final de tarde, após buscar mais uns livros, não para os ler, mas para reler sobre uns locais que me despertaram “curiosidade”, sento me naquela esplanada no jardim próximo da minha casa, na esperança de encontrar alguma tranquilidade no meio de toda a agustia que me rodeia. Um olhar feminino observa-me ao longe, eu reparo nela, já a alguns dias, mas, bem, não sei… deve ser apenas uma miúda curiosa dado ao largo volume de livros que possuo comigo, o mais provável é que me ache louco, como todos os outros. Dali a dois dias visitei o local já a horas tardias, não poderia ir antes, mas também nada me assustaria, nem me afastaria da minha procura.
Peguei no carro e fui para aquela parte afastada da cidade. Eu sabia que encontraria uma pista que me tirasse daquele sofrimento, eu tinha de pensar assim. Só tenho algum tempo até se cumprir, logo, a minha vida depende disto! No caminho vejo algo se atravessar na estrada, seria um cão, um lobo. Eu sou um caçador, não só procuro a criatura, como procura a cura para isto. Aquele lobo olhava me fixamente. Conseguia sentir a sua força, apesar de só o observar através do espelho do meu carro. Sai deste, quis provocar aquela criatura, mesmo sabendo os riscos que corria. O lobo olhou-me e depois simplesmente desapareceu entre a escuridão. Eu sabia que aquele lobo representava um aviso, que a minha hora estava próxima, por isso naquele estante, apenas procurei a capela, o local inscrito no livro, uma mensagem escrita, junto a um circulo azul, perante o sacrifício, seria está uma das chaves que procurava. O sol estava quase a nascer quando lá cheguei, senti os raios de sol tocarem levemente sobre a minha pele e respirei fundo. Por entre aquele solo sagrado, procurei algo, e atreve-mo a dizer, até busquei tranquilidade. Senti algo atrás de mim, um vulto de luz, senti um doce aroma no ar, mas a sensação foi breve e desapareceu. Após alguma procura entre estatuetas e frescos antigos dei-me por mim com a figura da profecia, era realmente estranha, mas ao olhar com mais atenção reparei na inscrição. - “ Se a luz procurares A paz encontrarás Mas se a luta quiseres vencer Alguém morrerá” Fui para casa revendo tais palavras fortemente, e tudo me levava a conclusão: “No final, terei de morrer em sacrifício” Muitos dias se passaram, e eu não queria acreditar no meu destino. Acabei por desistir do trabalho, não valia a pena continuar, afinal..do que serviria?! Um nada apoderava-se do meu peito, aquela procura de anos parecia terminar no meu fim dali a uns dias. Caminhei pelo jardim da cidade, sentei-me naquele espaço coberto de flores e fechei os olhos. Queria sentir apenas aquele momento, e um aroma doce chama a minha atenção e vejo de novo aquela rapariga. Algo nela me atraia, não sei, uma luz, um calor, algo que eu queria, por isso, corri atrás dela. As pessoas que caminhavam por entre o jardim, pareciam fazer questão de atrapalhar, e por isso deixei de a ver. - Desculpe, Senhor, não viu uma rapariga morena, vestida de branco?
Não, meu jovem, por aqui não passou ninguém assim – diz o homem, sem entender o porquê da minha pergunta. De volta a casa, vejo-a de novo, mas desta vez consegui a alcançar. Ela encontrava-se de costas para mim, e ao tentar tocar-lhe, ela volta-se e afasta-se de mim. - Calma, eu não te quero fazer mal. – Digo de forma serena. Ela limita-se a olhar para o chão. - Posso ao menos conhecer-te? Ela olhou-me nos olhos com uma estranha doçura e diz: “ Clara, é o meu nome” Quase num sussurro. Vira as costas e parte de novo. Só a voltei a ver na biblioteca, por entre as estantes de livros, corri em seu encontro, mas só encontrei um bilhete. - “ Ao pé do grande lago encontrarás Uma meia-lua por entre dez Na pedra gravada descobrirás Algo que Deus fez” Voltei para casa, e mais um quebra-cabeças. Pensei que já não tenho nada a perder, depois de uma busca de cinco anos. Apesar de caçar e matar muitas criaturas do mal, que assombram famílias e querem a alma dos puros, sei que a minha hora está a chegar e só o encontro com esta bela me dá algum animo para continuar a viver. No inicio não me ocorreu nada, mas depois entendi, que no parque da cidade, junto ao lago artificial, 10 inscrições árabes estão, e por entre elas, estaria quem eu espero. Naquela tarde, lá estava ela. Linda, reluzente e pacífica como sempre. - Clara?! – Chamei e ela aproximou-se devagar. - Gabriel, eu tenho a chave que procuras, mas para matares o Cérbero, precisas de muito mais que simples armas, tens de quebrar o pacto. Olhei estupefacto para ela, como poderia saber de tudo, como?! - Mas, quem és tu? - Quem eu sou não interessa, ou confias em mim, ou será o teu fim. Fiquei sem palavras, e ela continuo. Apenas quatro seres, conseguiram escapar a está criatura Héracles, Orfeu, Enéias e Psiquê. Tu não és um ser mitológico, nem com algum tipo de poder. Sabes que quando completares o ciclo, ele irá acabar contigo, e depois disso nada mais existirá. Eu joguei as mãos a cabeça e acabei literalmente sentado no chão. - Faltam cinco dias, para o teu aniversário, irás completar vinte cinco anos, dia cinco de Maio.
O circulo da estrela se fechará com a tua morte, a ultima ponta desta será desenhada com o teu sangue. Tu sabes disto, tens matado ao longo dos anos servos das criaturas das trevas, mas ou confias em mim, ou não teremos salvação. Quem és tu mensageira, que só me atormentas ainda mais?! – Digo com voz alta, quase entre lagrimas. -Sou apenas alguém que te protege, faz o que está na inscrição e conseguiremos. Ela partiu, mas antes sentiu vontade de me tocar no rosto, enquanto me encontrava cabisbaixo. Eu não notei, mas confiei nela, e na manhã seguinte foi a igreja mais próxima. Peguei na água benta e um bastão dourado que lá se encontrava. Pensei que não perdia nada em rouba-lo, por isso sai da igreja e voltei a procura-la. No mesmo local, lá estava ela. Naquele dia, apenas conversamos sobre o plano, dali a 3 noite iria se cumprir, e ela adormeceu perto de mim, naquele entardecer. Senti a sua calma e doçura, senti de novo vontade de lutar por tudo. A esperança que anteriormente me tinha abandonado, voltava agora com outra forma. Ela acordou antes mesmo de eu lhe poder tocar e disse simplesmente até amanhã. No dia seguinte a encontrei junto a minha casa, mas desapareceu antes de eu lhe chegar ao pé. Aquela mensageira seria uma outra caçadora, uma sábia, ou apenas alguém me querendo ajudar naquele momento. Apenas de uma coisa eu tinha certeza: Eu confiava nela! Nos dois dias que se seguiram, não a vi, e alguma insegurança se apoderou de mim. Era quase meia-noite e caminhei para o local onde ele me tentou tirar a vida a cinco anos atrás. Parecia que ainda sentia o odor daquele ser no meu corpo, as marcas ainda se mantem na minha pele com o mesmo ardor. Fechei os olhos, e tentei me lembrar pela milésima vez o que aconteceu realmente naquele dia. Por sua vez Clara estava em casa, apavorada e com um medo invulgar. Estava sentada na cama, debruçada sobre si própria. O seu corpo apresentava marcas invulgares, e a sua pele estava mais pálida. - Eu vou conseguir! Dizia a si mesma em pensamento Respirou fundo, abriu os olhos, e na parede do seu quarto, atrás de si, a figura de duas asas surgia por entre as sombras, revelando assim a sua verdadeira natureza. Na mesma altura, ele sentiu algo, e imagens daquele dia finalmente surgiram. Era ela, Clara me tinha salvado a cinco anos atrás! Faltavam minutos e comecei a fazer um circulo no chão, sal , misturado com água benta e no centro, o bastão dourado. Eu encontrava-me de costas quando ela chegou. Ela tinha um lenço branco envolvendo o seu rosto, torneando os seus cabelos. Parecia ainda mais bela do que nos anteriores dias e antes que eu me pudesse aproximar, ela pede-me para parar. - Clara, eu sei! Foste tu que me salvaste naquele dia. Ela só me olhou e apenas gritou: Faças o que fizeres, não saias do circulo. - Mas… - Faz o que te peço, confia em mim. A criatura das trevas começou a aproximar-se, o rugido acompanhado de um odor insuportável a morte, fazia notar a sua presença. - Clara! - Não, não saias do circulo.
Por entre o lenço surgem lindas asas, e ela está pronta para atacar. Mas existia um problema, ela não se conseguia defender de algo que só eu via, afinal era eu a sua vitima. Ela debateu-se e vi o seu corpo ser rasgado a minha frente, uma dor ainda maior apoderava-se de mim, por perde-la. Eu não podia permitir, por isso peguei no bastão e desobedeci-lhe. - Não! - Disse ela ferida no chão. Tentei perfurar aquele ser com as forças que tinha, tentei acabar com o impossível numa tentativa absurda. Ela gritou de dor uma ultima vez, e um clarão surgiu entre nós. Ela pediu-me para que a leva-se para o interior do circulo. Com dificuldade, ela pediu o bastão e pegou na minha mão. - Gabriel, acaba comigo, usa o meu sangue. - Mas, não… eu vou salvar-te e acabar com ele. - Não, faz o que te digo, eu voltei a ser humana, no momento em que me tocaste e me trouxeste em teus braços para o interior do circulo, agora pega no bastão, perfura o meu peito e usa o meu sangue para quebrares o pacto. - Não, eu quero ficar contigo, não entendes, eu.. - Não o digas – Diz clara colocando o seu dedo em sinal de silêncio nos meus lábios. Aproximei me timidamente, e dei-lhe um suave beijo na face.
As lagrimas corriam agora no seu belo rosto, acompanhadas da agonia dos seus gemidos. - Eu amo-te Gabriel. Não recisti,e mesmo sabendo que não me era permitindo, dei-lhe um ultimo e intenso beijo nos lábios, na qual ela aproveita para cravar o bastão com a parte ponte aguda no seu peito. A mão de ambos estava sobre aquele objeto que agora retirava a vida a Clara. Nós realmente gostávamos um do outro, e ela sempre me protegeu, dando a sua “existência” pela minha, afinal era o meu anjo da guarda, e só agora, no momento em que ela partiu, os seus sentimentos foram revelados. O seu corpo estava coberto de sangue, assim como o lenço que a envolvia. Quando abri os olhos, vi que ela tivera partido, com a mesma facilidade que entrará na minha vida, sem ser notada, mas de forma Inesquecível.
FIM
Personagens: Caçador – Gabriel Lobo (Cérbero) Anjo vermelho: Clara