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Webinário : “O desafio da integração das redações” Perguntas para Andre Hees e Aglisson Lopes, não respondidas durante o webinário realizado em 31/8/2015 Michelle Sousa – Rádio CBN – João Pessoa. Se o rádio é o veículo de maior imediatismo, porque a prioridade de furo é do online? Oi, Michelle, você tem rezão. O rádio é mais imediato, mas nem sempre temos como entrar ao vivo porque muitas vezes estamos em rede nacional, com o Sardenberg, ao meio-dia, por exemplo. Falamos que o online é prioridade porque é o veículo para o qual produzimos primeiro texto e publicamos logo fotos e vídeos assim que possível. Qual é a média de pautas que o repórter recebe para realizar as multitarefas? De duas a três pautas em média, mas temos repórteres que ficam semanas ou meses com uma pauta, enquanto toca outras no dia a dia, na medida do possível. Não temos gente sobrando, acho que ninguém tem, e tentamos administrar a equipe dentro da carga horária do repórter. Sempre que possível, os repórteres são orientados a produzir conteúdo pensando no portal, nas possibilidades da web, e no impresso. Verônica Guerra – Rádio CBN – João Pessoa. Pq a tv Gazeta não entrou na convergência? Temos uma restrição da Globo para a integração com a TV. Mas podemos trabalhar em parceria, como ocorre. Iloma Sales – e ditora-coordenadora de Mídias Digitais do grupo A TARDE. Como funciona a rotina/fluxo de trabalho específica do online? Temos um editor da home que chega às 6 da manhã e vai até as 15h, outro vai das 15 às 23. Temos cerca de 15 pessoas focadas somente no online, embora haja gente nas macroeditorias que também produza para todos os veículos, online inclusive. Nessas 15 pessoas temos repórteres, pessoas para redes sociais, editor de vídeo, 2 ou 3 estagiários. As primeiras atualizações são feitas portanto a partir das 6h. Na reunião das 8h30 avaliamos a audiência do portal e o cardápio para atualização ao longo do dia. Sempre que possível publicamos já no online reportagens em produção, mesmo que seja para o impresso, no dia seguinte. A prioridade para o factual é o online. Há produção própria no online? Sim, há produção exclusiva para o online. Nem tudo que o online publica nós publicamos no impresso. Os editores ficam distribuídos nas macroeditorias? Sim, os editores ficam distribuídos nas macroeditorias.


Os flashes são passados para quem (pessoas do online ou das macroeditorias ou Radar)? Por todos esses, dependendo da situação. Repórteres que estão na rua passam flashes para o online e eventualmente para a rádio CBN. Quais as atribuições do Radar e do Eco? O Radar é como se fosse uma chefia de reportagem: recebe e avalia releases, lê Diário Oficial, acompanha sites e noticiários na TV e na CBN e encaminha as notícias para as respectivas macroeditorias. É realmente um radar atento a tudo que se passa. E o Eco é a seção que publica nosso conteúdo nas redes sociais, interage com a audiência e, também, dependendo do tipo de comentário ou crítica nas redes, encaminha para as macroeditorias. Caroline Cruz– Correio do Povo – Porto Alegre. Figura do pauteiro - o pauteiro chegou a deixar de existir, ou o fluxo de construção da pauta apenas descentralizou-se dele para outros profissionais? O pauteiro continua organizando este fluxo em diálogo com os repórteres ou editores (tomo por base a afirmação de terem criado novas funções)? O pauteiro foi substituído pelo Radar. As pautas além do factual são pensadas nas respectivas macroeditorias. Entendi a questão do furo. Quando falam em direcionar um furo para o impresso seria uma "exploração" da pauta factual, certo? Sim, um avanço em relação ao factual ou uma reportagem exclusiva que não esteja ligada a um factual. Juracy Santos dos Anjos – Grupo A Tarde – Salvador No modelo de vocês, deixa de existir o repórter de texto e de foto para ter o repórter multimídia, que é responsável por produzir texto, áudio, vídeo e foto ao mesmo tempo? Caso sim, como fica a qualidade final para as diversas plataformas? Nem todo mundo consegue fazer tudo. Temos alguns repórteres que conseguem fazer texto, vídeo, foto. Todos os repórteres fotográficos fazem vídeo também. Mas nem todo mundo faz tudo e isso tem que ser respeitado. E acontece de fotos feitas por repórteres de texto não ficarem com a qualidade muito boa. Quando a foto é uma possibilidade de capa, designamos a pauta para um repórter fotográfico. Ao mesmo tempo que existe um repórter multimídia na rua, fazendo as pautas, há outro na redação para poder pegar as informações e formatar o conteúdo? Se sim, isso não aumenta a equipe e limita o trabalho final, já que acaba tendo uma equipe de jornalistas só para colher estes dados? Temos uma equipe na redação, no Radar, aquela chefia de reportagem, que pega o flash com quem está na rua para ganhar agilidade. Mas esse repórter que está na rua também escreve matéria quando chega. Não há essa divisão, um na rua só para produzir e outro na redação para formatar. Quem está na rua apenas pega o básico para a gente entrar logo com a informação no ar.


Maria Luciana Costa Araújo – Gazeta do Oeste – Mossoró Para alcançar esse dinamismo típico da integração sem que haja sobrecarga de trabalho, quantas pautas, em média, são designadas para cada repórter? De duas a três pautas, dependendo do assunto e do dia. Temos que ter esse cuidado com a sobrecarga por causa da qualidade e também da carga horária. Por exigência do sindicato, temos ponto eletrônico. Temos repórteres de 5 e 7 horas, sendo a maioria de 7, e todos batem ponto. Katiana Ramos - Jornal da Paraíba (João Pessoa-PB) Quanto às reportagens policiais, como buscar o diferencial para publicação no jornal impresso, já que o factual já foi publicado no portal? Quais as orientações que vocês dão para os repórteres nesse sentido? Muitas vezes é possível guardar um detalhe para o impresso, como uma entrevista exclusiva com um parente da vítima, ou um infográfico ou story board tipo quadrinhos, contando como foi o acidente ou assalto. Com frequência o impresso consegue algo mais do que vai para o online. Juan Torres – Correio – Salvador Vocês citaram uma figura do editor de integração, no Zero Hora, e que estariam pensando em implementar isso na Gazeta. O que exatamente seria essa função? Não estamos exatamente pensando em adotar essa função. O que ocorre no Zero Hora é que há uma equipe exclusiva para o online e outra exclusiva para o impresso, e o editor de integração faz a ponte entre essas duas equipes: ele avalia a pauta de cada um e vê onde pode haver trocas. O que pensamos em fazer é aumentar o número de pessoas dedicadas exclusivamente ao online. O que significaria tirar um pouco de energia do impresso... Mas é algo em que pensamos. Carlos Ventura – Grupo Liberal de Comunicação - Americana (SP) Sabemos que a convergência e a crise do nosso mercado tornam obrigatória a postura multiplataforma de repórteres e editores. Qual é a importância de um plano de carreiras para o sucesso de uma redação integrada? Eu não saberia dizer... Não temos um plano de carreira na empresa. Temos salários variados de repórteres, uns ganham mais que outros, e sempre que podemos melhoramos os salários dos que têm mais talento. Estamos montando um estúdio para produção de vídeos e transmissões ao vivo, via streaming. Gostaria de saber qual é a estrutura deles para isso (dimensões do espaço físico, mobília, softwares e equipamentos - câmeras, mesas de corte etc.). Temos na redação um estúdio que deve ter uns 10 metros quadrados. É ligado à redação, separado somente por um biombo de vidro. Usamos para o vídeo uma câmera DSLR Nikon com microfone de lapela e um iPad que também é usado para transmissões. Para transmissões ao vivo usamos o próprio recurso do Daily Motion, o nosso hospedeiro de vídeos. Também temos um tricaster que realiza corte de vídeos e outros recursos de edição. Ainda é pouco utilizado


porque é pouco dinâmico. Percebemos também que transmissões ao vivo não têm tanta audiência como os vídeos gravados, para acesso sob demanda. 

Para edição de vídeo usamos 2 iMacs com o software Premiere.

Na rua, os repórteres usam smparphones Galaxy da Samsung e Motorola Razr. E também iPad às vezes.

Os repórteres fotográficos também fazem vídeo, além de fotos. A fotografia usa Câmeras Nikons D600 (6) D300s (2). Lentes 17/55 17/35 e 70/200

A infografia usa Tablets wacom bamboo.

Hercília Galindo - Folha de Folha de Pernambuco – Recife A atualização para o portal é feita de uma pessoa da redação? Quais os equipamentos usados pelos repórteres que vão para a rua? Sim, a atualização do portal é feito por jornalistas da redação. Os repórteres usam smartphones Galaxy da Samsung e Motorola Razr. E também iPad às vezes, como dito acima. Bruno Soares – Gazeta do Oeste – Mossoró-RN Como lidar com a rivalidade dentro do próprio veículo? Há colegas que não valorizam o digital, focam somente no impresso e acham até um desperdício investir no site e redes sociais. Sinceramente, não temos essa rivalidade. Tem gente que gosta mais de estar focado em reportagens para o impresso, mas vejo que todos entendem a importância do online e todos entendem o online como uma extensão ou complemento do impresso... Não vejo ninguém que considere desperdício investir no site ou nas redes. Hamilton Pinheiro – Diário do Pará – Belém Como trabalharam (e vem trabalhando) a cultura de "ser o dono do furo de reportagem"? Penso que o dono do furo é sempre o repórter. Se ele for da equipe original da CBN, o furo será da CBN. Como estão os níveis de audiência dos veículos, após a integração?No caso do digital, é possível verificar crescimento da interação (visualizações, compartilhamentos, etc...)? Estamos bem de audiência no portal e melhoramos a circulação dos jornais, mas o ganho mais perceptível é mesmo o da produtividade. Quais treinamentos foram priorizados para a equipe jornalística? Fizemos cursos de jornalismo digital e jornalismo de dados com o ICSS, Instituto Internacional de Ciências Sociais, dirigido pelo professor Carlos Alberto Di Franco. Todo ano fazemos esses dois cursos para qualificar os profissionais. A própria consultoria da Innovation funcionou como um treinamento. Mandamos também todo ano pelo menos dois profissionais para o Master em Jornalismo, em São Paulo. Estamos sempre incentivando a equipe a participar de treinamentos, via web ou presenciais. Neste momento por exemplo uma repórter de Economia faz um MBA em Jornalismo Econômico em São Paulo, numa parceria da ANJ com a Bovespa.


Foi iniciativa dela, que fez inscrição e pediu para ser liberada do trabalho. Liberamos e decidimos pagar as passagens aéreas e uma diária de alimentação. Qual o motivo de não integrarem as redações da TV e do G1 com os demais veículos? Temos uma restrição da Globo. Karina Maux – Folha de Pernambuco – Recife Como fica a integração com a rádio? Funciona de que forma? Repórteres que antes atuavam somente no impresso passam flash para a rádio e gravam matérias, sempre que possível. Os repórteres da rádio fazem as matérias para a rádio, escrevem depois esse conteúdo para o site e muitas vezes o conteúdo do site vai para o impresso. As entrevistas feitas pelos âncoras no estúdio ou por telefone muitas vezes são gancho para uma pauta do impresso ou simplesmente transcrevemos os principais trechos no impresso no dia seguinte. Avalio que a integração com a rádio funciona muito bem. A CBN tem um perfil bem focado em política e economia, áreas que são muito importantes para a Gazeta. (Para o Notícia Agora, nem tanto) Luis Meneghim – Notícias do Dia – Florianópolis Dentro desta nova realidade, primeiro o online e depois o papel, houve um empobrecimento do conteúdo do jornal? Ou agregaram valor ao produto? Não vejo empobrecimento, não. Pelo contrário. Vejo que ganhamos em conteúdo. Que futuro vocês vêem para os jornais impressos? Difícil dizer. Acho que tem futuro, sim. E acho que o futuro é reportagem exclusiva, análise, contexto, a informação além da notícia. Exemplo: dólar rompe a barreira dos 4,00. Essa é a notícia do dia. O que acontece com sua vida, com as férias, as viagens internacionais, o preço do pão e da ceia de natal? Esse desdobramento nós fizemos para o impresso. E boas histórias, personagens, reportagens exclusivas... Como os jornais do grupo de Vitória conseguem fidelizar seus leitores em papel? Acho que o primeiro atrativo tem que ser um bom conteúdo. Na Gazeta temos também um Clube do Assinante. Temos investido nisso. O clube dá descontos para uma rede de serviços como farmácias e restaurantes e também dá descontos em shows e peças de teatro. A ideia é que, com todos os descontos proporcionados, o assinante tenha vantagens nessas despesas e as assinaturas acabem saindo “de graça”. Tem funcionado bem. Mas, claro, em tempos de crise, também sofremos com inadimplência de assinantes. Mas temos conseguido avançar no share de mercado, no IVC.


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