A BÍBLIA DIREITOS Revista de Estudos Bíblicos da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
Revista de Estudos Bíblicos da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Rio de Janeiro, 2018
Coordenadores Anivaldo Padilha Ariovaldo Ramos Nilza Valeria Organizadores Clemir Fernandes Marco Davi de Oliveira Projeto gráfico, ilustrações e diagramação Anna Leticia Torres | Conectiva Design
www.frenteevangelicos.org 55 21 99625 8912 valeria@frenteevangelicos.org /frentedeevangelicos
Apresentação Esta é uma revista para ser usada do jeito que você quiser. Pode ser em pequenos grupos, em reuniões de mulheres, em grupo de jovens, em grupo de estudantes, em reuniões de líderes. É uma revista de estudos bíblicos, que aborda assuntos que mostram o quanto a fé em Cristo pode ser comprometida com uma sociedade mais justa, que garante direitos, igualdade e justiça para todos. A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito reconhece a Bíblia como regra de fé e prática. Através da leitura bíblica, o que podemos aprender sobre viver em um mundo diverso? O que a Bíblia ensina sobre respeitar outras religiões? O que fazer diante da violência que afeta os jovens do país? Como proteger as crianças? Como as igrejas podem ajudar na preservação ambiental? Quando um posto de saúde não funciona o que pode ser feito? É direito lutar para ter moradia e para o uso da terra? O que é violência contra a mulher? As respostas para estas perguntas, e para muitas outras, estão apontadas na leitura bíblica. Essa revista é uma ferramenta para que possamos olhar para a Bíblia e para a realidade que fazemos parte, para que possamos refletir e agir como povo de Deus no Brasil. Como servos do Altíssimo é preciso contribuir para o estabelecimento dos direitos e da dignidade humana. Os evangélicos somam mais de 42 milhões de pessoas no Brasil. É preciso obedecer a Cristo e ser sal e luz no meio da realidade. O texto diz: “Vós sois sal”. Não há como deixar de ser sal. Não há alternativa, é necessário ser o sal, que dê o sabor, que não seja insípido. É ser contundente não para o próprio enriquecimento ou crescimento, mas para promover a transformação do Brasil em um lugar de justiça, paz e equidade. Também é uma ordem ser luz. Jesus disse: “Vós sois luz”. O crente em Jesus não consegue se esconder, sendo luz. Por isto, ele é percebido sempre. Os evangélicos neste país serão sempre vistos. Que sejam vistos e reconhecidos como os que promovem a justiça, o que é reto e bom. Jesus de Nazaré disse que veio para que haja vida e vida em abundância. É essencial perceber que Jesus estabeleceu relações com as mais diversas pessoas e sustentou o direito de cada pessoa ou grupo. Conversou com as mulheres reconhecendo o valor que elas tinham. Respeitou a religiosidade dos que tinham e expressavam crenças diferentes. Deu valor ao trabalho digno das pessoas. Buscou a justiça estabelecendo novas relações entre quem tinha poder e quem não tinha. Manteve um relacionamento totalmente democrático com seus discípulos. Em todo o tempo Jesus trouxe outra dinâmica de vida onde os direitos das pessoas eram considerados fundamentais para a vida.
Boa leitura!
Índice 08 Lição 1 - O que a Bíblia Fala Sobre Direitos 14 Lição 2 - O que a Bíblia Fala Sobre Democracia 22 Lição 3 -O que a Bíblia Fala Sobre a Violência 28 Lição 4 -O que a Bíblia Fala Sobre o Direito a Saúde 34 Lição 5 - O que a Bíblia Fala Sobre o Direito a Terra e Moradia 40 Lição 6 - O que a Bíblia Fala Sobre a Dignidade da Mulher 46 Lição 7 - O que a Bíblia Fala Sobre a Criação 54 Lição 8 - O que a Bíblia Fala Sobre Imigrantes e Refugiados 60 Lição 9 - O que a Bíblia Fala Sobre as Crianças 68 Lição 10 - O que a Bíblia Fala Sobre Trabalho Digno 74 Lição 11 - O que a Bíblia Fala Sobre o Diálogo com Outras Religiões 80 Lição 12 - A Bíblia e a Liberdade de Expressão
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O que a Bíblia fala sobre Direitos
“Ele defendeu a causa do pobre e do necessitado, e, assim, tudo corria bem. Não é isso que significa conhecer-me? Declara o Senhor.” Jeremias 22.16
O que são direitos humanos? Muito se fala de direitos humanos nos últimos anos no Brasil, não é mesmo? Mas para falar de direitos humanos é preciso que tenhamos em mente o que significa “direito”. A palavra “direito” vem do latim “rectus”, que exprime “aquilo que é correto”. Direito é tudo o que é justo e expressa retidão.
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No caso dos direitos humanos, é tudo aquilo que garante o princípio da integridade e do respeito em relação aos seres humanos. Pontuamos aqui a contribuição da fé judaicocristã para a noção de direitos humanos, que compreende que toda humanidade carrega a imagem e semelhança do Deus Criador. Portanto, quando um ser humano é violado em sua dignidade, é o próprio Deus que é desconsiderado. Enfim, os direitos humanos são universais e visam a defender a cidadania plena de todas as pessoas.
Mas por que ter direitos humanos? A razão de se ter direitos humanos é simples: preservar toda a raça humana, já que nenhum de nós está livre de sofrer algum tipo de discriminação, exclusão,
violência e desrespeito contra a nossa dignidade. É incontestável que ainda hoje um grande número de pessoas no Brasil, por exemplo, não goza de direitos básicos. Apenas em nosso país, mais de seis milhões de pessoas não tem um teto para morar. O racismo institucionalizado mata milhares de jovens negros todos os anos. Quase metade de nossa população não tem acesso ao saneamento básico. Povos indígenas e comunidades quilombolas são frequentemente alvo da violência por parte de grandes latifundiários. Mulheres são vítimas de múltiplas violências. Enfim, são apenas alguns dados que demostram que a defesa desses direitos é necessária na construção de um país melhor.
Direitos humanos na História É possível perceber o desenvolvimento da noção de direitos humanos em vários momentos da história, em diferentes povos e através de vários documentos. Por exemplo, a ideia dos direitos humanos estaria já exposta no Cilindro de Ciro, o Grande. Ciro, o primeiro rei da antiga Pérsia, através
Entretanto, não basta apenas ter esses documentos, é importante não ficarmos de braços cruzados. Um exemplo disso foi o envolvimento de muitos metodistas, quakers, batistas, congregacionais e presbiterianos ingleses (chamados não conformistas
Mas por que evangélicos devem ser defensores de direitos humanos? Em primeiro lugar, a Bíblia retrata o próprio Deus como um ativista de direitos humanos, pois o Senhor defende aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. O salmista afirma:
“Que faz justiça aos oprimidos e dá pão aos que têm fome. O Senhor liberta os encarcerados. O Senhor abre os olhos aos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos. O Senhor guarda o peregrino, ampara o órfão e a viúva, porém transtorna o caminho dos ímpios.” (Salmo 146.7-9)
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Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, que vitimou milhões de pessoas, a Organização das Nações Unidas foi criada e elaborou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948. Desde então, os Estados Membros das Nações Unidas comprometeram-se a se empenhar na promoção dos 30 artigos inscritos nesse importante documento. Em decorrência disso, vários destes direitos são agora parte das leis constitucionais da maioria das nações democráticas.
ou dissenters) na abolição da escravidão moderna e em defesa de direitos trabalhistas, assim como a liderança do Pr. Martin Luther King Junior contra a segregação racial nos Estados Unidos da América. Para que esses direitos não ficassem somente no papel, foi importante o papel de ativistas para que tais direitos fossem transformados em políticas concretas. Promover a luta por direitos é um processo permanente de ampliação da consciência de todos em nossas comunidades e de mobilização para que os direitos se realizem de forma concreta.
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de seus decretos, emancipou escravos, garantiu a liberdade religiosa e estabeleceu a igualdade racial. Podemos citar vários outros documentos precursores que contribuíram para o desenvolvimento dos direitos humanos, como a Carta Magna inglesa (1215), a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) e a Carta dos Direitos dos Estados Unidos (1791).
Em segundo lugar, o projeto libertador de Javé inclui a defesa de direitos de seu povo contra a opressão no Egito. O êxodo nos mostra a compaixão de Deus e o seu desejo de justiça e liberdade. A compaixão e a justiça são, com frequência, encontradas juntas nas ações e nos mandamentos de Deus: 12 A Bíblia e Direitos
“Disse o Senhor: De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo. Por isso desci para livrá-lo das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel.” (Êxodo 3.7,8) Em terceiro lugar, na constituição das leis do Jubileu dadas por Deus para o seu povo (Levítico 25.8-34), foram estabelecidos direitos que promoviam igualdade. Tais direitos prescritos buscavam evitar o acúmulo de terras e promover a redistribuição dos meios de produção a cada período de tempo, bem como medidas econômicas que impediam a propagação da indigência entre o povo de Deus e também entre os estrangeiros. Em quarto lugar, porque defender os direitos da pessoa humana, especialmente dos injustiçados, testemunha que conhecemos o próprio Deus:
“Julgou a causa do aflito e do necessitado; por isso, tudo lhe ia bem. Porventura, não é isso conhecer-me? — diz o Senhor”. (Jeremias 22.16) Em quinto lugar, a defesa da justiça e da equidade é frequentemente indicada como sendo o tipo de culto que Deus espera. Isaías aponta, por
exemplo, que o jejum que Deus aprecia é aquele que defende os marginalizados (Isaías 58.4-9). E ainda que o culto que agrada ao Senhor é aprender a fazer o bem, buscar a justiça e lutar contra as opressões que prejudicam os mais vulneráveis (Isaías 1.17). Em último lugar, Jesus não apenas convivia com os mais pobres e oprimidos, mas também se colocava ao lado deles. Enquanto a tradição farisaica dizia: “Afasta-te dos pobres, dos pecadores, porque são malditos”, Cristo fez o contrário. Quando ele apresentou seu chamado, asseverou que fora ungido por Deus para apregoar o ano do Jubileu:
PARA PENSAR
Ao falar do “ano aceitável do Senhor” Jesus afirma não apenas que os pobres são bem-vindos em seu Reino, mas também que parte de sua missão era tomar partido em favor dos que sofrem qualquer tipo de opressão (inclusive social). Quem estivesse escutando Jesus naquele tempo concluiria que isto representava criar uma sociedade justa, assim como libertar as pessoas espiritualmente. Lutar pelo direitos dos pobres e dos necessitados não é uma opção, mas faz parte da missão cristã de “buscar o Reino de Deus e sua justiça”.
Como você compreende os Direitos Humanos? Por que necessitamos dos Direitos Humanos? Por que os evangélicos devem ser defensores dos Direitos Humanos? Qual a relação de Jesus Cristo com os Direitos Humanos? Como a Igreja pode se envolver com os Direitos Humanos?
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(Lucas 4.18,19)
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“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”.
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O que a Bíblia fala sobre democracia
“Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” Jeremias 29.7
Falar de cidadania é pensar na vida na cidade tendo a paz como maior objetivo. A paz deve ser o padrão para que haja a cidadania e a democracia. Assuntos como a paz religiosa, social, econômica e civil são bases para a vida cidadã. Para que haja a democracia algumas coisas são muito importantes tais como: A possibilidade do protesto, a admissão da incompetência de quem detém o poder, a partilha do poder, a eleição e as políticas públicas. Tanto a questão de cidadania quanto de democracia são assuntos que podem ser ressaltados a partir da Bíblia que é nossa base para a vida cristã no mundo.
CIDADANIA Conforme leitura do livro do profeta Jeremias 29, o povo de Judá tinha sido desterrado para a Babilônia e o Senhor, através do profeta, diz ao povo para procurar a paz da cidade para que se possa viver em paz. 16 A Bíblia e Direitos
Procurar exige envolvimento: começa com a oração pela cidade e continua com o envolvimento na administração da cidade, que é o que chamamos de cidadania.
Que tipo de paz a cidade precisa ter para que todos possam viver em paz? Paz religiosa Que todos possam viver de acordo com o que creem, e para expressar o que quiserem não pode haver na cidade o que os líderes religiosos de Jerusalém fizeram com os discípulos, impedindo-os de pregar a mensagem do Senhor Jesus e castigando-os por causa disso, como diz Atos 5.17- 41. O que não queremos para nós, não queremos para ninguém.
Paz social Que todos tenham condições dignas de vida, como disse Jesus em Mateus 25.31-45: Tive fome - Todos têm de ter acesso à alimentação saudável, o que se chama de segurança alimentar e nutricional. É direito de todos.
Tive sede - Todos têm de ter acesso a água potável, gratuitamente, e para isso tem de haver tratamento de esgoto, saneamento básico e preservação dos mananciais.
Estava enfermo e me visitastes - É preciso garantir a assistência médica, hospitalar e medicamentosa para todos. Todos têm de ser socorridos, atendidos e tratados com igual cuidado, isto é, providenciar um sistema único e universal de saúde. Estive preso e fostes ver-me - Prisões têm de ser lugares de recuperação do ser humano. O crime tem de ser combatido, em primeiro lugar, pela criação de ambiente que privilegie a justiça, o cuidado, a educação e a segurança socioeconômica, que, portanto, dificulte o estabelecimento da atividade criminosa. A justiça tem de ser ágil e gratuita, não pode haver impunidade, mas o sistema tem de ser de educação não de vingança.
Paz econômica Em 1 Coríntios 9.9,10 está escrito que o boi que debulha o trigo não pode ter a boca atada, assim era determinado pela lei mosaica. O trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do resultado de seu trabalho, isto é, o trabalhador tem de receber um salário justo, que lhe permita acesso aos bens necessários, e tem de participar do lucro da empresa. Em Isaías 5.8, ninguém pode acumular casa e terra até ser o único morador do lugar, por isso o direito à propriedade tem de ser contido,
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Estava nu - Todo mundo tem de ter garantidas as condições de livrarse das fragilidades naturais que possam lhe impedir de viver plenamente. Quem está nu está desprovido das condições de viver por não ter acesso ao emprego com salário que garanta poder de compra, não ter acesso a transporte para se locomover ao trabalho e ao lazer, não ter acesso à educação que lhe permita aprimorar-se para participar melhor da vida e da sociedade, não ter acesso à moradia que abrigue com dignidade a si e à sua família; isto também contempla os portadores de necessidades especiais.
A Bíblia e Direitos
Era forasteiro - Todos precisam ser respeitados em seus direitos humanos, isto é, ninguém pode ser excluído ou sofrer racismo ou qualquer tipo de preconceito, porque temos de acolher e proteger a todos.
não pode ser exercido em prejuízo ao direito à moradia, e não pode ser praticado em prejuízo à produção de alimentos, que são, geralmente, cultivados em pequenas propriedades, pelo pequeno agricultor e pela agricultura familiar. Na Carta aos Efésios 4.28 o trabalho deve ter fim social: acudir o necessitado. O trabalho tem de ser estruturado de maneira que promova um sistema de seguridade social para todos, para que os velhos e as crianças possam, em paz, usar as praças e nelas brincar (Zacarias 8.45). Isso significa seguridade social para os idosos e rede de proteção social para as crianças.
Paz civil
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Em Lucas, o profeta João disse aos soldados que a ninguém deveriam maltratar (3.14), ou seja, o cidadão não pode ser tratado como inimigo do Estado, ou agredido injustamente, como Jesus protestou ao soldado que servia a Anás e que o esbofeteou (João 18.22,23). O cidadão tem de ser respeitado em seus direitos, como Paulo os exigiu, conforme Atos 22.25-29 e em Atos 16.35-40.
Democracia Procurar pela paz na cidade é interceder e praticar a cidadania. Isso começa por fortalecer ou procurar implantar a democracia. Um governo onde, por vontade de Deus, a autoridade é o povo e só em nome do povo o governo possa ser exercido. Essa democracia tem de ter como vocação o estabelecimento do princípio do direito. Isso, também, é missão da Igreja. Um exemplo da aplicação do princípio do direito, tão caro à democracia, está no livro de Atos dos Apóstolos (6.1-6). O número de discípulos tinha crescido muito, e as viúvas helênicas estavam sendo esquecidas. Os apóstolos foram chamados para resolver o problema e, disto, resultou a eleição dos diáconos, sendo resolvido democraticamente.
O protesto As viúvas helênicas estavam sendo esquecidas, e protestaram. A democracia começa no protesto do povo, uma vez que é o governo do povo, para o povo, a partir do povo.
Por que as mulheres puderam protestar, numa época em que sequer eram ouvidas na sociedade? Porque a igreja primitiva tinha o direito como princípio de ação: se o irmão tinha necessidade, a comunidade tinha um dever (Atos 2.45). Os apóstolos pararam diante do direito. O direito tem de ser garantido ou protestado.
A admissão da incompetência
A eleição Os apóstolos reconheceram que os prejudicados deveriam ter o seu problema resolvido pela participação no governo da Igreja, o que faria por meio de diáconos, que eles livremente elegeriam. Os apóstolos reconheceram que a vontade de Deus passaria pela liberdade do povo de eleger os seus representantes, para garantir a igualdade social.
O padrão Os apóstolos apresentaram um padrão para os que poderiam ser eleitos: gente que pudesse, de fato, representar o povo em sua necessidade de igualdade social. Pela plenitude do Espírito Santo, eles deveriam ser movidos pelo espírito público, sem ter outro foco que não o alcance da paz social numa sociedade que estava correndo o risco de se dividir. Essa paz social só poderia ser, portanto, estabelecida pela distribuição igualitária dos bens. Esse deveria ser o compromisso dos representantes, fruto da ideia consagrada, por todos, de que sem que o direito seja satisfeito, nenhuma sociedade pode alcançar a paz social.
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A democracia se sustenta na verdade de que não há ninguém que, sozinho, dê conta de liderar uma sociedade complexa. Jetro, por exemplo, fez o mesmo com Moisés, fazendo-o ver a sua incompetência e a necessidade que tinha de ajuda. Administrar a sociedade é um trabalho coletivo.
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Os apóstolos reconheceram que não davam conta de cuidar das mesas, da oração e da ministração da palavra. E que, portanto, eram incompetentes para fazer tudo o que tinham de realizar como líderes da igreja. Admitiram que precisavam de ajuda.
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A partilha do poder Os apóstolos reconheceram o resultado das eleições, e, orando, impuseram-lhes as mãos, partilhando o poder. Daquele dia em diante teriam de repartir as decisões com os diáconos, que seriam os porta-vozes do povo, apresentando a necessidade do povo para que o direito lhe fosse garantido. Para além do controle de Deus, os apóstolos, também, estariam sob controle social. E Deus, que no Antigo Testamento, por meio da Lei e dos juízes estabelecidos por conselho de Jetro, tirou de Moisés o poder absoluto, no Novo Testamento, por meio do estabelecimento do princípio do direito, pelo protagonismo do povo, pelo estabelecimento da lógica da eleição e pela consequente escolha dos diáconos, tirou dos apóstolos o poder absoluto, e os fez devedores ao povo. Este é o cerne da democracia: o estado é devedor ao povo, e a função do governo é fazer o estado cumprir esse papel, para que o produto de todos seja distribuído a todos.
Políticas públicas A partir da escolha dos diáconos métodos certamente foram implementados para que ninguém fosse esquecido. A estes métodos de distribuir os recursos com o fim de promover a igualdade, chamamos de políticas públicas. É por meio delas que se realiza o direito.
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Estas políticas são estabelecidas como resultado de leis que estabelecem os direitos a partir do princípio da igualdade, que é estabelecido por Deus, a Trindade, que declara que todos são iguais perante Ele. Se todos são iguais perante Deus, todos têm de ter acesso a tudo que Deus é e a tudo o que Deus doa. A isso chamamos de Justiça! A Bíblia nos mostra que a democracia foi iniciada na igreja. Toda cidadania se baseia no Direito. Direito à vida com dignidade.
Como você pode se envolver com a paz na cidade?
PARA PENSAR
Seguindo o ensino de Jesus em Mateus 25. 31- 45, qual deve ser sua ação para que as pessoas tenham melhores condições de vida? Quais foram as características da igreja primitiva que nos ensinam sobre democracia? Qual a missão da igreja na democracia? O que você pode fazer para contribuir com essa missão? O que a igreja pode fazer para manter a democracia na cidade?
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O que a Bíblia fala sobre violência
“Disse o Senhor: o que você fez? Escute! Da terra o sangue de teu irmão está clamando.” Genesis 4.10
Estamos vivendo há muitos anos uma situação de violência que parece ter os jovens negros como seu alvo principal. Chamamos de “genocídio da juventude negra” por vermos tantas mortes de jovens neste país, sobretudo, das favelas e periferias das grandes cidades. Obviamente, as características destes jovens sempre têm a ver com aspectos físicos. São jovens pretos e pardos (segundo a classificação do IBGE) quem sofrem mais a violência, seja porque experimentam a violência em suas comunidades ou, e principalmente, quando são executados por policiais ou ex-policiais, além dos chamados milicianos. Não importa a situação, nem de onde vêm os tiros, as torturas e mortes, sempre são os negros aqueles que mais aumentam as estatísticas de jovens mortos a cada ano no Brasil.
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O último Mapa da Violência 2016 escrito por Julio Jacobo Waiselfsz ressaltou que, enquanto jovens brancos mortos por arma de fogo teria diminuído 14,6%, o percentual de negros aumentou consideravelmente: 18,2%. Em alguns estados, como Alagoas, chega à taxa de 75 jovens pretos por 100 homicídios. Outro documento, o Atlas da Violência 2017, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra que o assassinato de jovens masculinos entre 15 e 29 anos é de 47,9%. Já o mesmo Atlas em 2018 continua a evidenciar a violência contra jovens negros. Pois, a análise do documento mostra que em uma década de 2006-2016 a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%, enquanto no mesmo período, diminui consideravelmente os homicídios de jovens brancos, 6,8%. Segundo o balanço do IPEA, a chance de jovens negros serem assassinados aos 21 anos por arma letal, sobretudo por ações policiais, é 147% maior que a de jovens de outras etnias. Estes números dão a noção de que ser jovem negro no Brasil tem sido, desde a escravidão, um grande risco. Viver como jovem negro no Brasil é resistir a cada momento, é ter a possibilidade de ser alvo da ira, do despreparo, da violência constante, que tem como base o racismo que reina nas estruturas desta nação.
Sou responsável pelo meu irmão? A Bíblia tem diversos textos que podem ajudar a nos manter alertas contra a violência e o genocídio da juventude negra brasileira. Já no livro de Gênesis temos um texto fortíssimo que dá aos crentes razões para discordarem de quem pratica a violência. Também nos ajuda a ver que não se pode direcionar a violência, mortes e execuções contra uma parcela específica da sociedade, como tem acontecido no Brasil. Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou. Disse
o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim. (Genesis 4.8-10)
O que mais salta aos olhos neste texto é a reação de Deus e sua revelação surpreendente. Deus pede que Caim escute com atenção, pois o sangue de Abel estava clamando da terra. Isso deveria nos deixar estupefatos: o sangue dos oprimidos clama diante de Deus! Quando penso nesse texto e nessa expressão em particular, “A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim”, pensamos no que a sociedade não pode esquecer, os quase 400 anos de escravidão no Brasil. Imagine a quantidade de sangue derramado nesta nação. Sangue de negros e negras que foram escravizados, castigados e violentados, tudo isso para suprir uma economia perversa que favorecia os poderosos da época. Quanto sangue derramado nas fazendas, nas grandes cidades, para manutenção de um status quo que tinha escravos e escravas como motores? Quantas mulheres violentadas para satisfazer homens violentos, incapazes da conquista feminina? Quantas crianças, que sem esperança, foram amordaçadas em suas fantasias e sonhos, agredidas e separadas de seus pais? O que podemos intuir do texto bíblico é que Deus está ouvindo o clamor do sangue que foi derramado nesta nação durante séculos. Deus ouve hoje o grito do sangue dos jovens pretos, entre 16 e 29 anos, seja nas favelas ou no asfalto, que estão na mira constante de um fuzil por terem nascido com a pele mais escura. Ou de jovens que tem entrado na
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Deus inquiriu Caim sobre a localização de seu irmão. Deus deseja saber: “Onde está Abel?”. Como pode ser isto? Um Deus que é onisciente, ou seja, que sabe de todas as coisas, como não poderia saber onde ele estava ou o que tinha acontecido com Abel? Obviamente, Deus não tinha perdido nenhum dos seus poderes ou deixado alguma de suas características naturais. O que o texto sugere é que Deus deseja fazer com que Caim perceba que o que ele tinha feito era tão catastrófico que havia causado estranheza no próprio Deus. Sim, porque matar um irmão causa repúdio a todo o universo e atinge a Deus. Caim, por sua vez, demonstra total indiferença em relação ao seu irmão.
A Bíblia e Direitos
O texto é uma citação do primeiro homicídio da história humana. Aqui estamos trabalhando a primeira parte do incidente. Caim conduz seu irmão ao campo e ali, de maneira traiçoeira e covarde, mata-o. No desenrolar do texto bíblico, vemos um diálogo revelador entre Caim e Deus.
vida do crime por não terem estrutura social, familiar e educacional capaz de evitar que cometam crimes, sendo assim vítimas da violência tanto do narcotráfico quando do estado, através de ações policiais, muitas vezes truculentas. Podemos aprender neste texto que o Senhor Deus nos responsabiliza a todos nós e a igreja em relação ao genocídio que acomete a juventude negra no Brasil. Deus diz a todos nós hoje: “Escutem”. Sim, como disse para Caim, diz às sociedades, governos, políticos, religiosos, pessoas sem religião, homens e mulheres nos dias de hoje: ‘Escutem o clamor do sangue dos oprimidos, dos escravizados, dos vendidos como coisa... Escutem o clamor daqueles que morreram no passado por causa da maldade dos homens que detinham o poder. Sim, vocês são os responsáveis. Não adianta serem indiferentes dizendo: Não sabemos onde eles estão’.
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Cabe aos evangélicos, os que professam a fé no Jesus Cristo de Nazaré, reverem suas posturas. A igreja não pode ficar omissa diante da barbárie que tem se alastrado em todas as cidades do Brasil. Os jovens negros, sobretudo, saem nas ruas com receio de serem interpelados por autoridades que deveriam protegê-los. Os que moram em comunidades mais empobrecidas e marginalizadas dizem que sair de suas casas é um ato de risco, já que não podem ter certeza absoluta se voltarão. Não porque sabem que algo ruim vai acontecer, mas porque se sentem como alvos preferenciais da violência e da maldade.
A graça de Deus alcança a todos O texto mostra também que Caim, o assassino, continua a manter diálogo com Deus. Em nenhum momento ele confessa o seu delito, mas o Senhor já sabia que, inclusive, ele jamais o faria. Deus lança sobre ele o juízo, dizendo que a terra que ele manchou com o sangue de seu irmão já não mais o atenderia como antes. Além disso, ele viveria fugitivo. Talvez sempre procurando um lugar onde a terra o respondesse. Mas ele não tinha ideia de que havia ferido toda a terra com sua violência opressora. Quando alguém mata os jovens pretos deste país ele fere toda a terra. Destrói toda uma geração. Age com hostilidade para com Deus. Foi assim com Caim. Ele agiu de maneira autônoma e foi hostil a Deus. Os assassinos dos jovens pretos do Brasil agem com autonomia e são completamente hostis. Deus lança sobre eles o juízo. Mas, o mesmo Deus que lança o seu juízo é um Deus gracioso. Caim demonstrou remorso, não arrependimento. Estava pensando em si mesmo ao dizer: “É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo.
Como a igreja pode ser um instrumento para diminuir a violência na cidade?
PARA PENSAR
Como a igreja pode se envolver na desconstrução do dogma social maldito de que os jovens negros, simplesmente por serem negros, são, de antemão, culpados ou bandidos? Como a igreja pode conscientizar a sociedade sobre o racismo institucional? Como a igreja pode ler a Bíblia para que isso seja parte da luta constante contra todo tipo de violência e falta de liberdade? O que a igreja pode fazer para ajuda a cidade no combate a violência?
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A igreja precisa ter a consciência da necessidade de demonstrar graça e misericórdia mesmo para com aqueles que estão errantes pelo mundo por terem sido opressores e malditos. À igreja cabe ser um lugar de gente que pergunta constantemente aos que matam a juventude negra: “onde está o teu irmão?” Sim, devemos perguntar às autoridades, buscar diligentemente que a justiça seja cumprida no Brasil. Mas à igreja cabe também a função de manifestar misericórdia aos que praticam tais atrocidades. Após pagarem por todos os atos cometidos, a igreja pode mostrar o mesmo que o Senhor demonstrou àquele primeiro homicida: amor.
A Bíblia e Direitos
Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará”. Era a constatação a que chegava. Pela compreensão de sua época tinha certeza de que isso era mesmo justo. Mas ao mesmo tempo percebe-se um pedido de ajuda. Mesmo que estivesse pensando somente em si mesmo. Então, o Deus que é cheio de misericórdia, resolve marcar aquele homem como alguém que mereceria morrer, mas por causa do Seu amor, viveria para ser lembrado como alguém que fora atingido pela graça e misericórdia do Senhor de toda a história.
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O que a Bíblia fala sobre o direito a saúde
"Os sãos não precisam de médicos, e sim os doentes." Marcos 2.17
Muitas vezes ouvimos entre evangélicos a pergunta: “O que o Evangelho tem a ver com isso?” tem a ver, pois saúde é abordada amplamente na Bíblia, nos seus mais diferentes aspectos. E isso precisa ser relacionado com o Evangelho que seguimos. O reconhecimento da Saúde como um direito das pessoas, e não um privilégio de quem possa pagar para ser assistido é algo muito recente na história humana. Por isso necessita do apoio de outras reflexões, como alguns temas abordados nesta revista. Eles nos ajudam a compreender as lutas e vitórias ocorridas ao longo dos tempos, para que haja, além do reconhecimento, o cumprimento efetivo deste direito em cada sociedade, inclusive no Brasil.
De qual saúde como direito estamos falando?
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Quando os noticiários falam sobre este assunto, principalmente quando envolvem epidemias que oferecem riscos em escala mundial, como a do Ebola, as disseminações do vírus do HIV/Aids, da Zika, de evidente interesse da saúde global, costumam lembrar a opinião da Organização Mundial de Saúde (OMS). Desde 1946 a OMS construiu um entendimento sobre o que é saúde, que até hoje serve como referência para todos os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil faz parte. Estar com saúde é uma condição que vai muito além da ausência de alguma enfermidade, porque significa, também, ter acesso e usufruir um estado de bem-estar físico, mental e social completo. Se estamos desnutridos, muito desgastados pela falta de descanso, exauridos pelas longas horas no transporte até o trabalho, desempregados ou tensos pelos riscos e ameaças constantes à nossa segurança física e da nossa família, por exemplo, está faltando saúde, no seu sentido mais completo.
O que a Bíblia diz sobre Saúde? Os que creem sabem a diferença que faz ter fé (confiança inabalável) no Deus Fiel, Protetor e Provedor (Gênesis 22.13,14) e, diante de tais circunstâncias, vivenciar a força desta fé viva e amorosa, amparando as suas práticas (Tiago 2.15-26; Romanos 2.6). O relacionamento determinante da fé com as obras praticadas movimenta a ajuda solidária como prova do temor (amor reverente, voluntariamente obediente) ao Senhor e extensivo ao nosso próximo (Jeremias 32.38-40). Desde socorrer na rua a levar ao hospital, chamar a ambulância, ajudar a comprar o remédio, apoiar alguém a lutar na justiça para obter a vaga no CTI, cuidar dos filhos enquanto a vizinha está na Enfermaria, acompanhar
até a Emergência mais próxima, visitar na Unidade Psiquiátrica, levar para vacinar contra a gripe ou na consulta do pré-natal, podemos citar exemplos que demonstram as nossas iniciativas individuais ou coletivas, dentre milhares de outras formas de praticar a justiça de Deus, a sua Vontade, a sua Palavra.
O objetivo deste conceito é que o ser humano possa ter acesso ao melhor estado de saúde que seja possível atingir em uma dada sociedade, sem distinção de raça, gênero, religião, credo político, condição econômica ou social. O grande desafio é como atingir socialmente este completo estado de bem-estar, com tantas formas da iniquidade social, na contramão da justiça de Deus, pressionando a saúde mental e física das pessoas. Os textos bíblicos de Romanos 3.21-30 e Romanos 14.1-13 nos ensinam, respectivamente, sobre a universalidade do pecado, mas também da Graça de Deus. Explicam, claramente, a quem pertencem todas as pessoas e quem é o Único Juiz.
A saúde é para todos, sem acepção alguma É importante conjugar todos os esforços da sociedade para a redução das desigualdades sociais, visando a melhoria das condições de transporte, educação, trabalho, lazer, segurança, serviços de saúde, comunicação, preservação das liberdades democráticas, dentre outros, incluindo a participação consciente das pessoas, para a produção da saúde que necessitamos. Os movimentos sociais que atuam em prol da dignidade humana defendem a saúde como um direito de todos, ou seja, o efetivo funcionamento
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A analogia que Jesus fez para repreender o farisaísmo preconceituoso dos mestres da lei, em Marcos 2.17: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes”, quando estava almoçando com “pecadores” (cobradores de impostos, mentirosos, enganadores, pessoas de má reputação), nos ajuda a compreender profundamente o conceito ampliado de saúde. Incluindo a saúde espiritual, pela evidente falta de amor da postura legalista, assim como a sua universalidade – ao incluir todos os doentes.
A Bíblia e Direitos
Estes exemplos demonstram, ainda, como o papel do Estado faz parte das obras humanamente construídas, evidenciam as providências humanas e divinas, e nos permitem glorificar a Deus pelas conquistas destes acessos e usufrutos como direitos básicos da pessoa humana, a quem Ele ama de forma incomparável.
dos sistemas universais e públicos de saúde, porque eles são fruto da construção de uma sociedade democrática, por meio de políticas públicas, com o objetivo de desenvolver o bem-estar social. Igrejas, grupos e diversos movimentos, incluindo os evangélicos, participam das reivindicações e implantações destas políticas como parceiras ou mobilizadoras da redução das desigualdades em saúde. A Constituição Federal de 1988, chamada de Constituição Cidadã, conquistada após o fim do ditadura militar (1964-1985), assumiu em nome da nação a preocupação e o dever de preservar a vida de todos os brasileiros. Foram incorporados em seu texto diversos direitos sociais básicos, mas a saúde e a educação (artigos 196 a 200; 205, respectivamente) conseguiram ser descritos também como deveres do Estado brasileiro, do nível municipal ao federal, em todo o país.
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Os deputados constituintes que lutavam para representar as ideias de mudança social e da saúde, um movimento de muitos segmentos da sociedade construído desde os anos 1970, defenderam o Sistema Único de Saúde (SUS). Buscavam deixar claro tanto a diferença como as consequências individuais e coletivas entre duas propostas: a) saúde como um direito social ou b) saúde como uma mercadoria (oferecida pelo mercado prestador de serviços, como outros bens que se possa vender e comprar). Depois de muita discussão e negociação prevaleceram a importância do fortalecimento do setor público e a condição de que o setor privado de saúde atuaria como “setor complementar ao setor público” na produção dos deveres do Estado, controlado pelas normas do Direito Público. Todos os brasileiros passaram a ter o direito de usar todos os serviços públicos de saúde, e não só os que possuíssem a carteira de trabalho assinada. Este sistema público universal é único, dentre os países com mais de 200 milhões de habitantes no mundo. Por incrível que pareça, todo mundo usa o SUS, de um jeito ou de outro. Se considerarmos os transplantes, as vacinas, as transfusões de sangue, os testes para diagnóstico de diversas doenças, as grandes emergências, pesquisas biomédicas, vigilância sanitária (de serviços e bens - medicamentos, restaurantes, feiras, hospitais, academias, escola), ambiental (contaminantes químicos, dos desastres, qualidade da água), epidemiológica (epidemias, notificação das doenças, relação com as iniquidades sociais), e saúde do trabalhador (proteção e recuperação, diminuição dos acidentes); ensino e produção do conhecimento especializado em saúde pública, educação em saúde, dentre outros serviços. E todos ajudam a sustentá-lo pelos mais diversos impostos.
A rede do SUS é complexa, mas apesar das dificuldades, promove atendimento multiprofissional (para além do médico) nos diversos níveis assistenciais. Construiu e executa o exitoso programa de vigilância, prevenção e controle das infecções sexualmente transmissíveis, do HIV/ Aids e hepatites virais.
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Apesar dos imensos problemas de acesso e de funcionamento, é possível fazer a defesa do SUS e apostar na reformulação do modelo público, acreditar na luta pela saúde como um direito de evitar que o sistema de serviço público e gratuito seja extinto. Como filhos de Deus, cujo amor por nós não poupou Seu próprio Filho (João 3.16); cujo trono tem a justiça e o direito como bases e o amor e a fidelidade precedem a sua passagem (Salmo 89.14); que ama o direito e odeia a iniquidade (Hebreus 1.8,9); cuja maior marca de identidade de seus discípulos, apontada por Jesus, seria o amor que tivéssemos uns pelos outros (João 13.35), podemos perceber que a saúde como um direito de todos tem no Evangelho um grande fundamento, e pode ter nos evangélicos sinceros grandes aliados para a sua construção e efetivação, na defesa da vida humana com dignidade.
A Bíblia e Direitos
Ao contrário do que as insistentes notícias proclamam sobre os custos da rede, o SUS gastou em 2014 para atender os 75% da população que não possuem planos ou seguros privados apenas 46% do gasto total com as despesas de saúde do orçamento público. Enquanto o setor privado, para atender a 25% da população, gastou 54% do gasto total em saúde no país.
PARA PENSAR
Há postos de saúde no seu bairro? Quando que a saúde se tornou direito de todos sem distinção? O que você acha disso? Como a igreja pode se envolver nesse tema e ajudar na luta por melhores serviços de saúde? Qual a relação entre o Evangelho e a saúde para todos? Como você pode participar para melhorar a saúde de sua cidade?
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O que a Bíblia fala sobre o direito a Terra e Moradia
"Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos." Levítico 25.23
A conquista da terra no Brasil O Brasil é um país de latifundiários e exploradores. Aliás, desde o início foi assim. Nosso país não nasceu como nação, mas como um negócio de latifúndio. Os portugueses chegaram ao Brasil em suas caravelas e invadiram a terra para explorar nossas riquezas. Exploraram o ouro, a madeira e outras riquezas. O Brasil nasceu em meio à exploração, violência e usurpação da terra. Uma expedição de conquista para beneficiar o primeiro latifundiário, o rei de Portugal. Com a histórica invasão de 1500, a terra e todas as suas riquezas naturais passaram a pertencer à coroa portuguesa. Assim nasce o Brasil.
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A história do Brasil teve sua continuidade marcada por conflitos e exploração da terra. As posses sempre foram motivadas pela ganância, domínio e lucro. Assim foi no Pará, na extração da madeira e mineração do ouro; na Amazônia, por seus rios e florestas, ricos em diversidade; no nordeste, sul e sudeste, por suas terras férteis na implantação de sistemas agropecuários. Os latifundiários tomaram a terra e a demarcaram em grandes hectares em detrimento de milhões de pessoas pobres, que na história de um Brasil rico em terras, vivem sem um palmo de chão para morar e trabalhar. Séculos se passaram e os latifundiários ainda detêm a posse da terra. Segundo uma pesquisa realizada pelo CNPq/USP, “Atlas da terra no Brasil”, 175,9 milhões de hectares eram improdutivos no Brasil em 2015. Um dado preocupante e que gera em nós indignação, já que uma minoria detém o domínio da terra em detrimento de milhões de pessoas sem teto e sem terra. O jornalista Igor Felipe faz uma relevante observação:
“130 mil proprietários de terras concentram 318 milhões de hectares. Em 2003, eram 112 mil proprietários com 215 milhões de hectares. Mais de 100 milhões de hectares passaram para o controle de latifundiários, que possuem em média mais de 2.400 hectares. Ou seja, existem mais latifúndios no Brasil. E estão mais improdutivos."1 1 Fonte: https://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/plenos-poderes/katia-abreu-maisde-100-milhoes-de-hectares-passaram-para-o-controle-de-latifundiarios-desde-2003/
Direito a terra e moradia na Bíblia O que a Bíblia tem a nos dizer sobre a exploração latifundiária, o direito a terra e à moradia? Muita coisa. Para Deus, o latifúndio causa injustiça e não tem legitimidade. “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos.” (Levítico 25.23). Explorar nosso irmão que tem sua base de subsistência na terra é contra a justiça de Deus (Levítico 25.15-17). Ocupar a terra é um direito dado por Deus (Deuteronômio 2.31). Aos pobres é garantido o direito a terra e à moradia (Levítico 25.24-28). A terra não é um meio de dominação e exploração, onde os que compram indevidamente passam a oprimir os que não a tem. A terra não foi emprestada por Deus à humanidade para servir como um meio de dominação e poder, nem pode ser usada como instrumento de produção agrícola para o enriquecimento de uma minoria. A proposta bíblica para os que se assentam na terra é para a partilha comunitária e igualitária, sem que gere pobreza e vantagens sobre o outro. A terra é de todos, o que é semeado e cultivado pertence a todos, sem pressupostos pautados no capitalismo e sem as intenções maléficas do sistema ruralista de mercado.
A partilha da terra como bem para todos Partilhar é o contrário de acumular. Aliás, não se pode tomar para si o que não nos pertence, pois Deus é o único dono da terra. (Levítico 25.23). Deus diz que a terra e tudo o que nela é cultivado deve ser partilhado. Por isso o latifúndio é
um sistema contrário aos preceitos bíblicos, pois sua intenção é acumular. Deus é contra o latifúndio porque este é um dos fatores mais graves para o aumento da pobreza. Quem não tem terra não planta, não colhe, não tem moradia. Quem não tem terra é pobre. Por esta razão o evangelho de Jesus de Nazaré é partilha, é comunidade, amor e libertação. Ajuntar tesouros no céu nada mais é que partilhar, na liberdade de não desejar acumular aqui. Este pronunciamento de Jesus no Sermão do Monte é forte e desafiador:
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“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6.19-21)
A Bíblia e Direitos
AJUNTAR TESOUROS NO CÉU É PARTILHAR EM COMUNIDADE.
O direito à moradia é de todos Todo ser humano tem direito à moradia. Este direito básico tem sido violado de maneira tão intensa, que o resultado se dá pelo aumento expressivo de milhões de sem teto espalhados pelo Brasil. Essa informação da pesquisadora Marcela Reis nos dá uma clareza quanto à situação dos sem teto em nosso país: “De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2012, existem cerca de 1,8 milhão de moradores/ as de rua em todo o território brasileiro, o que representa cerca de 0,6% a 1% da população. Em quatro anos, o número de pessoas nessa situação aumentou 10%. Já na cidade de São Paulo, segundo o censo do IBGE de 2015, quase 16 mil pessoas estão em situação de rua, sendo que oito mil, atualmente, estão acolhidos/as. A pesquisa na capital paulista mostra que 82% da população de rua é composta por homens, sendo 36% entre 31 e 49 anos.”2 2 Fonte: https://observatoriosc.wordpress.com/2016/03/24/numero-de-pessoas-em-situacao-de-rua-so-cresce-no-brasil/
QUE A NOSSA VOZ SEJA UM BRADO DE JUSTIÇA E LIBERTAÇÃO, QUE NOSSOS PÉS POSSAM CAMINHAR AO LADO DOS SEM TERRA E SEM TETO.
Como povo de Deus qual tem sido a nossa postura em relação aos que não tem terra?
Como a igreja deve se posicionar contra os senhores do negócio imobiliário nos centros urbanos? O que você acha dos políticos ruralistas que exploram e detém o poder nas áreas indígenas e quilombolas? O que a igreja deve fazer contra este problema? Como povo de Deus qual tem sido a nossa postura em relação aos que não tem terra?
PARA PENSAR
O que a Bíblia ensina sobre aqueles que acumulam terras? Em sua opinião qual é a realidade da terra no Brasil? Como a igreja deve se envolver para ajudar na partilha da terra e moradia? Como a igreja deve se posicionar contra os senhores do negócio imobiliário nos centros urbanos? O que você acha dos políticos ruralistas que exploram e detém o poder nas áreas indígenas e quilombolas? O que a igreja deve fazer contra este problema?
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Em sua opinião qual é a realidade da terra no Brasil? Como a igreja deve se envolver para ajudar na partilha da terra e moradia?
A Bíblia e Direitos
O que a Bíblia ensina sobre aqueles que acumulam terras?
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O que a Bíblia fala sobre a dignidade da mulher
"Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: Eu vi o Senhor. E contou o que ele lhe dissera." João 2.18
Um olhar sobre a condição da mulher no Brasil Em boa parte das famílias brasileiras são as mulheres, as mães, que têm a responsabilidade pelo sustento dos filhos e da casa. De acordo com a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o número de lares chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% entre 1995 e 2015. São elas, também, que além de trabalhar, possuem a tarefa de cuidar, de educar, de garantir que tudo funcione bem na casa. É curioso perceber isso: ao mesmo tempo em que as mulheres são obrigadas a governar em suas casas e famílias não vemos a maioria das mulheres liderando empresas, igrejas ou processos políticos. 42 A Bíblia e Direitos
Para piorar a situação, as mulheres ganham menos que os homens. Uma projeção feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que mulheres recebem, em média, 74,5% do rendimento dos homens pelo mesmo trabalho (Pnad 2014). Se a mulher for negra, ganha cerca de 15% a menos que uma mulher branca. A mulher negra ganha 60% do rendimento de um homem branco. E a situação pode se agravar ainda mais: mulheres são mortas por seus maridos, companheiros ou namorados. São mortes denominadas de feminicídios, em que o motivo principal é a condição de ser mulher, em que quase sempre a outra pessoa, o criminoso, determina que a vítima seja considerada sua propriedade ou que não tem o direito de fazer suas próprias escolhas. São crimes de ódio motivado pela condição de gênero. Somente em 2017 foram registrados 946 feminicídios no Brasil, dos 4.476 homicídios de mulheres. Até para dar à luz algumas mulheres sofrem. É a chamada violência obstétrica. São médicos, enfermeiros e profissionais de saúde que fazem piadas jocosas quando as mulheres estão em trabalho de parto, exigindo que não gritem, ou não manifestem desconforto. São mulheres que não são respeitadas na manifestação de suas dores, sendo expostas em um momento que deveria ser de tranquilidade, para fortalecer o vínculo com a criança que nasce. Embora muitas mulheres não estejam familiarizadas com o assunto, muitas já foram vítimas desse tipo de agressão, que pode ser física ou verbal, tanto durante o parto quanto no pré-natal. São xingamentos, recusa de atendimento, realização de intervenção e procedimentos médicos
Há muitas outras situações sobre a mulher que poderíamos acrescentar nessa lista: homens que não deixam mulheres falar, mulheres que foram abandonadas por seus
Jesus e a dignidade das mulheres Por isso é importante a gente ler a história da mulher de Samaria, que está em João 4.1-34. O texto bíblico nos conta como foi o encontro de Jesus com uma mulher, de Samaria, que estava buscando água no poço ao meio dia. Numa hora em que não se ia ao poço buscar água, por causa do sol escaldante. É nessa hora improvável que ela encontra Jesus, que estava com sede. Os discípulos tinham ido comprar comida. Jesus está no poço e pede que a mulher lhe dê agua para beber. Era uma mulher samaritana, e os samaritanos não falavam com os judeus. Além disso, um homem não devia falar com uma mulher, muito menos com uma mulher samaritana, naquele caso. Um judeu não podia se alimentar ou beber em utensílios de um samaritano. Se acontecesse isso, o judeu ficaria quarenta dias em condição de impureza ritual, impossibilitado de participar do culto a Deus.
A Bíblia e Direitos
Outra violência que produz marcas profundas nas mulheres é a violência sexual. É a apropriação do corpo da mulher. Apesar da vergonha que as mulheres sentem em admitir que foram abusadas, os números indicam que isso é muito mais comum que imaginamos. Dados divulgados pelo Fórum de Segurança Pública, em outubro de 2017, registram 135 casos de estupro por dia. A violência sexual é a relação sexual sem consentimento, é o homem dentro do transporte público que encosta seu corpo contra o da mulher, causando constrangimento. É a exposição pública do órgão masculino. E tem aqueles que dizem que as mulheres merecem sofrer violência, ou que provocam os homens com o uso de roupas curtas ou justas, ou que não deveriam estar na rua em alguns horários. Pois a situação não é bem assim: a maior parte das mulheres, mesmo quando crianças, que sofrem violência sexual, foi atacada dentro de casa, e o agressor é conhecido, isso quando não é o próprio pai, tio ou avô da vítima. Muitas casas não são lugares seguros.
maridos, mulheres que criam os filhos sem a referência masculina, mulheres que não podem administrar o próprio salário, mulheres que não tem com quem deixar os filhos para trabalhar, mulheres que são demitidas após a licença maternidade, mulheres que apanham, mulheres que escutam — todo o tempo — que não possuem valor.
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não necessários, como exame de toque a todo instante, episiotomias ou cesáreas desnecessárias.
Jesus não se importou com nada disso. Não se importou com as regras. Ele falou com a mulher, pediu água e disse que beberia na vasilha que ela usava. Jesus conversou sobre as coisas de Deus com a mulher — o que também era proibido. As mulheres, naquele tempo e naquele contexto não tinham o direito de receber nenhuma informação sobre Deus, sobre a Palavra de Deus ou a vinda do Messias. Conversas sobre Deus eram assunto de homem. Jesus quebra as regras. Jesus mostra que a mulher pode ter acesso direto à vontade de Deus. Jesus conversa com a mulher sobre as coisas espirituais. Jesus coloca aquela mulher em um lugar que ela não tinha sido colocada. Ele a respeita, respeita o que ela faz, respeita o que ela diz. Jesus sabe que a condição daquela mulher era difícil, e ele não se importa. Ao conversar, ao beber água, ao falar de Deus, Jesus leva dignidade àquela mulher. 44 A Bíblia e Direitos
É dessa dignidade que as mulheres precisam, é essa dignidade que faz falta — às mulheres que estão morrendo pelas mãos de seus companheiros. Às mulheres que têm a mão de obra valendo menos que a dos homens. Àquelas que são maltratadas na hora do parto. Às que são agredidas e espancadas e às que têm suas opiniões consideradas de menor valor. Seguir a Cristo é reconhecer a condição da mulher e tomar atitudes que modifiquem essa condição. As mulheres precisam ter suas vozes ouvidas. Além da conversa na beira do poço, em que Jesus leva dignidade à mulher, ao ressuscitar — depois de três dias da sua morte — Cristo transforma as mulheres em portadoras da esperança, incumbindo Maria Madalena, Joana, Maria mãe de Tiago e Salomé, anunciem que Ele vive (Mateus 28.110, Marcos 16.1-10, Lucas 24.1-10, João 20.1, 16-18). É importante lembrar aqui que as mulheres não eram ouvidas naquele tempo, mas coube a elas anunciar a mensagem principal do Evangelho: a ressureição. Anunciar que a morte foi vencida. Anunciar que há esperança, e que esperança é vida! Em Lucas 10 se encontra a história de Marta, que hospedou Jesus e os discípulos em sua casa. E ela tinha uma irmã, chamada Maria. Marta cuidou de tudo, arrumou a casa, cozinhou, fez o que era necessário para receber aquelas pessoas em casa. Maria, por sua vez, sentou aos pés de Jesus para ouvir seus ensinamentos. Sentar aos pés de um mestre era uma atitude permitida somente para os homens. Somente homens podiam se sentar aos pés de outros homens
para aprender. Marta fica incomodada — ela aprendeu que as mulheres deviam fazer o que ela estava fazendo. Cuidar de tudo para que os hospedes fossem bem tratados. Marta fica envergonhada e espera que Jesus coloque Maria no devido lugar que uma mulher tinha que ocupar.
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A Bíblia e Direitos
Jesus não age como Marta esperava. Jesus aceita Maria sentada aos seus pés. Jesus aceita uma mulher como discípula, mais uma vez subvertendo a ordem milenar de que havia lugares que as mulheres não deveriam ocupar. Jesus ensina para Marta que lugar de mulher é o lugar que ela quiser estar. E Jesus segue ensinando para todos nós a mesma coisa, ainda hoje: mulheres não podem ser silenciadas, mulheres escolhem o lugar que desejam estar e ficar, mulheres são portadoras de vida e de esperança.
PARA PENSAR
Como seguidores e seguidoras de Cristo, o que fazer para que as mulheres não morram? Por que as mulheres ganham menos e são as principais responsáveis pelo sustento de suas famílias? Como denunciar a violência sexual e obstétrica? O que determina o lugar que uma mulher pode ocupar? Como ensinar aos meninos que eles devem respeitar as mulheres, assim como Jesus respeitou, não sendo donos ou superiores, mas iguais?
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O que a Bíblia fala sobre a Criação
"Sabemos que toda a natureza geme até agora, como em dores de parto." Romanos 8.22
Um amigo, que é pastor, costumava me enviar diversas mensagens de cientistas céticos em relação às mudanças climáticas com o intuito de me convencer de que não passavam de alucinação de gente preocupada demais. Não demorou muito até que um grande periódico de circulação nacional trouxesse uma reportagem segundo a qual um dos cientistas mencionados por meu amigo havia finalmente se rendido às evidências e passara a considerar as mudanças climáticas como um problema grave que deve ser enfrentado por toda a humanidade, sob o risco de se comprometer o presente e o futuro das novas gerações. Minha perplexidade não se devia unicamente ao fato de uma pessoa como o meu amigo reduzir a tragédia ambiental que estamos vivenciando a uma disputa ideológica ou a coisa de gente folgada e desocupada, mas ao fato de um pastor ignorar que a comunidade dos crentes em Jesus tem de responder a um mandato que nos foi outorgado pelo Criador de cuidar do mundo que é dele. 48 A Bíblia e Direitos
Esperar de braços cruzados que tragédias coloquem fim à vida no planeta decorre de uma leitura estreita e rasa das Escrituras. Essa leitura devese em parte à associação feita por muitos de nós entre o termo mordomia e a ordem dada por Deus à Adão e Eva para “encher, sujeitar e dominar a terra”, encontrada em Gênesis 1.27-28. A interpretação errônea deste mandamento tem como consequências toda a sorte de abusos contra a natureza e contra os seres humanos, culminando no afastamento de Deus, que é o Criador e Redentor de toda a Criação. Esse egoísmo pouco inteligente ignorou o fato de que a conta chega para todos e todas. As conquistas ao longo da história com suas explorações predatórias e a pilhagem dos recursos naturais em nome do “progresso” têm propiciado o acúmulo de riquezas por parte de poucos em detrimento da grande maioria. Essa compreensão utilitarista segundo a qual a natureza só existe para que dela se possa tirar o que precisamos, produzir e descartar contraria a percepção do próprio Deus que, ao contemplar cada aspecto de sua Criação, concluiu que era muito bom (Genesis 1.31).
O Jubileu bíblico A ideia de cuidar da Criação é encontrada nos relatos bíblicos do Antigo Testamento quando o próprio Deus sanciona leis com o intuito de corrigir as distorções e disfunções geradas pela cobiça, vaidade e pela opressão de uns sobre os outros. Ao estabelecer um Ano Sabático a cada sete anos Deus não permitia que o povo sequer semeasse a terra, e só lhes
permitia comer os frutos que fossem produzidos livremente. O capítulo 25 do livro de Levítico traz ainda o registro histórico da proclamação feita por Deus de uma legislação que declarava santo o quinquagésimo ano, conhecido como Ano do Jubileu. Neste período se proclamava a libertação para todos os moradores do país, as dívidas eram perdoadas e a terra devia ficar sem cultura e os frutos poderiam ser colhidos somente pelos pobres. As terras hipotecadas ficariam livres da hipoteca sem ônus algum. Todas essas práticas reprimiam a cobiça e a opressão de modo a contribuir para o reestabelecimento do equilíbrio ambiental, econômico e social (Levítico 25.8-11, 39-46). Essa moratória (25.11) para com a terra era fundamental para que ela recuperasse toda a sua capacidade de produzir em termos sustentáveis, evitando que a mesma se esgotasse e deixasse de cumprir sua função. Com a “anistia geral” (25.10) concedida durante o Jubileu, todas as dívidas eram canceladas, as terras restituídas aos antigos donos e todos tinham a possibilidade de recuperar a liberdade. O direito ao resgate, presente no Jubileu, contrariava a opressão, a escravidão, o acúmulo por parte de poucos e a ganância reinante já que é o próprio Deus quem diz: “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos” (25.23). A ideia central é que a terra pertence originalmente a Deus e foi confiada por Ele aos homens. Por esta razão ninguém pode pleitear sua posse exclusiva e definitiva.
Esta visão está presente também nos livros dos profetas frente à opressão e ao saque do invasor. O profeta proclama “eis que eu crio novos céus e nova terra” (Isaías 65.17). Na retórica de Isaías as péssimas condições desaparecerão com a criação de lugares prazerosos, de paz, gozo, sossego, harmonia, prosperidade e saúde.
Efeito dominó O dano que temos causado à Criação impressiona qualquer observador situado em qualquer ponto do planeta. Como somos parte de um ecossistema harmônico, basta que causemos dano a um único elemento da natureza para desencadear um efeito dominó de consequências imprevisíveis e irreversíveis.
50 A Bíblia e Direitos
É o caso do desmatamento de nossas florestas, que interfere no equilíbrio natural e traz impactos para a atmosfera, biosfera, litosfera e hidrosfera. Uma imagem assustadora e muito recorrente para os moradores dos grandes centros urbanos é a fúria das águas dos córregos canalizados durante as chuvas torrenciais advindas das estações chuvosas. Rios e córregos outrora cristalinos e navegáveis foram transformados em esgotos e tiveram suas nascentes e matas ciliares destruídas. Um grande desafio para a humanidade nos dias atuais é dar uma destinação correta aos 30 bilhões de toneladas de resíduos gerados em todo mundo. A sobrevivência para muitos povos tradicionais, como o caso de comunidades Quilombolas no Norte de Minas Gerais tornou-se difícil com o empobrecimento da biodiversidade decorrente da queima do carvão, do império da monocultura e do agronegócio em todo o território nacional. Os biomas brasileiros estão seriamente ameaçados. É o caso da Mata Atlântica, que somente entre 2015 e 2016 teve uma perda equivalente a 29 mil campos de Futebol. O cerrado, por sua vez, poderá até 2050 sofrer a maior extinção de plantas do mundo desde o ano 1500.3 Nesses tempos turbulentos, em que testemunhamos o grave desmonte dos direitos conquistados a duras penas, é necessário prestar atenção nas investidas de setores retrógrados, que acobertados por discussões que visam tirar o país da crise, se aproveitam para submeter leis que representam um retrocesso na legislação ambiental.
3 Fonte: O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores brasileiros na edição de 23/03/2017 da revista Nature Ecology and Evolution.
Egoísmo e consumismo: duas faces de uma mesma moeda
Paradoxalmente, os apelos do consumo consciente, contrários a indiferença em nossas igrejas, encontram eco na sociedade em geral. Pois, consumo consciente é uma das bandeiras defendidas por alguns setores de produção e serviços, que entenderam que a humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra e que todo consumo causa impacto positivo ou negativo na economia, nas relações sociais e na natureza.
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Tudo isto contradiz o estilo frugal e despojado vivido por Jesus, que sendo Deus, despojou-se de toda a sua majestade e habitou entre nós e nos mandou contemplar a natureza como forma de confrontar nossa ansiedade e incredulidade (Mateus 6.28-30). Esta mensagem tão simples e poderosa encontra pouco eco no meio evangélico nos dias hoje. Ao invés de tomarmos o exemplo do nosso Mestre, nos empenhamos em prosperar para consumir e acumular cada vez mais.
A Bíblia e Direitos
Nosso estilo de vida consumista reflete nosso egoísmo, irresponsabilidade e descaso para com os recursos que são finitos. Além disto, a sociedade de consumo cria produtos descartáveis que são consumidos no “modo automático”. Novos designs, novos modelos com vida útil limitada são parte da estratégia do mercado para a criação de novas demandas e para o incentivo ao consumismo desmedido.
Esperança e redenção Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. (Romanos 8.22). Somos um todo harmônico, integrado. Nosso corpo físico volta ao pó e integra a terra. A natureza sofre e nós sofremos com ela. Nossa compreensão limitada da Redenção não raro nos leva a ignorar que em Cristo se deu a reconciliação de todas as coisas: homem com Deus, o homem consigo mesmo, com o próximo e com a natureza. Por onde começar?
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Não nos conformarmos com este mundo, mas transformá-lo pela renovação da nossa mente, como nos exorta Paulo na Carta aos Romanos (12.2), requer de nós uma postura que vai na contramão daquilo que é idolatrado pela sociedade do consumo. Para isso, é preciso adotar um estilo de vida simples, lutar contra os apelos fáceis do consumismo. Cada cristão individual e coletivamente muito pode em seus exemplos e pequenas atitudes cotidianas para ajudar a transformar este mundo. Nossa vivência diária deve ser um testemunho eloquente na medida em que compartilhamos nossos recursos, exercemos nossa solidariedade e levantamos nossa voz contra o mal estabelecido em suas muitas formas. Voltarmos para a Palavra de Deus. A Igreja pode muito quando compreende e transmite o ensino correto das Escrituras. As crianças em suas escolas já aprendem muito sobre os cuidados com o ambiente, mas as igrejas não têm uma educação sistemática sobre o cuidado com a Criação. Tampouco nossa educação teológica valoriza a Teologia da Criação e as questões decorrentes dela como sustentabilidade, economia do suficiente etc. Adotar pequenas atitudes dentro e fora da comunidade. Muitos dos espaços disponíveis nas igrejas foram impermeabilizados para estacionamentos de carros quando podiam ser usados para jardins, hortas e plantação de árvores. Felizmente existem igrejas que fazem o plantio de árvores em praças e proximidades. Há também comunidades eclesiásticas que ajudam na organização de pequenas feiras de agricultores orgânicos e familiares. Outras têm coletores para descartes de produtos nocivos ao solo como baterias e pilhas. Essas iniciativas ainda são raras, mas são pequenas sementes com grande potencial de gerar frutos.
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Amar a cidade. Uma maior incidência da Igreja pela paz, sustentabilidade e dignidade requer uma reinterpretação do nosso conceito de missão. Como as cidades se transformaram em lugares em que a beleza não é cultivada e a violência é perpetuada, a ocupação do espaço público não é incentivada pelas igrejas.
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O conceito de vida abundante presente em todo evangelho requer de nós uma compreensão da interdependência entre campo e cidade, saúde e alimentação, lazer e estilo de vida, inclusão e tolerância, habitação e trabalho, valorização da nossa biodiversidade e cuidado da Criação. Cristãos cometem um grande pecado contra o Criador e contra toda a Criação quando se omitem, se descuidam e são indiferentes ao descalabro ambiental e ecológico em curso. Cumprimos nossa missão na medida em que exercemos nossa voz profética e atuamos para transformar toda a Criação, aguardando com esperança a redenção em Cristo de todas as coisas criadas.
A Bíblia e Direitos
Estas, por sua vez, se transformaram em abrigos subterrâneos para se protegerem das cidades e dos demais cidadãos, contrariando o Evangelho que prenuncia a reconciliação e a inclusão daqueles que antes eram excluídos pelo sistema.
PARA PENSAR
Qual o perigo para a ação da igreja quando existem interpretações bíblicas erradas sobre a Criação? Qual a relação do jubileu com a nossa responsabilidade hoje sobre a Criação? Como você pode contribuir para a manutenção do meio ambiente? Como o egoísmo e consumismo influenciam na Criação? Como podemos nos envolver com a Criança a partir de nossa cidade?
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O que a Bíblia fala sobre Imigrantes e Refugiados
"Não oprima o estrangeiro. Vocês sabem o que é ser estrangeiro, pois foram estrangeiros no Egito." Êxodo 23.9
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Nos últimos tempos assistimos a noticiários sobre migração de povos em busca de condições melhores de vida devido a crises humanitárias. A migração sempre existiu na história da humanidade. Antes das grandes civilizações, as comunidades tribais migravam de um lugar para o outro subsistindo através da caça, da pesca e de outras formas de extrativismo. Com a apropriação de técnicas e implantação da agropecuária, a humanidade começou a ocupar a terra de forma sedentária, abandonando a vida nômade. Os territórios ocupados tiveram como consequência a formação das nações e estabelecimento das fronteiras. No contexto bíblico do Antigo Testamento, o pai da fé Abraão é um exemplo de vida nômade e migratória. Deus o convoca a sair do meio de seu clã, situado na região da Babilônia, e se dirigir com sua família a outra terra “que te mostrarei” (Genesis 12.1), estabelecendo-se na Palestina. Mais tarde, o clã de Jacó também vive uma experiência migratória e se estabelece no Egito, ao ponto do crescimento demográfico dos israelitas assustar os nativos, levando os governos dos Faraós a os manterem escravos por mais de quatro séculos. Quando foram libertos da escravidão, na passagem pelo deserto, o libertador e legislador Moisés cria um bloco nas leis chamado “Código da Aliança” (Êxodo 20.22; 23.9). Trata-se de uma série de recomendações que visaram defender o direito dos pobres e dos desamparados; organizar o sistema judiciário, de forma que ele não Fonte: https://observatoriosc.wordpress.com/2016/03/24/numero-de-pessoas-em-situacao-de-rua-socresce-no-brasil/
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É importante salientar que pessoas refugiadas só deixam seus lares, suas famílias, sua pátria, não porque querem, mas por uma questão de sobrevivência. Muitas delas eram prósperas em sua terra natal, com condições socioeconômicas estruturadas, com moradia, propriedades, renda, trabalho e boa escolarização. Todo migrante enfrenta dificuldades de adaptação em outra região de seu país, e elas se tornam ainda maiores no estrangeiro, com as diferenças culturais e linguísticas. Contudo, os grandes desafios são contra o preconceito, a xenofobia e o racismo. Numa campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a xenofobia, venezuelanos usaram máscaras coloridas nas ruas de Boa Vista (RR) para interagir com Fuga da fome: como a chegada de 40 mil venezuelanos transformou Boa Vista, Por Emily Costa, Inaê Brandão e Valéria Oliveira, G1 RR: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/fuga-da-fome-como-a-chegada-de-40-mil-venezuelanos-transformou-boa-vista.ghtml 6 Curta São Paulo dos Haitianos: https://www.youtube.com/watch?v=DPTLu3pmaQM 7 Instituto ADUS: http://www.adus.org.br 5
A Bíblia e Direitos
No Novo Testamento, os pais de Jesus precisaram se refugiar no Egito para proteger a vida do recém-nascido do infanticídio promovido por Herodes, retornando a Israel depois da sua morte (Mateus 2). Refugiados geralmente são emigrantes que deixam sua terra natal para imigrarem em outros países, a fim de sobreviverem das mazelas provocadas por desastres naturais, como o terremoto no Haiti em 2010 ou as guerras, como a da Síria, desde 2011, além de perseguições políticas e religiosas.
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fosse manipulado em favor dos poderosos; regular o uso do campo e dos animais de tração, culminando no versículo: “Não oprima o estrangeiro. Vocês sabem o que é ser estrangeiro, pois foram estrangeiros no Egito.”4
a população, e seguravam cartazes com mensagens sobre migração: “Jesus também era um migrante”; “A história da humanidade é uma história de migrações” e “65,6 milhões de pessoas se deslocam no mundo. Não porque querem, mas porque precisam."5 Segundo o curta São Paulo dos Haitianos6, na cidade de São Paulo os imigrantes haitianos também reclamam que, além de serem vítimas de xenofobia, são constantemente vítimas de racismo.
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Imigrantes e refugiados gozam de direitos internacionais garantidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) e outras leis internacionais (Estatuto dos Refugiados, 1951) que garantem segurança física; assistência básica em saúde, educação, trabalho, moradia etc.; direitos civis, liberdades de livre pensamento e de ir e vir, entre outros. No entanto, é muito comum ficarem alocados em campos para refugiados, tendo negado seus pedidos de imigração nos países vizinhos. No Brasil, a Constituição Federal e as Leis n. 13.445/2017 e 9.474/1997 também garantem os direitos dos imigrantes e refugiados.
A Bíblia e Direitos
Diante da crise econômica que o Brasil enfrenta, com milhões de desempregados, somada às outras questões sociais e precariedade de serviços públicos essenciais, você entende que o estado deve investir em políticas públicas em benefício de imigrantes e refugiados?7 Não seria interessante se as igrejas evangélicas pudessem desenvolver bons ministérios de apoio aos migrantes, imigrantes e refugiados, seja oferecendo abrigo e alimentação, como também introduzindo os imigrantes em nossa cultura, ensinando nossa língua ou ainda auxiliando-os na busca de emprego e moradia. A missão da Igreja inclui cuidar e amenizar o sofrimento do forasteiro, segundo o imperativo de Jesus de amor ao próximo (Mateus 22.37-40; 1 João 3.16-18). Na passagem do Evangelho de Lucas 10.25-37, Jesus é indagado: E quem é o meu próximo? Jesus responde com a famosa Parábola do Samaritano. Em tempos de disseminação da cultura de ódio, o que também se espera dos evangélicos é conscientização contra todo tipo de violência, preconceito, xenofobia e racismo, além de consolo, amparo emocional e espiritual para aqueles que sofrem pela dor da perda, da separação e da distância, e com a possibilidade de nunca mais reencontrarem seus pais, filhos, irmãos e amigos de uma vida. 8 Para saber mais: Agência da ONU para refugiados: http://www.acnur.org/portugues/; Nações Unidas no Brasil: https://nacoesunidas.org/; Anistia Internacional: https://anistia.org.br/noticias/pessoas-em-movimento-para-grande-parte-da-populacao-siria-deslocada-o-regresso-para-casa-e-impossivel. Obs: Último acesso nos links acima em 01/04/2018.
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Atualmente, muitas igrejas estão envolvidas em suas atividades internas em prol de atender sua membresia, olhando sempre para dentro e vivendo mais do mesmo. Baseado no Evangelho de Mateus – Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes (Mateus 25.35), seria possível despertar o interesse missionário em atender a necessidade do estrangeiro em situação de vulnerabilidade?
Quais são as maiores dificuldades de se envolver com os imigrantes e refugiados? Para você e para a Igreja?
PARA PENSAR
Como você pode se envolver no cuidado de imigrantes e refugiados? Diante da crise econômica que o Brasil enfrenta, com milhões de desempregados, somada às outras questões sociais e precariedade de serviços públicos essenciais, você entende que o estado deve investir em políticas públicas em benefício de imigrantes e refugiados? O que Jesus ensina ao dizer que era forasteiro e foi hospedado?
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O que a Bíblia fala sobre as Crianças
Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como é este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mais ai daquele homem por quem o escândalo vem! Portanto, se a tua mão ou teu pé te escandalizar, corta-o, atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo as duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno. Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus. Porque o Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido. Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou? E, se porventura achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que não se perderam. Assim, também, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca. Mateus 18.1-14
62 A Bíblia e Direitos
Os discípulos chegaram na hora em que Jesus explicava que, como filho do Rei, era isento do pagamento de impostos, mas que pagaria para dar testemunho. Perguntaram, então, sobre quem era o maior no reino dos céus. Jesus chamou um menino e o colocou no meio deles. E disse: antes de querer saber quem é o maior, vocês precisam se converter e se tornar como essa criança, caso contrário, de jeito nenhum entrarão no reino dos céus. Quem se torna humilde como ele é maior no reino dos céus. E quem, por mim, cuidar de um menino como esse, recebe a mim mesmo. Mas, quem desviar da fé que tem em mim, a uma criaça como essa, melhor seria ser morto por afogamento, por ter sido preso a um peso insuportável. O sistema caído é maldito por, inevitavelmente, desviar as crianças da fé, mas isso não atenua a situação da pessoa por quem esse desvio se impõe. Aliás, qualquer sacrifício que alguém faça para não ser causa de tropeço para uma criança é justificável, mesmo que seja arrancar o próprio olho. Não tratem essas crianças como se, por serem crianças, não contam. Porque os anjos que as acompanham dão relatório constante ao mei Pai que está nos céus. Eu vim salvá-los desse estado perdido de injustiça.
Jesus adverte que o Pai não quer que nenhum dos pequeninos se perca, conforme o versículo 14. Imaginemos Jesus em uma de nossas cidades, São Paulo por exemplo. Jesus poderia, a exemplo do que fez em Cafarnaum, pegar uma das crianças que perambulam pela Praça da Sé – um daqueles meninos que a gente quer colocar na Fundação Casa, e colocá-lo no meio da roda formada por seus questionadores e apresentá-lo como símbolo do que há de melhor na humanidade? Infelizmente, não. Nossa sociedade, pela injustiça e pela discriminação está descaracterizando as crianças transformando-as no símbolo do que há de pior na humanidade, de maneira que, quem cruza com uma delas, em vez de afago, oferece desprezo, ao invés de abraço ou acolhida, oferece medo.
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Jesus Cristo comunicou que a criança simboliza o que há de melhor na humanidade, aquilo que gostaria de ver reproduzido em todos nós, pois disse que “se não vos converterdes e não vos tornardes como criança, de modo algum entrareis no reino dos céus”. Jesus disse também que se identifica com as crianças: “quem receber uma criança, tal como está, em meu nome, a mim recebe”. Jesus afirma que o castigo para os que desviam as crianças seria indescritível, sendo melhor ser assassinado, conforme Mateus 18:6. Nos versículos seguintes ele afirma que para evitar correr o risco de fazer tropeçar uma criança, um pequenino, valeria qualquer sacrifício (versículos 7 a 9). Jesus falou que as crianças têm um tratamento especial por parte do Pai, pois os seus anjos estão sempre na presença dEle (versículo 10). Por isso, vale qualquer ato heróico para salva-las, tal como o do pastor que, por causa de uma ovelha, deixa nos montes outras noventa e nove, saindo em busca da perdida. Para nós parece loucura, que pastor abandonaria noventa e nove ovelhas nos montes, à deriva dos ladrões e predadores naturais, por causa de uma ovelha que se extraviou, a menos que transformasse o seu salvamento numa motivação sem alternativas: ou ela ou nada, de acordo com os versículos 12 e 13. Jesus nos comunica que para resgatar as crianças vale qualquer medida heróica, mesma a, aparentemente, louca.
A Bíblia e Direitos
O que vocês acham de um pastor que abandona nos montes noventa e nove ovelhas, para buscar uma que se perdeu? E, encontrando-a demonstra maior alegria por ela do que pelas noventa e nove que não se perderam? Uma loucura! Por certo. Pois se arriscará a perder todas para salvar uma só. Pois, meu Pai, ao me enviar, correu, por semelhança, o risco de perder todo o universo, porque ele não quer que nunhuma dessas crianças se perca.
64 A Bíblia e Direitos
Não podemos perder a perspectiva de que as crianças, as abusadas ou violentadas sexualmente, as que cometem atos infracionais, as que são portadoras de Hiv/Aids, as abandonadas, as que exercem atividades análogas a trabalho escravo, as que não sabem ler ou escrever, as que são vítimas de violência, ainda são os tais pequeninos de que fala Jesus. E são, justamente, porque estão nessa situação pela ganância de uma sociedade injusta, pela desestrutura familiar que as fazem tropeçar, sendo desviadas dos caminhos e da proposta do Pai. O mais grave disto é como fazêlas entender Deus no meio de suas circunstâncias. Dizer às crianças que sofrem violência doméstica que Deus é pai faz com que pensem na figura do pai que nelas descontou toda a sua impotência: “Lá em casa a gente só recebe pancada, eu não gosto de voltar pra casa”, conta Kelly, de 13 anos, que faz malabarismo em sinais de trânsito, junto com seus três irmãos. Pai é quem os espancou, aviltou, expulsou ou quem ainda os explora. Nossas crianças não estão em condições de entender o que significa a justiça de Deus. Como dizer a uma criança em situação de rua que Deus é justo, se para ela os símbolos de justiça trazem a lembrança tortura dor e violência: “Tem polícia que é
muito mau. Batem na gente de bobeira. Eu não gosto deles não, eles sempre querem que a gente desapareça”, conta Felipe, de 12 anos, que vive nas ruas de Natal, no Rio Grande do Norte. Como crianças abandonadas entendem o amor de Deus? Ana, de 15 anos, conta que quando tinha cinco anos foi para um posto de saúde, no Rio de Janeiro, com sua mãe. Andaram mais de uma hora e sua mãe a arrastava pela mão: “eu estava cansada e minha mãe parecia não se importar. Teve uma hora que ela me colocou no colo e me senti, por um segundo, cuidada. Mas, ela só me levantou para me oferecer para uma pessoa, que estava do outro lado da calçada. Ela queria me dar, como deu meu irmão para uma senhora no posto de saúde”. Ana já tem uma filha, de dois anos, e amor pra ela sempre está vinculado às relações sexuais: “Comecei cedo... com dez anos eu gostava de ficar com os garotos” A realidade brasileira faz as crianças se desviarem de Deus. A sociedade as faz tropeçar. Elas estão perecendo... Os números confirmam que permitimos o desenvolvimento dessa tragédia. Ai das sociedades que, indiferentes, convivem com ela há muito tempo sem se interessar em priorizar a solução de tais problemas. Melhor seria terem sido destruídas por um cataclismo. Para evitar o juízo de
Deus não vale a pena à sociedade sacrificar o pérfido modelo econômico que pratica e partir para um que garanta justa distribuição de renda? Não vale a pena sacrificar a internacionalização acelerada da economia por um regime de pleno emprego? Se uma das nossas opções nos faz tropeçar, impedindo o pleno desenvolvimento da infância e da adolescência, extirpemos, lancemos fora os modelos que adotamos. É melhor abrirmos mão de sermos modernos do que no afã de modernidade aprofundar o inferno daqueles por quem Deus chora, pois, o inferno deles nos engolirá. Governantes – Uma vez perguntaram a um pastor se parecia justo, a postura de um candidato a prefeito que, contra seu adversário, levantava a acusação de que a autarquia que cuidava do transporte público, graças a política daquele, estava padecendo de prejuízo financeiro. A resposta do pastor foi que o trabalhador, o usuário de transporte público, paga impostos, não para que as tais autarquias sejam lucrativas, mas para ir sentado para o trabalho. Que motivação tem nossos governantes? O que os anjos dos pequeninos, que vêem constantemente a face do Pai, falam da nossa sociedade, de nossos governantes, de nossa elite, de nossa igreja? O que estarão pedindo a Deus, senão justiça, enquanto clamam por Sua misericórdia aos pequeninos. Que atos heróicos – como deixar as noventa nove ovelhas – devemos nós, a sociedade, fazer para escapar da ira de Deus? Tornar a criança, e seu bem-estar, prioridade máxima de qualquer administração. Isso significa participar genuinamente de seu resgate urbanizando favelas, com investimentos significativos na área de saúde e educação, de um novo
66 A Bíblia e Direitos modelo agrícola, de uma nova forma de ocupação do solo (como um país de terras férteis convive com o espectro da fome? Como uma nação com tanto espaço para ocupar tornou-se eminentemente urbana?), de pleno emprego, salários dignos e, acima de tudo, um resgate imediato das crianças que se encontram em profundo estado de carência e de abandono pela criação de condições mínimas de dignidade, ainda que isso signifique aumento da presença do estado. Melhor isso do que cair nas mãos do Deus Vivo, como escrito em Habacuque 10. 31. Igreja – Certamente teremos que compreender que diante da injustiça não há inocentes. Todos são culpados pelos pecados da sociedade:
os que os cometeram e os que se omitiram. O nosso problema não é com o Diabo, mas com o Deus justo que se levanta contra toda a perversidade, como ditos em Salmo 94 e Romanos 1.18. Só a intercessão da Igreja pode deter a mão de Deus, conforme Ezequiel 22.30. Portanto, a intercessão tem de ser conseqüente, como visto em Tiago 2.14-17, de modo que a Igreja deve constituir-se em canal de libertação espiritual e sócio-econômica destas crianças.
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Lembremo-nos da palavra do Senhor Jesus Cristo: "Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai Celeste que pereça um só destes pequeninos". Lamentavelmente levá-los a perecer, em todos os sentidos, tem se tornado a prática corrente em nossa sociedade. Nossa sociedade está sob risco iminente.
A Bíblia e Direitos
E, mais, a Igreja tem de assumir o papel de profeta, tem de denunciar o pecado estrutural e não apenas o individual, tem de exigir arrependimento por parte dos poderosos. Não basta amarrar o diabo, tem de haver arrependimento, senão a coisa fica pior ainda, segundo Mateus 12.45. Não basta amarrar o diabo enquanto as crianças são assassinadas nas esquinas.
O que você entende com a ideia de se converter tonando-se como uma criança?
PARA PENSAR
Como podemos fazer uma crinaça tropeçar em sua fé? Quais são as crianças que Jesus chama de: ”meus pequeninos”? Diante dessas preposições de Jesus, como podemos analisar a situação da criança na realidade brasileira? O que a igreja pode fazer para ajudar as crianças das cidades?
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O que a Bíblia fala sobre o Trabalho Digno
"Vosso ouro e vossa prata, todos estão oxidados. E a ferrugem deles testemunhará contra vós e, assim como o fogo, vos devorará a carne. Tendes acumulado bens demais nestes últimos tempos. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que vós, desonestamente, deixastes de pagar está clamando por justiça; e tais clamores chegaram aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Tendes vivido regaladamente sobre a terra, satisfazendo todos os vossos desejos, e tendes comido até vos fartardes, como em dias de festa" Tiago 5.3-5
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A BĂblia e Direitos
A denúncia profética de Tiago não se dava por um acaso. Havia um sério motivo. Os celeiros dos patrões opressores estavam cheios e seus campos verdes e fartos, seus rebanhos eram de perder de vista, os comerciantes aumentavam seus bens embutindo grandes lucros nas mercadorias, enquanto isso faltava comida na mesa do trabalhador pobre, terra para plantar, casa para morar. Um dia sem salário para um trabalhador era extremamente grave, pois não tinham outro meio de sustento. Os trabalhadores eram em sua maioria camponeses. Havia um contexto de desigualdade. A profecia apontava para uma lógica de exploração de mercado e do trabalho escravo. Uma riqueza que gerava pobreza favorecendo mais e mais os senhores do agronegócio daquela época. Um modelo econômico-opressor não muito diferente de nossos dias onde na América Latina, por exemplo, a concentração de renda está nas mãos de uma minoria de empresários ricos, em detrimento de milhões de explorados, empobrecidos e miseráveis. Tiago não usa o termo capitalismo-neoliberal em sua carta, pois nem se usava tal termo naquela época. Mas em seu tempo como podemos perceber de forma clara em sua carta, isso já acontecia na prática. A ação
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Em sua carta direcionada às comunidades cristãs de sua época, Tiago, chamado de “O Santo” por ter uma liderança com traços sociais na comunidade de Jerusalém, denuncia a exploração do trabalho escravo. Com pagamento de salário injusto aos trabalhadores, na busca de mão de obra barata, os senhores do campo e comerciantes acumularam para si riquezas. Associado a esta exploração de trabalho escravo, o estado em conluio com o sinédrio também cobrava dos trabalhadores taxas abusivas de impostos que chegavam a 50% sobre os ganhos e bens das famílias pobres. O contexto no qual Tiago escreve sua carta é de uma profunda desigualdade social onde os mais pobres sofriam sob opressão dos poderes dominantes instalados nos sistemas religioso, político e econômico centrados no templo de Jerusalém.
A Bíblia e Direitos
A Bíblia é um livro para o povo. Não deve ser lida com a intenção de descobrir enigmas, nem para receber respostas de Deus para nossos problemas financeiros, nem para conhecer o tamanho da “nossa benção”, nem tão pouco para ser um manual doutrinário-legalista pautado em dogmas, códigos e ritos. A Bíblia deve ser lida a partir da vida, da realidade das pessoas, de seu contexto histórico e das histórias de nossos dias. A Bíblia é a revelação de Deus para humanidade, que revela o Deus Javé, o Deus libertador de amor e justiça. Nossa leitura da Bíblia deve ser comunitária.
exploratória e opressora dos patrões junto aos trabalhadores como a concentração de renda nas mãos de uma minoria de ricos, caracterizava o desejo de acúmulo de bens. Esse acúmulo de riquezas não se dava pelo esforço e inteligência dos patrões ou por herança como alguns pensam, nem por bênção divina concedida por meio de sacrifícios, nem por sorte, mas pela exploração contínua da mão de obra escrava dos pequenos camponeses oprimidos. As palavras de ânimo de Tiago aos trabalhadores nesta passagem são de libertação. Os trabalhadores em sua condição de explorados clamam ao Senhor dos Exércitos. O Deus dos oprimidos, Deus de amor e justiça. Esse clamor em meio ao sofrimento chega aos ouvidos de Javé. Ele ouve! A profecia foi direcionada aos ricos opressores. Parafraseando: "Parem de exploração! Deus ouviu o clamor dos seus trabalhadores”! A palavra profética da carta de Tiago tem como objetivo animar os trabalhadores em suas lutas por condições dignas de trabalho e salário justo. Não deveriam esmorecer, mas levantar-se e lutar. Deus exige justiça e um ato de dignidade aos trabalhadores. “Pois o trabalhador é digno do seu salário” (Lucas 10.7). Já está em vigor a retirada dos direitos dos trabalhadores conquistados por mais de 80 anos. Um retrocesso! A Consolidação das Leis de Trabalho – CLT foi apunhalada com um duro golpe. Os senhores do agronegócio, das indústrias, das multinacionais vibram por saber que poderão acumular mais e mais com as novas regras da reforma trabalhista. Dentre elas está o fim dos acordos coletivos; do salário mínimo; da jornada de 8 horas de trabalho que se estende até 12 horas; a escravização do trabalhador rural; da proteção das mulheres grávidas em lugares insalubres e da proteção
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Vivemos em um contexto e época diferentes do tempo de Tiago. Contudo podemos perceber que a desigualdade gerada por meio da exploração e opressão aos trabalhadores é bastante semelhante. É a mesma lógica capitalista, que exalta o dinheiro em detrimento da exploração e sofrimento das pessoas. Que nesses dias de aflição e dor, o Deus da Justiça possa ouvir o clamor dos nossos trabalhadores e trabalhadoras, que eles possam se levantar contra os desmontes dos seus direitos e lutar. Não devem desanimar, ao contrário, continuar confiando no Deus libertador que cuida de todos nós.
A Bíblia e Direitos
do trabalhador em caso de processos judiciais pelos quais eles vão ter que pagar. Os trabalhadores e trabalhadoras pobres serão os mais afetados. Sofrerão a pena de ter que viver com um salário abaixo do mínimo. Com a nova reforma, caminha-se de maneira drástica para um profundo aumento da exploração de mão de obra barata, retorno do trabalho escravo, aumento da fome e pobreza e perda de direitos trabalhistas conquistados nos últimos anos.
Qual a relação da carta de Tiago com a realidade brasileira em relação ao trabalho?
PARA PENSAR
O que você acha da reforma trabalhista? Como ela afetou aos trabalhadores do Brasil? A exploração do trabalhador traz consequências ao país? O que você acha disto? Como a igreja pode contribuir para diminuir a dignidade no trabalho? Quais as ações que você pode realizar na cidade para diminuição da exploração no trabalho?
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O que a Bíblia fala sobre o Diálogo com outras Religiões
"Respondeu Jesus: ame o Senhor, o seu Deus de todo o coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: Ame a seu próximo como a si mesmo." Mateus 22.37-39
O diálogo com pessoas de outras religiões Os evangelhos narram várias histórias de Jesus se encontrando com pessoas de religiões diferentes da sua. A história da mulher samaritana (João 4.1-15) e a história da mulher siro-fenícia são dois exemplos da abertura que Jesus tinha para dialogar com pessoas de outras religiões. A atitude de Jesus foi sempre de aproximação, sem preconceito, e de disposição para estabelecer a conversa.
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De igual modo, o apóstolo Paulo, num gesto de abertura, se dirige aos moradores de Atenas que possuíam uma religiosidade complexa e ampla (Atos 17.22-28). Não busca impor a sua religião, mas apresenta-a entendendo que ela é uma entre outras. O que o apóstolo Paulo faz não é apenas exercício de retórica, é um exercício de compreensão e de respeito profundo pela religiosidade diversa e plural das moradoras e dos moradores daquela cidade.
A Bíblia e Direitos
Estas duas referências tão fundamentais para a fé cristã, devem nos animar a buscar sempre o diálogo com pessoas que são diferentes de nós e que professam outro tipo de crença. A prática do povo evangélico tem sido marcada, no decorrer da história, pela noção de missão em termos de evangelização. Queremos ser fiéis ao mandado de Jesus que diz: “vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês” (Mateus 28.19-20a). Este convite de Jesus à proclamação do evangelho não vem desassociado de princípios fundamentais. Quais são estes princípios fundamentais?
Agir a partir do amor de Deus Pessoas que professam a fé cristã creem que Deus é amor. É sobre esse núcleo central que toda ação, prática, atitude, e testemunho cristão precisam estar alicerçados. Cristãos e cristãs são chamadas a viver a sua fé a partir do amor, por causa do amor, imbuídos do amor por si mesmos e pelo próximo. O próximo é uma pessoa diferente. Não
Uma pessoa que professe a sua fé em Jesus Cristo precisa perguntarse: o que Jesus falou? Como Jesus agiu? É na prática de Jesus que os servos e as servas de Cristo devem moldar a sua própria prática. E a prática de Jesus está pautada pela misericórdia, pela compaixão, pela justiça e pela noção de sociedade igualitária. As pessoas que buscam viver de acordo com Jesus precisam imitar o bem, não o mal, pois “Quem faz o bem é de Deus. Quem faz o mal, não viu a Deus” (III João 11). O ódio com o qual alguns grupos evangélicos têm se dirigido aos praticantes de outras religiões, ou a pessoas que pensam diferentemente deles, não encontra base em Jesus. Todos que seguem a Jesus são chamados a rejeitar toda forma de ódio e agressividade contra quem professa outra fé e tem outras visões e compreensões acerca da vida e das relações humanas.
Manter seu testemunho vinculado às virtudes cristãs As pessoas que professam a fé em Cristo são chamadas a se comportar com integridade, caridade, humildade e a superar todo tipo de arrogância, condescendência e atitudes de menosprezo (Gálatas 5.22). O sentimento de superioridade com relação a pessoas que têm uma fé
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Imitar Jesus Cristo
A Bíblia e Direitos
pensa como nós, não vive como nós, não tem os mesmos gostos nem a mesma compreensão a respeito dos mais variados temas da vida. A diferença que caracteriza a outra pessoa tira-nos, muitas vezes, da nossa zona de conforto e nos força a perceber que aquilo que entendemos como verdade ou como correto, não é uma unanimidade. É a essas pessoas que somos chamados a amar. E se não conseguimos fazêlo, não podemos dizer que conhecemos a Deus, porque Deus é amor (I João 4:8). Dentre os mandamentos dados por Jesus, os dois maiores são: “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Mateus 22: 37-40). Isto significa que estes dois mandamentos são a referência preponderante para o testemunho do evangelho e o modo de agir e de viver das pessoas que acreditam em Jesus Cristo e o seguem.
diferente, não é baseado no evangelho. A arrogância, que vê o outro como inferior, tampouco possui raízes cristãs. Deste modo, é preciso retomar a conexão com os “frutos do Espírito” para saber como agir no mundo de pluralismo religioso, no qual vivemos. 78 A Bíblia e Direitos
O diálogo com pessoas de outras religiões como base da cidadania O Artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, promulgada em 1948, diz: “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”. Na Constituição Federal de 1988, no Artigo 5º parágrafo VI está escrito: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Estes artigos, portanto, estabelecem o princípio da liberdade religiosa. A liberdade religiosa não é liberdade assegurada para uma religião só, mas para todas. O Brasil é um país com uma diversidade religiosa enorme. É preciso que todas as pessoas, pertencentes a todas as religiões, respeitem as religiões existentes. Este respeito é um dever que protege a liberdade religiosa de cada um e assegura o exercício da cidadania.
O princípio da liberdade religiosa está, portanto, baseado no respeito às religiões, seus seguidores e seguidoras, seus espaços de culto, seus símbolos, suas vestimentas, seus livros, sua oralidade, e tudo aquilo que caracteriza uma determinada religião. Nenhum destes elementos pode se tornar alvo de menosprezo, zombaria ou destruição.
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O Movimento Inter-religioso do Rio de Janeiro, que existe desde 1992, e o Comitê de Combate à Intolerância Religiosa, são dois exemplos de esforços de aproximação e diálogo na cidade e estado do Rio de Janeiro. Mas é preciso ampliarmos esta rede de diálogo. É fundamental que, em cada bairro, pessoas cristãs evangélicas sejam capazes de se encontrar com adeptos de outras religiões e, em respeito e amor, exercitar a sua fé e a sua cidadania.
A Bíblia e Direitos
A rejeição a uma religião diferente da nossa ocorre quando não a conhecemos. Por isso, é importante que nos aproximemos e busquemos ter maiores informações sobre as práticas religiosas de outras tradições. Deste modo, criamos a possibilidade de diálogo, e aquele sentimento de “inimizade” que, muitas vezes caracteriza a distância entre as diferentes tradições, cai por terra.
Qual a postura de Jesus com as pessoas de outras religiões?
PARA PENSAR
O amor deve ser a base do diálogo com pessoas de outras religiões. Por quê? O texto fala de imitar a Cristo. Como podemos imitar a Cristo através do diálogo com outras religiões? Como podemos evangelizar mantendo diálogo com pessoas de outras religiões? Como a igreja pode lutar pela liberdade religiosa na cidade?
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O que a Bíblia fala sobre Direito à Informação
"Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada." Hebreus 13.16
Está na Declaração Universal de Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas, escrita em 1948: “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”. Muito antes disso, quando vivia o profeta Habacuque – possivelmente oito séculos antes de Cristo, Deus orientou (Habacuque 2.2-3) que ele escrevesse a visão em tabuas para que todos pudessem ler facilmente, sendo um sinal do que iria acontecer. Deus queria que todos tivessem acesso à informação, todos deveriam saber que o sucesso das pessoas ruins é apenas temporário. As nações violentas seriam arruinadas e aqueles que lucravam com a injustiça e o crime não iriam escapar do castigo (Habacuque 2.4-5). Os idólatras não iriam receber respostas nem proteção, porque somente Deus tem todo o poder.
Direito Individual e Informação Pública 82 A Bíblia e Direitos
A informação como um direito individual está relacionada ao direito de liberdade de expressão e autonomia, com livre troca de ideias, auxiliando a tomada de decisões. O direito de acesso à informação pública está relacionada a vida coletiva, sendo fundamental no desenvolvimento da cidadania, garantindo a participação política e os processos democráticos.
O que diz a verdade manifesta a justiça, mas a testemunha falsa, a fraude. (Provérbios 12.17) Informação Pública: Lei de Acesso à Informação No Brasil, o direito à informação está previsto na Constituição Federal de 1988. Uma conquista para fomentar uma cultura de transparência que não tínhamos. Durante o golpe militar (1964-1985), por exemplo, a lógica era manter todas as ações do governo em sigilo. Usavam o argumento da segurança nacional para não repassar informações que interferiam na vida dos milhares de brasileiros. À medida que todos têm acesso as informações – editais, licitações, custo de obras, salários dos cargos públicos, despesas governamentais, investimentos – que dizem respeito a vida comum, essas informações
Liberdade de Imprensa A Imprensa é um conjunto de veículos que trabalham com atividade jornalística. Emissoras de rádio, de televisão, jornais e revistas formam esse conjunto, que trabalham diretamente com a informação, transmitindo notícias, contextualizando dados, promovendo debates e discussões sobre temas que impactam a vida comunitária. Dessa forma, a imprensa é essencial para a democracia por conta da relevância do trabalho jornalístico e da responsabilidade em levar informações para o maior número de pessoas, de forma compreensível. Aqui está o motivo para a liberdade de imprensa e o direito à informação caminharem juntos, o Código de Ética dos jornalistas prevê que “o acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse, a divulgação da informação, precisa e correta, é dever dos meios de divulgação pública, independente da natureza de sua propriedade”. A imprensa deve ser a guardiã do direito à informação, e deve ser cobrada para cumprir esse papel, por isso é importante a sociedade pensar como impedir a formação de monopólios de comunicação, que é um mesmo grupo controlando diretamente mais de cinco emissoras – o que compromete a isenção da informação, bem como que vetar que políticos sejam donos de rádios e televisão.
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Para solicitar as informações é necessário entrar neste endereço: www.acessoainformacao.gov.br
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passam a ser um bem público, permitindo uma maior participação social e fiscalização dos gastos públicos. A transparência do trabalho, das ações, das políticas públicas e a criação de uma relação de troca entre o poder público e os cidadãos é uma das chaves para a ativação da cidadania. A fim de fortalecer essa ideia foi criada em 2012, a Lei de Acesso à Informação para garantir que a informação pública tenha, de fato, um espaço para ser disponibilizada e esteja acessível a qualquer pessoa, fazendo com que os órgãos públicos facilitem o acesso a esses dados. Foi criado um mecanismo online que pode ser usado por qualquer cidadão. Se você quer ter acesso a uma informação que deve ser pública e, por algum motivo você não a encontra, pode acessar o site da Lei de Acesso à Informação e fazer um pedido ao governo para que a informação seja disponibilizada. A lei determina que o governo responda seu pedido em 20 dias.
Liberdade de Expressão e Internet Ainda que a imprensa tenha um papel de destaque na democracia, a relação das pessoas com a imprensa mudou, já que quase todo mundo tem acesso as mais diversas informações na palma da mão, com os celulares, e não depende de canais que transmitem notícias. Ao mesmo tempo em que isso é bom, em que as informações circulam mais rapidamente há um problema com a qualidade da informação.
Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. (Efésios 4.25) É verdade o que você recebe no Facebook ou no WhatsApp? 84 A Bíblia e Direitos
Bilhões de informações são publicadas o tempo todo nas redes sociais, portais, sites e outros canais de comunicação. Muitas dessas informações têm fontes desconhecidas e não possuem credibilidade, foram escritas sem checar os dados, sem consultar as pessoas envolvidas. Mesmo assim, as pessoas repassam essas informações em suas mídias sociais, disseminando – sem perceber – uma série de notícias falsas, as chamadas fake news. Não são apenas boatos espalhados sem nenhuma pretensão, as notícias falsas são escritas e publicadas por grupos e pessoas, inclusive líderes evangélicos e portais de conteúdo gospel, interessadas em enganar, a fim de obter ganhos financeiros ou políticos, muitas vezes com manchetes sensacionalistas, exageradas ou evidentemente inverídicas para chamar a atenção.
Para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em vós há por Cristo Jesus. (Filemon 1.6) Acreditar e Repassar De modo geral, as pessoas não são treinadas a desconfiar das informações que recebem e não as checam em fontes confiáveis, que as confirmarão ou negarão. Além disso, há um fenômeno chamado pós-verdade – que é as pessoas acreditarem numa informação porque elas querem ou gostariam muito que ela fosse verdadeira, por conta de suas crenças
PARA PENSAR
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As informações certas transformam o mundo. São essenciais para a tomada de decisões. A Bíblia é o nosso exemplo, é um livro repleto de informações relevantes e significativas para orientar os que vivem a fé. É um livro cheio de boas notícias, de boas novas, e que revela o valor da informação e da comunicação para promover a transformação de pessoas e lugares. Jesus Cristo, ao vencer a morte, pede que Maria Madalena anuncie a ressureição (João 20.18). Anunciar a ressureição, informar o povo que Jesus ressuscitou, é o ponto de partida para a transformação que a vitória de Cristo sobre a morte oferece. Informar sempre é distribuir esperança entre os homens.
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pessoais. Mesmo que seja incorreta ou totalmente falsa essa informação, ainda haverá pessoas que a passarão adiante, pois gostariam que ela fosse verdadeira, por confirmar a sua visão de mundo. Aqui é importante lembrar mais uma vez no Cristo que seguimos. Nossa responsabilidade como cristãos, é a de checar, confirmar, avaliar tudo que recebemos, retendo o que o verdadeiro (Caros irmãos, absolutamente tudo o que for verdadeiro, tudo o que for honesto, tudo o que for justo, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, nisso pensai. Tudo o que aprendestes, recebestes, ouvistes e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz estará convosco – Filipenses 4.8,9). Além de ser coerente com a fé, é a prática do direito à informação.
No Brasil, as emissoras de rádios e TV são concessões públicas - é como se o governo "emprestasse" para as empresas um espaço para transmissão, que é um bem público. Sendo assim, você acha que a população pode reclamar do conteúdo? Qual a relação do direito a informação e a Bíblia? Qual o valor da lei de acesso à informação para sua vida particular? Sendo servos de Deus como devemos nos comportar nas mídias sociais? Como você acha que a igreja pode usar a comunicação para transformar a cidade?
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A BĂblia e Direitos
Autores
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O que a Bíblia Fala Sobre Democracia
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O que a Bíblia Fala Sobre Crianças
Ariovaldo Ramos é formado em Teologia e Filosofia, idealizador e coordenador da Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito. Pastor Comunidade Cristã Reformada, São Paulo – SP.
1
O que a Bíblia Fala Sobre Direitos
Fabio Ferreira Ramos é formado em Teologia e em Pedagogia, com especialização em Direitos Humanos. Pastor na Igreja Evangélica Catedral da Paz e na Igreja Simples e Orgânica nos lares.
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O que a Bíblia Fala Sobre Diálogo com Outras Religiões
Lusmarina Campos Garcia é pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, doutoranda em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e membro do Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa do Estado do Rio de Janeiro.
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O que a Bíblia fala Sobre o Direito a Terra e a Moradia
Marcos Aurélio dos Santos é formado em Teologia, Coordenador do Espaço Comunitário Pé no Chão, colunista do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), membro da Igreja de Cristo, Natal, RN.
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O que a Bíblia Fala Sobre Imigrantes e Refugiados
A Bíblia e Direitos
Caio Marçal é cearense, mas mora atualmente em Belo Horizonte/MG. É teólogo, pedagogo e mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalha com o movimento sem teto, participa da Rede Fale.
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O que a Bíblia Fala Sobre Violência
Marco Davi de Oliveira é formado em Teologia, licenciado em História e mestre em Ciências da Religião. Coordenador do Movimento Negro Evangélico do Brasil e idealizador e facilitador do Discipulado Justiça e Reconciliação. É pastor da Nossa Igreja Brasileira no Rio de Janeiro – RJ.
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O que a Bíblia Fala Sobre o Direito a Saúde
Milta Neide Freire Barron Torrez é enfermeira, mestre e doutora em educação. Atua na formação de trabalhadores e docentes em saúde. Professora da EBD no Projeto Água da Vida no Caramujo, Niterói-RJ.
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O que a Bíblia Fala Sobre a Dignidade da Mulher
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O que a Bíblia Fala Sobre Direito à Informação
Nilza Valeria Zacarias é jornalista, idealizadora e coordenadora da Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito, membro da Nossa Igreja Brasileira, Rio de Janeiro, RJ.
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O que a Bíblia Fala Sobre a Criação
Serguem Jessui Machado da Silva é diretor da Tearfund no Brasil, presbítero da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte - MG.
A BÍBLIA DIREITOS Revista de Estudos Bíblicos da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito é um movimento, nascido no meio cristão evangélico em 2016, com os objetivos de promover a justiça social, a defesa de todos os direitos garantidos pela Constituição brasileira e pela legislação internacional de direitos humanos, enfrentando quaisquer violações desses direitos, lutando pela garantia do Estado Democrático de Direito. A atuação da Frente é marcada por um crescimento constante, desde que criada, atraindo evangélicos de todo o Brasil que possuem inquietações sobre os rumos da democracia brasileira, a soberania nacional e os retrocessos sociais que ameaçam os mais pobres e vulneráveis, como as crianças e a população negra. A atuação da Frente de Evangélicos, em promover debates e reflexões sobre a realidade brasileira é reconhecida por acadêmicos, formadores de opinião, grupos políticos e movimentos sociais que validam as ações desenvolvidas, reconhecendo a importância de diálogo com o segmento evangélico.
www.frenteevangelicos.org