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CO / WORK

por Anna Loch


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Descrevendo Berlin pelos olhos de um personagem dentro de um trem no filme “Symphony der Grosstadt” de Walter Ruttmann, Manuel Morales comunica através de ima-gens faladas um corte urbano que pode ser usado para interpretar a forma como se desenvolve a cidade. O mesmo poderíamos fazer com a nossa área de estudo, se nos imaginarmos em um trem que corre até o mar, descendo a Rua Luiz Fagundes e suas modestas residências, todas se empilhando lado a lado, até uma bela igreja antiga, uma larga rua repleta de carros (essa seria Presidente Kennedy), um estacionamento de chão batido, um pequeno restaurante, atravessando a imensidão de gigantescos prédios públicos plantados em uma área branda, até a sua total ruptura com um fluxo de carros velozes, tão contrastante aos calmos passos dos indivíduos que caminham num generoso passeio, dos outros poucos que aventuram-se em cima de suas bicicletas, paralelos a um baixo muro de pedras, uma vegetação praiana, uma modesta faixa de areia e a imensidão de uma baía com belíssima paisagem de altas montanhas e prédios distantes. Análise crítica de MORALES, Manuel. La Sección Urbana In: Ciudades cortadas. p. 168-169. pela autora.

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CO-WORK Co-Working + Espaço Público Do início da universidade até o quarto ano, temos grupos para quase tudo: projetos, estúdios, teóricas, técnicas, urbanismos e competições. A parte mais intrigante de Projeto Arquitetônico V de nossa universidade é sua proposta de um trabalho individual, exclusivo seu. Trabalhar consigo para alguém que está acostumado a trabalhar em grupo é uma experiência gratificante. É um belo momento de reflexão intensa, onde encaramos nossas capacidades e dificuldades, bem como encontramos no fundo do nosso âmago nossas verdadeiras crenças arquitetônicas. É o momento de desvendar como funcionamos, projetamos, de que maneira fluímos e em que ponto travamos. É a incrível autonomia do apresentar só, do decidir dotado da responsabilidade e do pensar seu. Eu passei por esta experiência na Irlanda e em um único semestre no Brasil (Projeto III), mas foi somente neste que eu encontrei as minhas verdadeiras diretrizes de design arquitetônico. Eu pude descobrir quem eu sou quando projeto.

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This Project is located in Sao Jose, in South Brazil. Sao Jose is a city near Florianopolis, capital of the state of Santa Catarina, which cons tutes the metropolitan region called "Grande Florianopolis" as well as the most populated area of the state. It has a total ar 150,453 km² and 209,804 inhabitants. Technology Centers São José Co-Workings Opportunity Center

São José é um município vizinho da capital de Santa Catarina, Florianópolis – integrando parte da “Grande Florianópolis” e constituindo a área mais populosa do estado. Possui 150.453 km² de área territorial e 209.804 habitantes.¹ Semelhante a Florianópolis, São José ocupou desordenadamente suas orlas com edificações comerciais e residenciais, dificultando reformas urbanas para fins de mobilidade. Para a criação de novas estradas e terrenos institucionais, a prefeitura criou aterros – que hoje em dia são poucos ocupados e criam barreiras entre a cidade e o mar. Este é um reflexo da visão rodoviarista dos anos 60 que ainda ecoa nas decisões urbanísticas brasileiras. Por só ser permitido construções de caráter público no aterro, enormes edifícios institucionais – prefeitura, INCRA, justiça eleitoral, entre outros – ditam a linha onde o bairro termina e o aterro começa. Esta brusca diferença de gabaritos entre as residências de muitas vezes dois pavimentos e prédios públicos de seis, bem como a diferença de pequenos lotes para enormes quarteirões, além das funções totalmente contrastantes que caracterizam escalas de bairro para a linha pré-aterro e escalas metropolitanas/municipais para o pós-aterro, conformando barreiras entre o bairro e o mar. Com pouca vocação turística – posição que é preenchida pelos municípios vizinhos, principalmente Florianópolis – São José tem a base da sua economia na indústria e no comércio. A cidade está no quinto lugar no ranking da economia dos municípios de Santa Catarina, graças principalmente a Área Industrial no sul da cidade, com um grande número de empreendimentos. Em Dezembro de 2015, entretanto, sob tutoria do SEBRAE4, a prefeitura de São José assinou um projeto de lei para facilitar a abertura de empresas no município³. A prefeitura vem buscando incentivar o empreendedorismo e a tecnologia em São José bem como sua vizinha Florianópolis – que é considerada atualmente pela Época Negócios a segunda melhor cidade para se investir no Brasil5. São José tornar-se enfim um território apto ao empreendedorismo e o crescimento da sua economia de maneira sustentável. O terreno do projeto está no centro de todas as necessidades de um novo empresário – próximo a Prefeitura Municipal de São José; Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia; 8 minutos de carro do Banco do Empreendedor no Kobrasol e 15 minutos de carro do SEBRAE Barreiros – facilitando assim o desenvolvimento de um programa voltado ao crescimento do pequeno empreendedor.

implantação

Similar to Florianopolis, Sao Jose has inappropriately occupied its seacoast with commercial and residen al buildings, making it difficult to perform urban reforms to improve its mobility. In order build new routes and create ins tu onal territories, the city was forced to create an embankment, ¹ Fonte: IBGE http://cod.ibge.gov.br/236CA which currently is underused and at some points even creates barriers between the historic se lement and the sea. Since only public ins tu ons can ² Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Jos%C3%A9_(Santa_Catarina) construct in the embankment, huge ins tu onal buildings - like the city hall, INCRA, electoral jus ce, among others - dictate the line where the old ³ Fonte: http://www.saojose.sc.gov.br/index.php/sao-jose/noticias-desc/prefeitura-de-saeo-jose-assina-projeto-de-lei-que-facilita-abertura-de-empr town ends and the embankment begins. This creates a no ceable differen a on between the pa erns of the old residences (usually two floors) and 4 Fonte: http://www.saojose.sc.gov.br/index.php/sao-jose/noticias-desc/parceria-entre-prefeitura-de-saeo-jose-e-sebrae-sc-busca-facilitar-processo Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2015/12/melhores-cidades-do-brasil-para-empreender.html the5 newly built public buildings (usually six floors). There is also an obvious difference of lot sizes and func ons between the residen al and ins tu onal areas re-forcing the embankment line as a barrier between city and sea as the village became a metropolis. 6


h

re of

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PARA QUEM É O CO-WORK?

visitantes

residentes

workers

projetando espaços que funcionam como mais de um

auditório 0h

restaurante 0h

cinema 12h

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café

bar

12h

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área de descanso 0h

lounge de eventos 12h 7

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FORMAL DECISÕES DECISIONS FORMAIS

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deslocamento para controle de luz

rasgo para ventilação

diferentes ângulos para diferentes vistas

térreo público

ocupar tudo

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De cima para baixo: Figura A: Labirinto de livros. Usando diferentes tamanhos, formas e composições para as estantes de livros é possível gerar níveis de intimidade e silêncio. Os espaços remanescentes entre as prateleiras são para ler e descansar. Figura B: Escalada de livros. Plataformas lúdicas de diferentes alturas para escalar que levam até futtons de leitura. As paredes estão preenchidas com livros. Figura C: Longas mesas com múltiplos usuários inspiram oportunidades de networking e socialização, facilitando trabalhos em equipe. A planta livre, o pé-direito duplo com mezanino e brises encarando a paisagem fogem ao conceito tradicional de espaço de trabalho. Figura D: Cubo Café. Os módulos com cozinhas e balcão embutidos permitem uma diversidades de opções culinárias. Os módulos podem ser rearranjados de acordo com a necessidade de espaço, conformando uma praça de alimentação. A janela basculante para o alto se abre ao público e assegura o fechamento completo do cubo.

1 escalada de livros; 2 labirinto de livros; 3 corredor vertical; 4 casulo de computadores; 5 nicho de conferência; 6 endo-exposição; 7 cozinha do co-working; 8 estúdio privado; 9 spots exclusivos; 10 spots rotativos; 11 armários; 12 pátio; 13 sebrae; 14 check-in; 15 praça de alimentação; 16 entrada do auditório; 17 auditório-cinema; 18 gazebo; 19 redário.

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N GSEducationalVersion

ESCALA 1 100

PLANTA BAIXA TÉRREO

1 redário 2 auditório-cinema 3 entrada secundário auditório 4 módulo de café 5 praça de alimentação 6 correios 7 banco 8 cozinha 9 restaurante-bar

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A Teto verde: Cama de concreto t=50mm | Membrana impermeabilizante t=3mm | Membrana de concreto t=20mm | Argila expandida t=80mm | Feltro de absorção | Solo t=200mm (1,0Kg/m³) B Pingadeira: Placa de zinco t=0.50mm C Laje: Compensado de madeira t=20mm | Viga de Aço Galvanizado I 101.6 x 100mm | Isolamento termo-acústico | Concreto estrutural t=60mm | Compensado de madeira t=20mm D Janela de correr duas folhas 2000 x 2400 @30mm | Vidro temperado transparente | Esquadria de alumínio E Brise de correr duas folhas madeira Garapeira 2700 x 2000 @50mm F Ripa de madeira Garapeira 50 x 30 @2000mm G Acabamento com chapa de compensado de madeira t=20mm H Parede Externa: Reboco de concreto revestido com tinta branca t=12.5mm | Membrana Hidrófuga t=5mm | OSB Externo t=11.1mm | Isolamento Termo Acústico | Estrutura de Aço Galvanizado 101.6 x 100mm | OSB Interno t=11.1 mm | Gesso Acartonado t=12.5mm

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A

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A Pilar de Aço Galvanizado Séries W 310 x 21 B Laje: Compensado de madeira t=20mm | Viga de Aço Galvanizado I 101.6 x 100mm | Isolamento termo-acústico | Concreto estrutural t=60mm | Comepensado de madeira t=20mm C Viga de Aço Galvanizado Séries W 610 x 101 D Janela basculante: esquadria madeira Garapeira t=50mm | folha simples de madeira Garapeira 700 x 700 @ 50 mm E Guarda-corpo de vidro temperado t=16mm F Ripa de madeira Garapeira 50 x 30 @2000mm G Tirante de aço d=13mm H Viga de Aço Galvanizado Séries W 610 x 101.

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de madeira 2400 x 2000mm @40mm


A Laje: Compensado de madeira t=20mm | Viga de Aço Galvanizado I 101.6 x 100mm | Isolamento termo-acústico | Concreto estrutural t=60mm | Compensado de madeira t=20mm B Sistema de fixação pivotante: Aço galvanizado dext= 150mm dint=60mm folga d=5mm | C Guarda-corpo: vidro temperado t=16mm | D Laje Térrea: Compensado de madeira t=20mm | Membrana Impermeabilizante t=3mm | Cama de Concreto t=175mm E Estrutura do brise pivotante: aço inoxidável t=50mm | F Cama de concreto 200 x 248 @1000mm | G Prendedor Magnético Cromado Italyne | H Compensado de madeira 2400 x 2000mm @40mm

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F C

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A Arremate: compensado de madeira chanfrado 40 x 90mm B Sistema de fixação pivotante: Aço galvanizado dext= 150mm dint=60mm folga d=5mm | C Acabamento com chapa de compensado de madeira t=20mm D Brise: Compensado de madeira t=20mm | Estrutura de Aço Galvanizado t=50mm | Isolamento termo-acústico | Compensado de madeira t=20mm E Encaixe: compensado de madeira chanfrado 90 x 40mm F Parede Externa: Reboco de concreto revestido com tinta branca t=12.5mm | Membrana Hidrófuga t=5mm | OSB Externo t=11.1mm | Isolamento Termo Acústico | Estrutura de Aço Galvanizado 101.6 x 100mm | OSB Interno t=11.1 mm | Gesso Acartonado t=12.5mm

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Os ventos predominantes de São José são norte e nordeste. Ambos considerados ‘‘bons ventos’’ para a Arquitetura, são ventos capazes de refrescar um edifício sem torná-lo demasiadamente frio. Com o auxílio do entorno de baixo gabarito, o vento norte e o vento nordeste atingem o prédio constantemente e tem alta liberdade de movimentar-se através das aberturas, brises e rasgos do edifício. As tecnologias para o fechamento das fachadas permite a total abertura ou mesmo o total fechamento caso seja necessário bloquear a ventilação. O vento sudeste não atinge o prédio graças à edificação INCRA, logo a esquerda do terreno. O vento sul, proveniente do mar, considerado um vento ‘‘ruim’’ por ser gélido originário de áreas polares, é barrado pelas fachadas mais fechadas com pequenas aberturas de moldura amadeirada que permitem a visão para o oceano sem expor o prédio a baixas temperaturas.

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Painéis solares Bateria

Reservatório de água 10k l Reservatório de água da chuva 2k l Saída de água da chuva

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O sistema para a saída de emergência em caso de incêndio baseia-se em um corredor vertical central para cada prédio, com escadas de aço com 150 cm de largura, sustentadas por paredes corta-fogo ao lado do elevador hidráulico. Além disto, em cada cômodo é previsto no mínimo um detector de fumaças com sprinklers (chuveiros automáticos), devendo seguir a regra de 1 detector + sprinkler a cada 10 m².

O sistema de energia elétrica consiste em 48 placas solares que geram energia para o prédio e são conectadas a rede elétrica em caso de excesso ou falta de energia. As placas tem prioridade para gerar energia para a iluminação externa do prédio, para os sistemas automáticos de fechamento do prédio e são conectadas a uma bateria que retém uma quantia em caso de queda de luz. Caso não seja utilizada toda a energia produzida, é possível vendê-la a rede elétrica pública.

O sistema hidráulico usa de uma parede apoiada ao elevado hidráulico que conecta o prédio inteiro em um corredor vertical e levando ao outro prédio através da passarela, dentro de sua estrutura. A captação de água da chuva é feita através do telhado verde que possui 1% de inclinação voltada ao centro - onde está a parede hidráulica. A partir daí ela é distribuída para os vasos sanitários do prédio e finalmente é recolhida para o Reservatório de água da chuva, onde será utilizada para regar o jardim. O sistema de água fria é conectado a Casan e não há necessidade de um sistema de água quente.

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A estrutura do projeto é considerada híbrida. As partes com fechamentos versáteis e corredores livres foram trabalhadas com três tipos de perfis em I de aço da série W da fornecedora Gerdau. Baseada em seu ábaco de pré-dimensionamento, a estrutura de aço livre usa da Série W 610 x 101 para aguentar os maiores pesos da edificação, sendo a base, com vãos de 12 por até 7 m. Os pilares encaixam-se na fundação pré-fabricada de sapata de concreto - uma para cada pilar livre. Nos andares superiores, onde há menos demanda de carga, foi utilizada a Série W 310 x 21, com vãos de 10 até 6 m, que se apoiam por vezes em vigas de Steel Frame.

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1 Séries W 610 x 101 2 Sapata de concreto pré-fabricada 60 x 60 x 90 cm 3 Séries W 310 x 21 4 Séries W 100 x 101 (Steel Frame) 5 Sapata corrida de concreto 1250 x 45 x 40 cm 6 Fundação Radier 1300 x 615 x 40 cm

Nas partes com menor carga, vãos curtos, plantas estruturalmente semelhantes e fechamentos estáticos, usou-se a tecnologia Light Steel Frame, usando vigas de perfil C para encaixes ou extremidades e perfil I da Série W 100 x 106 da Gerdau para preenchimentos. Unidos, o aço livre e o steel frame unem-se em uma única estrutura sólida e altamente resistente, capaz de ser pré-fabricada e construída rapidamente.

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