Ficha de Trabalho

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Filosofia – 11º ano Lógica: argumento «Argumento», «inferência», e «raciocínio» são termos praticamente equivalentes. Fazer uma inferência é apresentar um argumento, e raciocinar é retirar conclusões a partir de premissas. Pensar é em grande parte raciocinar. Um argumento é um conjunto de afirmações de tal forma organizadas que se pretende que uma delas, a que se chama «conclusão», seja apoiada pelas outras, a que se chamam «premissas». O que se pretende num argumento válido é que as suas premissas estejam de tal forma organizadas que «arrastem» consigo a conclusão. Uma boa analogia é pensar nas premissas e na conclusão como elos de uma corrente; se o argumento for válido, «puxamos» as premissas e a conclusão vem «agarrada» a elas; se for inválido, «puxamos» as premissas mas a conclusão não vem «agarrada» a elas. Eis alguns exemplos de argumentos: 1. Não podemos permitir o aborto porque é o assassínio de um inocente. 2. Dado que os artistas podem fazer o que muito bem entenderem, é impossível definir a arte. 3. Considerando que sem Deus tudo é permitido, é necessária a existência de Deus para fundamentar a moral e dar sentido à vida. 4. Se Sócrates fosse um deus, seria imortal. Mas dado que Sócrates não era imortal, não era um deus. Nem sempre é fácil determinar qual é a conclusão e quais são as premissas de um dado argumento; mas esse é o primeiro passo para que o argumento possa ser discutido. No caso do argumento 1 a conclusão é «Não podemos permitir o aborto» e a premissa é «O aborto é o assassínio de um inocente». No caso do argumento 2 a conclusão é «É impossível definir a arte» e a premissa é «Os artistas podem fazer o que muito bem entenderem». O argumento 3 é mais prolixo: a conclusão é «É necessária a existência de Deus para fundamentar a moral e dar sentido à vida» e a premissa é «Sem Deus tudo é permitido». Para tornar a discussão de argumentos mais fácil podemos reformulá-los, separando claramente cada uma das premissas da conclusão. Chama-se «representação canónica» a esta maneira de representar os argumentos. O argumento 4 pode ser canonicamente representado como se segue: Se Sócrates fosse um deus, seria imortal. Sócrates não era imortal. Logo, Sócrates não era um deus.

Argumentos sólidos Um argumento válido pode ter uma conclusão falsa, desde que pelo menos uma das suas premissas seja falsa. Dado que o que interessa na argumentação é chegar a conclusões verdadeiras, os argumentos meramente válidos não têm interesse. É por isso importante compreender a noção de argumento sólido. Um argumento sólido obedece a duas condições: é válido e as suas premissas são verdadeiras. É impossível que um argumento dedutivo sólido tenha uma conclusão falsa. Vejamos o seguinte exemplo:

Todos os animais ladram.

ANO LECTIVO 2011-2012


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Os pardais são animais. Logo, os pardais ladram. Este argumento é válido, mas não é sólido — a primeira premissa é falsa porque nem todos os animais ladram. Na argumentação é muito importante usar premissas verdadeiras e argumentos válidos, pois só estas duas condições garantem conclusões verdadeiras. E se um dado argumento for válido mas a sua conclusão falsa, pelo menos uma das suas premissas é falsa. Os argumentos sólidos estão mais próximos do que interessa na argumentação. Mas ainda não chega, pois há argumentos sólidos sem qualquer interesse para a argumentação.

Vejamos o seguinte exemplo: A neve é branca. Logo, a neve é branca. Este argumento é válido: é impossível a premissa ser verdadeira e a conclusão falsa. E é sólido: a premissa é verdadeira. Mas é óbvio que o argumento não é bom. Isto acontece porque num argumento bom as premissas têm de ser menos discutíveis do que a conclusão6. Muitos argumentos não são bons porque partem de premissas que não são menos discutíveis do que a conclusão; por exemplo: Se Deus existe, a vida faz sentido. Deus existe. Logo, a vida faz sentido. Este argumento é mau porque as suas premissas não são menos discutíveis do que a sua conclusão. Este argumento pode ser o resumo de uma argumentação mais vasta em que se defenda cuidadosamente cada uma das premissas. Mas, nesse caso, mais uma vez, esses argumentos terão de partir de premissas menos discutíveis do que as conclusões. A noção do que é mais ou menos discutível é sem dúvida relativamente vaga e contextual; mas exibe uma condição necessária para que um argumento seja bom. E é importante ter consciência dela para que não se crie a crença falsa de que a validade é inútil para a argumentação e para a filosofia. Texto adaptado

Exercícios 1. Poderá um argumento sólido ter uma conclusão falsa? Porquê? 2. «A argumentação é inútil porque um argumento sólido pode não ser bom.» Concorda? Porquê? 3. Poderá um argumento sólido não ser válido? Porquê? 4. Considere os seguintes argumentos e refira se serão argumentos bons? Justifique. a) «O aborto não é permissível porque a vida é sagrada.» b) «As touradas são permissíveis porque os animais não têm qual quer relevância moral.» 5. Poderá um argumento bom não ser sólido? Porquê? 6. Poderá um argumento bom não ser válido? Porquê?


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