As mãos de Goya DAVID CASILLAS / ÁVILA Tradução Elisabete de Camargo DIARIO DE ÁVILA DOMINGO 31 DE MAYO DE 2009
A posição dos dedos direitos da duquesa no retrato feito por Goya em 1795 é igual à legra “g” no alfabeto manual espanhol, recriado pelo pintor brilhante no trabalho que fez em Piedrahíta em 1812. Retrato da duquesa de Alba realizado por Goya em 1795.
O gênio não usou somente suas mãos para pintar, usou também para “falar” quando perdeu a audição. Um trabalho seu assinado em Piedrahíta em 1812 demonstra que sabia e denominava alfabeto manual espanhol.
Contam os historiadores, às vezes mais reincidentes
do
que
coincidentes,
que
Francisco José de Goya y Lucientes perdeu a audição, com a idade de 46 anos, o a surdez o transformou, ficou mais retraído aos contatos humanos do que havia sido sempre. Poucos contaram certamente pela ignorância, é que o gênio, um dos mais significantes artistas que foi dado à humanidade, não se renunciou a suportar estoicamente essa punição que lhe impôs a natureza, mas aquela aprendeu o alfabeto manual espanhol para poder comunicar-se. Antonio
Gascón
Ricao,
escritor,
conferencista
e
historiador
especializado na guerra civil espanhola, um estudante do passado que, a raiz do redescobrimento de um trabalho em que o autor de La lechera de Burdeos explica de como “falar” com as mãos e a maneira de cada uma das letras do alfabeto, fez uma interessante investigação sobre como a surdez afetou Goya e em como refletiu em seus trabalhos. Este precioso e peculiar trabalho tem 24 x 40 cem, hoje se encontra no instituto de Valença de Don Juan (Madrid), é está datado e assinado em seu canto inferior direito com a legenda
“Goya
em
Piedrahíta/ano de 1812” e foi feito pelo professor, com pena vermelha e sépia no papel ocre. Seu conteúdo, explica Gascón, consiste em vinte desenhos das configurações da mão direita alinhada no fundo, que representam as vinte e uma letras do alfabeto Espanhol (“k excluído”, “x” e “z”), àquele os dígrafos são “ch adicionado” e o “ll”, teve a seguinte maneira: na
borda para diante, “a”, “b”, “c”, “d”, “e”; em segundo, “f”, “g”, “ch”, “i”, “l”, “m”; em terceiro lugar, “n”, “ou”, “p”, “q”, “r”, “s”, e no quarto, “t”, “u”, “e””. Nos casos nesse Goya extrai ao lado de uma mão pequeno arco, indicado com um esboço a espessura, “representa aquela que descreve este movimento as letras é dobros; assim “i” é transformado em “j”, “l” no “ll” e no “n” em “n””. Foram aos quarenta e seis anos de idade, na época mais criativa, que Goya contraiu uma doença séria que lhe causou perdas do equilíbrio, dores dos fortes dores de cabeça e cegueira temporária. Quando conseguiu finalmente recuperar, depois de longos anos de convalescência, o gênio explica Antonio Gascón- “era outro homem isolado, atormentado por seus fantasmas e cercado em um silêncio profundo. Para comunicar com ele, seus interlocutores tinham que usar a escrita, até o momento em que o artista aprende a escrita manual, o alfabeto datilológico. Da surdez absoluta e a suposição dessa realidade, dá para explicar diversos testemunhos, um desses relata quando Goya apresentado no dia 4 de abril de 1797 sua renúncia da direção da Academia Real de Pintura, o pedido foi aceito pela sua doença. Goya não ouvia absolutamente nada, nem ainda os maiores ruídos, o infortúnio priva os discípulos de poder fazer lhes perguntas. Um ano antes, 1795, Antonio Gascón e Camón Aznar que foram amigos de alma do pintor, afirmava em uma carta que “Goya fala pela mão”. Mas a primeira notícia da surdez de Goya chegou de Ramón Posada, presidente da Junta do Governando da Academia de San Carlos do México. No dia 26 de novembro de 1794, em Madrid, dirigiu-se a Academia Mexicana, em razão de sua gestão com Goya, a qual havia se encontrado com Goya e fez saber que Don Francisco Goya, contou a ele que estava absolutamente surdo, da maneira que era necessária para lhe falar o por escrito. Outra testemunha disso é que Gascón encontrou sobre o uso que fez do alfabeto do datilológico, mais necessário pelo fato de que o professor demonstrou ser incapaz de compreender a quem se dirigia a ele fazendo a leitura labial, isso foi descoberto em uma carta que Goya escreveu no dia 27 de março de 1798 a seu amigo de Zapater, onde explicou que “ministro (da Graça e da Justiça, Melchor Gaspar de Jovellanos) fomos dar uma volta em seu coche, fazendo-me ver a grande amizade que tinha por mim do que pode ser
feito, permitiu-me para comer com capote porque estava muito frio, ele aprendeu falar pelas mãos, e deixava de comer para falar-me…” Esta é prova contundente de sua incapacidade para comunicar-se verbal, que nega às reações falsas que aconteceram com Goya que no começo do século XIX podia escutar. Um historiador catalão: “nós temos no fim de novembro de 1808, no calor da guerra da independência, quando Goya realiza uma breve estadia em sua cidade nativa. De acordo com alguns testemunhos recolhidos por um sobrinho de seu amigo Martin Zapater, falava por sinais com um empregado que ele trouxera, fazendo uso de um alfabeto que todos imitavam... [os anciões que o conheceram]”. Este testemunho é o mais antigo até o momento sobre o uso do alfabeto manual ou datilológico da parte de Goya no ano 1796, o trabalho investigativo de Antonio que Gascón chegou à conclusão que “há os detalhes que permitem ao intuir que o pintor aprendeu essa linguagem anteriormente”. Um desses argumentos está cheio de romantismo e certo mistério, o estudo do primeiro retrato do corpo inteiro que Goya fez a duquesa Cayetana de Alba, a mulher de quem parece estava muito enamorado, embora não pareça que fora correspondido, está datado em 1795. Desta obra magnífica Gascón comenta: “Fez na mão direita da duquesa que parece indicar um lugar, mas a direção do ponto situado está fora do quadro. Sua configuração corresponde exatamente ao sinal “g”, inicial de Goya, tal como o artista desenhou “Las Cifras de La mano” (1812), os dedos flexionados
nas
extremidades,
a
palma
com
exceção
do
indicador,
semiflexionado, e o polegar estendido e com o centro apoiada na junção da segunda com a terceira falange do dedo do coração”. Entretanto, adiciona Gascón, “a configuração de uma mão que indique, embora neste caso nós não saibamos exatamente o que, não tem que concordar pela força que esse sinal “g” prova que a configuração indique necessariamente ser o mesmo sinal “g” extraído por Goya, mas naturalmente não exclui que pode ser uma simples coincidência”. A fim de enfatizar dentro do razoável, esta possibilidade, porque nos raios de um estudo histórico e não de uma mera especulação intelectual em que pesa a imaginação ou o desejo de ver o que não tem, Gascón adicionamos que “é necessário contemplar outros retratos: esse a duquesa de Alba com mantilha.” Neste óleo, pintado quase dois anos depois que mencionado previamente e que sua amada aparece com mantilha e eu traje
preto, “a mão da duquesa, vista por parte trás, impede apreciar a configuração, indica o pé do retrato,
onde
aparece
“uma
única inscrição de Goya”. Nesta mão em que, ao contrário da outra, se aprecia certa tensão, dois anéis se distinguem: em um se lê ‘Alba’ e no outro, ‘Goya’.
“Continuamos
ambos
os
mensagem
então,
retratos idêntica:
tem Goya,
franco e direto no segundo, disfarça
ainda
dentro
do
primeiro dispondo a mão da duquesa
de
modo
parecesse
indicar
(teve
que que
parecer ela mesma) e essa a recorrer à datilologia, compreensível somente para uma reduzida minoria a de pessoas surdas, entre quem há de contar naturalmente o artista. O CONTEXTO HISTÓRICO Gascón enfatiza que 1795, quando as pinturas de Goya que assinam “g” no primeiro retrato do tamanho natural da duquesa, são do ano em que, no pedido de Godoy, Primeiro Secretário de Estado, inicia em Madri a primeira escola de instrução pública para surdos mudos na Escuelas Pías de Lavapiés (Colégio San Fernando) a cargo do religioso Jose Fernandez Navarrete de Santa Barbara, formado na Itália pelo Jesuita Tommaso Silvestri. Também, Antonio Gascón diz que: “1795 é o ano em que a obra de Hervás e de Panduro vem a publico “Arte para enseñarles a escribir y hablar el idioma español”, onde se publica o manual do alfabeto para pessoa surda. De acordo com Hervás, este alfabeto foi elaborado em Roma para ajudar um menino italiano surdo chamado Puppi, diferente daquele pintado por Goya, e diferente também do encontrado no livro “La reducción de las letras y Arte para enseñar
a hablar los mudos” , aragonês Juan (de) Pablo Bonet, editado em Madrid em 1620, um trabalho totalmente esquecido naquele tempo na Espanha. Logo, onde Goya aprendeu aquele alfabeto?
Das próprias mãos de Fernandez
Navarrete?” Tenaz e eficaz em seu estudo sobre Goya, Antonio Gascón afirma que “outras duas perguntas estão sem resolver, acerca de Goya. Primeiro e básico é a razão teve o artista para fazer material usado em um papel simples e pequeno? Leva-nos a pensar de caráter totalmente pedagógico. O que parece apontar que o objetivo de Goya poderia ser de tentar ilustrar para ele mesmo o alfabeto manual espanhol, e este mesmo alfabeto que no tempo atual, com algumas variantes continua dentro do grupo dos surdos”. Mas para afirmar ter sido este seu objetivo real, o investigador explica: “não há certeza testemunhal da matéria, e está ainda encontrar para quem foi destinado, pois a única trilha é a legenda: “Goya em Piedrahíta/ano de 1812”, o detalhe que, pelo menos, localiza o pintor em um lugar e em um tempo concreto até este momento desconhecido”. Dentro deste mesmo mistério “há outra coisa a pontuar”, é que “na lâmina se pode apreciar que uma mão anônima, e nós diríamos insensível, o recorte mal feito, sem temer qualquer coisa, até mesmo sobre valor da assinatura do mesmo. Fato que parece indicar a familiaridade ou a ignorância do personagem com o respeito a Goya… A amostra boa é na parte superior a direita está gravado o polegar direito, esse que corresponde à letra “e”, foi radicalmente reduzido. A mesma circunstância ocorre no fundo, onde o pulso, o que representa a letra 'u', tem sido amputado, de modo que este parece emergir do fundo como um registro fantasmagórico. Nem por isso o dedo mindinho da letra "y", salvo da catástrofe que paira fora
do
quadro
gravura
hipotético solitário marco do trabalho. O
trabalho
magnífico
que
Francisco de Goya deu ao mundo
da
cultura
e
do
pensamento enriquece com a
saída à luz deste novo trabalho, uma com intenção didática que não reduz o valor histórico nem artístico, e demonstra a relação intensa que o pintor teve durante um estágio de sua vida com a localidade de Piedrahíta. Lástima que como só aconteceram poucos, os elementos são aliados para que este motivo para o orgulho para a pequena cultura aragonês encontre assim que muitas dificuldades a ser conhecido e publicado enquanto é merecida.
Antonio Gascón Ricao: Nasceu em Barcelona em 1949, é escritor, conferencista e historiador, especializou-se na guerra civil espanhola, possui publicações desde 1978, com numerosos artigos e livros, sendo último o Beltrán, el Esquinazau, Jaca, 2002, Memorias de Juan Luís Marroquín. La lucha por el derecho de los sordos, Madrid, 2004, La Bolsa de Bielsa. El heroico final de la República en Aragón, Huesca, 2005 y El hechizo Del Castellar, Zaragoza, 2006. No momento é professor da história para surdos, mestres em ensinar e Interpretação da língua de sinais que está distribuída na universidade de Valladolid. Em seu trabalho como o historiador, obteve os seguintes reconhecimentos: Finalista Prêmio Joaquin Costa de Historia, patrocinado por Unali e pelo Delegation Provincial de Zaragoza correspondente ao ano 1981; primeiro prêmio aos trabalhos históricos Personal Civil de Armas y Cuerpos. Revista da Academy General Militar, correspondente ao ano 2000. Zaragoza; menção à inovação do Congresso Virtual Internacional sobre Surdocegueira, “Campus For Peace” Universidade Aberta de Catalunha, 2004.