Revista 25 anos

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Escola secundรกria de Barcelinhos

25

anos

a formar identidades 1


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António Gonçalves de Carvalho (Diretor da ESB)

Apresentação

Esta é uma recolha de memórias, de vivências e de testemunhos da existência deste espaço e desta comunidade educativa, alicerçada numa cidadania empenhada e solidária, na qual estão sempre presentes o humanismo, o saber e a educação. De 1986 a 2011, foram: - 25 anos a criar identidades, - 25 anos a moldar personalidades, - 25 anos a contribuir para o desenvolvimento e o progresso, - 25 anos a projetar o futuro, - 25 anos a formar consciências: - de jovens e adolescentes, - de homens e mulheres, - de ontem, de hoje e de amanhã … Esta publicação é uma ovação pelos 25 anos de existência do “Liceu de Barcelinhos ou de S. Brás”, e por todos os bons momentos aqui vividos: - pela educação e formação transmitida a muitos jovens, - pela amizade fraterna, dos encontros e reencontros, - pelos homens e mulheres que aqui receberam uma boa formação e por todos aqueles que transportam consigo a ligação e a identidade desta escola! Foi, é e será um recanto onde o trabalho é encarado como uma missão e uma vocação de cada um e de todos; onde as tarefas de ensinar e de aprender são uma profícua interação constante entre docentes e discentes; onde a vivência impregna marcas indeléveis, naqueles que por aqui passam; onde o presente é uma certeza, o futuro uma esperança e o passado, uma eterna recordação!

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José Ramires Cruz (Professor da ESB e ex-Presidente do Conselho Diretivo)

A Escola que vi nascer e durante 23 anos vi crescer

Tive o prazer de ver nascer a escola até porque, por altura do início da sua construção, passei a ser seu vizinho, uma vez que a minha casa não fica a mais de 300 metros de distância. Pouco depois de entrada em funcionamento, passei a fazer parte dos quadros onde permaneço há quase 23 anos. O início foi bastante atribulado, em parte porque já tinha existido uma escola em Barcelinhos com o mesmo nome, sediada no edifício do Sá Carneiro, escola que eu frequentei. A extinção desta escola deu origem a duas novas escolas: a Secundária de Barcelos (Escola do Rio) e a atual Secundária de Barcelinhos, sediada no lugar de S. Brás. Porém, houve um desfasamento na construção destas novas escolas e a nova Secundária de Barcelinhos foi construída depois da de Barcelos. Havia material da escola antiga que deveria ser distribuído pelas duas novas escolas mas, como a de Barcelos nasceu primeiro, foi ela que arrecadou todo o material herdado. Quando a Secundária de Barcelinhos entrou em funções, já pouco restava: recebemos pouco mais do que um armário de laboratório que se encontra na sala 5 e algum material de museu de Física e Química. Os problemas desta sucessão não ficaram por aí: com a entrada em funções da nova Escola Secundária de Barcelinhos, havia material e equipamentos que eram enviados pelo Ministério da Educação e dirigidos à Escola Secundária de Barcelinhos, mas que continuavam a ser encaminhados para a Escola Secundária de Barcelos que era a sucessora conhecida da antiga escola. Só mais tarde, se detetaram estes extravios e, às vezes, era tarde de mais porque a Escola Secundária de Barcelos também estava carenciada, embora não tanto como a primeira. Quando comecei a trabalhar na Escola Secundária de Barcelinhos, a coisa que mais estranheza me causou foi ver alguns funcionários que tinha conhecido na antiga Escola Secundária de Barcelinhos, quando era aluno. Dos que vou citar, só dois se encontram ao serviço, estando os restantes aposentados. Ao vê-los, recordava-me logo do tempo em que tinha sido estudante e por isso, com essa visão na mente, ainda não me revia como professor. Por tradição, a Escola Secundária de Barcelinhos era caraterizada essencialmente por dois aspetos:

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a)

Carências:

Fruto da sua localização, construída num terreno de lavradio, confrontada a norte por uma bouça, com fracos acessos, servida por um caminho onde não se cruzavam dois carros, sem parque de estacionamento e abandonada pelo poder local. b)

Bom ambiente em termos de relações humanas:

Era frequente ouvir testemunhos abonatórios acerca da Escola Secundária de Barcelinhos. Todos os que por ela tinham passado, a recordavam como uma escola de bom ambiente e de boas relações humanas entre todos os membros da comunidade educativa. Invariavelmente, era recordada a pessoa do Senhor Domingos como funcionário exemplar, sempre disponível e com gosto de ajudar. Era uma espécie de bombeiro de serviço, sempre pronto a apagar qualquer fogo. Este fogo traduzia-se no carro que não pegava, no pneu que estava vazio ou furado, na bateria que se tinha descarregado …. e sempre se recorria ao Senhor Domingos que acabava por arranjar uma solução. c)

O papel de Presidente do Conselho Diretivo:

Para se sentir os verdadeiros problemas e carências de uma escola, nada melhor do que fazer parte de um órgão de direção e gestão. Coube-me a tarefa de presidir ao Conselho Diretivo, durante dois mandatos, no período de 1990 a 1994. Nessa qualidade, foram definidas como prioritárias três metas a alcançar: 1.

Construção do parque de estacionamento e o melhoramento dos acessos

A escola não dispunha de parque de estacionamento. O local onde existe o atual parque de estacionamento era constituído por um terreno muito irregular com sulcos cavados pela chuva que atingiam a profundidade de meio metro nalguns sítios. Com alguma frequência, ficavam encalhados os carros dos mais aventureiros que lá os tentavam estacionar, sem esquecer pelo menos duas situações em que um carro partiu a caixa de direção e outro rebentou a suspensão. O espaço que nesse local se encontrava livre e em condições de circular era estreito, destinado à passagem de carros para o lugar de S. Brás, não dando praticamente para dois carros se cruzarem. Os acessos eram maus e nem uma placa identificadora da escola existia, junto à estrada. Era frequente as pessoas, que se dirigiam pela primeira vez à escola, queixarem-se de que tinham andado perdidas. Estes melhoramentos eram da responsabilidade da Câmara Municipal de Barcelos, a qual após a 11


construção da escola que era da responsabilidade do poder central, não tinha tido nenhuma intervenção. O pior era que também não mostrava grande sensibilidade para estes problemas. Tudo se inverteu quando se soube que o Presidente da Câmara de então teria afirmado que aquilo estava tudo bem e que as reclamações que se ouviam se destinavam apenas a satisfazer o interesse de meia dúzia de professores. É evidente que a comunidade escolar estava descontente com esta situação e ainda mais pela resposta que tinha sido dada. Foi então que a Associação de Estudantes presidida pelo Joel Sá, atualmente professor da escola, se tornou inteiramente solidária com o Conselho Diretivo e partiu para a luta. Foi organizada uma manifestação pública de estudantes que se dirigiu para a Câmara e, para reforçar a sua luta, resolveu cortar o trânsito na ponte. Foi com este grande contributo que a situação se começou a inverter e começou a ser planeado o parque que hoje existe e foram melhorados, dentro do possível, os acessos. Os problemas de acesso sempre foram de difícil resolução e ainda hoje existem, mercê da localização da escola. 2)

Construção de uma cantina escolar

A falta de cantina escolar era um problema muito sério que urgia resolver. Apesar da distância, da perigosidade e da falta de segurança rodoviária do trajeto (na altura a via não tinha passeio) e das sucessivas molhas que os alunos tinham de apanhar quando chovia, os alunos tinham de se deslocar à atualmente designada por Escola EB 2,3 Rosa Ramalho, Além das várias e bem fundamentadas exposições, dirigidas à DREN, a situação parecia não ter solução. Para a desbloquear, foram fundamentais duas intervenções que tive em reuniões com órgãos do Ministério da Educação. A primeira foi em Barcelos, numa reunião com todos os presidentes de conselho diretivo, presidida pelo responsável da DREN pelos equipamentos e pela rede escolar. Embora o assunto não viesse totalmente a propósito daquela reunião, achava que não deveria perder aquela oportunidade de o abordar. A resposta que tive foi de que as obras na escola tinham terminado e o projeto tinha sido concluído na íntegra. Não podia ter ficado mais estupefacto e respondi que então o projeto tinha sido muito mal elaborado, pois não era concebível que uma escola daquela dimensão e naquele local, não tivesse cantina. No dia seguinte, numa reunião em Braga, presidida pelo Diretor Regional de Educação do Norte, embora este tivesse avisado que a reunião não se destinaria a assuntos privados, não pude perder a oportunidade de voltar a falar publicamente naquele assunto. Para meu espanto e regozijo, começava ali a surgir uma luz ao fundo do túnel: o Diretor respondeu-me 12


que tinha lido tudo quanto lhe tínhamos exposto, que estava sensibilizado para o problema e que de imediato iria desenvolver diligências. Senti-me feliz pela resposta dada, a qual se concretizou tal como anunciou. 3)

Construção de um pavilhão para as aulas de Educação Física e Desporto

Achávamos que esta era uma necessidade e que havia condições para a construção de um pavilhão na escola. Das reuniões em que participamos, concluímos que não seria possível construir-se um pavilhão para uso exclusivo da escola. A solução passaria pelo estabelecimento de um protocolo que permitisse abrir o pavilhão a outras atividades desportivas da iniciativa de clubes e outras entidades locais. Achamos a ideia muito boa e foram iniciadas diligências para a construção do atual pavilhão. A assinatura do protocolo e início das obras já tiveram lugar na vigência do conselho diretivo seguinte ao que presidi. 4)

Pretensa construção de uma central elevatória de água na escola

Queria ainda referir uma situação insólita que vivi e que consistiu no seguinte: em determinado dia, recebemos dos Serviços Técnicos da Câmara Municipal de Barcelos um ofício a informar-nos que iriam iniciar as obras de construção de uma estação elevatória de água na escola. Alegavam que o assunto já havia sido tratado com os responsáveis do Ministério da Educação e restava apenas dar-nos conhecimento desse facto. Junto ao ofício vinha uma planta topográfica com a localização da dita estação. Para grande espanto, verifiquei que a estação iria ser construída junto ao portão de acesso de carros à escola, exatamente sobre a passagem. A situação era tão insólita que entrei de imediato em contacto com o responsável pelo ofício. Verificada a situação, concluiu-se que o projeto da estação elevatória de águas tinha sido feito com base numa planta topográfica desatualizada que não correspondia minimamente com a que tinha sido utilizada na construção da escola. 5)

Revista Schola

Não poderia acabar este depoimento sem falar da Revista Schola. Desculpem a pouca modéstia mas é justo referir que este foi um projeto cujo arranque dependeu muito do meu empenho e da minha iniciativa como Presidente do Conselho Diretivo de então. Para arrancar, foi necessário dar-lhe um grande impulso porque havia alguma falta de inércia, tendo mesmo sido aconselhado a não defender essa ideia porque iria dar muito trabalho. O impulso foi dado, escolheu-se um título, tendo merecido mais simpatia o que foi proposto pelo Grupo de Português - Schola. A proposta fazia sentido até porque na Escola existia a disciplina de Latim, que vinha da

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tradição dos antigos liceus. O título agradou e mereceu a aprovação do Conselho Pedagógico de então. Nasceu assim o número 0 da revista Schola, no ano letivo de 1991/92, que teve como diretor o Professor António Carvalho. O entusiasmo, na altura, foi grande sobretudo porque a divulgação deste número mereceu a atenção da RTP que nos concedeu a honra de fazer deslocar à escola uma equipa de reportagem. Para terminar, queria referir que sempre gostei de trabalhar nesta escola. Fico menos satisfeito, se ouço comentários menos favoráveis, pois considero que,

embora

tendo

defeitos

como

todas

as

organizações, ainda é uma das melhores escolas públicas da região. Que venham mais 25 anos e que todos os que nela trabalham, sobretudo os mais velhos, nessa altura, estejam de boa saúde e, se possível, a viverem dos rendimentos, é o meu desejo.

Revista Schola, n.º 0, 1992

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António Gonçalves de Carvalho (Diretor da ESB)

“25 anos a criar identidades”

A nossa escola entrou em funcionamento no dia 1 de Outubro de 1986, de acordo com a portaria nº790/86, na freguesia de Barcelinhos, onde antes funcionava o Liceu de Barcelos, ou Liceu Sá Carneiro, que era apenas uma dependência do Liceu Sá de Miranda, de Braga. Desta escola surgiram duas novas escolas, a Escola Secundária de Barcelos e a Escola Secundária de Barcelinhos, sendo que todo o espólio material e humano se transferiu para a atual Secundária de Barcelos. Por isso, a Escola Secundária de Barcelinhos teve de começar praticamente do zero e com muitas dificuldades de toda a ordem. Nessa época a escola não tinha cantina, pavilhão gimnodesportivo, laboratórios de Ciências e não tinha acessos,

minimamente

condignos,

além

de

outros

equipamentos básicos. A atual configuração deste espaço escolar, não obedeceu a um projeto de raiz, pois foi construído por fases, depois de muitas lutas encetadas por alunos, pais e direções da escola. No primeiro ano, funcionou apenas com dois blocos A e B – um administrativo e o outro para aulas. Depois nasceu o Bloco C e o Polivalente, com um miniginásio, onde se praticavam as aulas de Educação Física. Para almoçar, os alunos tinham de se dirigir à Escola EB2/3 de Barcelinhos – atual Rosa Ramalho.

Liceu de Barcelos – seção do Liceu Sá de Miranda

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Em 1992, foi finalmente inaugurada a cantina e em 1995 construiu-se o Pavilhão Gimnodesportivo. Os arranjos exteriores e os acessos circundantes, que ainda hoje são muito insatisfatórios, foram também melhorados, muito lentamente, e depois de muitas lutas. A nossa escola é uma das três escolas secundárias da área da cidade de Barcelos, contendo algumas especificidades próprias, pois é a única que se situa na margem sul do rio Cávado, na freguesia de Barcelinhos. A maioria da comunidade discente é proveniente das 47 freguesias e aldeias desta margem sul do Cávado. Esta comunidade é fortemente marcada ainda pela sua ruralidade com tudo o que esse facto tem de positivo e de negativo. Apesar de tudo, das três escolas secundárias, é a mais pequena no que respeita à dimensão das suas instalações escolares, encontrando-se por isso superlotada com as suas 42 turmas no regime diurno e não proporcionando a alunos e professores boas condições de trabalho. Nos últimos anos, há cerca de sete anos a esta parte, a escola sofreu mudanças radicais, sobretudo ao nível da diversificação da oferta formativa com a adesão à política das Novas Oportunidades, tendo desenvolvido formação a vários níveis: 1 - Ensino Regular – Básico e Secundário; 2 – Oferta desenvolvida no âmbito das Novas Oportunidades; 2.1. Cursos CEF do Ensino Básico – T2 e T3 (9ºano); 2.2. Cursos Profissionais de nível Secundário – Técnico de Animador Sociocultural, Técnico de Turismo Rural e Ambiental, Técnico de Secretariado, Técnico de Comércio, Técnico de Contabilidade e Técnico de Gestão Desportiva; 2.3. Curso Tecnológico de Desporto; 2.4. Cursos EFA Básico e Secundário; É por este caminho que queremos caminhar rumo ao futuro, tornando a escola e a formação que proporciona cada vez mais inserida no meio envolvente e no seu tecido social, dando resposta e soluções às exigências atuais. Neste sentido, desde há muitos anos que esta escola se tem aberto ao meio social envolvente e por isso tem celebrado protocolos de cooperação a vários níveis com várias Universidades e a Câmara Municipal. Mas, neste momento, e sobretudo devido ao Ensino Profissional e Tecnológico, a escola tem celebrado também inúmeros protocolos com empresas, instituições e associações por toda a área envolvente da escola, da cidade e até concelhos limítrofes, tornando-a cada vez mais conhecida e apreciada pela qualidade dos seus formandos. 16


Mas, como já se referiu, apesar dos nossos alunos serem provenientes de um apelidado “mundo rural”, e à partida parecerem em desvantagem, conseguem ultrapassar alguma carga negativa e até algumas dificuldades inerentes a essas origens, sobrevalorizando-se e atingindo níveis tão elevados como os melhores. Não é por acaso que esta escola já atingiu, em vários anos, lugares cimeiros a nível nacional e regional nos resultados dos exames nacionais. Também ao nível da sua atividade cultural e literária, a escola tem-se destacado na nossa cidade com as suas publicações, concursos, intervenções e outros eventos de reconhecida importância. Assim, verificamos com muito orgulho e satisfação, que muitos dos antigos alunos desta escola atingiram e desempenham funções de destaque e obtiveram sucesso nas mais variadas áreas, empresas, universidades, a nível nacional e internacional. É para isto que a escola existe – para os alunos, para formar pessoas a nível humano e científico, desenvolvendo as suas capacidades, preparando-as para o futuro e embates da vida. Apesar da necessidade premente de requalificação da escola a nível de instalações, requalificação essa já prometida, mas adiada “sine die”, esta escola continua a contar com o empenho do corpo docente e não docente, dos alunos, dos pais e também, porque não, daqueles que por aqui passaram e demais agentes envolvidos com a escola, como a Autarquia e o próprio Ministério. O objetivo é ajudar a tornar a nossa escola, cada vez mais uma escola de sucesso, permitindo a continuação da prestação de um bom serviço público de educação. É nosso ensejo que, de uma vez por todas, lhe seja dado o destaque que ela merece pelo contributo prestado à sociedade. Pretendemos que todas as atividades desenvolvidas neste momento de celebração, relancem a escola para novos desafios e que a comemoração desta data não sirva apenas para relembrar o passado, mas sobretudo para retirar dele tudo aquilo com que se foi construindo a identidade desta escola e alicerçar novos ensinamentos e caminhos para o futuro.

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Filipe da Fonte (Aluno do 11ºF, in revista Schola, 1995)

O pavilhão gimnodesportivo

No dia 27 de Janeiro de 1995 deslocou-se à

Conselho Diretivo, Eng.º Carlos Neto, que o guiou

nossa escola o Senhor Secretário de Estado da

numa visita aos espaços e instalações escolares.

Educação e Desporto, Dr. Castro de Almeida,

Seguidamente, a comitiva dirigiu-se para a

acompanhado de outras individualidades, como os

Biblioteca, onde depois de breves palavras de

Senhores Governador Civil de Braga, Presidente da

apresentação a cargo da aluna Lúcia Marta do

Câmara Municipal de Barcelos e Diretor Regional

11ºF, se fizeram os discursos da praxe.

da Educação do Norte, a fim de ser assinado o

Após

os

discursos,

os

representantes

do

contrato-programa para a construção do pavilhão

Governo e da Autarquia, assinaram o contrato-

Gimnodesportivo no nosso recinto escolar.

programa que dará à nossa escola o ambicionado

O Senhor Secretário de Estado foi muito bem

pavilhão, que segundo a previsão do próprio

recebido pelos alunos, professores e funcionários,

Secretário de Estado, deverá estar concluído até

tendo sido

finais de 1995.

acompanhado

pelo Presidente do

Secretário de Estado da Educação e Desporto, Dr. Castro de Almeida e Presidente do Conselho Diretivo, Eng.º Carlos Neto Assinatura do protocolo de construção do Pavilhão Gimnodesportivo da ESB, 27 de janeiro de 1995

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Domingos Sousa (Assistente Operacional da ESB)

Quando, em Fevereiro de 1986, se começava a pôr de pé esta escola, com escavações e terraplanagens, logo dei conta das dificuldades que iam surgir, uma vez que era uma zona rural e não ficava junto a uma rede viária. Não me enganei! Os nossos governantes da altura pensavam que ter edifício, direção da escola, professores, alunos e funcionários era suficiente para dar início ao ano letivo de 86/87. Não havia orçamento para esta escola, logo não existia dinheiro para comprar os materiais, por mais básicos que o fossem: giz, apagadores, artigos de higiene e limpeza, secretaria, entre outras necessidades. Para dar início ao ano lectivo de 86/87, foi necessário a persistência da Comissão Instaladora junto do Ministério da Educação e a solução encontrada foi enviar um reforço de verba para a Escola Secundária de Barcelos, para nos colocar aqui esses bens, uma vez que a portaria que criava a escola só saiu em 31 de Dezembro de 1986, três meses depois de ter iniciado. Muitas pessoas sabem que a nossa escola não nasceu como é hoje, foram necessárias algumas manifestações de rua, junto dos responsáveis políticos, organizadas pelos representantes dos alunos das Associações de Estudantes e apoiadas pelas sucessivas direções da Escola, que foram, em várias épocas, os seus pilares para se conseguir alguns equipamentos – equipamentos

que

vieram

dar

melhor qualidade ao ensino e bem-estar educativa

à -

comunidade

acessos

pedonais,

cantina, e gimnodesportivo. Ainda

O Barcelense, 1 de novembro de 1986

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assim os transportes dos alunos, até à escola, é uma reivindicação que ainda não está resolvida e era bom que o fosse. Para finalizar queria deixar o meu penhorado agradecimento a todas as direções desta escola, pelo carinho que sempre me dispensaram, por aquilo que com elas aprendi e pela confiança que depositaram em mim ao longo destes anos: à Prof.ª Maria da Conceição Loureiro Machado (Mariazinha); à Prof.ª Rosa Gonçalves; ao Prof. Ramires Cruz; ao Eng.º Carlos Neto; ao Prof. António Carvalho. Por tudo isto temos fortes motivos para comemorar, com alegria, os 25 anos da Escola Secundária de Barcelinhos.

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Correio do Minho, 22 de março de 1992

O Comércio do Porto, 23 de março de 1992

Barcelos Popular, 8 de outubro de 1992 Diário do Minho, 19 de março de 1992

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1986 - Contexto sociopolítico e cultural em Portugal e no Mundo

1.

Política:

. 01/janeiro: Portugal adere formalmente, juntamente com Espanha, à então Comunidade Económica Europeia (CEE). . 17, 28/fevereiro: assinatura no Luxemburgo e em Haia do Ato Único Europeu (que entrará em vigor em 1 de Julho de 1987), com vista a relançar a integração europeia e a realizar o mercado único europeu até 1993.

Mário Soares

Cavaco Silva

João de Deus Pinheiro

João Baptista Machado

Presidente da

Primeiro Ministro

Ministro da Educação

Presidente da Câmara

e Cultura

Municipal de Barcelos

República

2.

Ciência:

. 19/fevereiro: são transportadas para o espaço as primeiras estruturas da estação espacial russa MIR.

3.

Desporto: Portugal apurou-se para o Mundial do México, em 1986, quebrando o hiato de vinte anos. Tinha como adversários a República Federal Alemã, a Checoslováquia, a Suécia e Malta. Depois de uma derrota em Praga, ante a seleção checoslovaca, as esperanças portuguesas esfumaram-se. Só uma vitória em Estugarda, ante o papão alemão, daria o apuramento.

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4.

Acidentes e Catástrofes: . 26/abril: acidente nuclear de Chernobil na Central Nuclear de

Chernobil na Ucrânia (então parte da União Soviética). É considerado o pior acidente nuclear de sempre, produzindo uma nuvem de radioatividade

que

atingiu

a

União

Soviética,

Europa

Oriental,

Escandinávia e Reino Unido. Calcula-se que tenham morrido cerca de 4 mil pessoas.

.

19/outubro:

revolucionário

morre de

Samora

inspiração

Machel, socialista,

militar que

moçambicano,

liderou

a

Guerra

líder da

Independência de Moçambique e se tornou o seu primeiro presidente após a sua independência, de 1975 a 1986, quando o avião em que regressava ao Maputo se despenhou em território sul-africano.

5.

Educação: É a partir de 1986 que o ensino básico - universal e gratuito - passa a ter a duração de nove anos,

compreendendo 3 ciclos sequenciais. O 7º, 8º e 9º anos passam a constituir o 3º ciclo. É publicada a lei de bases o sistema educativo (1986-97). São consignados neste diploma o direito à educação e à cultura de todas as crianças e adultos (ensino recorrente). A mesma Lei criou uma nova organização do sistema educativo, que compreende a educação pré-escolar, a educação escolar e a educação extraescolar.

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โ ข

3 de Novembro: abertura da Escola Secundรกria de Barcelinhos.

Barcelos Popular, 6 de novembro de 1986

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25 anos de gestão da escola Comissão Instaladora 1986/1987 Presidente: Maria da Conceição Machado

Conselho Diretivo 1994/1995/1996

Vice-Presidente: Aurora Araújo

Presidente: Carlos Neto

Secretário: Humberto Portela

Vice-Presidente: António Carvalho Secretário: Idalina Pereira

Comissão Instaladora 1987/1988 Presidente: Maria da Conceição Machado

Conselho Diretivo 1996/1997

Vice-Presidente: Aurora Araújo

Presidente: Carlos Neto

Secretário: Helena Trigueiros

Vice-Presidente: António Carvalho Secretário: Idalina Pereira

Conselho Diretivo 1988/1989

Vogais: Teresa Paula Alves e João Paulo e Vieira

Presidente: Rosa Gonçalves Vice-Presidente: Fátima Carvalho

Conselho Diretivo 1997/1998

Secretário: Helena Trigueiros

Presidente: Carlos Neto Vice-Presidente: António Carvalho

Conselho Diretivo 1989/1990

Secretário: Idalina Pereira

Presidente: Rosa Gonçalves

Vogais: Teresa Paula Alves

Vice-Presidente: Fátima Carvalho Secretário: Carlos Neto da Silva Comissão Executiva Instaladora 1998/1999 Conselho Diretivo 1990/1991/1992/1993/1994

Presidente: Carlos Neto

Presidente: José Ramires Cruz

Vice-Presidente: António Carvalho

Vice-Presidente: José Barbosa

Vice-Presidente: Teresa Paula Alves

Secretário: Paula Cunha 25


Conselho Executivo 1999/2000/2001

Conselho Executivo 2004/2005

Presidente: Carlos Neto

Presidente C. E.: António Carvalho

Vice-Presidente: António Carvalho

Vice-Presidente: José Cerqueira

Vice-Presidente: Teresa Paula Alves

Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira

Assessora: Paula Araújo

Assessora: Cláudia Santos

Conselho Executivo 2001/2002

Conselho Executivo 2005/2006/2007/2008

Presidente C. E.: António Carvalho

Presidente C. E.: António Carvalho

Vice-Presidente: Teresa Paula Alves

Vice-Presidente: José Cerqueira

Vice-Presidente: Paula Araújo

Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira Assessora: Paula Araújo

Conselho Executivo 2002/2003 Presidente C. E.: António Carvalho

Conselho Executivo 2008/2009

Vice-Presidente: José Cerqueira

Presidente C. E.: António Carvalho

Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira

Vice-Presidente: Joaquim Jorge Oliveira

Assessora: Lurdes Rodrigues

Vice-Presidente: José Cerqueira/Paula Araújo Assessora: Paula Araújo, Jorge Dias

Conselho Executivo 2003/2004 Presidente C. E.: António Carvalho

Direção Executiva 2009/2010/2011/2012

Vice-Presidente: José Cerqueira

Diretor: António Carvalho

Vice-Presidente: J. Jorge Oliveira

Subdiretor: Joaquim Jorge Oliveira

Assessora: Graça Teles

Adjuntas: Paula Araújo e Palmira Oliveira

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1986 – Docentes e não docentes

Docentes

Agostinho Ribeiro

Fernando de Sousa

Humberto Portela

Manuel Oliveira

Rosa Costa

Maria Judite Almeida

Maria da Conceição Machado

Aurora Araújo

Aurora Mogas

Álvaro Marques

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Maria do Céu Frutuoso Arminda Fernandes Ana Paula Carvalho Maria José Soares

Maria Natércia Magalhães Maria Clara Marecos Maria Alice Igreja

Maria Júlia Carvalho Anabela Pereira Manuel Lima

Anabela Cunha

Cecília Araújo

Margarida Delgado

Maria da Conceição Antunes

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Paula Viana

Floripes Correia Helena Santos

Maria Avelina Pereira António Rodrigues

Elisa Vasconcelos Maria Alexandrina Gonçalves

Ana Maria Fraga

Mário Ferreira

Alberto Bermudes

Américo Gomes

Eduardo Carvalho Manuel Sá

Maria Teresa Monteiro

Carminda Gomes

Maria Judite Almeida

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Não docentes

Manuela Castilho

Maria Celeste Lopes

Maria Manuela Belino

Laura Costa

Ana Angelina Araújo

Maria Beatriz Maia

António Rocha José Mendes

Joaquim Dantas

José Figueiredo

José Antunes

Rosa Viana

Fernando de Sousa

Ana Cristina Vilaça

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Adelino Campos

José Lopes


Maria do Céu Cunha

Rosa Queirós

Maria do Sameiro Ferreira

Ana Maria Nunes

Domingos Sousa

Conceição Sousa

Manuel Nascimento

Armindo Nascimento

Maria Margarida Estorninho

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A Associação de Estudantes

1987/1988 – Pedro Miguel da Cunha Correia de

2001/2002 – Leandro António Rodrigues Miranda

Oliveira 2002/2003 – Carina Conceição Ferreira Arantes 1988/1989 – Conceição Brito Silva 2003/2004 – Pedro Xavier Pedrosa Oliveira 1989/1990 – Paulo Peixoto 2004/2005 – Flávio José Faria Costa 1990/1991; 1991/1992; 1992/1993 – Joel Miranda Fernandes de Sá

2005/2006 – Carlos Filipe Faria Laranjeira

1993/1994 – Joaquim Amândio Vilas Boas

2006/2007 – Cristiana Manuela Martins Durães

1994/1995 – Carlos Sousa

2007/2008 – Silvana Alexandra Alves Pereira

1995/1996; 1996/1997 – João Miguel Miranda

2008/2009 – Cláudio Filipe Ribeiro Costa

Fernandes de Sá

2009/2010 – Luís Miguel da Silva Carvalho

1997/1998 – Marco Serra

2010-2011 – Carlos Daniel Barreto Carvalho Brito

1999/2000; 2000/2001 – José Nuno Senra

2011-2012 – Jorge Miguel Miranda Rodrigues

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A Associação de Pais e Encarregados de Educação

1991 a 1997 - Ana Maria Soares Nogueira Dias

1998 – Fernando Rodrigues Ferreira

1999 a 2000 – Teresa Maria Campos Costa Reis

2001 – José Marinho Gomes Silva

2002 a 2007 - João Simões Ferreira

2008 a 2012 - Fernando da Silva Pereira

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Testemunhos

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Abel Carvalho (Ex-aluno e ex-professor de Português da ESB)

A Escola de “S. Brás” Apenas a frequentei durante dois anos, mas parece que é ali que guardo toda a minha vida de estudante do ensino básico e secundário. Digo-o com sinceridade porque, ainda hoje, guardo na memória aquela magnífica vivência escolar. Posso afirmá-lo até porque tive a experiência de passar por várias escolas enquanto aluno e, por isso, comparar. Como qualquer adolescente, entrei aos dezasseis anos para frequentar o décimo ano e, depois, o décimo primeiro na área de letras. Guardo o ambiente sadio e rústico que envolvia a escola, distante da agitação e rumor da cidade. Um edifício novo, arrumado, organizado e com jardim que um dia a neve cobriu de branco. Era um fascínio entrar neste espaço para aprender, não por obrigação, mas por querer. Não me preocupava a “média”, antes aproveitar cada instante como se cumpria no momento e, assim, me tornei um jovem. Porém, aquilo que mais gravado permanece desses dois eternos anos é a camaradagem que gozávamos, o ambiente que se respirava, a liberdade que sentíamos… Alunos, auxiliares e professores formavam um todo tão completo digno do mais puro Humanismo. Tão poucas eram as coisas que me podiam fazer estar menos feliz! Ali, havia humildade, trabalho, estudo, responsabilidade, passatempo, diversão… Os professores tinham tempo para ser nossos professores. Volvidos alguns anos, regressei várias vezes a esta escola como docente. O que posso dizer é que a sensação é idêntica e mantém-se semelhante à que experimentei como aluno. Tantos anos passaram, todavia há um legado humano que permanece enraizado na existência desta escola. Também, aqui, posso afirmá-lo com segurança uma vez que esta, entre onze onde exerci a docência, surge incomparavelmente como a Escola da Minha Vida.

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Alberto da Silva Torres (Ex-aluno da ESB)

É curioso, mas comecei este texto pelo último parágrafo. Sabia exactamente o que dizer no final, mas foi complicado pôr a cabeça no sítio para falar dos anos maravilhosos passados na E.S. de Barcelinhos. Fica um mero resumo. É certo que foram anos conturbados, bons e maus, com altos

e

baixos,

com

felicidades

e

infelicidades,

mas

absolutamente memoráveis para toda a vida. Hei-de, para sempre, recordar os intervalos das dez e quinze para o lanche em que todos se amontoavam para comer um pãozinho com manteiga (sempre delicioso porque era feito sempre com carinho), os professores, no seu canto, a tomar os seus cafés (talvez para aguentar mais umas valentes horas de aulas), recordar o “pessoal” espalhado pelo polivalente, ora a falar, ora a jogar, ora a estudar...

ESB – Campanha eleitoral para

E o Sr. Domingos? Alguém discorda que o Sr. Domingos é

a associação de estudantes

uma espécie de alma desta escola? Incrivelmente, ele recorda-se sempre do meu nome e de muitos outros colegas, mais novos e mais velhos. Sempre igual, sempre o conheci assim. Do que recordo, com mais entusiasmo, é das eleições para a Associação de Estudantes. As espectaculares campanhas eleitorais e as eleições que nos faziam sentir adultos, necessários à vida escolar, fazendo parte de algo maior que nós e que todos os alunos juntos - a escola - a sua vida própria, a “ALMA DE ESCOLA” que para sempre lá estará. Os estudantes do passado recordo com saudade, os do presente digo que aproveitem o momento e aos do futuro que venham com garra e de coração aberto para receber o que a escola tem para oferecer. E a escola tem muitíssimo para oferecer.

Um abraço.

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Alda João Andrade (Aluna do 10º A da ESB)

Somos um… É precisamente isso que somos, UM! Uma unidade mesclada por esta grande escola que completa agora uns quantos anos de existência. Ensinaram-me que, num qualquer lugar e num qualquer tempo, existiam escolas que “eram gaiolas para que os pássaros desaprendessem a arte do voo”. Escolas que encarceram o pensamento de todos os seus educandos, para que assim, os consigam levar para onde bem entenderem. Escolas que vêm com os seus dedos pesados de ferrugem, desgastando as asas de todos aqueles que por lá pairam. Todavia, a essência dos pássaros é o voo, e se até isso lhes exturquem, deixaram de ser pássaros! Não reconheci essa realidade – a experiência própria falava mais alto, impedindo-me de observar com bons olhos essa atroz realidade. Invariavelmente, a única verdade que eu conhecia era a de uma escola que, ao invés de carcomer as asas dos seus Homens, cultiva-as, fomenta o seu bom uso! Uma escola que não sobreveio para adestrar aos pássaros a arte do voo, até porque isso já nasce com eles; brotou sim para encorajá-lo e aperfeiçoá-lo! Para que os pássaros se tornem bons pássaros, capazes de singrar por entre a monotonia da sua vida.

Vai-se o tempo, vão-se os lugares, vão-se ou não se vão os semelhantes. O cenário mantémse,

até

porque

a

escola

permanece no mesmo local talvez apenas um pouco mais degradada pelo decorrer natural do tempo. Mas, não obstante esse desgaste físico, o espírito mantém-se intacto: a união de Missa de Ação de Graças pela comunidade educativa da ESB

todos aqueles personagens que

Igreja Paroquial de Barcelinhos, Maio-2012

vão pisando este palco que é 38


renovado a cada ano sojorna no auge! E por isso, por todos os personagens, quer os que ainda cá estão, quer os que já não cá habitam, que já integraram e/ou integram o elenco desta peça que é a história desta escola que nos une, uma certeza eu posso dar: não obstante tudo passar, o tempo correr e as vidas mudarem, há algo que fica – as memórias. As memórias de um outrora passado nesta escola. E essas permanecem bem vincadas! E tudo isto se resume numa única palavra: OBRIGADA! Um obrigada sincero, por estes 25 anos a fazer crescer as asas de todos aqueles que jamais se imaginariam capazes de voar!

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Ana Beatriz Figueiredo (Professora de Inglês da ESB)

Uma aventura “radical”

Corria o ano da graça de 2004. Era então Diretora de Turma do 11.º F – Curso Tecnológico de Administração. Façamos um esforço e recordemos a famigerada Área-Escola. Para tal, a turma escolheu um tema que acabou por se tornar recorrente: “Desportos Radicais”. Para a realização do projeto, as turmas B e F do 11.º ano escolheram um destino paradisíaco: Vilarinho das Furnas, no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Data de realização: 26 e 27 de Fevereiro. As turmas foram acompanhadas pelas professoras Teresa Raquel Carvalho, Júlia Carvalho e por mim própria – um trio bastante animado. Equipados a rigor, começámos uma caminhada alucinante, subindo e descendo, por montes e vales, a um ritmo considerável, até à pousada da juventude onde ficaríamos alojados. Seguimos pela Via Romana, fazendo uma dupla visita: ao tesouro paisagístico do local e ao passado remoto da colonização romana. Memorável! Igualmente memoráveis, os desportos que nos esperavam: paintball, escalada, slide... Enquanto as minhas colegas de aventura, trajadas a preceito, cumpriam a missão de supervisionar o decorrer das atividades, resolvi aliar-me aos outros radicais e experimentar a sensação do slide. Espetacular! Claro que as minhas colegas de aventura não se deixaram ficar e seguiram o exemplo. O serão foi preenchido, entre outros, com um karaoke muito participado, quer pelos alunos quer pelas professoras. No dia seguinte fomos obrigados a abandonar a pousada e esperar o autocarro ao ar livre. Uma descida acentuada da temperatura e um ligeiro manto de neve para Visita de estudo a Vilarinho das Furnas, 2004

terminar a nossa visita? Claro que sim! “Bué, bué de fixe!” 40


Ana Furtado (Ex-aluna da ESB)

A Escola Secundária de Barcelinhos, sempre lhe chamei a MINHA ESCOLA, porque foi, para mim, uma segunda e chegou a ser uma das minhas primeiras casas. Foi lá que passei muitos e bons momentos e que cresci em todos os aspectos. Uma das minhas primeiras e antigas histórias muito marcante era a chegada do autocarro a Barcelinhos. A correria que fazíamos todos para ser os primeiros a chegar ao bar…o Sr. Domingos já sabia! Olhava, ria-se …todos queríamos as famosas torradinhas de pão tão boas e baratas (já nem me lembro do preço, há tantos anos, no meu 7º ano), que nos deliciavam e que, por vezes, nos faziam atrasar para a aula. Outro acontecimento que destaco foi num fim de semana, que me magoei a andar de mota com uma amiga e fiquei de muletas. Então, quando fui para escola, disse a todos os professores do primeiro tempo que, enquanto não estivesse melhor, algumas vezes teria que faltar pois não conseguia vir de autocarro. Todos os professores concordaram, muitos colegas riam-se pois era mentira … durou um mês… e soube tão bem dormir mais uma hora… As famosas aulas da professora Helena Trigueiros, de Filosofia: sempre que não estávamos para a ouvir havia troca de bilhetinhos. Eu conseguia ter mérito nas aulas com a professora porque nunca estava calada e filosofava, filosofava… Não podia deixar de realçar o começo do cigarro na minha vida e de algumas amigas. Fugir nos intervalos para fumar e ver os mais velhos a namorar….para os “Stores” não darem conta…mas, é claro que sabiam… Uma marca inesquecível foi a nossa viagem à rádio, a Lisboa, com Professora Idalina Pereira

e outros

professores de Português. Ficamos no Inatel em Oeiras. Acho que ninguém conseguiu dormir nessa noite. Desde o barulho nos quartos, às passagens de quartos para quartos e batidas a todas as portas, enfim… Os professores a fazerem rusgas, a passar “sermões” a toda a gente e a procurarem se havia gente fora dos quartos. Diga-se que não adiantou nada, estava tudo trocado, todos em festa e assim continuou. De manhã, ninguém queria olhar para ninguém para não se rir da tamanha brincadeira toda a noite. Os hóspedes olhavam para nós, de lado, os da receção pensavam, “ainda bem que se vão, embora”; os professores cheios de vergonha e nós todos (10ºA e B) “na boa”. Por último, deixo o evento que me marcará para sempre: o baile de finalistas, o primeiro baile da Escola, nunca antes assim, todos vestidos todos à rigor… À entrada, o par tirava fotos depois seguíamos para o bar 41


onde foi servido um jantar buffet, muito chique Estávamos todos deliciados, sem a carga dos professores a controlar-nos (eles também estavam, mas para se divertirem). Depois foi entrega do diploma, com direito a foto. Tudo muito bem organizado pela professora Idalina Pereira, com autorização da direcção executiva… uma noite inesquecível com música, bebida e muita alegria…e ainda fomos para o Pachá. Acho que me perdi, mas não poderia deixar de dizer que a turma 10º/11º/12º A, foi a melhor de todos tempos. Era muito diversificada quanto ao tipo de alunos. Destaco alguns exemplos: Tanta coisa! Fico-me por aqui. Que bom recordar coisas de bem! Costumo dizer desta escola: aprendi lá, cresci lá, eduquei-me lá, sonhei lá e realizei-me lá e tudo isto à custa de ter óptimos formadores e de ser um sítio e uma época de muita pureza, delicadeza e educação. Foi e será sempre, acima de tudo, a MINHA ESCOLA …

Baile de finalistas, 1997

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Ana Isabel Lopes (Ex-aluna da ESB)

Já começa a ser difícil recordar o dia-a-dia dos meus tempos na escola. Não que pertençam a um passado distante, mas porque muitas coisas se passaram e a minha fraca memória foi apagando certos

pormenores.

Contudo,

dias

muito

especiais que recordo com carinho, como aqueles em que recebíamos escritores na escola e eu, como membro activo e empenhado do Clube da Língua Portuguesa, não podia deixar de me envolver de forma especial. Foi num destes encontros que conheci a Ana Salomé, uma jovem escritora de

Sarau, 2011

quem os poemas me fazem voltar aos meus tempos na Secundária de Barcelinhos. E, como este, outros momentos me deixam enternecida, como o dia do Sarau,

onde

se

fez

uma

humilde,

mas

verdadeiramente sentida, ode à cultura e à arte, mesmo por parte daqueles que tiveram, nessa altura, a primeira oportunidade de conviver com um mundo tão abstracto. Como gostava de ver as pessoas espantadas com aquilo que sabiam fazer! Como não podia deixar de ser, a escola foi, para mim, um rasgar de horizontes, um crescendo de oportunidades, um agregador de motivações.

Plano Nacional de Leitura, 2011

Daquilo que tenho visto, poucas escolas dão aos seus

alunos

um

ambiente

propício

ao

desenvolvimento e à aprendizagem. Eu tive a sorte

43


de ter estado nesta escola fantástica que me motivava constantemente e me lançava desafios que não me deixavam ficar parada, sempre por meio de professores exemplares pelos quais tenho ainda admiração de menina (e acho que sempre terei). Hoje, como finalista do Curso de Ciências da Comunicação, é-me exigido um enorme dinamismo e capacidade de iniciativa que, creio, não me eram coisas inatas. Assim, fui aprendendo por meio de problemas, perguntas e respostas, que, para que as coisas acontecessem, era necessário, primeiro, que partisse para elas. E com este espírito tive o prazer de participar na criação do Clube da Língua Portuguesa, da Rádio Escola (à qual demos o nome de Rádio Grafonola), no programa da Rádio Barcelos O Som das Palavras e até da improvável crónica Línguas de Perguntador no Jornal de Barcelos. Grandes aventuras vivi nestes projetos. Foram, sem

dúvida,

tempos

importantíssimos

para

a

definição de quem hoje sou uma vez que as memórias destes momentos fazem, ainda, renascer em mim a vontade de criar, inovar, empreender e descobrir, coisas tão amorosamente típicas da adolescência. Sei que, para que ela nunca morra em

mim,

tenho

que

viver

docemente

estas

memórias que hoje escrevo e outras que guardo pois serão sempre parte de mim.

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Ana Luísa Machado (Psicóloga da ESB)

Ficam as saudades, as recordações, a amizade, o carinho e principalmente ficam as experiências e os conhecimentos partilhados por todos. Nesta Escola conheci excelentes pessoas que me acolheram sempre com grande simpatia, respeito, educação e profissionalismo, fatores que representam uma marca fundamental, e acima de tudo, de continuidade no meu percurso pessoal e profissional. Desejo a todos os alunos e antigos alunos da Escola Secundária de Barcelinhos as maiores felicidades, e que consigam aquilo pelo que sempre lutaram. Aos professores e funcionários , dou os Parabéns por conseguirem cativar os alunos e tentarem fazer deles sempre os melhores. E tudo isto não seria possível, se não tivesse como suporte uma Direção que tem um grande espírito de trabalho, organização, colaboração e dedicação. Continuem a fazer da Escola Secundária de Barcelinhos uma grande família.

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Ana Paula Ferreira (Ex-aluna da ESB)

A memória é uma máquina curiosa – pelo menos a minha é – funciona quando quer, e como quer. Pediram-me que escrevesse sobre memórias de uma escola que fez (faz) parte da minha história. Um espaço de aprendizagem e experiência que de alguma forma me moldou. Mas não foi o espaço físico da Escola Secundária de Barcelinhos – vulgo “Liceu de Barcelinhos” - que me moldou, que alterou a minha rota (feita de caminhos ora íngremes, ora sinuosos, ora em linha recta num perfeito planalto; caminhos esses que fui percorrendo: ora pé ante pé – como que a pisar cascas de ovos – ora, a correr que nem uma desalmada). Foram as pessoas que deram vida a esse espaço, sem elas não passaria de quatro paredes (no fundo são bem mais que quatro) erigidas numa colina em Barcelinhos. São as pessoas que dão alma a um lugar, que o enchem de vida. Escusado será dizer que nem todas as pessoas têm o dom de nos insuflar de vida, de esperança, de fé no Homem. Esse é o dom de poucos. É uma faculdade que não assiste a todos e - que me perdoem se o que digo não é politicamente correcto - mas quem me conhece sabe que nunca fui politicamente correcta. Estas são as minhas (sublinho, as minhas) memórias da experiência enquanto aluna da Escola Secundária de Barcelinhos. Na primeira vez que atravessei os portões tinha 12 anos. Levava no bolso os meus sonhos de menina e a inocência de uma criança. Não me lembro de muita coisa dos 6 anos que passei aí (daí a memória ser curiosa e a minha ter a mania de que é selectiva). Tenho alguns “flashes”: lembro-me dos rostos dos colegas de turma; lembro-me do cheiro a croissants com manteiga no bufete; lembro-me do burburinho dos intervalos, e do silêncio ensurdecedor das aulas de matemática; lembro-me das gargalhadas cúmplices por cada baboseira feita; lembro-me do coração pular do peito quando dava o toque e tinha um teste; lembro-me da adrenalina de ir ver as notas nas férias. Lembro-me no geral do liceu, mas lembro-me, em particular, de alguns professores, daqueles que deveriam ser considerados mestres, os meus mestres. Aqueles que são no fundo orientadores de seres humanos. Tudo começou no 8º ano, quando a mente – apesar da loucura hormonal que vai nos nossos corpos – se desenvolve e consegue ver mais além do que parece ser uma simples tarefa. História: uma disciplina que apela à memória e ao debitar de matéria. Errado! Uma disciplina que me foi ensinada com rigor, com perseverança, com brio. Sabia exactamente quando devia exigir mais de um aluno, 46


para que ele pudesse derrubar os seus pressupostos limites e ir mais além! Quem me fez sentir assim (pássaro na gaiola que vê a porta entreaberta e decide voar) foi a Professora Fátima Carvalho. Uma mulher briosa, exigente, rigorosa e atenta. [Ainda hoje gosto destas características num ser humano. Gosto de saber “com que linhas me cozo”, e aprendi a dar sempre o meu melhor, mesmo que isso implicasse trabalhar a dobrar.]

Voltou a acontecer no 11º ano. Apaixonei-me perdidamente por Almeida Garrett, Eça de Queiroz e por tantos outros autores portugueses, que me mostravam verdadeira a alma lusa – que era muito mais do que “Os Lusíadas” ( não desfazendo essa obra épica). Fiz-me poeta e detective de emoções entre as vontades de homens que não cabiam nos livros. Viajei vezes sem conta por entre letras, palavras e sintaxe – sempre sentada com um livro ou uma caneta nas mãos. Ler deixou de ser uma imposição e passou a ser um prazer. E quem estuda por prazer descobre o mundo nas entrelinhas [Meu Deus, como eu gostava de ler nas entrelinhas!]. Culpado ou culpada? Professora Idalina Pereira , essa mulher de olhos grandes, caracóis largos e sorriso rasgado (como que saída de um dos poemas de Almeida Garrett), que sabia levar-nos à descoberta do mundo dos grandes poetas e escritores, pelos nossos olhos, através das suas palavras. Foi um ano de inúmeras descobertas. Provavelmente um dos anos que mais marcou a minha forma de pensar e me fez apaixonar pelo processo da aprendizagem. Fiz imensas viagens mentais: ora pela minha mente, ora pela mente de outros. Descobri mundos sem fim, mundos imateriais, mundos etéreos, mundos de uma leveza insustentável, mundos de uma profunda mágoa. Fez-me pensar. Ensinou-me a pensar. Calculo que seja esse o objectivo de quem dedica a sua vida ao ensino: levar alguém a pensar por si mesmo. Meu Deus, como a minha memória se refresca quando acedo às recordações das aulas de Filosofia. Lembro-me do entusiasmo, da paixão desvairada, da força de vida, da força de pensamento, de uma mente brilhante. [Muitas vezes me senti a viver o “Clube dos Poetas Mortos”, não pelas histórias dramáticas, mas pela partilha de conhecimentos e por sentir que este ser humano tão especial era, no fundo, o “nosso” professor Keating.] As suas aulas eram diferentes de todas as outras, havia no ar uma paixão, uma tempestade de pensamento, a alma à flor da pele. O professor despenteava-se violentamente no decorrer das aulas, tal era o entusiasmo. E eu sentada, a admirar todo o processo, tentava entrar dentro do seu mundo: e voilá, de repente… era sugada para o mundo do pensamento.

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O nome desse feiticeiro da filosofia é o Professor Francisco Campinho . Para mim, um homem brilhante, à frente do seu tempo, que não cabia nos 45 minutos das aulas (nem 90, nem 120 minutos – o tempo era uma convenção que desaparecia nas suas aulas). Um homem que derrubava paredes, abria as janelas do pensamento e nos levava a voar para outros pensamentos distantes. É caso para dizer: “Oh Captain! my Captain! Rise up and hear the bells” (Walt Whitman)! Doces memórias estas, que apesar de guardadas num precioso baú são-me intrínsecas; fizeram de uma simples aluna, que percorria os corredores da história da Escola Secundária de Barcelinhos, uma pessoa diferente.

“Fui para os bosques para viver livremente, para sugar o tutano da vida, para aniquilar tudo o que não era vida, e para, quando morrer, não descobrir que não vivi.”

( Henry David Thoreau)

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Os cursos EFA visam elevar os Ana Paula Domingues Fernandes (Professora de História da ESB)

níveis de habilitação escolar e EFAS

profissional

da

população

A Escola Secundária/3 de Barcelinhos apresentou, dentro de uma vasta oferta formativa, os EFAS, tive o

privilégio de fazer parte deste projecto.

Muito havia para relatar, mas prefiro não entrar em pormenores da formação, teria que escrever um livro

portuguesa

adulta,

e não um testemunho. É difícil descrever é preciso sentir.

através

Os EFAS não foram simplesmente uma experiência profissional, foi o aprender todos os dias, formandos e

formadores formavam um grupo coeso, que partilhava um projecto comum, chegando ao ponto de não

uma

oferta

integrada

haver distinções entre formandos e formadores.

Atividades integradoras, aulas eram a partilha de vivências, a procura da saber, o aperfeiçoar

de de

competências, um caminho a percorrer com esforço, mas acima de tudo com muito carinho e alegria. A

educação

e

formação

que

amizade era aprofundada todos os dias, a partilha de experiências, ainda hoje sentimos saudades desses

momentos, que nem o cansaço ao fim do dia conseguia estragar. O grupo de formadores 2009/2010 e 2010/2011, Pedro Carneiro, Afonso Novais, Patrícia Castro, Carina Oliveira, Maria Dias e eu mesma, orientados

pelo Coordenador Álvaro Carvalho, e, sempre apoiados pela Direção desta escola, em especial pelo Diretor

potencie as suas condições de professor António Carvalho e professora Paula Araújo. Em conjunto com as três turmas de EFAS partilharam o que de melhor o ensino nos pode trazer, a partilha, a amizade e a certeza de missão cumprida. Se me

disserem que nos EFAS nada se aprende e digo-vos nos EFAS eu aprendi muito e partilho com os meus colegas

empregabilidade e certifique as e formandos a saudade de um caminho percorrido, uma orientação nunca esquecida. Aprendi, Ensinei e Partilhei.

competências

adquiridas

ao

longo da vida. Os cursos EFA visam elevar os níveis de habilitação 49


Ana Sousa (Assistente Operacional da ESB)

A Folha Ao começar o dia, por volta das 8h15min, começavam a chegar os primeiros professores à escola. Dirigiam-se à sala dos professores, olhavam o placard das convocatórias e, invariavelmente, diziam: “Ainda não está aqui a Folha…será que hoje irá haver substituições?!”. Ficava a dúvida no ar por breve instantes. A seguir, apareço eu com a famosa folha…a das substituições. De repente oiço: “Oh! Nani! Algo está mal?! Ainda ontem fui substituir o colega e hoje vou novamente?! Não percebo?!”. Com muita calma lá explico: “Sr. professor (a), apenas estão nesta hora dois professores para a substituição. E como o professor Y está em reunião, lamento muito mas terá de ir o Sr. professor (a)”. O professor, conformado, lá vai para a sala ter com os alunos que o aguardam, ansiosos, para saberem quem vai substituir o professor em falta. Quando, em 2006/07, me entregaram este serviço de comunicar quem são os professores a fazer as substituições, não foi muito fácil, porque tive de estar atenta a quem estava a faltar ou a quem já foi substituir, para não atribuir sempre aos mesmos esta tarefa de substituir os colegas. Levou algum tempo a habituarem-se a esta norma e eu recordo esse tempo um pouco complicado para ambas as partes. Hoje, as coisas estão mais calmas e tudo se recompôs. Foi um dos muitos momentos difíceis passados na nossa escola que, embora me tenha dado algumas dores de cabeça por não querer ser injusta, partilho com muito prazer convosco!

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André Aguiar (Ex-aluno da ESB, 10ºA – 2000-01, 11ºA – 2001-02, 12ºA – 2002-03)

Memórias da Escola Secundária de Barcelinhos

Memórias. Não é fácil colocar em palavras algumas das melhores memórias da passagem pela Escola Secundária de Barcelinhos. Numa só palavra descrevo o que me vem à mente quando relembro esses momentos: saudades! Fez tudo parte de um processo, de um caminho, que em apenas três anos colecionei alguns bons momentos e boas experiências da minha vida. Esses três anos ajudaram a definir o que seria o meu futuro, fizeram parte de uma das fases mais decisivas da minha vida. São recordações de momentos irrepetíveis e que, por essa razão, têm o valor que têm e deixam saudades. Recordo os amigos, com alguns deles vou mantendo contacto, outros, com muita pena minha, nem tanto. Recordo quase todos os professores, mesmo sem lembrar o nome de muitos deles. Recordo os funcionários, os espaços, a cantina, o polivalente, o bar e os bancos. Lembro-me do entusiasmo que eram as eleições para a Associação de Estudantes, os torneios, os concursos de música e de modelos e o teatro, entre outras atividades. A viagem de estudo a Corunha e o intercâmbio com a escola de Nisa. A viagem de finalistas ao Algarve, o baile de finalistas e os exames nacionais. Os momentos que mais apreciava (e não, não eram as aulas, embora gostasse efetivamente de algumas) eram os intervalos, a hora de almoço e todo o convívio com os colegas e amigos. Confesso que para mim o dia começava quando chegava à escola e praticamente terminava quando saía. Talvez por essa razão, várias foram as tardes que fiquei na escola sem ter aulas… Enfim, estes três anos foram completos, a escola e o bom ambiente da mesma, os colegas, amigos, professores e funcionários tiveram todos um papel nesta história. Não desejo voltar atrás - não porque não queira - mas porque o lugar certo para estes três anos é a memória. Mesmo assim, deixam saudades estes tempos!

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António Gonçalves de Carvalho (Diretor da ESB)

Desde o ano letivo de 1988/89 que pertenço a esta escola. Quando aqui fui colocado, o meu primeiro pensamento foi sair para outra escola desta cidade, uma vez que já tinha lecionado lá e tinha alguns conhecimentos e amigos. No entanto, rapidamente mudei de opinião e decidi não sair mais desta escola. Nessa época ainda não conhecia bem algumas pessoas que já faziam parte desta escola e que ainda cá continuam, contribuindo muito para este “ambiente especial”, porque muitos que cá foram chegando reencontraram antigos funcionários, docentes e colegas do antigo Liceu de Barcelos ou da Escola Comercial, mas eu não fiz os meus estudos básicos e secundários nesta cidade. No entanto, rapidamente me apercebi que esta escola era uma escola diferente das outras, aqui criamos raízes, criamos laços, respira-se em todos os sentidos, fruto de toda esta comunidade que parece ficar imune a muitas perturbações que a escola e o próprio sistema educativo vem a sofrer ao longo dos anos. Todas as equipas diretivas, professores, funcionários e alunos emanam para este espaço educativo uma convivência sã, um espirito de tolerância, compreensão e respeito mútuo, que facilmente se transmite a todos aqueles que passam por esta escola. Talvez fruto do isolamento do reboliço da cidade e pela influência da natureza que nos rodeia e nos permite sentir quotidianamente a mudança das estações do ano. E depois os que daqui saem levam consigo este espírito que lhes provoca a saudade e por vezes a vontade de regressar… Esta escola apelidada pelos antigos alunos de Liceu de Barcelinhos ou Liceu de S. Brás ainda hoje continua presente na memória de muitos alunos que hoje são pais e para cá encaminham os seus filhos, lembrando-se do ambiente saudável e de boa camaradagem que ainda hoje a escola conserva. No ano letivo de 1994/95, com o Engenheiro Carlos Neto (agora Diretor do Centro de Formação), comecei a minha caminhada pela gestão desta escola até ao momento presente. Hoje, como diretor desta escola, sinto o peso da responsabilidade e, ao mesmo tempo, a obrigação e o dever de tudo fazer para que esta escola mantenha este espírito e seja sempre cada vez melhor. “Há vinte e cinco anos a criar identidades”, este é de certeza o melhor slogan criado para retratar o espírito desta escola – muito simples e ao mesmo tempo pleno de significado, na abrangência do sentido da formação e da educação hodierna.

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António Vargas (Professor de Matemática da ESB)

Retalhos da vida de um professor da ESB

As escolas grandes e impessoais são cada vez mais uma constante. As pequenas e familiares caminham para a extinção. Esperemos que a ESB dure pelo menos mais vinte e cinco anos, mas não nos podemos esquecer que, não fossem as mudanças dos ventos políticos e económicos, já estaria em vias de ser substituída por uma superstrutura, outra coisa que ocuparia o mesmo espaço num tempo diferente. O nome até poderia ser o mesmo “mas não era a mesma coisa”. O verde das relvas e das árvores, os espaços entre os pavilhões, os sons, as aragens e os convívios seriam diferentes e mais claustrofóbicos. É certa a necessidade de remodelação dado o peso da idade destas estruturas, principalmente nos interiores onde alguns aspetos de construção, canalização e conforto nem sempre são os melhores. No entanto, há algo que não pode ser perdido. No pequeno trajeto que vai do bloco A até uma sala de aula dos restantes, o professor tem a oportunidade de observar, num relance, uma parte substancial do ambiente escolar, sentir-lhe o pulso, medirlhe a tensão sentindo-se imerso e clarividente da vida diária da comunidade. No entanto, a verdadeira identidade de um coletivo, mais do que a componente física dos espaços e objetos, consiste no rasto que o instantâneo do presente, movendo-se no tempo, vai deixando, construindo o que designamos por passado. No ser humano este passado fica registado na memória em fragmentos uns com sentido profundo outros mais triviais mas sempre associados a uma emoção. O retalho mais remoto de que me lembro, desde que comecei a respirar os ares minhotos, ocorreu nos primeiros dias de aulas. É curioso que basta uma pequena diferença no vocabulário de uso corrente de região para região para que se gere uma situação mais turbulenta desviante dos trabalhos em curso. Alguém pergunta: “... posso safar o quadro?” o que é isso? Pergunto eu, logo seguido de uma gargalhada geral. Quando me explicam o significado, teimo que o correto seria “apagar o quadro”. Desnecessário será dizer que no dia seguinte tive que dar mão à palmatória dado que o veredicto do dicionário confirmava que “safar” também era sinónimo de apagar o que não favoreceu muito a minha credibilidade como “bastião infalível de conhecimentos”. Passei a ter mais cuidado, mas não demorou muito a surgir nova confusão quando utilizei, num dado contexto, a palavra “algibeira”, tive que substitui-la definitivamente por “bolso”. Ainda tentei explicar a derivação árabe e do seu uso também para os lados do Algarve, mas não valeu a pena, … aqui não se usa. Para eles era coisa de açoriano. Se queres estar em Roma faz-te Romano e depressa. 53


Sempre me intrigou o facto de cada turma ter uma personalidade própria. Tiramos o indivíduo do coletivo e ele tem um comportamento diferente, falta-lhe o ecossistema da turma onde nuns casos se sente como peixe na água e noutros como cordeiro entre leões. Com determinadas turmas não me atreveria a afastar cinco metros do ambiente protegido da escola. Com outras foi possível subir ao alto da Serra da Estrela sob um frio cortante, ou acampar no Gerês, debaixo de uma chuva torrencial, de braços esticados junto com meia turma a segurar uma grande lona enquanto a outra metade tentava desesperadamente montar as tendas antes que nos faltassem as forças. Com outras fomos a Lisboa, ao Porto, a Santarém e outros locais onde ocorreram mil e uma peripécias visitando monumento, palácios, castelos e templos. Noutros casos não abandonamos as quatro paredes da sala mas teria subido o Everest com eles caso fosse possível. Tanto dentro como fora do recinto escolar foram vividas muitas memórias e à medida que as turmas e alunos se escondem no horizonte ficam as vivências que são intemporais.

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Beatriz Bachá (ex-professora da ESB)

O que recordo eu, à distância, de Barcelinhos e de Barcelos, no que foi para mim o ano letivo 1988/89? A cortina do tempo cobre os momentos vividos com intensidade e torna os seus contornos difusos, sendo agora, por isso, difícil recordar com nitidez acontecimentos do dia-a-dia. Tentarei, no entanto, falar, ou melhor, escrever algumas palavras sobre a minha experiência nos poucos meses que aí passei. Começo pela janela do meu quarto de onde se me deparava um quadro bucólico bem digno de ser descrito por Bernardino Ribeiro ou até Alberto Caeiro… O Cávado, depois da queda rápida e brusca junto à ponte e ao lado da azenha, lá seguia pachorrentamente, irrigando as terras férteis e verdes, onde as ovelhas, que se assemelhavam a flocos de algodão quando vistas de longe, pastavam as ervinhas tenras até que o sol se punha para lá da linha do horizonte. Seguiam depois perto dos muros de pedra guiadas pelas pessoas que as iam recolher. Também passavam pelos caminhos trilhados durante décadas e décadas, as mulheres que iam lavar a roupa ao rio, indiferentes a toda a poluição que ele agora arrasta. O gesto de séculos tornou-se tradição inalterável… Verde e castanho contrastavam com o azul do céu, por vezes bem cinzento, quando a tempestade ameaçava rebentar. E à noite, na hora do sono, era o som surdo da água que rebentava contra o fundo marcando o compasso do tempo. Era bom porque era a sensação de tranquilidade e segurança depois de um dia atarefado de trabalho. No dia seguinte lá começava a labuta – levantar cedo, andar a correr e subir a custo a ladeira que dava acesso à escola. Não havia um minuto a perder porque o tempo já era escasso e o toque da campainha era implacável. Lá estavam os alunos à espera. Simpáticos e com boa vontade para começar a aula de Inglês. Bem, nem sempre… Recordo os seus rostos muitas vezes cansados porque se tinham levantado bem cedo e já estavam na escola muito antes de as portas serem abertas. Vinham de longe e quando regressavam a casa já era tarde. Muitos iam ainda trabalhar nos campos para ajudar a família numerosa, com muitos irmãos. Como podia o rendimento escolar ser elevado? Simpáticos? Sim, sempre. Mesmo aqueles que, carentes de paciência e de atenção, se mostravam por vezes mais irreverentes. Uma palavrinha também para os funcionários da escola, sempre amáveis e solícitos em auxiliar na tarefa difícil da Educação. Recordo também com igual prazer o facto de o edifício estar rodeado de árvores e de campos, realidade tão distante das escolas citadinas, e de ser bem pequeno, o que dava a oportunidade salutar de 55


conviver com todos os colegas, sobretudo durante o intervalo das aulas, que eram passados na amena (e por vezes bem animada) cavaqueira… Rir é próprio do ser humano e nada mais necessário para desanuviar tensões, tão frequentes na nossa profissão. Preparar aulas e ensinar pode ser muito agradável, mas não é fácil, tantos são os problemas e preocupações com que nos deparamos! Depois havia também as quintas-feiras e a bem conhecida e famosa feira de Barcelos. Que bom era poder passear pelo meio das tendas e apreciar a multidão apressada que ia parando aqui e ali para perguntar os preços! Achavam caro, marralhavam e ora compravam, ora partiam contrariados para outro ponto próximo. Era um bulício constante até o dia findar ou a chuva persistente impedir que as pessoas ali se deslocassem, se fosse Inverno. Cheiros e cores misturavam-se numa alegre festa em que o artesanato estava sempre presente, claro! No Verão lá estava o espaço invadido pelos turistas que procuravam o que de típico havia e, quem sabe, compravam alguma lembrança para si e para os familiares e amigos das suas relações. Espaço grande e agradável, o da feira, que o plástico ainda não invadiu de uma forma avassaladora. Pena é se vier a ser alterado em nome do “progresso” e da e da corrida ao lucro desmedido que tudo arrasta.

Fotografia de Barcelinhos

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Bruno Pereira (Ex-aluno da ESB)

Uma escola para a Vida

Experiências novas, grandes amizades e essencialmente ensinamentos para a vida foram o que aprendi na Escola Secundária de Barcelinhos. Falar que uma escola é boa ou má só pode ser possível quando nos inserimos nas atividades que esta faz e, da minha, só coisas boas posso dizer. Aquando a minha entrada nesta escola (8º ano), iniciei um novo trajeto na minha vida. Foi aqui que comecei a aprender a estar na vida, a pensar, a continuar a ser humilde e a constatar que só trabalhando conseguimos obter o que desejamos. Com o tempo, fui criando grandes amizades com a comunidade docente, com a qual me orgulho de ainda manter contato, mas o que mais gosto de recordar são os tempos do teatro. Ensaios e mais ensaios, preparações cénicas, ao pormenor, o stress da estreia e o momento da verdade (dia de estreia). Os professores Álvaro Carvalho e Idalina Pereira controlavam, não faltava nada e, quando se aproximava o dia da apresentação, era altura de preparar o som, a luz e o cenário. Foi muito bom trabalhar com o professor João Paulo Vieira e Jorge Salgueiro dos quais guardo bons episódios. Nunca me esquecerei do dia de estreia da peça de teatro “Lixo”, quando, a meio da peça, o meu camarada Tozé (“Bouças”, para os amigos) estava com a bexiga cheia e me pedia para tomar conta do som e da luz. Na altura, eu era responsável pela luz e não tinha preparação para o serviço do Tozé. Ele, aflitinho da vida, implorava-me para assegurar o lugar dele, ao qual eu respondia sempre: “Ó pá, eu não sei como é que o som está organizado, ele está nas tuas mãos…!”. E lá se ouviam uns gemidos baixinhos… Quando a peça entrava num momento em que o som não era preciso disse eu ao Tozé: “Vai pelo cantinho e num instante vai à casa de banho… mas rápido!!!”. Para meu espanto ele responde: “Já não é preciso, já estou aliviado…”. A minha reação foi olhar de imediato para as calças dele e sim…verificar uma quantidade razoável de líquido pelas pernas abaixo. Só me apeteceu rir mas o momento pedia contenção… e lá me fui aguentando… Bons momentos aqueles em que eu pegava na câmara de filmar da escola e procedia à gravação de atividades. O que me dava mais gozo era fazer as montagens. A escola foi um local onde aprendi muito. Quero agradecer a todos aqueles que contribuíram para o meu crescimento pessoal. A todos aqueles que frequentam ou frequentaram a escola o meu muito obrigado. Estarão sempre presentes no meu coração pois ensinaram-me o que é a vida e como enfrentá-la. Não poderia finalizar este artigo sem mencionar e, 57


porventura homenagear, aqueles que fizeram com que eu crescesse pessoal e profissionalmente. Um abraço especial para os professores Idalina Pereira, Álvaro Carvalho, Jorge Salgueiro, Lurdes Silva, Joaquim Jorge Oliveira, o “presidente” António Carvalho, Fátima Fontes, Jorge Rodrigues, Pedro Gonçalves e Helena Trigueiros. É importante, também, salientar o excelente trabalho que os funcionários da escola tem com os quais ganhei muitos amigos também. Um abraço especial para o Sr. Domingos (que é um grande amigo), à Cláudia e ao Sr. Armando. São excelentes funcionários! Caso me tenha esquecido de alguns nomes, e porque esta tarefa é ingrata, vos garanto que toda a comunidade escolar dos anos que por aqui passei, estará sempre no meu coração. A todos aqueles que ainda frequentam ou vão frequentar o ensino nesta escola apenas posso garantir que estão no bom caminho para o sucesso. E o sucesso ganha-se trabalhando arduamente para um dia atingir os nossos objetivos. E, lembrem-se, não é uma pedra no sapato que vai fazer com que vocês não tenham sucesso nas vossas vidas. Despeço-me com uma frase de uma personalidade bem conhecida do nosso país: “Façam o favor de ser felizes”.

Capelinha de S. Brás, aguarela de autor desconhecido

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Daniel Lopes (Ex-aluno da ESB)

O meu percurso pela Secundária /3 de Barcelinhos foi muito feliz devido a ser uma boa escola, ter bons funcionários/professores e sobretudo por ter feito grandes amizades. O que mais me marcou em termos profissionais e extra-aula foi um projeto começado no ano lectivo 2008/2009 (meu 11º ano), por um grupo de amigos e pelo professor de informática, Pedro Gonçalves - a ESB Lan Party (evento que tem como objetivo reunir grupos de jogadores para criar torneios). A ideia de criar uma Lan Party para a escola surgiu devido ao nosso gosto pelas novas tecnologias (computação, jogos e internet). Partilhamos a ideia com a comunidade escolar e começamos a trabalhar no projeto facultativamente. Este projeto permitiu-nos contactar várias empresas e aumentar a nossa capacidade comunicativa, o que consequentemente nos tornou mais responsáveis e nos ajudou a lidar com assuntos a nível profissional. No ano lectivo seguinte, voltamos a realizar a ESB Lan Party, mas desta vez estávamos muito mais maduros e conseguimos aumentar o número de jogadores para 150. Começava desta forma um evento anual mais sério e com alguma fama. Deixo aqui esta alegre recordação do meu caminho pela ESB lembrando que, no passado mês de Dezembro de 2011, decorreu a 4ª edição do projeto do qual fomos pioneiros. 3ª ESB Lan Party, 2011

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Daniela Sofia Oliveira Cardoso (Ex-aluna da ESB)

A minha experiência no liceu de Barcelinhos começou bem cedo, os meus padrinhos o Sr. Domingos e a D. Conceição foram os primeiros funcionários da escola e foi lá que eu cresci. Iniciei os meus estudos na Escola Primária de Barcelinhos, situada mesmo ao lado, e, no intervalo do almoço, ia sempre comer com os meus padrinhos ao liceu. Lembro-me que subia a entrada principal até ao bar a fazer cambalhotas. Naquela altura a escola ainda não tinha cantina e no bar serviam algumas coisas, mas a maioria dos alunos ia comer ao ciclo de Barcelinhos. Depois, chegou a minha vez de estudar no liceu. Por esta altura, já não fazia cambalhotas para chegar ao bar, mas conhecia todos os recantos da escola como a palma da minha mão. Adorei estudar no liceu, os meus colegas de turma eram um espetáculo e eramos todos amigos. Lembro-me especialmente de um Dia da Árvore em que todos participamos para plantar árvores nos jardins do liceu. Terminei esse dia muito orgulhosa porque cada turma plantou uma árvore e sabia que elas iam crescer e seguir na escola e que eu um dia teria de abandonar para seguir com os meus estudos. E era verdade, as árvores ali ficaram e eu aqui sigo com os meus estudos (por esta altura o doutoramento). Nos dias que correm ainda vou algumas vezes à escola visitar os meus padrinhos e o cheiro e o calor que sinto quando entro no portão levam-me de volta aos meus 7 anos. Ainda conheço alguns dos recantos do sítio, mas confesso que algumas coisas mudaram, mas ainda assim, para mim, será sempre como uma segunda casa. Este é o meu testemunho. Obrigada por me deixarem participar nas memórias do “Liceu de Barcelinhos”.

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Domingos Fernandes (Ex-professor estagiário da ESB)

Escola Secundária de Barcelinhos!

Nem sei por onde começar... Talvez por dizer que foi aí o princípio de tudo para mim, no ano letivo de 1998/1999. Fiz parte dum grupo de estágio fabuloso, sob a orientação do prof. Álvaro Carvalho. Lecionei a disciplina de Português em duas turmas - uma do 7º e outra do 9º. Pontualmente, dei aulas numa turma do 10º ano. O início da minha aventura no ensino não poderia ter sido melhor: a escola acolheu-me de forma exemplar, o orientador foi excecional, os colegas de estágio (Denise, Dino e Catarina) foram uma âncora, os restantes professores olharam-me como um igual, os funcionários mostraram-se sempre disponíveis e os alunos... foram, sem dúvida, a melhor parte! Fui um estagiário afortunado!!! Deu um prazer imenso participar na peça de teatro! Valeu por tudo: pelo papel do D. Anrique, pelo convívio entre professores e alunos, pelo nervoso miúdo... Enfim, foi uma experiência inesquecível! O tempo passou (muito depressa!) e, como é natural, não me recordo de toda a gente, de todos os rostos, de todos os nomes... Por isso, este grupo será um excelente lugar para rever alguns de vocês. Pelo menos, assim espero!! Fico-me por aqui, porque a mensagem já vai longa. Até breve! Abraços!

D. Anrique - Domingos Fernandes – Auto da Barca do Inferno 1999

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Domingos Silva (Professor de Educação Física da ESB)

Intercâmbio Escola Secundária de Barcelinhos – Escola Básica e Secundária Prof. Dr. Francisco Freitas Porto Santo (Madeira)

Numa organização levada a efeito pelos docentes Domingos Silva, João Paulo Vieira e Jorge Salgueiro, foi realizado um intercâmbio Intercultural entre as Escolas Secundária de Barcelinhos e Escola Básica e Secundária Prof. Dr. Francisco Freitas, em Porto Santo – Madeira, entre os dias 21 e 27 de Fevereiro de 2000 (1ª fase) e entre os dias 28 de Março e 1 de Abril de 2000 (2ª fase), na Escola Secundária/3 de Barcelinhos.

Para

além

dos

referidos

professores, participaram 17 alunos, do 9º ao 12º ano de escolaridade. Em Porto Santo, foram visitados: Zona Histórica da Vila e da Ilha, Dessalinizadora, Central Eléctrica, Câmara Municipal, Pico do Castelo, Clube Naval. Na Madeira, foi visitada a cidade do Funchal e outros locais e monumentos de interesse: Pousada de Juventude, Pico Ruivo, Pico Jorge, Pico Grande, Encumeadas, Ribeira Brava. Na segunda fase, os alunos da escola do Porto Santo visitaram algumas cidades e locais do Minho, como: Braga, Barcelos, Viana do Castelo, Bom Jesus, Parque nacional do Gerês, etc.

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Domingos Silva (Professor de Educação Física da ESB)

João Garcia na Escola Secundária/3 de Barcelinhos No dia 6 de Fevereiro de 2004, esteve na Escola Secundária de Barcelinhos, inserido nas Jornadas “Encontros em Altitude”, João Garcia, o primeiro português (e único até ao momento) a atingir o cume do Evereste, a montanha mais alta (8850m) e mais perigosa do mundo, onde já pereceram mais de duas centenas de alpinistas, incluindo o seu amigo, Pascal Debrower. Foi a primeira vez que João Garcia visitou uma escola do concelho de Barcelos; antes, em 2002, já lhe havia sido feita uma entrevista, inserida na rubrica “à conversa com um campeão” que foi publicada na Revista Schola.

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Se João Garcia não se considera um “Super-Homem”, é, pelo menos, mais forte à luz da vivência humana. Esta iniciativa contou com a presença de mais de 250 pessoas, incluindo professores, alunos, encarregados de educação e elementos de toda a comunicação social barcelense. Foram 2 horas e meia de pura adrenalina, tais foram as impressionantes imagens observadas da expedição de 1999 ao Evereste. A rarefacção de oxigénio, o frio, a permanência prolongada em altitude extrema, a fortíssima determinação (embora inglória!) de querer resgatar o amigo, quase lhe custaram a vida, mas deixaram-no com mazelas físicas (e quiçá psicológicas!) profundas e irreversíveis. De facto, a sobrevivência de João Garcia às mais duras condições humanas, fez dele um exemplo de abnegação, de altruísmo, dotado de um desmedido espírito de sacrifício e de uma enorme vontade de viver. Como o próprio afirmou “a montanha não se vence, ela deixase vencer”, frase paradigmática de quem nutre um profundo respeito e estima pela montanha, independentemente da sua localização ou altitude … a montanha é “imprevisível”. A plateia repleta e sempre atenta, não perdeu uma pitada de emoção trazida quer pelo documentário apresentado, quer das palavras que se soltavam da boca de João Garcia. Muitos alunos aproveitaram para reforçar os seus trabalhos de área-escola, pois tantas eram as turmas que tinham projetos relacionados com os desportos “radicais” e de aventura. No final, João Garcia procedeu a uma série de autógrafos/dedicatórias no livro que o mesmo escreveu: “a mais alta solidão – o primeiro português no cume do Evereste”. João Garcia é uma referência nacional, condecorado pelo governo português com o título de Embaixador Nacional para o Desporto.

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Elsa Lopes (Professora de Matemática da ESB)

A Escola Secundária/3 de Barcelinhos fez parte da minha vida durante cinco anos. Desde o 7º até o 12º ano vivi aqui anos durante os quais aprendi a ser livre, aprendi a escolher o que vale mais a pena para uma vida “em cheio”, onde tive tempo de escutar os meus amigos, os meus professores e toda a comunidade educativa. Curiosamente, lembro-me da escola no ano em que se fundou. Frequentava o 7ºano. Recordo o bar, um bar improvisado em que o pão era servido a partir de caixotes no chão, e o que me ficou na memória foi o cheirinho a pão fresco e às torradas, dadas com muito carinho e alegria pelo Sr. Domingos e pela D. Conceição. Bons tempos esses…O pavilhão desportivo ainda não existia, mas havia um pavilhão improvisado, onde hoje está o atual auditório. Lembro-me dos professores de Matemática que tive. No ensino secundário, tive o privilégio de ser aluna da Professora Alice Igreja. Posso referir que foi o meu “quartel de base”, onde senti segurança, onde dispus da experiência e do calor de quem me rodeou nestas aulas. Não posso deixar de lembrar a minha colega de carteira, durante os cincos anos que frequentei esta escola, e, atualmente, minha grande amiga, Idalina Brito. Quando encontro as pessoas que comigo conviveram naquele tempo sinto uma alegria muito grande. Foram tempos mágicos! A Escola Secundária/3 de Barcelinhos foi um lugar muito importante para mim. A partilha de conhecimentos, de momentos carinhosos, o viver emoções mudou a minha vida…para sempre. Houve sempre uma troca. Fui uma aluna amável e valorizei muito as amizades que tive. Recordo alguns colegas de então, a Carla Barbosa, as tardes que passamos juntas a estudar à roda das disciplinas de História e Matemática, numa partilha de saberes em que cada uma ajudava a outra naquilo em que era mais forte. Relembro, ainda, a minha prima Irene Lopes e a minha grande amiga Darlene Ribeiro, o tempo que passamos juntas no estudo da Matemática e na partilha de experiências. Escutei e dei atenção aos professores, segui as suas opiniões e orientações e assim, cada um deles ajudou a trilhar o meu caminho. Neste balanço de vida, apercebo-me que ganhei mais do que aquilo que recebi! Eis-me aqui, agora, professora de Matemática na escola onde fui aluna. Estimo e respeito muito todos os meus alunos, tal como estimo os restantes alunos da escola pelo seu esforço e pela sua vontade. Prezo muito a oportunidade de poder trabalhar com toda a comunidade educativa. Parabéns a todos!

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Idalina Magalhães (Assistente Operacional da ESB)

Em novembro de 1998 iniciou-se uma nova etapa na minha vida profissional, fui admitida como assistente operacional na Escola Secundária/3 de Barcelinhos. Fiquei muito feliz! Fui bem recebida e acolhida nesta “família”, onde aprendi imensas coisas, amadureci e ainda hoje me sinto confiante. É com um sorriso aberto que todos os anos recebemos as pessoas que por aqui passam, sem exceção. Sim, porque na ESCOLA há uma constante mudança onde novos rostos aparecem ou outros reaparecem. Ajudamos e acolhemos sempre muito bem! Esse é o nosso lema! Somos assistentes operacionais, sim, mas também, educadores, enfermeiros, socorristas, psicólogos. Estamos sempre com um manual destas profissões nas nossas mãos. Obrigada a todos os que, assim, nos conseguem ver. Parabéns à escola secundária/3 de Barcelinhos pelos seus 25 anos!!!

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Jaime Dantas (Professor de Biologia da ESB)

25º Aniversário da Escola Secundária/3 de Barcelinhos

Escrever sobre os 25 anos da Escola Secundária/3 de Barcelinhos é contar um pouco da história da minha própria vida. Apenas não posso testemunhar o segundo ano de funcionamento porque efetivei na Escola EB2,3 de Vimioso, tendo regressado no ano letivo seguinte e permanecendo por cá até hoje. Vivi todos estes anos como se fosse o primeiro, com a mesma motivação e entusiasmo, dando o melhor de mim ao serviço da educação. Vejo a nobre arte de ensinar não apenas como uma profissão mas mais como a missão de instruir, formar e educar. Um professor é um modelo que educa mais pelo que é do que propriamente pelo que transmite. Os alunos são muito permeáveis a todo o tipo de influências, assimilando tudo o que os envolve. Importa pois que o professor seja, tal como os pais, uma excelente referência a seguir. Deve ser um exemplo pelos gestos que empreende e pelos valores e princípios que veicula. Foi precisamente isso que procurei ter sido. Durante todo este tempo vários foram os episódios que poderia aqui relatar e, certamente, todos dignos de serem partilhados com os leitores. Feita uma triagem, escolhi alguns da altura em que exerci o cargo de professor do Ensino Especial por ter sentido, de forma particular, a missão de servir os outros. Desempenhei essa função durante quatro anos. Acompanhei muito de perto os alunos diferentes pois era assim que eu considerava todos aqueles que eram portadores de uma deficiência. E eram muitos uns com problemas mais graves do que outros. Recordo com saudade, entre outros, o João Lomar, a Cristina e o Álvaro. O primeiro com paralisia cerebral, a segunda quase cega (apresentava uma visão filtrada resultante de complicações de uma doença infetocontagiosa) e o terceiro com dificuldades em expressar-se oralmente pois quase não pronunciava uma palavra. Fazia questão de estar com eles diariamente de modo a prestar-lhes apoio, mas sempre de uma forma discreta, para que nem eles nem os colegas sentissem que lhes era concedido um tratamento de exceção e até de algum privilégio. Tentei, desse modo, torná-los mais iguais aos restantes alunos e evitar que fossem discriminados. Para isso procurei criar todas as condições que favorecessem a sua integração nas turmas, na Escola e na sociedade.

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O João Lomar era o caso mais complicado. Apresentava descoordenação motora, sobretudo ao nível dos movimentos finos dos membros. Custava-lhe muito deslocar-se. Fazia-o agarrado a um andarilho articulado. Um táxi, fretado todos os anos para o efeito, transportava-o diariamente. Não conseguia escrever manualmente. Para registar os apontamentos das aulas servia-se de uma máquina de escrever com um adaptador especial no teclado e, desse modo, lá ia redigindo do seu vagar. Desloquei-me várias vezes a sua casa, marquei-lhe consultas médicas e tratei de vários assuntos na Segurança Social. Com o tempo tornei-me seu amigo e da família também. A Cristina era considerada praticamente cega. Frequentava o Curso Económico-Social e gostava muito de aprender. Assistia às aulas mas não conseguia acompanhar o ritmo de lecionação. Não registava nada. Só o podia fazer com extrema lentidão. Então, num Conselho de Turma extraordinário, convocado especificamente para tratar do seu caso, os professores aceitaram a minha proposta em permitir gravar as aulas. Depois, em casa e com calma, a Cristina ouvia as cassetes áudio e lá tomava os seus apontamentos. Estabeleci alguns contactos para a aquisição de um gravador, mas sem sucesso. A resposta era sempre a mesma, diziam-me que não dispunham de verbas para tal equipamento. Face às tentativas infrutíferas, resolvi comprar eu mesmo um gravador/leitor de cassetes, tipo jornalista, pequeno para ser fácil de transportar, mas de excelente capacidade. Pedi recibo e entreguei-o nos Serviços Administrativos. Volvido algum tempo reouvera o meu dinheiro pois acabaram por me pagar. Neste como noutros casos a persistência, a sensatez e a força de vontade acaba por dar bons resultados e assim se criavam as melhores condições de aprendizagem destes alunos especiais que, sem terem qualquer culpa, eram diferentes dos outros. Um dia o Álvaro apareceu em minha casa acompanhado pelo pai. Mal acabara de os receber e logo o miúdo puxava de um embrulho para me oferecer. Era uma prenda. Reagi muito mal e disse-lhes que não a poderia aceitar. Eles insistiram e então eu reafirmava que tudo o que havia feito por ele e pelos outros alunos, fi-lo por dever profissional e pelo sentido de melhor os servir pois entendia que era essa a minha obrigação. Até que, ao fim de algum tempo, já o Álvaro tinha os olhos banhados em lágrimas, acabei por pegar no presente. Qual fora o meu espanto quando o desembrulhei: era uma camisola do meu Sporting. Também eu me emocionei naquele momento ao mesmo tempo que lhes agradecia. Tratava-se de um gesto simbólico mas com enorme significado e não propriamente uma recompensa. Foi o reconhecimento pela dedicação ao seu caso e a todo o apoio prestado. Resta, por fim, dizer que todos concluíram o Ensino Secundário e dois deles ingressaram mesmo no Ensino Superior. Mantenho os contactos com eles e hoje somos bons amigos. 68


Hélder Miguel Ferreira Barros (Ex-aluno da ESB)

No início do ano letivo 1990/91, entrei pela primeira vez na Escola Secundaria de Barcelinhos. Era o primeiro dia de aulas e a escola estava repleta de novos alunos que se juntavam aos de anos anteriores. Lembro perfeitamente desse dia e do aperto na barriga que senti ao chegar a um lugar novo e desconhecido. No entanto, muito rapidamente, fui reconhecendo algumas caras e conhecendo novas e, rapidamente, senti que era mais um entre muitos que iniciaram ou iriam iniciar uma nova etapa na sua vida académica, social e pessoal. Porque ali, durante os próximos anos, aquela iria ser uma espécie de segunda casa onde passaria a maior parte do meu tempo e onde iria encontrar uma nova família, os amigos além dos profissionais que foram importantes nas minhas escolhas e na minha vida académica. Pondo de lado a parte académica que é a fase mais visível de uma escola, as amizades, relações e laços criados ao longo desses anos serão provavelmente as melhores lembranças que tenho, porque a nossa vida é feita de relações e as emoções que estas despertam. Gosto especialmente de uma frase de Maya Angelou, poeta norte americana: “as pessoas vão esquecer o que tu disseste, vão esquecer o que tu fizeste mas nunca vão esquecer aquilo que as fizeste sentir”. Posso honestamente dizer que deixei parte da minha adolescência e juventude neste local e também parte da minha inocência, afinal foi lá que ganhei as primeiras borbulhas na face, que roubei os primeiros beijos, onde me apaixonei pela primeira vez e onde comecei a olhar para os meus pares de forma diferente. Foi ali que comecei a aprender o significado da amizade, a adquirir uma consciência, a desenvolver a minha identidade, a construir uma personalidade na interação com os colegas, professores, funcionários que, de forma direta ou indireta, contribuíram para formar o homem que sou hoje. Portanto, todos os que partilharam aquele espaço, de uma forma ou de outra, influenciaram ou foram influenciados por ele e pelas pessoas que por lá passaram e o que posso dizer é que tive a sorte de poder frequentar um espaço e um ambiente único do qual me posso orgulhar de ter feito parte. Lembro-me, com alguma nostalgia, de um evento que foi a viagem a Paris no ano de 1996. Foi um momento marcante para mim pois foi a minha primeira “grande viagem” com o extra de o fazer na companhia dos meus melhores amigos. A viagem de autocarro de mais de 24 horas entre Portugal e França foi memorável, com muitos momentos de boa disposição e excelente convívio entre alunos e professores. Depois a cidade de Paris fala por si: o Louvre, a Catedral de Notre Dame, a Torre Eiffel, Montmartre, os Campos Elíseos, o Arco do Triunfo… marcos de uma grande cidade que, por um lado nos transportou para outros tempos na 69


história da Humanidade e que, por outro, nos proporcionou poder sentir o pulsar de uma grande metrópole europeia e ver in loco aquilo que só conhecíamos da televisão ou dos livros. Seguramente foi um importante contributo para a minha formação como individuo e despertou em mim a vontade de viajar e conhecer o mundo. O tempo passou e, apesar da vida nos juntar e afastar por diversas razões, guardo com saudade os tempos passados na Escola Secundária de Barcelinhos das quais fazem parte as memórias, as amizades, as pessoas, os recantos e estórias das quais fiz parte. Resta-me saudar a iniciativa de recordar o passado desta escola, pois recordar é viver. Cumprimentos a todos os que fazem parte dos 25 anos da Escola Secundária de Barcelinhos. Um abraço,

Viagem a Paris, 1996

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Aida Sampaio Lemos (Ex-professora de Português da ESB)

Ecos de um sonho

Todos somos ecos de sonhos e por estes trilhamos caminhos que não raras vezes nos desencantam. O caminho que fiz para ser professora foi motivado por um desses

sonhos

e,

passados

vinte

anos,

tive

alguns

desencantos, sim, mas tive muitos encantamentos que persistem mesmo quando tudo parece não valer tanto a pena. Nesse caminho, várias vezes temi, hesitei, tive medo de falhar, tentei falhar o menos possível ou, pelo menos, o melhor possível. E também venci e ajudei a vencer. Fui professora na Escola Secundária/3 de Barcelinhos de 2006/07 a 2010/2011 e dela há dois locais que foram (e continuam a ser) parte da minha casa: as salas de aulas e a Biblioteca Escolar. Das pessoas que a personificam ― alunos, colegas, funcionários ―

guardo muitas e boas

recordações, sobretudo o respeito e o carinho com que sempre me trataram; dos alunos…bem, dos alunos há imensas e gratas recordações. Há muitos alunos que fazem parte da minha história não só como professora, mas também como pessoa. Há muitos alunos que me fizeram ter a certeza de que a minha escolha em ser professora foi acertada. Há muitos alunos que sinto ter ajudado a encontrar um caminho, enfim, há muitos alunos que fizeram a diferença na minha vida. Tive sorte, tive alunos que responderam aos desafios que lhes propus, superando-os com êxito. Tive alunos que 71

Programa “O Som das Palavras”, Rádio Barcelos 2008/2009


me lançaram desafios e aos quais tentei sempre responder. Juntos, trabalhámos dia-a-dia nas aulas, estudando a língua e a literatura portuguesas, construímos um clube (o Clube da Língua Portuguesa), uma rádio (a Rádio Grafonola), um programa de rádio (O Som das Palavras), escrevemos uma coluna num jornal (as Línguas de Perguntador), fizemos visitas de estudo e intercâmbios escolares, publicámos um livro de contos e uma Revista… Foram anos cheios, de muito trabalho, esforço, aprendizagem, animação, iniciativas, sorrisos e até algumas lágrimas. Acompanhei o crescimento deles, como alunos e pessoas, e hoje, quando oiço na rua chamar “Professora Aida”, reconheço no sorriso mais adulto que para mim se abre o sorriso jovem de outrora e sinto que é mais um eco do sonho que um dia tive e que foi realizado.

Intercâmbio com a Escola de Albufeira, 2010

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Florinda Bogas (Coordenadora da Biblioteca da ESB)

A Biblioteca Escolar

No ano letivo de 96/97, fui colocada na Escola Secundária de Barcelinhos, uma escola da terra, igual a tantas outras onde já tinha trabalhado, de norte a sul, do litoral ao interior. Lecionava turmas do 7º ao 11º ano. Por necessidade de complemento de horário, fui convidada a integrar a equipa da biblioteca, coordenada pelo colega, Avelino Encarnação. O convite agradou-me. Trabalhar com documentos, fazer a sua catalogação e registo aliada à ordenação de todo o trabalho técnico relacionado com o tratamento do livro e de todo o acervo de uma biblioteca, despertou em mim uma curiosidade enorme de poder dar mais à minha escola do que apenas a tarefa de lecionar. Quando surgiu a oportunidade de fazer formação em bibliotecas, na Universidade do Minho, inscrevi-me e fiz a especialização na área. No ano letivo de 1999-2000, na reunião geral de professores realizada no início do ano letivo, tomei conhecimento de que coordenaria a equipa da Biblioteca. Fiquei surpreendida. Nunca imaginei coordenar a equipa. Substituir o professor Encarnação? Não, não era possível. Mas como sempre gostei de desafios, aceitei o cargo. A minha ambição, naquele momento, era introduzir alterações na biblioteca, torná-la atrativa, um lugar onde os alunos se sentissem bem. Acabar com os armários fechados, e deitar fora todas as chaves e cadeados, para que os alunos pudessem usar os livros sem ter que ser a funcionária a encontrar a chave certa no chaveiro

que

carregava,

foi

a

primeira

resolução que tomei. No ano 2000-2001, tomei a iniciativa de fazer

a

primeira

de

três

candidaturas

necessárias à integração na RBE (Rede de Bibliotecas

Escolares).

Por

motivos

óbvios-

armários fechados e outras condicionantes que iam contra aos pressupostos da RBE- as duas 74


candidaturas foram recusadas. Tomei a iniciativa de contornar a situação- retirar todas as portas dos armários e enviei as fotos como se já praticássemos o livre acesso. Foi então aceite a 3ª candidatura, tendo a biblioteca sido integrada na rede em 2004. Foi preparada a sua inauguração para o dia 28 de Abril de 2004. Foi sem dúvida, uma data de mudança. A biblioteca passou a ser então um espaço completamente remodelado, tornou-se num lugar onde o aluno podia interagir com todas as áreas funcionais. Foram criadas as condições para o desenvolvimento de atividades que proporcionassem atingir os objetivos das bibliotecas escolares, tais como o de desenvolver e motivar nos alunos o hábito e o prazer da leitura e da aprendizagem, bem como o uso de todos os recursos da biblioteca ao longo da vida.

Inauguração da Biblioteca da ESB, 2004

Foi também preocupação da biblioteca proporcionar aos alunos o contacto com escritores tais como, Gonçalo M. Tavares, João Tordo, Jacinto Lucas Pires, José Luís Peixoto, José Fanha, Lima Reis, José Elídio Torres, Sousa Dias, Alberto Serra, Vitória de Triães, Valter Hugo Mãe, Fernando Pinheiro, entre muitos outros. Toda esta dinâmica que a coordenação de uma biblioteca exige, é, para um mim, um desafio e um prazer constante: proporcionar a toda a comunidade educativa um espaço que possa ser considerado como “espaço de convívio intelectual”, onde seja possível crescer a esse nível. Ao longo destes 12 anos, foi sempre o meu grande objetivo e, graças a todos os elementos que constituíram as equipas que coordenei, temos feito crescer o interesse e envolvimento dos alunos, não só da nossa escola, mas também, de outras através das parcerias que se têm vindo a efetuar. A prova de tudo isto é uma foto, que guardo religiosamente, aquando 75


de uma visita à feira do livro de uma escola do 1º ciclo. No meio de tanta azáfama, reparo num menino que tinha retirado da estante três grandes livros que começou a folhear. Penso que ficaria ali durante horas, abstraído de tudo e de todos, não fosse a professora tê-lo chamado a atenção que tinha que ir embora. São momentos e recordações como estes que me dão força e coragem para continuar.

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Publicação integrada na iniciativa “Chã de livros” da Biblioteca Escolar da ESB, 2011

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Álvaro Carvalho (Professor da ESB)

CLUBE DE TEATRO UM PERCURSO DE MUITOS ANOS A REPRESENTAR A VIDA NO PALCO

Assim como no Teatro a vida é um jogo constante de improviso, onde temos que driblar os obstáculos, vencer nossos medos, nossas inseguranças, usar a criatividade, ter jogo de cintura para seguir em frente." ELIS PARRA (Atriz Brasileira) A escola enquanto espaço de educação não pode confinar a sua atividade formativa à sala de aula, limitando a sua ação pedagógica à perspetiva dos formadores, veiculada num ambiente formal de aprendizagem. A criança, adolescente ou jovem deve ter a possibilidade de abrir horizontes culturais acedendo a ofertas formativas proporcionadas facultativamente pelas escolas, em ambiente informal, nas mais diversas áreas artísticas: música, desporto, teatro, dança, fotografia, entre outras. Desta forma, poderá desenvolver competências artísticas específicas que, poderão, por um lado, ajudar ao seu sucesso escolar, pelo bem-estar e satisfação da prática da arte desejada, e, por outro lado, abrir portas a um futuro artístico, seja em formação superior, seja pela via da integração e/ou criação de grupos profissionais. Além disso, a par das competências artísticas, desenvolvem-se valores que são fundamentais para o exercício pleno da cidadania: a autonomia, a autoconfiança, a cooperação, o respeito, o cumprimento de regras, a responsabilidade, entre muitos outros. É neste linha que se compreende a existência de um clube de teatro numa escola que, para além dos benefícios educativos supramencionados para os alunos que o integram, proporciona a um público mais vasto, constituído, na sua maioria, por elementos da própria comunidade educativa – professores, alunos, pais e encarregados de educação e funcionários, e também pelo público em geral do meio envolvente à escola, o benefício de momentos extremamente enriquecedores do ponto de vista cultural, social e lúdico. A escola abre-se, assim, à comunidade que se sente parte integrante da mesma, recebendo o feedback do que aí se faz no domínio da ocupação sadia dos tempos livres dos alunos. 79


O Clube de Teatro da Escola Secundária de Barcelinhos foi criado no ano letivo de 95/96 pelo professor Álvaro Carvalho que permanece desde essa data como o encenador do grupo. Conforme refere a citação inicial foi necessário, ao longo destes anos, «driblar obstáculos, vencer nossos medos, nossas inseguranças, usar a criatividade, ter jogo de cintura para seguir em frente» e manter bem vivo o clube. No ano da estreia representou-se a peça o «Auto do Curandeiro», de António Aleixo, que foi apresentada num palco improvisado na cantina da escola, tal como no ano seguinte, 96/97 com a representação de «O Doido e a Morte» de Raúl Brandão.

Representação da peça “Grande Circo Ibérico”, 2009

As representações aconteceram no final do segundo período, na quinta-feira, à noite, para professores, funcionários, encarregados de educação, alunos do secundários e público em geral e na sexta-feira à tarde para os restantes alunos. Os espetáculos sempre tiveram salas cheias de público nas duas representações e têm merecido regularmente críticas muito positivas. Segundo William Shakespeare «O mundo é um palco. E homens e mulheres, não mais que meros atores. Entram e saem de cena e durante a sua vida não fazem mais do que desempenhar alguns papéis.» Pelo palco da Escola de Barcelinhos passaram dezenas de atores que desempenharam variadíssimos papéis e que hoje 80


estão no palco do mundo na sua vida a encarnar outros papéis bem mais exigentes. Também Sarah Kane diz que «se o teatro pode modificar a vida de qualquer um, por consequência, pode certamente modificar a sociedade, dado que fazemos parte dela.» Ora, o clube de teatro da Escola de Barcelinhos deu ao longo destes anos o seu contributo para modificar a sociedade através de peças selecionadas, com mensagens apropriadas ao seu público-alvo, particularmente aos alunos. No ano letivo de 97/98, já no novo palco do atual «auditório», representou-se o «Auto da Barca do Inferno», de Gil Vicente e no ano seguinte, a peça «O Lixo» de Francisco Nicholson. No ano de 99/00, foi a vez de Molière e a peça «Casado à Força», prosseguindo em 00/01 com «É(H) Meu!» de Jaime Gralheiro. «Universos e Frigoríficos», foi a peça de Jacinto Lucas Pires, apresentada em 01/02, seguindo-se no ano letivo de 02/03, «Os Herdeiros da Lua de Joana» e «O Meu Caso», respetivamente de Maria Teresa Gonzalez e José Régio.

Representação da peça “Vamos mas é curtir”, 2008

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No ano letivo de 2003/2004, o Clube esteve ativo com a realização de várias atividades, particularmente com trabalhos a nível de expressão vocal e corporal, mas não apresentou qualquer peça. No ano seguinte, 04/05 retomou as representações com a repetição da peça «Auto do Curandeiro», de António Aleixo, e em 05/06 foi a vez de Eça de Queirós e a sua «Relíquia» adaptada ao teatro. No ano letivo de 06/07 retomou-se o Gil Vicente com o «Auto da Barco do Inferno», para em 07/08 se representar uma adaptação de «O Empreiteiro de José Léon Machado, a que se deu o título de «Vamos mas é curtir» e que resultou da seleção de quatro textos da referida obra. Em 08/09 o Clube, aproveitando os recursos humanos do curso profissional de Animador Sociocultural, representou, em colaboração com os alunos deste curso, a peça «Circo Ibérico» de Jaime Gralheiro, prosseguindo com a mesma estratégia de colaboração no ano seguinte para representar «O Sonho de uma noite de Verão» de William Shakespeare, adaptação de Hélia Correia. O mesmo sucedeu na última apresentação, em 2010/2011, em que se representou «Diabos à Solta», uma adaptação de quatro textos vicentinos: «Auto da Barca do Inferno»; «Auto da Índia»; «Auto da Feira» e «Farsa de Inês Pereira». Ora sendo «O teatro um alimento tão indispensável à vida como o pão e o vinho... O teatro é pois um serviço público. Como o gaz, a água, a electricidade...» diz Jean Vilar, o Clube de teatro de Barcelinhos, tem prestado esse serviço público ao longo destes anos, constituindo-se praticamente como uma atividade indispensável

a

esta

comunidade educativa. É

óbvio

que

o

sucesso deste Clube de teatro primeiro

se

deve, lugar,

em aos

alunos e à sua vontade, à sua determinação, ao seu desejo de superar desafios, à sua arte de representar a vida nas suas

mais

variadas

dimensões. Mas deve-se, Representação da peça “Diabos à solta”, 2011

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com certeza, a muito


trabalho de professores colaboradores, destacando-se o professor Jorge Salgueiro, na sua regularidade no papel de ponto e de colaboração nos adereços, cenários e roupas. É tempo de lembrar merecidamente a passagem fundamental por este grupo de vários professores que desempenharam o cargo de coordenadores, como foram os casos da professora Idalina Pereira, sempre muito empenhada em levar a bom termo cada representação que se fazia, a professora Fernando Pinto que esteve na escola um ano, 2008/2009, mas que se dedicou com alma ao Clube e, mais recentemente, o trabalho importante da professora Paula Freitas. Outros colaboradores, no domínio da construção de cenários, foram os professores de Educação Visual, destacando-se os professores João Paulo Vieira, Emanuel, Carlos Pereira e Sónia Morgado. Uma palavra, ainda, para os grupos de estágio da Português da Universidade do Minho que passaram pela escola e sempre tiverem papel ativo no Clube, quer a representar, quer na elaboração de cenários, quer, ainda, na colaboração nos ensaios. É indispensável, ainda, focar a especial colaboração dos funcionários da escola, particularmente o Sr. Domingos, D. Conceição e a Nani, que sempre responderam afirmativa e prontamente a qualquer pedido de colaboração. Uma última palavra de reconhecimento para a Associação de Pais que tem prestado um apoio financeiro fundamental para o aluguer das roupas ou para os cenários e para as direções da escola que ao longo dos anos acreditaram neste projeto e o apoiaram incondicionalmente, possibilitando a sua efetiva concretização através dos mais variados apoios. Termino deixando duas citações que espelham a atividade deste grupo, uma para o público e outra para o elenco. A primeira é de Carlos Drummond de Andrade que diz «Ir ao teatro é como ir à vida sem nos comprometer» e a segunda é de Bertolt Brecht e diz que «O prazer é a mais nobre função da atividade teatral».

Brochura “Auto da Barca do Inferno”, ESB, 1999

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Domingos Sousa (Assistente Operacional da ESB)

TESTEMUNHO…. CURSOS EFA

Quando em Janeiro de 2007, se começava a pôr de pé a ideia de iniciar, pela primeira vez nesta escola, um curso para adultos, fiquei hesitante quanto à iniciativa. A escola nunca teve essa tradição, algumas coisas tinham que mudar, nomeadamente a logística relativa ao pessoal. A escola passaria a encerrar perto da meia-noite. Eu, que trabalho, há muitos anos como encarregado do pessoal não docente desta escola Também passaria a ser t aluno. Era uma grande mudança! A sete de Fevereiro desse ano o curso iniciou. Sentámo-nos a ouvir os formadores, começámos a “teclar” no computador e a falar Inglês. Aos poucos, começámos a sentir um grande entusiasmo. Afinal, tínhamos tanto para aprender… Não foram tudo rosas…muitas vezes sentimos cansaço, mas o convívio entre os colegas, os desafios que os nossos formadores nos foram colocando e sobretudo o interesse pela aprendizagem, fizeram de nós novas pessoas. Hoje sabemos escrever e ler com mais facilidade, sabemos o que é o PIB de uma Nação, sabemos mandar e receber um e-mail, pesquisar um assunto na Internet, anexar um arquivo, falar um pouco de Inglês. Ao longo desta formação construímos um Portefólio com todo o trabalho desenvolvido de que muito nos orgulhamos, sobretudo no tema respeitante ao Meu Concelho/À Minha Freguesia. Apesar de termos desenvolvido outros temas como: O Mundo Pessoal, O mundo do Trabalho, A União Europeia, realizadas algumas visitas de estudo e alguns convívios, este foi, para mim, um dos momentos mais altos do curso, dado termos feito uma apresentação muito interessante e bem conseguida à comunidade. Nesta hora, quero deixar palavras de agradecimento ao Presidente do Conselho Executivo, professor António Carvalho, que me incentivou a frequentar este curso, aos mediadores e formadores que souberam transmitir os conhecimentos e me ajudaram nas tarefas exigidas; aos meus colegas pelo convívio e amizade que encetamos ao longo deste tempo. É com verdade que vos digo que, durante este tempo, tive menos constipações, apesar dos Invernos rigorosos e não fui obrigado a fazer os exames que todos os anos me eram recomendados por ser diabético e

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insulina/dependente. Ocupei a minha cabeça com algo que me deu prazer, entretive o meu tempo de lazer no estudo e isso foi muito saudável e gratificante. Novas oportunidades! Para mim esta foi uma oportunidade não só nova, mas renovadora de uma pessoa para quem o aprender e o estudo tinha acontecido há muitos anos e, pensava eu, não voltaria a acontecer. Aconteceu! E eu estou muito feliz, por não ter desperdiçado a oportunidade e o tempo. Com sessenta e três anos de idade, completei o ensino EFA/Secundário, em 2010/2011. Com esta formação, saio mais enriquecido, porque o desempenho pessoal e profissionais passou a ser melhor. Em jeito de conclusão poderei dizer que em 1973 me candidatei a uma vaga de contínuo no Liceu Nacional de Barcelos (Casa Sá Carneiro em Barcelinhos) e fui admitido e em 1986, fui transferido para a Escola Secundária de Barcelinhos. Com aproximadamente quarenta anos de efetivo serviço e com a aposentação para breve, levo o sentimento do dever cumprido e quero aqui deixar o meu penhorado agradecimento às pessoas que comigo partilharam os bons momentos da minha vida: direções da escola, corpo docente, colegas de trabalho e toda a comunidade educativa.

Ateliê de saúde, curso EFA B3

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Hélder Briote (Ex-aluno da ESB)

Olá a todos! Lembram-se

daquela

árvore

junto

das

escadas de acesso ao Polivalente? Quantas vezes ela ardeu?? Lembram-se do Sr. Domingos vir a correr com o extintor e apagar a "linda" labareda que a consumia? E os deliciosos croissants com manteiga aquecidos que eram servidos com muito amor e carinho pelas lindas senhoras que nos ajudavam a saciar a fome? Velhos tempos... é caso para lembrar Tony de Matos. Voltava atrás para voltar a viver esses tempos, mas de certeza que o faria com mais intensidade e alegria... estava sempre a dizer que só queria ter 18 anos

para

adolescente -

ser

independente

-

mania

de

e fazer o que me apetecesse...

enfim… Beijos e abraços!!

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Hugo Sousa (Ex-aluno da ESB)

Uma Escola... Uma Vida...

Passaram quase 13 anos desde que “saí” desta Escola... parece que foi ontem! Não passa um dia em que não recorde com saudade e alegria os tempos vividos, como estudante, no “Liceu de S. Brás”... Perdoemme as modernices, mas para mim e para toda uma geração esta escola será sempre o “Liceu de S. Brás”!!! Recordo-me dos amigos, funcionários e professores que marcaram o meu crescimento de forma inexplicável e incompreensível... Talvez seja só a minha geração, talvez sejam todas as gerações, mas quem passou pelo “Liceu de S. Brás” foi certamente tocado pela forma como a escola funcionava! Ter de sumariar 6 anos vividos de forma intensa é difícil... Difícil de mais porque existe o risco de me esquecer de referir momentos que nunca se apagarão da minha memória, mesmo que não possam ser escritos! Desculpem-me todos aqueles que não referir, mas tenho de partilhar convosco histórias e estórias vividas com quem me fez crescer... Ao percorrer o meu percurso escolar começo por recordar 2 momentos vividos no 7º ano... As aulas de História da Professora Isabel Trigueiros foram fonte de desenvolvimento do gosto que desenvolvi por História. Eram aulas cuidadosamente preparadas e de tal forma descritivas que sentado à carteira partia em aventuras pré-históricas tal como uma personagem de um filme, vivenciando as experiências que a professora descrevia. Relembro também a forma como o Prof. Abel me despertou o interesse pelas Ciências. Até essa altura eu achava que ia ser Advogado, talvez por ser refilão e achar que ia poder mandar, mas o entusiasmo com que o estagiário Prof. Abel falava das ciências da natureza e da vida acabou por ser muito provavelmente a causa de tudo aquilo que sou hoje... um viciado em documentários da natureza e um viciado em ciência! E lembro-me de plantarmos algumas árvores... não sei se elas resistiram ao tempo, mas as memórias resistiram! Corria o ano de 1993 e a Dra. Manuela Ferreira Leite, Ministra da Educação, impunha o pagamento de propinas no ensino superior! O que é que isto tinha a ver connosco... nada, mas certo é que houve greve e um “passeio”, em manifestação, até Barcelos... Conseguimos cortar o trânsito na ponte velha e tudo! Eu não percebia bem para que servia aquilo, mas quando um estudante se queixa, queixam-se todos... e eu aprendi isso!

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Lembro-me do Sr. Domingos e da D. Conceição no bar... das torradas a 10 escudos!!!! E nunca mais me hei de esquecer de um dia em que uma aluna pediu duas torradas ao Sr. Domingos e depois lhe disse em tom de gozo: “Olhe, Deus lhe pague Sr. Domingos... É que eu não tenho dinheiro!”... Nunca mais me esquecerei da resposta do Sr. Domingos: “Vai lá minha filha, vai à tua vida!”...é isto... é isto que ajuda a construir pessoas! A passagem para o 8º ano foi marcante... Lembro-me, ainda hoje, das aulas de Educação Física ao sábado de manhã!!! Sim... sábado de manhã!!! Mas lembro-me principalmente de, depois da aula de Educação Física, termos de correr para a aula de Inglês antes do 2º toque... era só descer do pavilhão desportivo até ao bloco 3, mas as aulas da Prof. Mafalda eram tão concorridas que acabávamos por ficar sempre até tarde! Resultado... o professor de inglês dava aula a metade da turma... porque a outra metade ficava quase sempre à porta... ainda hoje não sei porque é que eram os rapazes a chegar atrasados... Amigos, e que dizer do que fazíamos à “pobre” Profª. Eva (História)... Nós gostávamos mesmo dela! E a Matemática com a Profa. Graça Teles??? Inesquecível... Todos diziam que o 8º ano era o ano mais difícil, não achei! De facto, foi dos anos mais produtivos para a construção da minha personalidade! Ainda hoje revejo amigos que fiz nessa altura e é bom ver que, apesar das diferenças de idade que existiam entre alguns de nós, elas serviram apenas para nos mostrar o que vale a amizade! No 9º ano chegou, para mim, a altura dos amores... mas vamos deixar isso de parte... Foi de facto um ano marcante. Lembro-me das festas de final de período na Cantina!!! Lembro-me do Sheriff (Prof. Neto) e de nos ajudarmos a vigiar os funcionários para podermos namorar atrás dos pavilhões... quem não se lembra!!! Ah... e as eleições para a Associação de Estudantes???? Quem não se lembra da primeira vez que presenciou umas eleições destas? As corridas para apanhar rebuçados nos intervalos... A espera pelo lançamento das tshirts. Incrível! Ganhava sempre quem tinha mais coisas para oferecer!? Mas a coisa que mais me marcou no 9º ano foi o “falso copianço” a Ciências Físico-químicas. Como tinha medo de me esquecer das fórmulas, armei-me em esperto e escrevi-as, a lápis, na tampa da minha máquina de calcular CASIO FX-82 (até decorei o modelo…). A inexperiência a cabular era tão grande que quando precisei da máquina, 5 minutos depois do teste começar, atrapalhei-me todo e a Professora descobriu a cábula. Ups! Já foste, pensei eu. E não é que fui mesmo? A Professora deixou-me fazer o teste, entregou-o depois da correção, juntamente com o dos meus colegas, e disse: “Não fosse a cábula e tinhas 95%, assim tens 0!” Mais um ensinamento para a vida! Para cabular primeiro há que estudar...

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E assim terminou o ciclo pré-secundário. Chegada a escolha da área que iria determinar o meu futuro não tive dúvidas, Científico-Natural! Afinal eu já sabia que queria ser médico-investigador e trabalhar com vírus!!! Imaginem lá a minha determinação… À chegada ao 10º ano, as expectativas não saíram furadas! Tinha como professor de Tecnologias Laboratoriais de Biologia o Prof. Jaime Dantas.... E que professor! Não havia nada que lhe escapasse... era tudo ao pormenor! Até os testes eram ao pormenor, o que fazia de nós uns alunos com notas menos boas, mas com grandes conhecimentos! Com o 10º ano surgiu também a responsabilidade de ser o delegado de turma. Era ver-me a correr nos intervalos para a reprografia para tratar das cópias para a turma toda... pior era que eu até fazia resumos a computador para que todos percebessem a minha “letra”! O contacto com a Filosofia e o Prof. Vale Lima foi muito importante... foi aqui que descobri algumas premissas que fazem parte da minha vida e da lógica racional com que tendo a olhar o mundo! Mas com o secundário chega também o reforço das amizades. Afinal nem todos continuaram a estudar e já não estamos na mesma turma de sempre, com os mesmos colegas. Contudo, isso trouxe imensas

Desfile de moda - ESB

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vantagens, ou não fosse ainda hoje ter como grandes amigos aqueles que entraram na minha vida nesta fase. Lembro-me de um passeio a Mérida. Não sei se foi no 10º ou 11º ano. Ficamos alojados em Portalegre, não sei bem se era um colégio, um internato ou lá o que era, mas aqueles quartos, tipo camaratas, deram muito que falar... E os balneários comuns com duche de água fria onde entravamos, à vez, com professores a separar os rapazes das raparigas! Lembro-me do regresso... o Prof. Neto e a Prof.ª Teresa Paula “chateados” connosco, da Profª. Idalina, sempre bem-disposta... e, principalmente, do Prof. João Paulo acordar com pasta dos dentes no nariz. Meu Deus!!! Lembro-me também das reuniões com a Diretora de Turma do 11º ano, a Profª. Helena Trigueiros dos conselhos persistentes com que me presenteava: “Hugo não te metas na associação... olha que assim não consegues entrar em medicina!” Mas também me lembro do trabalho que ela me dava como delegado de turma... que o diga o Sr. Rui da reprografia! Não devia haver mais ninguém que passasse tanto tempo lá quanto eu... Lembro-me das discussões com o Prof. Antonino... Eu adorava Físico-química, mas tirar 15 nos testes matava-me! No final fiz melhoria de nota e ainda hoje tenho cópia do exame em casa!!! 16 páginas escritas...2 versões para cada exercício (a do professor e a dos livros)... parece que estou a ouvir a Profª. Idalina, que estava a vigiar os exames, perguntar: “Ó Hugo, para que quer mais folhas de teste... isso não lhe chega?” e o resultado foi 19 valores!!! Tenho ainda de lembrar as festas de final de período! É impossível descrever tudo o que se passava nestas festas... eram qualquer coisa do outro mundo! Ficávamos todos a “trabalhar” durante um período inteiro à espera do último dia de aulas! Nesse dia não havia aulas... havia os concertos das bandas de garagem... e havia a Eleição Miss e Mister!!! Inesquecível... Já me ia esquecendo de referir a Profª Júlia (Inglês)... nunca senti uma professora tão próxima dos alunos como ela! Acho que a juventude que trazia dentro dela transparecia... podíamos não ser fantásticos alunos nas aulas, mas éramos alunos fantásticos, não éramos? Até que chegou o 12º ano! Para mim o melhor ano passado no “Liceu de S. Brás”! Não foi por ser o último... mas por tudo o que cresci nesse ano! Pelos momentos passados entre amigos... Primeiro tenho de destacar o Teatro! Não, não fui ator, apenas o controlador de luz e som... Mas a peça “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, não foi apenas a primeira grande obra apresentada na Escola, foi também uma fonte de amigos desconhecidos... alguns tímidos outros extrovertidos que se revelaram sob orientação do Prof. Álvaro Carvalho! Lembro-me dos ensaios ao longo de semanas, das saídas dos ensaios à 1h da manhã para ir

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ao Pérola comer uma francesinha antes de ir para casa, do Prof. João Paulo e do Prof. Jorge Salgueiro e também me lembro da subida do “Top” !!! Lembro-me do Prof. Jaime Dantas em Biologia... e nunca me hei de esquecer da cara dele quando lhe dissemos que, mesmo com as vistorias e vigilância apertada dele, conseguíamos copiar nos testes! Mas também me lembro do orgulho que vi nos olhos dele quando no final dos exames nacionais percebeu que as nossas notas tinham sido na generalidade melhores do que as notas internas! - Vá professor, eu ainda hoje acho que merecia um 18 e não um 16!!!! Por esta altura, sonhava ir estudar para fora... ir para Inglaterra para a universidade... Passava imenso tempo na Biblioteca, às vezes na internet, outras no Mirc, outras na conversa com a Ângela (funcionária). Lembro-me da primeira apresentação em powerpoint que fiz em 1999 para TLB sobre “Espécies em vias de extinção”! Não havia data shows, por isso ficamos todos à volta do ecrã do computador na Biblioteca...uma coisa do outro mundo! Lembro-me do último dia (ou não) em que entrei na escola, em Agosto de 1999! Fui buscar a minha Ficha ENES!!! Perdi algum tempo para cumprimentar as pessoas que me marcaram... Enfim... Recordo-me dos amigos, funcionários e professores que marcaram o meu crescimento de forma inexplicável e incompreensível... de A a Z... OBRIGADO!

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Joana Elvira Vilas Boas de Sousa (Ex-aluna da ESB)

Recordando os tempos de “liceu”, poderia enumerar diversos acontecimentos ou episódios relevantes na minha vida escolar, mas sem dúvida que um dos mais significativos, foi o facto de que conheci o meu marido nesta escola, onde começamos a namorar, no décimo ano e passados doze anos, casamos. Na atualidade, já temos um fruto dessa união, uma filha linda, a Mariana, que espero que, daqui a uns bons anos, também estude na mesma Escola Secundária de Barcelinhos. Acredito que esta história será um lugar-comum, no meio de muitas outras semelhantes, mas por isso mesmo, revela a importância de uma escola, numa altura da vida de um estudante, que tem repercussões para toda a vida, quer em termos profissionais, quer em termos pessoais. Obrigada à Escola Secundária de Barcelinhos e à Marta Flora, a amiga que nos apresentou.

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Joaquim Areias Duarte (Ex-professor das disciplinas de Comunicação e Difusão e Trabalhos de Aplicação da ESB)

Aquele ano na Escola Secundária de Barcelinhos…

No quase-quase dobrar de século e de milénio, passei por aqui, por esta escola. Corria o letivo ano de mil e novecentos e noventa e oito, traço, nove. Chegara em setembro, como acontece em todas as colocações, e trazia na mente não apenas a expetativa de lecionar Filosofia ou Psicologia, como o havia feito até ali, mas também a de experienciar uma nova vivência num outro contexto, diferente do da escola de onde vinha (onde voltei logo no ano seguinte e permaneço com gosto e dedicação). Porém, aquele arroubo, quase juvenil, de conhecer outras escolas falara mais alto (afinal já passara por outras, nas minhas primícias andanças de professor, da orla marítima – Esposende, ao interior alentejano de noturnos céus cristalinos Portalegre; já rumara ao antigo D. Manuel II, hoje E. S. Rodrigues de Freitas, e conhecera a realidade de outras ainda, entre Braga e Barcelos, D. Maria II, E.S. Barcelos, Alcaides de Faria,…); e eis-me que chegava, então, à de “S. Brás”. Reunião de área disciplinar, distribuição de horários. “Areias, não te importas de lecionar Comunicação e Difusão e também Trabalhos de Aplicação nessa área?” - “Porque não!” No fundo sabia que tinha um desafio pela frente. Novas disciplinas, cinco níveis, três anos de escolaridade. Todas as expetativas em aberto, alguma apreensão. Foi o início de um ano letivo diferente, de imensa aplicação e trabalho, mas deveras gratificante. Um ano em que também cresci e me desenvolvi com os alunos em processo de desenvolvimento. Embrenhei-me no mundo da

Professores Joaquim Areias e Céu Veloso com a turma do Curso Tecnológico de Comunicação e Difusão da ESB, 1998/99

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comunicação, muni-me de nova bibliografia,


planeei de raiz novas lições (e como que coloquei a Filosofia entre parêntesis, embora não houvesse semana que dela não falasse com os colegas, estimados colegas, o Francisco Campinho, o José Vale Lima, a Helena Trigueiros). Dei aulas em salas onde, por entre teorias da comunicação, princípios da notícia ou da reportagem, e a interação pedagógica, se ouviam os pássaros dos campos em volta; onde, por entre o teclar de computadores e o labor vibrante daqueles alunos exercitando a construção de notícias, reportagens ou crónicas, por entre esse frenesi, soava também a melodia sineira de uma torre de igreja das redondezas. Foi um ano na Escola Secundária de Barcelinhos, um ano que a memória agora resgata segundo estas palavras, outras seriam, quem sabe, se deixasse para mais logo, ou para amanhã; mas, é este o quadro que agora convoco e as sinapses assim concebem. E entre memórias de bons colegas que por aí voltei a contactar (alguns dos inesquecíveis tempos do Liceu, “passa bem, Jaime!”, como dos não menos memoráveis tempos da tropa, “viva, Vilas Boas!”) e outros bons amigos que conheci; guardo um lugar muito especial na memória e afeto para aqueles que foram meus alunos, bravos alunos, os pequenos-grandes jornalistas que, de trimestre em trimestre, suscitavam na comunidade a avidez da novidade, com as suas notícias, crónicas, reportagens e fotografias n`O Caloiro (jornal escolar que finalizou nesse ano, e em grande, numa última edição em “papel de jornal a sério” – como diziam os alunos do décimo segundo ano, orgulhosos, quando saiu da gráfica), ou no nascente Tintim por Tintim (que ajudei a fundar com os meus alunos do décimo e décimo primeiro, e a voluntariosa professora Maria do Céu Veloso, colega de lide nas aulas práticas de informática quantas horas passadas ao computador nas vésperas da edição impressa!). Pedem-me um testemunho da minha breve passagem por esta escola, em ano de celebração dos seus vinte e cinco anos, aqui o deixo (sabendo que tantas outras memórias não cabem nas medidas destas linhas) e com ele a grata e agradável memória de que foi uma experiência enriquecedora, não no sentido apenas de quem a relembra mas, estou em crer, de todos aqueles com quem privei, alunos, colegas professores, pessoal não docente, numa palavra, da escola. Parabéns pelos vossos 25 anos a formar

Jornal “Tintim por Tintim”, nº 1 – 1998/99

pessoas! 99

Jornal “O Caloiro” – 1998/99


Jorge Salgueiro Lopes (Professor de Português e Francês da ESB)

Argentia Festa

Quem és tu?

Em seu alto planalto S. Brás

Eu sou

Reflete o brilho da galáxia

“ARGENTIA”, a jovem latina

Dos históricos timoneiros

Nascida menina

Mariazinha; Rosa Gonçalves;

Hoje, jovem adulta

Ramires Cruz; Carlos Neto

Vestida de festa e luz

E António Carvalho

De um brilhante azul iris

Petrificada e apenas protegida

E coração vermelho de paixão doce

Pela matinal bruma barcelinense

Cujo íntimo publicamente tão reconhecido

Onde nasceu revolucionária

Com seus 25 anos

E em 2006, com 20 anos

Nascida em 01.10.1986

Adotou novos filhos

Sob o signo cardeal do Ar-Balança

Oriundos da imperialista Europa Central

Acreditando no lema «Eu equilibro!»

Apadrinhados pelas Novas Oportunidades

Graciosa, encantadora e atraente

Dando-lhe o look da esperança e profissionalismo futuros

Com carisma e personalidade

Quando o Ministério da Educação se atreve a fazer história

Diplomata, mediadora e altruísta

Mudando as páginas do seu B.I. ou C.C. …

Quero aprender e ensinar

Tomo chá…

Sabedoria humorística e dramática de Gil Vicente

Com sabor a carinhos de longínquas memórias,

Conhecimento heterortónimo filosófico de Pessoa

Passadas, presentes e vindouras

Humanismo puro do Padre António Vieira

Longitudinalmente atravessadas

Olhar crítico cosmopolita e aquilino de Eça

Por gerações presenteadas através do slogan

Língua Nobel de Saramago

25 ANOS, DESDE 1986, A FORMAR IDENTIDADES

Antiguidade Clássica camoniana

Marcando o futuro

À beira- esquerda do Cávado plantada

Ao correr da escarlate pena e esbaforida

Cujo glorioso leito

Com sorrisos marotos 100


De uma jovem coquette

Do lacre lavrado

Que seu tom cativa e adoça

Pelas humildes e puras mãos arquitetadas

Hoje, aqui, merecidamente homenageada

Da Iris do Conhecimento e Experiência vividas

Pelos outros jovens também já lapidados

Com seus níveos vestidos e rendados trajes

Ofuscando com seus brilhos

Hoje, aqui, legitimados

E trilhando vias científicas únicas

E prostrados de artísticas qualidades e valências

Ao serviço do Saber e Investigação

Do perfeito pináculo da nossa Schola

Servindo todos desta Comunidade

Vieram todos à ARGENTIA FESTA?

Aprender e ensinar-Pilares e alfaias

Os mais afoitos e dedicados

Que fluem ao longo do brilho da memorial pena

Os convivas arrojados pela sede do infinito

De mãos dadas como irmãos gémeos

Levantando seus peitos heróicos

Com suspiros sinestésicos de emoções

E seus escudos épicos estóicos

Pinto com minha pena

Ouvindo ao som doce da doirada lira

O cantar do Galo emblemático

Melodiosas odes e mesclados sonetos

Das plumas multicolores

Com metafóricas rimas e entrelaçadas métricas

Arquétipo das gentes lusas minhotas

E pinto através da argentia musa pena

Atravesso romanicamente as águas do Cávado

Rejuvenescida e timbrada

Para visitar a Argentia

Dos corações fortes e consagrados

Acenando aos altaneiros nobres atos

Aos futuros e infinitos saberes

Da Dinastia dos Condes de Bragança…

Da arte de aprender e ensinar

Mexo e remexo

Queremos TODOS bater palmas e brindar

No infindável baú

Levantando as prateadas e majestosas taças

Das timbradas memórias

Cantando “PARABÉNS!”

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José Carlos Cruz (Professor de Educação Física da ESB)

O Clube de basquetebol

Decorria o ano de 1991, quando um grupo de alunos, pertencentes à direção da associação de estudantes e da equipa de basquetebol do desporto escolar, pensou criar um clube na nossa escola, com o objetivo de possibilitar aos alunos a ocupação dos seus tempos livres e a prática desportiva, projeto este que se concretizou e que felizmente se tem revelado de sucesso quer a nível formativo, quer desportivo. Este grupo, neste mesmo ano, teve

a

sua

primeira

participação

competitiva extra desporto escolar no torneio Caça Cigarros, onde conseguiu a proeza de chegar à final do referido torneio. A esta participação seguiram-se outras das quais gostaria de destacar o torneio das “festas das cruzes”. No ano seguinte, em 1992, este

1ª equipa. Em cima: Zé Mário (treinador); Vasco Gomes; Nuno; Rui; Ilídio; José Carlos;

grupo de alunos resolveu federar a

Joel Sá (Presidente) Em baixo: José Mário; Ricardo; Pedro; Cláudio; Miguel

equipa na Associação de Basquetebol de Braga (ABB), de forma a participar

no Campeonato Distrital de Cadetes Masculinos, tendo o clube o nome de Associação de Estudantes Basquete Clube (A.E.B.C.). No início foi difícil, pois os recursos eram nulos, mas a vontade e o entusiasmo pelo novo desafio superava todas as dificuldades.

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O empreendedorismo e espírito de iniciativa do presidente da AE e seus colaboradores tornaram este clube numa referência do basquetebol concelhio e distrital, sendo presentemente o maior clube de formação do concelho. Em 1995, os ex-dirigentes da Associação de Estudantes - Joel Sá e Hilário Oliveira - em colaboração com outros barcelenses que admiravam e nutriam pela modalidade uma grande admiração, resolveram fundar um novo clube, o BASQUETE CLUBE DE BARCELOS.

Equipa 1991. Em cima: Prof. José Carlos Cruz; (treinador); Ilídio; José Carlos; Vasco; Rui; Joel Sá (Presidente); Armando Pinto; …; Ilídio; José Carlos; Hilário (Vice-Presidente) Em baixo: Patrícia; Ricardo (chicha); Ricardo; Rui; Rafael

Simultaneamente, com esta alteração de nome do clube, seguiu-se também a mudança do emblema, visando acompanhar as tendências do desporto e em resultado da necessidade da sua divulgação junto da população, tornando-o mais atrativo e expressivo.

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José Padrão (Ex-aluno da ESB)

Historinhas da Escola de S. Brás – Barcelinhos

9 º Ano - Quando cheguei ao 9º ano, era novinho, muito tímido, com a inocência típica da idade daquela altura. Apanhei uma turma chamada a “turma dos terrores”, que no ano anterior deu muitos problemas (castigos e processos disciplinares, verdadeiros “clientes habituais” do conselho diretivo). Numa tentativa de acalmar ânimos, o diretor distribuiu esses alunos problemáticos por todas as turmas do 9º ano. Logicamente, na minha turma “caíram” alguns que, por consideração e respeito, não vou divulgar os seus nomes. Era engraçado nas aulas de Saúde com o Prof. JB (José Barbosa, vice-presidente do conselho diretivo) que tinham a duração de 2 horas: a 1ª era ocupada com os sermões à turma, aliás por vezes na 1ª hora o Professor chamava um aluno para lhe dar um sermão e os restantes ficavam fora da sala à espera. Numa das vezes, o aluno X, a brincar com um isqueiro começou a incendiar o cabelo de uma miúda para a assustar. O nosso “Professor aliado, ou conselheiro”, era o Eng. Encarnação, ele sim, tinha algum domínio sobre a turma e nas aulas de Mecanotecnia dava-nos um “chá” calmante. Passeio a Oeiras – Inatel Numa visita de estudo a Lisboa durante 2 dias, ficamos no Inatel de Oeiras. Que noite louca!!!!! A minha turma foi “comandada” pelo Prof. Álvaro Carvalho e seus estagiários. Estivemos sujeitos a várias regras: nada de bebidas alcoólicas, nada de sair dos quartos, muito menos das instalações do Inatel, e manter silêncio pois estavam lá outras organizações. Mas nada disto se cumpriu (falo da minha “equipa”). Bebemos muitas minissagres, juntamo-nos, por acaso, 4 rapazes e 4 raparigas num quarto e passamos a noite toda a jogar às escondidas. Lembro-me de ver o Professor António Carvalho (Presidente do Conselho Diretivo), ás 03h nos corredores, com o cinto na mão, a tentar manter a ordem, mas estava tudo desordenado e desnorteado…! No dia seguinte toda a gente sabia que os distúrbios da noite foram causados pelos alunos da Escola Secundaria de Barcelinhos. Ficamos proibidos de lá voltar.

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Visita de Estudo à Casa de Camilo Castelo Branco – S. Miguel de Ceide – V.N. Famalicão A minha turma foi visitar a casa museu de Camilo Castelo Branco a S. Miguel de Ceide (Famalicão) com o Professor Álvaro Carvalho. Lembro-me que, no decorrer da visita eu estava “apertadinho” para ir ao WC, e vejo uma porta aberta com uma sanita. Uau! Era mesmo isto e entrei. Achei estranho não ter o sinal de uso nem autoclismo… Quando saí, estava toda a gente a rir-se, eu acabava de urinar no “WC museu” da casa de Camilo Castelo Branco…

Casa de Camilo, São Miguel de Ceide

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Luciana Esteves (Ex-aluna da ESB)

”-Domingo vai-se realizar uma batalha de flores na cidade”. A nossa escola também vai participar. Levaremos um alambique num camião e precisamos da vossa ajuda. Devem vestir-se de branco … “– e por aí continuavam as recomendações e as informações. “-Mas que é isto?” – perguntámos nós – “Só podem estar doidos! Estes professores não têm mais nada para fazer?” Foi desta forma que começou esta aventura. No dia previsto, um domingo, à hora marcada, lá estávamos. De branco integral - que vergonha! E quando íamos pela rua até à cidade? Aqueles olhares inquisidores… o preto integral era mais comum, apesar de nem sempre muito bem visto, mas branco? Coitados! Este mundo está perdido, percebia-se em alguns rostos. Outros muito curiosos a tentar adivinhar para onde íamos. E junto ao camião “quem são estes professores?” - um com ar sério, o outro com ar de cientista louco! “- Venham! Subam para o camião!” - disse este último professor. Lá subimos. Que confusão! E o chão ali ao lado, do outro lado do taipal. Pensei: “Bolas! Esta geringonça (o alambique) é mesmo grande. Os pés mal cabem à volta para nos podermos apoiar!”. Mas a verdade é que lá fomos empoleirados. Caras pintadas (maquilhagem? Nada disso! Bâton espalhado no rosto. Que irreverência!), enfeites de plástico azul, lá iniciámos a marcha com medo de cair, e mais que o risco de magoar o corpo, o risco de magoar o orgulho. De repente, o professor com ar de cientista louco começa a fazer uma solução de cor carmim. “- O que é isso? “– perguntámos. “- Vinho a martelo!” – respondeu o professor. “- Bote aqui um bocado!” – insistia um homem, na assistência, empunhando um copo. “Quero provar! Afinal se é vinho, não faz mal!” “- Não pode ser. Isto não se pode beber! “ – dizia o professor. Seguimos

algum

tempo

com

o

homem

ao

nosso

lado,

pedindo

para

provar.

Quando fui alertada para a existência desta fotografia, no facebook, e que eu estaria nela, não queria acreditar. Foi uma atividade da escola, talvez a única em que participei, documentada por fotografia e eu estava lá!? E estava mesmo! Se naquele dia eu estava algo constrangida, envergonhada e não era aluna de nenhum daqueles professores, hoje digo, com orgulho, que participei, que representei a minha escola. 106


Passaram já vários anos, 18. A maioridade. Mas há situações que não se esquecem. Esta será uma delas. Obrigada por partilharem esta fotografia!

Festa das Cruzes – Carro alegórico da ESB, 1994

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Luís Ferreira (Ex-aluno da ESB)

Aqui vai a minha pequena história. É uma passagem que envolve dois anos letivos diferentes, duas disciplinas, dois professores e… alguns alunos. Tudo teve início quando frequentei o 10.º Ano. Foi nesse ano que tive uma disciplina, na altura, apesar de algo “esquisita”, bastante interessante e produtiva. Essa disciplina era Filosofia, uma novidade para mim. O docente que tinha na altura a missão de tentar transmitir-nos alguns dos seus conhecimentos acerca de Filosofia, era precisamente a professora Helena Trigueiros. Recordo-me de na altura estar a decorrer uma aula em que eu estava na conversa com determinados colegas da turma. Nesse momento, a professora (que na altura já tinha bastante experiência em “chamar à terra” os alunos que se distraíam), chamou por mim e pediu-me que enunciasse uma diferença entre a Filosofia e a Ciência, entre o filósofo e o cientista. Escusado será dizer que fui “caçado” de surpresa, como é óbvio, e que, por fruto da distração, não sabia por onde devia agarrar o assunto. Após uma resposta do tipo “Não sei professora”, veio a insistência da professora para que eu lançasse uma diferença entre ambas. E lá saiu uma resposta. Resposta essa que se traduziu por: “Enquanto a filosofia lança questões filosóficas, a ciência procura explicá-las”. Qual o meu espanto quando me apercebi que tinha corrido bem. Um grande alívio naquele momento… Entretanto, o agora narrador, perdeu o interesse pela Matemática, tendo concluído o 10º ano com, salvo erro, um mísero 8 (oito), ou algo semelhante. No ano letivo seguinte, 11º, Matemática, novamente! A disciplina não apenas continuava presente, como também se tinha transformado numa “dor de cabeça”, para a qual arranjava mil e um motivos para não me interessar. Disciplina que outrora adorei (até ao 9º ano, em que “me safava” muito bem) mas sobre a qual nunca me haviam explicado a sua importância no desenvolvimento do raciocínio dos jovens. Aconteceu então, que no decorrer de uma aula de matemática, lecionada pelo professor, ao qual vou, para salvaguardar a sua identidade, alcunhar de “Alpha”, me lembrei do episódio acima descrito da aula de Filosofia. Foi nesse momento que me comecei a questionar acerca da Matemática. Qual o porquê da Matemática? Qual o porquê de estarmos a aplicar fórmulas para descobrir, por exemplo, os senos e os cossenos, e em que é que aquilo nos serviria no dia-a-dia? Já a começar a desanimar por não encontrar respostas (e tenho que admitir que, na data em concreto, também não estava muito interessado em obtê-las, mas sim em apenas arranjar mais motivos para continuar a não gostar daquela ciência cuja linguagem 108


mundial, numa visão simplista, se traduz por algarismos e poucos mais que símbolos), resolvi pedir ajuda àquele homem que tinha a árdua tarefa de lecionar uma matéria mal-amada entre a maior parte da comunidade estudantil. Foi aí que lhe perguntei sobre o porquê da matemática. Como resposta obtive a seguinte afirmação: “Então imagine função x e que quer achar determinado valor, só tem que fazer isto…”. Não satisfeito com a resposta, pedi-lhe que me explicasse a aplicabilidade prática, no dia-a-dia, da Matemática, tendo obtido uma resposta similar à anterior. Continuei não convencido e, desconfortado com a resposta, insisti. Insisti para que me desse um exemplo prático para aplicar tais fórmulas, que me ajudasse na vida real, no mercado de trabalho. Devo ter acertado num dia em que o professor não vinha com muita paciência para aturar as insolências dos alunos que não gostavam da disciplina que ele lecionava porque obtive uma resposta que se traduziu por: “Isto é assim porque é assim. Quem quer, quer! Quem não quer, que não queira! E mais não digo!”. Confesso que não altura fiquei enrascado com aquela resposta. Por outro lado, diga-se de passagem, que até gostei. Arranjei naquele momento mais um pseudo-motivo para não gostar da Matemática. A Filosofia havia-me dado a capacidade de me interrogar sobre as coisas e de não as aceitar, sem mais. Apesar do teor da minha história ser o que acabo de relatar, aproveito para ressalvar que, ainda hoje, tenho orgulho em ter sido aluno daquele professor. Defino-o como uma pessoa frontal e de coragem, características que, curiosamente, ainda hoje, faço questão de pautarem a minha conduta.

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Manuel Silva (Assistente Técnico da ESB)

Escola

És vivência, saber e paixão Onde cada um vive e partilha em demasia Serás sempre um elo de eterna união No regressar ansioso em cada dia E nesta constante troca de valores Partilhamos tudo o que tens e ensinas Recebemos e trocamos sem rancores As tarefas, os sorrisos as estimas Mas sentimos por dentro um enorme vazio, Quando ausentes de ti por tempo indefinido!... Voamos por ai!... Como pássaros sem rumo e sem ninhos! E é então que percebemos!... Que és como um leito dum sereno rio Onde nos sentimos livres e orgulhosos pelo teu sentido Em ti, escola de vida!... Nossa sempre, escola de Barcelinhos

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Manuela Silva (Ex-aluna da ESB)

Por estes dias, lembrei-me da minha passagem por «São Brás». Tudo começou com a conversa da seca, das alterações climáticas, etc, .... Lembrei-me dos tempos em que levava para a escola um par extra de calças na mochila (quando chovia, desde a paragem no «top», até lá acima, era cada molha épica!) que depois deixávamos algures, com um dos funcionários a secar. Recordo, com apreço, o companheirismo, a cumplicidade e proximidade que havia entre todos (funcionários, alunos e professores)...,os chupas salgados e as bombocas do «Seco».

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Maria Aurora Araújo (Vice presidente da Comissão Instaladora da ESB)

Dos já muitos anos que tenho de serviço docente, aqueles dois, entre 1986 e 1988, que dediquei à Comissão Instaladora da Escola Secundária de Barcelinhos, marcaram-me, sem dúvida, especialmente; no primeiro ano, com dois dos meus melhores amigos de sempre, a Mariazinha - amiga já dos tempos de adolescência, do liceu e da universidade - e o Humberto - também colega de curso, de quem, com muita pena, já não sei nada há tanto tempo - procurámos, com entusiasmo, levar a cabo a função de dar forma a um projeto que veio a tornar-se de grande utilidade educativa para a população barcelinense. Formávamos uma equipa muito jovem, mas coesa, empenhada e divertida, consciente, contudo, da importância e responsabilidade do que se esperava de nós. No segundo ano, o Humberto saiu e entrou a colega e amiga Helena Trigueiros. Ajudar a crescer uma escola que acabava de nascer era, de facto, uma grande aventura. Sabíamos que os obstáculos e as dificuldades iriam surgir, não só pela nossa juventude e inexperiência, mas pela própria complexidade da tarefa. Afinal tudo fomos superando com a ajuda incondicional daqueles que, preciosamente, connosco cooperaram. Não posso deixar de referir a inestimável ajuda do Dr. Domingos Carvalho, que colocou ao nosso dispor a sua experiência de fazer horários, do Sr. Domingos, funcionário exemplar, que tanto nos apoiou em todas as situações. E de tantos outros, sempre diligentes, sempre empenhados, sempre atentos… Recordo desse tempo uma escola onde os professores gostavam de estar e de trabalhar; o seu ambiente descontraído mas muito profissional, dava carácter à ação e ao pensamento que a norteava. Foram dois anos em que aprendi muito, em que conheci muitos colegas e amigos que ainda hoje mantenho, e com quem, nos encontros, marcados ou ocasionais, recordo, com saudade, um tempo profissional de há 25 anos, que perdurará para sempre na minha memória.

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Maria da Conceição Loureiro Machado Almeida (Presidente da Comissão Instaladora da ESB)

E foi assim... Naturalmente. Sem complicações: «Há uma escola a nascer, em Barcelinhos. Pode escolher a sua equipa.» E começou, então, a nossa pequena odisseia, com a Aurora, amiga de há tanto tempo e para sempre, e com o Humberto, o nosso porto seguro. Passemos a visitar o edifício. «Ficará pronto em breve. As obras estão adiantadas. Lá para outubro poderão iniciar as aulas. Até lá, têm as antigas instalações da Casa de Sá Carneiro.» E foi aí que preparámos o ano letivo e percebemos que, afinal, tínhamos diante de nós obstáculos para derrubar e que, para levar a bom termo a «nossa pequena odisseia», não podíamos prescindir da colaboração de outros navegantes. Bons ventos trouxeram para junto de nós a boa gente que nos levou a bom porto: o querido Eng.º Domingos Carvalho, que connosco elaborou os primeiros horários e que tanto nos deu sem nada pretender em troca; o Sr. Domingos, para quem as palavras de agradecimento ficam sempre aquém daquilo que queríamos exprimir; os colegas, tão heterogéneos em idade e experiência e sempre, sempre colaboradores; os funcionários diligentes, quantas vezes excedendo as suas funções… Começaram as atividades letivas e dobraram-se os trabalhos: É preciso giz. «Barcelos» há de emprestar. Faltam-nos cadeiras. Hão de chegar. Onde está a cantina? Não temos. O ginásio? Há de vir. E vieram os pais, em protesto. «Não pode ser. Onde comem os nossos filhos? Como hão de crescer sem desporto?» E nasceram ofícios, multiplicaram-se telefonemas, seguiram-se audiências em Lisboa. «Como podemos trabalhar, Sr. Secretário? Como podem os nossos alunos obter sucesso, Sr. Ministro?». E, pouco a pouco, fomos encontrando as respostas. Com boa vontade, com bom senso, com trabalho e muita paixão. E porque remámos em sintonia, todos os «Adamastores» foram amansados e alcançámos a nossa Índia. É esta a certeza que nos fica à distância destes 25 anos e a lição que nunca esqueceremos: nada se consegue sem o envolvimento de todos e esse envolvimento só se consegue com humildade e empatia.

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Maria Helena Trigueiros Reis (Professora de Filosofia da ESB)

Sentido testemunho de vida

“Bom dia, Rui!” – disse eu, em 1987, a um aluno do 10º ano de Psicologia, cego de nascença. “Oh! Professora, eu já a vi!” - respondia-me, invariavelmente, a sorrir. O Rui era de Mereces, um lugar da freguesia de Barcelinhos. Via-o chegar à escola todos os dias, sem a bengala de invisual. Tinha um sentido de orientação e uma perceção dos seres e das coisas muito raro. Vagueava, diligente, pela escola inteira com aguda inteligência, sem pedir qualquer ajuda e entrava na sala de aula, com a sua máquina de Braille para registar os apontamentos, mas era a sua peculiar atenção que o levava a fazer sinopses das aulas muito rigorosas e completas. Um dia entrou, rasgadamente, no gabinete da então Comissão Instaladora, “viu-me”, e disse: “Professora, hoje sou eu a ensiná-la. A professora não sabe Braille.”- gargalhou, vitorioso. Encetámos, então, umas explicações em que eu procurava retribuir a atenção que ele me dava nas aulas de Filosofia, naquela turma um pouco distraída e algo desinteressada pelo saber. Ao Rui tudo interessava e do Rui tudo era, para mim, uma lição de vida. Para além do Braille, fez-me entender como percecionava as coisas, as cores, as pessoas, o mar…o Mundo. O Rui era um cego que “via” mais do que a maioria dos jovens da sua idade. Às vezes sentia que apenas ele me escutava e que aquela turma só tinha um aluno. No ano seguinte, ensinei-lhe a filosofia grega e expliquei-lhe “A Alegoria da Caverna” de Platão. O mundo, para ele, também era feito de sombras. O mundo de sombras do Rui fazia-me pensar. “Eu sei que a professora é morena”, dizia-me com um ar maroto. Sensível à música, como quase todos os cegos, resolvi aproveitar essa sua potencialidade e fiz dele, por algum tempo, o maestro de um pequeno grupo coral que atuava nas festas da escola. Cantarolei-lhe a “Pedra Filosofal” que ele interpretou, com o seu afinado violão, na festa do final de ano. O Rui foi o professor daqueles que, ignobilmente, o escarneciam. Nunca mais vi o Rui de Mereces. Nem o Tiago de Cristelo, igualmente invisual, com quem anos mais tarde tive uma experiência semelhante. Mas, tenciono enviar-lhes, em Braille, este meu sentido testemunho de vida. 115


Maria Júlia Rodrigues Carvalho (Professora de Inglês da ESB)

Bastava uma troca de olhares rápida mas cúmplice, para nossos olhos se rirem mais alto que a própria risada! Tudo era tema de conversa, fosse superficial (e quantas vezes nos apeteceu ser somente dois velhos putos a rir da vida) ou altamente intelectual (e que caixinha de surpresas tu eras) dissertando sobre tudo. Zangávamo-nos, teimosos no defender da nossa dama, mas isso nunca foi motivo para qualquer ressentimento, não fossemos nós amigos, acima de qualquer suspeita! E como nos martirizávamos com a chegada da idade, e das suas moléstias, na imagem que o espelho cruel nos retribuía sempre que corajosamente o enfrentávamos! Como nos riamos da " rivalidade " que nos primeiros anos da escola, tínhamos que enfrentar, no " concurso " do professor mais querido. Ouvir a tua risada de " nicotina ", ver os teus esboços de nus femininos sempre uma reverência à beleza da mulher, admirar o teu sentido de humor refinado perante a " aldeia global " em que nos inseríamos. Por tudo isto e muito mais que não lembro ou não quero lembrar, tenho saudades tuas, meu amigo Francisco Campinho.

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Marta Loureiro (Ex-aluna da ESB)

Passei três anos, dos mais importantes da minha vida, na Escola Secundária/3 de Barcelinhos. Ao longo desse tempo, várias foram as pessoas que marcaram a minha passagem por lá. Poderia aqui falar de vários professores, funcionários (o Sr. Freitas, a Dona Fátima, o Sr. Armando, entre outros…) e os colegas. Foi bastante difícil escolher uma pessoa, um episódio ou um projeto em que tivéssemos estado envolvidos. Como não me posso alongar muito, resolvi mencionar uma pessoa, que já não se encontra na escola, com quem tive o prazer de trabalhar durante um ano e que marcou o meu último ano do secundário: a professora Aida Lemos. Quando cheguei ao 12º ano, em parte devido a amizades e afins, resolvi pedir transferência de turma. Foi então que mudei para o 12ºC. Nesse ano tive uma outra professora de português, a professor a Aida Lemos. Uma professora a sério, no sentido completo da palavra. Uma pessoa que não se limitava a debitar matéria que tinha decorado com o tempo, mas que sabia do que falava, capaz de esclarecer as nossas dúvidas, adotar outros métodos de ensino (quando necessário), cativar os alunos, chamar a atenção, brincar e repreender. Graças a ela e ao facto de corrigir os nossos erros mais insignificantes (apenas porque certa frase ficava mais “bonita” daquela forma), a minha maneira de estruturar e escrever alterou, porque não era uma questão de correção, era simplesmente uma questão de aperfeiçoamento. Hoje, na universidade, reconheço que graças à professora que tive no meu 12º ano, escrevo de uma outra forma, muito mais segura, mais expressiva e sobretudo mais compreensível do ponto de vista sintático. Um muito obrigado, professora Aida Lemos!

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Maurício Morgado (Ex-aluno da ESB)

Entre outras histórias que me recordo da minha passagem pela ESB, uma passou-se no 10º Ano. Tínhamos de fazer qualquer coisa para o Projeto Área-Escola. Até que, numa das aulas de TLB, com o Prof Jaime Dantas, lá tivemos a ideia de celebrar o dia da Árvore, em que cada turma plantava uma árvore no espaço exterior da nossa escola. Foi uma ideia ambiciosa pois eram precisas árvores, o 10ºA a trabalhar nisso, e muita disponibilidade dos professores e dos alunos. O que é certo é que conseguimos mobilizar toda a comunidade escolar em torno dessa ideia. Além de cada turma plantar uma árvore, divulgaram-se vídeos de sensibilização no bar e na cantina e houve entrevistas a professores e alunos realizadas pela turma de Comunicação e Difusão (as cassetes devem andar perdidas na biblioteca). Algumas dessas árvores, provavelmente, ainda devem existir! Um dia que nunca mais me vou esquecer, pois houve três coisas que, na nossa sociedade, cada vez mais estão a entrar em vias de extinção: Partilha, entreajuda e união! Há um aluno do 10ºA, dessa época,

chamado

Nuno

que

levou a máquina do pai dele e tirou uma fotografia a todas as turmas do secundário. Com sorte ainda deve ter essas fotos.

10º A- Projeto Área Escola - Dia Mundial da Árvore, 1995/96

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Paula Araújo (Professora da ESB desde o ano letivo de 1995/96)

TESTEMUNHO PARA A PUBLICAÇÃO COMEMORATIVA DOS 25 ANOS

O ensino e aprendizagem são parte intrínseca da vida de uma escola. Não podemos ignorar o papel que a avaliação e o seu impacto tem nos diferentes elementos de uma comunidade escolar. Quando pensamos na Escola, na experiência que vivemos enquanto alunos ou professores, lembramonos, certamente, de episódios vividos nas aulas, nas atividades extracurriculares, nas visitas de estudo e momentos de convívio... Creio que as épocas de exame não serão as eleitas para serem alvo de momentos de nostalgia.... Porém, são esses que seleciono para deixar o meu testemunho. Desde 1997, ora no papel de coordenadora do Secretariado de Exames, ora no papel de elemento do órgão de gestão responsável pela coordenação do serviço de exames da Escola, tenho tido o privilégio de acompanhar, de perto, este momento tão crucial na vida de muitos alunos que aqui criaram as suas identidades. Colocando os naturais receios, ansiedades e angústias à parte (que tantas vezes vi multiplicado pelos rostos dos nossos alunos), os exames nacionais deixam, indubitavelmente, uma marca indelével na identidade de qualquer aluno. É no vazio melancólico (porque a escola sem alunos não se "sente" Escola) que caracteriza a escola nos finais de Julho e início de Agosto que se realiza um trabalho que muitos desconhecem. Um grupo de professores, responsável pela receção dos exames vindos do Agrupamento de Exames de Braga e pela elaboração das pautas de exame e assinatura dos termos, têm contacto, em primeira mão, com as tão ansiadas classificações finais. Hoje, esse trabalho é facilitado pelos meios informáticos que agilizam todo o processo mas que, perdoemme o sentimentalismo, o tornam menos emotivo. Perguntar-me-ão, certamente, onde está a emotividade num serviço de verificação das provas de exame e de classificações e de elaboração de pautas e assinatura de termos? Nos documentos, em si, não há de facto sentimento... Mas tenho a certeza de que os meus colegas concordarão comigo que desempenhamos sempre estas funções com carinho, vibrando com os sucessos, e penando com os insucessos, dos nossos alunos.

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Recordo-me, especialmente, do tempo em que os meios informáticos eram mais limitados... e o nosso trabalho mais moroso, mas não menos memorável! Com o nosso colega Avelino Encarnação a comandar a equipa, qual maestro regendo as folhas de termos, cantando, um por um, os nomes das duas ou três centenas de alunos; as colegas Dilora Barros, Fátima Carvalho, Alice Igreja, Dulce Macedo e eu, que alternadamente "cantávamos" as notas dos alunos a partir das dezenas de pautas colocadas à nossa frente ou assinávamos as folhas de termos; a colega Inês Tomé que registava cuidadosamente as classificações ora a caneta preta, ora a caneta vermelho (as negativas, pois claro!), nos velhos registos biográficos, muitos ainda de cartão amarelo; o colega José Ramires Cruz, dentro do ritmo ditado pelo Encarnação, abria os termos, lançando as classificações no mesmo registo cromático que a Inês Tomé. Estes momentos ficaram-me na memória pois, entre as classificações ditadas, os nomes enunciados e as menções de "Aprovado" e "Não Aprovado" registadas, perduraram as gargalhadas, frutos das travessuras do nosso colega Encarnação que teimava em esconder uma parte do grande lote de folhas de termos! Quando ousávamos suspirar de alívio, pois os termos estavam a diminuir, sinónimo de trabalho a chegar ao fim, eis que o Encarnação abria a caixa, sorrateiramente... e revelava mais uma pilha de termos para classificações lançar e assinar! E não poderia terminar sem recordar a atenção que o Presidente do Conselho Executivo de então, Carlos Neto, nos dedicava, tendo sempre o cuidado de solicitar ao Sr. Domingos e à D. Conceição um pequeno lanche para nos revigorar num breve momento de pausa entre as longas horas de trabalho.

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Paula Campos (Ex-aluna do 1º Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural)

Os seis anos mais importantes da minha vida

Foi no ano 2005 que uma menina de 12 anos iniciou a sua vida de estudante na Escola Secundária/3 de Barcelinhos. Era uma menina muito tímida e envergonhada que reservava os seus pensamentos e não os partilhava com ninguém. Foi nesta escola que cresceu, conviveu e fez amigos - alguns para o resto da vida que a ajudaram a ultrapassar um pouco a timidez. Os anos passaram, os professores mudaram, juntamente com o nível de aprendizagem, e lá está ela no último ano, preparando seu projeto final de curso – a PAP – com mais uns centímetros de altura e uns “palminhos de testa”. Cresceu por fora e por dentro, tornando-se na pessoa que é hoje. Quem é esta menina? Sou eu, agora com 19 anos, colocada no mercado de trabalho a lutar por uma vida melhor. Ao longo dos seis anos que frequentei a “minha” escola (sim continua a ser a “minha”

escola,

de

coração),

fui

amadurecendo, mudando a forma de ver a vida, aperceber-me de que se estamos aqui, neste mundo, é para lutarmos pelo nosso futuro e por nós. A escola é o nosso melhor ensino, não só ao nível profissional como também ao nível pessoal, pois é nesta que passamos a maior parte do nosso dia e da nossa vida. Atrevo-me a dizer que é quase como uma segunda casa, uma segunda família.

Paula Campos – Defesa da Prova de Aptidão Profissional do Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural – Julho de 2010

121


Agradeço a todos os professores e funcionários da Escola Secundária de Barcelinhos por tudo o que fizeram por NÓS, estudantes, e desejo que continuem fazendo o possível para nos garantir um futuro melhor. Foi aqui que finalizei a minha jornada no Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural e por isso quero dar os meus parabéns a todos os que para ela trabalharam ao longo destes 25 anos. Continuem o vosso trabalho! A Escola Secundária de Barcelinhos foi a “nossa” escola e será a “vossa” também!

Paula Campos e Diogo Miranda com a professora Carminda Abreu – Visita de Estudo PNLN – Esposende, 2008

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Paula Freitas (Professora de Português da ESB)

Memorial de uma família!

Era uma vez um liceu. Era uma vez professores. Era uma vez funcionários. Era uma vez muitos amigos, colegas e alunos. Era uma vez uma vida com sabor a patela. Patela, sim, porque a memória do meu liceu sabe a pão com manteiga aquecido, arrefecido e empilhado num tabuleiro. Verdade, não vai há muito tempo que, entre um poema e uma soma de raiz quadrada, descia de mão dada até ao areal. Tudo era perfeito… Era uma vez uma escola que partiu da margem do Cávado. A sua bagagem foi feita de família, livros, mapas, rádio e palco. No coração, carregou o amor e a experiência do saber, como só ela soube e sabe partilhar. É uma vez uma mulher madura, com os seus vinte e cinco anos, que acolhe e educa toque a toque os seus discípulos com um deslumbrante e paciente sorriso. A uns, entre roteiros turísticos e animação de crianças e idosos, faz contas e perfuma os jardins. A outros, com histórias corridas, corridas com histórias e poesia nas fórmulas, prepara-os para a vida do sonho. Estas alegrias são conquistas de todos. Os desabafos, esses ficam com ela e São Brás. É uma vez, outra e outras vezes… é uma grande família, é uma grande alegria!

Nicho de S. Brás, Barcelinhos

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Pedro Alves e Rúben Furtado (Ex-alunos da ESB)

O dia da serenata

No último dia de aulas do 1 º período, eu e o meu colega Carlos Silva decidimos trazer a nossa guitarra para animar um pouco a turma. Estávamos nós a cantar todos juntos e como era a “hora do lanche” muitos dos nossos colegas ausentaram-se da sala de aula ficando apenas eu e o Rúben e mais alguns. A D. Fátima, funcionária do bloco B, pensando que ninguém tinha ficado dentro das salas, pois nós só tínhamos ido fazer uma autoavaliação e supostamente, no fim, deveríamos ir embora, visto o dia ser dedicado a atividades, decidiu limpar a sala e encontrou-nos lá dentro com as guitarras. Decidimos, nessa altura, visto a D. Fátima ser uma empregada que sempre nos ajudou e sempre nos ouviu, dedicar-lhe uma música. E foi assim que mostramos o nosso agradecimento por todas as vezes que a “chateamos” ou enervamos; agradecer a excelente pessoa e profissional que ela é.

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Pedro Gonçalves (Professor de Informática da ESB)

A primeira LanParty.

A propósito da comemoração dos 25 anos da Escola Secundaria/3 de Barcelinhos foi-me pedido que evocasse uma passagem que me tivesse marcado. Já leciono nesta escola desde 1998 e sempre gostei dela, pois tem um clima agradável e um ambiente quase familiar. Ultimamente a escola tem mudado bastante com a saída de alguns colegas e alunos e a entrada de outros. Mas é ao olhar para trás que nos recordamos, com saudade, de todos os colegas e alunos que nos marcaram e já não estão connosco. Uma das coisas que marcou bastante foi a realização da primeira LanParty no ano letivo de 2008-09. Todos os anos, no último dia de aulas do 2ºperíodo, costumávamos abrir a sala 17 para os alunos puderem jogar nos computadores. Porém, há quatro anos atrás propus, em grupo, fazer uma LanParty mais alargada. Esta proposta foi apoiada, desde o primeiro momento, pelos colegas do meu grupo de então, Paula Seixas, o Heitor Rocha e Virgílio Pereira. Foi então que encontrei o Tiago Costa, ex-aluno desta escola e que frequenta agora o 2 ano do curso de Engenharia Informática na FEUP. Começamos a planear a LanParty. Encetamos um percurso que nos levou a fazer vários contactos com empresas e instituições locais. De início, foi muito complicado e desmotivante pois as portas fechavam-se à nossa frente devido aos orçamentos pedidos. Na altura, não tínhamos nem o equipamento, nem o know-how necessário, mas tínhamos vontade de fazer uma coisa que à partida nos parecia quase impossível concretizar. Como não tínhamos equipamentos de rede nem cabos tivemos que alugar esses serviços a uma empresa que o Tiago conhecia. Começamos os contactos e deram-nos um orçamento. Para além das infraestruturas de rede ainda tínhamos que providenciar mesas e cabos elétricos para abastecer os computadores. Os valores eram demasiado elevados. Estávamos sob enorme pressão pois tinham-nos dito que não poderíamos ter prejuízo pois a escola não tinha orçamento que suportasse tal investimento. Cheguei a desanimar várias vezes, no entanto o Tiago Costa nunca foi abaixo e sempre me deu ânimo para continuar. Nos momentos mais decisivos ele lá conseguia, com os seus contactos, arranjar uma solução.

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Na altura, tínhamos o CEF de eletricidade a funcionar na escola e aproveitamos para integrar os alunos no projeto da LanPArty. O CEF ficou responsável pela distribuição de energia. Os alunos do CEF foram incansáveis, desde a elaboração do projeto, à sua execução. Fizeram o quadro elétrico, cortaram os cabos e ligaram todas as tomadas, num frenesim e com um ritmo trabalho que mais pareciam verdadeiros profissionais. No final, vieram os testes e a luz verde para a sua ligação. Como prémio, ficaram toda a noite a jogar à borla. Comunicava todos os dias e quase a toda a hora, através do Messenger, com o Tiago Costa. Fazíamos as contas aos lucros e custos de modo a apurar o preço dos bilhetes. Nesse ano, pedimos 10€ pela entrada e oferecemos o almoço (uma fatia de pizza e um copo de sumo). Todos os cálculos tinham sido feitos de modo a que o evento não desse prejuízo. Para isso, negociamos com a Energie 5 um valor que pudéssemos pagar e estimamos como mínimo a presença de 150 participantes. Após termos acordado o valor com a Energie 5 começamos a pensar em todos os outros pormenores desde a receção, à segurança, às casas de banho, às T-shirts (como o nosso logótipo), à música ambiente e à divulgação do evento. Tudo foi feito em tempo record. Pedimos alcatifas para forrar o chão do pavilhão gimnodesportivo e carregamos todas as mesas da escola para albergar os 320 participantes que estávamos a espera. Que estafa!!! Não fosse a carrinha do Heitor e a preciosa ajuda dos alunos CEF ainda agora estaríamos a carregar as mesas… Contratamos seguranças, mandamos fazer cartazes e divulgamos o evento através de jornais, Internet e e-mail. Solicitamos patrocínios e convidamos várias empresas para expor os seus produtos nos dois dias do evento. No final valeu a pena pois, apesar do cansaço, da direta e da pressão acabou por correr muito bem e os alunos ficaram muito contentes com o evento. Os jogos em rede, a possibilidade de jogarem contra grandes jogadores, a troca de ficheiros e os prémios, fizeram o delírio destes jovens. Criamos até uma página web para o evento através de uma empresa local que tão bem soube concretizar as nossas ideias. Nesse ano recebemos 165 jovens – número muito Daniel Lopes, Pedro Silva, Pedro Costa e Prof. Pedro Gonçalves

aquém do que gostaríamos de receber – mas conseguimos fazer o evento sem grande prejuízo, graças à boa vontade

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das empresas locais, da D. Paula (que explorou o bar), do Diretor da escola, da Câmara Municipal de Barcelos, etc. No final, até tivemos cobertura dos média e aparecemos na última página do Jornal de Barcelos. Lembro, com apreço, todos os colegas e ex-alunos que me ajudaram a concretizar esse sonho que há muito deixara de ser meu para passar a ser de quase toda a gente da nossa escola, desde os pais, funcionários e professores. Agradeço à Nani (funcionária da escola) e ao Virgílio Pereira, meu colega de grupo, as T-shirts com o nosso logo estampado. Que bonitas ficaram! E que jeito nos deram, pois eram grossas e à noite fazia muito frio no pavilhão! Não posso deixar de lembrar e agradecer todo o apoio do presidente da associação de pais, Sr. Fernando Pereira através de ajudas monetárias e da disponibilização da sua carrinha. Que saudades do espirito e ideias daqueles miúdos. Bem hajam o Tiago Costa, o Pedro Silva, o Daniel Lopes e todos os outros. A LanParty foi o início de toda uma aventura que vivi com eles e que culminou na atribuição, com todo o mérito, de uma menção honrosa na feira dos jovens cientistas portugueses. Obrigado por me fazerem sentir um verdadeiro professor!

4ª LanParty na ESB, 2011

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Pedro Lalai (Ex-aluno da ESB entre 98/99 e 04/05)

“A minha passagem pelo Liceu de S. Brás”

Era assim que a conhecia, não como Escola Secundária de Barcelinhos! Histórias, é isso que querem? Foram sete anos, por isso seria injusto escolher uma, pois dessa forma estaria a excluir colegas e situações que mereceriam a tal distinção de: “a história”. Mas posso generalizar e lembrar-me das aulas de apresentação em que a mais marcante foi sem dúvida a do professor Milheiro. Éramos uma turma já no seu terceiro ano de convivência, turma de 9º ano, respeitosa, mas reguila, a melhor turma de que fiz parte. Começa a aula e o professor Milheiro senta-se naquela sua forma especial. A turma em tremenda algazarra. Normal! Era a primeira aula de matemática do ano e não conhecíamos a “peça” que estava à nossa frente. Enquanto continuávamos com a algazarra, o professor, sempre sentado, foi calando com o seu olhar aqueles que dele se apercebiam. Estranho seria se eu não fosse o último calar-me, não porque tivesse reparado no tal olhar, mas sim porque estranhei o súbito silêncio (especialmente quando notamos que aquele não é um silêncio qualquer). É um silêncio provocado pelo olhar do professor Milheiro!!! Medo, muito medo!!! Quando finalmente todos se calam, eis que uma voz, que mais parecia saída dos Lusíadas - ou não nos metesse tanto medo quanto o Adamastor provocava aos marinheiros da altura - solta a seguinte expressão: - “Mas os senhores pensam que isto aqui é uma democracia? Isto aqui é uma ditadura e quem manda sou eu!!! Que seja a última vez que algo parecido com isto se passe!!! “ (não me recordo muito bem das últimas palavras, mas foram muito parecidas com as que escrevi. As primeiras, essas, foram exatas). Aconteceu o que seria de esperar. Contiveram-se choros compulsivos, porque a vergonha era maior que o medo, mas também que não aconteceram, porque havia possivelmente outro medo, que seria a do professor Milheiro não tolerar choros. De notar, que aprendemos a lição e, na totalidade das seguintes aulas, éramos como cordeiros que ouvem a “palavra do senhor”. Posso também lembrar-me das expulsões que também aconteceram porque éramos jovens e indomáveis. Geralmente, éramos mal expulsos: a professora tinha percebido mal ou não tinha sentido de humor (esta seria a versão que contávamos em casa). Na realidade é que em 99% dos casos éramos bem expulsos. Note-se que falei em 99%, o que deixa 1%, não para margem de erro mas sim porque tenho uma história em que a professora se equivocou. 128


Estava no meu 10º ano, e outra vez numa aula de matemática. Uma turma, um pouco mais barulhenta, mas mesmo assim respeitosa. Desta vez, não foi comigo que se passou a história mas sim com dois estimados colegas. O Filipe Laranjeira e o Joel Gordinho. Estavam estes dois senhores, sentados na carteira que partilhavam, empenhadamente no estudo da matemática, quando se ouvem batidas na parede. A professora, imediatamente avisa-os para pararem com as batidas. Estupefactos, estes nossos distintos colegas recusam a autoria das batidas, para risada geral. Ninguém acreditava nos malandrecos. Se se ouviam batidas e essas provinham daquele local, obviamente estes senhores seriam os bateristas. A professora exige o cessar do “concerto”, ameaçando de expulsão, caso o mesmo continuasse. Passados alguns momentos, eis que continua a percussão e a professora faz o ultimatum. Na próxima vez, os nossos distintos colegas receberiam ordem de expulsão. Como seria de esperar, continuavam os nossos colegas estupefactos com estas acusações, até porque nenhum deles era fã da bateria, o que nos deixava, aos restantes colegas, admirados com a contínua batida e com a consequente refutação, por parte dos nossos colegas, da autoria do crime. Não demora muito e ouve-se nova pancada, o que leva a professora a fazer valer o que tinha dito anteriormente e a expulsar os pobres dos rapazes. Saem os dois, exaltados e clamando justiça ou gritando a injustiça a que tinham sido sujeitos, recusando, inequivocamente, a autoria do crime. Finda a aula, saímos todos da sala e encontramos os dois colegas, á porta da sala, reportando-nos a intenção de apresentar recurso da sentença. E eis que da outra sala saem mais dois malandrecos que, se não me engano, seriam o “Sousa” e o “ ZéZé”, em tremenda cavaqueira, quando reparam na exaltação dos injustiçados e questionam aos mesmos sobre a razão de tal altercação. Explicada a história, eis que os dois, neste caso o “Sousa” e o “ZéZé” , retomam a cavaqueira, mas desta vez ainda mais animados. A razão está á vista de todos. Estes senhores eram na realidade os “bateristas”, o que dava razão à professora, perante o desconforto que sentia em relação ao concerto, mas não no que concerne aos artistas. Estes estavam na realidade nos “bastidores”, ao lado. Quanto ao recurso, julgo que não tenha chegado ao “supremo”. Para finalizar, deixo a memória da primeira vez que me chamaram pela minha alcunha: Lalai. Eu era um aluno vindo do ciclo, e no primeiro dia na nova escola, enquanto subo pelas escadas em direção ao bar, indeciso e ciente dos meus 136 centímetros, em comparação com os homens de barba feita que se juntavam naquele mesmo sítio para fumarem e também assustarem os mais novitos, eis que um me põe a mão no ombro. Eu, assustadíssimo, só pensei para mim mesmo: “Fogo, ainda agora cheguei aqui, não fiz mal a ninguém e já vou levar uns cachaços???” O jovem que me agarrou dirige-se a mim e diz: - “Então Lalai mais novo, tudo bem com o teu irmão? Ele era um grande maluco. Se algum dia alguém te fizer mal, diz-me.”

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Palavras sagradas, a partir daquele dia passei a ser o “Lalai”, nome pelo qual ainda hoje me reconheço e devo dizer que aquela conversa encheu-me o peito de confiança. Sete anos que estudei neste liceu, foram dias muito felizes, tempo em que conheci os meus melhores amigos e também a mãe da minha filha. Só espero que a minha filha também possa estudar nesta mesma escola e seja tão feliz como fui.

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Prazeres Santos (Funcionária da ESB)

O melhor testemunho que posso dar da Escola Secundária de Barcelinhos é, sem dúvida, a experiência que tive nas Novas Oportunidades. Desde logo tive curiosidade pelo curso que, pela primeira vez, a escola facultava. Um dia, no meu local de trabalho, fui abordada, pela professora Helena Trigueiros que me divulgou e esclareceu sobre a implementação do curso e do público-alvo. Depois de muita insistência pela parte dela, resolvi aceitar, embora muito receosa de não ser capaz ou de não ter capacidade para chegar ao fim. Eu tinha vontade de terminar um percurso escolar que, em tempo, tinha deixado pelo caminho. Sentia-me pouco realizada por ter desperdiçado a oportunidade que me tinham dado e, talvez por isso, sempre incentivei os meus filhos a tirar um curso superior. A opção de abraçar este projeto foi muito gratificante. Gostei de continuar os estudos e da forma como os professores acarinharam os formandos. Ao longo desse tempo, formamos uma família. Empenhei-me bastante em desenvolver todas as competências, mas o que mais gostei foi de Linguagem e Comunicação e de todo aquele “formulário” que quase ninguém gostava. Fiquei familiarizada com as novas tecnologias de informação e isso foi, para mim, uma surpresa. Sempre tive computador em casa, mas achava que isso não era para mim, dada a minha idade. Hoje faço tudo com ele (material para a catequese, fotografia, correio eletrónico para comunicar com pessoas que estão no estrangeiro) e sinto uma grande satisfação por ter aprendido a dominar esta área, tão importante nos tempos que correm. Terminado o ensino básico, decidi continuar e concluir o secundário. Por um lado, tinha apreciado o método de ensino dos formadores e o convívio entre os colegas, por outro continuava com muita vontade de aprender e de desenvolver as minhas capacidades. Hoje, com uma mentalidade mais aberta, entendo que nunca é tarde para aprender. Pude ocupar o meu tempo livre de uma forma gratificante e enriquecedora e por isso o balanço é muito positivo. Quando terminei, senti falta daquela adrenalina e desde então tenho procurado fazer outras formações, por exemplo em Inglês. Não tenho dúvida de que foi o facto de ter feito esta formação que me deu coragem para fazer outras formações. Agradeço à minha mediadora, professora Renata Ribeiro, que sempre me encorajou a continuar, mesmo quando me sentia diminuída nas minhas capacidades.

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Rosa Rodrigues (Ex-aluna da ESB)

Aqui vai um episódio muito engraçado do meu tempo de liceu de São Braz. Foi com o professor da disciplina de ITI, Avelino Encarnação Ferreira. Era um professor muito brincalhão, que adorava a nossa turma, e nós (turma) descobrimos qual o dia do aniversário do professor, e como sabíamos que ele adorava chocolate Jubileu, no dia do aniversário cada um de nós comprou-lhe um chocolate Jubileu. A meio da aula, começamos a cantar os parabéns ao professor (a sala de informática, naquela altura, ficava dentro da biblioteca…) O professor ficou hilariante com a nossa surpresa, e no final de cantar os parabéns oferecemos os chocolates... . O professor ficou um pouquinho sem jeito, pois os alunos que estavam na biblioteca ajudaram a cantar os parabéns. Foi muito engraçado, e sei que marcou o professor, porque ao nível profissional, já tinham passados uns 3 a 4 anos, quando, por acaso, encontrei o professor e ele diz-me, prontamente: “- Não me esqueci da surpresa que me fizeram com o chocolate Jubileu!”

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Rui Guimarães (Assistente Operacional da Reprografia da ESB)

No meu local de trabalho (reprografia da ESB), há imensas histórias que poderia contar, mas há uma que marcou e marcará para sempre. Um dia, o falecido professor de Educação Tecnológica, Jaime Real veio ter comigo para me explicar que ia dar um teste, no dia seguinte, mas que ainda não estava pronto. Pediu-me se podia tirar as cópias no próprio dia porque precisava de o rever para confirmar se estava tudo em ordem. Disse-lhe que podia estar sossegado pois não havia problema algum em fazer o serviço no próprio dia. No dia seguinte, recebi um enorme choque ao tomar conhecimento da triste notícia do seu falecimento durante a noite. Para além de ser uma pessoa conhecida que gostava de conviver com as pessoas, tinha sido eu uma das últimas pessoas a estar com ele. E isso tocou-me profundamente.

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Sandra Campos (Ex-aluna do Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental e Rural da ESB)

Os 25 anos prateados da ESB

A nossa vida é feita de experiências. Partindo desse princípio posso concluir que a minha passagem pela Escola Secundária/3 de Barcelinhos foi, sem margem para dúvidas, uma experiência bastante enriquecedora. Quem ainda se lembra de mim poderá confirmar que fui muito feliz no Clube de Teatro. Fui membro do mesmo durante 5 anos e foi com muita tristeza que, após a conclusão do 12º ano, tive que abandonar o barco. Contudo, adquiri formação ao nível da representação que, posteriormente, me proporcionou trabalhar com a companhia de teatro “A Capoeira” de Barcelos. Conheci e convivi com pessoas espetaculares, vivi momentos muito intensos que nunca esquecerei e, acima de tudo, toda esta experiência contribuiu para a minha formação tanto ao nível profissional como pessoal.

Sandra Campos – Grupo de Teatro da ESB, 2006

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Posso dizer ainda, que os três anos que frequentei o Curso Profissional de Técnico de Turismo Ambiental e Rural foram igualmente marcantes porque foi aí que desenvolvi várias competências técnicas essenciais à minha formação profissional e usufruí sobretudo do apoio de professores excecionais. A minha passagem pela escola teve as suas atribulações, mas com o apoio prestado pelos professores tudo se ultrapassou com sucesso. Lancei-me assim para o mercado de trabalho sem medos do que o futuro pudesse reservar. Lutei contra várias adversidades mas hoje sou uma mulher realizada. Para finalizar, estou muito grata á “bela equipa” (professores e auxiliares de educação) que trabalharam com paixão contribuindo para a minha realização profissional. Friso ainda a amabilidade com que os mesmos ainda hoje nos brindam. Continuem o ótimo trabalho realizado até à data e festejem com alegria estes 25 anos prateados: com garra e motivação a escola torna-se uma animação.

Conferência com o Professor Doutor Jorge Paiva, organizada pelo Curso Profissional de Turismo Ambiental e Rural Museu de Olaria, Barcelos, 1998

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Virgílio Pereira (Professor de Educação Tecnológica da ESB)

Um novo ano letivo, uma nova turma de CEF (Curso de Educação e Formação), com a globalidade dos alunos fortemente (des) motivados para o curso e para a escola. Tarefa árdua e difícil aguardava mais uma vez a equipa pedagógica. Rever, “inventar” estratégias devidamente adequadas para os novos alunos. Consultar, novamente, algum dos teóricos da educação no intuito de encontrar ajuda para o desenvolvimento das atividades letivas e não letivas durante o ano. Tarefa árdua e difícil, mas não impossível… Dentro das estórias que nos acontecem com estes alunos que não querem nada com a escola, recordo, nesse ano, um, de nome “Barroso”, muito complicado na sala de aula devido à sua postura inadequada, falta de empenho, etc… Cheio de dar “água pela barba” aos professores, interessava-se unicamente que chegassem os dias da semana em que ia ganhar dinheiro para as feiras. Vender calçado era o seu futuro - dizia. Gabava-se de ganhar mais no fim do mês, em duas feiras, do que muitos professores e funcionários da escola em igual período de tempo. Apesar de tudo, este aluno, graças à muita paciência, devoção e profissionalismo dos seus professores adquiriu muitas competências técnicas na área de eletricidade. Chegada a hora de estágio, novo dilema para a equipa pedagógica. Seria oportuno pôr um aluno “problemático” numa empresa durante mais de seis semanas seguidas a estagiar? Como ficaria o nome da escola e dos seus professores? Bem, para terminar esta pequena estória, o aluno no final do estágio deixou as feiras – “era o seu futuro“ – e ficou a trabalhar na empresa onde fez estágio, empresa essa muito conceituada ao nível local e nacional, e hoje é considerado um excelente empregado, muito dinâmico e muito competente. Só por isto, valeu a pena “ter ganho” mais algum cabelo branco nesse ano letivo e … ajudar a criar mais uma identidade.

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Virgílio Vieira Ramos dos Santos (Ex-professor do 12º grupo B da ESB)

Por razões profissionais amistosas e culturais, não poderia deixar de participar nos eventos das comemorações dos 25 anos de vida da Escola Secundária de Barcelinhos. No intervalo de tempo que vai de 1988/09/01 a 2004/02/17 de permanência neste estabelecimento de ensino, gravei depois de meditar e recorrer à memória, momentos inesquecíveis que testemunho, através da escrita, neste livro com a mesma força de afirmação e espírito de Jó - “ Quem me dera que as minhas palavras fossem escritas, quem me dera que se imprimissem num livro com ponteiro de ferro, e sobre uma lâmina de chumbo, ou que com cinzel se gravassem em pedreneira!” - para que a memória não se apague. Em ano que não recordo com precisão, participei numa atividade cultural evocativa a S. Martinho de Tours (11 de Novembro). Nas escadas que dão acesso ao polivalente, fui o orador de uma breve palestra sobre a sua Hagiografia (biografia canónica dos santos). Assistiram à palestra um número tão significativo de professores, alunos, funcionários e encarregados de educação que foi necessário recorrer a uma amplificação sonora, cedida por um particular. No final, houve muita animação com castanhas assadas e bebidas não alcoólicas. Recordo, igualmente, com muito orgulho, uma exposição de minerais do então Departamento de Biologia e Geologia. Nela pude colaborar com a minha coleção de minerais, devidamente identificados, para um melhor conhecimento dos visitantes. Foi, na minha modesta opinião, um sucesso pedagógico! Ao longo destes anos fiz muitas amizades com toda a comunidade escolar que ainda visito regularmente, mas houve um colega que, com saudade, gostaria de evocar: o Júlio Trigueiros.

Entre mim e o Júlio havia

uma amistosa afeição desde o tempo em que ambos lecionamos na Escola Alcaides de Faria e à qual demos continuidade na Escola Secundária de Barcelinhos. O Júlio era um colega licenciado em Português e Francês, muito aprumado nos seus botões de punho, introvertido e discreto. Sentava-se na sala dos professores, invariavelmente no mesmo lugar e não era dado, por temperamento, a conversas banais. Havia, no entanto, uma colega do mesmo grupo disciplinar que, talvez por ser o oposto, em feitio, o conseguia ” tirar do sério”. Maria de la Salete Fernandes, de espírito são e descontraído, trazia a alegria e a boa disposição aos intervalos das aulas. Cada “saída” sua provocava a risota geral. No momento em que, por motivos inerentes à mobilidade da profissão, teve que se despedir da escola, o colega Júlio Trigueiros teve a generosidade de lhe agradecer, com a oferta de uma lapiseira, ao tempo algo valiosa, todos esses bons momentos de genuína alegria que a Salete lhe/nos proporcionou.

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Não esqueço deste colega Júlio um outro episódio, para mim, muito significativo. Estávamos no final do ano lectivo de 1988/89, num Conselho Pedagógico extraordinário em que o único ponto da ordem de trabalhos era a avaliação de um recurso de uma classificação, no qual, por azar, era eu o secretário. O caso foi de difícil consenso e a reunião não ficou terminada no final de 5horas. Era a última reunião do ano e a acta teria de ser aprovada e assinada nos termos da lei. Dada a extensão e complexidade do documento a exarar, solicitei um secretário para me ajudar. A reunião continuou no dia seguinte, até à hora do almoço, e o Júlio Trigueiros prontificou-se, de imediato, para me ajudar nessa árdua tarefa. Trabalhámos, afincadamente e sem intervalo, para que se cumprisse a imposição do Conselho Pedagógico e, ao final da tarde, tudo terminou. Foi a reunião que mais tempo demorou nos anais da escola! Quando me reformei a escola teve a gentileza de organizar um jantar de despedida. Por coincidência, o jantar homenageava também o Júlio Trigueiros. O Júlio não pode estar presente por motivos de doença e, apesar da alegria e da festa, não deixei de o recordar, muito particularmente, nesse momento como um homem de grande envergadura intelectual.

Festa de São Martinho, ESB

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Distinção de ex-aluno da ESB Pedro Granja, in Barcelos Popular, 17 de maio de 2012 “Um jovem investigador de Carvalhal venceu o ‘Best Student Presentation Award’ na 56ª ‘Annual Conference on Magnetism and Magnetic aterials’, no Arizona, Estados Unidos da América. Lino Pereira, de 26 anos de idade, destacou-se, assim, num dos encontros internacionais de maior destaque nas áreas do magnetismo e dos materiais magnéticos, com mais de um milhar de participantes todos os anos, tendo levado para casa uma bolsa de 1000 dólares. O trabalho apresentado é o resultado de um estudo desenvolvido pelo investigador entre 2008 e 2011, durante o seu doutoramento nos institutos Tecnológico e Nuclear, Instituto de Física dos Materiais da Universidade do Porto e outros dois na Bélgica e Suíça. O projecto consistiu no uso de ‘canalização de emissão electrónica’, uma técnica experimental baseada no uso de ‘isótopos radioactivos incorporados nos materiais em estudo e na observação de partículas (elelctrões) emitidos durante o seu descaimento’. A investigação abordou a posição de átomos magnéticos na rede cristalina de semicondutores, pondo em causa ‘factos considerados abrindo,

estabelecidos

dessa

forma,

novos

vários

anos,

caminhos

de

desenvolvimento na área dos semicondutores magnéticos’. Lino Pereira tem um passado de prémios, depois de em 2007, ano em que se licenciou em Física na Faculdade de Ciências da Universidade do

Porto,

foi

premiado

com

os

galardões

Professor Moreira de Araújo e Engenheiro António de Almeida, atribuídos aos melhores alunos do ano. Mais recentemente, viu alguns dos seus trabalhos publicados em revistas internacionais. Actualmente está a tirar o pós-doutoramento na Universidade de Leuven, na Bélgica.”

Pedro Granja, ex-aluno da ESB

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Alunas brilham em concurso nacional de leitura João Batista Faria, in Jornal de Barcelos, 4 de junho de 2008 “Duas alunas da Escola Secundária de Barcelinhos obtiveram o quarto lugar no concurso nacional de leitura Ler+, uma iniciativa promovida pelo Plano Nacional de Leitura. Ana Andrade, do terceiro ciclo (9º ano de escolaridade) e Marta Carvalho, do 11º ano de escolaridade, participaram no passado domingo naquele concurso, apresentado na RTP, entre 24 candidatos a nível nacional, depois de terem sido pré-seleccionadas para um grupo de 72 alunos de 70 escolas do país. Mas não foi só nesta fase que as alunas da Secundária de Barcelinhos fizeram brilhar a Escola. Com efeito, na pré-selecção dos quatro alunos que cada distrito deveria levar a Lisboa, três eram daquela Escola (um aluna do 9º ano e duas do 11º). A escolha dos quatro representantes do distrito de Braga foi feita pela Biblioteca Municipal de Barcelos, que nomeou um júri para este concurso. Cada escola do distrito escolheu seis alunos (três do terceiro ciclo e três do secundário) que ali foram prestar provas. No sábado passado, em Lisboa, 72 alunos vindos dos vários distritos do país, foram submetidos a provas, tendo sido apurados 24 finalistas para a final. Das quatro representantes do distrito de Braga, apenas três passaram à final, que se realizou no domingo: Ana Andrade e Marta Carvalho (da Secundária de Barcelinhos) e Joana Luís (de Guimarães). As duas barcelenses acabaram por ficar em quarto lugar e a aluna de Guimarães obteve o terceiro lugar. À frente deste projecto na Escola Secundária

de

Barcelinhos

está

a

professora Florinda Bogas, coordenadora da Biblioteca da Escola, e Aida Lemos, colaboradora

do

Plano

Nacional

de

Leitura. ‘Foi muito positivo’, disse Florinda Bogas ao Jornal de Barcelos. ‘Houve um esforço muito grande de todos, mas valeu a pena; foi uma experiência óptima, o que Plano Nacional de Leitura, 2008

nos

deixa

profissionalmente’”.

140

muito

orgulhosos


141


A Escola no tempo Anos de escolaridade

Anos letivos

9º 10º 11º 12º

Bás

Sec

Total

1986/1987

245 132 92 118 55

469

173

642

1987/1988

242 172 111 114 93

525

207

732

1988/1989

255 182 159 151 74

596

225

821

1989/1990

175 189 145 166 92

26

509

284

793

1990/1991

273 220 155 144 111 24

648

279

927

1991/1992

180 256 175 130 140 76

611

346

957

1992/1993

204 175 235 177 139 103

614

419

1033

1993/1994

177 208 180 195 153 52

565

400

965

1994/1995

283 162 178 177 135 164

623

476

1099

1995/1996

260 228 158 178 141 131

646

450

1096

1996/1997

187 210 215 174 130 153

612

457

1069

1997/1998

187 185 166 160 143 147

538

450

988

1998/1999

166 148 150 154 113 141

464

408

872

1999/2000

144 166 133 170 175 117

443

462

905

2000/2001

169 132 126 151 124 102

427

377

804

2001/2002

166 177 112 223 109 136

455

468

923

2002/2003

136 151 131 221 137 117

418

475

893

2003/2004

103 121 143 252 166 126

367

544

911

2004/2005

126 95

89 190 205 177

310

572

882

2005/2006

77 114 92 195 156 225

283

576

859

2006/2007

123 84 114 205 198 190

321

593

914

2007/2008

99 124 96 209 180 185

319

574

893

2008/2009

103 95 116 228 184 174

314

586

900

2009/2010

77 101 102 240 200 194

280

634

914

2010/2011

78

72 118 250 235 210

268

695

963

2011/2012

77

78 102 207 245 229

257

681

938

142


143


Ficha Técnica

Agradecimentos Ricardo Silva

Edição

Alberto Torres

Escola Secundária de Barcelinhos

Ricardo Remelhe Santiagotur

Direção e Coordenação Comissão para a comemoração dos 25 anos

Biblioteca Municipal de Barcelos

da Escola António Carvalho Dulce Macedo Florinda Bogas Helena Trigueiros Palmira Oliveira Conceção gráfica António Fernandes Helena Trigueiros Colaboração especial Capa: Nuno Almeida Propriedade Escola Secundária / 3 de Barcelinhos Rua do Areal de Baixo – S. Brás – 069 Barcelinhos Telefone – 253 839 260 Fax – 253 833 024 Email – info@esec-barcelinhos-rcts.pt http://www.esec-barcelinhos.rcts.pt/ Tiragem 600 exemplares

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Escola secundรกria de Barcelinhos


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