{hauntings} (draft of a photo book)

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Antonio Mozeto HAUNTINGS
ASSOMBRAÇÕES

I dedicate this work to this beautiful, charming, and nearly bicentennial lady—simply named Photography by her brilliant creators—for providing, all over these years, moments of balance to my mind and heart.

“Everything is a matter of keeping the mind still, the spine straight, and the heart calm”. (Walter Franco)

Dedico este trabalho a esta bela, simpática e quase bicentenária senhora, cujos geniais criadores deram-lhe o singelo nome de Fotografia, por propiciar, durante todos esses anos, momentos de reequilíbrio à minha mente e meu coração.

“Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”. (Walter Franco)

A sombra carrega consigo a evidência e o mistério da vida. Diretamente relacionada com a luz, a sombra é seu lado etéreo e fugaz, sua parte escura e imaterial, seu antípoda.

Como no Mito da Caverna de Platão, onde as sombras projetadas nas paredes sugeriam uma visão de mundo irreal e distorcida, Antonio Mozeto projeta sua sombra no mundo para enxergar o lado escuro de ambos.

Muito além de reproduções da realidade, as imagens de Mozeto são projeções do seu mundo interior, materializações de desejos, medos e maravilhas que compõem um imaginário rico e instigante.

Assombrar é aparecer (em um lugar) na forma de fantasma, assombração, mas é também sinônimo de maravilhar, deslumbrar.

No exato caminho dessa aparente contradição, as imagens de Mozeto levam-nos a um mundo onírico, pleno de referências que povoam a imaginação do autor. Re exos escuros e desmaterializados de si mesmo derramando-se em paisagens e desvãos, num itinerário íntimo que nos convida a re etir sobre as nossas próprias sombras.

Sempre acreditei que, ao contrário de registrar a realidade, o fotógrafo projeta nela a sua percepção de mundo, na busca de traduzi-lo em imagens. Aqui, como um viajante dentro da própria história, a sombra do autor projeta-se nesse mundo imaginário como uma revelação – o apocalipse de si mesmo.

Em suas imagens, Antonio Mozeto assombra e maravilha, invertendo o Mito da Caverna e mostrando que as sombras podem libertar a imaginação e revelar o mundo interior que a luz esconde.

Sensível e delicado, o trabalho de Mozeto traz a marca de anos de re exão apaixonada pela fotogra a e suas possibilidades transmutados num exercício poético profundo e libertador.

Com humildade e leveza, o autor entrega-se a devaneios que se materializam através de suas lentes e sua mente como re exos sombreados de sua luz interior.

Fluindo da memória e dos sentimentos, as sombras de Antonio Mozeto invadem nossa percepção e nos convidam a essa viagem, que remete à frase de Carl Jung: “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”.

LOW RES

foto: André Mozeto (2023)

Posfácio

Na jornada da vida, invariável e incansavelmente, coexiste em nós a dualidade entre o mundo real e o imaginário. Nossas mentes são constantemente povoadas por imagens dos lugares onde um dia vivemos, situações, acontecimentos e experiências pessoais vividas e compartilhadas com muitas pessoas: nossas famílias, amigos e desconhecidos.

São fragmentos de nossa memória, de nosso interior, repetidamente buscados no passado, em tempos passados, que hoje existem somente em nossa imaginação.

A fotografia desempenha (também) esse papel de busca de nós mesmos, de busca dessa revelação de quem verdadeiramente somos e de quem fomos ao longo de nossas vidas. A câmera fotográfica funciona como um instrumento de arqueologia na escavação e revelação de camadas mais profundas de nossas vidas.

“Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples assim. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na dor. Mas, aquilo que amamos tem vocação para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar de vez em quando”. (Adélia Prado - Aroma de Poesia)

As imagens deste livro são reflexos caleidoscópicos de muitas emoções e sensações vividas: sonhos e pesadelos; ilusões e desilusões; dúvidas, desejos e sentimentos reprimidos; os absurdos e a finitude da vida.

antonio mozeto - setembro de 2023

Histórico & Agradecimentos

O projeto que resultou neste livro teve a edição e curadoria de Roberto Cecato (FotoWeb AcademySão Paulo, SP) desde os primórdios do processo de criação ao longo quase dois anos (2022-3) durante minhas atividades de mentoria e participação em reuniões do FotoWeb Academy estúdio, recém-criado pelo citado curador.

Agradeço imensamente ao Roberto por várias razões, sendo a primeira e mais importante delas, seu contagiante e expresso entusiasmo e paixão pela fotografia, cinema e cinematografia, arte e ensinamentos, assim como pela autêntica parceria que estabelecemos no período que nos conhecemos.

Agradeço ao ilustrador e designer gráfico, Roberto Weigand (São Paulo, SP), pela ajuda na verificação de detalhes técnicos finais do design gráfico e diagramação deste livro.

Background & Aknowledgments

The project that resulted in this book was edited and curated by Roberto Cecato (FotoWeb AcademySão Paulo, SP) from the early stages of the creative process over nearly two years (2022-2023) during my mentoring activities and participation in meetings at the FotoWeb Academy studio, which was recently established by the aforementioned curator.

I am immensely grateful to Roberto for several reasons, the first and most important of which is his contagious and openly expressed enthusiasm and passion for photography, cinema and cinematography, art, and teachings, as well as the authentic partnership we established in the time we have known each other.

I thank the illustrator and graphic designer, Roberto Weigand (São Paulo, SP), for his help in verifying the final technical details of the graphic design and layout of this book.

ForewordHauntings

The shadow carries with it both the evidence and the mystery of life. Directly related to light, the shadow is its ethereal and fleeting counterpart, its dark and immaterial aspect, its antipode.

As in the myth of Plato’s Allegory of the Cave, where the shadows cast on the walls suggested an unreal and distorted view of the world, Antonio Mozeto projects his shadow onto the world to explore the darker sides of both the world and himself. Far more than mere reproductions of reality, Mozeto’s images are projections of his inner world, materializations of desires, fears and wonders that make up a rich and thought-provoking imagery. To haunt is to appear (in a place) as a ghost or apparition, but it is also synonymous with marveling and dazzling.

On the exact path of this apparent contradiction, Mozeto’s images take us to a dreamlike world, full of references that populate the author’s imagination. Dark and dematerialized reflections of himself spilling over landscapes and recesses, on an intimate journey that invites us to reflect on our own shadows.

I have always believed that, contrary to capturing reality, a photographer projects their perception of the world onto it, in an attempt to translate it into images.

Here, like a traveler within his own history, the author’s shadow is projected onto this imaginary world as a revelation – the apocalypse of himself.

In his images, Antonio Mozeto haunts and marvels, inverting the Allegory of the Cave and showing that shadows can free the imagination and reveal the inner world that light conceals. Sensitive and delicate, Mozeto’s work bears the mark of years of passionate reflection on photography and its transformative possibilities, morphed into a profound and liberating poetic exercise.

With humility and lightness, the author indulges in daydreams that materialize through his lenses and mind as shadowy reflections of his inner light.

Flowing from memory and emotion, Antonio Mozeto’s shadows invade our perception and invite us on this journey, echoing Carl Jung’s words: “Who looks outside dreams; who looks inside awakes”

Roberto Cecato

Afterword

In the journey of life, the duality between the real and the imaginary world unfailingly and tirelessly coexists within us. Our minds are constantly filled with images of places where we once lived, situations, events, and personal experiences we have shared with many people: our families, friends, and strangers.

These are fragments of our memory, of our inner selves, repeatedly sought in the past, in bygone times, that today exist only in our imagination.

Photography (also) serves this role of searching for ourselves, of seeking this revelation of who we truly are and who we have been throughout our lives. The camera is like an archeological instrument in excavating deeper layers of our innermost life.

The images in this book are kaleidoscopic reflections of many lived emotions and sensations: dreams and nightmares; illusions and disillusionments; doubts, desires, and repressed feelings; the absurdities and finitude of life.

antonio mozeto

September/2023

“They say that time heals all wounds, but it’s not that simple. It soothes the senses, smooths the edges, puts a Band-Aid on the pain. But what we love has a tendency to resurface from the depths, to break the locks and haunt us every now and then”. (Adélia Prado - Aroma of Poetry)

expediente assombrações hauntings

Fotografias, fotomontagens, edição, pós tratamento, projeto gráfico e coordenação editorial: Antonio Mozeto (São Carlos, SP)

Curadoria e edição de imagens: Roberto Cecato (São Paulo, SP)

Produção em parceria com: FotoWeb Academy (Rua Mario Enzio Pasqualucci, 334 - São Paulo, SP)

Revisão de português e inglês: Editora Cubo Multimídia (São Carlos, SP)

Serviços de impressão/acabamento: Gráfica Cinelândia (São Paulo, SP)

Tipo de impressão: offset Número de cópias: 200 unidades

Papel: offset alto alvura150 g m-2 (miolo) e 240 gm-2 (capa) Fonte: Myriad Pro

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