Menorah 577

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Foto: Lourival Ribeiro



www.menorahnet.com.br ANO 46 • Nº 577 • OUTUBRO 2007

DIREÇÃO Diretor de Honra José Gomlevsky Z’L (1924-2000) Diretor Geral Ronaldo Gomlevsky Foto: Lourival Ribeiro

REDAÇÃO Jornalista Responsável Camila Welikson (DRT nº 24578 RJ)

COLABORADORES Camila Welikson, Moysés Akerman, Ronaldo Wrobel, Lygia Gomlevsky, Alba Carvalho, Yasmin H. de Gomlevsky e Dr. Marco Aurelio Pellon

DESIGN GRÁFICO Sergio Richiden Design sergiorichiden@uol.com.br

CONTATOS, PUBLICIDADE E ASSINATURAS Tel.: (21) 2240-4587 | Fax: (21) 2240-5668 E-mail: menorah@mls.com.br MENORAH é uma publicação mensal de propriedade da Editora Menorah Ltda. Registro no DODP/DPF sob nº 477 P 209/73 Rua do México, 119 / salas 1107 e 1108 Centro - CEP 20031-145 - Rio de Janeiro - RJ

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Dirigentes judeus visitam o Presidente Lula Jack Terpins, presidente da Conib, lidera os judeus em histórico encontro com o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Não perca.

04 Um filhote de coiote afia seus dentes A bomba do Irã é um problema dos Estados Unidos e da Humanidade.

16 Que cabala é essa? Cabala pra cá, Cabala pra lá. Parece que para certos rabinos, com r minúsculo, esse assunto, da maior seriedade e complexidade, virou fábrica de dinheiro. Acompanhe.

26 Israel Hoje – Ronaldo Wrobel A sensibilidade aliada à inteligência de Ronaldo Wrobel, escritor e crítico, dá o molho certo para o tema deste número. O descanso da terra de Israel e os prejuízos causados pelo ano sabático. Vale a pena conferir.

30 By Alba Alba conta tudo de bom que há em SP. Confira.

32 By Lygia Festas, jantares, brunches, viagens de férias e negócios; chiques, famosos, bacanas e uma legião de bons berrús. Todos podem ser encontrados neste circo divino de Lygia Gomlevsky, que nada mais representa senão a própria vida.

36 Yasmin Gomlevsky O presidente da Conib, Jack Terpins, discursa e desfruta da atenção do presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, e da primeira-dama, Marisa Letícia. Esse fato ocorreu por ocasião dos festejos do ano-novo judaico de 5768, quando a Conib, através de seu presidente, liderou grande grupo de dirigentes judeus de diversas instituições com destino a um importante encontro com o presidente do Brasil. Fato digno de registro.

Os adolescentes também se sentem indignados. Yasmin expressa este sentimento com muita clareza em seu espaço para jovens. Os adultos, a cada edição, também curtem. Não deixe de ler.

38 Fatos & Fatos – Moysés Akerman Esse sabe de tudo. Conversando com os pássaros ou de toalha pelas saunas judaicas vai escutando e revelando. Como pano de fundo, a pilha de pré-candidatos judeus para as próximas eleições municipais. Viva a democracia! Leia e comprove.

48 Saúde - Queimaduras – Dr. Marco Aurelio Pellon Poucas são as doenças que trazem seqüelas tão graves como a queimadura, por isso ela deve ser encarada como uma patologia. Leia, nesta matéria, as modernas condutas que previnem esse grave trauma.

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EDITORIAL

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enorah cumprimenta o presidente da Confederação Israelita do Brasil e do Congresso Mundial Judaico, ramo latinoamericano, Jack Terpins, por liderar a comunidade judaica brasileira, por intermédio de seus dirigentes, numa visita histórica e absolutamente oportuna ao presidente da República, no Palácio do Planalto, em Brasília, por ocasião do ano-novo judaico de 5768. Nós, os judeus do Brasil, necessitamos de líderes que saibam nos colocar na mídia pelo aspecto positivo do judaísmo e da contribuição judaico-brasileira ao desenvolvimento do país, em todas as vertentes da atividade humana. Menorah aplaude a Conib e seu presidente.

Ronaldo Gomlevsky DIRETOR GERAL

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Alex Ribeiro

A BOMBA IRANIANA


Por Camila Welikson

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, depois de declarar ao mundo que pretende varrer Israel do mapa, anunciou, em palestra proferida na Universidade de Columbia, em Nova York, que o seu país ama a paz. O discurso, politicamente correto, faz parte de sua campanha para convencer as lideranças dos países da Organização das Nações Unidas – ONU – de que o Irã desenvolve um programa nuclear cujos fins são exclusivamente energéticos. menorah

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lém de Israel, Estados Uni- tência nuclear ao país foram cientes. Livni tem declarado enfaticados e França, outras potên- suspensos. A medida foi aprovada mente que a participação de cias não acreditam nas pa- por 35 representantes, que integram Ahmadinejad na Assembléia Geral da lavras de Ahmadinejad. De o Conselho de Governadores da ONU, que aconteceu em setembro, fato, há razões para isso. As ações do Agência Internacional de Energia Atô- em Nova York, foi um grave erro. “A presidente iraniano colocam em mica (AIEA), da ONU. ONU deveria se envergonhar da prexeque suas alegadas boas intenções. Para Tzipi Livni, ministra das Rela- sença dele. Em um mundo justo, sua O Irã vem gerando polêmica e con- ções Exteriores de Israel, as represá- visita nunca aconteceria, e o Irã não trovérsia desde que se recusou a in- lias do mundo livre não têm sido sufi- seria membro da ONU. Isso sairá muiterromper o enriquecito caro. O mundo deve mento de urânio - procolocar já um freio nescesso que pode ser utilisa situação. A comunidaA ONU deveria se envergonhar da presença zado para a criação da de internacional não dele. Em um mundo justo, sua visita nunca bomba atômica. pode permitir um Irã nuaconteceria, e o Irã não seria membro da ONU. A subida ao poder de clear”, afirmou Livni. Tzipi Livni - Ministra das Relações Exteriores de Israel Ahmadinejad colocou o A Organização das Irã numa posição de Nações Unidas vem enmaior destaque no cefrentando esta crise desnário internacional. O de 2002, quando um grupaís tornou-se alvo de po exilado de oposição críticas por apoiar gruao governo iraniano, pos terroristas do Orienchamado Conselho Nate Médio. No Iraque, por cional de Resistência do exemplo, o Irã é acusaIrã, denunciou seu país do de fornecer armas e por estar enriquecendo dinheiro para movimenurânio em laboratórios tos que incentivam a na cidade de Natanz. luta contra forças de seUm ano depois, a gurança estrangeiras, Agência Internacional especialmente as dos de Energia Atômica – Estados Unidos. Há mais AIEA – constatou que o do que simples denúnIrã não obedeceu ao cias do envolvimento Tratado de Não-Prolifecom o Hezbollah, grupo ração Nuclear, que perradical xiita responsável mitia apenas que o país por desencadear a guerenriquecesse combusra entre Israel e Líbano, tível para geração de em 2006. energia nuclear com Desde que se recufins civis, e, ainda assim, sou a interromper o ensob inspeção da Agênriquecimento de urânio cia. Sob forte pressão indentro do prazo estabeternacional, o Irã assilecido pelas Nações nou, seis meses mais Unidas, o Irã vem sotarde, um acordo no frendo represálias. No qual concordava com início deste ano, 23 dos inspeções em suas ins>> 55 programas de assistalações nucleares.


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STR New / Reuters / LatinStock

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Estabelecimento para enriquecimento de urânio de Natanz, 50 km ao sul de Teerã (Irã).

A situação permaneceu aparentemente estável até o início de 2006, quando o Irã, unilateralmente, retirou os lacres da ONU, que vedavam suas instalações nucleares em Natanz, e retomou as pesquisas, que estavam paralisadas. A AIEA percebeu, então, que era preciso levar a questão para o Conselho de Segurança da Organização. No dia seguinte, 5 de fevereiro de 2006, o Irã cancelou as inspeções da ONU em suas instalações e retomou o fornecimento de gás de urânio para suas centrifugações nucleares. Desde então, tornou-se inviável para a Agência checar se as atividades atômicas do país são pacíficas ou não. O Conselho de Segurança exigiu

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que o Irã suspendesse as atividades nucleares até o dia 31 de agosto de 2006, ameaçando impor-lhe sanções, caso o país desobedecesse às ordens estabelecidas. Sem medo das ameaças, o Irã fechou um acordo com a Rússia para dar início ao funcionamento da primeira estação de energia nuclear iraniana, em Bushehr, em 2007. No fim de 2006, o Conselho de Segurança exigiu que o país cessasse suas atividades nucleares, mas o Irã considerou a resolução uma medida ilegal, e, em janeiro de 2007, proibiu a entrada, em seu território, de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica. A crise agravou-se ao longo do primeiro semestre de 2007. Durante

esse período, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Ehehr Mottaki, afirmou que seu país nunca suspenderia o enriquecimento de urânio, como havia sido exigido pela ONU. Assim, novas sanções contra o Irã foram discutidas pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, EUA, Reino Unido, França, Rússia e China. A Alemanha também participou das discussões. Ninguém duvida do fato de que, caso o Irã venha a produzir a bomba atômica, Israel será provavelmente o primeiro alvo, mas certamente não será o único. Como disse Tzipi Livni, isso sairá muito caro; entretanto, somente o tempo será capaz de dizer o preço exato que o mundo irá pagar. >>


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O ataque da aviação israelense à Síria A notícia do ataque de Israel à Síria e o longo silêncio do Exército de Defesa de Israel foram motivos de especulações no cenário político internacional. Para alguns, a ação teve como >>

Foto: Divulgação

ções de paz foram cortadas em 2000, devido a desentendimentos em relação ao controle das Colinas de Golã, área localizada na fronteira entre os dois países.

Christiane Amanpour Repórter da CNN

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Shizuo Kambayashi / Reuters

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o dia 6 de setembro, a Síria apresentou uma queixa formal à ONU, declarando ter sido forçada a disparar contra aviões israelenses que sobrevoavam seu território, numa clara ação de ataque ao país árabe. Diplomatas residentes em Damasco declararam que pelo menos quatro aviões de guerra sobrevoaram a região. Israel demorou a se pronunciar, mesmo após a Síria garantir que poderia retaliar a violação. Somente no início de outubro, fontes oficiais israelenses confirmaram o ataque, afirmando apenas que ele ocorreu em um ponto localizado dentro do território sírio, longe da fronteira. Síria e Israel estão, desde 1967, formalmente, em guerra. As negocia-

Ehud Olmert - Primeiro-ministro de Israel


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Foto: Divulgação

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alvo instalações sírias que serviriam de depósito para equipamentos nucleares enviados pela Coréia do Norte, apesar do governo daquele país ter negado receber essa ajuda. Para outros, o ataque foi uma forma de enviar uma mensagem a Damasco para que o país não rearme o Hezbollah. A repórter Christiane Amanpour, da CNN, corroborou esta última versão e disse que fontes militares americanas confirmaram o ataque. O motivo da ação teria sido a destruição de equipamentos militares que estavam sendo transportados do Irã para o Líbano através da Síria, com a finalidade de potencializar o Hezbollah. A falta de uma declaração oficial do governo israelense não impediu que autoridades do Estado Judaico se manifestassem. Duas semanas depois do ocorrido, o líder da oposição e ex-primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ousou fazer declarações sobre o caso. Ele confirmou o ataque e manifestou seu apoio ao primeiroministro, Ehud Olmert: “Quando um primeiro-ministro faz algo que considero importante e necessário para a segurança de Israel, dou meu apoio”,

Raleb Majadele Ministro da Cultura, Ciência e Esportes

afirmou Netanyahu numa entrevista ao canal inglês Channel 1. O ministro da Cultura, Ciência e Esportes, o árabe-israelense Raleb Majadele, também conversou com a imprensa. Para ele, a denúncia do governo sírio de um bombardeio em seu território por aviões militares israelenses não é suficiente para provocar uma guerra. O ataque desencadeou uma complicada teoria da conspiração que envolve o Irã e seu programa nuclear.

O jornal inglês The Observer acredita que a incursão na Síria foi um ensaio para um possível ataque de Israel contra as instalações nucleares do Irã. No fim de setembro, a revista americana Newsweek aproveitou o ensejo da ação militar contra a Síria e publicou uma reportagem afirmando que o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, teria pedido que Israel atacasse a base nuclear iraniana de Natanz, com o intuito de provocar uma retaliação. A provável reação militar iraniana permitiria um contra-ataque americano. Ainda segundo a reportagem da revista Newsweek, Washington, apesar de insistir em uma solução diplomática, estaria disposto a utilizar forças militares para acabar com o programa nuclear do Irã. Israel, por sua vez, estaria se preparando para atacar o Irã no próximo ano, impedindo, assim, que o país inimigo finalize a produção de um arsenal nuclear. A teoria conspiratória foi reforçada por um grupo neoconservador de Washington, que acredita existir negócios entre a Coréia do Norte, a Síria e o Irã, relacionados a programas de mísseis balísticos e materiais nucleares. >>


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539 a.C. – Ciro, o Grande funda o Império Persa. 642 a.C. – A invasão árabe marca a conversão dos habitantes da região ao Islã. 1921 – O oficial do exército Reza Khan toma o poder e estabelece a nova dinastia Pahlavi, passando a chamar-se Reza Xá Pahlavi. O poder é fortemente centralizado na figura do monarca. 1935 – A Pérsia, um dos grandes impérios da antigüidade, muda de nome e a região passa a ser conhecida como Irã. 1941 – Durante a Segunda Guerra Mundial, tropas britânicas e soviéticas ocupam o país. O xá abdica em favor do filho, Mohammad Reza Pahlavi. 1946 – Fim da ocupação estrangeira. 1963 – Revolução Branca. Campanha iniciada pelo xá para modernizar o país, que inclui a reforma agrária e o direito de voto às mulheres. O regime ditatorial em vigor desagrada à população, que inicia um movimento para derrubar o governo. 1971 – Os EUA concedem crédito ao Irã para a compra de armas, no valor de um bilhão de dólares. 1979 – Início da revolução que derruba a monarquia iraniana. Clérigos religiosos, liderados pelo aiatolá Khomeini, até então exilado na França, transformam o Irã em uma república islâmica, e estabelecem para a sociedade do país a vigência do sistema teocrático. O xá Reza Pahlevi foge do país. Khomeini regressa a Teerã e assume o poder. 1980 – O Irã é invadido pelo Iraque, que conta com o apoio oci-

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dental somado ao da então União Soviética. A guerra termina em 1988. A questão da alteração das fronteiras, motivo da guerra entre os dois países inimigos, não foi resolvida. Foram mortos, nesse episódio bélico, aproximadamente, 400 mil iranianos e 300 mil iraquianos. 1989 – Morre o aiatolá Khomeini, em 3 de junho.

Foto: Divulgação

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Linha do Tempo

Mohammad Reza Pahlavi 1995 – Os EUA acusam o Irã de apoiar o terrorismo, atrapalhar o processo de paz no Oriente Médio e fabricar uma bomba nuclear usando tecnologia russa. São impostas sanções econômicas ao país. 1997 – A cúpula dirigente do Irã é acusada pela Suprema Corte de Berlim do assassinato de quatro oposicionistas curdos em 1992. Pela primeira vez, um tribunal ocidental acusa o país de participar diretamente em ações terroristas.

2000 – Liberais vencem as eleições parlamentares, mas não ocorrem mudanças sociais ou políticas no país. George W. Bush afirma que o Irã faz parte do “Eixo do Mal”. 2002 – Um grupo chamado Conselho Nacional de Resistência ao Irã acusa o país de enriquecer urânio. O governo iraniano inicia a construção da primeira usina nuclear com o apoio de técnicos russos. 2004 – Conservadores vencem as eleições parlamentares. 2005 – Mahmoud Ahmadinejad é eleito presidente. Ao longo do seu mandato, o ultraconservador faz pesadas críticas e ameaças aos EUA e a Israel, afirmando que o Estado Judaico deveria ser riscado do mapa e que o Holocausto é um mito. 2006 – No início deste ano, o Conselho de Segurança da ONU toma medidas para reprimir a produção de enriquecimento de urânio pelo Irã. Ainda assim, o país de população esmagadoramente muçulmana continua desafiando as Nações Unidas. Assina um acordo com a Rússia para iniciar, em setembro do ano seguinte, a construção e operação de uma estação de energia nuclerar em Bushehr. 2007 – Conforme dito no início deste artigo, o Irã começa a sofrer represálias por se recusar a interromper o enriquecimento de urânio. No começo deste ano, uma medida foi aprovada por 35 representantes do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), quando 23 dos 55 programas de assistência nuclear ao país foram suspensos.


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Mania em Hollywood, moda em todo mundo. É assim que funciona. Tal qual com as roupas, os cortes de cabelo, a música, a comida. Assim também com a Cabala. Há pouco, o misticismo judaico foi adotado por Madonna – ou Esther, como agora é chamada. A cantora assumiu a responsabilidade de divulgar seu novo passatempo, e outras celebridades, como Demi Moore, Ashton Kutcher, Paris Hilton e Britney Spears, também entraram na onda. O resultado acarretou uma vulgarização dos conceitos da Cabala.

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Por Camila Welikson

ssa popularização desagradou a inúmeros rabinos e estudiosos, que dedicam seu tempo à compreensão da religião judaica e seus mistérios. O principal alvo de críticas é o Centro de Cabala, uma instituição alegadamente sem fins lucrativos, que sobrevive de aulas, vendas de produtos ditos cabalísticos e doações feitas por alunos. Madonna já doou à instituição, comandada por seus novos líderes espirituais, mais de 18 milhões de dólares, desde que passou a fazer parte do grupo, em 2001. De acordo com informações do site oficial, o Centro é uma organização espiritual que ensina os princípios da Cabala da Nova Era, por um sistema simples e acessível a qualquer um, independentemente de sua religião, raça, idade ou sexo. Os fundadores do Centro, Philip e Karen Berg, acreditam que este é um aprendizado que pode ser passado a todos. Essa concepção contraria a base da Cabala e representa um afastamento das raízes judaicas. Entretanto, para a família Berg, o distanciamento do real misticismo >> menorah 17


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judaico permite alcançar um mercado global mais diversificado e, conseqüentemente, muito mais amplo. Ao seguir este conceito, a organização passou a ser vista por muitos como uma máquina de fazer dinheiro. De acordo com informações da revista Radar, é impossível precisar números e valores, mas os Berg teriam conseguido arrecadar recursos de aproximadamente 60 milhões de dólares por meio de suas organizações. A sua linha de produtos inclui velas aromáticas, água sagrada, fitas vermelhas de proteção, que estão à venda em lojas e na internet. Os 23 volumes do Zohar, o principal livro cabalista, custam mais de 400 dólares. Ainda de acordo com a revista Radar, a família Berg construiu um império banalizando o misticismo judeu e vendendo-o às massas. Eles são proprietários de mansões em Beverly Hills e apartamentos de luxo em Nova York, viajam em jatos fretados e esperam ampliar seus negócios para o ramo imobiliário.

As pessoas acabam se aproximando do judaísmo. Além disso, grande parte dos judeus não tem o menor conhecimento de sua própria religião, principalmente no Rio de Janeiro, onde a comunidade é de uma ignorância inacreditável.

Shmuel Lemle Representante do Centro de Cabala no Brasil

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Philip Berg nasceu numa família ortodoxa do Brooklyn, Nova York, e, apesar de ter sido ordenado rabino, trabalhava como vendedor de seguros. Rivka, sua primeira esposa, apresentou-o ao tio, o rabino Yehuda Brandwein, um cabalista respeitado da Yeshivá Kol Yehuda, em Israel, que se tornou o mestre de Philip. Em 1971, após a morte de Brandwein, Berg casou-se com a exsecretária Karen e começou a repassar os conhecimentos aprendidos a um pequeno grupo de interessados em Israel. Ao longo das décadas de 1970 e 1980, o casal expandiu seus negócios para os Estados Unidos, onde encontrou

seguidores fervorosos, dentro e fora da comunidade judaica. Philip Berg foi acusado de plagiar textos de alguns conhecidos rabinos e eruditos ortodoxos, e respondeu a processos nos Estados Unidos. Um deles foi encerrado após uma negociação cuja quantia é desconhecida. O Centro está em ritmo de expansão. Tem “filiais” em várias cidades americanas, além de representantes em diversos lugares do mundo, desde o Japão até países da América Latina. Pelos seus métodos, dizem, torna-se possível ainda estudar a Cabala via internet ou por telefone. No Brasil, uma ex-aluna disse que tinha a chance de comprar fitas-cassete com aulas que haviam sido perdidas. Existe uma extensa lista de maneiras de se gastar dinheiro ao entrar no Centro de Cabala. Além das aulas e dos livros, há retiros, eventos, viagens e inúmeros produtos à venda. Os negócios do Centro de Cabala tomaram proporções muito grandes e isso chamou a atenção da imprensa. O jornal inglês The Guardian publicou uma matéria na qual questiona as qualificações do líder do Centro, Philip Berg. Muitas outras reportagens fazem referência, principalmente, ao aspec>> to marqueteiro dos negócios.


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Michael Berg, filho de Philip, assumiu a direção do Centro ao lado do pai, e é ele quem responde às acusações da imprensa, afirmando que não são usados quaisquer métodos agressivos ou manipulativos para obter dinheiro. “Aqueles que doam, o fazem livremente”, diz. Michael, além de autor de vários livros, é conhecido como tradutor do Zohar para o inglês. Na sua opinião, a Cabala é universal e não apenas ligada ao judaísmo. Numa entrevista concedida à jornalista americana Rebecca Phillips, Michael Berg diz que o misticismo judaico veio antes da criação do mundo e, portanto, antes do judaísmo: “A Cabala é uma sabedoria universal. Não pertence exclusivamente a uma religião. Não há lógica em permanecer sobre o domínio de apenas um grupo. O propósito dos cabalistas é revelar esta sabedoria para todo o mundo”, garante Michael, contrariando toda a base da Cabala original, mas, dessa forma, justificando a venda de seus livros a todos, sem distinção de religião. O Centro também contraria a base do judaísmo ao afirmar que o Shabat (dia de descanso) e os feriados judaicos são ferramentas espirituais, que

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devem ser usadas por todos para uma aproximação maior com Deus. “Vemos o Shabat como uma oportunidade espiritual. Aqui no Centro, judeus e não judeus têm a oportunidade de usar essa ferramenta”, diz Michael. As tradições judaicas também são passadas a um público mais amplo no Brasil. Shmuel Lemle é o representante do Centro de Cabala, no país. Ele não gosta de conversar com a imprensa porque acredita que os jornalistas publicam muitas informações distorcidas sobre o seu trabalho e a organização que representa. “Eu queria escrever uma matéria sobre o quanto a imprensa é debilóide, porque não busca entender as coisas. Não tenho vontade de falar”, comenta agressivamente Lemle. Para ele, o Centro de Cabala realiza um trabalho que está totalmente ligado ao judaísmo. “Não temos ligação com política, apenas ensinamos Cabala e seguimos a linha ortodoxa”, revela, apesar da organização estar em evidente discrepância com o modelo religioso. Para o professor, que afirma ter tido milhares de alunos inscritos em cursos e particpando de eventos, o fato de a maioria não ser de origem

judaica em nada interfere no seu trabalho: “As pessoas acabam se aproximando do judaísmo. Além disso, grande parte dos judeus não tem o menor conhecimento de sua própria religião, principalmente no Rio de Janeiro, onde a comunidade é de uma ignorância inacreditável”, diz. O comentário parece ser uma resposta ao mau acolhimento do Centro de Cabala na cidade por parte da comunidade judaica local: “Falar que não me afeta seria o mesmo que dizer que sou um tzadik. Me afeta, sim. Mas continuo meu trabalho, porque sei que estou fazendo bem para a alma das pessoas. Preciso saber lidar com isso. Tenho certeza absoluta de que estou fazendo a coisa certa”. Em relação às acusações que sua organização vem sofrendo ao longo dos últimos anos, Lemle garante que não liga e prefere não comentar: “Não vou perder meu tempo com imbecilidade. Não tem cabimento”. A raiva de Lemle apenas demonstra o quanto tais acusações parecem incomodá-lo. Talvez, quem sabe, por trazerem em seu conteúdo fatos capazes de destruir o império criado por Berg. Segredos de uma organização tão ocultos como os próprios mistérios da Cabala. >>


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Por trás dos panos

O que impressiona Madonna e todos os outros é a ênfase na intenção. O judaísmo enfatiza a ação e a Cabalá enfatiza o valor das atitudes, de acordo com a intenção. Rabino Eliezer Stauber

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uando assistimos a uma peça de teatro, vemos o que está na frente do cenário. Poucas pessoas sabem como as coisas funcionam e quem as preparou. A maioria desconhece o trabalho realizado antes do espetáculo e o maquinário necessário para que tudo funcione. Tudo o que acontece na frente exige um preparo por trás. A Cabalá – com ênfase na última sílaba (esta é a forma certa de pronúncia) – explica tudo que está por trás da cortina.” É assim que o rabino Eliezer Stauber define o misticismo judaico. Para ele, é importante entender, em primeiro lugar, o significado da palavra, que em hebraico quer dizer recibo. “São conhecimentos que recebemos de uma geração para outra. Não se pode aprender e entender por conta própria. Tem que ser transmitido. O que, afinal, é passado e não se pode simplesmente ler? Conhecimen-

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tos secretos”, diz. O rabino Eliezer Stauber afirma que o segredo está ligado à compreensão. Para ele, o mistério existe porque a maioria das pessoas não alcança o nível de entendimento necessário. O estudo tem que ser completo, os ensinamentos devem ser recebidos de uma forma perfeita. A Cabalá representa os segredos existentes nas letras e nas palavras da Torá (livro sagrado). “São quatro os níveis de entendimento da Torá. O primeiro nível está relacionado com os ensinamentos simples, compreensíveis para qualquer pessoa, como os dez mandamentos, por exemplo. Há, entretanto, lições que estão subentendidas e fazem parte do segundo nível de entendimento. Elas podem ser percebidas por meio de dicas ao longo da leitura. O terceiro nível é o dos comentários. São discussões, perguntas e respostas sobre temas mais filosóficos. O último grau de compreensão é chamado, em hebraico, Sod, ou seja, segredo, é a Cabalá”, diz Stauber. Através deste quarto nível é possível saber como a vontade de D’us se manifesta na Terra, mas, para se chegar a esse ponto, é preciso estudar muito, conhecer a língua hebraica, as letras e a formação das palavras. É fundamental estudar profundamente a Torá. É por isso que, na chamada Cabala moderna, o conhecimento profundo não pode ser transmitido. O misticismo judaico popular é apenas o estudo superficial da Cabalá. “Infelizmente, hoje virou moda aprender e ensinar sem o conhecimento das palavras. O que se utiliza são conceitos e filosofia cabalísticas, mas não é a Cabalá verdadeira. É como vender uma mercadoria adulterada. É o mesmo que querer aprender matemática avançada sem ao menos saber contar de um a dez”, exemplifica Stauber. O rabino explica ainda a atração que este assunto exerce sobre as pessoas atualmente: “Há tramas muito bonitas no misticismo judaico. O que impressiona Madonna e todos os outros é a ênfase na intenção. O judaísmo enfatiza a ação e a Cabalá enfatiza o valor das atitudes, de acordo com a intenção. As pessoas comuns têm a sensação de estar fazendo coisas boas, elas sentem que dão valor às suas atitudes e isso existe realmente, o que é muito bom. A filosofia é certa, mas não é a Cabalá verdadeira”. Stauber acredita que os verdadeiros conhecedores do assunto não ensinam para todo mundo: “A maioria das pessoas que ensina a qualquer um não sabe muito, mas para quem não conhece nada do tema, o pouco que se aprende já é bastante”, diz.


Fique por dentro do Legislativo Municipal! Como funcionam as Comissões Permanentes A Câmara Municipal do Rio de Janeiro possui 17 Comissões Permanentes, cada uma delas composta por três vereadores: presidente, vice-presidente e vogal, que juntos traçam as metas e dividem as tarefas realizadas pela Comissão. Entre suas atribuições está a apresentação de proposições a Câmara, a realização de audiências públicas com entidades da sociedade civil, o recebimento de reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades públicas, proceder estudos, investigações e emitir pareceres técnicos sobre todas os projetos em tramitação na Câmara. São as Comissões que determinam se um projeto atende às exigências constitucionais, legais e regimentais, o que orienta os vereadores na hora de aprovar novas leis para a cidade.

Conheça as Comissões da Câmara, sua composição e funcionamento Abastecimento, Indústria, Comércio e Agricultura Integrantes: vereadores Jerominho, Nadinho do Rio das Pedras e Àtila Nunes Neto. Tel: 3814-2080 / 3814-2087

Integrantes: vereadores Dr. Jairinho, Rubens Andrade e Jerominho Tel: 3814-2727 / 38141346

Administração e Assuntos Ligados ao Servidor Público Integrantes: vereadores Teresa Bergher, Renato Moura e Argemiro Pimentel Tel: 3814-1340 / 3814-1341

Assuntos Urbanos Integrantes: vereadores Luiz Antônio Guaraná, Renato Moura e Eliomar Coelho Tel: 3814-1344 / 3814-1345

Defesa do Consumidor Integrantes: vereadores Jorginho do S.O.S., Lucinha e Roberto Monteiro Tel: 3814-1359 / 3814-1350

Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência Integrantes: vereadores Márcio Pacheco, Roberto Monteiro e Wilson Leite Passos Tel: 3814-2126 / 3814-2448

Direitos da Criança e do Adolescente Integrantes: vereadores Lílian Sá, Jorge Mauro e Célio Lupparelli Tel: 3814-1364 / 3814-1365

Direitos dos Animais Integrantes: vereadores Cláudio Cavalcante, Silvia Pontes e Verônica Costa Tel: 3814-2037 / 3814-2038

Direitos Humanos Integrantes: vereadores João Cabral, Nelson Ferreira e Carlos Bolsonaro Tel: 3814-1357 / 3814-1358

Educação e Cultura Esporte e Lazer Integrantes: vereadores Patrícia Amorim, Nadinho do Rio das Pedras e Rogério Bittar Tel: 3814-1377

Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira Integrantes: vereadores Jorge Felipe, Andréa Gouvêa Vieira e Romualdo Boaventura Tel: 38142337 / 38142339

Justiça e Redação Integrantes: vereadores Jorge Pereira, Argemiro Pimentel e Sami Jorge Tel: 3814-2331 / 3814-2328

Comissão do Idoso Integrantes: vereadores Cristiane Brasil, Rogério Bittar e Pedro Pofírio Tel: 3814-2704 / 3814-2515

Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social Integrantes: vereadores Dr. Carlos Eduardo, Dr. Jairinho e Adilson Pires. Tel: 3814-1374 / 3814-1375

Meio Ambiente Integrantes: vereadores Nereida Pedregal, Lucinha e Aspásia Camargo 3814-2901 / 3814-2902

Transporte e Trânsito Integrantes: vereadores Jorge Mauro, Lílian Sá e Leila do Flamengo Tel: 3814-1342 / 3814-1343

Turismo Integrantes: vereadores Théo Silva, Carlo Caiado e Stepan Nercessian Tel: 3814-2471 / 3814-2307

Conheça todos os serviços oferecidos pela Câmara Municipal em

www.camara.rj.gov.br menorah 23


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Israel Hoje| A cada sete anos a polêmica se repete e 5768 não foge à regra. Tudo começou quando o sionismo reanimou a questão dos anos sabáticos na Terra de Israel. Durante esse período, os trabalhos agrícolas devem ser suspensos para que o solo descanse e se recomponha. A Torá proíbe o judeu de semear, colher, podar, enfim, trabalhar a terra ou dela extrair frutos até o ano seguinte. Por trás do mandamento estão princípios inatacáveis, os primórdios da ecologia. O problema é conciliar as escrituras com as premências da vida moderna em Israel. No caso, a solução tem sido a chamada “opção de compra”, ou heter mechira, em hebraico. De origem moderna, a técnica consiste em vender a terra para um não-judeu, que cuidará da produção durante o ano sabático e, depois, revenderá a propriedade ao dono original. Em português, isto se chama retrovenda. É um negócio temporário, resolúvel e religiosamente “lícito”. Afinal, quem trabalha a terra não é judeu. Só que os ultra-ortodoxos questionam esse entendimento. As lideranças rabínicas ultra-ortodoxas, que nunca gostaram da heter mechira, dizem, e com razão, que a finalidade da Torá é estender à terra o descanso propiciado aos homens em escala semanal. Assim,

R o n a l d o Wr o b e l

o mandamento estaria sendo espertamente burlado a partir de uma interpretação canhestra e literal da Halacá. Bem ou mal, a técnica tem prosperado desde 1888/1889, quando foi adotada pelos sionistas. O problema é que, em 5768, os ultra-ortodoxos estão preparando uma ofensiva sem precedentes. A questão é sensível porque compete às autoridades religiosas certificar a qualidade dos alimentos kasher. Conseqüentemente, os consumidores que seguem os preceitos culinários do judaísmo evitariam restaurantes ou estabelecimentos não certificados pelo rabinato. Em Herzliya, cidade litorânea ao norte de Tel Aviv, o rabino-chefe já declarou seu repúdio à heter mechira. Outros líderes religiosos lhe seguem os passos, tirando o sono de muita gente. Empresários do setor alimentício estimam prejuízos enormes, com danos extensivos a toda a cadeia produtiva. Haveria desabastecimento e inflação no mercado, considerando que 90% da produção agrícola em anos sabáticos se vale da tal retrovenda (percentual divulgado pelo Ministério da Agricultura). Os rabinos não se curvam ao alarme e propõem a importação de alimentos, o que, segundo os seculares, causaria inflação e levaria à ruína os produtores rurais. Já se estudam soluções insólitas, como o plantio em estufas forradas com terra estrangeira (técnica, aliás, comum no país) ou plantações em reservatórios suspensos, que são grandes caixotes sem contato com

o solo. Outra hipótese é a produção hidropônica (cultivo em água) ou mesmo o plantio convencional no Vale de Aravá, entre o Mar Morto e Eilat, fora dos limites sagrados de Eretz Israel. Resta saber se as alternativas dariam conta dos quase 20% de israelenses afeitos à culinária kasher. Quem celebra a polêmica são os fazendeiros árabes, de quem os ultra-ortodoxos tendem a comprar as safras. Na Faixa de Gaza, os pequenos produtores se mobilizam para tirar proveito da situação. Judeus seculares deploram a medida, argumentando que os ultra-ortodoxos estariam financiando o terrorista Hamas. O assunto foi parar na Suprema Corte, a quem um empresário do setor alimentício recorreu para argüir a legalidade da intransigência ultra-ortodoxa. Mas, como nem todos os religiosos respeitam a Justiça laica, a indústria agrícola prepara uma campanha nacional para o esclarecimento do público. Mais trivial é a preocupação de uma senhora israelense, que, numa carta à imprensa, disse detestar verduras de origem hidropônica. Segundo ela, as alfaces crescidas em água são amargas e os tomates não têm sabor. Mas, o que realmente preocupa a previdente senhora são os festejos de Pessach, daqui a alguns meses. Se o maror já é amargo por natureza, diz ela, o que esperar de um maror hidropônico? Pois é. Pelo visto, em 5768, a escravidão egípcia será revivida com um sabor literalmente inédito.


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D I R I G E N T E S J U D E U S V I S I TA M O P R E S I D E N T E LU L A


No último dia 19 de setembro, o Presidente Lula recebeu, no Palácio do Planalto, uma delegação de rabinos do Rio de Janeiro e São Paulo, jovens representantes da comunidade judaicobrasileira e latino-americana, liderados por Jack Terpins – Presidente da Confederação Israelita do Brasil e do Congresso Judaico Latino-Americano.

Foto: Lourival Ribeiro

O

motivo da reunião foi transmitir ao povo brasileiro, através de seu representante máximo, os votos de um ano próspero em realizações e paz, uma vez que a comunidade judaica comemorou o Ano-Novo (Rosh Hashaná) e se preparava para celebrar o Iom Kipur (Dia do Perdão). Segundo Terpins, este foi o segundo ano em que a liderança judaica foi recebida pelo presidente, o que demonstra a amizade e o apreço de Lula pela comunidade. “O encontro da liderança judaica com o presidente foi algo memorável e que só vem demonstrar, mais uma vez, a liberdade de expressão e o respeito que existe em nosso país”, disse Terpins. Antes do encontro com a liderança, o presidente recebeu, em audiência privada, ao lado de sua esposa dona Marisa, do ministro Tarso Genro e de sua assessora especial Clara Ant, o presidente do CJL e CONIB, Jack Terpins, além de Cláudio Epelman, diretor executivo do CJL, e os jovens líderes Michael Esrubilsky, Ariel Isaak e Nicole Alter, do Brasil, Argentina e Chile, respectivamente. Eles explicaram a Lula o recente trabalho desenvolvido em conjunto pelo WJC, CJL e CONIB, visando a promoção de um maior espaço para a atuação dos mais jovens. Muito interessado, o presidente quis saber mais sobre a participação deles em eventos semelhantes e perguntou a Nicole e Ariel o que conheciam sobre o Brasil e, em especial,

sobre a capital federal. Na ocasião, Epelman enalteceu o ambiente de paz e liberdade de culto que prevalece no país, servindo de exemplo às demais nações. O rabino Alpern ressaltou que vive há 46 anos no Brasil e sempre se sentiu bem e feliz por viver aqui, acrescentando que se sente orgulhoso em honrar nossa bandeira. Finalizando, Terpins reiterou os agradecimentos pela acolhida que a comunidade recebeu e pelo apreço demonstrado pelo presidente. Destacou também que a diretriz adotada pelo CJL e pelo CONIB, quanto à valorização da juventude, vai exatamente ao encontro da crença e do investimento em nosso futuro. Já com o grupo maior, o presidente Lula ouviu, do cantor litúrgico Avi Bursztein, uma das orações mais tocantes – Nosso Pai, Nosso Rei (Avinu Malkeinu), seguida pelo Shecheianu, bênção feita pela primeira rabina brasileira, Luciana Lederman, para agradecer esse momento tão especial. Na seqüência, o rabino Nilton Bonder deu uma breve explicação sobre o período de celebrações; o rabino Schildkraut tocou o shofar (instrumento feito do chifre de carneiro, cujo som desperta) e presenteou Lula e sua esposa com alimentos típicos da festa, entre os quais, bolo de mel e chalá hagulá (pão doce redondo). Encerrando o encontro, Terpins, em nome de toda a comunidade judaica, ofereceu ao presidente um Iad, e Lula fez um belo discurso, destacando a contribuição judaica ao país e a sua participação em seu governo. menorah 29


By Alba Carvalho Foto: Luigi Stavale

Simples & Chic A noiva de Jacob Safra, a novaiorquina Shari Finkelstein, foi apresentada à sociedade paulistana em um jantar oferecido a 500 convidados, pela família Safra, na Sala São Paulo. Shari, advogada em Nova York, trajava um longo branco sem brilhos. A decoração tinha toalhas verdes e arranjos com rosas e orquídeas brancas. No jantar koscher, do bufê Fasano, nhoque de semolina, peixes e saladas – tudo servido por garçons com kipá. O governador José Serra e a mulher, Mônica, estavam entre os convidados. Foto: Luigi Stavale

Tendo ao fundo quadro de Hércules Barsotti, os art dealers Cacá (esq.) e André Nóbrega receberam dezenas de colecionadores e amigos, na noite em que inauguraram junto com a sua mãe, a antiquarista paulista Kesley Caliguere, a moderníssima galeria na Alameda Franca, nos Jardins, em São Paulo.

Aliá

Um dos pavimentos da Galeria Kesley Caliguere – projeto do arquiteto Isay Weinfeld – inaugurada em São Paulo. Nas paredes, trabalhos de artistas do quilate de Mira Schendel e na ambientação, móveis de designers modernistas brasileiros como Martin Eisler, além dos contemporâneos irmãos Campana.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é a próxima autoridade brasileira a pisar em solo israelense. Entre os dias 28 e 31 de outubro, ele estará participando da Watec – Feira Mundial sobre Água – e será recebido pela Diretoria Mundial da KKL, Keren Kaymet Leisrael, responsável, entre outras coisas, pelo plantio de bosques que cobrem mais de 6% do território da Terra Santa. Na comissão de frente do prefeito paulistano, o diretor da KKL Brasil, Ariel Edelheit, Jack Strauss, Marina Brand e Dora da Cunha Bueno, da Câmara de Comércio Brasil Israel, além do escritório comercial de Israel no Brasil.

EXPRESSO Kavaná A arte judaica produzida no Brasil, em suas múltiplas formas de manifestação. Este foi o mote do evento Kavaná que ocupou por dois dias de um fim de semana, o moderno Espaço Norma Grinberg, em São Paulo. Teve de jóias estilosérrimas de Elka Freller, esculturas de Norma Grinberg e instalações de Sandra Becker a apresentações musicais do Grupo Azdi, Yichud e David Alhadeff, filmes, espetáculos teatrais e rodas de danças judaicas. Não ficou pedra sobre pedra na Vila Madalena!

Expedição Estiveram no Brasil, a convite de Mario Fleck, presidente dos Amigos do Instituto Weizmann, os professores Mordechai Sheves e Dan Yakir. Os dois cientistas do famoso Instituto Weizmann, de Israel, participaram de encontros na USP e na Unifesp e ainda embrenharam-se na floresta amazônica, onde visitaram um Centro de Pesquisas. Eles também anunciaram um concurso que vai premiar três estudantes brasileiros – entre 500 candidatos – com uma bolsa de estudos para o programa de verão do instituto. Localizada em Rehovot, Israel, a instituição é uma referência mundial no tratamento de doenças como o câncer e a esclerose múltipla.

Um show de Yaacov Shwekey marcará as comemorações dos 15 anos do Ten Yad, no dia 28 de novembro, no Palácio das Convenções do Anhembi. Começou no dia 16 de outubro, na Comunidade Shalom, um curso sobre a participação igualitária da mulher no judaísmo, tendo como base o estudo de fontes judaicas tradicionais e contemporâneas. Atração do TIM Festival, a cantora e compositora carioca Kátia B (de Bronstein) acaba de lançar o seu terceiro CD, Espacial, com composições próprias, parcerias e recriações de clássicos como “Cais”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos. No III Simpósio de Esportes “A Hebraica”, a participação especial de Oscar Schmidt com a palestra “Obstinação e Vitória”. Não custa lembrar que Oscar integrou a Seleção Brasileira de Basquete em cinco olimpíadas e foi campeão panamericano em Indianápolis. Com um show da cantora Fortuna, o restaurante Azaït – leia-se Isaac Azar –, reinaugurou suas novas dependências totalmente repaginadas e com novo cardápio. O empresário da área financeira Marcelo Szpektor andou se aventurando como diretor, autor e ator de teatro no projeto Pret a Porter 8, no Sesc Consolação. O aclamado grupo de música de câmara “The King David String Ensemble”, formado por músicos da Orquestra Sinfônica de Israel, fez uma única apresentação em São Paulo, no CCJ.


“A Travessia da Terra Vermelha”, romance histórico de Lucius de Mello, conta a até então desconhecida saga de um grupo de judeus alemães que fugindo da perseguição nazista, um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, se instalou nas selvas de Rolândia, no Norte do Paraná. Até o renomado rabino Fritz Pinkuss Z’L’ esteve por lá, celebrando um casamento. Editora Novo Século.

Ribalta Como poucas atrizes do teatro brasileiro, Renata Sorrah sabe encarnar o clima exato da tensão. É o que pode ser visto no espetáculo “Um dia, no Verão”, um texto sobre o atemporal sentimento de perda - do autor teatral norueguês Jon Fosse - dirigido por Monique Gardenberg, no Teatro do Sesc Anchieta, em São Paulo. Renata divide ainda o palco com os atores Fernando Eiras, Gabriel Braga Nunes e Sílvia Buarque. Foto: Isabel D’Elia

O presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abram Szajman (esq.) ao lado da atriz Karin Rodrigues e do marido Paulo Autran, além do diretor regional do Sesc SP, Danilo Miranda, em uma das últimas aparições públicas do excepcional ator, antes de sua morte: a solenidade de inauguração do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

ENTRE-VISTA CLÁUDIO GOLDMAN Desde 2001 que a voz dele pode ser ouvida oficiando os serviços das Grandes Festas do Clube “A Hebraica”. Mas antes de ser chazan (cantor litúrgico), a voz peculiar de Cláudio Goldman – tenor que também se utiliza do recurso do falsete – já havia chamado a atenção em musicais como “O Fantasma da Ópera”. Finalista do Prêmio Visa e indicado ao Prêmio Sharp, em 1997 a música “Estrela do Meu Céu”, do seu CD gravado pela RGE, foi parar na novela da TV Globo “Anjo Mau”. Mesmo criado em um ambiente musical – seu pai, o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, é formado em piano – Cláudio só se decidiu pela música aos 20 anos, depois de desistir das faculdades de Jornalismo e Economia. Da música popular ele enveredou pela música judaica e é hoje o principal cantor em eventos da comunidade, casamentos e bar mitzvá. Tornar-se também chazan foi o passo seguinte. Menorah – Você sempre quis ser chazan? Cláudio Goldman – Não. Eu não tive formação religiosa em casa. Meu pai era comunista e apenas meus avós maternos praticavam o judaísmo. Como eu era sócio da Hebraica, fui convidado para participar dos concertos de lá, pelo maestro León Halegua. A partir daí, o diretor de Cultura Judaica, José Luís Goldfarb, me sugeriu estudar chazanut e eu me interessei. M – Então a música é que proporcionou o seu retorno ao judaísmo? CG – Na verdade, o meu grande elo espiritual com D’us sempre foi a música, mesmo antes de conhecer o canto litúrgico judaico. Desde o meu avô paterno que era violinista, a música sempre esteve presente na minha vida. M – Mas antes de ser chazan você já tinha uma carreira de intérprete? CG – Sim. Quando me decidi pela música comecei a fazer shows e cheguei a ficar oito meses cantando no Cassino Estoril, em Portugal. A minha voz diferenciada chamou a atenção da mídia e participei de muitos programas de TV como os do Faustão, Jô Soares e Hebe, onde até cantei com o meu pai. M – Mas atualmente você ainda desenvolve uma carreira paralela ao canto litúrgico? CG – Estou com um show em cartaz, que tem sido apresentado no circuito dos teatros do Sesc, em cima da obra de Tom Jobim. Desse show participa a família quase toda: minha mãe Sarah (que é cantora); meu irmão Marcelo, pianista e clarinetista e a minha filha Isabella, que também canta. M – E você pensa em voltar a gravar CDs? CG – Como tenho me dividido entre essas duas vertentes – música judaica e música popular – pretendo até o ano que vem lançar dois CDs, um com repertório judaico, voltado para a comunidade, e outro como intérprete de grandes compositores brasileiros e até internacionais.

Foto: Divulgação

Dica de Leitura


By Lygia|

Ly g i a G o m l e v s k y

Rosaléa Gleiser comemorou seu 70° aniversário viajando pelo México e pelos Estados Unidos; Miami e Las Vegas no programa. Regina Abramoff contando da bela viagem de descanso para seu marido, o destacadíssimo clínico, Sergio Abramoff. Côte D’Azur, Paris e Londres.

Mirian Kimelblat, Claudia Raia, Edson Celulari, Jane Rose, Inácio Klarnet e o joalheiro Natan, em noite de lançamento.

Fabiana e Marcio Velmovistky convidaram para o bar mitzvá de seu filho Pedro, que aconteceu na manhã de 18 de outubro na Sinagoga Edmond Safra

Sergio e Regina Abramoff em Cannes. Sergio Musierachi Z’L e Lea Musierachi convidaram para o casamento de seu filho Luciano com Vanessa Widad, que aconteceu na noite de 11 de outubro, no Espaço Itanhangá. Após a cerimônia, seguiu-se fascinante recepção. Assumiram compromisso de casamento, na Filadélfia, Vanessa Grajwer e Joshua Boettinger. Vanessa, filha de Florence e Alberto Grajwer e neta de Clarinha e Maurício Novikov (já falecido), é estudante na Recontructionist Rabbinical College e Joshua, rabino da Congregação Beth-El, em Bennington, Vermont.

Beit Lubavitch. Após a cerimônia, belíssimo brunch. Isso foi apenas o começo da festa. O jovem bar-mitzvá e mais de cem de seus colegas afivelaram os cintos e, assessorados por uma equipe de professores da Escola EliezerMax, seguiram para um final de semana no Hotel Fazenda Gamela. Idéia original. Jogos como paintball, arvorismo, jangada, ponte da confiança, tênis, megatirolesa, trilhas, pescaria, corrida de regularidade, esqui-bóia, pista de obstáculos, futebol e piscina natural fizeram parte do menu da comemoração. Sucesso total e divertimento sem fim. Chega ou querem mais? Para terminar com chave de ouro, no sábado dia 20, a festa do Oscar, à fantasia, com personagens de filmes de Hollywood; quando foram distribuídos prêmios para quem apresentou mais talento, originalidade e outros quesitos. À côté, como não poderia deixar de ser, os pais, os avós, tios e primos. Parabéns, Pedrinho! Regressaram da Feira de Jóias em Vicenza (Itália) os irmãos Jane Rose Klarnet e Sergio Kimelblat. Trouxeram as melhores e as últimas para a sua tradicional Natan.

Vanessa Grajwer com o noivo, o Rabino Joshua Boettinger na Philadelphia.

Regressaram de férias na França os amigos Mirian e Helio Mochcovitch.


Dirce Cohen continua, com grande qualidade, atendendo às elegantes da nossa sociedade. Alta costura. Com charmosíssimo e elegante coquetel, Natan Jóias lançou, com exclusividade, as jóias Bucheron no Brasil. Completamente restabelecida, após seis meses de tratamento, a competente e bonita fonoaudióloga Eliana Wrobel. O Domingão do Colégio Liessin aconteceu de forma grandiosa, sob a batuta do diretório de pais e da diretoria profissional como um todo. Palestras, jogos e um farto serviço de bufê. Novo casal circulando na praça: Beatriz Dorf e Isio Kelner. Parabéns e sorte! Num tête-à-tête, saboreando seu cafezinho no Shopping Leblon, Mirian e Isaias Cheniaux.

Em tarde beneficente no C.I.B., Ana Bígio (SP), Camila Jessula, Léa Gleiser, Rosa Barki Israel, Rosa Eskenazi e Mirian Mossé. Para a alegria de seus familiares, estiveram no Rio, from Israel, Viviane Hazan e seu querido Doron Kadmiel. Curtiram suas férias entre convites, passeios e viagens. No final, esticaram até Foz do Iguaçu, onde se emocionaram com nosas cataratas, muito mais bonitas do que Niagara Falls. Dá-lhe Brasil!! Genita Lorch; com seus três filhos e noras, comemorou seu 70º aniversário passeando entre Paris e Zurich. Em cerimônia civil, casaram-se, na noite de 5 de outubro, no Gávea Golf, Tatiana e Ronaldo. A noiva, filha de Geisa Velloso e Ricardo Bonaparte, e o noivo, de Gilda Sonia e Mauricio Dorf. Ronaldo é neto dos saudosos amigos Paulina e Adolfo Dorf. Você já provou as rosquinhas (rechas) da tia Melly? Não? Então encomende pelo telefone 2267-5189 ou 9308-7479. Fantásticas e imperdíveis. Água na boca.

Nasceu Joaquim Pedro Gouvea Halpern, Mazal Tov.

Sonia Margulies somou idade e ganhou de seus familiares uma tarde musical no auditório do Banco do Brasil no Leblon. Lá se encontravam as diretoras do Froien Farain, Dora Fraifeld, Clarisse Guerstein, irmã da aniversariante, Ruth Zohar, Ana Bela Milman, Judith Dain, Sula Dain, Clara Palatnik, Fanny Minc, mãe do deputado Carlos Minc, Solange Palatnik, além de cerca de cem senhoras, prestigiando a aniversariante.


Foto: T. Amaral

By Lygia Que belo casal, Daniela e Wolf Klabin! Ela, belíssima e elegantérrima, usando um Valentino, com indescritível mantilha, toda rebordada em volta, medindo cerca de seis metros. Complementava uma discreta tiara de brilhantes. O noivo, com um meio fraque “corretíssimo”, exibia o sorriso dos homens realizados. Fazia muito tempo que não se via um noivo tão radiante e tão sorridente. Rosa e Armando Klabin, pais do noivo, com a distinção e o savoir-faire de sempre. A cerimônia realizou-se na Marina da Glória para cerca de 1.000 convidados. Lina Palatnik, com um grupo de amigas, reciclou energia na Saison. Curtiu alguns dias em N.Y a ativista Sonia Zagarodny. Na véspera de Rosh Hashaná, entrando na Maison Esmell, uma conhecida cliente chegou brandindo uma solene e perene garrafa de champagne Veuve Cliquot. Foi um belo e ecumênico brinde à chegada do ano-novo judaico. Celebração linda, simples e estendida a todos os povos.

Katia Adler e José Wilker no Festival de Cinema Brasileiro em Paris.

Quem não conheceu a estilista Maria Cândida, da Maria Bonita? Seu estilo incomparável deixou descendentes e pupila. A jovem competente e dinâmica estilista, Lethicia Bronstein Pompeu. Lethicia vem se destacando no mundo da moda. Especializou-se em noivas. Cursou a Faculdade Central Saint Martin, em Londres, e está desenvolvendo seu trabalho no Brasil em marcas como Maria Bonita e Le Lis Blanc, entre outras. Atua no eixo Rio – São Paulo, com dois ateliês. Mais informações no site http://www.lethicia.com.br. Esther Treiger, radiante com o nascimento do bisneto Alan. Mais um brit-milá no Rio. O doutor? Quem poderia ser? Marcio Sister. O papai coruja? O competentíssimo diretor da BRR, Roberto Halpern. A mamãe? Mariana Halpern. Pedro Gouvêa Halpern é o nome do nosso mais novo correligionário. Radiantes, os vovós paternos, Rachel e Marcos. O festival de cinema brsileiro de Paris completa sua 10ª edição em 2008. Além dessa conquista, Katia Adler promoverá, ainda em 2007, nossa cultura cinematográfica em Toronto e Montreal.

O casal bergher, Tereza e Gerson, honrando o voto recebido por judeus e não-judeus do Rio No município do Rio de Janeiro, Teresa tem trabalhado com afinco em várias frentes. Recentemente, através de lei municipal, elevou as festas judaicas mais importantes à condição de participantes do calendário oficial da cidade. Por intermédio da CPI que preside, tem lutado pela verdade, doa a quem doer, na questão que envolve a lisura da disputa e do julgamento no Carnaval do Rio de Janeiro. Hoje, quando se trata de defender os judeus e a população do estado, o nome que se destaca na Câmara Municipal é o de Teresa Bergher. Gerson, por sua vez, de volta como decano (o deputado que orienta os mais novos ) da Assembléia Legislativa, não só zela, com sua vigilância, pela tranqüilidade da comunidade judaica do estado, como se preocupa com o povo em geral, ao aprovar lei que obriga os industriais de produtos alimentícios a aplicarem nos rótulos dos itens à venda a correta informação a respeito da quantidade e do tipo de gorduras que o alimento traz em sua composição. Menorah deseja aos dois políticos judeus vida longa e produção política extensa em benefício de todos, assim como já realizam atualmente.


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Yasmin Gomlevsky Alex Ribeiro

Este mês comecei a ler um livro chamado O livro negro do Cristianismo. Antes de explicar do que se trata a obra, sinto a necessidade de relatar um fato bastante interessante. Semana passada, eu estava comendo o meu sanduíche no recreio da escola com o tal livro sobre a mesa. Dado o seu instigante título, várias pessoas que passavam mostraram-se curiosas e tiveram diferentes reações. Vejam vocês, enquanto um amigo disse, animado: “Que legal! Vê se me empresta quando acabar”; o outro, observou, franziu a testa e despejou: “Nossa,Yasmin! Que livro preconceituoso! Ele fala mal dos cristãos? Sim, porque não foram só eles que cometeram pecados e crimes, sabia?”. A primeira reação é o espelho de uma pessoa de mente aberta para novos conhecimentos; no segundo, no entanto, trata-se de alguém ignorante e mal-informado. “Livro preconceituoso”... E se eu estivesse realmente lendo um livro preconceituoso? Afinal, eu só tenho o direito de abominar o preconceito se o conhecer profundamente, caso contrário, quem estaria praticando um pré-julgamento contra o próprio pré-julgamento seria eu. Bem, quanto ao livro, trata-se dos milhões e milhões e milhões de crimes que a Igreja cristã cometeu durante dois mil anos, perseguindo, não só judeus e outros “infiéis”, como até os próprios cristãos que se opunham, com uma palavra contraditória que fosse, à filosofia fanática dos “exércitos de Deus”. Foi transcrito para o livro um comentário de um médico oriental cristão du-

rante a consulta de um cavaleiro ferido e de uma mulher doente: “Apresentaram-me um cavaleiro que tinha abcesso em uma perna e uma dona aflita pelo definhamento. Fiz um emplastro no cavaleiro e o abcesso abriu e melhorou; prescrevi uma dieta para a mulher, com pouco tempero. Quando eis que chegou um médico franco, que disse: “Esse aí não sabe curar ninguém”. E, dirigindo-se ao cavaleiro, perguntou: “O que prefere, viver com uma só perna ou morrer com duas pernas?”. Tendo este respondido que preferia viver com uma só perna, ordenou: “Tragam-me um cavaleiro corajoso e um machado afiado”. Chegaram o cavaleiro e o machado, e eu estava ali presente. O médico pôs a perna sobre um pedaço de madeira e disse: “Desça-lhe uma machadada para cortar, e pronto!”. E, diante de meus olhos, deu a primeira machadada; não conseguindo arrancar a perna, deu a segunda; a medula da perna jorrou e o paciente morreu na hora. Após examinar a mulher, ele disse: “Essa aí tem o demônio na cabeça, apaixonado por ela. Cortemlhe os cabelos”. Nada adiantou. “O diabo entrou na cabeça dela”, sentenciou ele, e pegou a navalha, abrindo-lhe a cabeça em forma de cruz, extirpando o

cérebro até aparecer o osso da cabeça, no qual esfregou sal... e a mulher morreu na mesma hora. Naquele momento, perguntei: “Ainda precisam de mim?”. Responderam que não, e fui embora, depois de aprender o que ignorava da medicina deles. Chocante, não? Pois é, de cristão para cristão. De fiel para fiel. E o que dizer das cruzadas? Tão grande era o apoio divino que a maioria deles morreu no caminho, de pestes, doenças fatais ou condições climáticas. Como este caso comentado pelo médico, ocorreram muitos e de muitas raízes. O fato de se pensarem seguidores da doutrina divina na Terra enlouqueceu os cristãos, a ponto de fazê-los cometer insanidades e crimes. Mas, tudo bem, “tudo em nome de Deus”.


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Fatos & Fatos|

M o y s és A k e r m a n

A foto do mês

Bar Refaelli, a judia top ○

“Sem entrar no mérito das questões específicas de polêmica instaurada, faço referência à carta enviada pelo Dr. Jacksohn Grossman e publicada na edição de agosto, nº 575. Entre outros assuntos, o missivista refere-se a sua atividade junto a ANAJUBI, na qual ocupou diversos cargos. No último deles, o Dr. Grossman apresentou, por meio de carta, a sua renúncia, por ocasião de sua escolha como diretor jurídico da FIERJ, na atual gestão. Sem embargo do exercício da presidência eventual da instituição, assim como tantos outros advogados e magistrados, desde a sua fundação, no ano de 1976, existe importante reparo a ser feito: o Dr. Grossman afirma ter “transformado” a Associação em entidade de âmbito nacional. Trata-se de grave equívoco; a então denominada ANAJUBI – Associação de Advogados Brasil-Israel –, sempre teve caráter nacional, sendo a representante no Brasil da IAJL – International Association of Jewish Lawyers and Jurists. Tal constatação, além da afirmativa aqui feita, decorre mesmo da simples leitura do nome da instituição. O que o então presidente fez no exercício do mandato foi propor (e não transformar) a mudança de nome, no bojo de uma ampla reforma dos estatutos, que contou com a valiosa participação dos Drs. Nilton Aizenman, Sérgio Manheimer e demais membros da diretoria. Equivocou-se, portanto, o Dr. Jacksohn Grossmann, o que pode dar a impressão aos leitores de que ele tenha expandido uma associação já existente nos mesmos moldes em que a recebeu das mãos do Dr. Carlos Schlesinger, ex-vice-presidente da ANAJUBI. O reparo é fundamental e tenho a certeza de que esta coluna considerará a importância do esclarecimento feito.”

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STR New / Reuters / LatinStock

A carta

Este monumento à perfeição é a sabra de 22 aninhos, 1,74m, jeans 36, roupetas tamanho P, olhos azuis, cabelos castanho-claros. Hoje é o tema dos sonhos de Leonardo DiCaprio, seu namorado. A árvore genealógica da gata aponta a Polônia e a Lituânia como pátrias de seus avós, vitimados no Holocausto. Seus pais imigraram para Israel, onde vivem nos arredores de Tel-Aviv. É a top model mais famosa do país, com a agenda lotada até março de 2008. Partidária da paz, integradíssima a todos os assuntos de Israel e do judaísmo. Em setembro foi homenageada como uma das personalidades mais influentes da sociedade israeli, ao lado de Shimon Peres, Ehoud Barak e muitos outros. Seu nome é Bar Refaelli, e seu telefone, não dou a ninguém. Esta judia sabra é o símbolo pleno da graça, da beleza, da formosura da idish-meidale. Alguém duvida?


Compromisso de Fatos & Fatos ○

O padre polonês ○

Alex Ribeiro

A coluna tem compromisso com os fatos. Fatos a respeito dos judeus, do judaísmo, das instituições judaicas e de Israel. Não tenho compromissos com cosméticos de salvar aparências. Compromisso é com o leitor. Para entender a carta acima, explico. O Dr. Jacksohn Grossman, vicediretor jurídico da FIERJ, escreveu a esta coluna acerca das notas do caso Dumai – o israelense judeu que não mereceu atenção competente. A carta acima é do Dr. Carlos Schlesinger, contestando alguns itens defendidos pelo Dr. Grossman. Resolvi publicála. Caso o Dr. Grossman queira respondê-la, será bem-vindo. Até para esclarecer mais sobre o caso Dumai. Com o mesmo destaque. ○

Elio Gaspari, um ícone do jornalismo, disse no jornal O Globo: “O Papa Bento XVI, tão rigoroso na condenação da Igreja esquerdista latino-americana, meteu-se numa das piores controvérsias que podem assombrar um pontificado: o antisemitismo do clero polonês. Na semana passada, ele se deixou fotografar com o padre Tadeusz Rydzyk durante uma audiência coletiva em sua casa de verão de Castelgandolfo. Monsenhor Rydzyk carrega nas costas a Rádio Maria, uma das emissoras católicas de maior audiência no país, e vocaliza o reacionarismo xenófobo e obscurantista que manchou um pedaço da Igreja na primeira metade do século passado”. E

mais informou acerca desta rádio em sua trajetória antipática aos judeus, assim como sempre foram os católicos poloneses. Como estão mexendo com as polacas, por que não se aproveita o tema Polônia e se diz alguma coisa contra o padre polonês? Tarefa para o diálogo cristão-judaico. Onde andarão seus membros? Como anda a Comissão de Inquérito para apurar quem pichou suásticas nos muros dos banheiros da PUC-RJ? Quem insultou o aluno judeu no quadro-negro?

Judeus tesudos ○

Demi Moore, uma das mais estonteantes estrelas do cinema, após 13 anos de casamento com Bruce Willis, rompeu a união em 2000, e enamorou-se de Allan Fitchner, ator americano judeu. Eis que o talentoso Bruce Willis, ator de inúmeros filmes de ação, entrou na pilha de que o amor judeu é muito mais tesudo e engabelou-se por Tamara Feldman, modelo da italian fashion e judia de doces 24 anos. >>

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Fatos & Fatos As polacas 1 ○

São 797 polacas sepultadas no Cemitério Israelita de Inhaúma, rua Piragibe, nº 99, fundado em 1916 pela Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita. Quem eram as polacas? Ler o livro de Ester Largman, “Jovens polacas” (esgotado, vem aí nova edição pela Record), informará a quem não conhece suas histórias. Formaram o núcleo das primeiras ramificações da prostituição no Rio de Janeiro, iludidas por promessas de casamento e de uma vida melhor da que viviam em seus stetales (vilarejos da Polônia). Quem as iludiu? Em que campo-santo os cáftens estão sepultados?

As polacas 2 ○

O prefeito Cesar Maia tombou o cemitério e as intervenções físicas só podem ser feitas com prévia aprovação do Conselho do Patrimônio Cultural da cidade. Mandou bem o prefeito, pois aquele campo-santo estava abandonado. Beatriz Kushnir,

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pesquisadora e defensora daquele espaço, diz em carta: “Assustei-me com o estado de abandono do lugar, das lápides pintadas com cal e numeradas com colorjet preta. Dói-me muito saber que não fomos capazes de resolver a questão internamente e que o poder público precisou agir”. Leio em O Globo que pensam em deliberar sobre a construção de muros entre as tumbas, impondo a norma judaica para o sepultamento de suicidas e prostitutas. Matéria polêmica. Cabe refletir sobre o que pensam disso. Está escrito em Deuteronômio 23,17: “Não haverá rameira entre as filhas de Israel”. As polacas se fizeram rameiras por decisão própria ou foram induzidas e impostas pelos cáftens? Enquanto se discute post-mortem o destino das polacas, os cáftens dormem o sono tranqüilo da eternidade, em tumbas, com tudo o que têm direito, sem muros, e com muito “respeito”. Seus filhos, por aí, usufruem lépidos e soltos dos pés-de-meia deixados por seus “dignos” genitores.

O bem sem saber para quem, sem saber quem fez o bem ○

Este é o mote que conduz o projeto Residências Assistidas do Froien Farain, com apoio da FIERJ, tendo na linha de frente Lea Lozinski, incansável guerreira. O projeto tem a supervisão técnica de Patrícia Baxter e Sueli Gabel. As Residências Assistidas são para hóspedes com comportamentos especiais, e terão todo carinho e cuidado, como se estivessem em seus lares judaicos. A primeira unidade foi inaugurada na rua Souza Franco 505, Vila Isabel, em excelente espaço para hospedar os residentes e salão de convivência para multiatividades. As campanhas de estruturação financeira e apoio material ao projeto estão sendo promovidas com estratégias diferenciadas e inovadoras. Brevemente, saberei mais. No momento, apenas cabe o aplauso carinhoso a quem já ajudou e não quer seus nomes divulgados. O bem sem saber para >> quem, sem saber quem fez o bem.


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Fatos & Fatos Alex Ribeiro

no Paraná sem o voto judeu. Vai mais longe e lembra Aron Steinbruch Z’l, e, mais perto, Gerson Bergher, Tereza Bergher, Marcelo Itagiba, como políticos eleitos por suas bases, incluindo, entre elas, a comunidade judaica. A roda rodou e alguém sugeriu uma pesquisa entre os “aparecidos” – personagens da história do ishuv, que mais tem exposição – e, daí, uma lista de candidatos a candidatos à Câmara Municipal, nas eleições de 2008, quando se elegerão 71 vereadores. Excluíram Tereza Bergher, Patricia Amorim e Marcelo Arar, que já são tradicionais candidatos com intensa folha de serviços prestados à coletividade, e pediram que publicasse o resultado. Caso o leitor tenha outros, esta coluna os publicará, mesmo sem ter estado na sauna naquela tarde.

Vereadoráveis 1 ○

O tema surgiu na sauna. O voto judeu existe? Uma corrente disse que não, alegando que voto judeu só no

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Knesset. Outra, disse que o voto é do brasileiro judeu e se faz presente em todas as correntes ideológicas. Esta última afirma que Jacques Wagner e Jaime Lerner se elegeram na Bahia e

Vereadoráveis 2 ○

Jayme Gudel, Nelson Menda, Suzana Grinspan, Osias Wurman, Alfredo Prentik e Ana Bentes Bloch, todos com relevantes serviços pres- >>


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Fatos & Fatos tados à comunidade. Os nomes acima mereceram votos dos saunistas, até porque empataram com três votos. Os que tiveram apenas um voto manifestação de quem vai à sauna para brincar e rir muito - foram: o shamis da sinagoga, o roupeiro e o massagista da sauna, o porteiro do clube e o arrendatário do bar. Questionado sobre quem teria votado no arrendatário e por quê, respondeu: “É ele que mantém o meu ‘penduraaí’ há muito tempo. É fiel a mim. Nunca falhou, sempre cumpriu, embora eu não mereça”.

“O ano em que meus pais saíram de férias” ○

Este é o titulo para concorrer à categoria “Melhor Filme Estrangeiro”, indicado para representar o Brasil na festa do Oscar. O longa é de Cao Hamburger e conta a história de um menino deixado com o avô, enquanto os pais se escondiam por motivos políticos, nos anos 1970, da ditadura militar. O avô é um judeu que vive no Bom Retiro – São Paulo –, e as toma-

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das foram feitas nos locais autênticos, onde vive parte da comunidade judaica de Sampa. Hábitos judeus, frases em iídiche, ditas por gente da comunidade, fazem parte do roteiro, incluindo o cemitério e a sinagoga. A torcida já começou. O filme tem tudo para agradar ao pessoal da Academia. Emoções kasher nas veias.

Mish-Mash ○

O Canecão bombou na noite de sábado, 27, com Bruce Gomlevsky fazendo Renato Russo. Casa cheiíssima, cantando e dançando todas. “Exuberante deserto”, filmaço rodado em kibutz, com Dvir (Tomer Steinhof), 13 anos, às vésperas do barmitzvah, protegendo sua mãe Miri (Ronit Yudkevitz), depressiva face à viuvez precoce. Confronta a coisa coletiva com a individual, mexe no edipiano, enfim, vale a pena ver. Se já saiu do circuito, guarde o nome e reserve na locadora. “Sobre o Islã”, de Ali Kamel, Nova Fronteira, R$34,90, pedida boa de se ler. Pedida melhor para se debater em pequenos grupos,

após leitura conjunta. Afinidade entre cristãos, judeus e muçulmanos, e as origens do terrorismo. Se quiser ir mais fundo, compre o livro de Jason Burke, Zahar, R$ 49,90, “Al Qaeda, a verdadeira história do radicalismo islâmico”, e terá uma visão otimista do futuro. Seis anos depois do 11 de setembro, o radicalismo não incendiou a massa islâmica, sinal de que o modelo de Osama não vingou. A paz vencerá o radicalismo, onde ele estiver. Sandra Kogut, com “Mutum”, ganha o “Melhor Longa de Ficção”, no Festival do Rio, contando a história de um menino nas Minas Gerais, inspirada em texto de Guimarães Rosa. Muito bom o nosso Gilberto Marmorosh no comercial da Losango. Por falar em comercial, excelente o institucional da Boticário, de Arthur Grynbaum, com oito páginas na Veja. Pouquíssimo texto, lindas fotos, e, ao final, a marca do sucesso: 4200 lojas. Quantos brasileiros vivem do Boticário? Fruto do empreendedorismo de uma família judaica de Curitiba. Mazal Tov. Fico por aqui. Mês que vem tem mais. Shalom.


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Saúde|

Dr. Marco Aurelio Pellon

Cuidados com as Queimaduras

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ueimaduras são lesões ocasionadas pela exposição de tecidos orgânicos a diversas formas de energia, não só térmicas (calor ou frio), mas também químicas (ácidos, álcalis etc.) ou ionizantes (radiação atômica e raios X). As queimaduras podem variar desde pequenas lesões, como uma queimadura produzida por cigarro, até lesões mais extensas e profundas capazes de desencadear alterações importantes no nosso metabolismo. Para melhor compreendermos as queimaduras, devemos lembrar que a pele é um órgão que tem a importante função de interagir com o meio externo, mantendo a temperatura e nos afastando do perigo através das sensações transmitidas pela imensa rede de sensores nervosos que possui. Além disso, funciona como revestimento natural, que mantém nosso universo líquido isolado do mundo exterior. A agressão celular produzida pelas queimaduras gera uma série de eventos, desde produção de toxinas até alterações circulatórias, que vão originar uma disfunção orgânica grave que pode até levar à morte. Paralelamente a isso, ocorre a instalação e a proliferação de microorganismos (bactérias e fungos) na ferida aberta. As alterações circulatórias resultam em um estado de choque que pode levar à insuficiência renal, enquanto que a proliferação dos microorganismos pode levar a um quadro de sepse (infecção generalizada), sendo esta a responsável atualmente por 75% dos óbitos nos pacientes queimados.

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A pele é um órgão complexo e composto por duas camadas: a epiderme, mais externa; e a derme, mais interna. As queimaduras se classificam pela profundidade da destruição destas camadas em: Queimadura de primeiro grau: é a mais superficial, pois compromete só a epiderme, e a área queimada apresenta-se avermelhada e dolorida (por exemplo, queimaduras solares). Queimadura de segundo grau: é de média profundidade, comprometendo a epiderme e parte da derme e se caracteriza pela presença de bolhas na área queimada (por exemplo, queimadura por água ou óleo quente). Queimadura de terceiro grau: é a mais profunda e mais grave, compromete a epiderme e toda a derme, podendo apresentar diversos aspectos quanto à coloração, que pode ir da lesão esbranquiçada ao amarelo, marrom ou negro (por exemplo, queimaduras elétricas ou por chamas). É importante lembrar que a gravidade de uma queimadura depende de vários fatores, como a sua localização, a sua extensão, a sua profundidade, a idade e o estado de saúde da vitima. Como todos os graus de queimaduras apresentam perigo, elas devem ser avaliadas por um médico. Algumas medidas caseiras, como aplicar sobre as queimaduras folhas de bananeira, pó de café, pasta de dente, manteiga, álcool, água sanitária e outros, podem levar à contaminação da ferida e prejudicar a avaliação do aspecto e profundidade da

queimadura pelo médico. Portanto, não se deve aplicar qualquer substância, caseira ou não, sobre a queimadura antes da avaliação de um médico. Nos últimos 20 anos, pesquisas científicas esclareceram aspectos e modificaram conceitos no tratamento das queimaduras. Ficou claro que o queimado é um paciente especial, com uma fisiopatologia própria, influenciada por toxinas e imunossupressão (baixa defesa imunológica), o que faz com que o profissional não familiarizado com esse tipo de lesão muitas vezes encontre dificuldades em tratá-lo. O paciente queimado deve ser tratado em uma Unidade de Tratamento de Queimados por uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, etc.), especialmente treinada no tratamento destas lesões e suas conseqüências. Poucas são as doenças que trazem seqüelas tão importantes como a queimadura, por isso ela deve ser encarada como uma patologia que pode ser evitada através da aplicação de princípios epidemiológicos, realização de campanhas preventivas nos meios de comunicação, nas escolas e nas empresas, proporcionando um método sistemático de aconselhamento quanto a condutas que previnam esse grave trauma. Dr. Marco Aurelio Pellon - Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), atual presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras – Regional Rio de Janeiro, Coordenador do Serviço de Queimados da Clinica São Vicente (Gávea-RJ).




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