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UNIVERSIDADE DE UBERABA ALEX GONÇALVES RODRIGUES ARIANA APARECIDA REZENDE ANA PAULA SILVA ALVES JOSÉ RODRIGUES DE ANDRADE FILHO RAISSA CANDIDA DO NASCIMENTO

ETHOS: OTAKUS

UBERABA – MG 2009


UNIVERSIDADE DE UBERABA ALEX GONÇALVES RODRIGUES ARIANA APARECIDA REZENDE ANA PAULA SILVA ALVES JOSÉ RODRIGUES DE ANDRADE FILHO RAISSA CANDIDA DO NASCIMENTO

ETHOS: OTAKUS

Trabalho apresentado à Universidade de Uberaba como parte das exigências à conclusão da disciplina de Antropologia Cultural em Comunicação do 3º período do Curso de Comunicação Social, sob a orientação da professora Fernanda Telles.

UBERABA - MG 2009


Sumário Introdução ................................................................................................................... 5 Sobre os Otakus ......................................................................................................... 6 Animes e mangás ....................................................................................................... 6 Moda Cosplay ............................................................................................................ 7 Hábitos de consumo ................................................................................................... 9 Eventos ligados ao Ethos Otakus ............................................................................. 10 Fotos do Evento ........................................................................................................ 11 Otakus observados no Locus - Uniube ..................................................................... 13 Homenagem a professora Fernanda ........................................................................ 14 Conclusão ................................................................................................................. 15 Bibliografia ................................................................................................................ 16

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Índice de figuras

Figura 1: Exemplo de Cosplay .................................................................................... 7 Figura 2: Flyer do evento de Uberaba .................................................................... 111 Figura 3: Origames ................................................................................................. 111 Figura 4: Os vídeos games também estiveram presentes no evento ..................... 122 Figura 5: Cosplay do personagem Darth Vader...................................................... 122

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Introdução

O homem sempre se questionou sobre sua origem. Sempre quis entender as razões sobre a sua própria existência. Descobriu o fogo, a roda, vacina, a bomba atômica, criou robôs, foi à lua e muitas outras coisas importantes para a atualidade. Aprendeu arte, escultura, cinema, televisão, aprendeu a somar multiplicar, diminuir e dividir, coisas e pessoas. Hoje sua corrida em busca de outras façanhas o fez perder-se enquanto SER humano. Tornou-se escravo de um aparelho que mede o que lhe foi dado para gozar a vida, o tempo. Corre para levantar, almoçar, jantar, buscar os filhos na escola, para chegar a casa, para dormir, para acordar, para almoçar e etc. Esse homem evoluído e capaz de tantas proezas tem dentro de si a inquietude dos primórdios, descobri-se. E assim vai a Universidade, ouve os mestres e parte rumo ao “desconhecido”. Esse trabalho é justamente sobre esse lançar-se. Nossa meta é conhecer um pouco de um grupo que “curte” tecnologia, música, cultura japonesa, desenhos, histórias em quadrinhos, os chamados mangás e animes. Esperamos que nossas pesquisas possam mostrar a comunidade e a todos que tiverem acesso, que embora tenhamos gostos diferentes por música, comida, e consumo, somos todos participantes de um mesmo planeta, que fomos, somos e seremos parte integrante da imensa loucura que é a vida.

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Sobre os Otakus Otakus é um termo usado para designar um fã por um determinado assunto qualquer, por exemplo, desenho, computador, cantor etc. No imaginário japonês, a palavra é empregada para designar pessoas, que de forma obsessiva se atiram a um hobby. No ocidente a palavra é empregada para rotular fãs de animes e mangás. Embora a terminologia não seja um consenso, a palavra no sentido literal pode ser traduzida como Lar, e é a partir disso, que a controvérsia se instala. Muitos defendem ser um termo pejorativo, pois remete às pessoas que não possuem vida fora de casa, que são anti-sociais. No Japão pode-se levar em conta a cultura de um povo que é estritamente reservada, com poucas expressões públicas, e uma interiorização nata, devido aos vários aspectos políticos e sociais do ocidente, já no Brasil nota-se uma cordialidade e uma familiaridade extrema entre as pessoas, facilitando o convívio. O Otaku brasileiro foge a essa regra, gosta de participar de eventos. Prova disse são as mais de 5.000 visitantes diários na Animecon em São Paulo. Segundo o redator da PlayTV, descendente de italiano, que estudou japonês no bairro da Liberdade em São Paulo para poder ler e entender a cultura japonesa, “gosto de estar entre as pessoas, jogar, trocar idéias, não sou de fincar trancado no quarto” diz Dias. Animes e mangás Com a propagação das informações cada vez mais rápidas para todas as partes do mundo, não é difícil conseguir ler, assistir ou acompanhar desenhos e revistas que fazem parte da vida de pessoas do outro lado do mundo. Existem várias autores que contribuíram para que o desenho japonês evoluísse e chegasse ao ponto que conhecemos hoje, tornando um ícone da cultura de massas mundial, representando parte da cultura japonesa. Mas qual a diferença entre animes e mangás? Segundo Luyten (2000), anime é a abreviação da palavra inglesa animation e sinteticamente é o desenho japonês exibido em formato de desenho animado.

Já o mang, segundo o

antropologista Matt Thorn (2004), significa literalmente "desenhos irresponsáveis”. Mangá é o desenho japonês no formato de história em quadrinhos. Ou seja, animes

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são os desenhos animados que ganham vidas nos episódios exibidos na televisão ou no cinema, já os mangás são o que encontramos nas históricas em quadrinhos. Existe mangá para todas as idades e gostos, eles são até divididos em algumas categorias: Para crianças: Os mangás voltados para crianças (Kodomo), têm caráter pedagógico-lúdico e costuma trazer brindes. Para o público masculino: Esses mangás apresentam uma variedade de temas como esportes, celebridades, tecnologia e videogames. Também são caracterizadas pela presença da temática do samurai invencível, do esportista e do aventureiro tendo como constante as condutas japonesas típicas de auto disciplina, perseverança, companheirismo, profissionalismo e competição (LUYTEN, 2000). Para o público feminino: Os mangás femininos, segundo Luyten (2000, p. 50), vendem sonho e fantasia em doses homeopáticas semanais e mensais dentro do clima de romantismo que os caracteriza. Possuem um desenho característico que expressa as emoções das personagens através de seus olhos, grandes e brilhantes, além de páginas decoradas com flores, estrelas, corações que sugerem uma linguagem onírica e musical. Mangás

com

conteúdo

Erótico/Pornográfico:

As

denominações

especificam dos mangás de conteúdo erótico/pornográfico e ainda são divididas para cada tipo de público (por exemplo homossexuais, heterossexuais). Moda Cosplay Cosplay é a junção das palavras costume e play. Consiste em se fantasiar no personagem de mangá / anime preferido. Essa moda é utilizada pelo Otakus, principalmente, em eventos. As pessoas se vestem como seus personagens preferidos, muitas vezes as fantasias os acessórios são importados para se mostraram muito parecidos com os personagens de desenhos animados.

Figura 1: Exemplo de Cosplay

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Otakus no Brasil Os primeiros Animes foram exibidos no Brasil a partir dos anos 70 entre eles Nacional Kid e Gundam, e a partir daí, o surgimento dos primeiros fãs das produções japonesas. Do final dos anos 80 até o começo dos anos 90 nada do gênero foi exibido por aqui, mas a partir de 1994 a febre dos mangas e animes retornou com a série japonesa “Cavaleiros do Zodíaco” estreado na Rede Manchete que se torna, sem perceber, o reduto dos Otakus Brasileiros. Eles não tinham condição de ter um vídeo cassete ou comprar revistas importadas, pelo fato de não existir por aqui revistas especializadas no gênero. Os primeiros eventos direcionados aos Otakus surgiram nos anos 90 principalmente nos grandes centros e, ao lado das TV’s a cabo que ajudaram a multiplicar os admiradores e consumidores das obras japonesas. Pela primeira vez desde o seu surgimento na década de 70 o público Otaku esta sendo levado a sério por aqui, com direito a revistas especializadas e a matérias em revistas conceituadas. Observamos hoje um verdadeiro aparato para os amantes de animações japonesas. Perfil dos Otakus Brasileiros Podemos observar no Brasil vários perfis de Otakus: os que não se dedicam efetivamente ao hobby, não conhecem muito a respeito e não assistem a animes com freqüência; os que consomem tudo relacionado a animes e mangas na tentativa de conhecerem tudo sobre esse universo, há ainda, aqueles que compram mangás em bancas ou os lêem no computador . Os “Otakus de fim de semana” são aqueles que assistem a animes apenas para estarem inseridos em grupos para acompanhar um amigo. Caracteriza-se apenas como um Otaku em potencial que ainda poderá aprofundar seu interesse pelas peculariedades das obras japonesas. Os “Downloaders” são devoradores compulsivos do universo nipônico e visam se tornam um “banco de dados vivo”. São ecléticos e consomem o maior número de obras possíveis e, justamente por isso, são os que mais se aproximam dos Otakus Japoneses. Muitas vezes dedicam suas vidas o que muitas vezes acaba sendo prejudicial. Desenvolvem um senso de 8


criticidade altíssimo semelhante ao público Otaku Japonês e, como esses, tarjados de ranzinzas, extremistas e passionais. De formas gerais, podemos observar que no processo de difusão dos traços da cultura japonesa para o Brasil, os Otakus brasileiros se desdobraram em vários perfis, aspectos culturais e a própria miscigenação do nosso povo contribuem para a mutação e perda da essência do cultura japonesa em terras Brasileiras. Hábitos de consumo Perceber a presença de traços culturais japoneses no Brasil não é muito difícil, pois um país que abre suas portas ao novo, certamente receberá a influência cultural de diversos lugares. Assim cada núcleo de consumo ou de manifestação cultural, terá características e hábitos muito peculiares, assim pode-se definir o Ethos dos Otakus. Ligado aos traços orientais, os mangás e os animes, exigem uma compreensão refinada e disciplinar. Não basta gostar apenas dos personagens ou de seus poderes e comportamentos, é necessário compreender o porquê da ação refletida sobre o outro. O que motivou o grupo ou a personagem a preferir um cosplay mais colorido ou discreto. Saber qual motivação levará o vampiro a sua conquista ou o que move o herói rumo ao vilão.

Para isso o conhecimento da

cultura ocidental é imprescindível para o Ethos. Diante disso pode-se perceber que os Otakus são bastante segmentados. Segundo uma pesquisa da Universidade de São Paulo, feita por Luis Eduardo Azuma e Ana Akemi Okeda, feita pela internt e nos eventos Animecom e Anime Friends em São Paulo, com 562 pessoas, a faixa etária varia entre 16 e 19 anos e meio. São jovens que só estudam que possuem o nível superior incompleto e são das classes A e B. Jovens que gastam em média duzentos reais por mês com mangás, revistas, CDs, DVDs, Card Game, Garage Kit, trilhas sonoras entre outras. Adquirem produtos em bancas de jornal, feiras e internet. Como hábito de lazer a maioria gasta mais de três horas por dia com animes, lendo mangás, jogando viodegame, ou ouvindo música japonesa. Uma pequena parcela desse grupo fala inglês fluentemente, daí a dependência desse pequeno grupo para traduzir o material comprado fora do país. Assim como o idioma japonês, que tem como leitores um grupo ainda menor. 9


É comum no Japão encontrar um otaku desembolsando U$ 1.400 por uma versão da barbie japonesa, chamada Rika-Chan. Por ano estima-se um gasto de US$ 3,5 bilhões em DVDs, animações, brinquedos tecnológicos, quinquilharias, segundo os dados do recente estudo feito pó Nomura Research Institute. Por questão de espaço físico, o Otaku japonês lê seus mangás e descartam-no esperando que toda a coleção seja lançada em um só livro, ainda que seja mais caro, ele prefere uma edição luxuosa compacta para a sua coleção. No Brasil embora as classes disponham financeiramente de recursos, o mercado editorial está ainda em expansão. Estima-se em 500 milhões de reais por ano, mas com grandes chances de melhora. O consumidor brasileiro pirateia boa parte do que se é lançado, assim os dados não são exatos.

Eventos ligados ao Ethos Otakus Atualmente, observamos que os eventos Otakus estão cada vez ganhando mais espaço nas cidades do Brasil, são aproximadamente 20 eventos por ano. Em uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo este ano de 2009, consta que 55,9% entrevistados gostam de participar de eventos como diversão. Em Uberaba ocorreu no dia vinte e dois de novembro de dois mil e nove das 10 horas às 20 horas na Escola Frei Eugenio um evento chamado MEKAI (Mangá, Entretenimento, Cultura, Anime e Interatividade) que mostrou tudo que um Otaku curte, como, Workshop de ORIGAMI, IKEBANA e Escrita de nomes em Japonês, Bandas, Café Cosplay, Lojas, RPG, Campeonato de Cosplay, Campeonato de Games, Artes Marciais, Card Game e muitas novidades. Neste evento cerca de 700 pessoas prestigiaram o trabalho de 17 pessoas que trabalhou para montar este evento com muita dedicação e para deixar o Evento super organizado e interessante para todos que gostam dessa cultura.

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Figura 2: Flyer do evento de Uberaba

Fotos do Evento

Figura 3: Origames

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Figura 4: Os vĂ­deos games tambĂŠm estiveram presentes no evento

Figura 5: Cosplay do personagem Darth Vader

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Otakus observados no Locus - Uniube Ao caminhar pelo bloco N da Universidade de Uberaba, podemos observar os diferentes ethos presentes nesse campo. A sala de aula para os Otakus, por exemplo, é o lugar onde eles poderão obter conhecimento e aprofundar mais naquilo em que é aficionado. Trafegam pela biblioteca, cantinas, pelos blocos J e L, principalmente. No bloco L, por exemplo, é onde eles buscam mais informações acerca do curso, pesquisas, projetos. Passam pelas cantinas nos intervalos, toalete, mas não perdem o foco de que precisam saber cada vez mais na área que estudam. Se tratando de pessoas muito ligadas a animes e mangás, eles procuram conhecer outras pessoas que também curtem as criações japonesas. Existem outras pessoas ligadas a esse Ethos nos outros blocos da universidade, mas nossa pesquisa enfocou o grupo dos blocos já citados.

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Homenagem a professora Fernanda

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Conclusão

Após fazermos uma entrevista com a professora Janete Tranquila e a pesquisa de campo, percebemos ao longo desse estudo sobre o ethos dos otakus que de maneira detalhista, a sociedade é permissiva quanto a culturas diferentes. São as tatuagens, os piercings, as roupas, diferentes objetos cada um de uma parte do mundo adaptada ao Brasil. Jovens se adequam a hábitos que ao menos sabem o significado ou o porquê. É aquele velho conceito “faço porque está na moda”, mas no caso dos otakus é diferente. Existe uma mistura de admiração com prazer possessivo por algo, eles buscam nos personagens a sua identidade. Mergulham nas historias em mangas e animes japoneses, buscam conhecer a língua, as técnicas de desenho. Esse ethos nos mostrou o quanto podemos adquirir algo se buscarmos por ele com entusiasmo e dedicação, mas sem perder o foco. Para os otakus não há limite financeiro, estético ou algo do tipo, para eles o importante é unir o conhecimento com a imaginação. Para esse ethos os personagens japoneses são a busca pelo seu “eu” ideal real. Nos eventos eles revelam a verdadeira identidade que sonham ter, se vestem, se comportam como personagens de mangás. São jovens e adolescentes na procura constante de sua identidade.

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Bibliografia

OLIVEIRA, Maria Cláudia Santos Lopes; CAMILO, Adriana Almeida; ASSUNÇÃO, Cristina Valadares. Tribos urbanas como contexto de desenvolvimento de adolescentes: relação com pares e negociação de diferenças. BERTOLINI, Eduardo; GENESINI, Teresa; MERCH, Leny Magalhães. Otakus: da casa para as ruas AZUMA, Luís Eduardo; IKEDA, Ana Akemi. Consumo de Desenhos Japoneses: uma pesquisa exploratória.

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