'SerĂŁo cri da lin as ind vi ai de financi m nt dar ai un ho pit is'
Sopra uma·boa nova.
04 Editorial
OControlo da Assiduidade é o tema do editorial do presidente da APAH nesta edição da GH. De acordo com Manuel Delgado, a moralização que se pretende introduzir com os métodos apresentados, mais rigorosos e transparentes, deveria colher o aplauso de todos os protagonistas pois, afirma "quem não deve não teme!"
12 Entrevista
Manuel Teixeira vai ter a seu cargo a gestão da Administração Central dos Sistemas de Saúde, que deve entrar em funcionamento no primeiro trimestre deste ano. O responsável pelo IGIF abre o livro nesta edição da Gestão Hospitalar e explica como espera que todo o processo decorra. Anuncia muitas novidades, entre as quais um novo modelo de financiamento, por capitação, para as Unidades Locais de Saúde
22 Eleicão ,
O cirurgião Carlos Pereira Alves foi eleito para presidente da Sociedade Médica dos Hospitais Civis de Lisboa, uma eleição que, segundo o clínico, foi uma "honra" e um "desafio". A GH aproveitou a oportunidade para conversar com este conceituado
Aliámos a expenencia e solidez de um grupo internacional, líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial farmacêutico português. Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.
médico sobre questões ligadas ao ensino da Medicina e às mudanças na gestão dos hospitais
24 Estudo
Fernanda Dias, administradora hospitalar, apresentou no congresso Nacional dos Hospitais (mais precisamente durante o Porto de Honra) uma alocução onde falou da evolução da carreira
Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos profissionais.
do administrador hospitalar. Pela actualidade e importância do texto, a GH publica na íntegra o trabalho apresentado
Acreditámos no seu apoio.
28 Análise
Em Portugal, com portugueses, para o mundo.
A APAH, juntamente com a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), a Associação
~ LABESFAL
Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral {APMCG)
Fresenius
Kabi Caring
for
Life
e a Schering-Plough organizaram em DeLembro o 1° Fórum Nacional do doente Crónico. Luís Campos, responsável da SPMI, faz para a GH o balanço da iniciativa
O Controlo da Assiduidade
O Manuel Delgado Presidente da APAH 11
0 controlo dos horários de trabalho deveria ser um facto natural e intrínseco ao próprio regime de trabalho: pago em função de uma determinada carga horária, exercido de forma subordinada e na maioria das vezes, em equipa multidisciplinar"
ano de 2006 terminou com uma forte polémica sob o controlo da assiduidade dos médicos nos hospitais. E tudo a propósito da intenção de introduzir mecanismos automáticos de natureza biométrica em todos eles. O sistema actualmente em vigor, manual e sem rigor, é propício a todo o tipo de expedientes e falsificações. E, reconhecendo que mui tos médicos cumprem escrupulosamente e generosamente os seus horários, temos, por outro lado, que reconhecer também, a frequência com que deparamos com formas menos escrupulosas de observar o dever de assiduidade e de pontualidade . Por isso m es mo, a moralização que se pretende introduzir com estes métodos, mais rigorosos e transparentes , deveria colher o aplauso de todos os protagonistas. Quem não deve não teme! Importará, a propósito referir a importância do controlo dos horários de trabalho: verificação do cumprimento semanal da respectiva carga horária; justificação e abono do trabalho suplementar e do trabalho extraordinário; análise do cumprimento da actividade programada, dos cancelamentos, do s atrasos ou adiamentos;
justificação do prolongamento do trabalho por razões emergentes e respecuvo pagamento, etc. Os horários de trabalho, desde que devidamente aferidos e controlados são, ass im , um excelente instrumento de gestão dos Serviços clínicos, na medida em que permitem analisar a pertinência, a adequação e a produtividade das diferentes cargas horárias do trabalho médico, racionalizar os recursos humanos e evitar o desperdício de significativos recursos financeiros. E, sobretudo introduzem no sistema, transparência, verdade e responsabilidade . O controlo dos horários de trabalho deveria ser um facto natural e intrínseco ao próprio regime de trabalho: pago em função de uma determinada carga horária, exercido de forma subordinada e na maioria das vezes, em equipa multidisciplinar. E, não esquecer, com horas marcadas para um número significativo de procedimentos: consultas, exames complementares, intervenções cirúrgicas, sessões de hospital de dia, etc. Esquecer estes compromissos e transformar a assiduidade e a pontualidade numa questão menor e não escrutinavel é uma irresponsabilidade, fac e às Administrações e, sobretudo, face aos doentes. lllD
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Cinco anos
Dívidas
Clínicas privadas crescem
Apifarma pode voltar aos tribunais
A
A
Associação Ponuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) vai aguardar
apenas alguns m eses para que o Ministério da Saúde conrenha a d errapagem das dívidas dos hosp itais aos laboratórios e reduza
s clínicas privadas em Portugal cresceram
os prazos d e pagamento para 18 0 dias,
uma média de 14% ao ano, enrre 2000 e
caso contrário irá recorrer aos tribunais.
2005, revelou a consultora espanhola DBK. O
As dívidas dos hospitais aos laboratórios
volume de facturação, esse, cresceu de 314
atingiram em Novembro de 200 6 os 695
milhões para 61 O milhões de euros.
milhões de euros, que representam mais
Ainda de acordo com consultora, o aumento da
24,23% relativamente a Janeiro d o mesmo
actividade das clínicas deveu-se à crescente
an o.
implantação de seguros de saúde e ao desen-
Os hospitais EPE's são os principais deve-
volvimento do segmento de clientes privados. As
dores registando uma dívida global de
receitas decorrentes de acordos com segurado-
433 mi lh ões de euros, dos quais 53
ras e mmualidades significaram, em 2005, 44%
milhões respeitam ao Centro Hospitalar
do valor do mercado. rm
d e Setúbal e 52 m ilhões ao Hospital de Santa Maria. A maior dívida de uma uni dade h osp italar SPA pertence ao Centro
Balanço
Ministro promete encerrar mais SAP's e urgências O
manente em centros de saúde vai continuar,
Hospitalar d e Lisboa com um valor de
uma vez que o considera essencial para aumen-
4 7 milhões de euros. rm
tar os tempos de consulta dos centros de saúde durante o dia. Até ao final do mês de Janeiro, o ministro deverá anunciar quais serão as urgências que irão mesmo
ministro da Saúde, Correia de Campos,
meteu que as polémicas vão continuar. O gover-
fechar, das 14 propostas pela comissão técnica de
fez um balanço do sector da saúde no ano
nante afirmou que o processo de encerramento
peritos. Mas esta decisão não se fará sem polé-
de 2006, após 21 meses de governação, e pro-
dos períodos nocturnos de atendimento per-
mica entre as populações, e entre alguns dos agentes do sector. A forma corno a comissão técnica calculou as distâncias máximas entre as ocorrências e as
Amadora-Sintra
Privados mobilizam-se para concurso
tação, da Entidade Reguladora da Saúde e do
A
M ello , que detém a concessão do Amado-
próprio INEM. O documento, que esteve em
em 2008 , em bloco com a construção de
E ntre aqueles operadores estão o Espírito
audição pública, apresenta cálculos de acordo
um novo hospital em Sintra. Vários dos
Santo Saúde, os Hospitais Privados de Por-
com "urna distância em linha reera no mapa
principais operadores no m ercado da saúde
tugal e o Grupo Caixa Ge ral de D epósitos ,
acrescido de 50% como factor de compensação"
pri vad a e m Port uga l já sa ud aram es ta
es te ú ltimo qu e adquiriu recentemente
e "20 km em linha reera, aproximadamente 30
decisão e afirmam estar dispostos a com-
10% do capital da USP Hospitales, que
kms reais e trinta minutos de trajecto a 60
peti r com um concorrente com "van tagens
detém uma rede de 32 unidades de saúde
kms por hora". rm
compararivas" como é o caso do G rupo
em Es panh a. rm
urgências mais próximas já mereceu a contes-
concessão do Hospital Amadora-Sintra vai a concurso público novamente
ra-Sintra desd e 1995.
Despacho
Ciclo de Conferências
OM contra ministro da Saúde
Gulbenkian traz Prémios Nobel a Portugal
O
Bastonário da Ordem dos Médicos
Já o presidente da Associação Nacional dos
(OM), Pedro Nunes, considerou
Administradores Hospitalares, Manuel Del-
ilegal a medida do Ministério da
gado, está de acordo com as medidas do Minis-
Saúde que impede os médicos do sector públi-
tério da Saúde, embora concorde que alguns
co de exercerem cargos de administração no sec-
bons médicos venham a dedicar-se em exclu-
tor privado.
sivo ao privado.
Para Pedro Nunes, a medida fará com que os
O despacho de Correia de Campos justifica a
bons médicos abandonem os hospitais públi-
del, galardoado em 2000, que ira intervir sobre
iniciou em Janeiro o seu 5° ciclo de
o tema "Ratos, homens e doença mental: a uti-
conferências, incluído no Fórum
lização de modelos animais no estudo das per-
Gulbenkian de Saúde 2006-07, com o tema
turbaçóes psiquiátricas". O presidente será Fer-
decisão apontando que o exercício de funções
Prémios Nobel da Medicina, que irá trazer a
nando Lopes da Silva da Universidade Erasmus
cos. O bastonário recorda, também, que a lei
dirigentes, em entidades privadas, compromete
Portugal alguns destes galardoados. O objectivo
de Amesterdão.
vigente assegura o direito aos médicos de tra-
a isenção e imparcialidade e compromete o inte-
deste ciclo de conferências é prestar tributo a
A 18 de Janeiro, será a vez de Phillip A. Sharp,
balharem no público e no privado.
resse público.
investigadores que influenciaram significativa-
Prémio Nobel da Medicina de 1993, que irá
mente o conhecimento biomédico através de
abordar o tema "Entender os mecanismos do
morte celular", com a presença de Aaron Cie-
contributos pessoais de excepcional mérito, cujo
'Splicing"'. A presidir estará Carmo Fonseca,
chanover, Prémio Nobel de 2004 e de Alexandre
nais de saúde para apresentarem publicamente a
valor foi reconhecido pela atribuição do galardão
directora do lnsàtuto de Medicina Molecular de
Quintanilha do Instituto de Biologia Molecular
sua contribuição.
Nobel.
Lisboa.
e Celular do Porto.
Esta enàdade pretende, este ano, alargar o núme-
O programa começou a 1O de Janeiro com o
Para o dia 24 está marcada a conferência sobre
O ciclo de conferências encerra no dia 30, em
ro de candidaturas, para que o maior número
tema "Porque não temos ainda uma vacina
"O ciclo celular e os seus mistérios", que contará
Serralves, com o tema ''As novas tendências em
possível de incerveniences neste sector em Por-
contra o HIV?". O conferencista foi Rolf M. Zin-
com a presença de Tim Hunt, premiado no ano
Microbiologià', em que intervirá Sidney Bren-
tugal possa participar e aprender com as expe-
kernagel, Prémio Nobel da Medicina de 1996 e
de 2001. O presidente será Jorge Soares da Facul-
ner, Prémio Nobel de 2002, cuja conferência será
Concurso
Abertas as candidaturas aos Prémios Hospital do Futuro
O
A
Fundação Calouste Gulbenkian
1!!11
Fórum Hospital do Futuro anun-
Estes prémio têm por objectivo reconhecer o
riências partilhadas.
dirigiu a conferência, António Coutinho, direc-
dade de Medicina de Lisboa.
presidida por Sobrinho Simões, director do Ins-
ciou que já estão aberras as candi-
trabalho realizado por pessoas e organizações
O regulamento e a ficha de candidatura dos
tor do Instituto Gulbenkian de Ciência. Para 15
Para o mesmo dia, mas na Fundação de Serralves,
tituto de Patologia e Imunologia Molecular da
daturas aos Prémios Hospital do
que tenham contribuído para o desenvolvimento
Prémios Hospital do Futuro 2006/2007 estão
de Janeiro está prevista a presença de Eric Kan-
no Porto, o debate versará "O proteosoma e a
Universidade do Porto. rm
Futuro 2006/2007 a que qualquer entidade
da Saúde em Portugal e, com esta terceira edição,
disponíveis em http://www.hospitaldofutu-
pública, privada ou de âmbito social se pode
o Fórum Hospital do Futuro espera motivar
ro.com e têm de ser entregues até ao dia 16 de
candidatar.
cada vez mais instituições, empresas e profissio-
Fevereiro.
lllD
Algarve
Novo hospital com concurso em 2007
O
concurso para a construção do novo
minisrro da Saúde, já estão a trabalhar para defi-
dade hospitalar terá valências que não existiam
hospital central do Algarve deverá
nir o modelo funcional do hospital a instalar no
nos três hospitais algarvios de Faro, Portimão
abrir em meados de 2007, depois
Parque das Cidades, a meio caminho entre Faro
e Lagos, como cirurgias cardíaca, toráxica e
de concluído o trabalho do grupo que estabele-
e Loulé, trabalho que deverá estar concluído em
vascular.
cerá as regras da adjudicação, revelou Rui Lou-
Doença de Crohn
Comparticipação a 100% só com receita de especialista
O
s medicamentos para a colite ulce-
participação total era um auxílio para as famí-
rosa e a doença de Crohn deixam
lias, uma vez que os medicamentos podem cus-
de ser comparticipados a 100%
tar mais de 350 euros mensais.
caso não sejam prescritos por um médico espe-
Para a direcção da APDI, não faz sentido este
cialista, em consultas de gastrenterologia, cirur-
diploma que os médicos de família não pos-
Abril de 2007.
gia geral, medicina interna e pediatria.
sam prescrever os medicamentos com com-
renço, presidente da ARS/Algarve. De acordo
O novo hospital central do Algarve será geri-
O despacho do Ministério da Saúde foi assi-
participação total, uma vez que muitos
com este dirigence que considerou 2011 como
do em regime de parceria público-privada,
nado no passado dia 6 de Novembro e altera um
doentes residem longe dos hospitais onde são
uma boa data para inauguração a adjudicação
mas apenas no que diz respeito às infra-estru-
outro diploma de 2004, que a Associação Por-
seguidos. Na fase de manutenção da doença,
ainda poderá ser lançada em 2008.
turas e posterior manutenção das instalações,
tuguesa da Doença Inflamatória do Intestino
estes doentes só eram vistos pelo especialista
Os sete elementos do grupo de trabalho, consti-
pois a gestão do funcionamento terá um
(APDI) considerava uma conquista. De acor-
uma a duas vezes por ano e, agora, estas visi-
tuído por despacho de 22 de Novembro do
carácter exclusivamente público. A nova uni-
do com a sua dirigence, Cândida Cruz, a com-
tas multiplicar-se-ão.
lilD
11111
. d sua pesquisa à saúde. A Piizer d~d1ca t~ ªn:sceram até às pessoas Dos que a1n~a nao da Sabemos que cada ·d de mais avança · de 1 a blemas específicos mas que idade pode_ter pro. comum o desejo de uma a todas as idad~~ e 1e plena. Por isso. estamos vida longa. ~a~:~~estigação biomédica, na vanguar a t d cada vez mais doenças. · do e tra an o 'á alcançados, mas preventn Muitos sucessos fora~ª~ da nossa dedicação muitos outros nec:s~~ doenças façam parte do e esforço. P~ra dqu so futuro Este é o nosso do e nao o nos . ·untos faremos o futuro. passa . . .1 compromisso consigo.
Director Clínico do Cuf Descobertas
Mendes de Almeida homenageado na Bélgica J
osé Mendes de Almeida, director clínico do Hospital Cuf descobertas, foi distinguido
pela contribuição para o avanço do uatamento
cirúrgico das doenças do _esófago. A distinção foi feita no dia 30 de Novembro, durante o Congresso da Associação Europeia de Doenças do Esófago, que teve lugar na Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica. Esta distinção foi atribuída a apenas seis médicos: dois franceses, dois belgas, um italiano, e um português, mais concretamente Mendes de Almeida. Entretanto, a Ordem dos Médicos portuguesa entregou também a este clínico uma medalha em reconhecimento pelos 50 anos de dedicação à Medicina, no passado dia 16 de Dezembro, durante uma cerimónia realizada na FIL, em Lisboa. José Manuel de Briro e Castro Mendes de Almeida formou-se na Faculdade de Medicina de Lisboa em 1956, e especializou-se em cirurgia, tendo desenvolvido grande parte da sua carreira clínica nos Hospitais C ivis de Lisboa (HCL), grupo de hospitais que é considerado, por várias gerações de clínicos de Lisboa e rodo o País,
foi Director do Hospital de Santa Marta, inte-
do Esófago, tendo sido Presidente da Sociedade
como a escola médica de referência.
grado nos H CL.
Europeia de Vídeo-Cirurgia, entre 1988 a 1998.
Entre 1961 e 1964, Mendes de Almeida inter-
Em paralelo com a carreira nos hospitais, Mendes
É ainda membro de várias entidades científicas
rompeu a carreira nos HCL, para cumprir o
de Almeida foi o primeiro secretário-geral da
internacionais, nomeadamente do Colégio Ame-
Serviço Militar. Nesse período esteve Paris,
Sociedade Portuguesa de Cirurgia, entre 1978 e
ricano de Cirurgiões, da Sociedade Internacio-
com uma bolsa da NATO, sobre Queimados,
1986. Foi, também, secretário-geral e presiden-
nal de Cirurgia, da Associação Francesa de Cirur-
Cirurgia Reconstrutiva e Max:ilo-Facial, e,
te da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa
giões (AFC), da Sociedade Europeia de Cirurgia
depois, em Angola.
e presidente da Sociedade Médica dos Hospitais
Oncológica (ESSO) e do ISDE (Internacional
No regresso aos HCL, passou a Assistente de
C ivis de Lisboa de 1989 a 1990.
Society Diseases of the Esophagus) . Foi funda-
Medicina Operatória da Faculdade de Medicina
Aaualmente, José Mendes de Almeida é delegado
dor do GEEMO (Groupe d'Étude Européen
de Lisboa, de 1964 a 1972. Entre 1976 e 1979
nacional da Sociedade Internacional de Doenças
des Maladies de l' Oesophage). mu
,.,
.-.
Manuel Teixeira, o "homem forte" da ACSS:
Unidades Locais de Saúde podem ter financiamento por capitação A GH falou com o futuro dirigente da nova Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a criar no âmbito do PRACE, para saber como irá funcionar este novo organismo. Manuel Teixeira afirmou que, afinal, o crescimento da despesa hospitalar com medicamentos se ficará entre os 6 e os 7% e revelou que o modelo de financiamento dos hospitais terá algumas novidades: linhas individuais de financiamento para componentes com mais custos, como a investigação e a formação. Em estudo está a possibilidade do financiamento por capitação para as Unidades Locais de Saúde.
Gestão Hospitalar - Quando é que se prevê que a nova Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) comece a funcionar?
funções e funcionários duplicados. O que vai acontecer a esses funcionários? Vão
>>> Manuel Teixeira torna-se, com a
para o quadro de excedentes?
direcção da ACSS, um dos nomes mais poderosos do Min istério da Saúde
MT - Essa análise escá a ser feita. Obvia-
Manuel Teixeir a - O que escava previsco,
m ente que onde existirem d upl icações elas
aquando da aprovação das leis orgânicas do
serão anuladas. O propósito é o rigor abso-
M inistério, era acé ao final de 2006. Isso não
luto. É um processo que estamos a faze r
se verificou e acredito que ao longo do pri-
neste m omenco e não estamos a fazê-lo de
m eiro crimestre deste ano isso acontecerá.
modo solitário. É um processo q ue rodo o miniscério escá fazer, incluindo as adminis-
GH - O que muda com este novo orga-
trações regionais. Não se pode fazer a análi-
nismo?
se como esta estava a ser fei ta, do género: na
MT - Temo s d e pen sar em termo s de
inst ituição X o que é que se vai passar com
enquadramento da administração central,
a pessoa Y, qual será a sua situação fucura . . .
re gional e re s cantes se rv iço s. Há um
"Não posso ser eu a dizer qual será o destino dos funcionários"
consenso sobre o facto d e, no passado , haver desarticulação en cre administração central, regional e o utros serviços, de existir so breposição d e fun ções e competências e, ap esar disso, have r algumas áreas que ficavam no vazio. O que se es cá a tentar
GH - Mas é uma questão que se põe.O
com esca ree.scrucuração é evicar a desarticu-
que é que vai suceder a esses funcioná-
lação, evitar a sobreposição, d e tal manei-
rios?
ra que a responsabilização sobre as áreas
MT - A resposta, em cermos de instituição
seja absolutamen te clara, e se saiba quem é
isolada, é que as funções que eram duplica-
o se u responsável.
das deixam de existir. Em particular as funções de 'back office' mas em que a duplica-
GH - Há quem já diga que se trata de um
ção não é muito grande. Dos serviços a
verdadeiro 'ministério-sombra' ...
integrar nesta nova Administração Central
MT - Sombra n ão , d e todo! Mi nistéri o
os que têm funções de 'back office' são o
tamb ém não, é um exagero. Não é essa a
term os de missões e projeccos. Vai ser uma
GH - Um instituto público é a melhor
civas? U m serviço integrado? Uma direc-
IGIF e a DGIES . O que quero dizer é que a
intenção .
estrutura m uico comedida nos recursos que
solução? Não acarreta mais enca rgos
ção-geral crad icio n al? Claramente não!
zona de dup licação é relacivamence diminu-
vai utilizar, de cerca for ma complexa dadas
financeiros?
Porque a gescão financeira, que é feita numa
ta, mas existe e vai deixar de existir.
GH - Mas não será uma estrutura dema-
as frentes em que se tem d e mover. E veri-
MT - Escas q uestões cêm de ser semp re vis-
estrutura deste tipo, ficava limitada se fosse
siado pesada já que vai gerir recursos
fi cam -se vantage n s na associação d est as
tas en tre benefício e custo, não podem ser
uma direcção-geral tradicional. Era tecnica-
GH - E esses funcionários?
humanos, tecnologias de informação,
áreas, que parece m tão diversas, que pode-
vistas só numa vertente. A percepção é que,
mente impossível. As o u tras alternativas
MT - A resposta não pode ser dada de
hospitais?
mos resum ir como a compecência de gerir
na comparação encre benefício e custo, uma
eram mais exigences. Penso, pois, que esta
forma individual. Dado que isco é visto em
MT - A estrutura vai cer de ser uma escru-
recursos. E os recursos podem ser financei-
estrutura deste tipo traz muico mais benefí-
foi a escolha sensata.
termos de miniscério não posso ser eu a
cura muito enxuta, muico flexível , muico
ros, humanos, físicos. É criar um cencro de
cios, disso não renho dúvidas. Além disso
pouco hierarquizada, muico organizada em
racionali dade nescas várias vertentes.
podemos perguncar: quais seriam as alcerna-
dizer qual será o destino desses funcionários. GH - Com a f usão dos serviços vai haver
Se, no conj u nto, se verificar que o fun-
cionário não encontra outro lugar de acolhi-
sobre a sua alçada significa que a ACSS
GH - Já que se trata de um instituto
gal, é uma experiência q ue vem sendo ama-
mento terá de ser dispensado.
vai ser o interlocutor dos sindicatos?
público, haverá um aumento dos CIT
durecida, há tantos casos já. O número de
MT - A negoci ação, relativamente aos
entre os funcionários que vão integrar
institutos em que isso se passa, não se perce-
GH - Mas entre as competências da ACSS
contratos ind ividuais de trabalho (CIT),
esta nova ACSS?
be ... O CIT é uma q uestão evolutiva.
estão os recursos humanos.
que é uma coisa nova, terá d e ter uma com-
MT - C laro, uma das vantagens - na minha
MT - Gestão de Rec u rsos H u manos d o
ponente técnica que até agora a Saúde não
perspectiva pessoal - de uma estrutura orga-
GH - Já se sabe quantos funcionários
Serviço Nacional de Saúde (SNS), não de
tinha. Essa com ponente técnica q ue era dada
n izativa deste tipo é, exact am ente, h aver a
t erá a ACSS?
todo o ministério. E não é a gestão operacio-
de u ma fo rma muito lacunar no caso dos
possibilidade de haver de co n tratos indivi-
MT - Não.
nal. .. a ACSS não vai gerir os rec u rsos
CIT, é q ue passa para a nova Adm inistração.
d uais de trabalho.
humanos dos hospitais nem dos centros de
É o aprofundamento técnico dessas questões.
saúde, era d isparatado. Vai emitir normas,
GH - O que acontecerá às chefias dos GH - Está consciente que vai comprar
actuais organismos que serão fundidos?
vai regular as carreiras, vai promover a for-
G H - Só tratará dos CIT e não das res-
uma guerra com os sindicatos da Fun-
MT - As ch efias, com a extinção das respec-
mação. Não é dizer que a pessoa Y vai para
tantes negociações?
ção Pública?
tivas instituições, caem. As novas chefias
a instituição X!
MT - As outras tam bém. Continuará a
MT - Não sei se estou consciente disso e se
serão nomead as. Não quer d izer que n ão
haver uma componente política, nem pode-
é, de facto, uma guerra. E p orquê? É uma
haja ch efias anteriores nomeadas de novo,
ria deixar de ser.
realidade que já tem vários anos em Portu-
mas h á outras que deixam de o ser.
GH - Se a negociação colectiva recai
Processo das PPP será sim plificado GH - A ACSS vai ser responsável pelo
sabilizar as administrações das institui-
GH - Mas o sistema está deficit ário. Vai
Sr. M inistro, neste caso, é uma parceria na
O rçamento do SN S?
ções, regionais e hospitalares, pelos resul-
alterar-se esta situação a curto prazo?
construção devido à complexidade da pas-
MT - Sim, mas de uma forma muito simi-
tados. E essa responsabilização cria uma
MT - Tem sido reduzido de forma muito
sagem do conjunto de hospitais de origem.
lar àquilo que já se passava com o próprio
consciência em relação à evolução financei-
significativa. Basta pegar nos números e
IGIF. A alteração é pequena.
ra muito mais nítida, que gera uma tra-
ver como tem havido uma melhoria muito
GH - Acha que se irá cumprir o prazo de
jectória na despesa e nos custos que são
significativa nos resultados.
2010 para o início do funcionamento da unidade de Todos-os-Sant os?
GH - Qual é a situação financeira do SNS?
muito mais contidos e sustentados do que
MT - Em poucas palavras, eu penso que a
eram no período em que havia uma gran-
GH - Há novidades nas parcerias públi-
MT - Essas datas têm sido sempre todas tão
situação financeira do SNS, num período
de variabilidade no financiamento. E essa
co-privadas?
alteradas ... confesso que não tenho prece-
mais recente, tem um facto novo que é
é uma evolução muito positiva. C laro que
MT - Há vontade de uma maior simplifica-
muito positivo, que é a estabilidade no
isto obriga a um acréscimo da responsabi-
ção, de diminuir os custos de transacção
financiamento. Se olharmos em termos
lidade. O SNS com os meios que tem,
para os agentes que intervém ... Loures II,
ções estão a ser fechadas e entre 200712008
históricos, o financiamento do SNS tinha
tem de provar que consegue prestar os ser-
que vai ser lançado em Março de 2007, é um
fecham-se os contratos de Braga e Vila Fran-
uma grande instabilidade que era corrigi-
viços que deve prestar e conseguir não ser
exemplo disso. Já existem alterações no sen-
ca de Xira.
da por rectificativos, regularizações de dívi-
um peso, um factor negativo, na consoli-
tido de fazer com que o processo seja mais
A vontade é que esta segunda vaga já reco-
das. Isto fazia com que os orçamentos não
dação das contas públicas a q ue o País está
simples, gere decisões mais rápidas, evitando
lhesse os ensinamentos da primeira e fosse-
fossem realistas e não o sendo não eram um
obrigado.
o prolongam ento excessivo do processo -
mos melhores a rrarar este processo, com
GH - Já se sabe quem vai coordenar e em
podem ser cortados?
instrumento de gestão. Portanto, o co ntro-
Eu vejo estes sinais de certa forma concre-
entre o momento de lançamento e o momen-
m enores custos para quem concorre, com
que áreas?
MT - A Saúde tem de fazer um esforço de
lo financeiro estava dificultado. Ao haver
tizados na evolução finan ceira que o siste-
to em. que se vêem os resultados - e Loures II
um envolvimento maior das várias insti-
MT - É um trabalho que ainda está a ser
racionalização de custos muito significativo,
estabilidade no financiamento este instru-
ma teve o ano passado. C laro que para ser
já incorpora indicadores nesse sentido, que
tuições da Saúde, não sendo um processo
feito.
muito sensível. Sou d aqueles que p ensam
m ento fica mais efectivo e, ao ficar mais
inteiramente sincero e honesto o período é
serão aperfeiçoados nos processos futuros.
tão autista. As administrações regionais de
efectivo, a responsabilidade das administra-
ainda muito curto. Estas coisas para serem
Em 2007/ 2008, serão lançados outros pro-
saúde é que irão gerir os contratos e se não
GH - As Finanças vão exigir à Saúde um
contenção de custos. Essa postura vai permi-
ções fica mais nítida. São ganhos impor-
ditas com grandes certezas têm de ter perío-
cessos, como o Hospital de Todos-os-San-
participarem desde o início no processo
corte de 40 milhões de euros nas despe-
rir tornar financeiramente sustentável o Ser-
tantes. Nes te momento é possível respon-
dos de análise mais largos.
tos - e estou convencido que a vontade do
será difícil.
sas com pessoal. Onde é que acha que
viço N acional de Saúde.
.
,.
dentes para fazer uma afirmação dessas. Mas, por exemplo, para Cascais as negocia-
. que, n a Saúde, tem d e existir um foco na
GH - Mas essas receitas não chegam para cobrir as despesas. E a eficiência é a única forma que vê para colmatar essa diferença?
MT - Tem de ser, de facto , um 'mix' de políticas. A eficiência é uma das componentes . É essencial um acréscimo de eficiência. Mas tem de haver outras. A própria reorganizaçáo e as poupanças que se fazem com ela, as novas metodologias de fixação de preços de medicamentos, as novas metodologias de aferir o custo/ efectividade dos medicamentos, as novas metodologias de aferir o custo /efectividade n a introdução da inovação nos equipamentos, a planificação. Claro que nenhum destes elementos, de 'per si' , faz com que o sistema fique sustentável em termos fin anceiros, de forma garantida. Tem de ser um pacote. GH - Falando em medicamentos, o tecto máximo de 4% imposto pelo ministério para o crescimento com a despesa nos hospitais, para 2006, foi ultrapassado chegando aos 8,5% .
MT - Os 8,5 % é uma previsão baseada
Alvos ...
em dados de Outub ro. Talvez a taxa de GH - Como?
GH - O ministério não transfere para os
c rescimen t o seja menor. Os dados de
Manuel Delgado - Uma óptima pessoa e um bom técnico.
MT - Mediante a conclusão de que essa
hospitais montantes que cubram as des-
Novembro levam-me a fazer essa afirmação.
contenção é necessária há que operacionali-
pesas e a eficiência não é suficiente para
Em qualquer caso, fi caremos acima dos
Bagão Félix - Um homem muito culto.
zar, há que concretizar esse esforço - e não só
cobrir esses diferencial. Qual é a solução?
4% . Andará à volta dos 617% . Nós temos
Correia de Campos - Omelhor ministro da Saúde. Uma das pessoas mais estimulantes para trabalhar.
na área do pessoal. No caso da organização
MT -A premissa inicial não pode ser consi-
de ter um pouco em conta que o objectivo
regional, por exemplo, as sub-regiões vão ser
derada dessa forma. Não era ajustado que a
era muito ex igente. Tal como , aliás, os
extintas. Toda esta área organizativa vai ser
transferência que o SNS faz para as várias
outros objectivos.
revista. A percepção é que será revista com
instituições hospitalares cobrisse os custos.
É certo que existem bons prenúncios . A
poupança de recursos. Nos próprios hospi-
A transferência, se for jus ta, deve pagar os
capacidade de negociação das instituições,
tais, uma política pró-eficiência detecta a
serviços, sendo certo que os hospitais
do ministério , dos hosp itais, tem melho ra-
possibilidade de diminuição de recursos
comam com OU[ras fontes de receita. No
do de fo rma significativa. Por exemplo, em
humanos . Há vários exemp los que têm
caso dos hospitais ineficientes era irracional
relação à despesa com medicame·mos vendi-
ind ústria - mas, neste caso, o objectivo orça-
GH - A culpa é das adm inistrações?
vindo a ser tornados públicos. É como se
estar a financiar a eficiência.
dos nas farmácias de rua, o facto de o minis-
mental de crescimen to de 0% será cum pri-
MT - Existe grande variedade de razões.
tivéssemos um objectivo que tem de ser
A receita essencial que os hospitais têm é o
tério pagar dentro dos prazos tem gerado
do . Aliás, o crescimenro será negativo.
Há casos de instituições que cumpriram o
atingido, quer através da reorganização dos
pagamento feito pelo SNS através da presta-
poupanças substanciais , comparativam en-
organismos regionais quer através dos servi-
ção de serviços - no caso de serem EPE's - ou
te com o passado, já que não tem de pagar
GH - Não se cumpriu a meta dos 4%
muito exigente e as instituições que não
ços centrais. Vai ter de haver poupança até
uma transferência orçamental - no caso de
os j uros devidos aos atrasos. N ão é a ún ica
apenas porque era muito exigente?
cumpriram são mais que as que as que curn-
nos próprios hospitais.
serem SPA. E têm receitas dos subsistemas .. .
causa - a principal será o protocolo com a
MT - Essa é uma das razões.
pnram.
Teixeira dos Santos - Para o desafio que havia, a pessoa que o enfrentasse teria de ser muito rara. Ele é essa pessoa. Miguel Gouveia - É um pensador da Saúde.
objectivo. Mas, de facto, o objectivo era
Curriculum Vitae Manuel Teixeira >
Nascido em Lisboa há 52 anos
Licenciado em Economia no Instituto Superior de Economia
>
Quem não cumpre são os IPO's e os hospi-
resse da Indústria que o Ministério da Saúde
não valia a pena existir. Existe o conceito
tais onde as doen ças infecciosas pesam
seja muito exigente, inteligente e sabedor.
que seria a diferença entre os proveitos que
muito. A SIDA, as hepatites e a oncologia
o hospital tem pelo contrato que está a assi-
têm custos em medicamentos muito signifi-
GH - Estas exigências de controlo de
nar com o SNS e os out ros proveitos, não-
cativos, mas isso é algo que n ão se passa só
custos não põem em causa o acesso dos
SNS, e os custos que tem para prover os
connosco, é geral.
doentes aos medicamentos de ponta,
serviços que escá a contratar. A filosofia
Para cumprir aquele objectivo teríamos d e
mais caros?
d iria en tão que esta convergência seria
Pós-graduação em Economia Europeia (Universidade Católica Portuguesa) e o mestrado em Economia da Universidade Técnica de Lisboa
conseguir poupanças ainda maiores nas áreas
MT - Creio que não. Existe legislação
decrescente ao longo do tempo, porque se
em que isso é possível. Portanto, negociar
recente sobre a introdução de m edicamentos
existisse convergência era porque o hospital
Consultor no Ministério das Finanças
preços mais baixos, negociar descontos mais
inovadores que exige que haja sem pre um
em causa, em relação ao hospital mais efi-
elevados, sermos mais inteligentes, fazer com
cálculo de custo / efectividade. C laro que,
ciente do grupo, tinha custos unitários mais
que os agrupamentos de compras sejam mais
nesta matéria, o Infarmed é a entidade com-
altos. Ao longo do tempo esses custos unitá-
nítidos, d e forma a ter poupanças que com-
petente. Mas, na m inha perspectiva pes-
rios teriam de decrescer.
pensassem as outras áreas em que é quase
soal, o regime que se introduziu traz racio-
admissível que existam acréscimo de custos.
nalidade . Nos países e urop e u s não h á
GH - Mas será mudada?
nenhum que introduza a inovação de forma
MT - Também nessa verten te estamos a
cega, ela tem de ser avaliada.
fazer estudos, a fazer a avaliação de como é
>
>
Membro do grupo "Comparisons of budgets" >
Membro da comissão que elaborou o Plano Oficial de Contabilidade Pública >
Subdirector geral da Junta do Crédito Público
>
>
Director-geral da Contabilidade Pública
>
Director-geral do Orçamento
Presidente do conselho de administração do Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde
>
Presidente do conselho de administração do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social >
> Secretário de Estado do Orçamento do XVI Governo Constitucional >
Subdirector-geral da Saúde
Presidente do conselho de administração do Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde
>
GH - Não se justificaria uma diferenciação no tecto de crescimento da despesa,
que isto se tem comportado. Temos, para
por exemplo, para os IPO's?
"Uma metodologia centrada
2007, algumas linhas individuais de finan-
MT - Na realidade, nos contratos que foram
no tratamento do doente
ciamento. Estamos em processo de análise,
assinados com estas insti tuições o tecto foi
tende a tratar mal os outros
em bo ra neste ano esta com p onente de
ajustado. É um tecto macro q ue admite diferenciações micro.
convergên cia se mantenha nos contratos-
componentes do custo"
-programa que estão a ser assinados.
GH - A solução para 2007 é uma melhor
GH - O modelo de financiamento dos
GH - Como funcionarão essas linhas indi-
negociação?
hospitais vai sofrer alterações?
viduais ?
MT - Uma m aior exigência. A própria lei
MT - No geral, e a curto prazo, não. Estão
MT - São casos em que a nossa percepção
do Orçamento d e Estado para 2007 tem
a ser assinados os contratos program a para
d iz que a metodologia de financiamento,
uma norma, que é inovadora, original, que
2007 em que o financiamento fo i o utiliza-
que utiliza os grupos de diagnósticos homo-
impõe que o preço que nós contratamos
do em 2006 e 2005 . Não quer dizer que não
géneos (G D H ), cap ta mal o cusro que o
tem de ser 6% inferior ao do ano passado.
haja algumas inovações que estão a ser estu-
hospital está a ter. Por exemplo, no caso da
Há aqui uma exigên cia de rigor que tem
d adas . No caso das U nidad es Locais de
formação e investigação, existem hospitais
d e ser cumprida.
Saúde o modelo que está a ser usado não é
que têm um forte custo nestas áreas. Ora,
bom. Estamos a estudar o modelo por capi-
uma metodologia que esteja centrada no
GH - A indústria farmacêutica não ficará
tação. Temos feito estudos nesse sen tido e
tratamento dos doentes tende a tratar mal as
satisfeita.
que poderá, depois , ser aplicado à nova
outras componentes de custo. Assim, abriu-
MT - À indústria farmacêutica também
Unidade Local de Saúde do Norte Alenteja-
-se uma linha de financiamento para tentar
interessa uma contraparte que seja sabedora.
no, que abrange a subregião de Portalegre.
suprir essa deficiência. É o caso dos doentes
1
Quando uma das partes não é suficiente-
com SIDA que, na nossa perspectiva, tam-
mente sabedora para ser bastante exigente e
GH - O modelo de financiamento dos
bém estamos a financiar mal e abriu-se uma
explorar as melhores condições o mercado
EPE's tem uma verba de convergência
linha unicamente para abranger esta situa-
também tende a funcionar pior e isso é mau
aleatória. Vai ser alterada?
ção . No fim de contas, isto é r-.!sultado de
para a outra contraparte. Se isto sucede a
MT - Ela não é aleatória, porque se fosse era
estudos em permanência que se vão fazendo
concorrência não se desenvolve, existem
porque o modelo d e financiamento era
no sentido de colmatar aquilo que é sentido
nichos d e mercado, pequenos poderes de
aleatório, que era uma coisa inaudita. Um
como sendo insuficiências do modelo, que
monopólio, rendas só para alguns. É do inte-
modelo que gerasse resultados aleatórios
>>>A ACSS começa a fun ci onar no prim eiro trimest re de 2007
sejam pequenos ajustamentos. rm
1
19 l
Relatório
Genética
Infecções hospitalares aumentam na Europa
Prémio ibérico a atribuir pela 1ª vez
D
e acordo com o Sistema Euro-
esta resistência está a ameaçar seriamente o
te vulneráveis a estas estirpes resistentes, e
á estão abertas as candidaturas para o
peu de Vigilância da Res istên-
sucesso e a eficácia do tratamento de infec-
desenvolvem infecções que se podem
Prémio de Genética CGC Prof. Dr.
c ia Antimicrobiana e o se u
ções - que resulta na taxa de mortalidade e
manifestar como queimaduras infectadas ,
Amândio Tavares, FWA, que será atri-
Relatório A nual de 2005, a prevalência
na carga em termos da doença, sempre
abcessos profundos, infecções de feridas
do Staphylococcus aureus resistente à m eti-
crescentes.
cirúrgicas, perfurações ou apendicites com-
Este Prémio será atribuído pelo Centro de
cilina (MRSA) está a aumentar por toda a
Os antibióticos são bastante usados para
plicadas, entre outros . Quando estas com-
Genética Clínica e tem como objectivo
Europa, pelo sexto ano consecutivo, sendo
tratar as infecções adquiridas no hospital,
plicações clínicas surgem em doentes que
reconhecer o trabalho realizado na Penín-
Portugal o quinto país mais afectado , logo
verificando-se 3 milhões por ano na UE,
já têm outros problemas, elas podem ser
sula Ibérica ao nível da Genética M édica e
d epo is d a Roménia, Malta, C hipre e
donde resulta um alarmante número de
fatais ou conduzir ao prolongamento dos
a sua contribuição para o desenvolvimento
Romé nia.
50.000 mortes até à data.
internamentos , e por isso a uma maior
da investigação e da prática da Medicina,
O mesmo relatório afirma, porém, que
O uso inadequado de antibióticos conti-
carga nos sistemas de cuidados de saúde .
premiando qualquer pessoa ou entidade no
dois países - Eslovénia e França - co nse-
nua a ser o factor que m ais contribui para
Enquanto que a resistência antimicrobiana
domínio da Genética M édica na Península
guiram diminuir as taxas de infecção atra-
o número crescente de patogénicos resis-
está a aumentar em roda a Europa, os dados
Ibérica que apresentem proj ectos d e inves-
vés da implementação de esforços ad e-
tentes em toda a E urop a. Muitos destes
do Sistema de Vigilância revelam que as
tigação ou de aplicação na prática clínica,
quados d e controlo a longo prazo.
organismos causais, tais como o MRSA,
tendências específicas de resistência podem
elaborados ou concluídos em 2 006 . A
Segundo o Sistema Europeu de Vigilância,
desenvolveram resistência a múltiplos anti-
ser afectadas pelo meio ambiente, incluindo
intenção do Centro é, também, contribuir
o aume nto global do MRSA deve-se, em
bióticos. Os doentes hospitalizados, devi-
a incidência e estirpes de patogénicos, hábi-
para que a promoção de protocolos que
O primeiro lugar terá um valor de 1O mil
conhecidos em Março pelo Fórum Hospi-
grande parte, ao aumento da resistência
do aos seus sistem as imunitários algumas
tos de prescrição local d e antibióticos, e
contemplem a aplicação da Genética Médi-
euros, o segundo , cinco mil euros e o ter-
tal do Futuro, entidade gestora do pré-
antimicrobiana. O do cumento afirma que
vezes enfraquecidos, estão particularmen-
hospitais. rm
ca nas organizações de Saúde.
ceiro , 2500 euros. Os vencedores são
mIO .
ído este ano, pela primeira vez.
IJllJ
Células estaminais
Laboratório de criopreservação certificado em Portugal
O
primeiro laboratório de criopre-
como o controlo de acessos e gravação de ima-
servação de células estaminais do
gens 24 horas por dia, todos os dias do ano.
sangue do cordão umbilical em
O laboratório, situado no Biocant Park, está
Portugal - o Crioestaminal - foi certificado em
aberto sete dias por semana, com transporte de
Gestão de Q ualidade ISO 9001 :2000, pelo
amostras também aos domingos e feriados a
grupo internacional TÜV Rheinland.
partir das maternidades, dispondo ainda de
Na base da certificação estiveram argumentos
um 'back up' energético (que entra em fun-
como as avançadas tecnologias para o proces-
cionamento no caso de ocorrer uma falha de
samento do sangue e armazenamento das célu-
energia), de tecnologias de enchimento automá-
las estaminais, sistemas topo de gama para tra-
tico dos recipientes de azoto com monitoriza-
tamento e monitorização do ar atmosférico
ção contínua, e sistemas de dececção de incên-
das salas - as chamadas "Clean Rooms" - bem
dios em fase precoce.
1J11J
"Honra e Desafio"
Pereira Alves eleito presidente da Sociedade Médica dos HCL Carlos Pereira Alves está à
ção da c1rurg1a dife rence" da que existe
trabalho hospiralar pleno" . Esre caminho
frente da Sociedade Médica
actualmence .
não necessira passar pela obrigação da
Terá de se centrar num departamento de
exclusividade que acabou por funcionar
dos Hospitais Civis de Lisboa.
cirurgia organ izado em un idades funcio -
de "fo rma perversa", dado m uiros terem
Numa conversa com a GH
nais. Chamar-se departamento, centro ou
o lhado essa exclusividade como forma de
este conceituado médico
instituro parece irrelevante sendo impor-
ganhar mais fazendo o mesmo, quando o
tante a definição do conteúdo dos mesmos.
seu objectivo era trabalhar mais e melhor e
Por exemplo , no Serviço Universitário de
consequenremence ganhar ma is . Pa r a
reestruturação da formação
Cirurgia do Hospital dos Capuchos/ Cent ro
garantir que os médicos trabalhem numa só
dos cirurgiões
Hospitalar de Lisboa - Zona Central cami-
unidade hospitalar devem ser criadas condi-
nhamos já de maneira preferencial mas não
ções para isso , reclama Pe reira A lves :
exclusiva para quatro unidades funcionais: a
"condições físicas de trabalho, de equipa-
ereira Alves, o novo Presidente da
cirurgia hepatobiliopancreácica, colorectal,
me n tos e de remuneração" .
Sociedade Médica dos Hospitais
esofagogastrica e cirurgia venosa.
A questão, frisa, é que "a remuneração está
Civis de Lisboa ( SMHCL) Prof.
E este tipo de modelo que consideramos
m uito viciada" e reformar, neste caso, impli-
de Cirurgia e Director do Serviço Univer-
dever orientar o "programa funcional do
ca "mexer em três coisas da administração
sitário de Cirurgia do Hospital dos Capu-
novo Hospital de Todos-os-Santos" .
pública: as progressões por antiguidade, o
chos, defende alterações na organização do
Tendo em conta que o novo hospital deverá
quadro permanente e os salários iguais em
futuro Hospital de Todos-os-Santos, que
manter a valência de ensino pré graduado
função de simples categorias" . A remunera-
irá substituir alguns dos hospitais do Grupo
(universitário) que o Grupo Hospitais Civis
ção base dos médicos é baixa, recorda Pereira
Hospitais Civis de Lisboa. Defende ainda
actual mente cem, para o p residen ce da
Alves, o que potencia algumas das perversi-
uma reestruturação da formação dos cirur-
SMHCL é importan te que aquela unidade
dades do sistema, em que os médicos tentam
giões, e da organização médica hospitalar
hospitalar seja polivalente .
compor o salário final "dentro da insciruição,
defende uma profunda
p
com o recursos a horas extraordinárias e a
nomeadamente, remunerações diferenciadas que contemplem incentivos em função da
Remunerações
urgências" e fora da instituição mult ipli-
accividade hospitalar global ou seja da acci-
O presidente da SMHCL faz uma avaliação
cando-se po r vários locais de trabalho.
vidade assistencial, de ensino e investigação.
positiva do ensino da Medicina em Po rtu-
"O objectivo é criar um núcleo base sufi-
Eleito recentemente para um mandato de dois
gal e aponta que, no País, as várias Facul-
ciente de m éd icos na instituição que aí
anos como presidente de uma das mais antigas
dades de Medicina estão a caminhar para
trabalhem em fall-time e se sintam realiza-
sociedades médicas do País, Pereira Alves, afir-
"uma certa uniformização d e crit érios e
dos profissio nal e economicamente nesse
currículos". De acordo com o estudo do
mesmo trabalho hospitalar pleno.
ma gue a eleição foi "uma honra" e, simultaneamente, "um desafio" porque é intenção
impossível que alguém possa executar tudo"
dade de Cirurgia deveria ter três anos de
Reforma
Prof. Alberto Amaral n ão se apresen t a
Pereira Alves defende, portanro , "um pro-
da nova direcção "manter vivas algumas das
e, por esta razão, defende uma reestrutura-
C irurgia Geral, após os quais enveredar
Considerando que "a organização do hos-
como necessária a abertura de mais facul -
grama de incentivos que estejam ligados à
ideias que sempre fizeram parte da maneira de
ção da formação dos cirurgiões e reorgani -
por um sector específico. "Fatalmente os
pital já não pode ser a organização clássica
dades no irnediaro. O que considera, isso
accividade global (assistencial, ensino,
estar e de ser dos hospitais civis de Lisboa" e
zação dos serviços.
cirurgiões têm que t er áreas de interesse e
de serviços" e salvaguardando que não é
sim, imprescindível é uma "refo rmulação
investigação) e consequentemente diferen-
equacioná-las num espírito dinâmico e evo-
"A fase de preparação deve continuar a ser
cada vez mais se impõe unidades funcionais
defensor dos hospitais monotemáticos ,
da organização da vida hosp italar" pois
ciados e não pagamento dependente de
lutivo próprios da actividade médica.
o mais global possível", diz Pereira Alves,
de excelência, onde o cirurgião que faz
sobretudo hospitais com ensino pré e pós
"este não pode ser encarado como um local
um controle de horário , até porque o tra-
"O cirurgião geral, há 30 anos, era poliva-
mas a fase de execução d eve ser cada vez
essa cirurgia a faz frequentemente, de modo
graduado, Pereira Alves afirma que o novo
de passagem onde se vai trabalhar umas
balho médico não é passível de horários
lente mas accualmen te as técnicas e o que
mais selecciva se se pretender ser excelente.
a que renha uma massa crítica de execução
Hospital de Todos-os-Santos, a criar na
horas" . Têm de ser criadas condições para
rígidos o que não significa ausência dos
podemos fazer avançou de cal maneira que é
Para o Presidence da SMHCL, a especiali-
que lhe permira ser excelente".
zona de C heias , deverá cer uma "organiza-
que "os m éd icos hospitalares tenham um
mesmos.
ll!ll
23 : '
Congresso Nacional dos Hospitais
Coimbra dava apoio à Faculdade de Medicina.
e figura ímpar desta viagem histórica da Saúde
nistração dos hospitais das Misericórdias fosse tra-
Mas a situação na área da Saúde começava a
em Portugal e, particularmente, na criação das
balho de profissionais preparados. Longe ía o
dar sinais de alguma gravidade já que à evolução
condições que vieram permitir a inscituição da
tempo em que a proximidade das elites do poder
tecnológica e aos progressos científicos na área da
gestão hospitalar "infra-estrutura indispensável a
era credencial bastante que dispensava a exigên-
Medicina, que se acentuaram a partir do fim da
toda a acção médica (que) terá de desenvolver-
cia de outros atributos ou competências.
guerra de 39/45, fazia contraponto a incapaci-
-se de acordo com as técnicas próprias da vida
A Direcção Geral dos Hospitais prepara um
Honra, durante o Congresso
dade total das estruturas de Saúde, mormente dos
económica, embora subordinada aos objectivos
programa de formação intensiva de cerca de três
Nacional dos Hospitais, em
hospitais e da sua organização. Havia necessida-
sociais e humanos que prossegue"(preâmbulo
meses, procede a uma selecção de candidatos
Novembro passado, a
de urgente na introdução de reformas substan-
do Dec-Lei nº. 48.357, de 27 de Abril de 1968,
que se comprometem a frequentar o curso de
administradora hospitalar
ciais que transformassem a realidade atomista da
da sua autoria). Numa época e em condições
Administradores Hospitalares dentro de dois
Saúde num "sistema unitário, coordenado e fi.m-
políticas fechadas aos vemos da mudança, numa
anos e aceitar ser colocados, entretanto, em hos-
cionalmente integrado" (Estatuto Hospitalar
época do primado do "orgulhosamente sós", o
pitais das Misericórdias. Mais ainda, com a cola-
um trabalho sobre o Percurso
art0 • nº 1).
Prof. Coreolano Ferreira soube bem interpretar
boração da Cadeira de Administração Hospita-
de uma Profissão.
A acção reformadora do Estado vai, assim, desen-
o sentido da história acompanhando o que se
lar realiza-se um curso para atribuição da
Pela importância do tema e
volver-se num duplo sentido. Por um lado, defi-
melhor se fazia em termos internacionais na
categoria de Administrador Hospitalar, verifi-
nindo a linha dorsal das estruturas de Saúde, a sua
área da formação e da gestão dos hospitais. Ele
cados que fossem determinados pressupostos, a
hierarquização, integrando no sistema os hospi-
teve a consciência de que os hospitais eram, à
profissionais que já ocupavam nos hospitais car-
tais das misericórdias aos quais era garantido
época, a espinha dorsal do sistema de saúde e que
gos cujo conteúdo funcional tinha passado a
auxílio financeiro desde que respeitassem as
era necessário actualizá-los, programar a sua acti-
caber, exclusivamente, nas competências dos
direcrivas e se conformassem com as orienta-
vidade e geri-los profissionalmente.
administradores hospitalares. Os restantes pro-
O Percurso de uma profissão No decorrer do Porto de
Fernanda Dias apresentou
das palavras proferidas, publicamos na íntegra o estudo de Fernanda Dias.
P
ercurso, é sinónimo de andamento,
ao longo dos últimos 40 anos.
dade dos Hospitais e a sua administração.
ções superiormente definidas, sendo que o esta-
Para tanto era necessário proceder à formação de
fissionais em que não se verificavam estes pres-
decu~so, ,trajecto, es~aço per~orrido ...
Historicamente, a designação do administrador
Inicialmente instalados em antigos conventos
belecimento de planos gerais de actividade, a
gestores profissionais. A Organização Mundial de
supostos tiveram mesmo que frequentar o Curso
ou sep: e um conceito que incorpora
do hospital competia a quem detinha o poder, de
ou outros ediRcios mais ou menos adaptados, vie-
orientação, a coordenação e a fiscalização com-
Saúde (OMS) realiza estudos sobre formação
de Administração Hospitalar.
movimento, que parece ter definido um princí-
que essa designação era uma manifestação, e
ram a sofrer grandes obras de ampliação e remo-
petiam ao Estado através de serviços próprios.
em administração e patrocina programas inter-
Toda esta actividade formativa teve um objecti-
pio ou melhor, um ponto de partida, que com-
recaía sobre alguém que, independentemente
delação ou a ser substituídos por construções
Por outro lado, dando início a um processo de
nacionais em Edimburgo e Bruxelas. O primei-
vo: preparar tecnicamente pessoas para genrem
preende uma crajectória, um itinerário e que
de quaisquer atributos que pudesse possuir, per-
novas, de raiz, principalmente a partir da déca-
formação e de preparação técnica de profissionais
ro português diplomado em administração hos-
hospitais, acabar com o amadorismo mais ou
terá implícito um fim? Talvez, mas não me pare-
tencia às elites próximas do poder temporal ou
da de 50.
para o sistema de saúde. Particularmente, e no
pitalar é, provavelmente, um bolseiro que, em
menos bem intencionado, profissionalizar a
ce que seja desejável enquanto se mantiverem
eclesiástico e, isso sim, é que era a condição para
N ão obstante o Estado continuar a assumir que
que aos hospitais dizia respeito, era premente que
finais dos anos 50, frequente em Edimburgo
gestão.
válidos os pressupostos que determinaram o seu
se ser designado.
não tinha responsabilidade na área da Saúde e
a sua organização, administração e funciona-
um curso da OMS.
Ao mesmo tempo, e porque as regras do jogo
ponto de partida.
O Hospital Real de Todos os Santos, como a pri-
que só deveria actuar supletivamente onde fa-
mento fosse tarefa de profissionais com prepa-
A Direcção Geral dos Hospitais leva a cabo
estavam definidas e a designação para os lugares
E quais foram esse pressupostos? A necessidade
meira grande instituição hospitalar portuguesa,
lhassem as iniciativas privadas, foram subsídios
ração técnica adequada. A Direcção Geral dos
diversas acções de formação, muitas das quais
era feita na sequência de concurso público, aper-
de profissionalização da "administração dos hos-
foi criada sob a tutela do Rei que assumia ele pró-
ministeriais, verbas do Totobola, do Fundo de
Hospitais é o primeiro grande passo no sentido
orientadas por monitores franceses.
tava-se o espaço de manobra para o compadrio
pitais" e a consequente formação técnica de pro-
prio a responsabilidade pela sua subsistência e
Desemprego e até do Orçamento Geral do Esta-
da criação de estruturas profissionalizantes para
Em 1968 são atribuídas seis bolsas de estudo a
e o nepotismo.
fissionais simultanean1eme preparados para lide-
pela nomeação do administrador.
do que contribuíram para o financiamento des-
os hospitais.
técnicos superiores do Ministério para a fre-
Desde encão, o C urso de Administração Hospi-
rar a aplicação das melhores práticas de gestão e
Mais tarde, a administração do hospital vai tran-
tas
obras numa percentagem que se aproxima dos
A sua organização em "inspecções", dava bem a
quência do Curso de Director de Hospitais, na
talar tem funcionado com regularidade e mérito
para não esquecer nunca a especificidade do
sitar por Carta Régia para a Misericórdia de Lis-
50%. E foi esta a forma encontrada para efectuar
ideia de que a par da produção de directivas de
École N acionale de la Santé Publique, de Rennes
e todos os anos prepara para o mercado de empre-
meio em que é desempenhada a sua actividade.
boa. E passa a ser a Misericórdia a eleger um dos
a cobertura do país com uma rede de hospitais
organização e funcionamento, a sua acção se
e, no ano lectivo de 1970/ 1971, os primeiros alu-
go um grupo de profissionais capazes de enfren-
Considero ainda hoje que é no equilíbrio deste
seus membros para essa função.
que continuavam a ser administrados pelas mise-
desenvolvia no terreno, no apoio directo à acti-
nos iniciam a frequência do 1° C urso de Admi-
tar os desafios que os hospitais representam.
binómio que se encontrará a ch ave do sucesso.
Incentivado pelo Rei, o movimento de criação de
ricórdias, suas proprietárias.
vidade e na fiscalização do cumprimento de
nistração Hospitalar, criado em 1969 na Escola
Passaram 36 anos. E o que aconteceu entretan-
É óbvio que é uma opinião polémica, mas é a
Misericórdias foi-se expandindo nas principais
Directamente administrados pelo Estado havia,
directivas. O financiamento do Estado legiti-
Nacional de Saúd~ Pública.
to? Afinal o que mudou nos hospitais? Qual
minha opinião.
cidades. O s "compromissos" e o cumprimento
fundamentalmente, os hospitais militares, com
mava-lhe o exercício desta acção fiscalizadora e
Apesar de estar em funcionamento o C urso de
foi, de facto, o contributos dos adm~nistradores
Com esta intervenção, para além de fazer uma
das obras de Misericórdia, conduziram ao apa-
um estatuto e afectação específicos, os sanatórios
de intervenção.
Administração Hospitalar, a capacidade de for-
hospitalares? Faz sentido colocar a questão assim?
certa história da administração dos hospitais,
recimento dos hospitais. A assistência hospitalar
de tisiologia, construídos para dar resposta ao fla-
Desde o início desta exposição, eu tenho hesitado
mação era limitada pelo número de formandos
Pessoalmence, entendo que faz sentido.
pretende prestar uma homenagem aos adminis-
escava praticamente toda nas m ãos das Mise-
gelo da tuberculose, os hospitais psiquiátrico,
e tido dúvidas sobre como falar dão Prof. Coreo-
e pelo tempo de duração de cada curso.
Seja-me permitido que m e exprima desta manei-
tradores hospitalares e ao trabalho desempenhado
ricórdias. As Misericórdias detinham a proprie-
os hospitais civis de Lisboa e o hospital em que
lano Ferreira, como personalidade incontornável
E havia uma grande premência em que a admi-
ra: no início foi muito complicado!
.
.
1
l t
Foi necessário, simultaneamente, afirmar a pro-
cuja resolução ultrapassava o âmbito dos hospi-
para os hospitais da subalternização dos admi-
fissão e lançar localmente nos hospitais as bases
tais e dos administradores e entroncava nas res-
nistradores hospitalares sempre que ela se verifi-
de uma reestruturação dos serviços de apoio
ponsabilidades políticas do governo.
cou? E para o sistema de saúde em geral? O que
existentes e a criação de novos serviços no senàdo
A actividade desenvolvida com o espartilho do
está errado? É a carreira? É o Estatuto Remune-
de uma diferenciação pela especificidade. Ao
estatuto jurídico da administração pública, ade-
ratório? Mas é ou não verdade que a maior parte
mesmo tempo, impunha-se fazer uma aproxi-
quado a serviços simples mas não a empresas,
dos licenciados contratados para trabalhar nos
mação à classe médica, disponibilizando cola-
baseado na autorização prévia, forçando os ges-
hospitais aufere remuneração superior à dos
boração e pedindo reciprocidade. Relativamen-
tores à 'delinquência' permanente; a indefinição
Administradores hospitalares?
te aos enfermeiros, que ao tempo eram o elo mais
de políticas na área da informação e da informá-
Passaram 36 anos e as condições de exercício da
fraco, oferecer apoio e pedir a ajuda necessária ao
tica que acabaram por conduzir à proliferação de
profissão mudaram radicalmente. Há hoje dis-
conhecimento da realidade intrínseca do hospi-
sistemas e de prestadores; a passividade perante
poníveis ferramentas poderosas no domínio da
tal no que às unidades dizia respeito. Uma parte
a desregulamentação em matéria de planea-
informação que permitem o exercício da activi-
considerável do tempo, era gasta na gestão de
mento em serviços e equipamentos; finalmente,
dade profissional com mais rigor e segurança.
conflitos.
a falta de apoio empenhado, passe a redundân-
Mas os hospitais também mudaram. São hoje
E como se tudo fosse isto· pouco, não se podia fa-
cia, na área da qualidade e a s serviços que tei-
grandes centros de tecnologia altamente espe-
lhar!
maram em avançar por essa via. Devo acrescen-
cializada onde o doente apenas permanece o
A esta distância, parecem referências pueris, a
tar eu qualquer dos aspectos referidos, é só por
tempo estritamente necessário ao reencontrar
f:azer 1em braro "no meu tempo" ... mas o come-
si, gerador de desperdícios e também responsá-
do seu equilíbrio. As demoras médias e o núme-
ço foi m esmo assim.
vel pela má saúde financeira dos hospitais.
ro de camas diminuíram e o peso e a importân-
À medida que foram sendo criados ou adaptados
Esra intervenção é sobre o percurso da nossa
cia do ambulatório cresceram. O ritmo de fim-
aos hospitais os m ecanismos e os instrum entos
profissão. E os acidentes de percurso? Exacra-
cionamento é completamente outro, mais rápido,
necessários ao exercício da gestão, as coisas natu-
mente, vamos falar sobre isso.
mais exigente, mais implacável. E a exigir tam-
ralmente modificaram-se. Havia um trabalho
O s técnicos são úteis, mas também incomo-
bém maior responsabilidade.
de colaboração entre os colegas que escavam nos
dam. D á muito jeito arranjar o suporte de um
E os Administradores Hospitalares?
hospitais e aqueles que estavam afectos aos depar-
parecer técnico que corrobore, reforce e susten-
Fala-se do fim da carreira. Mas a carreira, tal
tamentos e serviços centrais. Todo o Sistema de
te a decisão política. Geralmente, o poder polí-
como foi estruturada, n ão acabou há muito
Informação para a Gestão e cada um dos seus
tico encaixa mal a críàca, o comentário ou o pare-
tempo? Se não acabou, caiu em desuso que é uma
projectos, foi assim trabalhado com a fase expe-
cer que vai em sentido diferente do pretendido.
das piores formas de acabar . . .
rimental a ser restada em hospitais. Há trabalho
Por isso que o poder antes prefere ter um aliado
Mas há ou não, na óptica dos administradores,
inovador de muitos dos nossos colegas na trans-
dócil que um crítico competente. E depois há as
valores a salvaguardar? Haverá, ou n ão , um
fo rmação do sistema e n a criação d e instru-
novas elices. E os novos lobbys. E a alternância
conjunto d e princípios que devam ser preserva-
m entos de gestão adequados aos serviços d e
do poder a tornar a permanência precária e a
dos? Princípios na formação, na d efinição de
Saúde, apesar de uma estrutura legal adversa e
mudança inevitável. E o esquecimento da neces-
perfis, um quadro de referência d e comporta-
redutora. A possibilidade de se dispor de alguma
sidade d e en contrar um equilíbrio entre as
mentos éticos relativamente aos colegas, aos hos-
informação criou uma dinâmica de diálogo den-
mudan ças necessárias e a estabilidad e institu-
pitais, aos doentes e à sociedade? Se de facto
tro do hospital e as condições básicas para que os
cional.
acreditamos nisso, de que estamos à espera para
médicos pudessem participar na gestão dos seus
A subalternização e os ataques aos administra-
avançarmos por esse caminho?
serviços.
dores hospitalares enquanto corpo profissional e
Ou então "isco" é para acabar! Será que no futu-
Os administradores hospitalares tinham "ganho"
em termos individuais, aàn giu, por vezes, limites
ro se justifica a sua existên cia? Ou dito de outra
a sua posição nos hospitais. E era praticamente
inimagináveis. E foi sempre constante a incapa-
maneira:. será que no futuro os poderes políticos
consensual a necessidade dos administradores
cidade ou a impotência da classe para lidar com
entendem necessária a existência de profissionais
hospi ralares.
estas situações ...
com uma preparação ad equada à prática d a
Mas à medida do passar do tempo e do aumen-
Em termos de balanço, gostaria de saber, gos-
gestão hospitalar ou será que isso não faz senti-
to da complexidade do sistema, iam sendo postas
taríamos todos de saber, creio, o que se ganhou
do? Esgotou-se em menos de 40 anos a "vida úàJ"
a nu as suas fragilidades. Fragilidades do sistema
e o que se perdeu. Quais os ganhos que advieram
desta profissão?
l!ID
Que resposta para os doentes crónicos?
Porquê o 1 Fórum Nacional sobre o Doente Crónico? Doentes idosos que entram no Serviço de Urgência por
comportamentos de risco, existem muitos
Que resposta dar aos doentes crónicos?
exames que se repetem e alguns internamen-
A resposta a esta questão é fulcral para os
tos que se realizam por falta de acesso a
>>> Luís Campos, Sociedade
doentes e para os sistemas de saúde. Os
descompensação de uma
exames anteriores e muitos doentes que não
Portuguesa de Medicina Interna
objectivos principais das mudanças a operar
doença crónica, que sofrem
estão a fazer a medicação que estaria indicada.
são a melhoria de qualidade da assistência a
Foi para lançar a discussão sobre a resposta
estes doentes, através da implementação da
de três ou quatro outras
do Sistema de Saúde aos doentes com doen-
melhor evidência clínica, em termos de pro-
patologias igualmente
ças crónicas, e particularmente com multi-
cessos diagnósticos e terapêuticos, e a conten-
crónicas, má aderência à
patologias, que a Sociedade Portuguesa de
ção de custos. Nenhum sistema tem a solução
Medicina ln terna, a Associação Portuguesa
mágica, mas todos têm investido nesta pro-
terapêutica, múltiplas vindas
dos Médicos de Clínica Geral e a Associação
cura, particularmente nos últimos anos.
à Urgência, problemas
Portuguesa de Administradores Hospita-
Existe uma concordância generalizada na
lares, em parceria com o Laboratório She-
necessidade de uma mudança de paradigma
ring-Plough, organizaram o I Fórum Nacio-
na prestação de cuidados de saúde a estes
aceder aos registos
nal sobre o Doente Crónico, que decorreu
doentes. Mudança de cuidados centrados
anteriores ...
em Lisboa, no dia 11 de Dezembro.
em episódios agudos para cuidados a longo
Esta é, eu diria estranhamente, a primeira
prazo, do tratamento agudo para a preven-
iniciativa que reúne estas associações, e digo
ção, de cuidados fragmentados para a inte-
sta é ainda a realidade nos serviços
estranhamente, porque de facto somos par-
gração de cuidados, de um financiamento
de urgência em Portugal e carac-
ceiros naturais e, em relação a este tema,
por acto para um financiamento por capi-
teriza a natureza da resposta que o
interlocutores privilegiados. Além disso esta-
tação ou pelo menos misto .
nosso Sistema de Saúde dá aos doentes
mos convictos que a necessidade, a busca e
As propostas que têm surgido nos vários
co m doenças crónicas: episódica, .des-
o desenho desta resposta será um motor
países têm recomendações comuns como a
contínua, segmentada por órgãos ou siste-
importante para a mudança de paradigma
integração de cuidados, o traba lho em
mas, com uma hiper valorização das sub-
na prestação de cuidados em Portugal, em
equipes, a melhoria dos auto cuidados, a
-especialidades e dos actos que usam tec-
direcção a novos modelos integrados.
modificação de comportamentos de risco, a
sociais, impossibilidade de
E
diversificação dos contactos com os doentes e
nologia em desfavor das especialidades generalistas e de natureza cognitiva, pro-
Qual o impacte actual e futuro das
a necessidade de bons sistemas de informação
blemas de qualidade, problemas de segu-
doenças crónicas (DC}?
e da monitorização dos resultados, de forma
rança e desperdício de recursos.
Esta questão está imbricada na falta de uma
a que todos os programas sejam avaliáveis.
O resultado é que mais do que 7 0 % dos
definição universalmente aceite para doença
Apesar de todas estas questões já fazerem
grandes frequentadores das urgências (quatro
crónica. Segundo o Institute of Medicine é
os limites a partir dos quais se decide que as
Esta dificuldade e uma insuficiência de
pessoas com associação de doenças crónicas.
parte do léxico da prestação de cuidados,
ou mais admissões anuais) recorrem a estes
uma doença que dura pelo menos três meses
pessoas têm doenças são convenções estatís-
estudos determina a falta de consensuali-
Este número continuará a aumentar com o
elas conheceram uma nova conceptualização
serviços por descompensação de doenças cró-
e não é auto-limitada, no entanto, outras
ticas que têm evoluído. Assim, basta que as
dade para o número de doentes crónicos em
aumento da esperança de vida, a um ritmo
integradora com a introdução do termo
nicas. Cerca d e metade dos doentes com
definições são menos precisas, como a do
sociedades científicas internacionais deci-
Portugal. No entanto, tendo como refe-
superior a 1o/o ao ano. Em Portugal, apenas
disease management, pela Boston Consulting
doenças crónicas tem m á aderência às reco-
Center for Disease Control and Prevention
dam baixar os níveis da glicemia para consi-
rência estatísticas internacionais é razoável
cinco GDH de doenças crónicas represen-
Group no início dos anos 90, definido como
mendações médicas, apenas uma minoria
que define DC como doenças prolongadas,
derarem que uma pessoa é diabética para,
estimar que poderão existir em Portugal
tam cerca de 10% dos dias de internamen-
uma abordagem compreensiva e integrado-
destes doentes, quando está internado nos
que não resolvem espontaneamente e rara-
de um dia para o outro , acordarmos com
mais de 3.500 milhões. Dentro deste grupo
to e uma despesa de cerca de 152 milhões
ra dos cuidados e do seu financiamento,
hospitais, recebe conselhos para modificar
mente curam completamente. Por outro lado
mais uns milhões de diabéticos no mundo.
poderão haver mais de 1 milhão e meio de
de euros.
baseado na evolução natural das doenças.
•
fo rma sistemática desde os anos 20, altura
os Sistemas de Saúde. Um dos modelos
o reforço da participação da comunidade.
e m q u e fo i fundada pe lo Dr. Ernesto
mais i nteressantes, The Chronic Care
A OMS adaptou este modelo em 2002,
Roma a primeira associação m undial de
Model,
foi proposto, em 1998 p o r Ed
acrescentan do-lhe o nível polí tico como
d iabé ticos, a Associação Protectora dos
Wagner, nos EUA, e integra alguns dos
um dos pilares essenciais deste modelo de
Diabéticos de Portugal. A implementação
principais aspectos já referidos como carac-
cuidados.
do Programa Nacional de Controle da
terísticos destas propos-tas , tendo sido
Em Inglaterra também fo i desenvolvido,
D iabetes, particularmente a partir do lan-
considerado pelos autores não uma receita
em 2005, um modelo global de cuidados e
çam en to d a Estratégia de Saúde para o
mágica mas uma solução multi-dimensio-
o NHS lmprovement Plan (2004) imple-
virar d o Século, em 1998, através da me-
n al para um problema comp lexo . O
mentou uma solução integrada que intitulou
lho ria da ed ucação, dos registos, das polí-
impacte deste modelo tem sido ampla-
Communiry Marron Policy e que consis-
ticas sociais, da avaliação, da criação de
mente estudado com resultados clínicos,
t iu na selecção de um grupo alvo dos
cons ul tas de referência e outras medidas,
económicos e de satisfação muito positi-
doentes com mais de 65 anos, que tinham
co nseguiu red uzir drasticamen te os inter-
vos. Dos componentes do modelo têm
recorrido à urgência duas ou mais vezes no
nam entos p or com p licações da diabet es .
sido considerados particularmente rele-
último ano e que eram acompanhados no
O utro caso de sucesso é o da Asma, em
vantes, pelo n ível de impacte nos resulta-
domicílio po r enfermeiras diferenciadas
que o Program a N acional de Controle da
dos, o redesenho da prestação de cuidados
(Community Matrons). Este programa que
Asma, la n çad o em 1999 , centrado no
com destaque para o trabalho em equipe e,
representou um enorme investimen to não
desenvolvimento de competências e capa-
o carácter colaborativo das decisões, a me-
deu os resultados esperados, provavelmente
cidades nos doentes e família para controlar
lhoria dos auto-cuidados e a implementa-
por se ter focado especialmente nos aspecros
a d oença, di mi n uiu o inte rnamento por
ção de auxiliares de apo io à decisão .
sociais e menos nos cuidados de saúde.
asma, em 6 an os, em cerca de 30% e a mortalidade em cerca de 50% .
A necessidade de um modelo global O problema é que as D C aparecem cada vez »>Ana Escovai (APDH) e Inês Guerreiro (Alto Comissariado da Saúde)
mais em associação em cada doente e este
Health system Organisation of health care Delvery system design
Decision support
grupo representa cada vez mais uma maior A primeira geração de programas incidiu
bilidade da prática clínica, com agudiza-
insuficiência renal terminal n a Diabetes
fatia nos custos dos Sistemas de Saúde. Nos
sobre componentes isoladas da abordagem
ções p reven íveis, in d icad o res d e res ul ta-
(Value Healt h).
EUA os 20% dos doentes da Medicare com
das DC, geralmente externas aos cuidad os
dos objectivos e me n suráveis, com nor-
Em Po rtugal n ão exist em ainda progra-
associação de cinco ou mais DC são res-
médicos típicos, como sejam estratégias de
m as de orientação baseadas em evidência e
m as estruturados que tenh am implemen-
ponsáveis por cerca de 65 % das despesas.
melhoria da aderência aos tratamentos ou
pote ncialidade de redução de custos. Tipi-
tad o este modelo. No en tanto, e a provar
Em Inglaterra 5% dos doentes internados
melhoria da informação.
camente a Diabetes, a Depressão, a Ins u-
que as preocupações com a gestão da doen-
são responsáveis por 42% dos dias de inter-
A segunda geração de programas concen -
fici ência Cardíaca, a Asma e a D POC são
ça não nasceram com o d isease manage-
namenros hospitalar.
trou-se em popu lações grandes consumi-
doenças esco lhidas para estes programas.
ment, existem alguns exemplos de progra-
Assim rorna-se cada vez mais evidente que
doras de recursos que eram suj eitas a inter-
Existem já na literatura abundanres exem-
mas pioneiros, centrados em doenças, com
é m ui to d ifícil desenvolver em paralelo
venções isoladas de alto impacte.
plos do benefício destes programas: redução
implementação continuada de multi-inter-
m últiplos programas para doenças especí-
A terceira geração de programas, que carac-
de 80% dos internamentos na Insuficiência
venções e resultad os demons t rados. Um
ficas (40 no caso do Plano Nacional de
teriza a maior parte dos programas actuais,
Cardíaca (Heart Institute) , redução de 47%
desses programas é o da Diabetes, primei-
Saúde), mas necessitamos de um modelo
Este modelo tem vindo a ser modificado e
Em Portugal ainda não existe um modelo
desenvolveu já programas integrais de cui-
nas admissões na Urgência, na Asma (Vir-
ra do ença em que se res ponsabilizou o
integrado e unificado de resposta que alie
expandido. No Canadá, considerou-se que o
integrado que enquadre a prestação de -~ui
dado s para do e ntes, sofrendo d e uma
gínia), redução de 14% nos custos, na
doente p elos seus cu idados e em q ue a
uma abordagem holística do doente com
modelo era dificilmente aplicável às activi-
dados aos doentes crónicos mas parece-nos
doença crónica es pecífica. As patologias
DPOC (Dall as), m el horia de 20% na
importância da educação como arma tera-
soluções diversas e adequadas para cada
dades de prevenção e promoção da saúde
que temos boas condições para o desenvolver
alvo destes programas são geralmente de
adesão à medicação na D epressão West
pêutica é reconhecida desde o início dos
caso em concreto.
pelo que incluíram estes componentes, enfa-
e testar, porque temos um Sistema de Saúde
elevada prevalência, em que existe varia-
Point), redução de 50 % nas amputações e
anos 7 0. Em Portugal esta pratica-se de
Este é um grande desafio actual d e todos
tizando os determinantes sociais da saúde e
público, sob directa dependência do Estado,
Functional and clinical outcomes » > Figura 1 The Chronic Care Model, Bodenheimer T, JAMA 2002; 288: 1775- 177
31
PROPOSTA DE MODELO DE CUIDADOS PARA OS DOENTES CRÓNICOS EM PORTUGAL
POLfTICAS
Liderança
Enquadramento
Mobilização
DE SAÚDE
e apo10
legislativo
de parcerias
COMUNIDADE
Programas de voluntariado
doente com pluripatologia, uma apetên cia
Financiamento
Recursos
Programas
Humanos
de Prevenção
Ambiente de Apoio
Promoção da Saúde
Normas de Orientação
por áreas limiares do conhecimento médico,
Clínica
como sejam a qualidade, a comunicação, a
Serviços complementares
gestão de equipes, a gestão do comportamento, os sistemas de informação e outras e
ESTRUTURAS
Centros de saúde
Hospitais
Unidades de Cuidados
Unidades de Cuidados
Continuados
Paliativos
Centros de Reabilitação
Casa
vilegiando a história clínica e o exame físico.
-
Cuidados Ambulatórios
Cuidados
Cuidados
Hospitalares
Continuados
Cuidados Paliativos
Cuidados de Reabilitação
Cuidados Domiciliárias
- Selecção de populações-alvo - Trabalho em equipes: Medicina Geral e Familiar / Medicina Interna / Enfermeiro / Farmacêutico / Assistente Social I PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE
apoiarão fora do hospital os médicos de Medicina Geral e Familiar e outros profissionais, num trabalho em equipe, participarão na decisão dos cuidados mais adequados para cada doente, garantirão a continuidade de entre episódios e coordenarão a intervenção de De resto, o modelo proposto integra gran-
- Adquirem formação para auto-cuidados - Utilizam equipamentos de monitorização remota - Modificam comportamentos de risco
de parte das co mponen tes que apararecem noutros modelos, enfatizando a importância das condicionantes macro, como sejam
- Implementam cuidados de prevenção e vigilância - Aderem às terapêuticas Qualidade
cuidados com o hospital, dentro do hospital e outras especialidades.
- Procuram informação
RESULTADOS
lideres de programas e de equipes.
- Apoio à prevenção e auto-cuidados - Garantia de Continuidade de Cuidados
E DE ACORDO COM A EVIDÊNCIA
E FAMILIARES
outros profissionais e os outros especialistas,
- Abordagem Pró-activa
- Monitorização de Indicadores - CUIDADOS INTEGRADOS E ADEQUADOS A CADA DOENTE SEGUNDO DECISÕES COLABORATIVAS
PELOS DOENTES
os médicos da síntese, articulando com os
No modelo que pro po nho os internistas
- Uso de Auxiliares de decisão e Sistemas de Informação - Diversificação dos contactos com os doentes
DOS CUIDADOS
Os internistas são os especialistas do adulto,
Fisioterapeuta/ Nutricionista
- Gestão de Caso e de Doença
IMPLEMENTAÇÃO
têm uma forma eficiente de trabalhar, pri-
o nível político e a comunidade, d iferenSatisfação
Económicos
ciando as estruturas, os processos e os resultados, destacando a criação de programas pró-activos e de equipes como forma de
>>> Ministro da Saúde, António Correia de Campos
uma política de saúde preocupada com as
integração de cuidados, que necessitarão
questões dos idosos e porque temos em sin-
naturalmente novas alternativas de finan-
tonia as três principais associações que são
ciamento e inclui também a responsabili-
interlocutoras naturais nesta discussão.
zação dos doentes e famílias na implemen-
Além do mais, temos ainda em Portugal, a
tação dos cuidados.
nível hospitalar, uma forte representação de
Uma boa fo rma de começar era estimular e
uma especialidade generalista que é a Medi-
apoiar experiências piloto que incidissem
cina Interna, e que pode desempenhar um
sobre os grandes frequentadores das urgências.
papel fundamental neste modelo. Na reali-
A regra de Pareto d iz que 80 % d as conse-
dade, os internistas têm uma ampla expe-
quências resultam de apenas 20% das cau-
riência em emergência, nas enfermarias, em
sas. Encontrar estas causas e focar a atenção
crónicos, e particularmente dos que sofrem
empenhadas em colaborarem na busca des-
cuidados intensivos, nas consulcas e em hos-
sobre elas, ao invés de desperdiçar créditos
com pluripatologias, são o grande desafio
sas soluções. rm
pitais de dia, que os capacita para abordarem
e energias, disparando em todas as d irec-
para o Sistem a de Saúde. A Sociedade Por-
tanto o doente estável como em fase crítica,
ções, é uma prova de inteligência política,
tuguesa de Medicina Interna, a Associação
têm uma form ação em patologias de órgão
um serviço aos cidadãos e uma contribuição
Portuguesa dos M édicos de Clínica G eral e
ou sistema mas também sistémicas, capaci-
para a sustentab ilidade do sistema. A
a Associação Porruguesa d e Administ ra-
Hospita lar Lisboa Oci dental Presidente do 1 Fórum Nacion al sobre o
dade de abordagem do doente crónico e do
resposta a dar ao crescimento dos doentes
dores Hosp italares, estão di spon íveis e
Doente Crónico
>>> José Ma nuel Boavida, vice-presidente da Associaçã o Prote ct ora dos Diabéticos de Portugal
Luís Campos Director do Servi ço de Medici na IV do Centro
-
DIÁRIO DA REPÚBLICA A GH apresenta a legislação mais relevante entre 01 de Dezembro e 05 de janeiro.
Presidência do Conselho de Ministros Resolução do Conselho de Ministros n. 0 168/2006, de 18 de Dezembro Cria uma estrutura de missão para os cuidados continuados integrados
Altera as taxas do imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP) aplicáveis no continente às gasolinas e ao gasóleo rodoviário. Revoga a Portaria n. 0 75-A/2006, de 18 de Janeiro
Assembleia da República Ministério da Saúde Decreto-Lei n.0 235/2006, de 06 de Dezembro Estabelece o regime de instalação, abertura e funcionamento de farmácia de dispensa de medicamentos ao público nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e as condições da respectiva concessão por concurso público Decreto-Lei n.0 242-Al2006, de 29 de Dezembro Prorroga até 31 de Dezembro de 2007 a majoração de 20% estabelecida no n. 0 2 do artigo 6. 0 do Decreto-Lei n. 0 270/2002, de 2 de Dezembro, com a redacção que lhe foi introduzida pelo Decreto-Lei n. 0 127/2006, de 4 de Julho, para o preço de referência dos medicamentos adquiridos pelos utentes do regime especial
Lei n. 0 53/2006, de 07 de Dezembro Estabelece o regime comum de mobilidade entre serviços dos funcionários e agentes da Administração Pública visando o seu aproveitamento racional Lei n. 0 53-Al2006, de 29 de Dezembro Orçamento do Estado para 2007 Lei n. 0 53-D/2006, de 29 de Dezembro Altera a contribuição dos beneficiários dos subsistemas de saúde da Administração Pública
Tribunal Constitucional Decreto-Lei n.0 242-B/2006, de 29 de Dezembro, Estabelece o sistema de pagamento, às farmácias, da comparticipação do Estado no preço dos medicamentos Portaria n. 0 3-B/2007, de 02 de Janeiro Regula o procedimento de pagamento às farmácias da comparticipação do Estado no preço de venda ao público dos medicamentos
Ministérios das Financas e da Administracão Pública e da Saúde · , , Portaria n. 0 1/2007, de 02 de Janeiro Aprova o Regulamento de Gestão do Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do Serviço Nacional de Saúde
Ministérios da Economia e da Inovação e da Saúde Portaria n. 0 30-B/2007, de 05 de Janeiro Actualiza o regime de comparticipação do Estado no preço dos medicamentos
Acórdão n. 0 666/2006, de 04 de Janeiro Declara, com força obrigatória geral, a inconstitucionalidade do despacho do Ministro da Saúde n. 0 2837 /2004, de 8 de Janeiro [regula o acesso dos delegados de informação médica aos estabelecimentos e serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS), incluindo hospitais S. A. e extensões dos centros de saúde]
Região Autónoma dos Açores - Assembleia Legislativa Decreto Legislativo Regional n. 0 48/2006, de 07 de Dezembro Estabelece regras para o exercício de funções públicas na administração regional autónoma por aposentados Decreto Legislativo Regional n. 0 50/2006, de 12 de Dezembro Estabelece o regime jurídico da bolsa de emprego público da Região Autónoma dos Açores, designada por BEP - Açores Decreto Legislativo Regional n. 0 52/2006/A, de 20 de Dezembro Estabelece as medidas preventivas aplicáveis na zona de implantação do futuro C entro de Saúde de Santa Cruz da Graciosa
Ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
E~
Portaria n. 0 1420/2006, de 20 de Dezembro Cria o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem de sãüa e enta e, 1-i. UI tria na Escola Superior de Enfermagem de D . Ana G uedes é. aprb a respectivo plano de estudos
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Ministérios das i ~anças e da Administração Pública e da Economia e da Inovação Portaria n. 0 30-AJ2007, de 05 de Janeiro
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Decreto Legislativo Regional n. 0 58/2006/A, de 22 de Dezembro Estabelece as m edidas preventivas aplicáveis na zona de implantação do futuro C entro de Saúde da Madalena na ilha do Pico
Região Autónoma dos Açores - Presidência do Governo Decreto Regulamentar Regional n.0 36/2006/A, de 18 de Dezembro Estabelece incentivos remuneratórios ao trabalho extraordinário nos serviços de urgência das unidades de saúde
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