Gestão Hospitalar - Nº32_2007

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Manuel Sobrinho Simões deixa recado:

"Tenho muito orgulho no que foi possível fazer no SNS e teria muita pena se o destruíssemos''


E_ J_

Sopra um~ boa nova,

04 Editorial

Saúde e Economia é o tema de análise do presidente da APAH, Manuel Delgado, nesta edição da GH. Muitas vezes existe a noção errada de que "a ciência económica e as ciências da saúde, estão em terrenos opostos e que estas últimas só se desenvolvem quando se libertam das pressões económicas" refere o articulista, acrescentando que tal não se passa desta forma. Ecomo nestas coisas mais vale exemplificar, o presidente da APAH apresenta alguns casos concretos.

12 Entrevista

Há muito que a GH tencionava entrevistar Manuel Sobrinho Simões, investigador e responsável do IPATIMUP. Oresultado

é apresentado nesta edição. Sobrinho Simões.é, sem dúvida, uma personalidade muito especial, e a sua simplicidade é marcante. Nesta entrevista assume que é um homem do SNS, lança criticas à forma como ensino da Medicina continua a vigorar, deixa recados importantes para quem de direito e explica porque foi mandatário de Miguel Leão à corrida para a Ordem dos Médicos.

20 Análise

Um grupo de 24 cientistas reuniram-se, em França, na "lnternational Agency for Research on Câncer (IARC} para analisar a possibilidade de ocorrência de cancros em pessoas que trabalham por turnos, nos pintores e bombeiros. No estudo,

Aliámos a expenencia e solidez de um grupo internacional, líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial farmacêutico português.

que foi divulgado posteriormente pela revista especializada "lhe Lancet Oncology", os investigadores chegaram à conclusão que, nos três casos, as probabilidades de se vir a contrair cancro são grandes.

Escolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.

26 Eventos

O passado mês de Novembro foi muito movimentado para o professor Vasco Reis. Além do jantar de homenagem da APAH, durante o qual o ministro da Saúde, António Correia de Campos, lhe atribuiu a medalha de ouro do Ministério

Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos profissionais.

da Saúde, Vasco Reis lançou o seu livro "Gestão em Saúde: um espaço de diferença". Tanto no jantar como no lançamento da obra, o professor Vasco Reis provou o que já se sabia:

Acreditámos no seu apoio.

que é um homem que, ao longo dos anos, tem sabido

Em Portugal, com portugueses, para o mundo.

,,.

;

.

~ LABESFAL

preservar as amizades.

30 Destaque

Fresenius Kabi Caring

for

Life

ESCOLA NACIONAL OE A responsável da Novartis ncolog 'lffil.@ ~ ~~8.QlaJO.Ofopa, Susanne Shaffert, esteve e or uga e converc;ou com a GH. Esta responsável considera ue a única resposta das empresas à crescente preocupação do governos com o controlo de custos na área dos medicamentos mai esponsabilidade e empenho.

BIBLIOTECA

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Saúde e Economia A Manuel Delgado Presidente da APAH '

"Haverá sempre necessidade de estabelecer compromissos entre os custos de uma terapêutica e os benefícios que ela proporciona ou a eficácia com que se projecta na população que a ela acede"

Saúde e a Economia são duas áreas do conhecimento complementares e que, frequentemente, se cruzam. A Saúde proporciona bem-estar e qualidade de vida, a Economia permite o progresso das sociedades, o desenvolvimento científico e tecnológico, patamares mais elevados de bem-estar e de saúde. Saúde e Economia relacionam-se, assim, de forma directa e interpenetrável, em prol do desenvolvimento do Homem. É, todavia, interessante constatar que no âmbito específico e operativo dos Serviços de Saúde, a economia é, muitas vezes, uma disciplina mal-amada, incompreendida por uns e detestada e omitida por outros. Daqui resulta a ideia, errada, de que a ciência económica e as ciências da saúde, estão em terrenos opostos e que estas últimas só se desenvolvem quando se libertam das pressões económicas. Nada mais absurdo, irrazoável e ures-

ponsável. Absurdo porque no limite a falta: de recursos impediria os serviços de saúde de existir e de funcionar. Irrazoável, porque a Saúde, embora vital, não é o único sector que contribui para o bem-estar da humanidade, já que as necessidades e expectativas dos cidadãos, são hoje muito multifacetadas e todas as áreas necessitam de recursos que se tornam, assim, cada vez mais escassos. Irresponsável, porque, na Saúde como em tudo na vida, o funcionamento dos serviços deve impor regras de proficiência, racionalidade e parcimónia, numa palavra, de "accountability". O bom governo dos Sistemas de Saúde

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não pode, todavia, submeter à economia, as suas opções estratégicas e operacionais. Haverá sempre necessidade de estabelecer compromissos entre os custos de uma terapêutica e os benefícios que ela proporciona ou a eficácia com que se projecta na população que a ela acede. E é também com o uso de regras de economia, que se devem tomar opções entre diferentes programas ou intervenções em saúde, face às tecnologias envolvidas, prioridades sociais e custos expectáveis. De uma coisa temos a certeza: os recursos são finitos e a sua utilização deve maximizar o número de pessoas beneficiados e o "valor" que podemos dar a cada uma delas. É uma equação difícil, mas isso permite-nos perceber quão injusto e irresponsável é, concentrarmos numa técnica ou num procedimento um

volume incontrolado e desnecessário de recursos. Fomos recentemente confrontados com três situações em que os custos e, portanto, a Economia, tem importância para o sector da Saúde: o relatório sobre os deficits dos Hospitais; o programa de Saúde Oral para crianças e grávidas; e o anúncio da vacinação gratuita contra o cancro do colo do útero. No primeiro caso, censurando primeiro para obter explicações depois. No segundo e terceiro casos, aceitando com simpatia e aplauso as novas despesas que aí vêem. Aqui estão três excelentes exemplos onde valeria mais a pena perceber primeiro o seu impacte e fazer comentários de censura ou regozijo, depois. mD


Em 2006

Alentejo

Cada português tomou 2 embalagens de sedativos

Rastreio do cancro do colo do útero a 60% das mulheres M

e

ada português consumiu em média, no ano passado, duas embalagens de comprimidos sedativos, ansiolíticos ou hipnóti-

Os mesmos dados indicam que os portugueses consomem anualmente cerca de 20 milhões

cos, segundo dados da autoridade nacional do medicamento.

de embalagens deste tipo de comprimidos, o que dá uma média de duas embalagens por

Segundo os dados de 2006 do lnfarmed, os portugueses gastaram mais de 80 milhões

cada português. Em 2006, 2005 e 2004, o consumo de ansiolíti-

de euros neste tipo de medicamentos, uma quantia superior ao custo total do novo está-

cos, sedativos e hipnóticos ultrapassou sempre as 20 milhões de embalagens em cada ano. rm

ais de metade das 110 mil mulheres do Alentejo entre os 30 e os 65 anos deverão ser submetidas, nos próximos três anos, ao rastreio do cancro do colo do útero, que arrancou recentemente na região. A iniciativa é promovida pela Ad.m inistração Regional de Saúde do Alentejo e a meta é conseguir rastrear, pelo menos, "60 por cento" das 11 O mil mulheres da região com idades

dio de Alvalade.

Congresso

Jornadas

Endocrinologias reunidos em Lisboa

Porto debate Cascais abriga Medicina de Urgência congresso do AVC

E

N

nrre os dias 24 e 27 de Janeiro de 2008, a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo organiza, em Lisboa, o IX Congresso Português de Endocrinologia. Os congressistas vão discutir questões como o síndrome de Cushing, as incretinas no tratamento da diabetes tipo 2, o ovário poliquístico, o diagnóstico molecular das doenças endócrinas, o tratamento das dislipidemias, a genética e factores ambientais nas doenças da tiróide, os sistemas intensivos no tratam.~nto e monitorização da diabetes ou as glicemias pré e pós prandiais no controlo da diabetes. mo

Em Janeiro

os próximos dias 16 a 18 de Janeiro, o Serviço de Urgência do Hospital de S. João, EPE, organiza as suas las Jornadas Internacionais de Medicina de Urgência. Em debate vão estar temas como a ventilação não invasiva, as Vias Verdes de AVC, trauma, coronária e Sépsis, os modelos de

A

organização dos serviços de urgência, o seu interface com o hospital, os sistemas de informação (SAM, SAPE e ALERT e o Sistema de Prescrição e Gestão Electrónica), o transportes de doentes, os sistemas de triagem, os ensaios clínicos. mo

de mudança para o século XXI no tratamento do AVC, a hipertensão arterial e o

Sociedade Portuguesa do Acidente

Vascular Cerebral organiza o seu 2° congresso nacional sobre o AVC nos próximos dias 24 a 26 de Janeiro de 2008, em Cascais.

Os acidentes isquem1cos transitórios, a epidemiologia dos AITs, as perspectivas

AVC, o diagnóstico imagiológico e tratamento endovascular e o tratamento da espasticidade serão alguns dos temas em análise. rm

Cuidados Continuados

Alentejo recebe primeiras 12 viaturas

A

Administração Regional de Saúde do Alentejo entregou as primeiras 12 viaturas automóveis para as equipas de Cuidados Continuados Integrados da região sedeadas noutros tantos centros de Saúde. Os veículos comportaram um investimento de 173 mil euros, segundo a ARS Alentejo, e vão servir para a deslocação das equipas de apoio domiciliário e dos técnicos das equipas de coordenação

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local criadas no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e que se encontram sedeados em 11 centros de Saúde. Beja, Ferreira do Alentejo, Odemira, Mértola, Serpa, Estremoz, Évora, Reguengos de Monsaraz, Arraiolos, Campo Maior, Nisa e Ponte de Sor são as unidades abrangidas, embora os técnicos tenham como área de actuação todo o Alentejo. rm

compreendidas entre os 30 e os 65 anos. O programa, que vai prolongar-se nos próximos três anos, nos distritos de Évora, Beja e Portalegre, envolve os 44 centros de Saúde e as Unidades de Saúde Familiar (USF) da

região. O serviço de Anatomia Patológica do Hospital Espírito Santo (Évora) e as consultas de Patologia Cervical dos serviços de Ginecologia dos Hospitais de Beja, Évora e Portalegre são as restantes valências participantes. A diminuição da mortalidade e da morbilidade (doentes) do cancro do colo do útero é o grande objectivo deste rastreio que pretende ainda, além da detecção precoce, aumentar a sobrevivência das mulheres diagnosticadas com essa neoplasia. Em Portugal, surgem 900 casos anuais de cancro do colo do útero, que mata cerca de 300 mulheres portuguesas por ano. mo

Relatório

Radiações abaixo do máximo U m relatório do Instituto de Telecomunicações, divulgado recentemente

Esta medição foi feita no âmbito do Projecto monIT, com o objectivo de quantificar os

revela que os níveis de radiação electromagnética nos hospitais portugueses estão abaixo dos limites máximos e os únicos dois casos em que os valores foram superiores dizem respeito a áreas administrativas ou corredores.

níveis de exposição à radiação electromagnética e identificar eventuais interferências por exemplo de telemóveis nos equipamentos hospitalares. O valor mais elevado estava cerca de 18 vezes abaixo do limite de exposição humana, mas a grande maioria dos pontos (81 por cento) estava mais de mil vezes abaixo do limite. As medições foram feitas entre Junho de 2006 e Abril deste ano, no Hospital Infante D. Pedro (Aveiro), Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra, Hospital Universitário de Coimbra, Maternidade Alfredo da Costa (Lisboa), Hospital Central Especializado de Crianças Maria Pia (Porto), Hospital de São João (Porto), Hospital Dr. Manoel Constâncio (Abrantes), Hospital Rainha Santa Isabel (Torres Novas), Hospital Nossa Senhora da Graça (Tomar) e Hospital do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém). lBD

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Investigação

Eurobarómetro

Gene pode reduzir risco de cancro

Cidadãos europeus de boa saúde

D

A

e acordo com um estudo publicado na Re"."ista "Oncogene", os investigadores da University College de Londres, no Reino Unido, descobriram a variante de um gene que pode reduzir o risco de desenvolvimento de certos tipos de cancro. Uma equipa do Instituto da Saúde Infantil daquela Universidade estudou 419 doentes e descobriu que os portadores de uma varian-

Segundo o estudo, cerca de 40 por cento dos italianos possuem essa variante, assim como cerca de 50 por cento dos indivíduos com ascendência africana, contra apenas 1O por cento dos norte-americanos de raça ariana. Segundo os investigadores, a presença do gene no organismo pode ser detectada através de uma simples análise ao sangue. A descoberta precoce desse gene pode incen-

te particular do gene estavam protegidos de certos tipos de cancro, como a leucem ia ou o

tivar as pessoas que não o possuem a alterar o seu estilo de vida, de forma a prevenir, o mais

cancro do cólon.

possível, o desenvolvimento da doença.

Com Banco Mundial

Em Munique

Merck Sharp & Dohme na luta contra a cegueira dos rios A

MSD inaugura nova

Merck Sharp & Dohme (MSD) e o Banco Mundial anunciaram uma iniciativa con-

milhões de dólares vai juntar-se a uma verba inicial de 20 milhões, já angariada pelo Banco

junta de doação de 50 milhões de dólares para ajudar a eliminar a Cegueira dos Rios, a prin-

A MSD reuniu cerca de 25 milhões de dólares, metade do valor necessário para o apoio à er-

Mundial em conjunto com outros parceiros internacionais. O objectivo é conseguir um total de 70 milhões de dólares necessários para o apoio do programa até 2015. A Cegueira dos Rios (oncocercose) é uma doença devastadora disseminada pelas moscas pretas que se encontram nas margens dos rios.

radicação deste problema de saúde pública que põe em risco a saúde e qualidade de vida de.mais

Esta doença foi amplamente eliminada em 10 de 11 países na África Oriental, em 1974,

de 100 milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente, na África subsaariana. Esta doença causa comichão, doenças desfigurativas da pele e lesões oculares que levam, normalmente, à cegueira permanente. O Banco Mundial vai trabalhar em conjun-

através de um programa de dispersão aérea desenvolvido pelo Banco Mundial e Organização Mundial de Saúde (OMS). A MSD juntou-se à luta pela erradicação da doença em 1987 através da doação do medicamento Mectizan (ivermectina), o único medica-

to com a MSD para angariar os restantes 25 milhões de dólares. Este novo fundo de 50

mento, bem tolerado, capaz de travar a evolução da doença para sempre. mo

cipal causa de cegueira em 28 países africanos. Esta doação assinala os 20 anos de colaboração da MSD na luta contra a doença.

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mo

sede internacional

A

maioria dos cidadãos da União Europeia (EU) consideram que estão de boa saúde. Mas nem todos os números são animadores.

ou problema de saúde, um número 24% maior

Cerca de três em cada 1Ohabitantes da UE tem uma doença crónica e em Portugal 9 por cento considera ter um "mau estado de saúde". Vinte e quatro por cento da maioria dos europeus consideram estar "muito bem" de s'aúde e quase metade (49%) afirma estar "bem". Os números pertencem ao Eurobarómetro sobre "Saúde na

nos países mediterrânicos do que nos nórdicos. Na Dinamarca, por exemplo, o número caiu 7

União Europeià', recentemente divulgado, e referem-se a mais de 28 mil inquiridos em todos os 25 estados-membros, 2 países que aguardam adesão (Bulgária e Roménia) e Croácia. Em relação a 2005, data do último relatório, o panorama da saúde na UE parece não se ter alterado significativamente. Ainda assim, cerca de 29% diz ser portador de uma doença crónica

(15%) e depressão (10%). Em Portugal, 66% dos entrevistados considera-

do que o registado em 2005 e que não teve um crescimento uniforme, sendo mais expressivo

pontos percentuais. Dos problemas continuados de saúde, a hipertensão parece ser a que exige mais atenção dos europeus (36%), seguida dos problemas musculares, ossos e articulações (24%), diabetes

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-se "bem" de saúde, 25% tem uma resposta neutra e 9% identifica-se como tendo um "mau estado de saúde". Estes resultados colocam o nosso país quase no final da tabela, liderada pelos irlandeses (89% "bem de saúde"), dinamarqueses e holandeses (82%). Em

Merck Sharp & Dohme (MSD) mudou

recentemente a sua sede para a região EMEAC (Europa, Médio Oriente, África e

Canadá) dos Estados Unidos para a cidade europeia de Munique. Esta sede irá disponibilizar, no final do ano, 40 postos de trabalho qualificado, rendo esta cidade alemã sido escolhida pelo seu ambiente empresarial atractivo, custo de construção, rede de transportes e qualidade do sistema educacional. Com esta mudança a companhia prepara o futuro e reforça a sua presença na região e na Alemanha onde estão as suas raízes, afirma Stefan Oschmann, presidente da EMEAC: ''Ao deslocarmos a sede da EMEAC dos Estados Unidos para Munique, estamos a implementar uma nova fase da estratégia corporativa designada Plan to Win". A nova sede da região é responsável por

135 países com 1,9 mil milhões de pessoas que usam 11 Oidiomas diferentes. A presença reforçada na região dá à MSD os meios necessários para compreender e participar no debate sobre a acessibilidade, a inovação e a disponibilidade dos medicamentos em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Estes foram também os três tópicos de uma conferência que assinalou a inauguração da sede. Dm

Tuberculose

Doença de Alzheimer

Decifrado genoma de estirpe resistente

Medicamento para o cancro pode ajudar

U

m grupo de cientistas norte-americanos e sul-africanos decifraram, pela primei-

ra vez, o mapa genético da estirpe de tuberculose resistente à maoiria dos antibióticos. A revelação partiu do Instituto Broad do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT),

U

m medicamento para o cancro - Bryostatin - melhora a formação de novas conexões em ratinhos durante os processos de

Z ulu, em Natal. A tuberculose é uma das doenças infecciosas mais mortais e calcula-se que quase

armazenamento de m emória. A descoberta foi realizada por c1enosras do Blancherte Rockefeller Neurosciences Instirure (BRNI) , sendo que este medicamento poderá aumentar a capacidade de memória nos humanos e reparar e restaurar a memória perdida devido à doença de Alzheimer, AVC's

2.000 milhões de pessoas sejam portadoras da bactéria. mo

ou traumas. Num artigo publicado n a revista "Proce-

tendo os cientistas afirmado que a estirpe da Mycobacterium tuberculosis está ligada a um surto da doença que causou a morte a mais de 50 pessoas na província sul-africana de Kwa-

edings of the National Academy of Sciences'', o director científico do BRNI descreve como o medicamento estimula a produção de conexões entre os n eurónios da m esma forma que o armazen amento da m emória o faz. Em

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2008

Ano Novo sem fumo Dia 1 d~ janeiro entra em vigor em Portugal a nova lei do tabaco, com restrições mais apertadas para os fumadores e medidas de prevenção tabágica

no interior do estabelecimento comercial, de

pode ler-se no site da Direcção Geral da Saúde. Nos espaços comerciais as novas regras impõem

forma a serem visualizadas pelo responsável do

que os proprietários optem definitivamente: ou sem fumo ou com fumo. Além das limitações

estabelecimento; o alargamento do elenco de locais onde passa a ser proibido fumar, como

ao consumo de tabaco em locais fechados e cobertos, a nova lei proíbe a publicidade ao ta-

sejam os serviços da administração pública, os estabelecimentos de ensino, de saúde e outros.

provado no início de Março, em

baco, a utilização de advertências de saúde nas embalagens, o apoio na cessação tabágica e a

A nova lei que promete um ano de 2008 com muito menos fumo e acerta finalmente o passo

Conselho de Ministro, o novo diplo-

informação e educação para a saúde, em parti-

no sentido da execução da Convenção Quadro

ma assenta na necessidade de defen-

cular das crianças e dos jovens.

da Organização Mundial da Saúde (OMS)

der os cidadãos da exposição ao fumo em locais

No conjunto das mudanças introduzidas,

para o Controlo do Tabaco, assinada pelo go-

fechados e assim evitar os prejuízos impostos aos chamados fumadores passivos.

destaca-se a proibição de venda de produtos do tabaco a menores de 18 anos; a proibição

verno português em Janeiro de 2004. Compromisso: "Reforçar as políticas e medidas de

A nova lei entra em vigor a 1 de Janeiro de 2008 e estabelece "normas tendentes à prevenção do

da venda de produtos do tabaco em máquinas de venda automática que não estejam munidas

protecção das gerações presentes e futuras dos efeitos devastadores não só em termos de saú-

tabagismo, de modo a contribuir para a dimi-

de, mas também em termos sociais, ambientais

nuição dos riscos ou efeitos negativos que o uso

de um dispositivo electrónico ou outro sistema bloqueador que impeça o seu acesso a meno-

e económicos, causados pelo consumo e pela

do tabaco acarreta para a saúde dos indivíduos",

res de 18 anos ou que não estejam localizadas

exposição ao fumo do tabaco". rm

A

A lei diz que é proibido fumar

IO

demais estabelecimentos similares;

ais e nos estabelecimentos comerciais de venda

g) Nos estabelecimentos de ensino, indepen-

ao público;

a) Nos locais onde estejam instalados órgãos de

dentemente da idade dos alunos e do grau de escolaridade, incluindo, nomeadamente,

p) Nos estabelecimentos hoteleiros e outros empreendimentos turísticos onde sejam prestados

soberania, serviços e organismos da Administra-

salas de aula, de escudo, de professores e de

serviços de alojamento;

ção Pública e pessoas colectivas públicas;

reuniões, bibliotecas, ginásios, átrios e corre-

q) Nos estabelecimentos de restauração ou de

b) Nos locais de trabalho;

dores, bares, restaurantes, cantinas, refeitórios

bebidas, incluindo os que possuam salas ou es-

e) Nos locais de atendimento direcro ao p)lblico;

e espaços de recreio;

paços destinados a dança;

d) Nos estabelecimentos onde sejam prestados

h) Nos cenuos de formação profissional;

r) Nas cantinas, nos refeitórios e nos bares de

cuidados de saúde, nomeadamente hospitais,

i) Nos museus, colecções visitáveis e locais onde

entidades públicas e privadas destinados exclusi-

clínicas, centros e casas de saúde, consultórios

se guardem bens culturais classificados, nos cen-

vamente ao respectivo pessoal;

médicos, postos de socorros e outros similares,

tros culturais, nos arquivos e nas bibliotecas, nas

s) Nas áreas de serviço e postos de abastecimento

laboratórios, farmácias e locais onde se dis-

salas de conferência, de leitura e de exposição;

de combustíveis;

pensem medicamentos não sujeitos a receita

j) Nas salas e recintos de espectáculos e noutros

t) Nos aeroportos, nas estações ferroviárias, nas

médica;

locais destinados à difusão das artes e do espec-

estações rodoviárias de passageiros e nas gares

e) Nos lares e outras instituições que acolham

táculo, incluindo as antecârnaras, acessos e áreas

marítimas e fluviais;

pessoas idosas ou com deficiência ou inca-

contíguas;

u) Nas instalações do metropolitano afectas ao

pacidade;

l) Nos recintos de diversão e recintos destinados

público, designadamente nas estações terminais

f) Nos locais destinados a menores de 18 anos, nomeadamente infantários, creches e outros estabelecimentos de assistência infantil, lares de inf'ancia e juventude, centros de ocupação de tempos livres, colónias e campos de férias e

a espectáculos de natureza não artística;

ou intermédias, em todos os seus acessos e esta-

m)

belecimentos ou instalações contíguas;

Nas zonas fechadas das instalações

desportivas;

v) Nos parques de estacionamento cobertos;

n) Nos recinros das feiras e exposições;

x) Nos elevadores, ascensores e similares;

o) Nos conjuntos e grandes superficies comerei-

z) Nas cabinas telefónicas fechadas;

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Manuel Sobrinho Simões à GH:

"Na saúde temos melhores resu ltados do que em qualquer outro sector da Administração Pública" Manuel Sobrinho Simões é, sem dúvida, uma referência e um dos nomes mais consensuais em Portugal. É o cientista. É o invest igador. Éo homem que nos relembra que, em Portugal, também é possível ir mais

longe na área da Medicina e da Investigação.À frente do IPATIMUP, Sobrinho Simões tem conseguido unir a sua equipa e fazer a diferença na investigação do cancro. Na entrevista à GH, est a personalidade nacional fala na necessidade de se investir na Educação para a Saúde; analisa os "disparates científico-pedagógicos" no ensino da Medicina, e ainda o peso (ou egoísmo) das corporações ligadas ao sector. Uma entrevista para ler com muita atenção e para reflectir neste final de ano. Gestão Hosp itala r - O IPATIMUP é hoje um centro de referência internacional no que diz respeito a investigação do cancro. Considera que é um caso isolado, no panorama nacional, ou sente que noutros Locais do país há ind ícios positivos de mudança neste domín io? Quais os que gostaria de salientar, em caso afirmativo? Sobrinho Simões - Para além do IPATIMU P, existem, em Portugal, sobret udo nos C entros do IPO do Porto, Coimbra e Lisboa, vários grupos de investigação em cancro de nível internacio nal. Gestã o Hospitala r - Qua l o papel que o Estado deve assum ir na Investigação cientifica básica e qual o papel que deve ser reservado para a Indústria Farmacêutica? SS - O Estado deve assegurar uma fracção su bstan cial das verbas necessárias para a investigação cien tífica básica (Se não fo r o Estado a fazê- lo, não sei quem será) e garan tir que a distribuição dessas verbas é fe ita de acord o co m critérios de avaliação >>> Embora o médico do futuro tenha que ser

méd ico-cientista ele terá sobretudo que ser uma pessoa capaz de comunicar com os doentes e os seus familiares

internacionalm ente aceites. D a ind ústria farmacêutica espera-se o estabelecimen to de parcerias nos domínios da investigação científica aplicada e da in ovação. O q ue é crucial, seja qual for o ripo d e investigação, é m an ter a exigência de q ualidade e a competitividade em term os internacio nais.

Gestão Hosp italar - Considera que a aposta pa ra m e lhorar a saúde dos po rtugueses passa po r da r mais importância à Educação para a Saú de? De que maneira cons idera que tal aposta devia ser feita ? SS - Não renho quaisquer dúvidas quanto à importân cia insubstituível da educação, tanto para a saúde, com o para tudo na vida. N ão vejo alternativa ao reforço da eficiên cia da escola (pré-primária, primária, secundária, . .. ) já q ue a educação para a saúde é basicamente a mesma d a educação para a profissão, ciência, cultura, cidad ania. Já agora u m desejo: era também bom poder co ntar, neste movimento pro-educação, com o exemplo dos pais, professo res, médicos, políticos. Gestão Hospitalar - O pa pe l do doen t e, na gestão da sua do e nça, está a muda r. Acha q ue o s portugueses estão pre pa rados pa ra aceitar est e pa pe l, m a is inter-

ventivo, re lati va me nte à s ua doe nça ? Po rquê? SS - Os portugueses não vão ser diferentes dos out ros povos no que diz respeito à necessidade de se adaptarem ao novo paradigma da relação médico-doente. Estou convencid o q ue já estão, aliás, a ser mais sujeitos-da-acção do que no passado, embora persistam na sociedade portuguesa alguns estigmas civilizacionais descoroçoantes (Apesar de já termos, quase todos, telemóvel, não conseguimos utilizar de forma inteligente a In ternet; e contin uamos a ser frequentemente incapazes de explicar de uma forma escorreita "quando adoecemos" ou "onde nos dói"). Gestão Hosp ita la r - Fa le mos de ca ncro. Em q ue pata ma r se e ncontra a investi gação inte rna ciona l pa ra co m bat e r est e proble m a q ue , segundo estudos interna cion a is, vai continua r a fazer parte das preocu pações das gera ções futura s ? Esta mos pert o de e ncont ra r a cura? SS - Graças, sobretudo, ao aumento da longevidade das populações o número de casos de cancro tem aumentado e vai continuar a aumentar. Apesar deste aumento, a mortalidade por cancro tem vindo a diminuir na maior parte dos países da União Europeia e da América do Norte desde o

13


. .ri)Jt Entrevista

··•

"Já

ninguém, ou quase ninguém, acha que o cancro é um castigo divrno, muitos doentes falam abertamente da "sua" doença, e os meios de comunicação social usam cada vez menos a expressao "doença prolongada"

fim da década de noventa. Estes resultados

doentes falam abertamente da "sua" doen-

traduzem diagnósticos cada vez mais precoces e tratamentos cada vez mais eficazes

ça, e os meios de comunicação social usam cada vez menos a expressão "doença prolongada". Entretanto e apesar de estar a ser mais interiorizada a noção de que o cancro é uma doença crónica, controlável em muitos casos, o medo de ter ou poder vir a ter um cancro continua a assustar imenso as pessoas, seja qual for o seu nível sócio-cultural. Não vai ser fácil mudar as coisas

para muitos tipos de cancro. Mesmo que não seja possível curar todos os cancros - e não vai ser - vamos continuar a descobrir formas de controlar cada vez melhor um maior número de doenças oncológicas.

Gestão Hospitalar - Há estigma social relativamente ao doente com cancro? Em que domínios se sente mais? SS - A evolução neste aspecro tem sido boa e penso que a maioria dos doentes com cancro já não é estigmatizada socialmente. Já ninguém, ou quase ninguém, acha que o cancro é um castigo divino, muitos

neste aspecto.

Gestão Hospitalar - Há quem diga que, em Portugal, há falta de oncologistas para tratar o número de doentes vítimas de cancro. O que se pode fazer para combater esta situação? SS - Não sei se há falta, absoluta, ou relativa, de oncologistas em Portugal. Seja qual for a situação, vale a pena enfatizar as vantagens em articular as politicas de formação desses especialistas com uma fortíssima aposta a montante: educação no sentido da prevenção primária, institucionalização do rastreio dos cancros e lesões pré-cancerosas rastreáveis, e ênfase no diagnóstico precoce.

Gestão Hospitalar - Os profissionais de Saúde portugueses, em geral, estão preparados para lidar com os doentes de cancro ou precisavam de uma formação contínua mais direccionada para o problema? SS - Responder em meia dúzia de linhas não é fácil. Sobressimplificando, penso que seria vantajoso reforçar a formação em oncologia no currículo da licenciatura em medicina e na pós-produção e educação contínua dos especialistas em clínica geral e familiar. Por estranho que pareça, a minimização dos problemas da maioria dos doentes com cancro passa mais por aqueles especialistas e pelos internistas do que pelos oncologistas.

Gestão · Hospitalar - O Professor tem sido muito crítico relativamente ao en sino da Medicina em Portugal. O que devia ser alterado? Porquê?


perpectuar-se e a ser contrária ao que devia ser? SS - É verdade que o peso específico (e o egoísmo) das corporações tem tornado a governação muito difícil entre nós. O problema não é mais grave na saúde do que na justiça, educação, transportes, energia ... Pelo contrário. Na saúde temos, em Portugal, melhores resultados do que em qualquer outro sector da· administração pública. O desafio passa em conseguir canalizar de forma socialmente positiva as motivações e a energia das corporações que se movem no universo da saúde. Não sei se tal será possível mas tenho a certeza de que é fundamental assentar numa série de princípios: a) Prestigiar as profissões e os profissionais. Com o novo-riquismo da

SS - Temos, antes de mais, de não ç_? ntinuar a aumentar o número de ·alunos, pois já ultrapassámos largamente a capacidade máxima das estruturas existentes. Depois, precisamos de mudar o currículo no sentido de tornar a aprendizagem da clínica tão precoce quanto possível, em articulação com a aprendizagem das ciências básicas, e de reduzir a fragmentação disciplinar. Finalmente, precisamos de mudar a forma como avaliamos os resultados do ensino. Entre outros disparates científico-pedagógicos temos de acabar com os inúmeros exames unidisciplinares e com a recompensa à memorização automática e à retórica, em detrimento da avaliação do "compreender" e do "saber fazer".

"Da indústria farmacêutica espera-se o estabelecimento de parcerias nos domínios da investigação científica aplicada e da inovação" Gestão Hospitalar - Costuma dizer-se que se não houver vontade política, as outras vontades - individuais ou mesmo de grupo - acabem por ter efeitos menores, ou por não ter qualquer efeito.

Europa dos negócios e dos lucros gerados pelas "oportunidades" financeiras, temos vindo a dar cabo das profissões no nosso Pais e assim não vamos a lado nenhum. (Aviso à navegação: é preciso perceber que se queremos ter bons profissionais, sejam médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos, ou outros , precisamos de lhes pagar bastante mais do que lhes pagamos actualmente); b) Melhorar, muito, o planeamento estratégico com clarificação de "quem é que manda" e de quais são os instrumentos disponíveis; c) Institucionalizar a avaliação externa e independente das organizações, dos resultados e das pessoas, com recompensa ao mérito e prestação de comas. Estou convencido que se as corporações forem integradas num sistema com estas

Pela sua experiência, quando olha para a Saúde em Portugal pensa que tem havido falta de vontade política no que diz respeito a acessibilidade e a qualidade de serviços prestados ao cidadão? SS - Penso que vontade politica há. O que não tem havido é planeamento estratégico, organização e força suficientes para corrigir algumas das assimetrias do nosso Sistema Nacional de Saúde.

Gestão Hospitalar - Muitas vezes a Saúde parece desenvolver-se ao sabor das vontades das diferentes corporações Médicos; Farmacêuticos; Enfermeiros, etc. - é uma reacção natural ou, em Portugal, este estado de coisas tende a

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características e, sobretudo, se sen urem que o Poder reconhece o valor insubsticuível das profissões e dos profissionais, será

SS - O Dr. Miguel Leão convidou-me para mandatário nacional, apresentou-me o seu programa e as listas de mandatários

possível melhorar a governação na saúde (e no resto).

e membros para os diferentes órgãos e comissões, discutiu comigo os assuntos em que discordávamos {em alguns continuamos a discordar) e eu tive muito gosto em aceitar o convite.

Gestão Hospitalar - O Serviço Nacional de Saúde (SNS) , universal e tendencialmente g ratuito, tende a acabar ou, em sua opinião, apesa r das reformas em curso vai sofrer apenas ajustes a uma realidade nova, marcadamente ma is global e mais economicista? SS - Pelo q ue ficou d ito atrás percebe-se que tenho muito orgulho no que foi possível fazer no âmbito do nosso Serviço Nacional de Saúde e que teria portanto muita pena se o destruíssemos. Agora que precisamos de o adaptar aos novos paradigmas da organização da saúde, do desenvolvimento das ciências biomédicas, da relação médico-doente, da empresarialização, isso precisamos.

Gestão Hospitalar - O sector privado está a crescer e m Portugal. Que análise faz a este crescimento? Ineficiê ncia do SNS? Mais capaci da de dos privados ? SS - O sector privado está a crescer em Portugal e ainda bem. O sistema no seu todo beneficiará imenso da competição, pela positiva, encre diferentes tipos de agentes. Será preciso, no entanto, assegurar a independência mútua dos dois sectores, isco é, garancir que não há promiscuidade e, muito menos, parasitismo. É também preciso que o Estado não se sinta desobrigado, pelo facto de ha.v er áreas bem cobertas pelo sector privado, de assegurar a prestação de cuid ados de saúde aos segmentos mais desfavorecidos da população {Temos, infelizmente, cada vez mais pessoas pobres ou muito pobres e cada vez mais velhinhos e seria inaceitável que o Estado não lhes desse a protecção a que têm direito).

Gestão Hospitalar - O Professor Manuel Sobrinho Simões foi mandat ário do Dr. Miguel Leão, a bastonário da Ordem dos Médicos. Muitos colegas seus terão ficado surpreendidos. O que o levou a tomar esta atit ude?

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"O Estado deve assegurar uma fracção substancial das verbas , . necessanas para a investigação científica básica" Gestão Hospitalar - Que a nálise faz à form a como decorreu a campan ha e leitoral pa ra a OM? SS - Correu como correram as anteriores campanhas sempre que houve mais do que uma lista. Isto é, falou-se muito (e nem sempre bem) de pessoas e de tricas pessoais e praticamente não se discutiram os programas. Foi pena, mas não foi pior que o debate do Orçamento na Assembleia da República.

Gestão Hospitalar - O médico do fut uro tem algum a co isa ve r com o Dr. House qu e ve mos na televisão? SS - Penso que não. Embora o médico do futuro renha que ser um médico-cientista (a medicina deixou de ser só uma profissão e uma arte, para ser também uma ciên cia), ele terá sobretudo que ser uma pessoa capaz de comunicar com os doentes e os seus familiares. O compromisso entre a quantidade assustadora de informação científica e as boas práticas fará com que o (bom) médico do futuro tenha de privilegiar muito mais a relação pessoal com o doente d o que apostar em ser um Sherlock Holmes a la Dr. House. rm >>> Precisamos de mudar a forma como avaliamos

os resultados do ensino


Estudo

Trabalho por turnos pode cau.sar cancro com os trabalhadores que não fazem horános nocturnos e por turnos. O mesmo ligeiro aumento na inc~dência do cancro da mama também foi notado entre as hospedeiras do ar, que sofrem alterações do ritmo circadiano devido ao facto de frequentemente cruzarem vários fusos horários. Outros estudos analisados por este grupo de cientistas incluem testes em cobaias para analisar o efeito das perturbações do ritmo circadiano no desenvolvimenro dos cancros . Estes investigaram, por exemplo, o efeito da luz constante, de luz fraca à noite, 'jet lag' crónico simulado e d etectaram um aumento na incidência dos tumores. A conclusão do grupo de trabalho, citado pelo "The Lancet Oncology", é que o trabalho por turnos que envolva a interrupção do ritmo circadiano é provavelmenc~ cancerígeno para os seres humanos .

Pintores O mesmo grupo de trabalho debruçou-se ainda sobre as condições de trabalho dos pintores. Estes profissionais estão expostos a muitos quím icos usados como pigmentos, aditivos, solventes, misturadores, além de que podem estar expostos a o utros matena1s perigosos como o amianto ou a sílica cristalina. Os estudos realizados sobre os pintares de.

.

monstraram aumentos consistentes e significativos do cancro do pulmão quando comparados com a população em geral. No

U

m grupo de 24 cientistas de 10 países reuniram-se, em Outubro, em França, na "International Agency for Research on Câncer (IARC) para analisar a possibilidade de ocorrência de cancros em pessoas que trabalham por turnos, nos pintores e bombeiros. No estudo, que foi divulgado pelo "The Lancet Oncology", os investigadores chegaram à con-

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clusão que, nos três casos, as probabilidades de se vir a contrair cancro são grandes. Cerca de 15 a 20% da população trabalhadora nos Estados Unidos e na Europa exercem a sua actividade por turnos que envolvem horários nocturnos, sobretudo em secrores como a saúde, indústria, mineração, transportes, comunicações e turismo e lazer. De todas as diferentes formas de tra-

Seis dos oiros estudos epidemio lógicos de várias zonas geográficas, que incluem dados sobre o trabalho dos enfermeiros, por turnos e com horários nocturnos, notaram um pequeno aumento no risco de contrair

entanto, estes estudos não tiveram em conta os dados relativos aos fumadores. Mas, na análise feita pelo grupo de trabalho a todos. os estudos relacionados, verificou-se um aumento do risco em cerca de 20%. Também foi notado um aumento na mortalidade devido a mesoteliomas, além de um crescimento de 20 a 25% na incidência do cancro da bexiga. Ainda no grupo profissional dos p intares, os estudos, apesar de serem poucos consis-

cancro da mama. Isro quando comparados

tentes no caso dos cancros linfáticos e siste-

balho por turno as que são mais prejudiciais ao ritmo circadiano são as que envolvem horários nocturnos.

ma hematopoiético, quatro dos cinco casos de controlo ap resentaram resultados significativos na in cidência da leucemia infantil associada à exposição materna às tintas . Muitos dos estudos citogenéticos em pintores demonstraram também níveis elevados de danos genéticos como aberrações cromossomáticas, formações de m icronúcleos e quebras nas cadeias de ADN . Para o grupo de trabalho reunido em França, é suficiente a evidência nos humanos de

aumenta da incidência dos cancros entre os bombeiros relativamente à população em geral, é difícil encontrar padrões consistentes devid o ao largo espectro das exposições. No entanto, o grupo de trabalho acrualizou uma meta-análise do cancro entre os bombeiros, revela o "Lancet Oncology'', tendo sido contabilizados três tipos de cancro com riscos elevados: o cancro dos testículos, o cancro da próstata e o linfoma não-Hodgkin. Para as interm itentes, mas intensas, expo-

que a exposição às tintas por parte dos pintores profissionais causa cancro do pulmão e da bexiga. Considera, portanto, que a exposição é cancerígena para os humanos.

sições a misturas variadas e complexas, a med ição dos dados po r anos de trabalho ou saídas em serviço podem ser limitativas. Por isso , refere o grupo de trabalho , os estudos epidemiológicos são lim itados

Bombeiros

neste campo. No entanro, acrescentam, as graves e crónicas

Um ou tro grupo profissional analisado foi o dos bom beiros que estão expostos a muitos produtos tóxicos resultantes de combustão, incluindo alguns cujos efeitos cancerígenos são já amplamen te conhecidos. Estas exposições intermitentes podem ser intensas, apesar de breves, expondo os bombeiros a prod uros como a benzina, benzopi reno, butadieno e formaldeído. Apesar de alguns estudos demonstrarem o

inflamações respiratórias que são observáveis nos bombeiros podem ser causas plausíveis para a carcinogenese respiratória. Os cientistas apontam ainda os poucos e inconclusivos estudos que possam aferir os é'eitos genotóxicos do trabalho como bombeiro. Por tudo is ro, o grupo de trabalho considera que a ocupação de bombeiro é possivelmente cancerígena para os seres humanos. am

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A partir da pele humana

Em cinco anos

Cientistas conseguem criar células estaminais

Vacina contra a hipertensão

D

U

m grupo de cientistas do Hospital Universitário do Cantão de

ois grupo~ de cientistas'. japoneses e americanos, anunciaram ter

A descoberta permite avanços no trata-

conseguido transformar células simples da pele humana em células-estami-

e Parkinson, diabetes, artitre, lesões da

um estudo recentemente sobre uma nova

espinal-medula, doenças cardíacas, entre omras. E, sobretudo, aparentemente, afas-

substância - CYT006-AngQb - que poderá vir a ser comercializada, em cinco anos,

ta as questões éticas relacionadas com as

como uma vacina contra a hipertensão. A substância acrua sobre a angiotensina T, impe-

nais, que dão origem a todas as células do ser humano. A descoberta é fundamental para o que é referido como medicina regenerativa. Estas células têm a capacidade de · evoluir e regenerar tecidos ou órgãos.

mento de cancros, doença de Alzheimer

células estaminais. Até agora, os cientistas apenas conseguiam estas células-mãe através de embriões humanos. mo

Vaud, na Suíça, apre;sentaram

dindo que esta se transforme no tipo II, a hormona que é responsável pela subida da tensão. Os autores desenharam um fármaco a partir de partículas em forma de vírus, ainda

Inovação

Nova técnica cirúrgica para a sinusite

U

ma equipa de especialistas nacionais implementou uma técnica

importada

dos

Estados

Unidos que permite uma nova abordagem cirúrgica à sinusite crónica e aguda recorrente. É menos agressiva, demora menos tempo, tem menos riscos de complicações no pós-operatório e permite uma recuperação mais rápida do doente. A equipa, liderada Vítor Correia da Silva e Arnaldo Matos, do Hospital da Lap~, no

que sem a sua capacidade infecciosa, destinados a provocar uma resposta do organismo contra a hormona hipertensora. mo

1 Depressão potencia osteoporose Na menopausa

s mulheres que sofram de depressão são mais atreitas a sofrer de osteopo-

secção da anca, quando apenas 2% das mulheres sem depressão sofrem desta mesma condição.

tuto de Saúde Mental, explicam esta situação com o facto das mulheres com depressão te-

rose quando chegarem à menopausa. O estudo foi publicado na revista "Archives of

Menos massa óssea na coluna lombar foi detectada em 20% das mulheres que sofrem de de-

rem sistemas imunitários muito activos. Os seus corpos produzem um químico - conhe-

Internai Medicine" e revela que 17% das mulhe-

pressão e apenas em 9% das que não sofrem. Os investigadores, do norte-americano lnsti-

cido como IL-6 - que leva à perda de massa óssea e a inflamações. mo

A

res com depressão têm menos massa óssea numa

Porto, implementou uma nova técnica que permite optimizar o recurso à endoscopia, com a utilização de cateteres com balões para dilatação dos orifícios sinusais que originam a drenagem e ventilação das cavidades. O doente pode ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte à operação. Até o tempo necessário para a cirurgia será menor, refere, conseguindo-se que a tradicional operação de cerca de uma hora e meia seja reduzida para pouco mais de meia hora. Segundo os dados fornecidos pela empresa que comercializa a tecnologia, os custos dependem do tipo de abordagem e doente, mas - em ambiente privado - deverão ultrapassar os dois mil euros. mo

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Aos seis meses

Bebés conseguem julgar os outros

U

ma equipa de investigadores norte-americanos revelou na re-

A descoberta partiu de um estudo do departamento de psicologia da Universidade

vista Nature que o ser humano

de Yale e os investigadores che~aram à con-

consegue julgar se o carácter dos outros é bom ou mau desde os seis meses de vida,

clusão que os bebés com meio ano de vida

altura em que começa a preferir quem age

já são capazes de julgar se os outros foram bons ou maus, mesmo que o acontecimen-

co rrectamen te.

to não os afecte directamente. l'ilD

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Especialistas debatem

Sida nos PALOP e nas Comunidades Imigrantes Especialistas da saúde reuniram-se no CCB no final de Novembro para debaterem a temática da "Sida nos PALOP e nas Comunidades Imigrantes"

e

onhecida como a doença do século, a Sida atinge . milhares de pessoas em todo o mundo, mas de uma forma mais devastadora no continente africano. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Moçambique vivem 200 mil crianças infectadas com o vírus e, em 2006, morreram cerca de 18 mil. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) o governo angolano pretende tratar 25 mil infectados, em 2008, através do Plano Nacional da Luta Contra a Sida. Para Maria de Belém Roseira, presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, a Sida "é uma tragédia social e económica" acrescentando ainda que este flagelo "provoca na sociedade os mesmos efeitos que o vírus VIH/ Sida provoca no corpo". Além da participação da ex-ministra da saúde, o debate contou ainda com a intervenção de Joana Bettencourt, psicóloga e membro da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida. Esta profissional da saúde lembrou a todos os presentes que a Sida "é um problema de todos nós". "A epidemia continua a alastrar", frisou também Fernando Maltez, director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral. "A esperança média de vida na África e países sub-saarianos é de 47 anos, 40 anos a menos do que na Europa", salientou. Por seu turno, o profissional Fernando Ventura, especialista de Doenças Infecciosas do Hospital Egas Moniz e ex-presidente da Comissão Nacional de Luta contra a Sida, defendeu que o proble-

ma está relacionado com a desigualdade e com o desenvolvimento. "Existe uma directa correlação entre a educação, o desenvolvimento e a Sida''. De acordo com o antigo responsável pela lura contra a Sida, é possível tratar as pessoas com 140 euros por ano se houver um envolvimento político. O debate contou ainda com as intervenções de Amílcar Soares, presidente da Associação Po-

sitivo e portador do vírus há 21 anos e de António Carlos, presidente da Associação Jovens Promotores da Amadora Saudável (AJPAS). Antecipando o debate foi apresentado um documentário com o mesmo título que serviu como base para a discussão, e que foi apresentado na RTP no Dia Mundial contra a Sida. cm Texto: Susana Mendes


Merecida homenagem a Vasco Reis

Me a a

e ouro

Vasco Reis foi homenageado pelos colegas e amigos, e recebeu das mãos de Correia de Campos a medalha de ouro do Ministério da Saúde.

P

rofessor, investigador e gestor, Vasco Reis é uma referência para

a administração hospitalar em Portugal. A sua carretra, conhecimento, experiência e personalidade marcaram várias gerações e contribuíram para a consolidação da disciplina de gestão em Saúde. Numa iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), mais de uma centena e meia de amigos, colegas e alunos reuniram-se para prestar

homenagem a Vasco Reis e assistir à condecoração do Professor, distinguido com a medalha de ouro do Ministério da Saúde, entregue pelo ministro, colega e amigo António Correia de Campos. A iniciativa teve lugar em Novembro, em Lisboa. Feliz com a homenagem, Vasco Reis, assumiu-se ainda assim "um enrre muitos". Manuel Delgado, Maria de Belém Roseira, Pedro Nunes, Constantino Sakellarides, Maria Augusta de Sousa e Teresa Sustelo foram alguns dos nomes que marcaram presença. O jantar de homenagem acabou por se revelar um encontro de amigos, denotando a admiração e o carinho que Vasco Reis conquistou ao longo dos mais de trinta anos de carreira, em grande parte dedicados ao ensino e à investigação na Escola Nacional de Saúde Pública. lilD

O livro que faltava Gestão em Saúde: um espaço de diferença O livro "Gestão em Saúde: um espaço de diferença" do professor Vasco Reis foi

tividade. "Estamos mais ncos com esta obra",

apresentado oficialmente ao público no passado dia 15 de Novembro, no Hotel Holiday-Inn Continental, em Lisboa.

afirmou José Caldeira da Silva, autor do prefácio, salientando que "quem poderá tirar mais proveitos são os alunos escudantes de gestão hospitalar". Também Constantino Sakellarides, director da ENSP, partilhou da mesma opinião: "É um livro

É um livro editado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa e co-editado pela Sche-ring-Plough. De acordo com o professor a ideia de publicar um livro sobre gestão em saúde já era antiga. "A acumulação de estudos sobre o tema e a receptividade que documentos como por exemplo textos de apoio aos alunos levaram-me a retomar a ideia que, "nas horas vagas'', fui planeando e desenvolvendo", explicou. "Quando escrevi o livro pensei, principalmente, nos meus alunos e naqueles que estudam a gestão em saúde como futura actividade principal" frisou o professor acrescentando ainda que pensou também "naqueles que trabalhando em saúde e sobretudo na áreas de cuidados, só podem beneficiar se tiverem apoios que lhes permitam aprofundar aspectos do contexto em que vão exercer a sua ac-

Vasco p· into dos R .

eis

útil que fazia falta a professores e alunos". Vasco Reis exerceu actividade docente na ENSP desde 1978 na área da administração hospitalar, das políticas de saúde e da gestão de organizações de saúde, onde desempenhou vários cargos e funções académicas, tendo sido sucessivamente director do curso de Administração Hospitalar e do curso de Mestrado em Gestão da Saúde.do livro A primeira edição

o

conta com 1200 exemplares sendo que parte deles foi oferecida pelo professor à ENSP Texto: Susana Mendes

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Desnutrição

Protocolo

Só 30% dos hospitais têm nutricionista

Cheques-dentista para grávidas e idosos

E

m Portugal, apenas 27 dos 87 hospitais públicos contam com

nutricionistas no seu quadro de pessoal. A denúncia partiu da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN), que refere o atraso de Portugal na adopção de uma resolução da União Europeia, darada de 2003, que tem por objectivo combater a desnutrição hospitalar. A directiva europeia descreve pormenorizadamente as medidas a implementar para o controlo deste problema de saúde pública. Por seu turno, a APN c;hama a atenção para o facto da situação portuguesa ser grave, uma vez que 8 a 15% dos doentes hospitalares se encontram desnutridos e 38 a 47

por cento estão em risco de desnutrição. De acordo com a presidente da APN, Alexandra Bento, o distrito do Porto é o que conta com mais técnicos especializados em

O

nutrição - 19 em cinco hospitais. Já no distrito de Lisboa, apenas duas das 19 unidades hospitalares têm um nutricionista cada. De acordo com aquela dirigente, "em Portugal o uso de ferramentas de rastreio e de avaliação de alterações relacionadas com o estado nurricional é parco e inconsistente, assim como o aconselhamento e o suporte nutricional". Os doentes desnutridos, quando hospitalizados, permanecem mais tempo in remados e são afectados por mais complicações clínicas. l!ID

Oito hospitais colhem órgãos em vida

S

ão oito os hospitais portugueses autorizados a fazer a colheita em vida de

órgãos para transplantes: Garcia de Orca (Almada), Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Hospital de Santa Maria (Lisboa), Hospital de Santo António e de São João (no Porto), Hospitais da Universidade de Coimbra, Curry Cabral e Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa (Lisboa). Esta colheita fica dependente de um parecer vinculativo e escrito da Entidade de Verificação da Admissibilidade da Colheita para Transplante (EVA), a criar nos oito hospitais. A nova lei, que abre o leque de possibilidades de doação a quem queira, prevê a existência de dadores em vida apenas quando não estiver disponível qualquer órgão e tecido adequado de um dador já morto. O despacho do ministro da Saúde já foi assinado e espera publicação no Diário da República. l!ID

centros de saúde.

protocolo com a Ordem dos Médicos Dentistas que permiti-

No que respeita às crianças entre os sete e os 12 anos, existe actualmente um progra-

rá às grávidas e aos idosos receber cheques-

ma que abrange 60 mil crianças e que o Governo vai estender a outras 20 mil. O programa é constituído por três fases: educação para a saúde oral (onde se ensinam, entre outras coisas, técnicas de escovagem dos dentes), prevenção de cáries e intervençáo médico-dentária. Esta última fase prevê duas consultas em médicos den-

-dentista, com valores entre os 80 e os 120 euros. Cada cheque, que poderá ser utilizado em clínicas privadas, terá um valor de 40 euros, e as grávidas, desde que sejam acompanhadas nos centros de saúde, receberão três cheques. Já os idosos e desde que estej am abrangidos pelo complemento solidário receberão dois cheques por ano. No âmbito desta iniciativa, o Executivo estima que sejam cerca de 90 mil idosos os abrangidos pela medida e contabilizam

VIH

Transplantes

Ministério da Saúde assinou um

Portugal é o 4° com mais casos novos

P

ortugal é o quarto país da Europa Ocidental que diagnosticou mais casos novos de infecções por VIH em 2006. Os

dados foram revelados pelo relatório anual do Programa das Nações Unidas sobre a doença. No topo da lista surge o Reino Unido, com 8.925 novas infecções de VIH detectadas no ano passado. Aliás, o Reino Unido mantém-se como um dos países da Europa Central e Ocidental onde o VIH/sida tem mais prevalência, tendo os novos casos da doença duplicado de 2001 para 2006. Na Europa Ocidental, França é o país que se segue ao Reino Unido, com 5.750 novos casos diagnosticados em 2006. Depois surge a Alemanha com 2.718 casos e Portugal com 2.162 novas infecções por VIH. Em todos os outros países da Europa Ocidental o número de novos diagnósticos é menor e as novas infecções apenas excedem as mil na Holanda.

em 65 mil as grávidas acompanhadas em

tistas, pelas quais o Estado paga 75 euros. No entanto, para a Ordem dos Médicos Dentistas, este programa fica aquém das necessidades da população, defendendo que aquele deveria ser alargado a 400 e 500 mil crianças. 1!1D

Relatório

Contas de 2006 do SNS sem rigor

U

m relatório do Tribunal de Contas

maioria - 84% - a fornecedores.

(TC), entregue recentemente na · As discrepâncias registam-se também no caso Assembleia da República, critica as dos hospitais EPE. Para o Tribunal estes concontas do Serviço Nacional de saúde (SNS) traíram, em 2006, 1.047 milhões de euros de dos anos de 2005 e 2006. O documento afir- dívidas, mas o Governo regista apenas 846 ma que a informação económico-financeira milhões. consolidada do SNS, quer de 2005 quer de O ministro da Saúde, Correia de Campos, não quis comentar o relatório, mas afirmou 2006, "continua a não dar uma imagem verdadeira e apropriada da situação financeira" do SNS, nem "dos resultados do conjunto das entidades" que o integram. Um dos reparos feitos pelo TC é que algumas das melhorias registadas, como por exemplo, a diminuiçáo do défice financeiro global do serviço, resultam de mudanças no tratamento dos dados. O Tribunal afirma também que apurou 2.214 milhões de euros de dívidas, em Dezembro de 2006, quando os resultados apresentados pelo Governo indicam dívidas de apenas 1.989 milhões de euros. Dívidas que são na sua larga

estar "oprimisra" face aos "progressos" na gestão financeira das entidades do sector. Sobre as contas de 2005, Correia de Campos afirmou "ter razões" para "estar satisfeito", acrescentando estar "oprimista" quanro à "capacidade de gestão" nas entidades do Ministério da Saúde. Questionado sobre a falta ou os atrasos na en crega de informação consolidada por parte das entidades do sector, Correia de Campos admitiu que "isso existe" mas sublinhou "os progressos" conseguidos nesse campo. l!ID


Susanne Shaffert, responsável europeia da Novartis Oncology:

"Portugal continua empenhado em trazer medicamentos inovadores no mercado"

A

responsável da

Novartis

Onco-

mercado, nomeadamente, na área oncológica.

esta é uma situação que, em maior ou m enor

logy para a NCE Região Europa, Susanne Shaffert, considera que a única resposta das empresas à crescente preocupação dos governos com o controlo de custos na área dos m edicamentos é mais responsabilidade e empenho. Susanne Shaffert, que esteve recentemente em Portugal, disse à GH que a preocupação com os custos dos medicamentos nos orçamentos da

Uma polémica que saltou com mais acuidade para as páginas da imprensa, especializada e generalista, depois do "European Congress Conference of Oncology", realizado recentemente em Barcelona, em que o NICE - National Institute for Health and Clinical Excelence (que, no Reino Unido, decide que medicamentos são introduzidos no serviço nacional de saúde) foi amplamente criticado e

grau, se verifica noutros países europeus. Para a responsável da NCE Região Europa da Novartis, esta é uma questão que tem de ser encarada de frente. "Temos de admitir que, na Europa, existe uma política de controlo de custos". É por isso, defende, que a "empresa tem de partilhar a responsabilidade com o país, o governo e as autoridades de saúde". "Olhamos para a Europa e cada mercado tem

saúde é comum aos 27 países europeus que integram a NCE Região Europa da Novartis Oncology, e que não pode deixar de ser encarada também à luz da mais recente polémica em torno da introdução de medicamentos inovadores no

apontado como um mau exemplo na contenção de custos. O NICE, sublinharam alguns oncologistas europeus, em nove anos de actuação, e com duas mil propostas de medicam entos apresentadas, somente aprovou 35. E

problemas em termos de controlo de custos", afirmou, acrescentando que a responsabilidade tem de ser vista pelos dois primas. Susanne Shaffert compreende que "as autoridades estejam receosas dos altos custos" e que

peçam "empenho e responsabilidade", mas "se as empresas fo rem razoáveis, partilharem as responsabilidades, acho q ue irá funcionar". N a opinião de Susanne Shaffert, "a.Europa e Portugal contin uam empenhados em trazer m edicam entos inovadores no mercado". As autoridades q uerem dados, provas e mais avaliações. E, em Portugal, "a Novartis cedo tentou forn ecer dados económicos, avaliados em conJunto com os centros, que mostram quais os benefícios dos medicamentos e o que custam", d isse. "Estou m ui to orgulhosa, acho q ue somos muito éticos nas decisões. Há m uitas moléculas e medicamentos que decidimos não continuar. Isto porque escutamos o que nos dizem o mercad o e as autoridades, para perceber as suas necessidades", frisou.

Portugal é um país chave Aliás, Portugal é, nas palavras de Susanne Shaffert um país chave para a N ovartis Oncology, uma vez q ue tem cond ições únicas para a realização de ensaios clínicos e avaliações económicas de m ed icam entos. A elevada qualidade dos nossos investigadores e cen tros de d iagnóstico e tratamento do cancro é outro d os pon tos fortes do nosso país. "O mercado português está m uito avan çado no campo d a oncologia", afirmou à G H Susan ne Shaffert. Os centros portugueses de investigação e tratamento "estão num nível científico muito alto, na forma como fazem o tratamento, como fazem o d iagn óstico, têm renome internacional em termos de padrões de cuidados". "Portugal é mesmo um dos países chave neste segmento da Oncologià', disse a responsável da Região Europa desta multinacional. É que o facto dos doentes serem seguidos desde o diagnóstico ao tratamento e 'follow-up', por um grupo de médicos num único centro, é uma mais valia do nosso país para a Novartis O ncology.

É uma característica do mercad o português que não se verifica em outros países e que per-

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mire à empresa a realização de ensaios clínicos, testes e avaliações económicas de medicamentos com maior fiabilidade. "Nos outros mercados, os doentes são diagnosticados no hospital e depois deixam a unidade hosp italar

e é muito difícil seguir os resultados do tratamento'', sublinha Susanne Shaffert. A Novartis O ncology tem, actualmente, diversos testes de avaliação de medicamentos a decorrer em Portugal e está a desenvolver

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específico de medicamentos e tratamentos. Por isso, escolhemos tratamentos onde sabemos exactamente como surge a causa do cancro, como é o caso da leucemia mielóide crónica. Sabemos exactamente como a leucemia se desenvolve e desenvolvemos um medicamento que actua sobre ela" A responsável da Novartis Oncology disse ainda que a empresa procura "definir primeiro qual é o paciente certo para o medicamento. Se tivermos o doente certo, teremos uma taxa muito alta de resposta, cerca de 95% dos doentes respondem e obtém benefícios". Esta não é uma decisão fácil, sublinhou, uma vez que o grupo de doentes é muito pequeno e específico. Em algumas patologias podem ser apenas umas centenas em cada país. "Mas para estes pacientes é muito importante que uma empresa se emp enhe. E se percebermos porque o cancro se desenvolve, podemos criar medicamen-

Viver. Não apenas sobreviver, mas viver.

tos espec1'fi1cos " , acrescentou. Susanne Shaffert dá como exemplo desta preocupação da Novartis Oncology o campo da leucemia. "Temos no mercado um

Com vontade de sorrir, amar e acreditar no futuro. A vida não acaba

m edicamento chamado Imatimib que é dirigido a um grupo específico de doentes que sofrem de leucemia mielóide crónica

outros p rojeccos de avaliação de m edicamentos no tratamento dos cancros da mam a, do

Cancros raros

O s tumores raros são a área privilegiad a d e estômago, próstata e leucemia. E as pa~ actuação d a N ovartis Oncology que, como rias abrangem os centros de diagnósuro-e explico u Susanne Sh affert, tomou muito ced o a decisão sobre a que gé nero d e m editratamento de Lisboa, Porto e Coimbra que, cam entos iria dedicar m aiores esfo rços. E é com o reafirmou a dirige nte da N CE Região isto que m arca a especificidade d esta em Europa, "são muito especializados e com um p resa: "d ecidimos d edicar-nos a um grupo alto nível de qualidade".

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e já vem aí uma nova geração deste fár" maco. E recorda, novamente, a responsab ilidade da multinacional: "Quando pensamos na leucemia e nos 95% de doentes que estão mais ou menos curados, em que 90% sobrevivem cinco a seis anos, sabemos que h á um ben efício e como empresa temos a responsabilidade de decidir o que vamos m esmo desenvolver". "O progresso na investigação do cancro é muito e há uma crescente procura por m edicamentos efi cazes, mas também por qualidade de vida" . N ão h á ainda uma cura p ara o can cro, m as "estamos mais perto do que estávamos, por exemplo , há 10 anos

num diagnóstico e por isso, na Novartis Oncology, dedicamos todos os nossos conhecimentos e recursos ao desenvolvimento de terapêuticas inovadoras, seguras e eficazes que aumentam e melhoram a vida de quem merece uma atenção especial.

atrás" , afirmou Susanne Sh affert. "No conjunto, acho que fizemos um grande progresso. A cura é ainda um sonho m as que já não está muito discante", frisou a respon sável d a N ovartis Oncology. DID

NOVARTIS www.novartisoncology.com

ONCOLOGY


A Pfizer dedica toda a sua pesq~i~a à saúde. Dos que ainda não nasceram ate as pessoas de idade mais avançada. Sabemos que cada idade pode ter problemas específicos mas que a todas as idades é comum o dese10 de uma vida longa, saudável e plen~. P~r is~º·. estamos da investigaçao b1omed1ca, na vang Uarda · d prevenindo e tratando cada vez mais oenças. Muitos sucessos foram já alcançados, ~as muitos outros necessitam da nossa ded1caça~ e esforço. Para que as doenças faça~ parte o ssado e não do nosso futuro. Este e o nosso ~~mpromisso consigo; juntos faremos o futuro.

DIÁRIO DA REPÚBLICA A GH apresenta a mais relevante legislação publicada em Diário da República entre os dias 9 de Outubro e 17 de Dezembro. Presidência do Conselho de Ministros Resolução do Conselho de Ministros n. 0 176/2007, de 29 de Novembro Renova os mandarns dos vogais do conselho directivo da Entidade Reguladora da Saúde

Ministério da Saúde Decreto-Lei n. 0 332/2007, de 09 de Outubro Altera o Decreto-Lei n. 0 121/2002, de 3 de Maio, transpondo para a ordem jurídica interna as Directivas n. 0 s 2006/50/CE, da Comissão, de 29 de Maio, que altera os anexos iv-A e iv-B da Directiva n. 0 98/8/CE, do Parlamenco Europeu e do Conselho, de 16 de Fevereiro, e 2006/140/CE, da Comissão, de 20 de Dezembro, que altera a Directiva n. 0 98/8/CE, do Parlamento Europeu e d~ Conselho, de 16 de Fevereiro, com o objectivo de incluir a substância activa fluoreto de sulfurilo no seu anexo Portaria n. 0 1336/2007, de 10 de Outubro Aprova o modelo de cartão de identificação profissional e livre- trânsito para uso do pessoal dirigente e da carreira de inspecção superior da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde Portaria n. 0 1368/2007, de 18 de Outubro Aprova a carteira básica de serviços e os princípios da carteira adicional de serviços das unidades de saúde familiar (USF) Portaria n. 0 1373/2007, de 19 de Outubro Cria o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa Despacho n.º 2453912007, na série, de 25 de Outubro Determina o regime especial de comparticipação para os medicamentos destinados ao tratamenrn de doentes com artrite reumatóide, espondilite anquilosance, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas Portaria n. 0 1418/2007, de 30 de Outubro Aprova o Regulamento dos Programas de Apoio Financeiro a Atribuir pelo Alto Comissariado da Saúde (ACS) Portaria n. 0 1427/2007, de 02 de Novembro Regula as condições e os requisitos da dispensa de medicamentos ao domicílio e através da Internet Portaria n. 1428/2007, de 02 de Novembro Define a forma de cumprimento das obrigações legalmente previstas de comunicação entre as farmácias e o INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. (INFARMED, I. P. ) 0

ESCOLA~A&tiQtl-J.à'1-431iá 07' de 02 de Novembro SAÚQ:1ixf~iment s de licenciamento e de atribuição de alvará a novas farmácias e às que re ltam de transformação de posrns farmacêuticos permanentes, bem co m da transferência da localização das farmácias

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LIOTECA

Despacho n. 0 25832/2007, na Série, de 13 de Novembro Cria a Co missão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório com o objectivo de estudar e propor uma estratégia, e as correspondentes medidas, para o desenvolvimento da CA no Serviço Nacional de Saúde Despacho n.º 2695112007,

na Série, de 26 de Novembro

Criação e constituição da Entidade de Verificação da Admissibilidade da Co lheita para Transplante

Portaria n. 0 1580/2007, de 12 de Dezembro Cria o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra Portaria n. 0 1584/2007, de 13 de Dezembro Aprova o Regulamento para o Financiamento de Projectos e Acções no Âmbito do Programa Nacional de Prevenção e Co ntrolo da Infecção VIH/ Sida - Programa ADIS Despacho n. 0 27330/2007, na Série, de 3 de Dezembro Redução de preços na área convencionada de Patologia Clínica Despacho n. 0 27504/2007, na Série, de 7 de Dezembro Cria o Conselho Nacional para a Infecção VIH/Sida, o qual é o instrumento de coordenação e acompanh amento das políticas públicas de prevenção e controlo da infecção VIH desenvolvidas sectorialmente Despacho n.º 27717/2007, na Série, de 10 de Dezembro C riação da Comissão de Coordenação do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Di abetes e definição da sua composição

Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Portaria n. 0 1297/2007, de 01 de Outubro Adita dois estabelecimentos de ensino à Portaria n. 0 1100/2007, de 6 de Setembro, que aprova as vagas para a candidatura à matrícula e inscrição no ano lectivo de 2007-2008 nos cursos de complemento de formação em Enfermagem nos estabelecimentos de ensino superior público Portaria n. 0 1453/2007, de 12 de Novembro Cria o curso de pós-licenciatura de especialização em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria na Escola Superio r de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria e aprova o respectivo plano de estudos Despacho n. 0 26970-D/2007, na Série, de 26 de Novembro Autoriza o funcionamento do ciclo de estudos conducente ao grau de mestre na especialidade de Neuropsicologia C línica no Instituto Superior de Ciências da Saúde - Norte

Região Autónoma dos Açores - Assembleia Legislativa Decreto Legislativo Regional n. 0 25/2007/A, de 7 de Dezembro Cria um novo regime de concessão de bolsa de estudo para frequência do internato médico

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