Ano LXI | Dezembro 2015 | Assinatura Anual Nacional 7,00€ | Estrangeiro 9,50€
Taiwan CHINA INSISTE NA REUNIFICAÇÃO DESTAQUE
Projeto pioneiro ajuda a proteger Amazónia
Objetivo é reduzir a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera
ATUALIDADE
Crianças da Tanzânia querem ir à escola
Comunidade pede ajuda para construir pré-primária na aldeia de Mkindu
TESTEMUNHO DE CONSAGRADO
"Senti-me interpelada pela palavra do Senhor"
Maria da Luz Henriques chegou a pensar que não tinha qualidades para ser religiosa
Apoie a formação de novos missionários Com uma BOLSA DE ESTUDOS em seu nome ou em nome de quem desejar. Por 250€, valor que poderá ser repartido em prestações, se assim o desejar
BENEFÍCIOS DA BOLSA
Fica inscrito no livro dos benfeitores dos Missionários da Consolata Participa na ação apostólica dos missionários Beneficia de uma missa diária celebrada por todos os benfeitores
CONTACTOS Rua Francisco Marto, 52 – Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800–048 LISBOA Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt NIB: 0033.0000.45441863347.05
Um abraço entre a fé e a vida
SUMÁRIO
Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº 11 Ano LXI – DEZEMBRO 2015 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt
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PERGUNTAS E RESPOSTAS “ QUINZE SOBRE A CIMEIRA CHINA TAIWAN
“
FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 23.600 exemplares Diretor Darci Vilarinho Diretor Executivo Francisco Pedro Redação Darci Vilarinho, Francisco Pedro, Juliana Batista Colaboração Albino Brás, Álvaro Pacheco, Ângela e Rui, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Elísio Assunção, Leonídio Ferreira, Patrick Silva, Teresa Carvalho Diamantino Antunes (Moçambique) Tobias Oliveira (Roma) Fotografia Arquivo, Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção Capa e Contracapa Lusa Ilustração David Oliveira Design BAR Administração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00 € Estrangeiro 9,50€; Apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€; Avulso 0,90€ Pagamento da Assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) NIB 0033 0000 00101759888 05 transferência bancária internacional IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)
04 | EDITORIAL Gestos de misericórdia
11 | PERFIL SOLIDÁRIO Disponível para integrar
05 | PONTO DE VISTA Natal é um dia como outro qualquer
12 | A MISSÃO HOJE Perdão é “ato de limpeza pessoal”
06 | HORIZONTES Renascer no abraço
13 | FÁTIMA INFORMA Peregrinos inspiram nova exposição
07 | DESTAQUE Fundo internacional investe na proteção da Amazónia
14 | ATUALIDADE Crianças da Tanzânia querem ir à escola
08 | MUNDO MISSIONÁRIO • Aung Suu Kyi vence
16 | DOSSIER • Quinze perguntas e respostas sobre a cimeira China-Taiwan •“Deus escreve direito por linhas tortas”
militares
• México: Migrantes agredidos morrem num campo de sangue • Bangladesh: Luta contra os efeitos das mudanças climáticas • Peru: Binómio mulher e indígena estigma na América do Sul • Níger: Famílias apoiam famílias contra jihadistas 10 | A MISSÃO HOJE Um olhar sobre a Missão
TAREFAS PARA HOJE: ATUALIZAR A ASSINATURA DA FÁTIMA MISSIONÁRIA
22 | MÃOS À OBRA Missionários modernizam salina para reforçar apoio social 23 | TESTEMUNHO DE CONSAGRADO “Senti-me interpelada pela Palavra do Senhor” 24 | GENTE NOVA EM MISSÃO Festejar o amor 26 | TEMPO JOVEM A lógica da contradição 28 | SEMENTES DO REINO Como preparar os caminhos do Senhor 30 | VIDA COM VIDA
Amar a sorrir
31 | LEITORES ATENTOS 32 | GESTOS DE PARTILHA 33 | O QUE SE ESCREVE 34 | MEGAFONE
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EDITORIAL
GESTOS DE MISERICÓRDIA No dia 8 de dezembro, vamos iniciar o Ano da Misericórdia. É mais uma iniciativa do Papa Francisco, assim justificada: “Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do amor do Pai”. De facto é o amor misericordioso e compassivo que dá credibilidade à Igreja. Ela reconhece que o essencial da sua missão é o anúncio jubiloso do perdão. E é por isso que Francisco reafirma que este “é o tempo do regresso ao essencial, para cuidar das fraquezas e dificuldades dos nossos irmãos. O perdão é uma força que ressuscita para nova vida e infunde a coragem para olhar o futuro com esperança”. A misericórdia, assim entendida, não é um conceito abstrato. Deve ser traduzida nos comportamentos quotidianos, na vida de cada dia. Se assim for, ela tornar-se-á uma força ativa e dinâmica para uma renovação da Igreja no plano pastoral, através da sua linguagem e dos seus gestos, particularmente na missão dos confessores, mas também no plano social, como fundamento de um maior empenho no combate à pobreza e às injustiças em nome de uma verdadeira solidariedade, e ainda no plano do diálogo inter-religioso, como fator de reconciliação e de paz entre os homens, entre os povos e culturas. Nada do que fazemos pode ser desprovido de misericórdia. E ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus, e portanto, da nossa misericórdia. Tendo em conta o maior espírito de solidariedade e de inclusão que deve reinar neste ano, 04
Fátima Missionária
a começar por este período natalício, optámos por dar voz, no “Ponto de Vista”, a um irmão que há largos anos vive na rua, ignorado da família e à margem de todo o conforto. É de louvar o seu testemunho, que poderá ser incómodo, mas é verdadeiro. No mundo tão carregado de violências, de guerras e guerrilhas, de egoísmos e de exclusões, somos chamados a realizar gestos de amor concreto, de solidariedade, de perdão e de inclusão. À imitação do santo de Assis que assim rezava: “Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz”. São estes os gestos de misericórdia que podem renovar a nossa vida e transformar o mundo à nossa volta. Para todos os nossos leitores, votos de um Santo Natal e de um ano 2016 com a marca da Misericórdia e da Esperança. DARCI VILARINHO
PARA TODOS OS NOSSOS LEITORES, VOTOS DE UM SANTO NATAL E DE UM ANO 2016 COM A MARCA DA MISERICÓRDIA E DA ESPERANÇA
PONTO DE VISTA
ANTÓNIO SILVA . SEM ABRIGO DO PORTO .
O QUE DESEJAVA QUE NESTE NATAL FOSSE DIFERENTE? GOSTAVA DE CONVIVER COM AS PESSOAS, SABER QUE VOU A TAL SÍTIO, VOU COMER E BEBER EDUCADAMENTE, ESTAR SOSSEGADINHO, COM RESPEITO E COM REGRAS. COMO UMA FAMÍLIA. ISSO É QUE É NATAL
NATAL É UM DIA COMO OUTRO QUALQUER O Natal para mim é como um dia qualquer, é igual aos outros. Estou aqui na rua há 10 anos. Tenho 53 anos e estou sozinho, não tenho família. Antes, vivi numa pensão e, na altura, a assistência social pagava-me o quarto. Faziam a requisição para a comida, para a medicação e davam-me algum dinheiro para as minhas despesas. Depois, vieram um dia e disseram-me: “Não há verbas”. E que podia eu fazer? Estou nesta miséria, tenho a clavícula partida, um ouvido rebentado e a rótula do joelho direito esfacelada.
as pessoas, saber que vou a tal sítio, vou comer e beber educadamente, estar sossegadinho, com respeito e com regras. Como uma família. Isso é que é Natal. Agora estar aqui sentado ou deitado a ver o dia passar, isso não é Natal. *Depoimento recolhido por Fernando Soares e Liseta Magalhães
Antes, quando vivia na pensão e chegava o Natal, o pessoal juntava-se todo e fazíamos um convívio. Comia-se, bebia-se e depois cada um ia para o seu quarto. De há 10 anos para cá perdi tudo isso. Hoje sinto saudades. Tinha uma porta e tinha chaves. Desde que estou aqui, tem sido um Natal isolado, sozinho e na rua. É por isso que o Natal, para mim, é um dia como outro qualquer. Para as outras pessoas pode ser diferente, porque têm filhos, têm isto e aquilo, passam um dia mais alegre, com mais convívio. Agora para mim, que estou assim como estou, um homem doente como eu sou, aqui na rua, é um dia como outro qualquer. Estou aqui como um mocho e aceito a ajuda de quem me quer ajudar. Costumo dizer que podem vir quando quiserem, porque a porta está sempre aberta. O que desejava que neste Natal fosse diferente? Gostava de conviver com
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HORIZONTES
RENASCER NO ABRAÇO Texto | TERESA CARVALHO Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Nélio estava cansado dos acessos violentos do pai. Talvez por isso o prazer de viver e a aposta em si mesmo tinham há muito desaparecido. Envolveu-se em consumos que lentamente o destruíam, num misto de revolta por uma existência sem cor e de esperança de que um dia, talvez, o pai descobriria como se é pai de verdade. – Porque é que o meu pai é assim? A pergunta nunca tinha resposta e se tinha, não era convincente. Quando decidia ouvir a mãe, reconhecia estar a assumir as mesmas atitudes destruidoras do pai, mas... não via nada por que lutar! Depois de muitos anos a tentar, em vão, apaziguar os comportamentos do marido, a mãe de Nélio saiu de casa e mudou-se com os filhos para uma casa que arrendara, como forma de os proteger a todos. Para trás ficou César a afundar-se ainda mais no seu alcoolismo e solidão. Isolamento só quebrado por Nélio que todos os dias visitava o pai: ia levar-lhe as refeições que a mãe preparava. Não aguentava imaginá-lo sozinho: sabia o tamanho do medo e da dor que a solidão traz. Decidiu passar uma semana com ele. Nesse período fez tudo o que podia para compensar os ânimos exaltados e ofensas mútuas que viveram nos últimos tempos: acompanhou-o em trabalhos, comeram juntos, viveram juntos. Depois de alguns copos o pai até o chamou de “meu companheiro”. Foi a frase mais poderosa que Nélio se lembra de ouvir do pai a seu respeito. No fim da semana, ao despedir-se 06
Fátima Missionária
para regressar a casa com a mãe, o pai estreitou-o com um abraço quente, prolongado e emocionado. Nélio nem se importou com o hálito alcoólico. Só se sentia a “derreter”, envolto no calor e no ritmo de um coração acelerado. Na semana seguinte receberam um telefonema: o pai tivera uma crise convulsiva e estava hospitalizado. Nélio e a mãe encontraram-no debilitado e confuso. Ao vê-los, repetia incessantemente: “quando vêm para casa?” – Põe-te bom primeiro. Depois, conversamos – descansou-o a esposa. César esboçou um sorriso e foi adormecendo tranquilamente. No dia seguinte, um telefonema matinal: César tivera nova crise e não sobrevivera. – Achas que ele morreu feliz, mãe? – foi a pergunta imediata de Nélio. – Ele sorriu, Nélio! Tu viste! E sabes como é difícil o teu pai sorrir! – E agora? Será que ele se arrependeu? – Sabes o que penso, filho? Nós perdoámos ao pai, não perdoámos? E ele nem precisou pedir perdão. Acreditas que Deus é muito, mesmo muito melhor do que nós? – Pois, bem mais! Então queres dizer que ele pode estar feliz? – Não tenho dúvidas, Nélio! Lembras-te de como ele também te soube abraçar? Nélio deixou de ouvir a mãe. A sua memória fê-lo viajar para os braços do pai, embalado naquele único momento em que pôde sentir que era filho amado. Era a vez de Nélio se apaziguar. Bastou-lhe um abraço e um sorriso! Agora, é a sua vez de apostar na vida. Decidiu renascer. A alimentá-lo, o amor daquele abraço, e a certeza de que o pai voltou a nascer. E desta vez, no abraço de Deus, para uma vida feliz!
DESTAQUE
FUNDO INTERNACIONAL INVESTE NA PROTEÇÃO DA AMAZÓNIA
É A PRIMEIRA VEZ QUE SE CRIA UM PROGRAMA COM UMA VISÃO INTEGRADA PARA A PRESERVAÇÃO DO ECOSSISTEMA AMAZÓNICO. SE RESULTAR, PODE AJUDAR A REDUZIR AS EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO EM 300 MILHÕES DE TONELADAS ATÉ 2030
A REGIÃO AMAZÓNICA É UMA INCRÍVEL RESERVA DE BIODIVERSIDADE BIOLÓGICA, COM MAIS DE 16 MIL ESPÉCIES DE ÁRVORES
Texto FRANCISCO PEDRO Foto E. ASSUNÇÃO
O Conselho do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM) aprovou recentemente um projeto pioneiro para ajudar a proteger mais de 80 por cento da Amazónia – no Brasil, Colômbia e Peru – e impulsionar os esforços a nível global para combater as alterações climáticas. O programa, que prevê um investimento total de 624 milhões de euros, tem como objetivo preservar 73 milhões de hectares de floresta, promover a gestão sustentável em 52 mil hectares e apoiar as ações que ajudem a reduzir as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera em 300 milhões de toneladas, até 2030. “A Amazónia tem um papel fundamental na regulação do clima mundial, assim como na prosperidade ambiental e económica da região, e é o maior repositório de biodiversidade
do planeta. Pela primeira vez, os países [Brasil, Colômbia e Peru] e os organismos associados uniram-se para desenhar um plano integrado e articulado para a gestão sustentável de uma parte importante do ecossistema” da bacia do Amazonas, realçou Naoko Ishii, presidente do FMAM, na sessão de apresentação do projeto. Segundo os responsáveis pela iniciativa, o novo programa, aprovado em finais de outubro, é o resultado de muitas décadas de trabalho na Amazónia por parte de governos, organizações não governamentais, sociedade civil e doadores privados. Entre as várias ações que prevê, destacam-se as políticas para fomentar o uso sustentável da terra, gerir as áreas protegidas e restaurar o coberto vegetal. “As ameaças aos bosques e rios
amazónicos relacionadas com os mercados de exportação, as atividades ilegais, a desigualdade social e a pobreza estão a aumentar. E só através de uma estreita cooperação entre os três países podemos esperar ter êxito na preservação da biodiversidade e das florestas na Amazónia”, afirmou por sua vez, em declarações aos serviços de informação do Banco Mundial, o coordenador do Programa Nacional para a Conservação de Florestas do Peru, Gustavo Suárez. A região amazónica é uma incrível reserva de biodiversidade biológica, com mais de 16 mil espécies de árvores identificadas e 2.500 espécies de peixes. Na bacia do rio Amazonas vivem perto de 33 milhões de pessoas, que dependem dos rios e seus afluentes para subsistir.
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MUNDO MISSIONÁRIO
POR E. ASSUNÇÃO
BIRMÂNIA
AUNG SUU KYI VENCE MILITARES A birmanesa Aung Suu Kyi, Nobel da Paz, venceu as eleições de novembro passado, conquistando a maioria no parlamento. “É um resultado deveras importante e histórico, embora as eleições não tenham sido livres e justas”, afirma o diretor da organização “Solidariedade Cristã Mundial”. Mervyn Thomas acrescenta: “Milhares de cidadãos foram privados dos direitos civis e, nalguns locais, os candidatos do partido de Aung Suu Kyi – da Liga Nacional para a Democracia – foram alvo de ameaças e pressões”. Ban Ki-moon felicitou Aung Suu Kyi pela vitória e alertou que há “muito trabalho” pela frente: “Ainda há muito trabalho a fazer na Birmânia no caminho para a democracia e para que futuras eleições sejam verdadeiramente inclusivas”, escreve o secretário-geral da ONU em comunicado. A Birmânia foi dominada pelos militares durante meio século, por via de uma Junta e – desde 2011 – por um governo quase civil gerido pelos seus aliados. Com a vitória de Aung Suu Kyi, as primeiras eleições livres, em 25 anos, apontam para uma mudança. “O povo e os líderes de Myanmar [Birmânia] têm o poder de se juntar e construir um futuro melhor para o seu país, um futuro onde ninguém é marginalizado, vulnerável ou discriminado”, sublinha Ban Ki-moon. O país necessita urgentemente de iniciar “o caminho da paz e da reconciliação nacional”, e de consolidar a democracia com progressos em matéria de direitos humanos. Aung Suu Kyi, filha do herói nacional da independência da Birmânia e líder da oposição, foi presa pela Junta Militar, em 1989, e colocada em prisão domiciliária, condição em que viveu durante 15 dos 21 anos de prisão.
MÉXICO
MIGRANTES AGREDIDOS MORREM NUM CAMPO DE SANGUE
O semanário da arquidiocese do México denuncia a crise humanitária que se desenvolve dentro das fronteiras do país. “Os migrantes sofrem, são agredidos, morrem. O nosso país transforma-se num campo de sangue, regado por interesses mesquinhos e desumanos, que desfrutam destas situações de vulnerabilidade de homens, mulheres e crianças”. São o fruto de políticas hipócritas, falsas e ineficazes, acrescenta o semanário. É a enésima denúncia da Igreja Católica da capital mexicana sobre a situação dos numerosos grupos que atravessam o México em direção aos Estados Unidos da América. 08
Fátima Missionária
“Em 2014 os crimes contra os migrantes e os raptos aumentaram 800 por cento. Em 2013 cerca de 11 mil pessoas foram privadas da liberdade por denunciarem a violência contra a sua integridade e segurança. A Comissão Interamericana para os Direitos Humanos denuncia o envolvimento da polícia nos crimes contra os migrantes e classifica a situação como “uma das principais tragédias humanitárias e massivas violações dos direitos humanos na região”. É urgente pôr fim a esta “vergonha de políticas destrutivas e ineficazes”, afirma a Igreja Católica.
MUNDO MISSIONÁRIO COREIA DO NORTE
LÍDERES RELIGIOSOS DO SUL ATRAVESSAM CORTINA DE BAMBU
Líderes religiosos das duas Coreias encontraram-se para rezarem juntos pela primeira vez desde que subiu ao poder o Presidente Parco Geun-hye. Numa visita rápida à Coreia do Norte, 150 líderes religiosos das sete principais religiões da Coreia do Sul, atravessaram a Cortina de Bambu, que divide as duas Coreias, e reuniram-se com líderes religiosos do Norte na chamada “Conferência Coreana das Religiões para a Paz”. A reunião teve lugar no Monte Kumgang, lugar simbólico, onde se ergue o antiquíssimo templo budista Singyesa, fundado em 519. O templo foi destruído durante a guerra da Coreia (1950-1953), pelos bombardeamentos americanos, tendo sido reconstruído em 2004, graças a um projeto entre as duas Coreias.
BANGLADESH
LUTA CONTRA OS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
No Bangladesh, país das planícies baixas, fertilizadas pelas cheias dos rios, luta-se contra as chuvas e monções que causam grandes prejuízos e destruição nas aldeias. Em Boyarshing,
a 300 quilómetros da capital Daca, as mulheres fazem filas, todos os dias, para se abastecerem de água na única fonte pública. No entanto a aldeia está circundada de água salinizada, imprópria para consumo. Algumas iniciativas já produziram resultados positivos, mas a situação exige mudanças políticas a nível nacional.
PERU
BINÓMIO MULHER E INDÍGENA ESTIGMA NA AMÉRICA DO SUL
Jovens e mulheres indígenas são vítimas de humilhações e atrocidades, além das violações dos direitos humanos, aponta o relatório anual das Nações Unidas sobre direitos dos povos indígenas. Uma em cada três mulheres indígenas foi violentada, por vezes por funcionários do Estado ou por autoridades militares. O relatório fala ainda de homicídios e crimes. A luta das comunidades indígenas para reivindicar o direito à autodeterminação e os direitos da mulher é muitas vezes atribuída a forças exteriores.
NÍGER
FAMÍLIAS APOIAM FAMÍLIAS CONTRA JIHADISTAS Mil famílias da Nigéria fogem dos ataques da seita jihadista Boko Haram e são acolhidas por outras tantas famílias do Níger. A Cáritas está a apoiar com géneros e outras ajudas durante três meses. Embora estejam a viver numa situação de emergência, as famílias do Níger abriram as suas portas aos refugiados. Uma parte das ajudas proveniente da Cáritas Internacional é dada em dinheiro para favorecer a economia local.
TOBIAS OLIVEIRA MISSIONÁRIO PORTUGUÊS DA CONSOLATA EM ROMA
O DIREITO À MISERICÓRDIA Quem nos últimos tempos foi lendo os jornais terá notado que sobre a Igreja e o Papa a principal notícia foi o roubo e a publicação de documentos confidenciais que põem em dúvida o bom nome de alguns prelados. A este delito o Santo Padre não responde à maneira da rainha da Inglaterra que, quando em 1992 viu a sua família envolvida em vários escândalos, declarou esse ano como um “annus horribilis”. O Papa simplesmente afirma que as reformas vão continuar. Quanto a 2016 este será para nós um Ano Santo, o Ano da Misericórdia, seguindo a tradição bíblica dos Jubileus que foi retomada pela Igreja a partir do ano 1300. O jubileu é um ano de especial encontro com Deus, um reencontro de que fazem parte a oração mais assídua, a reconciliação sacramental e outras obras de bem entre as quais, se tal for possível, uma peregrinação a Roma. A cidade eterna está já preparada para a enchente de peregrinos que aqui vão afluir não tanto para ver ou ouvir grandiosidades, mas sim para um encontro com a misericórdia do nosso Deus-amor sempre pronto a perdoar. A partir do dia 8 deste mês de dezembro o caro leitor está convidado aí ou aqui a este grandioso encontro. Não vai ficar desiludido.
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A MISSĂƒO HOJE
UM OLHAR SOBRE A MISSĂƒO Mal vai a quem nĂŁo tem memĂłria. Sejam pessoas, sejam instituiçþes. Seriam semelhantes a ĂĄrvores sem raĂzes: nem se alimentam nem se aguentam nas fĂşrias do inverno. Assim aconteceria com a Igreja. NĂŁo se fixa no passado, como quem procura voltar a ele. Mas alimenta-se dele e move-se na direção que ele lhe indica. Sempre em perspetiva de futuro. Por isso, gosta de celebrar, de reatualizar o passado de forma a colher-lhe as implicaçþes para este tempo e para o tempo que se lhe hĂĄ de seguir. Ora, em 2015, em perspetiva de MissĂŁo, tem muito a celebrar. Em primeiro lugar, os 50 anos do “Decreto sobre a Atividade MissionĂĄria da Igrejaâ€?, o “Ad gentesâ€?, do Vaticano II. Foi aprovado a 7 de dezembro de 1965, na vĂŠspera do solene encerramento do ConcĂlio. Recolhe o melhor da demorada reflexĂŁo que os padres foram fazendo sobre a essĂŞncia da Igreja e o seu dever de ir ao mundo para lhe propor a salvação integral que ĂŠ Jesus Cristo. Sim, o documento começa precisamente desta forma: “A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser sacramento universal de salvaçãoâ€?. Repare-se: nĂŁo se diz que a Igreja deve abrir a porta Ă s pessoas que a ela batam. Texto | MANUEL LINDA* Foto | ANA PAULA
MANDA SE Ă€ IGREJA ABRIR A PORTA PARA SER ELA A SAIR AO ENCONTRO DAS PESSOAS. PARA IR AOS POVOS E GRUPOS HUMANOS AINDA NĂƒO TOCADOS PELO TESTEMUNHO CRISTĂƒO E PELA PALAVRA DO EVANGELHO 10
FĂĄtima MissionĂĄria
PERFIL SOLIDÁRIO
Mas manda-se à Igreja abrir a porta para ser ela a sair ao encontro das pessoas. Para ir aos povos e grupos humanos ainda não tocados pelo testemunho cristão e pela palavra do Evangelho. E o documento diz mais: que esta tarefa não tem limites de tempo; que tem de chegar aos confins da terra; e que diz respeito a todos os batizados. E no número dois, insiste: “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária”. Não é isto o que, 50 anos depois, nos anda a pregar o Papa Francisco? Talvez por causa desta enorme modernidade é que o decreto “Ad gentes” foi, entre todos os documentos do Concílio, aquele que mais votos recebeu. A partir do Concílio, a natureza missionária da Igreja tem sido ressaltada em muitos outros documentos. Lembro três que, este ano, comemoram especiais aniversários. Um é a celebrada “Exortação Apostólica sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo”, “Evangelii nuntiandi”, de Paulo VI (8 de dezembro de 1975). Tão grande e tão atual que o Papa Francisco continuamente se reporta a ela. Este documento volta a insistir: “A tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja”. Mais tarde, a 7 de dezembro de 1990, São João Paulo II publicava a encíclica “Redemptoris missio”, sobre a “Validade Permanente do Mandato Missionário”, que alerta: “A missão de Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento”. E não se poderia esquecer a Carta Pastoral dos bispos portugueses, “Como eu vos fiz, fazei vós também. Para um rosto missionário da Igreja em Portugal” (17 de junho de 2010). Esta assegura: “O ícone missionário por excelência é a figura do Bom Pastor […] que vai à procura de todos e de cada um com paixão”.
DISPONÍVEL PARA INTEGRAR Texto | FP
Distinguida recentemente pela Nobre Casa de Cidadania, Helena Maria Lourinho Pereira, 53 anos, continua a arregaçar as mangas e a trabalhar afincadamente na promoção e integração na sociedade de pessoas em risco na região de Coimbra, como sem-abrigo, mulheres que viviam da prostituição ou crianças desfavorecidas. Com a ajuda de dezenas de voluntários e o amparo de várias parcerias estratégicas, a presidente da Associação Integrar consegue prestar apoio a milhares de pessoas, facilitando-lhes o acesso à alimentação, ao vestuário, e a ações de formação que se revelam bastante úteis no regresso à vida ativa. Discreta mas muito empenhada na ação social, tem sido incansável na procura de novas formas de financiamento, para que ninguém, em condições de vulnerabilidade, deixe de ser apoiado. “Cada vez temos mais desempregados e verificamos que há pessoas que ainda num tempo recente pertenciam à dita classe média e não tinham grandes dificuldades e que hoje se veem obrigados a pedir ajuda”, mas “o povo português ainda é capaz de ajudar os que mais precisam e gosta de partilhar”, diz Helena Lourinho.
Igreja que estás em Portugal, que mais é preciso dizer para te convencer que só és verdadeiramente Igreja se fores missionária? * Presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização e bispo das Forças Armadas e Segurança Texto conjunto MissãoPress
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A MISSÃO HOJE
PERDÃO É “ATO DE LIMPEZA PESSOAL” AS VANTAGENS PARA QUEM PERDOA E PARA QUEM É PERDOADO ESTIVERAM EM DESTAQUE NO PRIMEIRO “SEMINÁRIO SOBRE PERDÃO”, REALIZADO EM PORTUGAL. O ENCONTRO DEIXOU UMA MENSAGEM DE ESPERANÇA AOS PARTICIPANTES Texto | JULIANA BATISTA Foto | SOFIA CARVALHO
“AS ESCOLAS DA RECONCILIAÇÃO SÃO UM PROJETO DE INTERVENÇÃO SOCIAL” E UMA POSSÍVEL RESPOSTA PARA PROBLEMAS LIGADOS, POR EXEMPLO, À “DIFICULDADE PESSOAL EM GERIR EMOÇÕES”
Perdoar faz bem e realça a “predisposição para o bem” presente no ser humano. Esta foi uma das principais mensagens deixadas pelos oradores do primeiro “Seminário sobre Perdão – promotores de uma cultura de paz”, que se realizou no Fórum Cultural de Ermesinde, dia 7 de novembro, por iniciativa das Escolas de Perdão e Reconciliação (ES.PE.RE), coordenadas em Portugal pelo padre Albino Brás. “As escolas da reconciliação são um projeto de intervenção social” e uma possível resposta para problemas ligados, por exemplo, à “dificuldade pessoal em gerir emoções”, explicou o missionário da Consolata. Segundo o sacerdote, as ES.PE.RE têm como missão “contribuir para a prevenção e redução da violência”. Albino Brás destacou que o perdão “rompe” com o “ciclo vicioso da violência”, sendo um “ato de limpeza pessoal”. Já Maria Azevedo, docente
A B ( ), ES.PE.RE P
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Fátima Missionária
na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, apontou outra faceta desta prática: “Ao pedir perdão reconheço-me, perante o outro, como a causa de atos que desaprovo”. Habituado a lidar com quem viu os seus atos serem reprovados, João Gonçalves, coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, deixou críticas ao sistema prisional. “As cadeias não estão a resultar. Se se quer que a prisão seja para recuperar as pessoas e se diz que a prisão não recupera, o que é que as pessoas estão lá a fazer?”, questionou. André Leite, docente na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, acentuou a crítica do sacerdote: “Está provado que a prisão tem um efeito de prejuízo para os indivíduos por motivos como o processo de ressocialização”. No entanto, o teólogo Pedro Valinho defendeu que “o mais originário [entre a raça humana] é o bem” e deixou ao público uma mensagem de esperança. “Apesar do mal, apesar das relações violentas, o homem encerra em si mesmo uma predisposição para o bem”, disse. Para o especialista, “mesmo se a inclinação para o mal e a disposição para o bem coexistem no homem, é o bem que é originário. O perdão recorre então a este desejo de regeneração de si, a este fundo de bondade presente no homem”. O “Seminário sobre Perdão” contou com o apoio dos Missionários da Consolata.
FÁTIMA INFORMA
Concurso de fotografia
O Santuário lançou o “Prémio Fotografia Centenário das Aparições de Fátima”. O prazo para recolha de trabalhos inicia a 8 de dezembro deste ano e estende-se até 13 de outubro de 2016.
Oração juvenil
PEREGRINOS INSPIRAM NOVA EXPOSIÇÃO SANTUÁRIO CRIOU UM TRAJETO IMAGINÁRIO QUE ESPELHA O CÉU E A TERRA, DOIS CONCEITOS QUE DOMINAM O PERCURSO DAQUELES QUE PEREGRINAM Texto | JULIANA BATISTA Foto | SANTUÁRIO DE FÁTIMA
Peças do acervo do Museu do Santuário de Fátima, e muitas pertencentes a museus, comunidades eclesiais e instituições, dão agora forma a uma exposição que pode ser conhecida gratuitamente na Cova da Iria. Com o nome “Terra e Céu: peregrinos e santos de Fátima”, a mostra leva o visitante a “caminhar por um percurso que faz espelhar esses dois conceitos”. “De pés firmes porque sulcaram a terra, os peregrinos de Fátima olham para o céu”, sintetiza Marco Daniel Duarte, comissário da exposição. Integrada no percurso comemorativo do Santuário de Fátima no âmbito do Centenário das Aparições, evoca a aparição de setembro de 1917, e revela como o Santuário tem sido um “lugar de grande importância para a história da santidade”. A mostra contempla “múltiplas referências à espacialidade do santuário”, como o recinto com velas, para apresentar o lugar onde, “ao longo de várias décadas, se cruzaram figuras históricas”. Pode ser visitada de 28 de novembro de 2015 a 31 de outubro de 2016, das 09h00 às 19h00, no Convivium de Santo Agostinho, situado no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade.
Momentos de celebração, oração e catequese sobre a Mensagem de Fátima fazem parte do programa pastoral “Um dia com as crianças”. A iniciativa realiza-se dia 18 de dezembro, a partir das 10h00, no Santuário de Fátima.
Rezar como os pastorinhos
Crianças da paróquia de Fátima rezam o terço na Capelinha das Aparições, no Santuário de Fátima, dia 13 de dezembro, às 18h30. A recitação do rosário é transmitida pela Rádio Renascença, Rádio SIM, TV e Rádio Canção Nova e pela Telepace.
AGENDA
DEZEMBRO
DIA 05 e 06
Retiro no Seminário da Consolata. "Era peregrino e acolhestes-me"
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SOLIDARIEDADE
CRIANÇAS DA TANZÂNIA QUEREM IR À ESCOLA Texto e Foto | ELÍSIO ASSUNÇÃO
SÃO MAIS DE MEIA CENTENA. AS CRIANÇAS ACOLHEM OS VISITANTES COM UM SORRISO MEIGO E, AO MESMO TEMPO, RECEOSO. SENTADAS NUM BANCO DE BARRO AMASSADO, PERMANECEM EM SILÊNCIO. MEDEM OS HÓSPEDES DOS PÉS À CABEÇA, QUE O MISSIONÁRIO DA CONSOLATA, CIPRIANO MVANDA, APRESENTA. POUCO A POUCO, OS ROSTOS TORNAM SE MAIS EXPRESSIVOS E AS CRIANÇAS COCHICHAM ENTRE SI. AO SINAL DO MONITOR PRINCIPIAM A CANTAR NA LÍNGUA MATERNA CÂNTICOS DE BOAS VINDAS AO RITMO DE PALMAS
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Fátima Missionária
ATUALIDADE
Estamos em Mkindu, uma aldeia a cerca de 10 quilómetros de Morogoro, cidade de um milhão de habitantes no sul da Tanzânia. É uma aldeia muito recente – conta apenas cerca de três décadas – cuja população aumenta de dia para dia devido ao rápido crescimento da cidade vizinha. Os habitantes chegam de lugares mais remotos, em busca de meios de subsistência familiar. As infraestruturas da aldeia são praticamente inexistentes. A população conta apenas com a proximidade da estrada por onde escorre um tráfego intenso entre Morogoro e Dodoma, a capital do país. Por aí passam os meios de transporte que facilitam o acesso à cidade. A capela da aldeia é um edifício muito rudimentar e é utilizada para todas as atividades, quando estas não se desenrolam ao ar livre, debaixo das árvores. Os poucos milhares de habitantes constituem, na sua grande maioria, famílias jovens. Serão umas 600 ou 700, cuja grande preocupação é a educação dos filhos. Procuram a escola
OS PAIS E A COMISSÃO LANÇAM UM APELO AOS AMIGOS E LEITORES DE FÁTIMA MISSIONÁRIA PARA COLABORAREM NO PROJETO DE CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO PARA A PRÉ PRIMÁRIA
– e os cristãos também a catequese – para as crianças. A convivência entre a população é pacífica e amigável, não obstante a diversidade de proveniência, religião e atividades. Comunidade organizada Mkindu é uma comunidade da paróquia de Santa Mónica, de Kikonda. Bem depressa será uma nova paróquia, dado o rápido crescimento da aldeia. A assistência religiosa, assim como a organização da comunidade é apoiada pelos Missionários da Consolata, da equipa formativa do seminário propedêutico, situado nas proximidades. Para organizar e fomentar as iniciativas da vida da aldeia, a comunidade criou a Comissão de Desenvolvimento, formada por uma direção de cinco membros e de cinco conselheiros. Nada é feito sem passar por este grupo que revela grande dinamismo e entusiasmo. Todas as atividades e iniciativas, sejam do catequista, dos missionários ou de qualquer outro agente, têm como ponto de referência e de orientação esta Comissão. A educação das crianças e dos jovens está confiada ao catequista, que é visto como um autêntico missionário. De facto, reside numa aldeia do outro lado da cidade. Semanalmente, deixa a sua família e desloca-se até Mkindu, percorrendo vários quilómetros de bicicleta. De quinta a segunda-feira, está com a comunidade nas diversas atividades de animação. O reconhecimento da sua dedicação levou a Comissão de Desenvolvimento a construir-lhe uma casa, para habitar durante a sua permanência na aldeia. Aposta nas crianças A Comissão está otimista e esperançada quanto ao desenvolvimento e progresso da aldeia, embora reconheça que as dificuldades
são muitas. Os seus membros não se poupam a esforços para tentar mobilizar todos os habitantes. Este é o maior desafio: levar a que todos se envolvam nos projetos, promovendo a consciência das responsabilidades derivadas da fé de cada um. Atualmente as famílias e a Comissão estão preocupadas com a situação das várias dezenas de crianças da aldeia. A maioria dos pais, durante o dia, está ausente na cidade, em busca de trabalho para sustentar a família. Os filhos ficam na aldeia ao cuidado dos idosos ou dos irmãos mais velhos, com apenas dois ou três anos a mais. Por outro lado, as crianças, quando entram na escola, sobretudo nos primeiros anos, passam por graves dificuldades, que se refletem no rendimento escolar. Falam apenas a língua materna e não têm conhecimentos da língua inglesa, obrigatória juntamente com a língua oficial do país, o kiswahili. A Comissão e os pais estão decididos a ultrapassar estas dificuldades. Começaram a pensar em criar na aldeia a escola pré-primária. Deste modo esperam manter as crianças ocupadas durante o dia e, ao mesmo tempo, permitir-lhes estudar antecipadamente as línguas necessárias para o acesso à escola. Mandaram fazer o projeto para a construção de um edifício simples, mas funcional e adequado ao número de crianças. Ao mesmo tempo começaram a recolher fundos para financiar a construção. Aproveitando a nossa visita à aldeia, os pais e a Comissão lançam um apelo aos amigos e leitores da FÁTIMA MISSIONÁRIA para colaborarem no projeto de construção do edifício para a pré-primária, contribuindo com um ou mais tijolos para a construção. São necessários sacos de cimento, madeiras, portas, janelas e os móveis para o funcionamento da pré-primária.
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DO PONTO DE VISTA ABSOLUTO, A CHINA É MUITA MAIS RICA, COM O SEGUNDO PIB DO MUNDO, CERCA DE DEZ BILIÕES DE DÓLARES, 20 VEZES O DE TAIWAN. MAS EM TERMOS DE RENDIMENTO MÉDIO POR HABITANTE, TAIWAN É MUITO MAIS RICO, GRAÇAS A UMA SOCIEDADE TECNOLOGICAMENTE MUITO AVANÇADA
ÁSIA
LUTA PELA REUNIFICAÇÃO 16
Fátima Missionária
DOSSIER
15 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A CIMEIRA CHINA TAIWAN É UM CONFLITO QUE DURA HÁ 66 ANOS E QUE OPÕE A PODEROSA CHINA À PRÓSPERA E DEMOCRÁTICA TAIWAN. DIVIDIDOS DESDE O FIM DA GUERRA CIVIL CHINESA, OS DOIS LADOS RECLAMAM SER A LEGÍTIMA CHINA. E SE DO LADO DE PEQUIM É FORTÍSSIMA A VONTADE DE REUNIFICAÇÃO, QUE GARANTIRIA UM LUGAR NA HISTÓRIA A XI JINPING, JÁ NO LADO DE TAIPÉ HÁ MUITAS VOZES QUE DISCORDAM DO RUMO DE MA YING JEOU, UM HOMEM QUE EMBORA FILHO DE NACIONALISTAS FUGIDOS AOS COMUNISTAS NÃO DEIXA DE ESFORÇAR SE POR RESOLVER O VELHO CONFLITO DE FORMA PACÍFICA Texto | LEONÍDIO PAULO FERREIRA* Fotos | LUSA
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Há alguma razão para esta Cimeira inédita entre os líderes da China e de Taiwan ter ocorrido agora?
Suspeita-se de que tanto Xi Jinping, presidente da China, como o seu homólogo taiwanês, Ma Ying-jeou, se sentiram pressionados pela proximidade das eleições presidenciais em Taiwan, com todas as sondagens a apontarem para a vitória da candidata do partido hostil a Pequim. Ambos procuram um lugar na história, com Xi, no poder desde 2012, a ambicionar ser o líder que conseguiu a reunificação da pátria. Ma, por seu lado, está prestes a cumprir o seu segundo mandato e gostava de ver reconhecido o seu esforço nos últimos sete anos para normalizar as relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan. Ambos,
cumprimentando-se em Singapura à vista das câmaras, deram um sinal de que o diálogo entre velhos inimigos é possível.
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Como se deu a divisão entre China e Taiwan?
Depois de terem cooperado na luta contra os invasores japoneses, os nacionalistas do Kuomintang e os comunistas foram incapazes de se entender após a Segunda Guerra Mundial. Chiang Kai-shek, líder do Kuomintang, e Mao Tsé-tung, o revolucionário, ainda se reuniram em finais de 1945, mas em quase nada concordaram e a seguir veio a guerra civil. Em 1949, adivinhando a sua derrota na China continental, Chiang começou a transferir tropas e funcionários públicos para Taiwan, pequena ilha situada frente
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à província de Fujian. Quando a 1 de outubro, Mao proclamou em Pequim a República Popular da China, Chiang estava já em Taipé e apesar de só controlar Taiwan e umas ilhotas junto ao continente, reafirmou que a República da China, fundada por Sun Yat-sen em 1912, reivindicava soberania sobre toda a China. E até hoje, apesar de Pequim considerar Taiwan uma mera província renegada, esta mantém o nome de República da China e tem relações diplomáticas com 21 países membros da ONU mais a Santa Sé. Nenhum país do mundo reconhece as duas Chinas, e estas recusam ambas essa dualidade.
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Havia alguma especificidade taiwanesa antes da chegada maciça de nacionalistas em 1949?
Taiwan fica a sul da China continental e é subtropical. Muito montanhosa e com uma vegetação exuberante, a ilha foi avistada pelos navegadores portugueses no século XVI, que lhe chamaram Formosa, nome que ainda é muito usado, até para efeitos de promoção turística. Habitada por tribos aborígenes, que são hoje cerca de um por cento da população, recebeu a partir do século XVII imigrantes oriundos do sul da China, sobretudo de Fujian. Parte do Império Chinês, foi conquistada em 1895 pelo Japão, que exerceu uma colonização muito mais suave do que, por exemplo, na Coreia, procurando transformar os taiwaneses em leais cidadãos japoneses. Em 1949, com a chegada de dois milhões de refugiados, entre tropas e famílias nacionalistas, a ilha sofre uma grande transformação. Os recém-chegados, os continentais, assumem o controlo do poder político e relegam para segundo plano os 18
Fátima Missionária
A CONSTITUIÇÃO CHINESA PREVÊ O USO DA FORÇA SE TAIWAN PROCLAMAR A INDEPENDÊNCIA. POR ISSO A IMPORTÂNCIA DAS ELEIÇÕES DE JANEIRO, QUE TRARÁ A SUBSTITUIÇÃO DO KUOMINTANG, FAVORÁVEL AO "STATU QUO" DE NEM REUNIFICAÇÃO NEM INDEPENDÊNCIA, POR UM PARTIDO CUJOS APOIANTES QUEREM SEGUIR UM CAMINHO PRÓPRIO
locais. Esse fosso ainda se reflete em parte na lógica partidária, com o Kuomintang a ser visto como o defensor da unidade chinesa e o Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês) a reivindicar falar em nome dos autênticos taiwaneses. Curiosamente, os ideogramas usados em Taiwan são mais tradicionais do que os adotados na China continental, onde nas últimas décadas foram modernizados.
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A relação de forças sempre foi tão esmagadora a favor de Pequim?
Por incrível que pareça não. Claro que as diferenças de território e de população são enormes, mas durante a Guerra Fria, graças à solidariedade americana, Taiwan tinha umas forças armadas pensadas para a reconquista da China aos comunistas. E nessa época de forte concorrência ideológica, até foi possível ao embaixador da República da China continuar a sentar-se na ONU como
T P, C
legítimo representante do povo chinês até 1971. Tudo começou a mudar quando a China comunista e os Estados Unidos da América (EUA) esqueceram as diferenças ideológicas e se coligaram contra uma União Soviética que passara de protetora de Mao a principal inimigo da República Popular. Mesmo assim não foi o presidente Richard Nixon, o homem da histórica visita a Pequim em 1972, a estabelecer relações diplomáticas. Isso só foi feito em 1979, por Jimmy Carter, depois da morte de Mao. Os EUA mantiveram-se garantes da defesa de Taiwan contra a China.
05 Taiwan?
Há perigo real de guerra entre China e
A Constituição chinesa prevê o uso da força se Taiwan proclamar a independência. Por isso a importância das eleições de janeiro, que trarão a substituição do Kuomintang, favorável ao “status quo” de nem reunificação nem independência, por um partido cujos apoiantes querem seguir um
caminho próprio. A favorita nas sondagens, Tsai Ing-wen, terá, caso seja eleita, de ponderar muito bem as suas ações, sendo óbvio que não só a China mas também os EUA a pressionam para não avançar com a independência formal. Também os influentes setores económicos da ilha preferem cautela, até porque cada vez mais investem na China continental.
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É verdade que Taiwan é uma democracia como há poucas na Ásia?
Sim, juntamente com Japão e Coreia do Sul integra o trio de democracias avançadas da região. Mas nem sempre foi assim. Até à morte de Chiang em 1975, a ilha vivia sob ditadura. Mas depois o próprio filho do generalíssimo, Chiang Ching-kuo, lançou um processo de democratização que foi acompanhado pela promoção de taiwaneses de origem a altos postos. Um desses foi Lee Teng-hui, que em 1996 foi eleito por voto direto e universal, num ato eleitoral que irritou a China a ponto
desta ter disparado vários mísseis no Estreito de Taiwan para intimidar a população.
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É possível que a democracia taiwanesa sirva um dia de modelo para toda a China, ou um sistema que funciona bem com 23 milhões não quer dizer que resulte para governar 1.400 milhões?
O caso da Índia mostra que pode haver democracia num país com mais de mil milhões de pessoas, mas não parece ser, de qualquer modo, essa a intenção dos líderes de Pequim. Apesar de a ideologia comunista ter dado lugar a um regime capitalista de caráter nacionalista, mantém-se a desconfiança em relação à democracia parlamentar. O que Pequim oferece a Taiwan, para que a reunificação aconteça, é a manutenção do seu sistema político, tal como foi feito com Hong Kong e Macau. No fundo, a fórmula de um país, dois sistemas, que Deng Xiaoping inventou no final da década de 1970 quando sucedeu a
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Mao como homem forte do país. Sabe-se que, para concretizar a reunificação, Pequim estaria disposta a permitir que Taiwan mantivesse forças armadas próprias, pelo menos num período transitório, e uma vastíssima autonomia. A sociedade civil taiwanesa é muito apegada à liberdade, a todo o tipo de liberdade, até a religiosa (o cristianismo está bem implantado na ilha e Chiang em jovem converteu-se ao protestantismo).
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Quem é mais rico, China ou Taiwan?
Do ponto de vista absoluto, a China é muita mais rica, com o segundo PIB do mundo, cerca de dez biliões de dólares, 20 vezes o de Taiwan. Mas em termos de rendimento médio por habitante, Taiwan é muito mais rico, graças a uma sociedade tecnologicamente muito avançada. Algumas marcas muito conhecidas, como os computadores Asus e Acer são taiwanesas, assim como os telemóveis HTC. E é uma grande empresa taiwanesa, a Foxconn, que em fábricas na China produz os iPhones e os iPad para a marca americana Apple.
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Então, as relações económicas entre China e Taiwan são já muito sólidas?
Sim. E se os empresários taiwaneses estiveram desde o início a ajudar ao milagre económico chinês iniciado com Deng, a verdade é que esses laços se estreitaram muito graças à presidência de Ma. Isso trouxe grandes vantagens para o mundo dos negócios, mas ficou aquém das expetativas em termos de empurrão ao crescimento económico, pelo que os meios mais hostis criticam o Presidente por ter dado muito a Pequim em troca de pouco. 20
Fátima Missionária
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É justa a crítica a Ma?
Depende do ponto de vista. Se virmos Pequim e Taipé como inimigos, de facto Taiwan hoje depende muito da relação económica com a China continental, o que fragiliza a ilha. Mas se pensarmos que em teoria o objetivo é a reunificação, então graças a Ma o clima de tensão reduziu-se, os voos diretos passaram a ser a regra, há turistas de um e outro lado.
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Porque aconteceu em Singapura a Cimeira?
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Foi complicado gerir a questão do protocolo?
A cidade-Estado é povoada em 75 por cento por chineses e sempre conseguiu ter boas relações tanto com Pequim como com Taiwan. Apesar de reconhecer a China, chegou a treinar tropas em Taiwan. Ao mesmo tempo, o sucesso do seu sistema político, que concilia democracia e Estado forte, paira como uma fonte de inspiração para uma eventual China reunificada.
Sim, porque os dois governos (República Popular da China e República da China) não se reconhecem. Assim, Xi e Ma trataram-se não por presidente mas por senhor. E depois das fotos para a história, com um prolongado aperto de mão, jantaram juntos mais as suas delegações, mas cada lado pagou a respetiva conta. E tudo aconteceu num hotel, propriedade de singapurianos descendentes de imigrantes vindos do Fujian.
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A ideia de uma só China mantém-se?
Até ficou reforçada. Desde 1992, os dois lados concordam que existe uma só China mesmo que
o conceito desta seja diferente dos dois lados do Estreito de Taiwan. Xi insistiu na reunificação, Ma relembrou que a constituição que rege Taiwan não admite a declaração de independência. Ambos os lados veneram a memória de Sun Yat-sen, o fundador do regime republicano, depois do derrube dos Qing, a última dinastia imperial chinesa.
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Como foi a reação ao encontro?
A nível internacional, deu destaque a um velho diferendo vindo da Guerra Fria. Na China, foi de entusiasmo. Mas em Taiwan muita gente criticou de novo a atitude colaborante de Ma. Ver-se-á se a Cimeira terá impacto nas presidenciais, seja ajudando Eric Chu, o candidato do Kuomintang, seja condicionando Tsai, caso seja eleita, a procurar uma via de diálogo com Pequim (1.500 mísseis chineses apontados a Taiwan e a pressão americana vão certamente ajudar).
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Qual pode ser o passo seguinte?
Pequim vai ter de oferecer algo a Taiwan que ajude Ma a justificar a Cimeira e ao mesmo tempo melhore a imagem da China continental. Isso passará, por exemplo, em permitir maior visibilidade internacional de Taiwan, talvez seguindo o modelo usado na Organização Mundial da Saúde ou nos Jogos Olímpicos, em que a ilha está presente sob a designação de Taipé chinesa. * jornalista do DN
M O
“DEUS ESCREVE DIREITO POR LINHAS TORTAS” A EXPRESSÃO POPULAR NUNCA FEZ MUITO SENTIDO PARA MATHEWS ODHIAMBO, UM DOS TRÊS MISSIONÁRIOS ESCOLHIDOS PARA ABRIR UMA NOVA MISSÃO DA CONSOLATA, EM TAIWAN. AGORA, QUE JÁ SE CUMPRIU UM ANO APÓS A CHEGADA AO PAÍS ASIÁTICO, O SACERDOTE RECONHECE QUE, AFINAL, O DITADO NÃO NASCEU AO ACASO
“COM A PRESENÇA DE GRANDES RELIGIÕES BEM IMPLANTADAS ... UM CRISTÃO, AINDA POR CIMA CATÓLICO, SENTE SE COMO UMA GOTA DE ÁGUA NO OCEANO"
Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | DR
Quando chegaram a Taiwan, em setembro de 2014, os três missionários da Consolata indigitados para abrir uma nova missão no país asiático, estavam conscientes das dificuldades que iam encontrar, sobretudo na aprendizagem da língua. Mas uma coisa é imaginar, outra é viver a realidade do dia a dia e ultrapassar as barreiras, não só linguísticas, mas também pastorais, culturais e até financeiras. É por tudo isto que Mathews Odhiambo se socorre da expressão “Deus escreve direito por linhas tortas” para ilustrar “o quanto Deus tem sido bom” para o ajudar na missão de evangelizar numa nação com 23 milhões de habitantes, mas apenas 300 mil cristãos. “Com a presença de grandes religiões bem implantadas, como o budismo e o taoísmo, entre outras, um cristão,
ainda por cima católico, sente-se como uma gota de água no oceano. Antes, por onde tinha passado depois do seminário, apesar dos altos e baixos da vida, havia sempre uma estrutura organizacional que garantia o bom funcionamento ao nível pastoral, espiritual, humano e financeiro. Ou seja, Deus estava a escrever direito por linhas retas”, conta o missionário. Em Taiwan, tudo mudou. A estrutura teve que ser criada e o trabalho pastoral teve que começar praticamente do zero. “Tivemos que nos adequar a um contexto novo e inexplorado e as linhas passaram a ficar bastante tortas. Mas garanto-vos que tenho visto Deus a continuar a escrever por linhas retas, mesmo nessas linhas tortas”, adianta Mathews Odhiambo.
A diocese onde os três missionários ficaram integrados tem 80 paróquias, que são servidas por 120 sacerdotes, 30 dos quais têm mais de 70 anos. E, apesar de cada paróquia ter apenas uma média de 50 cristãos, há trabalho pastoral a mais, para o número de padres. Perante este cenário, os sacerdotes não conseguiram ficar de braços cruzados – o acordo com a diocese previa que os primeiros dois anos fossem apenas de estudo da língua – e começaram já a lançar sementes pastorais juntos dos imigrantes espanhóis e filipinos e do grupo de voluntários de uma universidade. “Não podíamos dar-nos ao luxo de ficarmos indiferentes à realidade da necessidade pastoral”, conclui o missionário queniano.
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MÃOS À OBRA
A N M
MISSIONÁRIOS MODERNIZAM SALINA PARA REFORÇAR APOIO SOCIAL PROJETO EM CURSO NA SALINA BATANHE NOVA MAMBONE VAI PERMITIR A DIVERSIFICAÇÃO E O AUMENTO DA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO. COM A OFERTA DE NOVOS PRODUTOS, PRETENDE SE GERAR MAIS RECEITA PARA APLICAR NAS OBRAS SOCIAIS DA REGIÃO Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | E. ASSUNÇÃO
NAS ÉPOCAS DE RECOLHA, NORMALMENTE ENTRE ABRIL E DEZEMBRO, A SALINA EMPREGA PERTO DE 90 PESSOAS DE FORMA DIRETA
Responsável pela produção de cinco mil toneladas de sal por ano, o equivalente a seis por cento da produção nacional, a salina de Nova Mambone, em Moçambique, tem cumprido um importante papel social e humanitário na região onde está inserida. Mas os missionários querem ir mais além e idealizaram um projeto de reestruturação e modernização da área de produção, que assim que estiver concluído, pode permitir o acesso à escola a mais crianças, alfabetizar mais adultos e ajudar mais mulheres a criarem os seus próprios negócios. O plano, financiado pela Conferência Episcopal Italiana, prevê a preparação e venda de sal calibrado, em novas embalagens e em quantidades atrativas para os consumidores domésticos ou para os estabelecimentos de hotelaria e restauração. O objetivo é melhorar o processo de recolha e preparação do produto, tornando-o mais acessível a outro tipo de mercados e transformando a salina de Batanhe “na primeira a produzir sal calibrado no centro e norte do país”, referem os missionários da Consolata em Nova Mambone,
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responsáveis pela gestão do espaço. Nas épocas de recolha, normalmente entre abril e dezembro, a salina emprega perto de 90 pessoas de forma direta e várias outras de forma indireta – oficina mecânica, carpintaria e preparação de refeições. Os rendimentos conseguidos com esta força de trabalho, além de assegurarem a remuneração dos trabalhadores, servem para manter em funcionamento uma biblioteca para estudantes, ajudar no pagamento das propinas escolares a alunos carenciados, promover cursos de alfabetização, entre outras melhorias importantes para o funcionamento das comunidades. Há dois anos, já tinha sido dado um novo impulso à unidade de produção, com a extração de flor de sal, um produto mais puro, obtido apenas em condições atmosféricas específicas, que exige técnicas mais rigorosas devido à sua fragilidade. Foi também nessa altura que a salina deixou de vender apenas sal em bruto e passou a comercializar embalagens de um quilograma, mas que tinham que ser cheias e fechadas manualmente.
TESTEMUNHO DE CONSAGRADO
“SENTI ME INTERPELADA PELA PALAVRA DO SENHOR” MARIA DA LUZ HENRIQUES NASCEU EM MACHICO, MADEIRA, HÁ 58 ANOS. PROFESSOU OS VOTOS AOS 23 ANOS E É ATUALMENTE A SUPERIORA GERAL DA FRATERNIDADE FRANCISCANA DA DIVINA PROVIDÊNCIA Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | ANA PAULA
Quando e como percebeu que o seu futuro passava pela vida religiosa? Era jovem e pertencia ao (JCM) Jovens Cristãos da Madeira. Fiz caminhada de crescimento na fé e pouco a pouco fui sentindo um vazio, uma inquietação profunda, existencial, um desejo de absoluto e procurava encontrar uma plenitude que desse sentido à minha inquietude. Rezava pelas vocações, pelos outros, não por mim. Pensava que não tinha qualidades para ser religiosa. Depois, percebi que a qualidade fundamental era a fé. Um dia, numa Adoração do Santíssimo pelas vocações, senti-me interpelada pela Palavra do Senhor: “Luz, vem e segue-me”. Deus imprimiu na minha alma esta Palavra e percebi e senti, que o meu futuro passava por uma vocação consagrada. O carisma da congregação a que pertence inspira-vos a estar com os pobres e a cuidar dos doentes. Sabe bem estar próximo de quem mais precisa? Estar próximo dos “de maior necessidade” é estar próximo de
Deus, é estar com Deus, com Jesus que se identifica com os mais pobres (Mt 25), em quem a nossa fundadora via os “membros de Cristo”. “Vai e faz do mesmo modo”, ordenou Jesus em (Lc 10). Num simples poema, nascido em Timor, partilho este “sabe bem estar próximo”: «Faz-me ver com o teu olhar, e tocar com tuas mãos, com teu coração amar, os mais pobres meus irmãos. Faz-me ser uma presença, da presença que em mim mora, dom da tua Providência, que ao pobre vai sem demora».
PENSAVA QUE NÃO TINHA QUALIDADES PARA SER RELIGIOSA. DEPOIS, PERCEBI QUE A QUALIDADE FUNDAMENTAL ERA A FÉ
Vamos entrar no Ano Santo da Misericórdia. É uma boa oportunidade para os cristãos se tornarem mais solidários? Penso que, em primeiro lugar, este ano é apelo a uma conversão pessoal. É a partir da experiência pessoal da misericórdia de Deus na vida pessoal de cada um, que a pessoa se sente impelida a ser também ela instrumento da misericórdia de Deus para com os outros, na continuidade da missão de Jesus, praticando as obras de misericórdia
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# GENTE NOVA EM MISSÃO SAGRADA FAMÍLIA
FESTEJAR O AMOR TEXTO | CLÁUDIA FEIJÃO ILUSTRAÇÃO | DAVID OLIVEIRA
Olá amiguinhos! Entrámos na reta final do ano e 2016 já surge no horizonte. Mas nós já entrámos num novo ano. Qual?! O litúrgico! Com um novo tempo: o do advento. É tempo de preparação para acolhermos Jesus. Mas não é que dezembro tem muito mais para “dizer”? Sem contarmos com a festa do Natal de Jesus, há mais três razões para vivermos este mês com muitíssima alegria: no dia 8 celebramos a solenidade da Imaculada Conceição e o início do Ano da Misericórdia, e no dia 27 é a Festa da Sagrada Família. Quem quer vir à festa do amor?
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Fátima Missionária
A Imaculada Conceição de Maria é, por vezes, confundida com a conceção de Jesus. Porém, esta refere-se à conceção da própria Maria, isto é, Deus fê-la nascer pura e livre de pecado para que ela fosse a mãe de Jesus. Esta festa representa, por isso, a esperança e a alegria de sermos libertados do pecado. Deus ama-nos de forma tão profunda que nos dá o Seu perdão, basta que o nosso coração esteja aberto ao Seu amor. É a misericórdia de Deus Pai. E porque devemos ter um coração a transbordar de amor, o Papa Francisco faz-nos um convite: “Sede misericordiosos como o Pai”. Este é o lema do Ano da Misericórdia que tem o seu início no dia 8 e que se estenderá
MOMENTO DE ORAÇÃO
até novembro de 2016. É um convite à prática de boas obras, reflexo da caridade, do amor e do perdão, que é “uma das obras de misericórdia mais evidentes, embora talvez das mais difíceis de praticar” (Papa Francisco in Mensagem para a XXXI Jornada Mundial da Juventude). Desta forma, todos poderão experimentar a consolação, o perdão e a esperança de Deus; por outras palavras, todos conhecerão a misericórdia de Deus. Mas o mês não termina sem que também vivamos o amor de forma tão intensa como é a incarnação do filho de Deus: é o amor a habitar no meio da humanidade. E, desta forma, em cada um de nós e na nossa família. A Festa da Sagrada Família leva-nos a
Obrigado Senhor por teres escolhido Maria para mãe do teu filho Jesus e para nossa mãe. Que a exemplo da Sagrada Família, todas as famílias experimentem o amor e o respeito por cada um dos seus membros e saibam aceitar e cumprir a Tua vontade. Que as nossas atitudes ver na família de Jesus o modelo para manifestem o Teu amor, as nossas famílias. A família de Jesus e que os nossos corações viveu atenta à vontade de Deus; assim estejam sempre abertos ao perdão deve ser cada família. Maria e José para sermos testemunhas transmitiram a Jesus valores como da Tua misericórdia. o respeito, a obediência, a bondade e a partilha. Tal como Jesus, deves Pai-Nosso, Ave Maria, Glória… respeitar os teus pais e obedecer-lhes, dialogar com eles e seguir os seus conselhos; deves partilhar as tarefas de casa, pois, para além de participares na vida familiar, podes aproveitar para conviveres mais tempo com a tua família. É na família que amamos e nos sentimos amados, pois a família é o pilar fundamental da vida humana. E sabes como as famílias poderão ser felizes? Procurando viver à imagem da Sagrada Família.
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TEMPO JOVEM
A LÓGICA DA CONTRADIÇÃO Texto | ÁLVARO PACHECO
Todos andamos em busca de sentido para a vida, de experiências que nos realizem como seres humanos e filhos de Deus, de pessoas que connosco partilhem esta aventura chamada vida de uma forma próxima e profunda. Por isso estamos sempre a aprender com o que Deus nos oferece, com as escolhas que fazemos e com as experiências que partilhamos com os outros. De vez em quando, falando do sentido da vida, proponho às pessoas uma comparação entre a vida e um puzzle. As peças que fazem parte do puzzle da vida e da nossa felicidade são precisamente as que acabei de mencionar: Deus, os outros (família, amigos…), as experiências e escolhas que fazemos. E do muito que vamos aprendendo ao longo da vida há uma peça que nos faz uma certa confusão: a peça da contradição. Do ponto de vista meramente humano, há coisas que não deveriam ser como são, sobretudo as que são boas ou sabem bem, mas que, consumidas ou feitas de forma exagerada, acabam por fazer mal. No plano afetivo, a família, por exemplo, deveria ser a comunidade do amor, da partilha, da solidariedade e união… mas nem sempre é o caso. Bem pelo contrário: cada vez mais aparecem casos de famílias disfuncionais, onde a crise de valores tem consequências negativas e, em certos casos, trágicas. Porém, acredito que mesmo no meio de tanta contradição que encontramos na vida, há uma lição que devemos aprender: a de que a vida não é nossa a cem por cento, mas que dependemos de outros 26
Fátima Missionária
e outros dependem de nós e que tudo, mesmo as experiências negativas ou contraditórias, são parte de um processo de aprendizagem. Na dimensão da fé, as contradições também são muitas, sendo uma das mais comuns a seguinte: porque só morrem as pessoas boas? Mas comecemos pelo sujeito principal da nossa relação com Deus: Jesus Cristo. A vida dele está cheia delas, começando pelo seu nascimento numa manjedoura. Afinal, se era Rei porque nasceu em tais condições? Como profeta único e incomparável, poderia ter escolhido discípulos mais capazes, ter feito amizades com os grandes da sociedade e da religião, ter vivido mais anos e ter sido incrivelmente famoso e poderoso, mas escolheu um estilo de vida mais simples, servindo, amando, perdoando, consolando, contando parábolas chocantes como a do filho pródigo ou a do bom samaritano, lavando os pés aos discípulos e, a maior de todas, dando a vida na cruz por todos, condenado por ter feito somente o bem. A cruz é a maior das contradições que nele encontramos, do ponto de vista humano; mas a fé ajuda-nos a compreender a sua lógica e atitude de vida. Ele convidou alguns a segui-lo de mais perto, os quais tiveram de aprender a lógica da contradição, do amar os inimigos, do viver para servir e não para serem servidos, do amar e defender a dignidade e valor dos mais pobres e indefesos, de partilhar a vida com
eles, de serem como crianças… e de fazer a vontade de Deus Pai/Mãe. Sabemos que Cristo não terminou a sua missão e, como prova do seu grande amor e confiança na capacidade dos seus amigos e discípulos, enviou-os pelo mundo fora a dar continuidade ao seu projeto de amor, um projeto que está resumido na única oração que Ele nos deixou. Sabemos também que, dois mil anos depois, Ele continua ainda a ser um “ilustre desconhecido” para muitos povos e culturas, ou um “ilustre ignorado” para quem o conhece e deixou de seguir o seu método e estilo de vida. Num mundo que cada vez mais se afasta de Deus, que o tenta anular, a missão de Cristo é cada vez mais urgente e imperiosa. Sabemos que a “messe é grande e os trabalhadores são poucos”. Peçamos, como tal, ao Senhor da messe que envie operários, muitos e santos e que se apaixonem por este homem, encontrando na contradição da sua vida e nas contradições das suas próprias vidas a lógica e o método que conduzem à verdadeira felicidade. Sim, porque é de felicidade e união plena com Deus que nos fala o Evangelho, o qual não é um livro mas sim a própria pessoa de Jesus. Jovem, deixa-te questionar por este homem que dá sentido à tua vida, para que através de ti Ele dê sentido à vida de muitos.
SABEMOS QUE CRISTO NÃO TERMINOU A SUA MISSÃO E, COMO PROVA DO SEU GRANDE AMOR E CONFIANÇA NA CAPACIDADE DOS SEUS AMIGOS E DISCÍPULOS, ENVIOU OS PELO MUNDO FORA A DAR CONTINUIDADE AO SEU PROJETO DE AMOR
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SEMENTES DO REINO
COMO PREPARAR OS CAMINHOS DO SENHOR Texto | PATRICK SILVA Foto | PIERO ALBANESI
TODOS SOMOS CHAMADOS A PARTILHAR DO QUE SOMOS E TEMOS. SE NÃO VIVERMOS COMO IRMÃOS, SIGNIFICA QUE NÃO ACOLHEMOS DEUS COMO PAI. ESTE É O TEMPO OPORTUNO PARA A CONVERSÃO
João Baptista é o profeta do advento, aquele que serve de modelo para este tempo de espera, que é também tempo de conversão. Na verdade, este “estranho” profeta mostra como deve ser esse caminho de mudança, que passa pelo reconhecer o pecado e acolher aquele que vem em nome de Deus.
Leio a Palavra
Lucas 3, 1-6 Lucas antes de narrar a ação libertadora de Jesus, começa por apresentar o seu percursor, aquele que preparou a sua estrada. O evangelista quer ser muito preciso: não se trata de uma história qualquer, mas de um acontecimento que tem lugar num momento e local bem precisos. A promessa de Deus começa a sua realização com o anúncio deste homem que, no deserto, faz um apelo
à conversão. Esta é a hora da chegada do Salvador, e por isso os caminhos precisam de ser aplainados.
Medito a Palavra
Dois elementos visuais caracterizam a missão de João Baptista: o deserto e o rio Jordão. O deserto a recordar o êxodo, quando o povo deixou a escravidão; o rio Jordão a recordar a terra prometida. Ou seja, o povo ainda não está nessa terra prometida. A sua missão será, então, levar à verdadeira promessa. E para isso prepara o caminho, que leva ao verdadeiro libertador, Jesus Cristo. Os que aceitarem a sua via, precisam de passar por um batismo de penitência, precisam de conversão, precisam de mudar os seus paradigmas, porque é impossível acolher a salvação, se se continua a pensar da mesma maneira.
Rezo a Palavra
Senhor, ajuda-nos a ir até ao deserto, para aí experimentarmos o que é essencial, deixando de lado tudo o que impede de caminhar pela estrada da verdadeira liberdade. Toca as nossas mentes para que possam discernir que, sem mudança, sem conversão, jamais se poderá acolher Jesus.
Vivo a Palavra
João Batista é o profeta que nos ajuda na preparação a acolher o Senhor: ele pede a conversão dos pecados e anuncia que está a preparar o caminho do regresso do exílio. Ele encarna as condições necessárias para encontrar Jesus, já que ele realiza os desejos de justiça, liberdade e fraternidade, ou seja, é uma síntese da mensagem bíblica. Converter-se a Deus como Pai é acolher o irmão. Todos somos chamados a partilhar do que somos e temos. Se não vivermos como irmãos, significa que não acolhemos Deus como Pai. Este é o tempo oportuno para a conversão. 28
Fátima Missionária
A PALAVRA FAZ SE MISSÃO
DEZEMBRO
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2º DOMINGO DO ADVENTO BAR 5, 1 9; FL 1, 4 11; LC 3, 1 6
CAMINHOS NOVOS
Vem aí o Salvador. Que devemos fazer? Abrir-lhe a porta, escutar a sua voz e acolher o programa de vida que nos traz. É uma vida nova que Ele quer recriar em nós. Não haverá porventura em mim e em ti áreas da vida a evangelizar, a converter, a endireitar?
Que a minha vida, Senhor, seja terreno sagrado da tua passagem.
08
IMACULADA CONCEIÇÃO GEN 3, 9 15; EF 1, 3 12; LC 1, 26 38
O SONHO DE DEUS
Maria é o mais belo retrato do nosso Deus. Conhecendo-a e amando-a, podemos conhecer e amar a Deus que a fez. A sua beleza reflete-se em nós, perturbados e manchados pelo pecado. Olhando para ela, nasce em nós a nostalgia de tudo o que é belo, bom e santo.
Que Maria imaculada preencha a nossa vida com o perfume das suas virtudes.
13
3º DOMINGO DO ADVENTO SOF 3, 14 18; FL 4, 4 7; LC 3, 10 18
E NÓS QUE DEVEMOS FAZER?
Perguntam as pessoas a João Baptista. E a resposta foi clara e concreta: “Quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem; e quem tem comida faça o mesmo”. Que esta palavra entre nas nossas vidas e ponha harmonia, isto é, justiça, onde ela não existe.
Dá-me, Senhor, da tua abundância, e ensina-me a dar mais do que a receber.
20
4º DOMINGO DO ADVENTO MIQ 5, 1 4; HEBR 10, 5 10; LC 1, 39 48
DEUS VISITA O SEU POVO
A visitação de Maria é o grande encontro de Deus com o seu povo, primícia de todas as bênçãos que traz para o mundo. Hoje, tal como ontem, é Maria quem nos oferece Jesus para o conhecermos e amarmos. Mais: para o testemunharmos e anunciarmos.
A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador.
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NATAL DO SENHOR IS 9, 1 6; TITO 2, 11 14; LC 2, 1 14
ENTRA NA GRUTA DE BELÉM
Entra, também tu, na gruta de Belém e deixa que Maria deposite nos teus braços essa criança recém-nascida. Que Cristo nasça na tua vida. Inunde a tua vida com a sua paz. Ilumine os teus caminhos, aqueça o teu coração, encha a tua solidão.
Resplandeça em nossas obras o que pela fé brilha em nossos corações.
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QUE AS FAMÍLIAS, SOBRETUDO AQUELAS QUE SOFREM, ENCONTREM NO NASCIMENTO DE JESUS UM SINAL DE ESPERANÇA SEGURA
ESPERANÇA SEGURA “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor”. São palavras sábias do Papa Francisco. A Sagrada Família de Nazaré é o espelho de todas as famílias. Aí encontramos o silêncio amoroso da mãe, o trabalho silencioso do pai, o amor respeitoso do filho. Com o amor recíproco e o mútuo interesse. Cada um vive para o outro e todos para Deus. E todos crescem em sabedoria, em comunhão e em graça de Deus.
FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA 1 SAM 1, 20 28; 1 JO 3, 1 2.21 24; LC 2, 41 52
O TESOURO DA FAMÍLIA
A família é um tesouro e um mistério de amor: amor nupcial, amor materno e paterno, amor filial e fraterno. Só o amor constitui essa liga de ouro que a valoriza e a mantém unida. Se a família fracassa, é porque veio a faltar o amor.
Que as famílias retornem, Senhor, ao teu projeto inicial, e bebam na fonte do Deus que é amor. DV
INTENÇÃO PELA EVANGELIZAÇÃO
Mas há famílias que sofrem. Porque se fragilizaram até ao ponto de se romperem. Porque se veem privadas do pão para a boca dos filhos ou do emprego que dá dignidade, e dos direitos mais elementares. Que estas famílias, fortemente provadas, encontrem no nascimento de Jesus um sinal de esperança: Deus, que não dorme, está no meio de nós para defender o pobre e o oprimido. DV
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Fátima Missionária
PORQUE É QUE SE CHAMA “EVANGELHO” A NARRATIVA SOBRE JESUS? Laurinda Mendes | Tomar
“Evangelho” é uma palavra grega que significa “Boa notícia”. Quer isso dizer que as quatro narrativas (evangelhos) sobre o nascimento, a vida, a morte e a ressurreição de Jesus são a mais bela notícia do mundo. Escritas no primeiro século do cristianismo, elas testemunham que Jesus de Nazaré, um israelita nascido em Belém, na Palestina, é o “Filho do Deus Vivo” (Mt 16, 16). Sem os evangelhos não saberíamos que Deus, por amor infinito, enviou o Seu Filho ao mundo, para que os homens, feridos pelo pecado, encontrassem o caminho do regresso à comunhão com Deus. Em Jesus, Deus tornou-se verdadeiramente um de nós e, portanto, nosso irmão. Assumiu a nossa carne humana e mortal, participou da nossa sorte terrena, dos nossos sofrimentos e da nossa morte, tornando-se em tudo igual a nós, exceto no pecado. Tudo isso é narrado nos evangelhos que nos dizem que Deus nos ama e quer que sejamos felizes. É por isso que dizemos que o Evangelho, mais do que um livro para colocar na prateleira, é Jesus vivo que nos ensina a viver como pessoas felizes. DV
GOSTEI DA INOVAÇÃO Abri agora mesmo a FÁTIMA MISSIONÁRIA e gostei da inovação. É uma revista moderna e atual que nos mostra o vosso trabalho de “Missão”. Sou assinante também da revista Além-Mar há pelo menos 35 anos; conheço portanto e admiro muito o grande trabalho dos missionários. Penso que é muito barata a Fátima Missionária e este cheque é uma pequena migalha, mas espero poder continuar a colaborar mais algum tempo, apesar dos meus 82 anos… Peço a vossa oração caridosa. Maria Gabriela
SOPRAM NOVOS VENTOS Como sempre lhes tenho dito, admiro e estimo muito a revista FÁTIMA MISSIONÁRIA. É tão atual e tão dentro do espírito do nosso querido Papa Francisco, que nos ajuda muito também a entrar nesta revolução tão urgente que ele quer operar dentro da Igreja. Revolução que não é mais que renovação e retorno ao Evangelho. (…) Os artigos da revista também me têm ajudado a entender melhor essa urgência de conversão do meu coração. Deus nos ajude a continuar abertos e atentos aos novos ventos que sopram dentro da Igreja. Maria Emília
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VIDA COM VIDA
PADRE BARTOLOMEU RASETTO
AMAR A SORRIR
Texto | AVENTINO OLIVEIRA Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Não é fácil esquecer aquele sorriso de lábios fechados e rosto calmo de júbilo que eram propriedade privada do padre Bartolomeu. Convivi com ele no Canadá, o que foi sempre um grande prazer para mim. Bartolomeu nasceu em 1925 perto de Turim, Itália, e entrou aos 17 anos para o Seminário da Consolata. Na carta em que pedia aos superiores a graça de ser ordenado sacerdote (1950), escreveu: “Salvar uma alma, fazer um pessoa eternamente feliz… atrair muitas almas que ainda vivem nas trevas do paganismo para as conquistar para Jesus”. Palavras estas que fariam rir uma catrefa de gente da Igreja de hoje, gente que parece já ter traduzido para maneiras mundanas de fazer as coisas o mandamento claro do Senhor Jesus (cf. Mat 19, 20). Chegara o tempo de partir para a missão: seis anos no Canadá e os restantes na Colômbia onde trabalhou na pastoral e na formação e direção espiritual nos seminários da Consolata. Do Caquetá, zona colombiana de grandes dificuldades, escrevia ao Superior Geral: “As dificuldades servem para fortalecer a nossa têmpera e para amarmos a Deus de coração sincero. Sinto-me satisfeito, e vejo grandes esperanças para o futuro do apostolado nesta terra. A malária já me levou às portas da morte, mas até 32
Fátima Missionária
agora perdeu a batalha; fiquei convencido de que tudo é palha e só palha, e que só a eternidade permanece”. Ao fazer 50 anos de profissão religiosa, escrevia ao padre Provincial: “Até parece um sonho! Passei oito dias de retiro a meditar sobre as abundantes bênçãos e graças que Deus me deu, apesar dos meus altos e baixos. Mas Deus lá foi fechando os olhos aos meus defeitos, e deu-me um bom empurrão para que chegasse até hoje. Graças sejam dadas à nossa Mãe Consolata e ao beato Allamano que sempre me assistiram”. A saúde ia fraquejando. No dia 19 de maio de 2001 foi internado de urgência no Hospital de Santo Inácio de Bogotá. Nessa mesma noite sofreu três enfartes, e na sexta-feira, 25 de maio, voou a sua alma para o Criador que tanto amara e servira. Homem simples, foi um missionário muito amante do povo de Deus, à custa do sacrifício da sua vida. Que lá no Céu continue a cochichar as suas piadas brincalhonas em prol da felicidade universal. E que, entre um sorriso e outro, se não esqueça de nós.
O QUE SE ESCREVE
IDE E CURAI Evangelizar o mundo da saúde e da doença
FRANCISCO DE ASSIS Renovador da Humanidade
O ESPÍRITO DO NATAL Edição com a inclusão de novos textos
Diz Vítor Melícias no prefácio que Francisco de Assis é porventura o mais biografado de todos os santos da Igreja e um dos homens mais imortalizados na arte, na literatura, na onomástica e na poesia. Este livro adquire particular relevo porque foi escrito por Guedes de Amorim, um jornalista e escritor, por influência de São Francisco convertido de um agnosticismo marxizante a um catolicismo militantemente franciscano, e que teve a intuição de captar a dimensão humanista e a capacidade renovadora de quem “pelos pobres se fez pobre”.
“Deus está ao alcance de todos os que se deixam desinstalar pela pedagogia do presépio, acolhendo-a como caminho transformador da vida”, diz o Papa Francisco neste livro, pequeno, mas provocador. Ilustrado com gravuras, apresenta uma série de homilias e reflexões suas enquanto cardeal de Buenos Aires e já como Pontífice, sobre o significado, a importância e o espírito do Natal. Indispensável para preparar e viver profundamente tão bela festa.
Autor: Guedes de Amorim 480 páginas | preço: 18,90 € Paulus Editora
Por causa da qualidade dos seus textos, Pagola tem em Portugal, como por tantos lados do mundo, muitos leitores. É um sacerdote e teólogo espanhol apaixonado por Jesus. Os seus numerosos escritos, cursos e conferências são seguidos por uma infinidade de crentes e não crentes. Ao enviar os Doze, nos evangelhos sinópticos, Jesus associa estreitamente o anúncio do Reino à cura dos doentes. “Ide e curai” é um livro indispensável para quem trabalha no mundo dos doentes. Partindo da atuação de Jesus, propõe-se inspirar quem está ao serviço dos que sofrem e, numa atitude cristã, cuidar dos que não têm cura, proporcionando uma morte tranquila.
de enorme interesse. Foi a obra de Antero de Figueiredo que mais sucesso alcançou, aquela que mais edições conheceu e que mais traduções teve. Sem ser uma história das aparições, embora sejam largamente referidas, este livro é um texto de bom recorte literário e de profunda espiritualidade e, sobretudo, um enorme contributo para o conhecimento de Fátima.
Autor: José Antonio Pagola 310 páginas | preço: 19,90 € Paulus Editora
Autor: Antero de Figueiredo 190 páginas | preço: 12,90 € Paulus Editora
FÁTIMA
Graças Segredos Mistérios É um livro
Autor: Papa Francisco 126 páginas | preço: 7,50 € Paulus Editora
CELEBRAR A MISERICÓRDIA Subsídio litúrgico
O Jubileu da Misericórdia, que começa já a 8 de dezembro, deve ser sobretudo celebrado. Entre os instrumentos pastorais para que cada um se prepare para viver bem este Ano Santo não podia faltar este subsídio litúrgico que, ao oferecer algumas sugestões preciosas, quer ser um auxílio concreto para uso de todas as comunidades diocesanas e religiosas, paróquias e santuários. É de aproveitar. Autor: Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização 128 páginas | preço: 8,90 € Paulus Editora
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MEGAFONE
POR ALBINO BRร S
โ EIS O Nร CLEO DO EVANGELHO E DA NOSSA Fร : A MISERICร RDIA ร A FORร A QUE TUDO VENCE, ENCHE O CORAร ร O DE AMOR E CONSOLA COM O PERDร Oโ
PAPA FRANCISCO, BULA DE PROCLAMAร ร O DO ANO JUBILAR DA MISERICร RDIA
โ O PERDร O Nร O MUDA O TEU PASSADO, MAS O TEU FUTUROโ
LEONEL NARVAEZ, MISSIONร RIO DA CONSOLATA COLOMBIANO FUNDADOR DAS ESCOLAS DE PERDร O E RECONCILIAร ร O
โ QUANDO ODIAMOS ALGUร M, ODIAMOS NA SUA IMAGEM ALGUMA COISA QUE ESTร DENTRO DE Nร Sโ
HERMANN HESSE 1877 1962 , ESCRITOR ALEMร O
โ O HOMEM Nร O PODE DESCOBRIR NOVOS OCEANOS SE Nร O TIVER A CORAGEM DE PERDER DE VISTA A COSTAโ
ANDRร GIDE 1869 1951 , ESCRITOR FRANCร S
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Fรกtima Missionรกria
โ DE FORMA GERAL, NADA TEM VALOR QUANDO A VIDA HUMANA Nร O O TEMโ
SIMONE WEIL 1909 1943 , ESCRITORA E FILร SOFA FRANCESA
โ O HOMEM QUE COMETE UM ERRO E Nร O O CORRIGE COMETE UM ERRO MAIORโ
CONFร CIO 551 A.C. ย 479 A.C. , PENSADOR E FILร SOFO CHINร S
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POUCO ANTES DO NATAL Na mesa do faustoso restaurante, Ergui um altar novo e brilhante. Parti o pão, servi o vinho, Enfeitei a mesa com folhas de azevinho, Chamei todos os pobres do lugar. E, quando acabámos de cear, Vimos o que jamais tínhamos visto: Sentado à nossa mesa estava Cristo. Fernando Henrique de Passos in Retábulo
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Fátima Missionária