Ano LXVI | Mensal | Janeiro 2020 Assinatura Anual | Nacional 7,00€ | Estrangeiro 9,50€
vida ativa
NAÇÕES unidas lançam desafio para o envelhecimento saudável missão hoje
dossier
Joaquim Gonçalves foi ordenado no mesmo ano e mês que Francisco
Alto Representante da ONU preocupado com hostilidade frente ao Islão na Europa
Missionário português Entrevista a diplomata em jubileu com o Papa da Aliança das Civilizações
Mãos à obra
Maternidade na Tanzânia reduz partos em casa Unidade atual tem apenas uma cama disponível para toda a comunidade
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Um abraço entre a fé e a vida
SUMÁRIO
Nº 01 Ano LXVI Janeiro I 2020 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt
FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial Eugénio Butti Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 20.400 exemplares Diretor Albino Brás Diretor Executivo Francisco Pedro Redação Albino Brás, Francisco Pedro, Juliana Batista Colaboração Aventino Oliveira, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Darci Vilarinho, Elísio Assunção, José Matias, Leonídio P. Ferreira, Luís Tomás, Osório Afonso, Simão Pedro, Teresa Carvalho Tobias Oliveira (Roma) Fotografia Arquivo, Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção Capa Edu Carvalho Contracapa DR Ilustração David Oliveira Design BAR Administração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€; Apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€; Avulso 0,90€ Pagamento da Assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) transferência bancária IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)
Estatuto editorial http://www.fatimamissionaria.pt/quem.php
P. 16 Espanha e Portugal entendemos “ Em melhor o que é o espírito muçulmano porque convivemos com eles “ 04 | EDITORIAl O tempo não espera
11 | ARTE COM HISTÓRIA O ‘Tipiti’ dos índios yanomami
05 | PONTO DE VISTA Será que uma velha macieira dá maçãs velhas?
12 | A MISSÃO HOJE Pragas ameaçam agricultura e biodiversidade
06 | HORIZONTES Ninguém fica para trás
13 | FÁTIMA INFORMA Peregrinação missionária apoia Amazónia
07 | DESTAQUE Governo promove uma Índia hindu 08 | MUNDO MISSIONÁRIO . Indonésia União para promover a harmonia inter-religiosa . Sudão do Sul Visita do Papa Francisco para relançar a reconciliação . Taiwan Mulheres asiáticas enfrentam desafios sem precedentes . Argentina Pacto social contra
a pobreza crescente
10 | A MISSÃO HOJE “Nunca perdi a coragem”
14 | ATUALIDADE Apelo à mobilização global para melhorar a vida dos idosos 22 | MÃOS À OBRA Nova maternidade ajuda a reduzir partos em casa 23 | OBJETIVA 24 | GENTE NOVA EM MISSÃO Atreve-te! 26 | TEMPO JOVEM Vale a pena lutar pela mudança 28 | SEMENTES DO REINO “Este é o meu Filho muito amado” 30 | LEITORES ATENTOS
TAREFAS PARA HOJE: ATUALIZAR A ASSINATURA DA FÁTIMA MISSIONÁRIA
31 | GESTOS DE PARTILHa 32 | VIDA COM VIDA Génio da imagem 33 | O QUE SE ESCREVE 34 | MEGAFONE
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editorial
O TEMPO NÃO ESPERA O que fazemos com o tempo que nos é dado? Como o gastamos? Um programa de informação da nossa televisão, que normalmente traz a debate temas tão previsíveis e graves como o da sustentabilidade do SNS, os limites do défice, os prós e contras da exploração do lítio, entre outros, levou-nos num programa recente a refletir sobre o tempo. O tempo? Mas, um programa inteiro para falar do tempo não será uma perda de tempo? Provou que não! Convidados de várias áreas do saber falaram sobre esse bem que todos consideram escasso, sobre a sua importância, o seu valor, o uso que lhe damos, de como o podemos preencher, aproveitar, desperdiçar e até manipular. Foram quase duas horas preciosas a falar sobre algo que afinal é fundamental na nossa vida: o tempo é cronologia, é espera, encontro, celebração, memória. E, no final, parece ter faltado tempo para discutir tudo o que o tempo significa. A Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz (1 janeiro 2020) é de leitura obrigatória. Procure-a na internet. Ele precisou de mais tempo para a pensar e escrever do que nós agora para a ler, tirar notas, refletir. Com o título “A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão pastoral”, o Santo
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Fátima Missionária
Padre dá-nos uma preciosa ajuda para projetarmos o ano novo que o primeiro de janeiro inaugura. É que já não nos bastam resoluções de ano novo que se resumam a deixar de fumar, começar a fazer exercício físico, voluntariado, e outras promessas mais ou menos vãs. Queremos ter tempo para cumprir o melhor de nós, no mundo, em 2020. E Francisco dá-nos substanciosas dicas. Diante das ameaças globais, almejamos paz. Quem não! E o Papa diz-nos que “o processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo”, “num caminho paciente de busca da verdade e da justiça”, um caminho de esperança face aos obstáculos e provações. Essa paz a que aspiramos passa pelo exercício do perdão e da reconciliação, pois “aumenta a nossa capacidade de nos tornarmos mulheres e homens de paz”, refere o Papa. Nos tempos que correm, a busca da paz passa também por uma ‘conversão ecológica’. Francisco implora que termine a “falta de respeito pela casa comum” e se evite a “exploração abusiva dos recursos naturais”, salvaguardando o respeito pelas “comunidades locais, pelo bem comum e pela natureza”. O tempo urge! ALBINO BRÁS
Nos tempos que correm, a busca da paz passa também por uma ‘conversão ecológica’. Francisco implora que termine a “falta de respeito pela casa comum” e se evite a “exploração abusiva dos recursos naturais”
PONTO DE VISTA
JOSÉ MANUEL PEREIRA DE ALMEIDA . DIRETOR DO SECRETARIADO NACIONAL DA PASTORAL SOCIAL .
SERÁ QUE UMA VELHA MACIEIRA DÁ MAÇÃS VELHAS? Ao iniciarmos em 2020 a Década do Envelhecimento Saudável, proclamada pelas Nações Unidas, gostaria de recordar a frase de Félix Leclerc que está por detrás do título deste artigo: “Não é por ser uma velha macieira que eu dou maçãs velhas”. Decerto, cada um de nós há de lembrar-se de alguma velha macieira; a par de outras árvores desse pomar, ela dava, na estação própria, depois das flores, os seus frutos. Belas maçãs. Novas em cada ano. Os cinco objetivos estratégicos a serem alcançados compreendem: o compromisso de todos os países em ações voltadas para o envelhecimento saudável da população; a criação de ambientes “amigos do idoso” nas cidades; o enquadramento dos sistemas de saúde para atender às necessidades dos mais velhos; o desenvolvimento de serviços de cuidados de longo prazo, como centros comunitários e instituições; o aperfeiçoamento da recolha e da monitorização dos dados. É um enorme esforço que também depende da mobilização de toda sociedade. Cada um de nós há de recordar-se de que, um dia, se tudo correr bem, seremos nós a encontrarmo-nos nessa situação. Portugal é o quarto país da União Europeia com maior percentagem de
pessoas idosas, ultrapassado apenas pela Grécia, Alemanha e Itália. Muito se tem feito entre nós mas, se calhar, não tudo o que é possível e, de certeza, tudo o que é necessário para cuidar dos idosos em Portugal. A Igreja que somos tem tido um papel insubstituível neste trabalho. Mas é importante que não se substitua a quem tem responsabilidades por cuidar do bem comum. Gostava de aproveitar esta oportunidade dada pela FÁTIMA MISSIONÁRIA para deixar duas notícias, uma delas em primeira mão: o Encontro de Pastoral Social de 2020 (20 a 22 de outubro, em Fátima) será exatamente sobre este tema. Procuraremos aprender e refletir, questionarmo-nos e inquietarmo-nos, para, a partir do conhecimento de boas práticas, reconhecendo o muito de bom que já se faz, continuarmos o caminho, realizando o que está por fazer. A outra é a de que se espera para breve a publicação de uma obra de grande fôlego – “Envelhecimento: uma abordagem multidimensional” – com contribuições de diversos especialistas numa perspetiva interdisciplinar, sob a coordenação das professoras doutoras Helena Rebelo Pinto e Joana Carneiro Pinto.
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horizontes
Ninguém Fica Para Trás Texto | Teresa Carvalho Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Àquela hora não havia muita gente no supermercado. Luísa percorria em passo acelerado os corredores onde sabia encontrar o que necessitava. A meio do percurso, alguém fê-la parar. – Porquê tanta pressa, Luísa? – António, há quanto tempo! Como vai tudo? – Graças a Deus estou muito bem... reformado, com tempo para fazer o que é preciso. A conversa continuou, num contraste de tempo entre os dois: Luísa a tentar acelerar o fim, e António, tranquilamente, a apreciar o momento. – Bom, preciso de ir porque o tempo corre. Cumprimentos à sua esposa – conclui Luísa, em jeito de despedida. – Ela vai ficar contente. Obrigada! Graças a Deus que a cabeça não foi afetada. – Mas aconteceu-lhe alguma coisa? – Sim, está acamada há quatro anos, depois de uma trombose. Não se consegue mover sozinha e não fala, mas continua a ser uma companhia extraordinária. Os olhos falam por ela. – Então, quem cuida dela? – Eu, claro! Sabe que eu servi na tropa, e havia uma máxima no meu batalhão: ninguém fica para trás! Se a Ângela está agora a precisar de mim, o meu lugar é fazer o que precisa ser feito. E se este é o meu lugar, quero ocupá-lo tão bem quanto eu for capaz. – E há quatro anos que vivem esta situação? Deve estar exausto! – De modo nenhum. Nos bocadinhos em que a Ângela não precisa de mim, vou à horta, sinto a vida a crescer, descobri uma paz que nunca tinha vivido. E quando chego ao pé da Ângela com algum produto da horta, e ela me lança aquele sorriso de espanto, eu sinto-me como se tivesse feito uma obra de arte. Sou abençoado. Luísa esqueceu a pressa. Estava perplexa com aquela visão da vida. António transmitia a paz de que falava e deixava escapar uma alegria instalada. – António, e a Ângela, como vive ela esta situação de dependência? – Sabe, Luísa, nós encontrámos um modo de felicidade que não tínhamos ainda descoberto. Aprendi a fazer tanta coisa nova, que antes era da responsabilidade da Ângela... e percebi quanto ela fez por mim, sem eu me dar conta. Hoje, dou-lhe muito mais valor e estou-lhe profundamente agradecido. E ela faz o mesmo comigo. Nestes quatro 06
Fátima Missionária
anos, mais do que todo o tempo em que vivemos juntos, aprendemos a apreciar cada momento. Passamos grande parte do tempo juntos a conversar e a rir. – Conversar? Mas afinal a Ângela fala? – Não com a boca, mas fala com os olhos. Já concluímos que por termos de usar os olhos para conversar, conhecemo-nos muito melhor, e sentimo-nos muito mais unidos. Hoje, amamo-nos de forma mais intensa. Luísa e António chegaram à caixa. António deu a Luísa, porque ela tinha pressa, o lugar dianteiro na fila. Mas Luísa perdera a razão da pressa. A pressa estava a impedi-la de viver o momento, tal como António acabara de lhe ensinar. No saco, Luísa levou os produtos que viera buscar. E, porque António se atravessou no seu caminho e não a deixou ficar para trás, Luísa levou também um jeito novo de olhar e de ouvir – com os olhos. Saiu dali decidida a apreciar o momento e perceber a paz e a bênção de aceitar o seu lugar, a fazer o que precisava ser feito, e adotando o lema de António: ninguém fica para trás.
destaque
Leis da nacionalidade excluem muçulmanos indianos
Governo promove uma Índia hindu
Texto | CARLOS CAMPONEZ Foto | LUSA
A recente aprovação, no Parlamento indiano, de uma lei sobre a nacionalidade a partir de critérios religiosos está a aprofundar o fosso entre hindus e muçulmanos e poderá estar a conduzir o país para a beira do abismo. Com a nova lei, o governo propôs-se regularizar a situação das pessoas que se instalaram no país, até 2015, muitas delas em consequência de perseguições religiosas de países vizinhos, como o Bangladesh, o Paquistão e o Afeganistão. A lei faz claramente alusão aos refugiados budistas, cristãos, hindus, parsis, jains e sikhs e não faz qualquer referência aos muçulmanos. Formulada nestes termos, representa não só uma rutura com os princípios constitucionais da laicidade do Estado, como se assume como uma medida visando claramente
os muçulmanos, que representam cerca de 200 milhões de pessoas no país. De resto, esta iniciativa está a ser vista como um ensaio para as intenções do governo para alterar a legislação sobre a nacionalidade, a Citizenship Amendment Bill, que data de 1955. Para já, a lei sobre a legalização dos refugiados exclui os rohingya, de religião muçulmana, que têm fugido das perseguições de que têm sido alvo no Estado vizinho de Myanmar (antiga Birmânia). Mas a medida insere-se numa série de outras, cujo alcance não pode ser ignorado. Em 2016, o governo do primeiro-ministro Narenda Modi, líder do Partido do Povo da Índia (o BJP), fracassou numa primeira tentativa de modificar a lei da nacionalidade. No entanto, ao obter, nas eleições do passado mês de maio, a maioria dos assentos
na câmara baixa do Parlamento, o primeiro-ministro Narenda Modi viu reforçada a sua legitimidade para levar adiante o seu projeto de fazer coincidir a identidade indiana com a religião hindu. Um dos primeiros sinais dessa política foi o de retirar, em agosto último, a autonomia política de Cachemira, uma região de maioria muçulmana que goza desse estatuto desde a fundação do Estado indiano.
Clima de tensão crescente
Do mesmo modo, o governo está a criar um Registo Nacional dos Cidadãos, tendo por base as regras que foram aplicadas no estado de Assam, no leste do país, e que já tiveram por resultado a exclusão de cerca de 1,9 milhões de pessoas, a maioria das quais muçulmanos, que enfrentam o risco de se tornarem apátridas e de lhes serem retirados os direitos de cidadania. Estas medidas, que têm suscitado manifestações por parte dos movimentos muçulmanos e defensores dos direitos humanos, têm vindo a agravar a tensão social, em particular entre muçulmanos e hindus. Diariamente, surgem novos exemplos dessas tensões. A última delas registou-se, coincidentemente, no próprio dia em que a câmara baixa do Parlamento aprovou as medidas de regularização dos imigrantes ilegais. Nesse dia, o Supremo Tribunal de Justiça autorizou a construção, em Ayodhya, no norte do país, de um templo hindu sobre uma antiga mesquita, que fora destruída em 1992 por nacionalistas hindus, o que gerou uma série de confrontos de que resultou a morte de cerca de três mil pessoas.
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mundo missionário
por ELÍSIO assunção
Costa de Marfim Clima de insegurança e medo assalta as populações. Medo ligado ao
suceder-se de conflitos devido a lutas pela posse da terra e pela ocupação ilegal das florestas. Os bispos costa-marfinenses anunciam uma semana de reflexão sobre reconciliação e paz, em vista das eleições em 2020.
Nicarágua Estudantes opõem-se à repressão contra a Igreja. “A Igreja não se toca”, pode ler-se em cartazes e painéis expostos nos portões da Universidade Centro-americana de Manágua. Uma centena de estudantes bloqueou as entradas às forças de segurança, contestando a repressão do governo contra a Igreja. Bolívia “Levantamos a voz para pedir a todos: Basta de morte!”
Basta de violência! Basta de sofrimento e dor!”. Os bispos da Bolívia apelaram à paz para que se coloque um ponto final à violência irracional que já causou numerosos mortos e feridos, cobrindo de luto a comunidade boliviana.
Vaticano “Eu amo a China; gostaria de visitar Pequim”. Na
viagem do Japão para Roma, o Papa Francisco confessou aos jornalistas que gostaria de ir a Pequim. Sobre Hong Kong, recordou que situações idênticas acontecem em várias partes do mundo. É urgente “chamar ao diálogo e à paz”.
Burkina Faso Grave crise destrói a região do Sahel. Violações dos
direitos humanos e atrocidades são quotidianas na região do Sahel. A insegurança invade vastas áreas do Mali, Níger e Burkina Faso. Neste país, a violência dos grupos armados jihadistas regista um balanço trágico: desde 2015 até hoje já se contam cerca de mil mortos e meio milhão de deslocados e refugiados.
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Fátima Missionária
Indonésia
União para promover a harmonia inter-religiosa
O governo da Indonésia e os líderes religiosos intensificam o empenho para promover o diálogo inter-religioso no país. O Centro para a Harmonia Religiosa, do Ministério da Religião, promoveu um encontro em Jacarta, que juntou 50 delegados de vários credos, com o objetivo de encontrar caminhos para reforçar a harmonia religiosa na sociedade indonésia. “É o esforço contínuo de todos os líderes religiosos do país em trabalhar pela paz, harmonia e solidariedade”, afirmou Maxi Paat, leigo católico que participou no encontro. Um líder muçulmano, Ahmad Astamar, confirmou: Hoje mais do que nunca, a sociedade indonésia deve promover o diálogo inter-religioso a todos os níveis, porque as forças da intolerância religiosa crescem continuamente”. Ultimamente repetem-se no arquipélago incidentes de violência provocados pela intolerância religiosa de grupos terroristas e jihadistas. De maioria muçulmana, a Indonésia conta com uma população de 263 milhões de habitantes.
Sudão do Sul
Visita do Papa Francisco para relançar a reconciliação
Sem data ainda marcada, o Papa Francisco já manifestou, repetidas vezes, o desejo de visitar o Sudão do Sul: “O povo sul-sudanês tem sofrido demasiado nos últimos anos e deseja com grande esperança um futuro melhor, sobretudo o fim definitivo dos conflitos e uma paz duradoira”, afirmou, apelando à reconciliação do país. Segundo o bispo de Tombura Yambo, Edwardo Kussala, a provável visita será uma missão que “reunirá todas as comunidades cristãs do país”, possivelmente no decorrer de 2020. O Papa Francisco, o arcebispo de Cantuária e o líder da Igreja presbiteriana da Escócia estiveram reunidos, em Roma, com os líderes políticos do país e comprometeram-se a “acompanhar o povo do Sudão do Sul até que o país consiga alcançar uma paz duradoira”.
MUNDO MISSIONÁRIO
TAIWAN
MULHERES ASIÁTICAS ENFRENTAM DESAFIOS SEM PRECEDENTES
Mais de 250 mulheres cristãs asiáticas, provenientes de toda a Ásia, participaram, em Taiwan, numa assembleia ecuménica, organizada pela Conferência Cristã da Ásia (CCA). “A assembleia oferece uma plataforma às mulheres das diversas confissões cristãs e às organizações ecuménicas femininas”, afirmou Mathews Chunakara, secretário-geral da CCA. O encontro aconteceu “num momento crítico, em que as mulheres de muitos países da Ásia continuam a enfrentar desafios sem precedentes, que têm a ver com as discriminações e os obstáculos à igualdade de género”. E acrescentou: “A participação das mulheres em todos os âmbitos da vida civil, social e religiosa é obstaculizada pelas leis e pelas culturas dos diversos contextos asiáticos”. É urgente “encorajar e envolver ativamente as mulheres na Igreja e na sociedade para oferecer um contributo à reconciliação e à renovação”.
ARGENTINA
PACTO SOCIAL CONTRA A POBREZA CRESCENTE
O segundo maior país da América do Sul conta 16 milhões de pobres, sobre uma população de 36 milhões. Antes da tomada de posse do novo Presidente Alberto Fernández, ocorrida a 10 de dezembro último, a Igreja da Argentina promoveu um encontro com os mais importantes grupos sociais, mostrando-se disponível para colaborar num eventual pacto social a favor dos mais pobres. Todos sublinharam a importância deste espaço de encontro, de diálogo e de propostas para vencer a enorme crise económica e social que a Argentina atravessa. Segundo um relatório da Universidade Centro-americana, a crise agravou-se nos últimos dois anos, com a queda dos salários, a recessão e a desvalorização da moeda. Em 2019, a pobreza progrediu e afetou cerca de 15 por cento da classe média argentina. Recorde-se que quatro em cada 10 argentinos são pobres.
TOBIAS OLIVEIRA MISSIONÁRIO PORTUGUÊS DA CONSOLATA EM ROMA
JUBILEU PAPAL Não há católico em Roma a quem tenham passado despercebidas as bodas de ouro sacerdotais do Papa Francisco. O festejado, porém, viveu esse seu dia jubilar em ação de graças e sem grandes exteriorizações. Eu fui seguindo de perto desde o início de dezembro as informações vindas da Santa Sé na esperança de ver anunciado o programa dos festejos, mas esse anúncio nunca foi feito porque o festejado preferiu viver o seu jubileu sacerdotal na intimidade com Jesus sumo e eterno sacerdote. Embora eu resida a dois passos do Vaticano, não pude ir cantar o “parabéns a você”, mas nem por isso fiquei desiludido. Recordo que o Santo Padre, desde o primeiro dia do seu pontificado nos vem continuamente pedindo uma prenda que não é só prenda de anos mas dádiva de todos os dias: “Por favor, não se esqueçam de rezar por mim!”. Não lhe neguemos essa prenda, porque para lha entregar não é preciso estar em Roma nem ter encontro marcado. É Jesus em pessoa quem lha entrega em nosso nome. Tivemos a fortuna, já lá vão quase sete anos, de ver elevado à cátedra de São Pedro este Papa, o padre Jorge Bergoglio, que há precisamente meio século, a 13 de dezembro de 1969, foi ordenado sacerdote.
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a missão hoje
“Nunca perdi a coragem”
Joaquim Gonçalves celebra 50 anos de ordenação sacerdotal. Regressado do Brasil, onde esteve nos últimos 40 anos, dá voz a memórias desta longa caminhada missionária Texto e foto | ALBINO BRÁS
Joaquim Gonçalves tem uma coisa em comum com o Papa Francisco, figura que muito admira. Foram ordenados no mesmo ano e mês, e com poucos dias de diferença: Jorge Bergoglio a 13, e ele a 20 de dezembro de 1969. Um jubileu partilhado, que encerra ainda outra coincidência: a vocação de ambos nasceu no Sacramento da Confissão. Joaquim sentiu-se tocado por uma confissão que fez na Consolata, aos 11 anos, em Fátima. No fim, leu um papel que o padre lhe deu sobre os passos da vocação. Aquilo mexeu com ele. E entrou no Seminário da Consolata, em 1954, quase aos 14 anos. Na Argentina, Bergoglio entra numa igreja, confessa-se a um sacerdote e aquela confissão desperta-lhe a vocação, – conta-se numa biografia. 10
Fátima Missionária
Os primeiros tempos do Joaquim no seminário não foram fáceis. Era irrequieto. Um padre quis mandá-lo embora: “Amanhã fazes a mala e vais-te embora!”. Triste, foi para a cave rezar o terço. O padre Aldo Mongiano, encontrando-o ali, choroso, tranquilizou-o. “Eu não quero perder nem o pão, nem o vinho, nem o chouriço da tua família”, referindo-se aos produtos que a sua mãe lhes levava sempre que ia a Fátima. “Eu não te deixo ir embora!”, disse. Agora, afirma em tom de brincadeira: “‘pão, chouriço e vinho’ foi o preço da minha vocação!”. E até agradece aquele episódio: “passei a ser mais disciplinado”. Recorda com saudade o tempo em que estudou Teologia, em Roma, onde experimentou os novos ventos do
ARTE COM HISTÓRIA
“NÃO IMAGINAVA NA MINHA VIDA PERCORRER TANTOS LUGARES, APESAR DA MINHA SAÚDE FRÁGIL. NUNCA PERDI A CORAGEM! O MEU SENTIMENTO É DE AÇÃO DE GRAÇAS MUITO GRANDE”
O ‘TIPITI’ DOS ÍNDIOS YANOMAMI INICIAMOS ESTA RÚBRICA “ARTE COM HISTÓRIA” VIAJANDO ATÉ À AMAZÓNIA ATRAVÉS DE UM PECULIAR OBJETO DESIGNADO, EM DIALETO YANOMAMI, POR ‘TIPITI’ Texto | GONÇALO CARDOSO
Concílio Vaticano II, que ali decorria. A preparação para o sacerdócio, já como diácono, decorreu na Alemanha, nas minas de carvão, em Essen (Baixa Renânia), onde trabalhou com muitos emigrantes clandestinos: libaneses, italianos, portugueses. “Foi uma experiência muito enriquecedora”, recorda. A ordenação, foi em Roma: “Queria estar próximo das pessoas com as quais trabalhei na pastoral: os presos, sem-abrigo, idosos e doentes”. Após a ordenação, trabalhou alguns anos em Portugal, na animação missionária e vocacional (AMV), foi diretor desta revista e foi também Superior Regional. Mais tarde seguiu para o Brasil, onde passou mais de 40 anos da sua vida missionária. Ali, percorreu muitas realidades e missões diversas. Trabalhou na AMV, foi formador, fez pastoral paroquial, evangelização e promoção humana em algumas favelas; teve cargos de relevo na Consolata – foi Superior Regional – e em organismos nacionais ligados aos direitos humanos e à justiça e paz; mediou conflitos. Trabalhou na maior favela de São Paulo (Heliópólis, 80 mil habitantes), visitando casa por casa, e chegou mesmo a celebrar missa “em cima de um fogão”. Diz que conseguiu “unir profundamente a evangelização e a promoção humana”. “Não imaginava na minha vida percorrer tantos lugares, apesar da minha saúde frágil. Nunca perdi a coragem! O meu sentimento é de ação de graças muito grande”, conta à FÁTIMA MISSIONÁRIA este missionário da Consolata nascido a 6 de fevereiro de 1941, numa aldeia (Outeiro da Ranha) do município de Pombal. Agora que voltou a Portugal, diz precisar “de renascer” para se “readaptar às circunstâncias daqui”. Entretanto, continua a celebrar os 50 anos de sacerdócio: na sua terra, noutras comunidades e paróquias, e até já foi a Roma, onde concelebrou com o Papa Francisco, num abraço de cumplicidade jubilar e sacerdotal.
O ‘Tipiti’ é, na realidade, uma prensa de mandioca, feita de casca de arumã, onde é colocada a mandioca ralada para extrair o tóxico ácido hidrociânico, através de um sistema de alavanca que distende o cesto, deixando a massa bem seca. Os índios yanomami habitam na Amazónia brasileira e venezuelana, alimentando-se através da caça, dos frutos que apanham na floresta, mas também da pesca, embora não seja tão frequente. Dependendo da região, os principais animais são: antas, caititus, pacas, cutias, tatus, tamanduás, macacos, preguiças, esquilos, mutuns, jacaminas, cujubins, inhabus, araras, papagaios, jacus e tucanos. Além destes, outras fontes de alimento são alguns tipos de lagartas, insetos, rãs, antas, mutuns, caranguejos, jabutis, tracajás e jacarés, mel e ovos. Outra atividade muito importante para os índios yanomami é a coleta feita pelos homens e mulheres, onde cada família cultiva a sua própria roça. Os produtos principais são o cultivo da banana e da mandioca, mas existem outros produtos como: açaí, bacaba, buriti, patauá, pupunha, cajuí, ataperebá, cajá, ingá e sororoca.
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a missão hoje
2020 – Ano Internacional da Fitossanidade
Pragas ameaçam agricultura e biodiversidade problema são as pragas e doenças exóticas, incluindo as que ainda não chegaram e que podem ter impactos potencialmente devastadores quando introduzidos em novos ecossistemas. São precisamente estas pragas e doenças cuja propagação devemos prevenir. Para além de evitar custos brutais com as perdas diretas e indiretas, os prejuízos para o ambiente podem ser muito significativos à custa do uso de pesticidas desnecessários se essas ameaças não estivessem presentes. Mais ainda, o tempo despendido no combate é também significativo e tem um custo elevado. Ao impedir a introdução de pragas, não apenas se protege a agricultura e silvicultura, mas também a biodiversidade. Texto | FRANCISCO FERREIRA* Foto | LUSA
a lagarta do outono, originária das Américas, foi introduzida recentemente na África e depois na Ásia. Só em África os prejuízos atingiram já milhares de milhões de dólares, ameaçando a produtividade agrícola
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Fátima Missionária
As Nações Unidas declararam 2020 Ano Internacional da Fitossanidade, no quadro dos trabalhos da Convenção Internacional para a Proteção das Plantas, um tratado aprovado na 6.ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 1951. Efetivamente, a produção agrícola é limitada por condições climáticas, mas as alterações em curso e o aumento dramático do comércio internacional ampliaram os riscos de que pragas e doenças invasoras de plantas possam ser introduzidas na agricultura, florestas e ambiente de países longínquos da sua origem e se possam depois estabelecer permanentemente. Prevenir a disseminação de tais organismos é um desígnio internacional que requer a colaboração de todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como de todas as regiões do mundo. Quem trabalha na agricultura e na floresta sabe muito bem como lidar com pragas e doenças autóctones. O principal
Em Portugal, as pragas e doenças exóticas introduzidas são as que mais prejuízos causam à floresta. O nematode da madeira do pinheiro no final do século passado foi provavelmente o maior problema de fitossanidade que afetou as florestas portuguesas com prejuízos diretos associados à mortalidade dos pinheiros, mas também ao impacte da proibição de exportação da madeira. A broca do eucalipto e o gorgulho desfolhador são exemplos que nas últimas décadas têm afetado uma das espécies a que está associado um maior rendimento, o eucalipto. À escala mundial, a lagarta do outono, originária das Américas, foi introduzida recentemente na África e depois na Ásia. Só em África os prejuízos atingiram já milhares de milhões de dólares, ameaçando a produtividade agrícola e exigindo que a comunidade internacional e a FAO gastassem enormes quantias de dinheiro para ajudar os países africanos e asiáticos a lidar com o problema. *Presidente da Associação Ambientalista Zero Texto conjunto Missão Press
FÁTIMA INFORMA
Peregrinação missionária apoia Amazónia Bispo de Tete vai presidir à Peregrinação da Família Missionária da Consolata que reunirá fundos para formar jovens indígenas Texto | JULIANA BATISTA Foto | DR
Diamantino Antunes, primeiro missionário da Consolata português a ser ordenado bispo, vai deixar temporariamente a diocese que acompanha em Moçambique para se deslocar a Fátima para presidir à 30.ª Peregrinação da Família Missionária da Consolata, a 15 de fevereiro. Será a sua primeira deslocação a Portugal depois de em maio de 2019 ter sido nomeado bispo de Tete, uma diocese maior que Portugal, onde já visitou todas as paróquias. “Sinto-me um felizardo. É um privilégio presidir à peregrinação. Ser cristão é estar em missão e pretendo levar fogo missionário, para que os peregrinos saiam mais animados na fé”, adiantou Diamantino Antunes. A peregrinação deverá reunir cerca de seis mil pessoas, e a vigília jovem, na noite anterior, deverá juntar cerca de 300 participantes. A jornada vai
Música na basílica
Os músicos do Aeternum Vocal Ensemble atuam na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima dia 12 de janeiro. Antes do momento musical, Sandra Bartolomeu dinamiza a palestra “Fátima: viver nessa luz que é Deus”. O recital e a palestra dão forma à iniciativa “Encontros da Basílica”, que decorre das 15h30 às 16h30.
Aprender a orar
O segundo módulo da “Escola de oração”, dinamizada pela Ordem dos Carmelitas Descalços, realiza-se de
Diamantino Antunes, primeiro missionário da Consolata português a ser nomeado bispo, preside à Peregrinação anual
decorrer com o tema “Atreve-te a seguir Jesus” e será uma ocasião para celebrar os 30 anos da beatificação de José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata. Além da Eucaristia, a peregrinação conta com momentos animados por jovens e vai reunir fundos para o
projeto anual dos Missionários da Consolata em Portugal, que visa formar indígenas na Amazónia brasileira. “A peregrinação celebra o gesto das tantas pessoas que nos apoiam para ajudarmos os inúmeros projetos por esses países fora, naqueles países que são pobres e onde falta tanta coisa”, refere Simão Pedro, sacerdote missionário da Consolata.
17 a 19 de janeiro, com o tema “O crescimento interior”. A iniciativa decorre na Casa Domus Carmeli, com a participação de cerca de 80 pessoas.
Voltados para os pastorinhos
O Santuário de Fátima dinamiza a iniciativa “Um dia com o Francisco e a Jacinta”, a 18 de janeiro, entre as 10h00 e as 16h00. A proposta é especialmente dirigida a crianças e visa ajudar os mais novos a conhecer “Jesus escondido” e os seus amigos. A iniciativa culmina com um momento de agradecimento na Capelinha das Aparições.
Agenda
JANEIRO
Dia 05 Encerramento da exposição “Sem título – Pintura de Jacinto Luís”, no Consolata Museu Dia 31 Peregrinação da Federação Portuguesa de Pueri Cantores
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o envelhecimento saudável “pode ser uma realidade para todos”, desde que deixe de considerar-se como a mera ausência de doença e passe a fomentar-se a capacidade funcional que permite aos idosos serem e fazerem o que têm razões para valorizar
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ATUALIDADE
Apelo à mobilização global para melhorar a vida dos idosos
Vem aí a Década do Envelhecimento Saudável. O desafio, lançado pela Organização Mundial de Saúde, visa mobilizar governos, sociedade civil, profissionais, organizações e instituições em torno de um objetivo comum: melhorar a vida das pessoas idosas, das famílias e das comunidades onde vivem
Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | DR
O projeto nasceu para alterar mentalidades e foi um dos escolhidos como exemplo de boas práticas para o envelhecimento ativo e saudável na região Centro. Todos os meses, alguns seniores do Centro Social de Oiã, em Aveiro, realizaram estágios pontuais em diferentes empresas do concelho, e provaram, com a sua determinação e experiência, que os mais velhos não devem ser encarados como ‘fardos’ que apenas consomem tempo e recursos, mas como pessoas que já tiveram um percurso pessoal e profissional, que conhecem muitas das soluções e têm o direito de prosseguir o ciclo da vida de forma ativa, equilibrada e saudável. Projetos como este têm-se multiplicado um pouco por todo o país, mas muito há ainda a fazer, não só em Portugal, mas em todo o mundo, para conseguir que o envelhecimento passe de um desafio a uma oportunidade. Isso mesmo é admitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ao consagrar o
próximo decénio (2020/2030) como a Década do Envelhecimento Saudável. “Para promover um envelhecimento saudável, será necessário introduzir mudanças fundamentais, não apenas nas ações que realizamos, mas também no modo de pensar, sentir e comportar diante da velhice e do envelhecimento. O preconceito e a discriminação contra as pessoas devido à idade são altamente prevalentes e insidiosos e têm efeitos prejudiciais à saúde e à participação. Os omnipresentes estereótipos milenares que mostram os idosos como frágeis, onerosos e dependentes, não são apoiados por evidências e restringem a capacidade da sociedade de reconhecer e libertar o potencial humano e o capital social intrínseco às populações de mais idade. Essas atitudes negativas também influenciam a tomada de decisões, as escolhas de políticas públicas, e as atitudes e comportamentos da sociedade”, considera a OMS.
Tome Nota
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Em 2030, o número de pessoas no mundo com 60 anos ou mais deverá atingir os 1,4 mil milhões. Em 2017 havia 962 milhões. Em 2030, haverá mais pessoas idosas (1,4 mil milhões) do que crianças menores de 10 anos (1,3 mil milhões). As estimativas indicam que em 2050 quase 80 por cento da população sénior a nível mundial viverá nos países menos desenvolvidos. Dos 308 municípios existentes em Portugal, apenas 13 integram a Rede Mundial das Cidades Amigas dos Idosos. Em 2017, ficou concluída em Portugal a Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025, mas até agora o documento não foi promulgado oficialmente.
Ou seja, no entender dos especialistas da agência das Nações Unidas, os países precisam de apostar em sistemas de assistência de longo prazo, que permitam aos idosos receber a atenção e o apoio de que necessitam para viver as suas vidas com dignidade e respeito. De que forma? Por exemplo, com apoio social que inclua assistência nas atividades diárias ou nos cuidados pessoais, mas também através de modelos para manter os seus relacionamentos, de locais apropriados para envelhecer, acesso a serviços comunitários e participação em ações que dão sentido à vida. E isso pode exigir uma ampla diversidade de serviços, como centros de dia, centros de acolhimento e redes de cuidados domiciliários, além da colaboração das comunidades e dos voluntários, do apoio contínuo de cuidadores não remunerados e da vinculação com os cuidados paliativos e terminais. Em suma, a OMS defende que o envelhecimento saudável “pode ser uma realidade para todos”, desde que deixe de considerar-se como a mera ausência de doença e passe a fomentar-se a capacidade funcional que permite aos idosos serem e fazerem o que têm razões para valorizar. Os líderes políticos e a ação social, são, por isso, desafiados a centrar as suas iniciativas não apenas na capacidade física e mental das pessoas mas também nos ambientes físicos e sociais em que estas vivem. O balanço será feito em 2030.
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DOSSIER
“Em Espanha e Portugal entendemos melhor o que é o espírito muçulmano porque convivemos com eles” Entrevista ao diplomata espanhol que é atualmente o alto-representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações. Miguel Angel Moratinos participou na 25.ª edição do Fórum de Lisboa do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, que se realizou no Centro Ismaili. Diz que está preocupado com atitudes hostis frente ao Islão na Europa, mas que os países ibéricos mostram, graças à história da presença árabe, maior compreensão por uma religião que é seguida por mais de 1.500 milhões de pessoas em todo o mundo Texto | LEONÍDIO PAULO FERREIRA* Foto | LUSA
A Mesquita-Catedral de Córdova é uma metáfora do que devia ser o diálogo de civilizações? Córdova para mim, e digo isto tendo sido representante por ela no Congresso de Deputados, reflete não só o espírito mas também a realidade e a urgência de ter uma aliança de culturas, de civilizações
e de religiões. A Mesquita-Catedral de Córdova reflete plenamente a convivência, palavra preciosa espanhola que também existe em português. Para nós ibéricos, é um conceito único em que se expressa que podemos, desejamos e queremos viver juntos, e isso reflete-se plenamente em Córdova. Daí o meu interesse em que haja nessa cidade
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é urgente e necessário iniciar uma nova leitura de qual deve ser a relação entre o mundo árabe muçulmano e o mundo ocidental. Temos de começar de novo, por parte de ambos, a dialogar para nos entendermos, a escutar-nos e a tentar conhecermo-nos melhor e a estabelecer mecanismos de convivência que permitam que nos respeitemos e que possamos construir o futuro em conjunto
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uma sede que represente a Aliança de Civilizações para toda a Península Ibérica e o Norte de África.
Sabemos a história do califado de Córdova e da presença árabe na península. Hoje, o Islão e o Cristianismo podem ter uma relação pacífica apesar de todos os atentados terroristas cometidos por extremistas em nome do Islão? Esse é o grande debate a que não podemos fugir: perceber agora o que representa a relação do mundo ocidental, o mundo que corresponde ao espaço tradicional do Cristianismo, com o mundo islâmico. Sobretudo na Europa, é um dos temas de maior interesse que deviam atrair os políticos e a sociedade em geral. Nos últimos anos até tem havido algum debate, mas transformou-se em algo tremendamente confuso. Houve
duas aproximações e duas escolas de pensamento sobre como abordar a relação entre o Islão e o mundo ocidental. Uma delas, que rejeito absolutamente, é a que defendem os supremacistas com as suas teorias de ‘replacement’ e que diz que tudo o que é muçulmano é mau e que nos estão a invadir, a subjugar e a querer substituir-nos. Tudo isso são posições inaceitáveis e que não configuram a realidade da sociedade e de uma crença religiosa, social e cultural como o mundo islâmico, que tem anos de demonstrações de paz, tolerância e convivência com outras realidades, outras religiões e outras culturas. Esses são os que mais barulho fazem, os que estão numa batalha permanente e que fazem parecer que está cada vez pior, que é impossível conciliar o Islão com o mundo europeu ocidental. A outra escola de pensamento é a que, de maneira mais voluntária, tem tentado estabelecer pontes
diabólico de contradições, que está mais exposto, é a França, que está numa confusão absoluta.
Fala da contradição entre um Estado que é laico e a existência de uma forte minoria islâmica...
respeitemos e que possamos construir o futuro em conjunto.
O governo, o Estado, é laico e ninguém o põe em causa. Nem sequer os muçulmanos franceses têm dúvidas de que vivem numa República Francesa laica. Há leis aprovadas, incorporadas na Constituição, há uma declarada separação da Igreja e do Estado, incluindo normas que entretanto se apresentaram sobre o vestuário nas escolas públicas. Há leis e os muçulmanos respeitam-nas, o que os muçulmanos não entendem é que o ministro da Educação de França diga que não é desejável usar o véu em espaços públicos. Porque podemos permitir que em França haja praias de nudistas mas não podemos permitir que haja pessoas a nadar de burquíni? Que contradição é esta?
O Islão tem de reafirmar o quanto é plural?
Defende a liberdade de escolha pessoal absoluta?
O Islão é evidentemente muito plural, mas é preciso explicar que há escolas distintas, famílias distintas e interpretações distintas – como também há no mundo ocidental –, e o primeiro conceito que contrapomos é o do Ocidente, que é um conceito geográfico, em contraponto a uma religião, o Islão. É preciso ser prudente no que estamos a opor como elemento da equação.
Defendo a lei na liberdade de expressão, que não significa que toleremos algo que vai contra a Constituição. Que sejamos laicos, muito bem, mas que não se negue a liberdade religiosa e social de sete milhões de cidadãos franceses que são muçulmanos.
A mesquita-catedral de Córdova, em Espanha, é um exemplo da convivência entre culturas e religiões
com o mundo islâmico, embora não muito bem-sucedida, talvez pela existência de alguns preconceitos como o de que quer impor o nosso conceito europeu ao mundo islâmico. Queríamos modernizar o Islão através dos conceitos europeus e, portanto, éramos condescendentes com eles, queríamos que fossem como nós, que se identificassem com a nossa maneira de viver e, apesar de haver uma vontade de manter boas relações, no final não se conseguiu estabelecer um respeito mútuo para podermos viver juntos. Em conclusão, é urgente e necessário iniciar uma nova leitura de qual deve ser a relação entre o mundo árabe muçulmano e o mundo ocidental. Temos de começar de novo, por parte de ambos, a dialogar para nos entendermos, a escutar-nos e a tentar conhecermo-nos melhor e a estabelecer mecanismos de convivência que permitam que nos
E o Islão, cada vez mais, faz parte do Ocidente, pois milhões de muçulmanos vivem em países como a França, a Alemanha, o Reino Unido, a Espanha... O Islão faz parte do Ocidente. E o país que está a viver mais este jogo
Falando de Portugal e de Espanha, a longa história de presença árabe faz que os dois países tenham uma maior compreensão do mundo islâmico? Em Espanha e Portugal entendemos melhor o que é a herança, o legado e o espírito muçulmanos porque convivemos com eles, porque nos
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Todos os países e seus representantes muçulmanos estão a defender o que eles mesmos denominam um Islão autêntico e moderado entendemos. Há uma sensibilidade maior, daí que a presença de muçulmanos em Espanha e em Portugal, apesar de um ou outro problema que possa surgir, se leve de forma muito satisfatória...
Mesmo assim com uma grande diferença: em Espanha houve atentados de inspiração islâmica... Depois do atentado de 2004, as autoridades identificaram que a célula Al-Qaeda-Magreb era a responsável pelo ataque – gente da Tunísia, também de Marrocos, magrebinos. Mas não se produziu uma cruzada contra aqueles que eram compatriotas destes terroristas. Em Espanha, nas semanas e nos meses que se seguiram ao atentado, não houve manifestações contra os muçulmanos. Houve, sim, condenação do atentado terrorista, condenação destes fanáticos, houve coordenação com Marrocos, que nos forneceu informações para sermos mais eficazes na luta contra o terrorismo. E houve a decisão de criar no âmbito das Nações Unidas esta Aliança de Civilizações, precisamente para que no futuro esta tendência para o choque não se produza. Porque tanto no mundo muçulmano como no ocidental estamos a enfrentar o mesmo desafio e a mesma ameaça, que são estes setores radicais que os próprios muçulmanos defendem que, precisamente por atentarem 20
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A Aliança contra a vida de civis, não devem ser representativos da religião muçulmana.
Dos contactos com líderes muçulmanos, sente que se preocupam com a necessidade de marcar a diferença para a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico, explicar que esse terrorismo não pode ser confundido com a religião de 1500 milhões de pessoas? Claro. Não há líderes muçulmanos atuais de países representativos que não se tenham juntado à luta contra o Daesh. Todos se puseram contra este autodenominado califado, que não existia e que não existe e que não é justificável no mundo muçulmano. Todos os países e seus representantes muçulmanos estão a defender o que eles mesmos denominam um Islão autêntico e moderado, que simplesmente reflete a consciência, o valor, a ética religiosa e moral de uma religião e de uma cultura. Por isso temos de entendê-lo melhor. Há muitos que continuam a utilizar esse medo do Islão para obter benefícios eleitorais.
Uma comunidade muçulmana, como em Portugal a ismaili, um ramo do Islão xiita, muito bem integrada e que tem uma atitude liberal nos costumes, acaba por ser uma boa forma de os europeus perceberem essa tal diversidade islâmica? A comunidade ismaili pode mostrar toda a sua trajetória não só em Portugal mas noutros lugares onde trabalhou contra o conflito religioso. É um exemplo de integração que se tem de aplaudir e que pode ser utilizado para demonstrar que todos os estereótipos que nos dizem que o Islão quer ocupar e voltar a dominar o mundo ocidental são falsos. * jornalista do DN
Que dois em três Altos Representantes para a Aliança das Civilizações sejam ibéricos é significativo. Afinal, os cinco séculos de presença árabe em Portugal e os sete em Espanha deixaram marcas culturais fortes
das Civilizações
Zapatero e Erdogan, então visto como um símbolo do Islão político esclarecido, procuraram o patrocínio das Nações Unidas para um projeto que visasse melhorar a compreensão e as relações entre países e povos de diferentes culturas e religiões, não só Cristianismo e Islão.
Miguel Moratinos (ao centro) numa das reuniões como Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações
Miguel Angel Moratinos desempenha cargo que já foi de Jorge Sampaio e que nasceu de uma iniciativa hispano-turca Texto | LEONÍDIO PAULO FERREIRA* Foto | LUSA
Foi em novembro de 2018 que Miguel Angel Moratinos, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, foi nomeado Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações. Tratou-se de uma escolha lógica, tanto pela carreira de Moratinos sempre ligada ao diálogo entre a Europa e o mundo árabe, como pelo facto de ter estado ligado mesmo à criação do cargo, em 2005, iniciativa do então primeiro-ministro espanhol Rodriguez Zapatero e do homólogo turco, Recep Erdogan, hoje Presidente. Moratinos era ministro dos Negócios Estrangeiros de Zapatero,
o socialista que venceu as eleições espanholas realizadas dias depois dos atentados terroristas em Madrid. O governo conservador foi penalizado nas urnas por ter tentado aproveitamento político de um massacre de quase 200 pessoas a 11 de março de 2004, chegando a tentar atribuir à ETA a autoria, quando era evidente que a natureza do ataque era muito mais jihadista do que dos independentistas bascos. Na sequência desse atentado, o pior no Ocidente depois dos de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque e Washington (quase três mil mortos),
O primeiro Alto Representante para a Aliança de Civilizações foi Jorge Sampaio, que assumiu em 2007, pouco depois de ter saído da presidência portuguesa, onde cumpriu dois mandatos. Sampaio ficou no cargo até 2013, sendo substituído por Nassir Abdulaziz Al-Nasser, um diplomata do Qatar, país forte aliado da Turquia e também interessado em fazer pontes entre o Islão e o Ocidente. Al-Nasser cumpriu cinco anos no cargo, tendo um perfil mais discreto do que o de Sampaio. Com Moratinos, a Aliança das Civilizações pretende relançar-se e o próprio antigo ministro espanhol declarou, ao ser nomeado, a necessidade de “mais resultados no terreno”. E realçou que as diferentes culturas e religiões, mais do que se tolerar têm de cooperar, aprender a atuar juntas. Que dois em três Altos Representantes para a Aliança das Civilizações sejam ibéricos é significativo. Afinal, os cinco séculos de presença árabe em Portugal e os sete em Espanha deixaram marcas culturais fortes. * jornalista do DN
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mãos à obra
Nova maternidade ajuda a reduzir partos em casa Espaço atual, criado pelos missionários, tem capacidade para receber apenas uma paciente de cada vez. E muitas mulheres acabam por dar à luz em casa, para evitar longas caminhadas até às unidades de saúde mais próximas Texto | Francisco Pedro Foto | dr
Com esta iniciativa, os missionários pretendem contribuir para a redução do número de gestantes que dão à luz em casa e, consequentemente, para a diminuição da taxa de mortalidade materna e infantil
Quando foi construído, há mais de duas décadas, o dispensário de Mgongo, no sul da Tanzânia, era suficiente para responder às necessidades da população. Mas com o passar dos anos, e o crescimento demográfico, a única vaga disponível na maternidade tornou-se manifestamente insuficiente para responder ao aumento da procura e às necessidades da população. Cientes destas limitações, e das dificuldades que representam para as mulheres grávidas da pequena aldeia rural, os missionários da Consolata presentes na região decidiram avançar com um projeto para construção de uma nova maternidade, dotada de equipamento e de técnicos de saúde, que proporcionem as condições adequadas para que as mulheres deem à luz sem complicações para elas e para os filhos.
Mgongo fica a cerca de 10 quilómetros da capital da província, Iringa, e a mais de 500 de Dar es Salaam, a principal cidade do país. A economia local assenta na agricultura de subsistência, em particular na produção de milho, feijão e girassol. Em 1993, os missionários inauguraram na localidade um centro para acolhimento de crianças de rua, num complexo que alberga ainda uma escola técnica com cursos de carpintaria, calçado e mecânica, e um dispensário, onde está integrada a atual maternidade. Quando a cama desta unidade de saúde maternoinfantil está ocupada, as mulheres grávidas, por falta de recursos, são forçadas frequentemente a caminhar longas distâncias para chegar a outras unidades de saúde mais próximas, onde possam receber assistência durante a gravidez e dar à luz. Porém, “algumas mulheres desanimam e acabam por fazer o parto em casa, correndo riscos, não só para elas, mas também para os recém-nascidos”, explicam os missionários promotores do projeto. Logo que a nova infraestrutura esteja concluída, com a ajuda de doadores italianos, serão iniciados programas de sensibilização, educação em saúde e aconselhamento pré e pós-natal. Com esta iniciativa, os missionários pretendem contribuir para a redução do número de gestantes que dão à luz em casa e, consequentemente, para a diminuição da taxa de mortalidade materna e infantil.
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OBJETIVA
Líder indígena em protesto durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que se realizou em Madrid, Espanha. Os resultados da Cimeira ficaram aquém das expectativas
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# gente nova em missão CONVITE
ATREVE-TE!
Olá amiguinhos! Desejo-vos, e à vossa família, Feliz 2020. Um novo ano e uma nova década se iniciam. Este ano somos interpelados a seguir Jesus com uma provocação a cada um de nós: atreve-te! É deste modo que os Missionários da Consolata convidam todas as pessoas a viver durante o ano 2020: “Atreve-te a seguir Jesus!”. Seremos capazes? Teremos atrevimento suficiente para o fazer? Texto | Cláudia FEIJÃO Ilustração | DAVID OLIVEIRA
“Vem e segue-Me!”, são as palavras que Jesus disse a muitos daqueles que se cruzaram com Ele; alguns não tiveram o atrevimento e a coragem para o fazer mas outros houve – corajosos – que deixaram tudo o que tinham para seguir Jesus. “O convite de Jesus é uma interpelação direta a todos e é preciso ter coragem para o seguir, hoje mais que nunca” (padre Simão Pedro in http://www.consolata.pt), pois há tantas coisas que nos ‘distraem‘; seguir Jesus não é um caminho fácil, o próprio Jesus o disse, mas a proposta de vida que nos faz vale muitíssimo a pena: ser verdadeiramente feliz! Vou desafiar-vos – a atreverem-se – a responder a duas questões (mas poderiam ser muitas mais)... és mais feliz quando passas horas enfiado em casa ou sentado nos corredores da escola a jogar Fortnite ou a brincar e a conviver com os teus amigos? És mais feliz quando fazes as tuas coisas sem te preocupares com os outros ou quando estás atento a quem está à tua volta e percebes que podes dar o teu contributo para ajudar? O caminho para seguir Jesus passa pela forma como nos relacionamos e partilhamos a nossa vida com os outros e por deixarmos para trás o que não é essencial. Atreve-te, Jesus chama por ti... como chamou Pedro: “Vem e segue-Me, farei de ti pescador de homens!”. Pedro foi muito corajoso pois sem perceber bem o que Jesus lhe oferecia, confiou Nele, deixou tudo e aceitou o convite de o seguir, vendo, vivendo e testemunhando o amor incondicional de Deus por todas as pessoas. E chama por ti, sempre, mesmo quando te portas menos bem, porque te quer feliz! Isso também aconteceu com Pedro, que negou Jesus mas foi perdoado porque Deus é amor. Pequenos missionários, neste ano – e sempre – sejam corajosos para fazer presente na vossa vida, e na dos outros, o convite de Jesus para viverem a verdadeira felicidade. Numa palavra: Atrevam-se!
CANTEMOS ALEGRES:
Junta os amigos da catequese e/ou a família e cantem alegres o cântico “Oração de São Pedro” do padre Nuno Tovar de Lemos... mas não sem antes refletir sobre o sentido da letra (vais ver que quando a cantarem vai ter um outro soar).
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MOMENTO DE ORAÇÃO Senhor, agradeço-Te pelo amor que tens por mim e por todas as pessoas, por estares sempre ao meu lado e por continuamente me convidares a seguir-Te. Que eu saiba acolher-Te no meu coração para ser verdadeiramente feliz e para que, por mim, Te possas fazer presente na vida dos outros e também eles se sintam convidados a seguir-Te. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória
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tempo jovem
Continua na rota do teu grande sonho, pois acredita que no final terás a melhor recompensa, que é ser feliz
Vale a pena lutar pela mudança
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Texto | DAVID CUNHA Foto | DR
Arranca mais um novo ano. Como devo vivê-lo? Insistem connosco que é preciso planear, mas, de certa forma, acho que muito planeamento tira um certo sabor à vida. Por isso, prefiro ‘planar’, tendo sempre um objetivo presente que é o meu bem-estar e o bem-estar do meu mais próximo. Embora admita que seja necessário um certo equilíbrio entre planear e ‘planar’. Hoje em dia, é notório que a juventude vive sem motivação, perdida, sozinha. Na minha perspetiva, estamos numa sociedade em que muita gente não se preocupa nem respeita os outros, fator que faz aumentar os problemas nas comunidades. Por vezes, somos testemunhas de discriminação: pela crença, sexualidade, cor de pele, raça e também pelas condições financeiras. Podemos, aqui, juntar a taxa de insucesso escolar, a taxa de consumo de antidepressivos, a taxa de suicídios e o número de usuários de drogas. Já pensaram em quantas vidas uma sociedade consegue destruir, quantas consegue tirar, e quantas torna dependentes de comprimidos, daqueles que apaziguam a dor interna? É árduo colocar-se num mundo tão desgastado, tão doente, tão desesperado. Mas há jovens que sonham fazer a diferença, há jovens que sonham com a diferença pessoal e interpessoal, há jovens que sonham criar diferença no mundo. Estes jovens fazem o possível e o impossível para atingir este objetivo. E tu também podes melhorar o mundo com o teu contributo através de pensamentos de desejo do bem e da felicidade, de atitudes que procuram criar o bem-estar e a felicidade. Como o podes fazer? Intervindo, sempre que vires alguém julgar, seja quem for e pelo que for, pois nós não somos ninguém para julgar, mas podemos
estender a mão para ajudar; acalmando uma discussão; evitando os confrontos, tomando a iniciativa de criar movimentos de sensibilização para as necessidades daqueles que mais precisam. Mesmo que não te acompanhem neste sonho, nem te apoiem, não desistas nem ouses pensar que não farás a diferença sozinho. Nunca te esqueças que as grandes mudanças são feitas através de pequenas ações. Segue os sonhos que te vão trazer algo, que te vão completar, pois esses sonhos vão conseguir dar à tua vida motivação. E, na realidade, nunca estás sozinho quando estás a fazer o bem. Temos o exemplo recente da jovem Greta Thunberg. Com apenas 15 anos, começou a fazer greve à frente do Parlamento sueco, pedindo atenção para as mudanças climáticas mundiais. É uma inspiração para milhares de pessoas. Tem agora 16 anos e já foi considerada a pessoa do Ano 2019 pela revista Time. Jovem, caminha. Tu precisas de encontrar a vontade de mudar, de sentir que ainda não deste tudo e que podes dar mais, pois tu tens imenso potencial dentro de ti. Potencial para fazeres a diferença. Vale sempre a pena, por mais que a tua ideia não seja valorizada por ninguém, faz render aquilo em que acreditas. Os teus sonhos de fazer a diferença, ao se tornarem o teu ‘modus vivendi’, a tua vida, tornar-se-ão a resposta para os teus percalços, sejam eles uma má nota, um dia triste ou, até, a perda de um ente querido. E quando errares, seja qual for o caminho em que te encontres, não desistas, pensa que apenas foste por um caminho mais longo. Continua na rota do teu grande sonho, pois acredita que no final terás a melhor recompensa, que é ser feliz.
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sementes do reino
“Este é o meu Filho muito amado” Texto | OSÓRIO AFONSO Foto | DR
O texto bíblico que meditamos, lido na Festa do Batismo do Senhor, narra a apresentação de Jesus e a sua manifestação como o Filho de Deus. Logo após o seu batismo, ouve-se uma voz vinda do céu e que apresentava Aquele que, a partir daquele momento, iniciava a sua atividade pública: é o Filho amado de Deus, no qual Ele pôs todo o seu agrado.
Leio a Palavra (Mt 3,13-17)
Jesus sai da Galileia e vai ao rio Jordão. Discretamente, mistura-se com os peregrinos que lá estão para receberem o batismo de conversão. João, sabe que Jesus não precisava de tal batismo, pois era o Messias esperado; era o Cristo para o qual ele prepara o caminho. De facto, para João, deveria ser o contrário: “Eu é que preciso de ser batizado por Ti”. Mas, Jesus insiste e convence João a batizá-lo. Assim que Jesus recebeu
Como Jesus, quero ‘mergulhar’ no meio dos homens e tornar-me solidário com a humanidade na sua riqueza e na sua pobreza
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o batismo, algo impensável aconteceu: os céus abriram-se, Jesus vê o Espírito de Deus que desce sobre Ele e ouve-se uma voz: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo meu agrado”.
Saboreio a Palavra
Estão ali presentes todas as três pessoas da Santíssima Trindade: o Pai, que se faz ouvir, não somente para apresentar o seu filho, o amado, mas também para manifestar o seu amor pela humanidade: Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o seu Filho, diz São João. Um filho que se junta com a humanidade, que se solidariza com ela, que sofre com ela e, do meio dela, inicia a sua obra de libertação e de salvação. Jesus coloca-nos frente a frente com um Deus que aceitou identificar-Se com o homem, partilhar a sua humanidade e fragilidade, a fim de oferecer ao homem um caminho de liberdade e de vida plena. O Espírito, sob a forma de
pomba, dá força a Jesus para realizar este projeto de libertação e salvação. O batismo que Jesus recebe não é para o perdão ou renúncia ao mal, mas é o sinal da grande mudança que está a começar na sua vida: inicia a sua atividade pública, com Deus Pai e com o Espírito Santo. Jesus, não é mais apenas o filho de Maria e José, mas o Mestre que vai andar pelas ruas da Palestina, pregando e apresentando o programa do Reino de Deus: a salvação da humanidade.
Rezo a Palavra
Glória ao pai, ao filho e ao Espírito Santo, como era no princípio agora e sempre, pelos séculos dos séculos amém.
Vivo a Palavra
Como Jesus, quero ‘mergulhar’ no meio dos homens e tornar-me solidário com a humanidade, na sua riqueza e na sua pobreza.
A palavra faz-se missão
JANEIRO
01 Começar bem
Santa Maria, Mãe de Deus | Num 6, 22-27; Gál 4, 4-7; Luc 2, 16-21
Começar o ano com a invocação do nome de Maria, a Rainha da Paz, é bom auspício! Começar o ano com a paz no coração, é meio caminho andado para a construirmos nos nossos ambientes. Começar o ano com um programa bem claro de unidade dentro de nós e à nossa volta, é já construí-la e difundi-la.
Que a tua Palavra, Senhor, nos ajude ao longo deste ano a ler o teu pensamento a nosso respeito e a respeito do mundo.
05 Ponto de referência
Epifania do Senhor | Is 60, 1-6; Ef 3, 2-6; Mat 2, 1-12
Dilata-se a gruta para acolher todos os homens. Deus não pode ficar escondido na gruta de Belém. É para se revelar a toda a humanidade. É a festa da Missão, porque a Igreja quer ser esta “casa”, onde os homens encontram Deus. É nossa tarefa fazer da nossa vida um sinal da presença de Deus.
Aceita, Senhor, o incenso da minha oração, a mirra do meu serviço, o ouro do meu coração.
12 Eu sou batizado
Batismo do Senhor | Is 42, 1-7; Act 10, 34-38; Mat 3, 13-17
Eu sou batizado, tu és batizado, eles talvez ainda não. Que diferença entre mim e aqueles que não receberam o batismo de Jesus? Que sinais de Cristo mostramos nós a quem não acredita? Que o Espírito de Deus desça sobre todos e nos apresente ao mundo como discípulos de Jesus.
Ajuda-me, Senhor, a descobrir a minha vocação de batizado.
19 Eu vi e atesto
2º Domingo Comum | Is 49, 3-6; 1Cor 1, 1-3; Jo 1, 29-34
É João Baptista quem o diz. Também eu, como cristão e testemunha, tenho por missão proclamar o mesmo: eu vi e atesto. Fomos todos investidos nesta missão de indicar aos outros o caminho: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O meu pecado, o teu pecado e o pecado do mundo inteiro.
Ajuda-me, Senhor, a fazer uma forte experiência de ti, para que a minha vida te explique aos outros.
26 Festa da “Palavra”
3º Domingo Comum | Is 9, 1-4; 1Cor 1, 10-13.17; Mt 4, 12-23
Jesus não quis fazer tudo sozinho. Precisou e precisa ainda de colaboradores, que livremente o ajudem na sua missão de anunciar a Palavra. Chamou-lhes amigos e pescadores de homens. É um convite que ainda hoje continua a lançar na praia do nosso mundo: vem e segue-me. Junta-te a mim, vive e proclama o que eu anuncio.
intenção missionária JANEIRO
Promoção da paz no mundo Rezemos para que os cristãos, os que seguem outras religiões e as pessoas de boa vontade promovam a paz e a justiça no mundo Há nesta intenção um claro eco do Natal. Em Belém ouve-se proclamar a paz como dom do céu às pessoas de boa vontade. Uma oferta que se torna missão. São pessoas de boa vontade as que buscam e promovem os valores que constroem e cimentam as relações humanas. Os cristãos são o primeiro alvo desta mensagem; cabe-lhes a dianteira na linha do empenho que ela anuncia; não podem hesitar em comprometer-se com ela. Mas o círculo é mais amplo: não há religião que não se preze de ter na sua bandeira ou marca de identidade o cuidado com a paz e a justiça. Uma e outra vão de braço dado pelos caminhos do encontro e do entendimento entre povos e culturas: daí vem a humanidade reconciliada e unida. A parte já atingida – pacificada – une forças e prossegue no empenho de atrair também a parte que ainda está fora. Paz e justiça, um binómio inseparável. LUÍS TOMÁS
Que eu me deixe cativar, Senhor, pela tua Palavra para poder anunciá-la a quem não a conhece. DARCI VILARINHO
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Fátima Missionária
Um grande padre
O meu nome é Sílvia Bento e faço parte dos órgãos sociais de uma associação desportiva, cultural e recreativa, denominada de Juventude da Castanheira e que foi, em 13 de junho de 1949, fundada pelo senhor padre Antonio Bianchi. Ele foi pároco da paróquia de Castanheira do Ribatejo (Vila Franca de Xira), entre 1947 e 1954, e sabemos que era missionário da Consolata. Gostaríamos muito que nos facultassem alguma informação sobre a sua história de vida, para que, numa altura em que o clube faz 70 anos, podermos dar a conhecer à população, a sua obra. Queremos unir a população em prol do clube, mas principalmente dos valores subjacentes à sua criação pelo padre Bianchi, que, com um espírito de missão trouxe à nossa terra solidariedade, alegria de conviver, união, satisfação de realizar-se e respeito pelo próximo. São valores que queremos ver voltar a renascer através das atividades que desenvolvermos. Grata antecipadamente por toda e qualquer informação que nos possam facultar sobre a vida e obra deste grande padre. Sílvia Bento, Castanheira do Ribatejo
Muito obrigado, cara leitora, pelo interesse manifestado pelo padre Antonio Bianchi, que, por sinal, ainda vive, tem agora 97 anos, e está numa casa dos Missionários da Consolata (IMC) em Nairobi,
Quénia. Um colega meu esteve recentemente com ele e diz-me que ele ainda cuida do jardim e da horta, tem lucidez e claridade nas ideias. Conversaram demoradamente e o padre Bianchi disse-lhe que gosta muito de Portugal, e não esquecerá o afeto que aqui recebeu. Gostaria de poder voltar a Portugal para agradecer a Nossa Senhora de Fátima por todas as graças que lhe concedeu ao longo da sua vida missionária. O padre Antonio Bianchi nasceu no dia 13 de junho de 1922, na Itália. Foi ordenado padre no dia 15 de agosto de 1945. Foi destinado a Portugal, onde chegou em setembro de 1946. Esteve em Fátima, na formação de futuros missionários e, pouco depois, foi nomeado pároco de Castanheira do Ribatejo (5 de outubro de 1946 a 13 de dezembro de 1954), uma paróquia sem pároco residente há vários anos, numa zona bastante descristianizada. Os missionários da Consolata foram bem acolhidos pela população, e a Junta de Freguesia da Castanheira, decidiu até dedicar uma rua ao padre Bianchi. Em 1955, o padre Bianchi foi para o Quénia, onde permanece até hoje. Esteve em várias missões, e dedicou-se sobretudo à pastoral e à evangelização. Um abraço e uma bênção para a associação ‘Juventude da Castanheira’. Albino Brás
gestos de partilha
Apoie os nossos projetos e ajude-nos a concretizá-los 2020 PROJETO ANUAL DOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA EM PORTUGAL
NÓS SOMOS AMAZÓNIA Vamos ajudar os Macuxi a cuidar da sua terra
Nós somos Amazónia José Martins 150€; Lourdes Roque 35€; José Costa 10€; Ana Ferreira 40€; Senhorinha Costa 15€; Teresa Ochoa 30€; Maria Rosa 20€; César Alfaiate 50€; Maria José Simões 10€; Carmelo de São José (Fátima) 50€; Fernanda António 25€; Teresinha Tavares 10€; Cláudia Gomes 5.000€; Rosete Santana 40€; Fátima Caeiro 10€; Maria Domingues 20€; David Gaspar 5€; Conceição Parreira 20€; António Vicente 400€; José Santos 10€; Maria Domingues 10€; António Ribeiro 50€. Total geral = 6.010€. Aprender em Segurança Consolata Hotel 251,39€; Consolata Loja 199,80€; Consolata Museu 30,20€; Comunidade de Fátima 129,66€; Elsa Carrasqueiro 50€; José Pereira 100€; Madalena Araújo 50€; Odete Costa 250€; Anónimo 15€; Anónimo 100€; Isaura Matias 20€; Ilda Pinto 10€; Anónimo X 20€; Fátima Felizardo 100€; Belmira Dias 10€; Lurdes Felício 6€; António Vicente 400€. Total geral = 28.598,84€. Moçambique precisa de nós! Conceição Policarpo 500€; Anónimo 10€; Deonilde Silva 10€; José Rosa 13€; António Vicente 400€. Ofertas várias Grupo de Figueiró dos Vinhos 30€; João Brito 33€; Clara Duarte 36€; Maria Paiva 73€; Teresa Ramos 43€; Anónimo 193€; Rosa Costa 53€; Lurdes Soares 39€; David Duque 28€; Isabel Pacheco 93€; Luís Almeida 43€; António Gabriel 33€; Joaquim Nunes 72€; António Mendes 43€; Margarida Soares 29€; Fernanda Castanheira 43€; Rui Faria 50€; Agostinho Gomes 43€; Anónimo 118€; Piedade Brazão 50€; José Gonçalves 50€; Lucília Marques 93€; Joana Barreiros 103€; Lourdes Soares 143€. Bolsa de Estudos Raquel Oliveira 250€; Anónimo C 250€; Manuel Silva 300€; Marta Morais 25€; Isabel Segurado 125€; Carmo Segurado 125€.
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vida com vida
PADRE CARLOS VIDOLI
GÉNIO DA IMAGEM Texto | AVENTINO OLIVEIRA Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Carlos Vidoli nasceu na zona de Novara, no norte da Itália, em 9 de setembro de 1910, entrou para os Missionários da Consolata e foi ordenado sacerdote em 1935. Dois anos depois, partiu para as missões da Etiópia, onde trabalhou dois anos como vice-pároco e professor de latim, grego e francês. Em 1940, durante a guerra, foi feito prisioneiro e exerceu o apostolado de capelão de prisioneiros no Quénia e depois na Somália. De 1952 a 1966 trabalhou nas missões da Consolata no Quénia, como professor. Em seguida, já na Itália, exerceu o seu apostolado de maneira bastante diferente, como diretor do Arquivo Fotográfico dos Missionários da Consolata em Turim. E aqui, o padre Carlos tornou-se um fotógrafo de primeira qualidade, ganhando vários concursos fotográficos no país, ao mesmo tempo que continuava a sua obra de sacerdote missionário. Era afável, de boa companhia, sempre pronto a ajudar quem precisava com aquele pronunciado afeto humano e religioso que marcava a sua personalidade. De repente, em 20 de setembro de 1976, um curto ataque de ânsia e de pânico precede de alguns momentos a sua partida para a mansão dos mortos na Casa do Pai, socorrido pelo conforto dos sacramentos. Todos são concordes em afirmar algumas das caraterísticas que o distinguiram: uma devoção fina e extremosa à Virgem Maria, “que o levou nos últimos dias da sua vida a um abandono pleno à vontade de Deus”. Dizia ele: “A nossa vida é Deus, que vê o que ela é; Ele que nos escolheu desde toda a eternidade para sermos seus, e seus para sempre, com uma confiança total nele e na sua Mãe, que Ele nos deu como nossa Mãe; mesmo os nossos insucessos, devemos transformá-los em confiança, confidência e abandono voluntário a tudo o que Ele deseja de nós”. Uma arma sua: o terço, que recitava com entusiasmo, o terço que mostrava a sua devoção à Virgem que nele gerara a vocação missionária. Dizia: “Nós, velhotes, temos uma grande arma”, e levantava a mão em que segurava o terço. E aos sábados 32
Fátima Missionária
de manhã, dizia: “Não esqueçamos que hoje é sábado!” Meticulosa era a sua devoção à Eucaristia: talvez pareça estranho, mas nunca aceitou colocar ‘petróleo’ ou óleos, na lâmpada do Santíssimo na capela da comunidade onde vivia: “Não! Tem de ser azeite!” E ia ele a uma loja comprá-lo. Missionário-fotógrafo, perito na imagem, mostrava os efeitos que nele produzia, à imagem e semelhança de Deus. Para bem da missão.
O QUE SE ESCREVE
COMENTÁRIO À LITURGIA DOMINICAL E FESTIVA
O COMPROMISSO DO CRISTÃO NO MUNDO
“É impressionante ver que os cristãos, quando centram a sua vida no encontro com Jesus Cristo, introduzem na história a consciência do valor e da dignidade de todos os homens. É assim que nascem obras, surgem propostas políticas, e, sobretudo, se passa a viver o trabalho, a família, a sociedade, com uma outra consciência”, sublinha o padre Duarte da Cunha, na introdução deste livro. Hans Urs von Balthasar, um dos maiores teólogos católicos do século XX, e Luigi Giussani, membro do movimento que está na origem da Fraternidade de Comunhão e Libertação, assinam um livro que inquieta e desperta, confirma e sustenta um Cristianismo que gere vida abundante e seja testemunho e proposta para o mundo. Autor: Hans Urs von Balthasar; Luigi Giussani Páginas: 168 | Preço: 14,90€ Paulinas Editora
TEOLOGIA COMO RESISTÊNCIA
No ano A da liturgia dominical, a Igreja propõe o Evangelho segundo Mateus para ser escutado e meditado. Para Luciano Manicardi é através dos evangelhos em particular, que podemos conhecer a humanidade de Jesus Cristo e o sentido dos seus gestos. Este livro não é apenas para os agentes pastorais que pregam a Palavra de Deus nas comunidades cristãs, mas também, e sobretudo, para os cristãos que desejam alimentar-se dela e a procuram concretizar na vida quotidiana.
Afinal, para que serve a Teologia? A propósito dos 50 anos da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, dois jornalistas fotografaram e falaram com quatro dezenas de antigos e atuais alunos e professores da faculdade, que, com uma liberdade que chega à autocrítica, falam do percurso individual e das encruzilhadas em que a Teologia se encontra: ela só se pode assumir como fator de resistência.
Autor: Luciano Manicardi Páginas: 184 | Preço: 13,00€ Paulinas Editora
Autor: António Marujo; António Pedro Ferreira (fotografia) Páginas: 124 | Preço: 15,50€ Universidade Católica Editora
EVANGELHO LIDO DA TRADIÇÃO CRISTÃ
PEDRO, O PROTÓTIPO DO DISCíPULO MISSIONÁRIO
Ao longo dos evangelhos dominicais e festivos do primeiro ano do ciclo trienal (ano A), este livro oferece uma seleta e ampla antologia de textos de autores cristãos de todos os tempos (padres da Igreja, sábios anónimos, santos, mestres do século XX, místicos e papas), dos mais antigos aos autores de hoje. Pessoas de Igreja que, de um ou de outro modo, abordaram estas passagens evangélicas. São comentários homiléticos que iluminam o ano litúrgico.
Este livro resulta de uma adaptação da tese de licenciatura em Teologia Bíblica que o autor, David Palatino, concluiu na Pontifícia Universidade Gregoriana, em 2018, em Roma. Esta obra parte do texto de Lc 5,1-11, centra-se na figura de Simão Pedro, do seu chamamento por parte de Jesus, do seguimento do Mestre, e a partir daí traça o perfil do discípulo missionário e do evangelizador de hoje. O prefácio é do cardeal Manuel Clemente.
Autor: Pablo Cervera Barranco Páginas: 464 | Preço: 21,90€ Paulus Editora
Autor: David Palatino Páginas: 96 | Preço: 7,90€ Editora: Paulus Editora
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MEGAFONE
por albino brás
“Lutar contra as alterações climáticasjá não é uma opção, mas uma obrigação. Não há tempo a perder, porque o nosso planeta está em risco. Os cientistas estão a dizer-nos que há uma emergência, porque as alterações no clima já estão a ter um impacto negativo, não só na biodiversidade, mas tornando-se já uma ameaça para a humanidade” Iratxe Garcia Pérez política, presidente dos S&D, no Parlamento Europeu
“O verdadeiro diálogo não é falar com pessoas que pensam o mesmo que tu” Zygmunt Bauman (1925-2017), sociólogo
“Temos aqui um ateu em dúvida, neste momento. Depois do que eu passei, fica muito difícil não acreditar em algo transcendente. O mais próximo do que eu passei é a definição do milagre. Fica bastante difícil ser ateu assim. Foram muitas as pessoas que me ajudaram. A noção de gratidão agora tem um peso enorme. Cada vez mais acredito no poder transformador do amor. Obrigado!” Ângelo Rodrigues ator
“Estou mais do que nunca influenciado pela convicção de que a igualdade social é a única base da felicidade humana” Nelson Mandela (1918-2013), estadista e Nobel da Paz 34
Fátima Missionária
“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos” Marcel Proust (1871-1922), escritor e poeta
“A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação” Oscar Wilde (1854-1900), escritor e dramaturgo
“Atreve-te a Seguir Jesus!“
PEREGRINAÇÃO
anos
da Beatificação de
José Allamano
DA FAMÍLIA MISSIONÁRIA DA CONSOLATA A FÁTIMA
15 | fevereiro | 2020 Programa
09h30 Concentração em frente ao Seminário da Consolata 10h00 Saudação do Superior Provincial aos peregrinos 10h15 Via-Sacra missionária nos Valinhos 12h15 Conclusão da Via-Sacra no Calvário Húngaro Tempo para o Almoço 14h30 Ensaio de cânticos na Basílica da Santíssima Trindade 15h30 Eucaristia na Basílica da Santíssima Trindade (Dom Diamantino Antunes) 17h00 Saudação e consagração a Nossa Senhora na Capelinha
Momento Especial
Uma noite como qualquer, um dia como qualquer. As estrelas brilham, os olhos se contagiam. O canto começa, pela cidade apressa. As contagens terminam, e os fogos alucinam. Todos se abraçam, e os corações se entrelaçam. O cronómetro começa novamente, para um novo ano reluzente. Jean Lacerda
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Fátima Missionária