Brasil

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ANO LVIII | FEVEREIRO 2012 | ASSINATURA ANUAL | NACIONAL 7,00€ | ESTRANGEIRO 9,50€€

BRASIL

UM BRASILEIRO É QUATRO VEZES MAIS POBRE QUE UM BRITÂNICO

QUARTO SACERDOTE COREANO P. 10 DA CONSOLATA LIBERTA O LÍDER QUE HÁ EM TI!

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CONSOLATA É CHEIA DE GRAÇA, POR DEUS AGRACIADA PARA LEVAR AO MUNDO A CONSOLAÇÃO DE JESUS. CONSOLADOS SÃO OS EVANGELIZADOS, PORQUE AMADOS DE DEUS. CONSOLAR É LEVAR A TODA A PARTE A CONSOLAÇÃO DE DEUS SALVADOR. COMO MARIA TORNAMO-NOS SOLIDÁRIOS COM TODOS. SOLIDARIEDADE É O OUTRO NOME DA CONSOLAÇÃO. COMO ELA SOMOS PRESENÇA CONSOLADORA EM SITUAÇÕES DE AFLIÇÃO. POR SEU AMOR COLOCAMOS A NOSSA VIDA AO SERVIÇO DO HOMEM TODO E DE TODOS OS HOMENS. ALLAMANO DEU-NOS MARIA POR MÃE E MODELO. POR ISSO CHAMAMO-NOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

NOSSA SENHORA DA CONSOLATA Apoie a formação de JOVENS MISSIONÁRIOS

Funde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250EUR e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar. São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores.

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

www.fatimamissionaria.pt | www.consolata.pt Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | tel: 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Dª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 AGUAS SANTAS MAI | tel: 229 732 047 | aguas-santas@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | tel: 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | tel: 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | tel: 253 691 307 | braga@consolata.pt


editorial

HOMENAGEM A ALLAMANO APÓSTOLO DA IMPRENSA CRISTÃ FÁTIMA MISSIONÁRIA tem 58 anos. Um longo caminho percorrido com paixão e amor à missão, através de dificuldades vencidas com tenacidade. Só o apoio e a generosidade dos assinantes que formam, com os Missionários da Consolata, uma grande família, permitiram superar os sucessivos obstáculos. O nosso dinamismo brota da paixão missionária de informar e estar em comunhão com a missão da Igreja nos quatro cantos do mundo. Consolida-se na vontade de colaborar na construção de uma humanidade mais solidária, fundada sobre os valores do Evangelho, conduzida pelo Espírito de Jesus que nos impele a vivermos como irmãos. A imprensa missionária terá um 2012 difícil. Não está imune aos efeitos da crise, que afetam a imprensa escrita. Há sinais que prenunciam dificuldades acrescidas: aumento dos custos; dificuldades em cobrar as assinaturas; diminuição do número de assinantes; redução drástica do apoio à leitura governo; publicidade institucional Só o apoio e a generosidade dos assinantes pelo que não é distribuída de acordo com a que formam, com os Missionários da legislação e tantas outras. Se nada for Consolata, uma grande família, permitiram feito para contrariar esta tendência, as superar os sucessivos obstáculos consequências poderão ser sombrias. Acreditamos que vamos, mais uma vez, superar os obstáculos. Confiamos no apoio dos nossos colaboradores que estão ao nosso lado, para angariar novos leitores e assinantes, sobretudo entre as jovens gerações. Confiamos na generosidade dos assinantes, a quem estamos gratos, para mantermos o custo da assinatura acessível aos mais desfavorecidos, sem criar desequilíbrios nas receitas. Contamos com a colaboração de todos para colocarmos a missão nas mãos e no coração de um maior número de pessoas. Da nossa parte, garantimos todo o empenho para tornar mais cativantes e agradáveis os conteúdos da revista sobre a atividade missionária da Igreja. Os nossos leitores vão dar conta, neste número, da nossa determinação. FÁTIMA MISSIONÁRIA apresenta agora uma imagem nova, mais moderna e atrativa, esperando que as mudanças sejam do agrado dos nossos leitores. As alterações são fruto da criatividade de profisisonais qualificados que nos oferecem a sua colaboração. Apresentamos-lhes os nossos agradecimentos. A nova imagem surge no mês em que celebramos a festa do beato José Allamano, fundador dos missionários e missionárias da Consolata. Quer ser uma homenagem àquele que teve sempre a peito o desenvolvimento da imprensa de inspiração cristã do seu tempo. Aconselhou e encorajou os seus responsáveis, mas em especial incutiu nos seus missionários o gosto de comunicar a missão, dando a conhecer o trabalho missionário. Ser filho de Allamano é sem dúvida ser promotor da imprensa missionária. EA Fevereiro 2012

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sumário Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA

Nº 2 Ano LVIII – FEVEREIRO 2012 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 geral@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Im­pres­são Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 27.500 exemplares Diretor Elísio Assunção Redação Elísio Assun­ção, Manuel Carreira Conselho de Re­dação António Marujo, Elísio Assunção, Manuel Carreira Colabora­ção Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos e Magda, Carlos Camponez, Cristina Santos, Darci Vila­ri­nho, Leonídio Ferreira, Luís Mau­rício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; Diaman­tino Antunes – Moçambique, Tobias Oliveira – Quénia, Álvaro Pa­­che­co – Coreia do Sul Fotografia Lusa, Ana Paula, Elísio As­sunção e Arquivo Capa E. Assunção Contracapa Ana Paula Ilustração H. Mourato, Mário José Teixeira, Miguel Carvalho e Ri­car­do Neto Design e com­po­sição Happybrands e Ana Pau­la Ribeiro Ad­mi­nis­tração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€ De apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€ Avulso 0,90€ (inclui o IVA à taxa legal) Pagamento da assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) NIB 0033 0000 00101759888 05 transferência bancária internacional IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal

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O BRASIL BATE DE NOVO A INGLATERRA MAS DESTA VEZ NÃO É NO FUTEBOL

03 EDITORIAL Homenagem a Allamano

Apóstolo da imprensa cristã 05 PONTO DE VISTA Justos para salvar a cidade humana

06 LEITORES ATENTOS 07 HORIZONTES Vida ou esconderijo 08 MUNDO MISSIONÁRIO Cólera mata no Haiti

para além do terramoto Líderes religiosos da África do Norte Crianças cruzam fronteiras da África Ocidental Milhões esperam vacina da malária Jovem Sudão à espera de “pão para a boca” 10 A MISSÃO HOJE Quarto sacerdote coreano da Consolata 11 FIO DA HISTÓRIA Allamano 12 A MISSÃO HOJE Para um rosto missionário da Igreja em Portugal 13 DESTAQUE Uma mudança sem mudanças 14 ATUALIDADE “É preciso muito amor e paixão” pela missão 16 DOSSIER O Brasil bate de novo a Inglaterra mas desta vez não é no futebol 22 GENTE NOVA EM MISSÃO Origem do carnaval 24 TEMPO JOVEM Liberta o líder que há em ti! 26 SEMENTES DO REINO Primeiro as pessoas 2 8 O QUE SE ESCREVE 30 O QUE SE DIZ 31 VIDA COM VIDA Nem na prisão teve problemas 32 OUTROS SABERES Antes quebrar que torcer 33 A MISSÃO É SIMPÁTICA Cansado de descansar 34 FÁTIMA INFORMA 2.337 peregrinos a pé acolhidos


ponto de vista

JUSTOS PARA SALVAR A CIDADE HUMANA texto ÂNGELA DE FÁTIMA COELHO *

O santuário de Fátima, no tema do segundo ano da celebração do centenário das aparições, interpela-nos com a pergunta: “Quereis oferecer-vos a Deus?”. Sabemos que este foi o desafio apresentado por Nossa Senhora, a 13 de maio de 1917 ao Francisco, à Jacinta e à Lúcia. E conhecemos também a sua resposta, pronta e decidida: “Sim queremos”. Ao responderem desta forma, os Pastorinhos mantiveram aberto o caminho que o Céu lhes abria e viveram, a partir dessa data, uma das mais belas histórias de fidelidade e amor que o nosso tempo conheceu. As consequências desta resposta estão diante dos nossos olhos, na multidão de peregrinos que vem a Fátima ou que leva Fátima para as suas casas, como se transportassem um tesouro feito de esperança e de luz. A mesma pergunta irrompe, quase abruptamente, no nosso quotidiano, como se Deus nos quisesse despertar para o sentido mais profundo da nossa existência. Somos questionados desta forma tão explícita, porque, de facto, foi Deus quem primeiro Se entregou a nós e por nós. A vida de Jesus foi um contínuo dom de si, a expressão de um amor total, que se entrega e nos salva. Também Maria, a mesma que interroga os Pastorinhos, viveu a sua vida numa contínua oferta de si mesma. O Papa Bento XVI, em Fátima, comentou esta pergunta do Céu: “Na Sagrada Escritura é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana; o mesmo faz aqui em Fátima quando Nossa Senhora pergunta: «Quereis oferecer-vos a Deus?»”. Parece sugerir que Deus, ao colocar esta questão aos homens e mulheres do nosso tempo, continua atento à nossa história, continua a manter vivo o diálogo com a humanidade e a chamar-nos a participar na história de salvação, com uma entrega ativa e responsável. Não é fácil, no entanto, estar atento às interpelações de Deus: “Quem tem tempo para escutar a sua palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e da incerteza, com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do dia novo, tendo acesa a chama da fé? ”, interroga Bento XVI. Ao questionar-nos desta forma, o Senhor quer levar-nos mais longe do que o habitual. Não apenas a oferecer algo nosso, mas a oferecer-nos a nós mesmos, a cada um de nós, com a nossa fragilidade. É uma dádiva pessoal de si mesmo. E como uma oferta assim exige uma confiança inabalável “nas mãos do Amor que sustenta o mundo”, podemos dizer que da resposta a esta pergunta depende a nossa felicidade. * vice-postuladora da causa de canonização dos Pastorinhos Fevereiro 2012

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leitores atentos

GRACINHAS DE ALLAMANO

Amigos da FÁTIMA MISSIONÁRIA, Quero publicar uma graça. Fiz várias novenas ao beato Allamano por um familiar doente depressivo. Foram muitos anos de uma angústia constante. Sem desistir de rezar e pedir a sua conversão. O Senhor ouviu-me, e hoje ele está bem, graças a Deus e ao beato Allamano. Agradeço a Deus constantemente pelo bem que ele nos fez. ANÓNIMA

BÊNÇÃOS DE DEUS

Caros irmãos missionários, Louvo a Deus pela família missionária e por todo o trabalho por ela realizado. Junto envio um cheque para pagamento da revista que muito gosto de ler. Peço que se lembrem da minha família nas vossas orações e que a bênção de Deus chegue até vós. JÚLIA

Renove a sua assinatura

Só as assinaturas atualizadas poderão beneficiar do pequeno apoio do Estado ao porte dos correios.

Faça o pagamento da assinatura através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da Consolata, ou através de multibanco, cheque ou vale postal. Ou ainda por transferência bancária: NIB 0033 0000 00101759888 05. Refira sempre o nú­­me­ro ou nome do assinante. Na folha on­de vai escrita a sua direção, do lado esquerdo, encontra o ano pago e o seu número de assinante.

Os do­­na­tivos para as missões são de­dutíveis no IRS. Se desejar recibo, deverá enviar-nos o seu número de contribuinte.

Agradecemos que os nossos es­­ti­mados assinantes renovem a assinatura para 2012.

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PEQUENO POETA

Caros amigos da FÁTIMA MISSIONÁRIA, Venho por este meio oferecer-lhes este breve texto, talvez não diga nada, mas quem sabe se alguma frase ou palavra poderá ficar retida nos corações dos leitores da nossa revista. Os meus pais são assinantes e, todos os meses, a recebemos com muito agrado. Sou seminarista e é com muita alegria que vos ofereço este texto, caso o queiram publicar: Minha Mãe és ó Maria Predileta Filha de Sião, Faz-nos viver em harmonia, Transforma o mundo, num mundo irmão. ANDRÉ NR O género de poesia do André está um bocadinho fora da linha editorial da nossa revista, mas esta quadra mostra a intenção do jovem autor.

Muitos leitores chamam à FÁTIMA MISSIONÁRIA «a nossa revista». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 29 mil assinantes. Ela é mesmo nossa! Somos uma grande família.

DIÁLOGO ABERTO Caros missionários da Consolata, Mais uma vez venho agradecer a revista FÁTIMA MISSIONÁRIA. Mal ela chega leio-a de ponta a ponta, porque é muito interessante saber como vai o mundo. Infelizmente não vai como desejaríamos, a começar pelo nosso país. Mas não podemos perder a esperança. Aqui vai um cheque para pagamento do ano 2012; o restante é para um dos vossos projetos para ajudar os mais pobres; eu sei que é pouco, mas tenho de repartir por vários que também precisam. São as minhas prendas de Natal. Dar a quem precisa mais que nós. É pouco, mas dado com muito amor. JULIETA Na carta da senhora Dª Julieta destaco três pontos que mais nos podem interessar. O primeiro, são os agradecimentos por receber a revista que acha muito interessante; o segundo é ela não perder a esperança mesmo que o país pareça andar à deriva; o terceiro é a ajuda que dá aos nossos projetos manifestando pena de não poder ajudar mais, pois também está empenhada em repartir com outros. Não me é dado conhecer a dona Julieta mas, pelos sentimentos que manifesta, e pelas prendas de Natal, vê-se que tem um bom coração e desejaria ajudar a todos. MC


horizontes

VIDA OU ESCONDERIJO TEXTO TERESA CARVALHO ILUSTRAÇÃO MIGUEL CARVALHO Manuel está esquecido de si e do mundo que o rodeia. Joga xadrez on-line e a sua perícia enche-o de orgulho. Hoje está a ganhar a um francês e a um russo. Quando está on-line sente-se inteligente, poderoso e admirado. – Vem almoçar, Manuel! Já estamos à mesa. Mas Manuel não vem. Tal como não veio ontem, anteontem, nem… Não é só ao almoço em família que Manuel falta. Também se esquiva das aulas nas disciplinas em que é repetente. Falta, porque é-lhe insuportável sentir o fracasso. Então, foge de tudo o que possa confrontá-lo com isso mesmo. Fecha-se no quarto, sem ter de pensar ou falar sobre si ou sobre o seu modo de vida. Aí, on-line ou na TV, experimenta a ser vencedor, esquecendo-se do tempo e da vida. A mãe e o pai não o deixam nesta

“tranquilidade”. Sentaram-se ambos na sua cama e convidaram-no a fazer o mesmo. Aí, relembraram-lhe a sua história, desde o princípio, as suas graças, os sonhos de menino, o seu dom de “encher a casa”, o dinamismo que imprimia e as gargalhadas de felicidade que contagiavam. Este foi o retrato que ele lhes ofereceu ao longo de 20 anos. Não precisaram de falar na recente falta aos encontros com amigos, na anulação de compromissos, no evitamento de tudo o que possa confrontá-lo com alguma das suas dificuldades. Só lhe garantiram: – Filho, vamos até onde for preciso para te ajudar. Este não é o teu jeito de viver. Não é o teu lugar na história. Não sabemos ajudar-te a vencer estes teus medos. Precisas de ajuda. Nós também precisamos, para podermos acompanhar-te.

Vamos encontrá-la! Manuel olhou-os. Como podia ter-se esquecido do aconchego do amor dos pais? Tranquilizou. Afinal, eles não o culpavam. Até o entendiam. Devolveram-lhe um Manuel bonito que ele tinha esquecido. Perceberam que, talvez, ele não estivesse preparado para os insucessos e teve-os. Não se perdoou e, por isso, escondeu-se. Mas, escondendo-se, não os resolveu. Pelo contrário, os problemas avolumaram-se. Só hoje Manuel viu o espaço que decidiu ocupar. Encarou a vergonha, mas também a esperança. Ninguém o culpou, só ele mesmo. A sua história estava lá, fora do quarto e dentro de si, à sua espera. Era tempo de ir construí-la, no mundo real, feita de fracassos e de conquistas e com aquilo que o salvou: muito amor!

Fevereiro 2012

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mundo missionário

CRIANÇAS CRUZAM LÍDERES FRONTEIRAS DA RELIGIOSOS DA ÁFRICA OCIDENTAL ÁFRICA DO NORTE

CÓLERA MATA NO HAITI PARA ALÉM DO TERRAMOTO

Milhares de crianças são vendidas, trocadas ou levadas para longe das terras, todos os anos, vítimas de violações dos direitos da criança reconhecidos internacionalmente. A conclusão de um relatório redigido por representantes de várias organizações apela aos países da Comunidade económica da África Ocidental para que os seus governantes protejam melhor as crianças. O apelo lembra a necessidade de melhorar o desenvolvimento das crianças no seu ambiente, de criar mecanismos de proteção da infância a nível comunitário, iniciativas conjuntas para combater as deslocações ilegais transfronteiriças de crianças. Estas abandonam as suas aldeias, muitas vezes, devido aos conflitos ou em busca de uma melhor educação e aprendizagem, ou para apoiar a família, por vezes forçados pelos pais. Mas nem sempre a migração é negativa. Por vezes, contribui para “melhorar as condições de vida das suas comunidades, evitando que outras crianças sejam obrigadas a partir para tentar a sua chance”. Importante é proporcionar-lhes segurança organizada nos países que as recebem ou no seu próprio país longe das suas comunidades.

A cólera já causou mais de sete mil mortos, desde o seu ressurgir no Haiti, segundo a Organização pan-americana de Saúde (OPS). Sem investimento em infraestruturas e saneamento de águas não será possível erradicar a cólera. “Precisamos de controlar e reduzir a mortalidade, mas temos a possibilidade e a obrigação de nos centrarmos na eliminação da cólera”, declarou a diretora da OPS, Mirta Roses. A organização espera “que se unam a nós e que cumpram suas promessas de fundos”. A atual epidemia do Haiti e da vizinha República Dominicana é um regresso inesperado à América Latina, onde a cólera endémica já havia sido erradicada nos anos 1990. Para alcançar a extinção deste surto, são necessários investimentos massivos em serviços de água potável e de saneamento, orçamentados em mais de mil milhões de dólares. Sem investimentos, “a cólera será endémica durante décadas”, como ocorre em África. A epidemia também é “uma bomba-relógio para todos os estados do Caribe”, acrescentou Mirta Roses.

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“Resistência não violenta à tirania, opressão e violência, apoiando os processos de justiça económica e social”, é o desafio lançado pelos representantes das religiões em situações de conflito e desordem social na área da África do Norte e do Médio Oriente. Reunidos na Noruega, 20 líderes religiosos daquela região e da Europa, convidados pelo Conselho de Europa, refletiram sobre o tema “Líderes religiosos – Religiões pela Paz”. A partir da chamada “Primavera Árabe”, há partidos com uma base religiosa que estão a sobressair nos processos eleitorais, tornando a relação entre política e religião uma questão crucial. Entre os partidos religiosos são significativas as diferenças na “maneira de tratar a democracia e os direitos humanos”. Neste quadro os líderes religiosos são “chamados a inspirar e guiar os fiéis através da pregação e do ensino dos princípios éticos fundamentais, como amor a Deus e ao próximo”.


texto TOBIAS OLIVEIRA*

Se eu fosse bruxo

MILHÕES JOVEM SUDÃO À ESPERAM VACINA ESPERA DE “PÃO DA MALÁRIA PARA A BOCA” Doença infeciosa, a malária mata sobretudo as crianças africanas. Só em 2010, a malária causou mais 655 mil mortos. Cerca de 85 por cento das vítimas eram crianças com menos de cinco anos, segundo a Organização mundial de saúde (OMS). Em todo o mundo, no mesmo ano, registaram-se mais de 216 milhões de casos de malária. A OMS propõe-se, até 2015, eliminar a doença em 10 países, além da Europa. A epidemia tem sido prevenida até agora com redes mosquiteiras impregnadas de inseticidas. Felizmente o ano de 2011 trouxe grandes promessas e a comercialização da vacina está prevista para 2015. Foram precisos 25 longos anos de investigação para conseguir um produto viável e eficaz. Em outubro passado, uma empresa farmacêutica britânica anunciou os resultados dos ensaios clínicos praticados em seis mil crianças, entre os cinco e os 17 meses, em sete países da África subsariana. Um ano após a administração de uma vacina preventiva, o risco de desenvolver a malária reduziu em 56 por cento. Para a preparar e comercializar, é necessário esperar até 2015, prevendo-se gastar cerca de 250 milhões de euros.

O Sudão do Sul precisa de uma “ajuda massiva” da comunidade internacional para enfrentar a miséria de centenas de milhar de deslocados. “É um país recém-nascido, com apenas seis meses como estado independente, mas que enfrenta uma multidão de desafios humanitários de enorme dimensão”, explicou António Guterres, alto-comissário para os Refugiados, em Juba, capital sul-sudanesa. As violências ligadas a conflitos interétnicos e a uma rebelião persistente já causou mais de 300 mil deslocados. Cerca de 80 mil fogem dos combates no Kordofan do Sul e no Baixo Nilo. O país acolhe ainda mais de 100 mil que fugiram da região do Abyei, disputada entre Cartum, capital do Norte, e Juba. Desde outubro, já regressaram do norte ao sul mais de 350 mil. Com destino incerto, encontram-se no norte mais 700 mil. Cartum deu-lhes até abril para regularizarem a sua situação ou partirem.

Refiro-me mais uma vez à situação política e social do Quénia porque da direção que esta tomar em 2012 dependerá não só o bem-estar e desenvolvimento da nação mas também o resultado da evangelização a que me dedico. “Este é o ano da decisão”, proclamava o jornal The Standard no primeiro dia do ano, e de facto é opinião comum que desta vez ou vai ou racha. Em fins de janeiro, antes mesmo que estas linhas cheguem às mãos do estimado leitor, o tribunal internacional da Haia terá decidido se entende julgar ou ilibar os “seis do Ocampo”, personalidades políticas comprometidas nas lutas tribais que em 2008 causaram mais de 1.000 mortos. Da decisão do tribunal dependerá a maior ou menor influência desses senhores na política nacional e nas eleições presidenciais e legislativas, agendadas para fins de dezembro. Se as últimas eleições, de dezembro de 2007, causaram tanto mal, que poderemos dizer das próximas? Para já o clima político é ainda tão incerto que seria necessário ser bruxo para aventurar uma previsão. Queira Deus que o ano da decisão seja início duma era de harmonia e paz. *missionário da Consolata português, a trabalhar em Nairobi, Quénia

Fevereiro 2012

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a missão hoje

QUARTO SACERDOTE COREANO DA CONSOLATA Missionários da Consolata têm quatro sacerdotes naturais da Coreia do Sul. Lee Dong-uk Benigno é o quarto e foi ordenado sacerdote a 8 de janeiro passado, pelo bispo de Incheon, Choi Bonifácio, juntamente com outros 14 jovens texto e foto ÁLVARO PACHECO Lee Benigno, missionário da Consolata com os pais no dia da sua ordenação

O pavilhão desportivo, onde decorreu a cerimónia, estava repleto de fiéis provenientes de quase todas as paróquias da diocese. Os pais e familiares do padre Lee Benigno, assim como os amigos da sua paróquia de Yonsan, em Pusan, cidade portuária do sudoeste da Coreia, estavam presentes em peso. Lee Benigno fez os estudos de filosofia e introdução à teologia na Coreia e seguiu para Roma para cursar teologia. A sua caminhada para o sacerdócio

completou-se no Quénia e Uganda, com um estágio missionário de dois anos. Agora irá viver no Quénia os primeiros anos do seu apostolado missionário como sacerdote. Deixa a Coreia, em fevereiro, rumo à África, continente pelo qual se apaixonou.

22ª PEREGRINAÇÃO DA CONSOLATA A FÁTIMA A 18 DE FEVEREIRO

comunidades missionárias, que temos no coração. Animados pela Igreja portuguesa, que nos convida a construir o rosto missionário da Igreja, seguimos os passos de Jesus na descoberta da Missão. Abrimos o nosso coração aos homens e mulheres que necessitam de ser amados e acolhidos com ternura e dignidade.

Evangelizados Evangelizadores texto ANTÓNIO FERNANDES* Aproxima-se a 22ª peregrinação da nossa família missionária consolatina. Reunimo-nos ao redor do beato José Allamano, a 18 de fevereiro, em Fátima. Ele convida-nos e anima-nos a viver o nosso compromisso com a missão nos pensamentos, nas palavras e no coração. Caminhamos com a nossa Mãe Maria Consolata, peregrinando, uma vez mais, até Fátima. Recordamos todos os missionários e missionárias, leigos e voluntários que, em nosso nome, partiram. Rezamos por todos e pelas suas 10

O novo sacerdote conheceu os Missionários da Consolata num encontro com um jovem da sua paróquia. “Ele tinha entrado na Consolata e

Viajamos com expectativas, exprimimos a nossa fé, reunimo-nos como família, construímos comunhão, alargamos horizontes para abrir os nossos espaços, onde se possa encontrar abrigo e experimentar o verdadeiro amor de Deus. Juntos com Maria, que nos apresenta Jesus – a verdadeira Consolação – abramos o nosso coração para escutar a Palavra de Deus, descubramos a sua vontade, o seu rosto missionário, onde a vida só tem sentido quando a doamos sem medida e sem medo. Saindo de nossas casas, partilhemos a nossa fé, abracemos o mundo, não excluamos ninguém e descubramos as maravilhas de Deus que se faz próximo de todos os seres humanos.


fio da história deixei-me cativar pelo ideal missionário desta congregação. Sinto-me feliz por sermos ambos da mesma paróquia, que agora é mais missionária”. Lee Benigno explica como é que o seu coração se abriu ao mundo: “Tinha a mentalidade do sapo no poço. Só conhecia a Coreia. Como membro de um instituto missionário, a minha visão mudou. É bonito poder sair do poço e descobrir a presença de Deus noutros povos, noutras culturas e tradições”. A presença dos missionários da Consolata na Coreia é importante, explica o jovem sacerdote: “Trata-se de ajudar esta Igreja local a abrir os seus horizontes. Temos muitas vocações e a Igreja da Coreia pode e deve ajudar cada vez mais a Igreja universal”. A Ásia precisa de ser evangelizada e, ao mesmo tempo, ser mais missionária. “Estou contente por fazer parte deste projeto, e de conhecer cada vez mais o mundo e o coração das pessoas de outros continentes”. A caminho do Quénia, Lee Benigno está consciente que terá de superar diversas barreiras, como a língua: “No Quénia falam-se várias línguas locais, que variam de tribo para tribo. Além disso terei de entrar noutra cultura”. É um caminho que exige “um coração aberto, humilde e disponível”. Lee Benigno está desejoso de aprender. “Sim! Acima de tudo, quero aprender para partilhar mais e melhor o que Deus me deu e o que sou”.

ALLAMANO texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO Deixemo-nos guiar por Jesus com alegria e esperança. Não tenhamos medo de proclamar a Boa Notícia e convocar mais operários para a messe do Senhor. Ele estará connosco até aos confins da terra. Convido-vos a vir até Fátima, juntando-vos a todos nós na 22ª peregrinação da nossa família missionária. Convocados pelo beato José Allamano, caminhando com Maria, em comunhão com a Igreja portuguesa, sentar-nos-emos ao redor de Jesus para descobrir a beleza da nossa vocação cristã, que será plena quando sentirmos e vivermos com profundidade a missão. Seja bem-vindo, bem-vinda! Esta é a sua casa, o mundo missionário, a sua família, onde não existem fronteiras. O que nos une é o amor sem limites. *superior provincial

Ordenado sacerdote em Turim em 1873, Allamano foi nomeado e tomou posse como reitor do santuário da Consolata em 1880. Anexo ao santuário havia um instituto de pastoral chamado “Convitto”, onde os neo-sacerdotes faziam estágio, para aprenderem a ser párocos. Neste sentido, Allamano tinha a responsabilidade não só do santuário, mas também do instituto de pastoral. Pelas suas mãos passavam todos os anos largas dezenas de novos sacerdotes. Ele era seu professor, confessor e conselheiro. Por isso conhecia bem os anseios destes jovens sacerdotes e as suas aptidões pastorais. Turim estava repleta de padres e todos os anos se ordenavam mais umas dezenas deles. O bispo punha as mãos na cabeça e interrogava-se: “Onde vou colocar tanto padre?”. Foi aqui que, providencialmente, nasceu a vocação missionária de Allamano. Pasmava ele por ver tanta fartura de padres ali e tanta escassez deles nas missões! “E se eu fundasse um instituto missionário para eles?”. Dito e feito! A Consolata, sua patrona, deu um empurrão forte e aquilo que parecia ser apenas um sonho, tornou-se uma realidade. Surgiu assim o Instituto Missionário da Consolata. Isto passou-se em 29 de janeiro de 1901. Fevereiro 2012

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a missão hoje «COMO EU VOS FIZ, FAZEI VÓS TAMBÉM»

PARA UM ROSTO MISSIONÁRIO DA IGREJA EM PORTUGAL

saber cultivá-las, para oferecer o Evangelho ao nosso mundo” (26). É fundamental ter os jovens como como agentes da ação missionária, até ao ponto de ousarem partilhar a própria fé além-fronteiras. 4. O Bom Pastor “dá a vida pelas suas ovelhas”. É um ideal nobre que urge e exige de nós a entrega da nossa vida. É tarefa do Centro Missionário Diocesano ser “o propulsor da consciência e do empenho missionário da Igreja diocesana, ajudando-a a viver a sua identidade missionária traduzida no empenho específico do anúncio do Evangelho a todas as pessoas, em toda a parte”(21).

António Lopes nas Jornadas missionárias, em setembro do ano passado, em Fátima

“Uma comunidade evangelizadora sente-se continuamente obrigada a expandir a sua presença missionária em todo o território confiado ao seu cuidado pastoral e também na missão orientada para outros povos” texto ANTÓNIO LOPES * foto ANA PAULA Gostava de aprofundar melhor o número seis da Carta Pastoral, dos bispos portugueses, que fala do Bom Pastor, transparência do amor de Deus. Sublinho alguns pontos: 1. O Bom Pastor “chama”. É ele quem vem ao encontro de cada um onde quer que se encontre. Aquele que escuta a sua voz e se sente interpelado não deixa de fazer aos outros o mesmo convite de Jesus: “Vinde e vede!” (Jo 1,39). 2. Cada um é “chamado pelo seu nome”. Trata-se de um “conhecimento recíproco”. Face a uma sociedade favorável ao individualismo, ao anonimato e à etiquetagem numérica das pessoas, é nossa missão promover a pessoa no 12

seu todo. Nesta perspetiva era bom que se levasse a sério a proposta que aparece na Carta Pastoral: “Torna-se necessário fazer surgir na Igreja portuguesa centros missionários diocesanos e grupos missionários paroquiais, para que, em consonância com as Obras Missionárias Pontifícias e os centros de animação missionária dos institutos missionários, possam fazer com que a missão universal ganhe corpo em todos os âmbitos da pastoral” (20). 3. O Bom Pastor caminha “à frente” das ovelhas. A missão leva-nos a “saber aproveitar todas as oportunidades, mas também a saber provocá-las, e lançar mão de capacidades e aptidões, e a

5. O Bom Pastor tem “outras ovelhas que não são deste redil”. A vocação missionária impele-nos a contactar as pessoas que procuram Deus e aquelas que não pertencem a nenhuma comunidade de fé, empenhando-nos com paixão na chamada primeira evangelização e na “nova evangelização”. É imperioso formar grupos consistentes de evangelização que sintam a alegria de levar o Evangelho a todos os setores da vida, desde a família à escola, ao trabalho, aos tempos livres, à solidão, à dor. “Cada Igreja particular é responsável de toda a missão” (17). Seria bom que as dioceses portuguesas se abrissem às necessidades das outras Igrejas, partilhando generosamente não apenas os dons, mas também os seus sacerdotes. A Carta Pastoral interpela a todos: bispos, sacerdotes e leigos. Lança desafios que devemos encarar com serenidade, com fé e com ardor. * Verbita, diretor das Obras Missionárias Pontifícias


destaque KIM JONG-UN É O NOVO LÍDER DA COREIA DO NORTE

UMA MUDANÇA SEM MUDANÇAS

sucessão tem vindo a ser preparada há cerca de dois anos, entre Pyongyang e Pequim. Embora relativamente desconhecido, Kim Jong-un foi apresentado em 2010 como o sucessor natural de Kim Jong-il.

Kim Jong-un sucede a Kim Jong-il que sucedeu a Kim Il-sung. A Coreia do Norte transformou-se na última dinastia comunista do mundo e, para já, são muito poucos os especialistas de política internacional que Uma reforma refém do nuclear se arriscam a vaticinar uma mudança de regime A Coreia do Norte continua a contar texto CARLOS CAMPONEZ foto LUSA O discurso oficial insiste no tom bélico para com a Coreia do Sul e os seus aliados, enquanto Estados Unidos, China e Japão acordaram entre si sobre a necessidade de evitar qualquer tipo de provocação que pusesse em causa a transição tranquila naquela potência nuclear. Vítima de fadiga física durante uma viagem de comboio, em 17 de dezembro, Kim Jong-il deixou 17 anos de poder naquele que é

considerado, atualmente, como um dos regimes políticos mais fechados do mundo. A perseguição e detenção de dissidentes políticos, e dos que professam o cristianismo, a repressão dos que tentam fugir do país, o poder assente na glorificação do líder e do exército, bem como a capacidade de chantagem internacional que lhe advém do controlo de armas nucleares, fazem do regime um dos principais fatores de desestabilização da região, no Extremo Oriente. Vários aspetos indicam que as mudanças do regime serão lentas. Apesar da juventude de Kim Jong-un, o certo é que a sua

com o apoio chinês, apesar dos embaraços diplomáticos que tem vindo a criar nos últimos anos ao governo de Pequim. Na verdade, a China – a principal fornecedora de ajuda humanitária a Pyongyang – é considerada a única potência capaz de promover mudanças na Coreia do Norte. Mas, pelo que se conhece da tradição política chinesa, as mudanças políticas repentinas não são muito ao seu gosto. Para além disso, a Coreia do Norte continua a desempenhar um importante papel estratégico para a China, face à influência dos Estados Unidos e do Japão naquela região do globo. Finalmente, mas não por último, existe a questão da arma nuclear. Embora o poderio militar norte-coreano não seja considerado muito importante, o facto de dispor da arma nuclear e de armas capazes de atingirem a capital da Coreia do Sul, Seul, torna a situação demasiado sensível. Pyongyang há muito que percebeu isso e é em nome disso mesmo que não hesita em desafiar a comunidade internacional, procurando obter contrapartidas económicas em troca de cedências no seu programa nuclear. E talvez seja essa a grande lição a retirar desta história: sem reformas políticas internas, o nuclear é uma arma não só de dissuasão da política externa, mas um fator que, num quadro de uma ditadura, torna a mudança social muito mais difícil.

Parada militar em Pyongyang, no 65º aniversário do Partido dos Trabalhadores

Fevereiro 2012

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atualidade

ANGOLA Visita de António Marto bispo da diocese de Leiria-Fátima

“É PRECISO MUITO AMOR E PAIXÃO” PELA MISSÃO Missas que demoram duas horas e ninguém arreda pé? Crianças que nunca provaram leite? Mães que passam dia e meio sem comer nada? Há outra vida em Angola, na missão, onde não há sequer luz elétrica, onde os acessos são intransitáveis, conta emocionado António Marto. Durante duas semanas o bispo de Leiria-Fátima inteirou-se do trabalho da equipa missionária, constituída por dois padres e quatro leigos desta diocese, que se encontra no Sumbe, ao abrigo de um acordo de geminação que dura até 2017 texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto VITOR MIRA As comunidades cristãs recebem António Marto com grande alegria e entusiasmo

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“É impressionante, qualquer criança das nossas [portuguesas] já bebeu leite. Lá uma criança de oito anos não sabe o que é”, relata emocionado o bispo de Leiria-Fátima. António Marto acaba de regressar de uma visita missionária à diocese do Sumbe e defende que “é preciso dar a conhecer estas experiências”. E acrescenta: “Só vendo com os nossos olhos”. Nas primeiras semanas de 2012, António Marto foi missionário em Angola e partilhou da simplicidade com que vive a equipa de dois padres e quatro leigos de Leiria-Fátima no Sumbe. “Admiro estes missionários que lá estão, porque embora tenham o mínimo necessário, a vida é dura”, confessa. “É preciso muito amor e muita paixão. E eles fazem isto com muita alegria”, reconhece. A visita inédita, que marcou profundamente o prelado, serviu para “ver todo este enriquecimento mútuo, que resulta do trabalho missionário”, quando está cumprido metade do tempo de geminação entre as duas dioceses. António Marto já recebeu pedidos para que a equipa missionária da diocese portuguesa ali permaneça para além de 2017.

Contagiar outros

A viagem teve ainda como objetivo divulgar esta experiência de geminação missionária. É importante que ambas as dioceses “a estimem, a amem, a apoiem

António Marto já recebeu pedidos para que a equipa missionária da diocese portuguesa ali permaneça para além de 2017 também espiritual e humanamente, e a partilhem”. Além do acolhimento, “a resposta a estas necessidades ainda precisa de fazer bastante caminho”, considera António Marto. O caminho passa por contagiar outros com a alegria, e a vivência da fé, em particular, sensibilizando os jovens para o voluntariado. “Isto é o passa-a-palavra, o passa a experiência que vai contagiando. Mas leva tempo”, reconhece o bispo de Leiria-Fátima. Requer também “abertura do coração”, mas “muitas vezes, as pessoas andam distraídas com tanta outra coisa”. Em Angola, o bispo apreciou “uma fé cheia de alegria, de frescura, de entusiasmo que se exprime nos cânticos e nas danças tipicamente africanas, que embelezam a liturgia”, e na “abertura de uns aos outros”.

António Marto narra as suas “aventuras” missionárias em terras de Angola

Visita significativa Houve momentos altos na visita do bispo da diocese de Leiria-Fátima a Angola. Um deles foi a inauguração da casa do grupo missionário Ondjoyetu, no Sumbe. A casa funciona como retaguarda à equipa missionária que trabalha no Gungo, a 100 quilómetros. António Marto presidiu à abertura oficial e solene do jubileu dos 50 anos do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Huambo. Uma oportunidade para falar da atualidade da mensagem de Fátima no contexto angolano. O prelado benzeu a capela dedicada aos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Outro dos grandes momentos desta viagem foi a visita ao santuário da Muxima, o maior santuário mariano de Angola. Em breve irá ser construído um novo templo, um projeto que apresenta semelhanças com a igreja da Santíssima Trindade, de Fátima.

Geminação com o Sumbe As Igrejas de Leiria-Fátima e Sumbe assinaram um protocolo de geminação, em março de 2006. O sonho começou a tornar-se realidade quando chegou ao terreno a primeira equipa missionária da diocese portuguesa, a 2 de agosto desse ano. Além do trabalho de evangelização, a ação de cariz humanitário e social beneficia a população local. Cinco anos depois, deste acordo definido com a duração de dez, a diocese de Leiria-Fátima tem no Sumbe dois padres, Vítor Mira e David Nogueira, e leigos. Na diocese portuguesa encontra-se um sacerdote de Sumbe, Segunda Julieta Miguel, pároco de Urqueira e Casal dos Bernardos, em Ourém.

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dossier

BRASIL A caminhada para o desenvolvimento, ainda só vai a meio do caminho

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O BRASIL BATE DE NOVO A INGLATERRA MAS DESTA VEZ NÃO É NO FUTEBOL


Com a Europa em crise, bastou uma economia brasileira a meio gás para que o final de 2011 fosse marcado por uma importante alteração na hierarquia das grandes potências: o Brasil é agora mais rico que o Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte) e faz já figura de sexta economia mundial. Bater os ingleses tinha-se tornado habitual no futebol, uma espécie de vingança dos pobres que jogam bonito contra os ricos que inventaram o desporto-rei, mas agora os brasileiros sabem também que o seu país é capaz de ganhar ao Reino Unido fora do relvado. Um alerta, porém, deve ser feito: a caminhada brasileira para o desenvolvimento, espetacular na última década, ainda só vai a meio do caminho: em média um brasileiro continua a ser quatro vezes mais pobre que um britânico e será necessário gerir muito bem as potencialidades do gigante lusófono para desfazer um dia esse fosso. texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* fotos LUSA e E. ASSUNÇÃO Com 8,5 milhões de quilómetros quadrados, o Brasil é o quinto maior país do mundo. E com cerca de 200 milhões de habitantes, é também o quinto mais populoso. Porém, na classificação das grandes potências económicas, o gigante lusófono fez durante quase dois séculos uma fraca figura e só na última década conseguiu entrar no grupo dos dez mais ricos em termos absolutos. E agora, depois de ter ultrapassado o Reino Unido em finais de 2011, até é já sexto e muito provavelmente baterá numa questão de poucos anos a França, o que lhe dará um quinto lugar que parece ser o seu lugar natural na hierarquia das grandes nações. Ultrapassar os britânicos teve um simbolismo especial para os brasileiros. Desde que, no início do século XIX, D. João VI de Portugal abriu os portos da sua maior colónia à marinha mercante inglesa (e também escocesa, galesa e irlandesa, as outras componentes

do Reino Unido) que os brasileiros se habituaram à ideia de que por muitas potencialidades que o seu país tenha, os ricos eram os burgueses que a partir de Londres mexiam os cordelinhos do comércio mundial. E depois da independência brasileira em 1822, obra desse jovem D. Pedro que preferiu ser imperador do Brasil a rei de Portugal e dos Algarves, a Inglaterra continuou a simbolizar a prosperidade europeia que o gigante lusófono falhava mesmo depois de se ter tornado uma república, como que condenado a ser sempre um adiado País do Futuro, expressão inspirada no título do célebre livro do austríaco Stefan Zweig. Para se vingarem da supremacia económica dos britânicos, aos brasileiros restou durante muito tempo o futebol. Os ingleses podem ter inventado o jogo, algures em meados do século XIX, mas quem se impôs como os melhores Fevereiro 2012

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no domínio da bola foram os brasileiros. Nos 23 jogos entre as duas nações, o quadro é revelador: 11 vitórias brasileiras, nove empates e apenas três triunfos ingleses. E como se não bastasse, os ingleses só foram campeões do mundo uma vez, quando organizaram em 1966 a fase final, enquanto os brasileiros somam cinco títulos. Mas em 2011 bastou ao Brasil um crescimento económico a meio gás (3,5% contra os 7,5% em 2010) para passar a olhar de cima os britânicos e não apenas quando se enfrentavam num relvado. Mergulhado na crise da dívida soberana tal como a generalidade dos países europeus, o Reino Unido não cresceu mais que 0,9%, permitindo a tal ultrapassagem pelo Brasil, trocando de posições na hierarquia das grandes economias: Brasil passa a sexto, Reino Unido a sétimo. Lá bem na frente continuam os Estados Unidos, seguidos da China. Em terceiro está o Japão, em quarto a Alemanha e em quinto a França. Depois do Brasil e do Reino Unido surgem a Itália em oitavo, a Índia em nono e a Rússia em décimo. Tudo isto tendo em conta os Produtos Internos Brutos (PIB) em termos de dólares correntes e não calculados segundo a regra da paridade do poder de compra, que tem em conta os diferentes custos dos bens e acaba por atribuir mais riqueza às nações emergentes (nesse caso o Brasil já bateria a França). As anteriores ultrapassagens sonantes tinham sido em 2007 a China a tirar o terceiro lugar à Alemanha e depois a China a conquistar em 2010 o segundo lugar ao Japão. Em breve, deverá ser a vez de Índia e Rússia ultrapassarem a Itália, que deverá passar rapidamente para décimo. O PIB brasileiro ronda agora os 2,5 biliões de dólares (os fabulosos ‘trillions’ anglo-saxónicos). Mas, voltando à analogia futebolística, 18

EM MÉDIA UM BRASILEIRO CONTINUA A SER QUATRO VEZES MAIS POBRE QUE UM BRITÂNICO

Imagens semelhantes e chocantes nas diferentes favelas da periferia de São Paulo

Programas sociais como o Bolsa Família e o Fome Zero tiraram cerca de 30 milhões de pessoas da miséria, enquanto o incentivo à modernização económica expandia a classe média para números nunca vistos, atenuando o fosso social herdado da colonização portuguesa, da permanência da escravatura durante quase todo o século XIX e da ausência de mobilidade social (um terço da população de São Paulo e do Rio de Janeiro vive em favelas)


desenvolver de vez a economia e ao mesmo tempo libertar da pobreza boa parte dos brasileiros. Mas o verdadeiro milagre deu-se quando o prestigiado académico de formação social-democrata cedeu o lugar a Lula da Silva, um metalúrgico semianalfabeto que fez a sua aprendizagem política nas lutas sindicais e que fundou o Partido dos Trabalhadores. Eleito Presidente apenas à quarta tentativa, Lula tomou posse em janeiro de 2003 prometendo não seguir a tradicional cartilha dos governantes de esquerda latino-americanos: abundante entusiasmo pela redistribuição da riqueza, escasso ênfase na produção desta.

a vitória sobre o Reino Unido aconteceu por margem mínima. Como notou o jornal ‘O Globo’, o Brasil bate o Reino Unido, mas a renda só será igual em 20 anos. É que as diferenças de rendimento médio persistem muito favoráveis às economias tradicionais. Um britânico tem em média 38.370 dólares de rendimento anual, contra apenas 9.390 dólares de um brasileiro. E como as desigualdades sociais são mais pronunciadas no Brasil, uma avaliação em termos de índice de desenvolvimento humano da ONU coloca o Reino

Unido em 28.º lugar e o Brasil ainda em 84.º. E só os primeiros 47 da lista correspondem hoje ao invejável estatuto de país de desenvolvimento muito alto (Portugal é um deles). Ora, o sucesso económico do Brasil tem acontecido em paralelo com um esforço sério por parte dos seus governantes para tornarem o país uma sociedade mais justa. Foi com o presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda na década de 1990, que foram dados os primeiros passos para

E a verdade é que ao fim dos seus dois mandatos, o antigo metalúrgico era aplaudido dentro e fora de fronteiras pelos resultados. Programas sociais como o Bolsa Família e o Fome Zero tiraram cerca de 30 milhões de pessoas da miséria, enquanto o incentivo à modernização económica expandia a classe média para números nunca vistos, atenuando o fosso social herdado da colonização portuguesa, da permanência da escravatura durante quase todo o século XIX e da ausência de mobilidade social (um terço da população de São Paulo e do Rio de Janeiro vive em favelas). De repente, o Brasil passava a ser visto como uma das potências emergentes, o B desse conjunto que responde pela sigla de BRIC e que inclui ainda Rússia, Índia e China. Sintomático foi esse ano de despedida de Lula, quando com 7,5% de crescimento económico o Brasil se aproximou dos números habituais das economias indiana e chinesa. E a saudar essa fórmula de êxito, os brasileiros elegeram como presidente Dilma Roussef, a delfim do ex-sindicalista, uma mulher de esquerda que chegou a estar presa por combater a ditadura militar que durou até meados da década de 1980: no primeiro ano de Dilma, Fevereiro 2012

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2011, houve um arrefecimento, com os tais 3,5% de crescimento económico, mas este ano já se prevê uma taxa de 4,5%, o que significa que o fosso com o quinteto de potências à frente vai reduzir-se. E novas riquezas prometem ajudar a caminhada brasileira em relação ao sucesso económico: as recentes descobertas de enormes reservas petrolíferas no litoral garantem a autossuficiência energética de um país que apostava já forte nos biocombustíveis para assegurar a sua competitividade industrial, enquanto empresas como a Vale buscam pelo subsolo do imenso território riquezas minerais que podem surpreender aqueles que se habituaram a pensar nos Estados Unidos, Rússia e África do Sul como os países líderes nessa matéria. Outra riqueza brasileira é o potencial agroalimentar, famoso desde os primeiros tempos da colonização portuguesa, quando a colónia se tornou produtora intensiva de cana-de-açúcar. Depois veio o café e mais recentemente as imensas pastagens para o gado bovino. Tudo isto, porém, tem ameaçado a floresta amazónica, o que é dramático não só para o Brasil como para todo o mundo. Felizmente depois de um pico de desflorestação atingido em 2004 (27 mil quilómetros quadrados, quase o equivalente ao Alentejo!), os valores estão a ser bastante menores (cinco mil quilómetros quadrados em 2010), fruto da preocupação governamental, mas também da pressão de uma opinião pública cada vez mais bem informada. Preservar a Amazónia passa por manter um pulmão do planeta, preservar a biodiversidade e ainda respeitar o modo de vida das tribos índias que insistem em manter-se fiéis à natureza. # *jornalista do DN

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DE 1822 A 2022 – UM ABANÃO NA HIERARQUIA DAS POTÊNCIAS ECONÓMICAS Quando D. Pedro deu o Grito do Ipiranga e o Brasil cortou de vez os laços políticos com Portugal, a grande potência económica mundial era a China, com um terço da riqueza global. Em segundo lugar vinha a Índia, com 16%, enquanto os impérios britânico e francês surgiam em terceiro e quarto lugares, com cerca de 5% do PIB total cada. Os reinos e principados que seriam a futura Alemanha ocupavam então, se somados, a quinta posição, com 4%. O Brasil, por seu lado, era um verdadeiro anão económico

e o mesmo se podia dizer dos Estados Unidos (valiam 1,5% do PIB mundial contra os 20% de hoje). Mas as previsões apontam para que quando o Brasil festejar o bicentenário, a hierarquia das nações mais ricas seja Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Índia, Brasil, Alemanha, Reino Unido, França e Itália. E poucos anos depois, se as tendências se mantiverem, a China recuperará o primeiro lugar que foi seu na maior parte da história da humanidade, mais não seja pelo peso da sua população.

Felizmente depois de um pico de desflorestação atingido em 2004 (27 mil quilómetros quadrados, quase o equivalente ao Alentejo!), os valores estão a ser bastante menores (cinco mil quilómetros quadrados em 2010), fruto da preocupação governamental, mas também da pressão de uma opinião pública cada vez mais bem informada. Preservar a Amazónia passa por manter um pulmão do planeta, preservar a biodiversidade e ainda respeitar o modo de vida das tribos índias que insistem em manter-se fiéis à natureza

O gigante lusófono ÁREA 8,55 milhões de quilómetros quadrados POPULAÇÃO 197 milhões CAPITAL Brasília (São Paulo é a maior cidade e capital económica) MOEDA Real (42 cêntimos de euro) LÍNGUA Português RELIGIÃO Maioria católica, mas com forte crescimento das chamadas igrejas evangélicas ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA 71 anos para os homens e 77 anos para as mulheres RENDIMENTO MÉDIO 9.390 dólares PRINCIPAIS EXPORTAÇÕES Bens manufacturados, ferro, café, laranjas, outros produtos agrícolas.


Dilma Roussef sucede a Lula da Silva em janeiro de 2011 com a economia a abrandar

Lula da Silva, ex-sindicalista chegou à presidência do Brasil em janeiro de 2003

A ERA LULA-DILMA – SUCESSO COM ALGUNS SOBRESSALTOS 2002 Em março, a fazenda

do ainda presidente Fernando Henrique Cardoso era ocupada pelo Movimento dos Sem Terra, relembrando que o Brasil continuava à espera de uma reforma agrária. Mas em junho, a festa apoderou-se do país, unindo todas as classes: a seleção de futebol ganhava o seu quinto título mundial. Nova festa aconteceria em outubro, com a vitória do ex-sindicalista Lula da Silva nas presidenciais, mas desta vez o país dividiu-se: os mercados reagiram mal perante a hipótese de um político de esquerda assumir a liderança nacional.

2003 Lula tomou posse em janeiro prometendo reformas políticas e económicas e comprometendo-se a erradicar a fome.

2004 O mês de abril é marcado

por uma série de ocupações de terras. Em outubro, o Brasil lança o seu primeiro foguetão espacial e dá

um sério passo como potência a ter em conta. No mês anterior tinha apresentado a sua candidatura a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

2005 O assassínio em fevereiro

de uma missionária americana defensora dos povos da Amazónia força o governo a tomar uma atitude sobre os conflitos de terras na imensa floresta. Mão mais firme das autoridades reduz o ritmo de desflorestação. Em junho, o Partido dos Trabalhadores é atingido pelo escândalo do Mensalão, que envolve pagamentos a deputados para aprovarem certas leis. Lula pede desculpa na televisão pelo caso, mas a sua inocência pessoal não é posta em causa.

2006 Os bons resultados

da economia, contrariando os alarmistas, e a eficaz redução da pobreza garantem a Lula uma vitória fácil em outubro.

2007 Estado brasileiro reconhece oficialmente em agosto os crimes da ditadura militar (1964-1985).

2008 Uma comissão do Congresso

rejeita em julho uma proposta para legalizar o aborto no país do mundo com mais católicos.

2009 Em junho o Brasil afirma que irá oferecer dez mil milhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional para ajudar à disponibilização de créditos aos países em desenvolvimento.

2010 Ano final de Lula como

presidente é marcado em março e abril por um grande protagonismo internacional, sobretudo no Médio Oriente, onde faz uma visita ao Irão. A aposta em Dilma Roussef como sucessora resulta também na eleição desta em outubro. E, para culminar, o Brasil chega ao final de dezembro com uma taxa de crescimento económico de 7,5%.

2011 Dilma toma posse em janeiro

e, se a economia abranda um pouco, chega, porém, para ultrapassar o Reino Unido e fazer do Brasil a sexta potência do planeta.

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gente nova em missão

BEM-VINDOS DE NOVO! Em fevereiro celebramos a festa do carnaval! Vamos espreitar e conhecer, mas principalmente compreender o que é o carnaval para cada um de nós. Para os cristãos é uma festa que significa «adeus à carne» e precede o início da quaresma, tempo de preparação interior para a festa da Páscoa texto CARLOS E MAGDA ilustrações RICARDO NETO

ORIGEM DO CARNAVAL

De origem pagã, o carnaval foi recuperado pelos cristãos, que o celebram antes de quarta-feira de cinzas. Misturando festejos populares com ritos e tradições pagãs, o carnaval permite às pessoas de se manifestarem livremente. A palavra vem do latim clássico: «carne vale», isto é, «adeus à carne». Os cristãos festejam o carnaval antes de começar a quaresma, tempo de preparação interior para a grande festa da Páscoa de Jesus. É o tempo para compreendermos melhor quem somos e o que queremos mudar em nós. A principal característica do carnaval é o disfarce. Usam-se máscaras para se parecer outro(a). A festa do carnaval tem formas diferentes nos vários países. Em Portugal, realizam-se cortejos com carros alegóricos enfeitados com diversos temas. As pessoas, principalmente as crianças, disfarçam-se. Já pensaste porque te disfarças? É só por brincadeira? Ou gostarias de ser mesmo aquele em que te mascaras? Vais conhecer a história do Afonso, um menino como tu, que participava no clube de teatro da sua escola. Nunca gostava das personagens que tinha de representar. Eram sempre as menos importantes. Preferia as personagens principais. E sabes porquê? Porque não se aceitava como era!… Até que, um dia, alguém lhe disse: É importante sentires que és especial, porque és tu. Tu és único!

O meu momento de oração Amigo Jesus, tu gostavas de festas, do encontro com os amigos, de alegria; obrigado por me deixares participar em muitas festas e viver a alegria! Fortalece-me para que eu saiba distinguir entre alegria verdadeira e disfarce do que não gosto em mim. Não quero ser outra pessoa, quero ser eu, porque sou único! E sei, como teu amigo, que sou especial para ti! Que tu possas ser a minha verdadeira alegria em todos os momentos! Ajuda-me a saber ver em mim, o que de melhor tenho e sou para partilhar com todos, sem disfarces nem imitações. 22


O PROFESSOR DO AFONSO DISTRIBUIU AS PERSONAGENS PELOS ALUNOS

Semanas mais tarde, o professor Tobias tornou a entregar um novo personagem ao Tomás para outra peça.

No 3º período, o professor preparou uma peça fabulosa, sobre o filme de animação “José, o rei dos sonhos”.

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tempo jovem

LIBERTA O LÍDER QUE HÁ EM TI! No fundo, a liderança tem a ver com a capacidade de gerar confiança e segurança. Só quem consegue ficar de pé perante as diversas situações e acontecimentos da vida pode garantir a tal segurança, arrastando outros atrás de si texto LUÍS MAURÍCIO foto ANA PAULA

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Há tempos deparei comigo a pensar que são poucas as ocasiões, na nossa vida, em que fazemos uma pausa para nos interrogarmos sobre a nossa capacidade de liderança. A realidade é que, com muita frequência, somos chamados a chefiar uma empresa ou um grupo de trabalho, a guiar pessoas que estão sob a nossa responsabilidade. Somos desafiados a apontar caminhos através das nossas ideias e conselhos, e muitas outras situações de liderança. Tudo isto acontece, por vezes, sem a total consciência de que estamos a influenciar muitas pessoas. E de que maneira! Muitos pensam que a capacidade de liderança é um dom inato e exclusivo de uns poucos privilegiados. Outros, sem hesitar,

creem que um verdadeiro líder nasce espontaneamente de uma disciplina inteligente e de um bom treino. Pessoalmente, concordo com a segunda postura. Mas confesso que, ao falar de liderança, sinto-me mais à vontade com a visão bíblica da mesma. A liderança no sentido bíblico recebe o nome de “dom de presidência”, ou seja, presidir com diligência. Curiosamente o verbo “presidir”, na sua origem grega, deriva de duas palavras: “ficar de pé” e “perante”. No fundo, a liderança tem a ver com a capacidade de gerar confiança e segurança. Só quem consegue ficar de pé perante as diversas situações e acontecimentos da vida pode garantir a tal segurança, arrastando outros atrás de si.

No fundo, a liderança tem a ver com a capacidade de gerar confiança e segurança. Só quem consegue ficar de pé perante as diversas situações e acontecimentos da vida pode garantir a tal segurança, arrastando os outros atrás de si

DUAS ATITUDES DIFERENTES Considero extremamente necessário marcar a diferença entre ter uma atitude de “líder” e ter um comportamento de “chefe”. Em geral, confundem-se as duas atitudes. Muitos pensam que lhes falta atitude de liderança por não terem comportamento de chefe; outros creem que são grandes líderes pelo facto de terem bem desenvolvida a capacidade de “chefiar”. Eis a grande diferença entre ambas as atitudes: O chefe: Considera a autoridade um privilégio de mando Manda Muitas vezes inspira medo

Sabe como fazer as coisas Diz: Vai! Considera as pessoas como um meio Chega sobre a hora Ordena que se faça O líder: Considera a autoridade um privilégio de serviço Conduz Inspira confiança Ensina a fazer as coisas Diz: Vamos! Considera as pessoas como um fim Chega antes Dá o exemplo fazendo

Dicas para treinar Deixo-te algumas dicas para ajudar a desenvolver, corrigir e treinar o líder que está dentro de ti:

Bom exemplo

Um bom líder deve arregaçar as mangas e participar, sem se preocupar com a posição que possa ter na organização ou no grupo.

Saber ouvir

Boa parte da habilidade da liderança depende da capacidade de ser um bom ouvinte. Um bom líder não resulta de discursos “inflamados”, mas da capacidade de ouvir as diversas sensibilidades e as saber gerir.

Paixão

Um líder sem paixão torna-se um distribuidor de tarefas ou, se tiver sorte e for organizado, um burocrata que mantém as coisas nos eixos, mas que não gera novos frutos. A paixão é essencial, pois uma boa parte do papel do líder é despertar o entusiasmo e a motivação. Ninguém é capaz de irradiar uma luz que não possui.

Disciplina pessoal

Um bom líder tem disciplina pessoal. A desorganização da pessoa, quando se reflete na liderança, traz consequências nefastas. A falta de organização gera ruído na definição de metas, no comportamento e no destino da própria vida.

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sementes do reino

PRIMEIRO AS PESSOAS Todos deveríamos recordar em cada momento da nossa vida: o que conta são as pessoas, não as coisas

É uma evidência o que estou para dizer: o Evangelho apresenta-nos um Jesus inteiramente entranhado na pobreza e nos sofrimentos das pessoas do seu tempo texto DARCI VILARINHO foto ANA PAULA Basta ler o trecho litúrgico do primeiro domingo de fevereiro. Mas é curioso: arrasta também os seus discípulos para que eles aprendam com os seus gestos e se entranhem, por sua vez, no frágil quotidiano das pessoas. Jesus não veio para resolver sozinho todos os problemas humanos. Veio para anunciar uma nova doutrina, um mundo novo e um modo diferente de viver a vida e as suas relações. Como aprendizes de Jesus, temos que adquirir o seu estilo de vida e continuar a sua missão, saindo de nós mesmos e abrindo as janelas do nosso coração para tocarmos nas chagas da humanidade. Ele conta conosco. “Todos te procuram”, dizem os discípulos a Jesus. Para uma ajuda, uma palavra de estímulo, uma consolação, um amparo na desgraça, uma luz de esperança. Jesus quer chegar a todos através de nós. Como 26

ele, devo sair de mim mesmo para ir ao encontro dos outros. Posso, porventura, sujar as mãos. Não importa! A minha vida adquirirá outro sentido. Será semelhante à sua. O que conta são as pessoas. É uma verdade que deveríamos recordar sempre: o que conta são as pessoas, não as coisas. Olhemos para a nossa vida: dedicamos imenso tempo ao carro, à casa, à organização e eficiência. Se dedicássemos o mesmo tempo e a mesma atenção às pessoas, com certeza que o mundo seria diferente. Deveríamos encontrar tempo para escutar, dialogar, olhar as pessoas nos olhos, rirmos ou chorarmos juntos, encorajarmo-nos mutuamente. Primeiro as pessoas, depois o resto. Ele, o nosso Mestre, não agiria de outro modo. O Evangelho mostra Jesus que para, escuta, aceita um

convite para uma refeição em família, diz uma palavra de encorajamento; cura, levanta, transmite paz, mansidão e compreensão. Tudo para entrar no coração de cada pessoa e ensinar-lhe o caminho da verdadeira felicidade. O beato José Allamano, cuja festa litúrgica se celebra a 16 de fevereiro, apontou-nos este caminho para o contacto com outras culturas. Queria que os seus missionários fossem mestres na arte de amar as pessoas. É esta a verdadeira inculturação de que tanto se fala nos nossos dias. A mansidão é a chave que abre os corações. “Considerai perdido o dia em que não tiverdes usado de mansidão para com os africanos”, recomendava ele aos seus missionários. Por de trás das culturas estão as pessoas. Amá-las, gastar a vida por elas é o caminho para nos apaixonarmos pelos povos e pelas suas belezas culturais.


intenção missionária

A PALAVRA FAZ-SE MISSÃO FEVEREIRO

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5º Domingo Comum Job 7, 1-7; 1 Cor 9, 16-23; Mc 1, 29-39 Médico divino

Leprosos, cegos ou paralíticos experimentaram a ternura e a compaixão de Jesus. Ainda hoje, como no passado, ninguém pode contestar o serviço prestado pela Igreja neste importante setor. Testemunhas deste ministério são os missionários que, hoje, prolongam a missão de Cristo Salvador no mundo. Sobre as nossas feridas do corpo ou da alma derrama, Senhor, o óleo da consolação e o vinho da esperança.

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6º Domingo Comum Lev 13, 1-2.45-46; 1 Cor 10, 31-11, 1; Mc 1, 40-45 “Se quiseres, podes curar-me”

A lepra era uma impureza legal que impedia o leproso do convívio com os outros. Jesus manifesta-se contra essa marginalização. Sem medo do contágio, toca e deixa-se tocar pelo leproso. Jesus assumiu a nossa natureza ferida para a curar por dentro. Mais do que as físicas são hoje as lepras morais que abundam no nosso mundo. Dá-nos, Senhor, a coragem de uma Madre Teresa de Calcutá, de um Raul Follereau ou de um São João de Deus para enfrentar os males do nosso mundo.

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Peregrinação a Fátima com o beato José Allamano Oremos

Deus nosso Pai, que escolheste o beato José Allamano como fundador da nossa família missionária para a evangelização

dos povos, ajuda-nos a acolher com amor e fidelidade o seu espírito e concede-nos a graça de continuarmos no mundo a sua presença, para sermos como ele dispensadores incansáveis da consolação de Maria Santíssima e colaboradores corajosos na obra da evangelização. Por Cristo nosso Senhor. Ámen.

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7º Domingo Comum Is 43, 18-25; 2 Cor 1, 18-22; Mc 2, 1-12 “Levanta-te e anda”

Através da cura do paralítico de Cafarnaum, precedida pelo perdão dos seus pecados, Jesus quer-nos ensinar que o pecado é a maior das paralisias. Pecados pessoais e coletivos escravizam e atrapalham a nossa relação com Deus e com o próximo. Todos sofremos as suas consequências. Como sair dessa situação? Ajoelhar-nos diante do Senhor e pedir-lhe que nos liberte das ataduras que nos amarram e oprimem. Liberta-nos, Senhor, das nossas ligaduras, para que nos possamos erguer e caminhar na liberdade de filhos teus.

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1º Domingo da Quaresma Gén 9, 8-15; 1 Ped 3, 18-22; Mc 1, 12-15 No deserto

Entremos com Cristo no deserto desta Quaresma de luta e purificação. Pela Palavra acolhida, escutada e cumprida venceremos o mal e escolheremos o bem. “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”. Mostra-me, Senhor, os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas, guia-me sempre pela tua verdade. DV

Para que Deus sustente o esforço dos profissionais de saúde das regiões mais pobres do mundo no serviço aos doentes

Médicos e saúde A saúde é, depois da vida, um dos melhores dons que Deus nos pode conceder. Sem saúde a vida tem muito menos para nos dar. Por isso, anda hoje meio mundo à procura da saúde: médicos, enfermeiros, especialistas, cientistas, hospitais e outras variadíssimas estruturas estão-lhe associadas. E quanto mais se alonga a lista de benefícios, mais se acentua a diferença entre o norte e o sul do mundo. Onde no primeiro caso crescem os cuidados, no segundo eles minguam escandalosamente. Por isso, quando vemos a média etária subir de ano para ano nos países ricos, vemos que nos mais pobres certas doenças, hipoteticamente curáveis, continuam a matar gente. Veja-se a malária, a tuberculose, a sida, a lepra, e outras. Associado, porém, a este lado negativo anda o lado positivo que é o desencadeamento da caridade mais refinada que leva médicos e outros profissionais da saúde a renunciar a férias e oferecer gratuitamente os seus serviços para aliviarem os sofrimentos daqueles que mais necessitam de ajuda. Tudo isto tem um nome: voluntariado. MC

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o que se escreve UMA GENTE MUITO CATÓLICA

O livro descreve, à maneira de romance, a história de um rapaz que gira à volta de um grupo de jovens onde se fala de Igreja e padres, onde ele risca pouco. A pretexto da sua conversão, o autor passa em revista alguns movimentos católicos presentes em Portugal. Livro com boa apresentação e leitura amena. Autor: Nuno Magalhães Guedes 112 páginas | preço: 9,90€ Lucerna

NO PRINCÍPIO DEUS CRIOU O CÉU E A TERRA

Pai-nosso que estais na terra Um título provocante sem ter

nada que desdiga de qualquer dogma de fé ou aspeto teológico. O catecismo diz que Deus está no céu e também está na terra. Mas a intenção do autor é aproximá-lo da oração do “Pai-nosso que estais nos céus”, essa oração, a melhor de todas que Jesus nos podia ensinar. É por isso que se alonga a explicar o sentido de cada frase que rezamos todos os dias sem nos apercebermos. Autor: José Tolentino Mendonça 160 páginas preço: 10,00€ Paulinas Editora

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São quatro homilias que o então cardeal Ratzinger (1981) pronunciou na catedral de Munique, Alemanha, e que ele assumiu como sendo uma catequese para adultos. Sentiu isto como uma necessidade, pois ao nível da homilética e da catequese em geral o tema estava a ser bastante descurado. Autor: Joseph Ratzinger 88 páginas | preço: 9,60€ Princípia Editora

A MINHA PARÓQUIA DE PAPEL

À primeira vista é um título, pelo menos esquisito. Uma paróquia de papel, que é isso? O livro contém os textos que refletem o pensamento do autor e foram publicados na revista «Família Cristã» ao longo de vários anos. Tocam essencialmente quatro grandes temas: beleza da vida cristã, importância da família, a fé e a Igreja. São reflexões que nunca se fazem velhas. Por isso dignas de serem lidas. Autor: José Carlos Nunes 160 páginas | preço: 11,00€ | Paulus Editora

A ORDEM DAS VIRGENS

Texto de pequena dimensão onde se descrevem as características da Ordem das Virgens e os passos que uma jovem tem de dar para ser admitida nessa ordem. Privilegia-se a condição de virgindade como dom de excecional valia na consagração total a Deus. Autora: Margarida Maria Osório Gonçalves 104 páginas | preço: 5,30€ Gráfica de Coimbra 2


o que se diz O PREÇO A PAGAR

Não se trata de um romance no verdadeiro sentido da palavra. É, antes, uma história verdadeira onde ficamos a saber o preço que teve de pagar o herói desta história, para se poder converter do islão ao cristianismo: tiros, prisão, tortura, ameaças de todo o género. Uma história edificante que nos encanta e nos prende do princípio até ao fim. Autor: Joseph Fadelle 232 páginas | preço: 14,50€ Paulinas Editora

A HORA DE JESUS

O autor parte dos relatos dos evangelhos e estabelece os horários mais prováveis em que Jesus viveu os últimos instantes da sua missão na terra e convida-nos a acompanhá-lo na sua paixão. Mais do que ler os textos, o que se pretende é celebrar o acontecimento. Para isso o livro tem muitas propostas. Autor: Orlando Carvalho 252 páginas | preço: 9,90€ Edições Salesianas

Indiferença religiosa “O fenómeno que hoje caracteriza a vivência da fé já não é tanto

esta reação racional e por vezes bastante visceral contra a religião, mas uma atitude de vida que não tem a questão religiosa como seu horizonte. É o que muitos autores chamam de indiferença religiosa. Não se é a favor ou contra a religião, mas é um tema que não faz parte das preocupações das pessoas”. Elias Couto | Mensageiro do Coração de Jesus | janeiro 2012

Sementes de esperança “Se os homens, hoje, perderam a esperança, é urgente lançar

novamente esta semente e cultivá-la. Como? Antes de mais, educando-nos mutuamente a sentir o sofrimento dos outros como nosso, a olhar o próximo nos olhos e a saber ler naquele olhar a solidão ou o deserto”. Frei Severino | Mensageiro de Santo António | janeiro 2012

Fonte de paz “É verdade que existe uma conceção e um uso da religião através

dos quais esta se torna fonte de violência; mas é sobretudo verdade que a orientação do homem para Deus, vivida retamente, é uma fonte de paz”. Agostinho França | Família Cristã | janeiro 2012

Adoção “A adoção é a criação de novos laços familiares entre uma família

adotante e uma criança com características de adotabilidade, tendo em vista o superior interesse da criança. Esta nova relação jurídica familiar tem em vista a proteção à criança desprovida de meio familiar normal”. Olinda Silva | Valentes | dezembro 2012

Corrupção “Os países africanos são considerados dos mais corruptos do mundo, um fator que contribui para o empobrecimento do continente. Os esforços anticorrupção têm mostrado resultados mistos nos últimos anos, mas são essenciais para o desenvolvimento. Os governos precisam de combater a corrupção em vez de depender da ajuda externa”. Carlos Reis | Além Mar | janeiro 2012

Diálogos em família “Longe vão os tempos em que a família se reunia depois do jantar

para longos diálogos até à hora de dormir. Falava-se das ocorrências e das azáfamas do dia, contavam-se histórias e anedotas, rezava-se e jogava-se em família. Hoje há menos tempo! Liga-se a televisão ao chegar a casa, janta-se a ouvir as notícias e passa-se tempo infinito ao computador e ao telemóvel”. Abel Dias | Audácia | dezembro 2011

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gestos de partilha

www.fatimamissionaria.pt www.consolata.pt

PROJECTO 2012 MALOCA PARA TODOS

ELE PRECISA DE SI PARA TER UM TECTO O seu contributo é uma dádiva e a sua ajuda fundamental! Pode ajudar a erguer uma “Maloca para Todos” e a tornar realidade o sonho desta comunidade fazendo a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA através de transferência bancária: NIB: 0033.0000.45365333548.05 IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA António Sousa – 110,00€; Vitória Sousa – 35,00€; Anónimo – 25,00€; Teresa Benardino – 7,00€; Elisa Mendes – 10,00€; Ilda Pinto – 3,00€; Noémia Guichard – 3,00€; Conceição Mendonça – 30,00€; Eugénia Bonito – 50,00€; Anónimo – 3,00€; Alexandrina Gravito – 43,00€; Helena Barros – 53,00€; Céu Guerra –10,00€; Isaura Fonseca – 15,00€; Quitéria Silva – 3,00€; Susana Ribeiro – 10,00€; Delfina Torres – 25,00€; João Bastos – 3,00€; Teresa Marcelo – 50,00€; Florinda Carreira – 100,00€; Isabel Melo – 5,00€; Conceição Barandas – 10,00€; Gabriela Santos – 25,00€; Alfredo António – 15,00€; Manuel Marujo – 8,00€; Anónimo – 20,00€; Maurício Noites – 15,00€; Manuel Francisco – 20,00€; Maria Porto – 10,00€; Deonilde Silva – 10,00€; Arminda Sousa – 10,00€; Anónimo – 20,00€; Eugénia Marques – 10,00€; Conceição Ribeiro – 50,00€; Alice Fernandes – 143,00€; Joaquim Cameira – 25,00€; Ana Afonso – 5,00€; João Cação – 10,00€; Olinda Santos – 25,00€; Ana Matos – 13,00€; Carmo Allegro – 10,00€; Inácia Ferreira – 10,00€; Gracinda Mateus – 100,00€; Anónimo – 100,00€; Irmãs Clarissas do Desagravo – 3,00€; Leonor Andrade – 20,00€; Célia Silva – 20,00€; Irmãs Missionárias Coração de Jesus – 10,00€; Assinante 6151 – 15,00€; Manuel Sineiro – 18,00€; Adelina Antunes – 100,00€; Ausenda Carvalho – 30,00€; Sofia Vicente – 43,00€; José Rodrigues – 20,00€; Cândida Neves – 10,00€; Virgínia Sousa – 25,00€; Assinante 37625 – 13,00€; Conceição Lucas – 43,00€; Margarida Silva – 93,00€; Conceição Costa – 8,00€; Francisco Paisana – 43,00€; Teresa Ochoa – 10,00€; João Domingues – 50,00€; Arlete Cardoso – 25,00€; António Oliveira – 25,00€; Aurora Manso – 30,00€; Maria José Almeida – 20,00€; Anabela Coito – 20,00€; Vasco Biléu – 30,00€; Guilhermina Santos – 10,00€; Alexandrina Sousa – 10,00€; Isidro Prazeres – 10,00€; Anónimo – 100,00€; Conceição Fernandes – 93,00€; Filomena Bacelo – 50,00€; Maria Formiga – 11,00€; Preciosa Formiga – 10,00€; José Rosa – 10,00€; Marlene Mendes – 3,00€; Delfina Gaspar – 3,00€. Total geral = 13.495,00€.

Contactos

Solidariedade vários projetos Paróquia do Gurué, Moçambique Olívia Monteiro – 20,00€; Maria Anjos Duarte – 30,00€; Anónimo – 180,00€; Victória Moura – 35,00€; Isaura Marçal – 11,00€; Maria José Moreira – 5,00€; Bárbara Silva – 10,00€; Guilhermina Duro – 5,00€; Joaquim Cavadas – 18,00€; Carlos Lucas – 25,00€; José Pereira – 100,00€; Trindade Pereira – 100,00€; Anónimo – 20,00€; Fernanda Paninho – 40,00€; Rosa Matias – 130,00€. Bolsas de Estudo João Ribeiro – 250,00€; Anónimos – AMC (Núcleo do Algarve) – 1.000,00€; Cacilda Cardoso – 250,00€; Assinante 6151 – 150,00€; Fernanda Roque – 250,00€; Armindo Travassos – 100,00€; Fernando Silva – 250,00€; Anónimo – 250,00€; Maria Leitão – 250,00€; Eugénia Talefe – 250,00€; Armando Pedro – 250,00€; Filomena Lopes – 250,00€; Rogério Campos – 500,00€; Inês Jordão – 250,00€; José Morais – 250,00€; Fernanda Januário – 1.000,00€. Padre José Torres Neves (Moçambique) Francisco Soares – 500,00€. Crianças do padre Paulino – Tanzânia Deonilde Silva – 10,00€. Padre Tobias Oliveira (Quénia) José Palinhos – 250,00€. Padre José Salgueiro (Moçambique) João Ferreira – 150,00€. Crianças yanomami Anónimo – 50,00€. Crianças de Angola Celeste Alves – 100,00€. Projeto dos sem abrigo do Porto Cabaz de Natal (Águas Santas) – 500,00€. Ofertas várias António Dinis – 22,00€; Jaime Sousa – 200,00€; Fernando Zagalo – 93,00€; Leonilde Godinho – 93,00€; Maria Teixeira – 93,00€; Agostinho Gomes – 23,00€; Armandina Silva – 26,00€; Florinda Carreira – 43,00€; Isilda Gomes – 200,00€; Celeste Joaninho – 40,50€; Isabel Pacheco – 35,00€; José Júnior – 43,00€; Angelina Silva – 36,00€; Pedro Reis – 66,00€; Rosa Rocha – 50,00€; Fernando Lima – 36,00€; Alfredo António – 28,00€.

Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 – SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | aguas-santas@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | Telefone 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | braga@consolata.pt 30


vida com vida

NEM NA PRISÃO TEVE PROBLEMAS Padre João Devale nasceu em Racconigi, Itália, em 11 de fevereiro de 1905. Entrou no instituto da Consolata em 1917. Foi ordenado sacerdote em 1928. Partiu para as missões do Quénia em 1931, lá exerceu vários cargos: professor, escritor, além de ser zeloso missionário. Faleceu em 2 de novembro de 1959 texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO

Nasceu em Racconigi, arredores de Turim em 1905. Quando tinha 16 anos apresentou-se na Consolata e foi o próprio fundador José Allamano, que lhe vestiu a batina pela primeira vez. Na Consolata fez todos os estudos até que em 1928 foi ordenado sacerdote pelas mãos do bispo Filipe Perlo. Durante três anos, deu aulas no seminário da Consolata em Turim e, em 1931, tomou o rumo das missões: foi parar ao Quénia, concretamente à missão de Gaiciangiro. Todos se aperceberam logo que o padre Devale era inteligente e tinha uma grande queda para as línguas. Num pronto, aprendeu o kikuio, a língua local. Assim, pôde penetrar a fundo nos usos e costumes daquele povo e exercer junto dele o seu apostolado missionário. Pouco depois foi requisitado para ensinar os alunos do seminário diocesano de Nyeri, onde se afirmou como exímio professor.

Entretanto chegou-se a 1936 e o padre Devale foi tomar conta de uma das maiores paróquias da diocese de Nyeri, Ichagaki. E, se tinha dado boas provas em todas as atividades de que havia sido incumbido antes, não ficou atrás nos cuidados pastorais que uma paróquia grande exige. Porém, o génio inventivo do padre Devale encontrava sempre uns retalhos de tempo para o apostolado da imprensa: escrevia artigos em jornais e revistas para os amigos de Itália, da Inglaterra e dos Estado Unidos, além dos que escrevia em kikuio para os cristãos de Nyeri.

Em 1946, escreveu uma carta ao superior geral onde dizia: “Notícias minhas? Sempre boas! Nunca tive problemas mesmo na prisão!”. Mal ele sabia o que ainda lhe estava reservado. Posto à frente da missão de Tigania eis que, em 1952, rebentou a revolução Mau-Mau que lutava pela independência do Quénia contra a Inglaterra. O padre Devale foi aguentando, mas a sua saúde é que não resistiu a tantos balanços. Em 1958, regressou a Itália e, no ano seguinte, partiu para a casa do Pai.

Entretanto a guerra apanhou-o em cheio e levou-o para os campos de concentração ingleses de Kabete e Koffiefontein. Foram 50 meses que o nosso missionário considerou perdidos para os seus projetos missionários. Mas nunca permitiu que o seu moral se fosse abaixo. Fevereiro 2012

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outros saberes

ANTES QUEBRAR QUE TORCER

A revolução industrial do século XIX puxou muitos agricultores para as fábricas em detrimento do amanho das terras. De agricultores que eram tornaram-se operários. Nem sempre esta mudança foi positiva. Muitos dos provérbios que relatamos referem-se ao valor da terra

arriscam-se a dar fortes cabeçadas na organização das suas vidas, porque não aceitam os bons conselhos que os amigos lhes querem dar. China

texto MANUEL CARREIRA foto ANA PAULA

Debaixo da papaieira se esconde o pau

Baixa a cabeça, olha para o chão e encontrarás alguma coisa

Apoio à compreensão Referimo-nos aos tempos antigos, mas ainda hoje isso acontece: nos Camarões, tudo o que os camponeses possuem são os bens da terra e o fruto do seu trabalho nos campos. Inclinar a cabeça e olhar para o chão torna-se assim um gesto ritual, um ato de confiança na terra que, ao longo dos séculos, tem alimentado gerações. Camarões

Os cães lutam entre si, mas unem-se contra o lobo

Apoio à compreensão Vários irmãos podem andar em guerra uns contra os outros, mas quando algum indivíduo fora da família 32

se mete, então esses irmãos desavindos unem-se todos e escorraçam o intruso. É a força do sangue e os interesses pessoais que vencem a intervenção de estranhos. Há outro provérbio que ilustra este e reza assim: “Entre irmãos não metas as mãos”. Arménia

É mais fácil mudar o curso de um rio do que o carácter de um homem

Apoio à compreensão Cada pessoa nasce com o seu próprio carácter. Uns são frouxos demais, outros são demasiado duros. É bom ter um carácter forte; não ser um troca-tintas. Mas cuidado! Nem tanto nem tão pouco. Os duros

Apoio à compreensão As papaias maduras são amarelas e apresentam-se apetitosas. Mas por detrás delas esconde-se por vezes um pau. O provérbio refere-se a um amigo ao qual se pede um favor; mas o amigo pode ser fingido e, em vez de nos fazer esse favor, engana-nos e torna-se explorador. Se lhe pedimos dinheiro, leva juros altíssimos. África Oriental


a missão é simpática

CANSADO DE DESCANSAR texto NORBERTO LOURO ilustração MÁRIO JOSÉ TEIXEIRA Devido a imperativos de vária ordem, onde pesaram muito alguns cuidados a ter com o meu estado de saúde, foi-me proposto de usufruir de algum tempo de relaxe, “onde quisesse”, para poder retomar o trabalho em janeiro. Aceitei mas, a um certo momento, senti que me estava a cansar de descansar. Confirmo, porém, que esse relaxe fez-me muito bem à saúde. Muito, creio, devido a tê-lo situado na terra onde nasci, no coração da Beira-Baixa. O que melhor me fez, foi o contacto radical com a natureza e os seus ares nativos, o são convívio com as pessoas, algum trabalho pastoral e – porque não? – um pouco de trabalho campestre. Toda a gente estava concentrada na apanha da azeitona. Foi fácil imitar o entusiasmo e arregaçar as mangas. No meu rancho, éramos poucos, mas todos, gozando, opinavam que, com a bênção do padre, a azeitona dele fundiria

mais e o azeite sairia sem acidez. Bem depressa, por todo o lado, começou a cheirar a azeite novo, obtido em lagares locais a funcionar como mandam as leis de higiene e produtividade máxima. Foi um trabalho gratificante, embora economicamente pouco rendoso. É mal pago em comparação com o esforço que demanda. Para consumo caseiro, todos proclamam que não há melhor no mundo. Utiliza-se para adubar o bacalhau e emprestar mais sabor e leveza às filhós, belhós e sonhos. Já de pequeno apanhava azeitona e bem lembro o que sofri por causa da chuva, do frio e da geada que apanhei. Riscos mais avultados são as quedas, com consequente fratura de membros. Relacionado com a tarefa da apanha da azeitona, vem-me agora à memória um «santo» monsenhor que nos deixou a nós, missionários,

uns olivais nas margens escarpadas do rio Ocreza, afluente do Tejo. Um ano, fui com um colega meu buscar dois tambores de azeite de duzentos litros cada, que couberam como luva na parte traseira do carro, encostados à porta de trás e a beijar os dois assentos da frente. Pelo caminho, rezávamos o terço pelo eterno descanso do monsenhor benfeitor, que bem o merecia. De repente, numa descida bem acentuada, sai-nos do mato um rebanho de cabras, sem parar nem escutar nem olhar. Aplicando os travões, os tambores, mal calçados, rebolaram para a frente, atirando-me a mim contra o volante e ao meu colega contra o porta-luvas e o para-brisas. Só fincando bem os pés no chão do carro e aplicando as costas aos assentos é que conseguimos uma nesga para abrir as portas e safar-nos. Podíamos ter morrido! Estou bem convencido que nos valeu a intercessão do generoso benfeitor por quem rezávamos.

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fátima informa

SANTUÁRIO DE FÁTIMA

2.337 PEREGRINOS A PÉ ACOLHIDOS

Na peregrinação de maio de 2011, chegaram a pé ao santuário, mais de 35 mil peregrinos

texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto ANA PAULA Muitos caminham dias e dias a fio até chegar a Fátima. Alguns vêm por promessa, para agradecer. Ao chegar ao santuário são recebidos na secção de “Acolhimento aos peregrinos a pé”, junto do posto de socorros. 2.337 pessoas foram recebidas por este serviço nas seis maiores peregrinações internacionais aniversárias (de maio a outubro), adianta o Santuário de Fátima. A diocese do Porto, com 753

peregrinos, foi a mais representada em 2011. Seguiu-se a de Coimbra, com 369 peregrinos a pé e a de Viseu, com 264. Os dados do Serviço de Acolhimento de peregrinos a pé revelam que foram ainda recebidos 13 peregrinos de outros países: quatro de Itália, dois da República Checa, dois da Coreia do Sul, um de França, um da Alemanha, um da Polónia, um do Brasil e um da

Projetos e práticas pastorais na escola

O santuário de Fátima recebe uma formação sobre “Projetos e práticas pastorais em escola católica”. Orientada por Óscar Alonso, a ação decorre a 10 de fevereiro, para diretores das escolas católicas e equipas de pastoral.

«O cuidado do outro»

Maria Luísa Ferreira é a oradora da conferência: “O cuidado do outro: responsabilidade e compaixão”. A professora da Universidade de Lisboa aborda o tema a 12 de fevereiro, às 16h, na basílica de Fátima.

Auscultar o povo de Deus sobre feriados

A abolição de feriados religiosos mereceu uma reação da Associação de reitores de santuários de Portugal, que defende uma auscultação do povo de Deus. Sobre o feriado de 15 de agosto, festa de Nossa Senhora da Assunção, a Conferência Episcopal Portuguesa aconselha a “ler a Concordata, onde essa questão é muito clara”. O feriado da Imaculada Conceição, a 8 de dezembro, é “intocável”, avisa José Policarpo. 34

Venezuela. Maio foi aquele que contou com o maior número de peregrinos acolhidos: 1.429. Os peregrinos a pé, que o solicitem, podem pernoitar gratuitamente num dos espaços do santuário: Centro Pastoral Paulo VI, Centro de Ação Social, Casa de São Miguel, Colunata do Santuário.

Fevereiro em agenda

02 Dia do Consagrado, com cerimónias próprias 11 Dia Mundial do doente 11/12 Jornadas de espiritualidade missionária 18 Peregrinação nacional da família da Consolata 18/21 Semana de estudos da vida consagrada 20 Festa dos beatos pastorinhos Francisco e Jacinta


Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA tel: 249 539 460 | geral@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt

OUTRA VISÃO

DO MUNDO

| un’altra visione del mondo | mwingine mtazamo wa dunis another view of the world | otra visión del mundo | inny pogląd na świat une autre vision du monde | wona wunyowani wa lapo eine andere sicht der welt | djobe mundu di oto manêra 다른 세계관

APENAS

7 EUROS

POR ANO


LEVA O SOL CONTIGO Tempo de ser feliz É hoje, amigo. Toma a réstea de sol, Leva-a contigo No olhar. Guarda a brisa ligeira Em teus cabelos... Junta rosas e cantos de alegria Faz deles um tesouro... E em cada dia Procura a quem o possas entregar. Maria Isabel Lereno «Versos apenas»


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