Ano LVIII | JULHO 2012 | Assinatura anual | Nacional 7,00¤ | Estrangeiro 9,50¤
TURISMO
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férias diferentes em mosteiros e conventos
consolata reforça presença a leste 14 Coreia do sul país de sucesso 16 Missão de quarta 24 geração
CONSOLATA É CHEIA DE GRAÇA, POR DEUS AGRACIADA PARA LEVAR AO MUNDO A CONSOLAÇÃO DE JESUS. CONSOLADOS SÃO OS EVANGELIZADOS, PORQUE AMADOS DE DEUS. CONSOLAR É LEVAR A TODA A PARTE A CONSOLAÇÃO DE DEUS SALVADOR. COMO MARIA TORNAMO-NOS SOLIDÁRIOS COM TODOS. SOLIDARIEDADE É O OUTRO NOME DA CONSOLAÇÃO. COMO ELA SOMOS PRESENÇA CONSOLADORA EM SITUAÇÕES DE AFLIÇÃO. POR SEU AMOR COLOCAMOS A NOSSA VIDA AO SERVIÇO DO HOMEM TODO E DE TODOS OS HOMENS. ALLAMANO DEU-NOS MARIA POR MÃE E MODELO. POR ISSO CHAMAMO-NOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA
NOSSA SENHORA DA CONSOLATA Apoie a formação de JOVENS MISSIONÁRIOS
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MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA
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editorial
Fúria contra os cristãos
Quando hoje se fala de Igreja, é improvável que se refira o aspeto dramático e atual do sangue dos mártires. O sofrimento dos cristãos da Nigéria, nestes últimos tempos, revela o sentido mais profundo do mistério da Igreja. As notícias de ataques bárbaros e sangrentos a assembleias cristãs durante os ritos dominicais mostram que o martírio está presente, hoje mais do que nunca, na vida e na experiência dos discípulos de Cristo. Como dizia Tertuliano na antiguidade, também hoje “o sangue dos mártires é semente de cristãos”, que continuam a ser perseguidos, rejeitados e mortos. A ocorrer quase ao ritmo de cada domingo, estes factos sangrentos no Norte da Nigéria estão relacionados com o fundamentalismo islâmico do grupo Boko Haram. Trata-se de uma guerra que vem dos anos 50 e que resulta de um confronto entre tribos. Depois da adoção da lei islâmica, a chariá, em nove estados de maioria islâmica, em finais de 90, a guerra transformou-se em confronto de religiões. Há ainda quem fale de guerra do petróleo, resultante de manobras obscuras pela posse e exploração do ouro negro, ou a atribuam à pobreza extrema das populações tanto islâmicas como cristãs do país mais populoso de África. Sejam quais forem as causas da violência, os meios de comunicação colocam diante dos nossos olhos cenas terríveis de sofrimento. Envolvidos nos problemas da crise económica e nas suas consequências, pouca ou nenhuma atenção damos a imagens tão sangrentas e horríveis, com a sensação de que se passam longe da nossa vida e da nossa cultura. Todavia, como cristãos, não podemos esquecer que formamos uma só família humana. É uma parte de nós que sofre e morre. A ela devemos a nossa caridade e a defesa do caráter sagrado da pessoa, independentemente da sua religião, cor ou raça. Ocorre perguntar se os cristãos da Nigéria, tão provados pelo martírio, sentem o calor da nossa solidariedade.
Semana após semana, a perseguição enfurece cada vez mais, sem que se vislumbre uma reação adequada, igualmente indispensável para casos onde a liberdade religiosa é reprimida de forma violenta na vida das pessoas e dos povos. O “apelo aos responsáveis pela violência, para que cesse imediatamente o derramamento de sangue de tantos inocentes”, lançado por Bento XVI, A humanidade precisa urgentemente necessita de ser secundado pelos responsáveis das instituições internacionais. No momento de fazer progressos culturais em que escrevemos, a União Europeia agendou o e políticos. O binómio liberdade para o conselho de ministros dos negócios e fé é crucial e decisivo para o mundo tema estrangeiros, no Luxemburgo, depois de algumas contemporâneo globalizado tomadas de posição, que consideramos tímidas e tardias em relação aos primeiros sinais de terror. Estão em causa princípios sagrados e o supremo interesse da comunidade internacional. A humanidade precisa urgentemente de fazer progressos culturais e políticos. O binómio liberdade e fé é crucial e decisivo para o mundo contemporâneo globalizado. EA
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sumário Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA
Nº 7 Ano LVIII – JULHO 2012 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 geral@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 26.900 exemplares Diretor Elísio Assunção Chefe de Redação Francisco Pedro Redação Elísio Assunção, Manuel Carreira Colaboração Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos e Magda, Carlos Camponez, Darci Vilarinho, Leonídio Ferreira, Luís Maurício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; Diamantino Antunes – Moçambique, Tobias Oliveira; Álvaro Pacheco – Coreia do Sul Fotografia Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção e Arquivo Capa Daniel Rocha Contracapa FM Ilustração H. Mourato e Ricardo Neto Design e composição Happybrands e Ana Paula Ribeiro Administração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€ De apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€ Avulso 0,90€ (inclui o IVA à taxa legal) Pagamento da assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) NIB 0033 0000 00101759888 05 transferência bancária internacional IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal
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Lugares para expandir o olhar
03 EDITORIAL 05 PONTO DE VISTA Justiça entre gerações 06 LEITORES ATENTOS 07 HORIZONTES Eu sabia que ias estar 08 MUNDO MISSIONÁRIO Europa acusada de não respeitar os direitos dos migrantes
Mais de um milhão de crianças em risco de vida no Sahel Pobres do Paquistão trocam escola dos filhos pelo pão Direitos humanos continuam a imolar-se no Zimbabué 10 A MISSÃO HOJE Missionários escolhem tema do próximo ano pastoral 11 FIO DA HISTÓRIA De Marchi visita a senhora dona Soledade 12 A MISSÃO HOJE “Temos que conhecer a Bielorrússia e Ucrânia” 13 DESTAQUE Violência agrava-se na Síria 14 ATUALIDADE “Ninguém escolhe ser refugiado” 16 ATUALIDADE Os sul-coreanos à conquista do mundo 22 GENTE NOVA EM MISSÃO Protetores dos avós 24 TEMPO JOVEM Missão 4G 26 SEMENTES DO REINO Profetas por vocação 28 O QUE SE ESCREVE 29 O QUE SE DIZ 30 GESTOS DE PARTILHa 31 VIDA COM VIDA “Fiz o que tinha a fazer” 32 OUTROS SABERES Saber comer é uma arte 33 A MISSÃO É SIMPÁTICA Tenho medo que me crucifiquem 34 FÁTIMA INFORMA Devoção e alegria na festa da Consolata
ponto de vista
Justiça entre gerações “A degradação da natureza está estreitamente ligada à cultura que molda a convivência humana: quando a ‘ecologia humana’ é respeitada dentro da sociedade, beneficia também a ecologia ambiental”. Esta afirmação da encíclica de Bento XVI Caritas in Veritate ajuda a explicar, em parte, um paradoxo atual: existe hoje uma consciência ecológica muito mais difundida do que no passado, sobretudo entre os jovens; texto Francisco Sarsfield Cabral* no entanto, as medidas para defender o ambiente são tímidas, quando não sucessivamente adiadas. A conferência do Rio de Janeiro sobre desenvolvimento sustentável teve fracos resultados, como já tinha acontecido com a cimeira de Copenhaga em 2008. Ressalto, todavia, um aspeto positivo: ligou-se a defesa do ambiente ao combate à pobreza. É que, por vezes, um certo fundamentalismo ecológico dá mais valor à preservação de um inseto ou de uma planta do que a eliminar a fome que ainda afeta grande parte da humanidade (não obstante existirem, hoje, recursos para alimentar todos). É a tal falta de ligação entre a ecologia humana e a ecologia do ambiente de que fala Bento XVI. A pressão da crise financeira, agora centrada na zona euro, dá aos políticos motivo (ou pretexto?) para não tomarem as necessárias medidas na área do ambiente. E os países ditos emergentes, como a China (onde a poluição é grande), reclamam que as nações há mais tempo industrializadas paguem o grosso da fatura da defesa do ambiente, alegando que elas poluíram à vontade durante décadas. A defesa do ambiente também é prejudicada pela falta de consenso entre cientistas sobre problemas como o aquecimento global ou as alterações climáticas. O que lança a dúvida sobre a necessidade de medidas imediatas e caras, sendo incertos os benefícios futuros. Mas parece inegável que algo está a acontecer. A brutal diminuição de gelo, nos últimos anos, no círculo polar ártico, por exemplo. Por outro lado, os políticos – e, com eles, muitos de nós – pensam apenas no imediato, no curto prazo. Estamos, assim, a legar às próximas gerações um planeta em pior estado ambiental do que aquele que encontrámos. O que envolve, acima de tudo, uma questão ética, mais do que problemas técnicos e políticos. Ao menorizar, na prática, os problemas do ambiente, o nosso egoísmo individualista não respeita o imperativo moral de assegurar justiça entre gerações. *Jornalista
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leitores atentos
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Faça o pagamento da assinatura através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da Consolata, ou através de multibanco, cheque ou vale postal. Ou ainda por transferência bancária: NIB 0033 0000 00101759888 05. Refira sempre o número ou nome do assinante. Na folha onde vai escrita a sua direção, do lado esquerdo, encontra o ano pago e o seu número de assinante. Agradecemos que os nossos estimados assinantes renovem a assinatura para 2012. Só as assinaturas atualizadas poderão beneficiar do pequeno apoio do Estado ao porte dos correios. Os donativos para as missões são dedutíveis no IRS. Se desejar recibo, deverá enviar-nos o seu número de contribuinte. Muitos leitores chamam à FÁTIMA MISSIONÁRIA «a nossa revista». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 100 mil leitores. Ela é mesmo nossa! Somos uma grande família.
Diálogo aberto Amigos e colaboradores da revista: Agradeço o envio pontual, mesmo quando está em atraso o pagamento. É sempre com muita atenção que a leio porque está sempre atual e vai alertando para os graves problemas e as injustiças que se vão cometendo pelos senhores que se julgam donos do mundo. As guerras que se vão prolongando, matando milhares de inocentes. Tudo isso deve ser denunciado. Os
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Caros amigos missionários, É com muita satisfação que leio a vossa revista todos os meses. Ver as realidades que se passam num mundo tão diferente do nosso faz-me pensar no quanto nós somos pequeninos e injustos quando nos queixamos das nossas próprias vidas. A vossa entrega é imensa e faz-me sentir pequeno pois não conseguiria fazer o mesmo. Sendo assim envio-vos este donativo que não é muito grande, diante das vossas necessidades, mas é enviado com muita alegria e com a satisfação de contribuir para esta vossa causa de amor. Isolino
Leitor assíduo
Senhores missionários, Sou assinante da revista missionária há cerca de 30 anos e leio-a com interesse cada vez maior. Através dela tomo conhecimento de certas realidades que de outra forma dificilmente teria. Sinto que ela me aproxima dos outros, me aproxima da comunhão (comum união). Por tudo isto estou muito grata. Junto envio alguma coisa para ajuda da Maloca.
Agradece a todos
Junto envio este cheque para pagamento da revista relativo a este ano. Peço desculpa pelo atraso, mas só agora (março) tive possibilidade. Os meus cumprimentos e agradecimentos a todos os colaboradores da revista e votos de uma maior expansão, para bem de todos os que a leem. Vítor
Jovem assinante
Desejo que todos se encontrem bem de saúde. Junto envio a quantia de 25,00€ para pagar a revista por dois anos. O nome do assinante é o meu filho Luís, mas como ele anda na escola, sou eu que pago. Gostaria de vos ajudar mais, mas agora é difícil; sou viúva, ninguém ganha nada para mim e eu não tenho emprego; mas rezo pelos missionários. Tanto que eles trabalham e sofrem, mas é uma missão bela e bonita. É pena que sejam tão poucos os que querem seguir esse caminho. Lucinda
Maria
missionários não podem estar em todo o lado, mas prestam aos mais carenciados o apoio possível. Segue cheque para pagamento de duas assinaturas; o que sobra é para o que entenderem mais necessário. Lisete A senhora Lisete agradece a pontualidade com que lhe mandamos a revista. Nós consideramos isso como nossa obrigação, pois não queremos que nenhum assinante fique privado dela nem que seja só por um dia. Gostaríamos que todos os assinantes tivessem a mesma pontualidade em
pagar a sua assinatura. E isso faz-nos bastante diferença, não só porque temos de pagar aos nossos fornecedores, mas também porque devemos dar contas às finanças. Por isso, amigos e caros assinantes, vamos fazer um acordo: nós seremos pontuais a enviar a revista; e pedimos que todos sejam pontuais a pagar a assinatura. Valeu?! MC
horizontes
EU SABIA QUE IAS ESTAR texto TERESA CARVALHO ilustração pedro cabral José acordou sobressaltado. O braço que estendeu na direção de Natália encontrou espaço vazio. Tão rápido quanto a sua perna trémula pelo acidente vascular cerebral (AVC) lhe permitia, saltou da cama e procurou a esposa. Não a encontrou em nenhuma divisão da casa. Eram 4h:00 da manhã e a escuridão não permitia ver em redor. Chamou, assobiou, e… nenhuma resposta. O coração disparou com a invasão de pensamentos que tentava afugentar. Telefonou à Rosa, a filha que morava mais próximo. – Rosa, não acordei! Não sei como não acordei e a mãe saiu durante a noite. Não sei onde procurar. Só então José se permitiu chorar sem controle. – Vamos já para aí, pai. Uma hora depois quatro irmãos ansiosos chegavam a casa dos pais. – A mãe nunca fez isto. E logo de noite…! Deve estar muito assustada. Se eu soubesse tinha trancado a porta. Porque não a tranquei? – Vamos encontrá-la, pai. Deve estar na casa de algum vizinho. José está cansado. Esgotado. E muito assustado. Há três anos foi-lhe diagnosticada a doença de Alzheimer. Desde há 48, era a sua companheira. Com ela viu nascer e crescer sete filhos, juntos sentiram a vida nas suas dores e encantos. A dois descobriram o poder do amor e da dedicação amorosa de ambos à família. Mesmo o AVC de José não os impedia de visitar os filhos, de encantar os netos e deleitar-se com os seus afagos e diabruras, de trabalhar a horta, de conviver com os vizinhos, de participar da vida da sua terra. Era tudo quanto queriam: estar juntos, agradecidos, a sentir a vida como presente de Deus. Tudo estava
bem até à doença de Natália. Desde então, José só tem descanso aos fins de semana quando os filhos, alternadamente, o substituem nos cuidados. Agora, Natália esqueceu como cozinhar, ou tomar banho, ou até vestir-se. Até esqueceu o nome dos filhos e já não conhece os netos. Há um nome que chama todo o dia: “José”! Não esqueceu. Será por ter sempre resposta? O sol foi aparecendo no horizonte. A procura de Natália era cada vez mais desesperante. Às 7h:30 o telefone tocou. Uma voz bem disposta fez-lhe abrandar o ritmo cardíaco: – José, bom dia! Sabe quem me veio acordar? Tenho aqui a Natália,
em camisa da noite, a perguntar pelo seu José! – Foi um bom sítio para ir procurar o José, tá-se mesmo a ver!... E riu, riu, descomprimindo de todos os medos e voltando a sentir a boa disposição que todos lhe conheciam. Meia hora depois Natália chegava a casa, ainda a tiritar de frio, e no meio do abraço de José, explicou: – Não sei onde te meteste. Ainda por cima não sei o que fizeram ao sol porque não se via nada, mas eu sabia que ias estar em algum sítio! E estava! José estava ali “sempre à mão” à distância que o Amor entre eles criou.
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mundo missionário texto E. Assunção fotos lusa
Europa acusada de não respeitar os direitos dos migrantes “A Europa não está a promover nem a respeitar os
direitos dos migrantes, dos requerentes de asilo e dos refugiados”, afirma a Amnistia Internacional (AI). Esta organização de defesa dos direitos humanos pede aos governos e às instituições da União Europeia para “deixarem de pôr em risco a vida dos migrantes nas fronteiras europeias”. O diretor da AI em Bruxelas, Nicolas Beger, afirma que o reforço das fronteiras europeias está claramente à frente do salvamento de vidas humanas. A tentativa de estancar a imigração irregular leva à adoção de medidas com elevados custos humanos. “Estas medidas, que a opinião pública desconhece, põem em risco a vida das pessoas”. Em 2011, cerca de 1.500 homens, mulheres e crianças morreram afogados no mar, na tentativa de alcançar a Europa. “Algumas destas mortes poderiam ter sido evitadas”, afirma Nicolas Beger.
mais de um milhão de crianças em risco de vida no Sahel “Para salvar a vida das crianças da região do Sahel
devemos enfrentar vários problemas. A crise do Mali não veio senão aumentar o número de crianças em risco”, afirma Manuel Fontaine. O diretor da UNICEF, organização das Nações Unidas para a infância da África central e ocidental, lança um forte apelo face às limitações cada vez mais graves. “Até agora recebemos donativos para responder de forma imediata à fome. Mas a falta de meios ameaça prejudicar outras intervenções vitais e impede-nos de apoiar as crianças e os pais no momento em que mais precisam”. Nos primeiros quatro meses do ano, foram socorridas 250 mil crianças, com menos de cinco anos, da região do Sahel, que sofriam de desnutrição grave. Mas a UNICEF calcula que, em 2012, mais de 1,1 milhões precisarão de ajuda para serem salvas.
Os factos no terreno
Tobias Oliveira, missionário da Consolata português,
em Jerusalém
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Depois de três meses em Jerusalém e tendo visitado quase todos os lugares mencionados nos Evangelhos, saio da Terra Santa com muita paz interior, mas também triste. A terra onde Jesus disse: “Dou-vos a paz, deixo-vos a minha paz”, é hoje uma terra em pé de guerra. A decisão das Nações Unidas, que em 1947 estabeleceu a divisão da Palestina em partes quase iguais entre israelitas e palestinianos, nunca chegou a ser implementada. Em vez de metade do território, Israel é hoje senhor absoluto de mais de 75% do mesmo e controla militarmente a restante porção dentro da
Pobres do Paquistão Direitos humanos trocam escola dos filhos continuam a imolar-se pelo pão no Zimbabué “Valores como igualdade, justiça e instrução podem Apesar dos apelos dos líderes, continuam a registar-se e devem tirar o Paquistão da voragem infernal de pobreza e exploração que escraviza adultos e crianças”, testemunha um missionário paquistanês, que pediu o anonimato. Envolvido na luta pela defesa dos direitos humanos, o sacerdote afirma: “O fenómeno continua a crescer no país de maneira desmesurada”. E acrescenta: “No Paquistão, onde reina a pobreza e a instabilidade política, e os líderes procuram exclusivamente os próprios interesses, esquecendo o bem comum, os pobres são obrigados a fazer uma escolha dramática: ou mandar os filhos à escola ou dar-lhes de comer”. E o missionário conclui: “Satisfazem a necessidade física, mas não a sua sede de saber”. Numa sociedade empobrecida como a paquistanesa, “não há compaixão pelos pobres e faz falta a igualdade para todos”.
qual estabeleceu e construiu muitos colonatos. Os factos no terreno e a força das armas falam bem alto. Este problema de política internacional, que me ultrapassa, levou-me no entanto a considerar que foi nestas terras que Jesus tornou visíveis outros factos como, por exemplo, a sua divina humanidade, o seu amor incondicional e a sua morte e ressurreição. Rezo e peço orações para que o Príncipe da Paz guie os corações daqueles a quem compete estabelecer paz, harmonia e reconciliação nesta terra que Ele santificou.
abusos dos direitos humanos demasiado frequentes no país de Robert Mugabe. Resultados eleitorais falsificados, limitação da liberdade de palavra e de imprensa, censura dos meios de comunicação ou intimidações e tentativas de controlo das atividades da sociedade civil e das organizações não governamentais são formas de violação dos direitos humanos ainda frequentes em muitos países do mundo. Mas a situação é particularmente grave no Zimbabué. Segundo o organismo que tutela os direitos humanos das Nações Unidas, em 2011 os abusos cometidos pelo ZANU-PF, partido que apoia Robert Mugabe, aumentaram em relação ao ano anterior. As vítimas de violências, prisões e abusos de ordem física que, por vezes, levam à morte, são os membros de outros partidos, jornalistas e ativistas da sociedade civil. Apesar dos apelos dos líderes políticos e do próprio Mugabe, as forças de segurança continuam a atuar impunemente, assim como bandos de criminosos sob a bandeira do ZANU-PF, que invadem propriedades privadas, habitações e até pequenos mercados. É urgente inverter os hábitos de violência e de impunidade para restabelecer a segurança e a confiança das populações, no respeito pelos direitos fundamentais. Só assim o Zimbabué poderá tornar-se um país, onde crianças e adultos possam viver em condições de vida dignas do ser humano.
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a missão hoje
Missionários escolhem tema do próximo ano pastoral Assembleia da Família da Consolata reúne-se em Fátima para refletir sobre as conclusões do capítulo provincial, conhecer o tema do próximo ano pastoral e delinear um plano de atividades texto FRANCISCO PEDRO Henri Teissier, o bispo francês que viveu o período da revolução cultural islâmica na Argélia e acompanhou de perto o assassinato de nove monges da comunidade trapista, em 1996, vai deslocar-se a Portugal, em setembro, a convite do Instituto Missionário da Consolata (IMC). A visita está integrada no programa da congregação para o próximo ano pastoral e será uma das novidades a apresentar na Assembleia da Família do IMC, que se realiza a 7 de julho, em Fátima. No encontro, onde estarão presentes os membros dos diversos grupos de leigos ligados à Consolata, será feita a apresentação das linhas orientadoras para os próximos anos, definidas pelos missionários no último capítulo provincial. “Queremos partilhar com todos as reflexões e as decisões tomadas na reunião e projetar o próximo ano, do ponto de vista das atividades e acontecimentos que o Instituto pensa realizar”, antecipou à FÁTIMA MISSIONÁRIA o superior provincial, padre António Fernandes. O sacerdote, que presidirá à assembleia, vai dar a conhecer os ‘pelouros’ atribuídos aos missionários a 10
fio da história trabalhar em Portugal e aproveitar para “agradecer a toda a Família da Consolata, pelo ano que passou, pelo trabalho realizado e pelos resultados alcançados”. Quanto ao tema do próximo ano pastoral, e depois de
Foi proposto um ‘novo’ perfil de missionário: confiante e sem medo de arriscar em novos métodos evangelizadores, bom comunicador, estudioso e conhecedor do mundo atual uma reflexão conjunta, foi decidido adotar o tema “Fé, Missão e Martírio”, como exemplo de “expressão do Evangelho nos diversos continentes”, adiantou António Fernandes. No décimo capítulo provincial da Consolata, efetuado em finais de maio, foram definidos cinco eixos fundamentais de atuação, que assentam numa maior atenção ao desafio do primeiro anúncio, na aposta em evangelizar as raízes, preocupação em promover a interculturalidade, empenho na comunhão universal e predisposição para se ser profeta por vocação. Para trilhar este caminho, foi proposto um ‘novo’ perfil de missionário: confiante e sem medo de arriscar em novos métodos evangelizadores, bom comunicador, estudioso e conhecedor do mundo atual.
De Marchi visita a senhora dona Soledade texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO
Fiéis fazem 20 quilómetros para rezar com Allamano A corrente espiritual na caminhada para a peregrinação de 2013 dos Missionários da Consolata está a ficar cada vez mais forte e consistente. O exemplo foi dado por um grupo de católicos da Gondemaria, Ourém, que fez perto de 20 quilómetros para se juntar à comunidade cristã da Loureira, na freguesia de Santa Catarina da Serra, Leiria, e integrar o momento de oração pelas missões, que se realiza no dia 16 de cada mês, por volta das 21 horas. O grupo soube, através da FÁTIMA MISSIONÁRIA, que a (H)ora Allamano se celebrava na capela daquela paróquia e deslocou-se até lá para participar na oração de junho. “Sentimos que o Espírito Santo continua a trabalhar para unir as pessoas em oração”, disse Lídia Neves, do movimento de Mulheres Missionárias da Consolata.
Depois de tantas andanças, o padre De Marchi, ruma a Fátima. Providencialmente, os salesianos eram donos de uma pequena vivenda na Cova da Iria e puseram-na à disposição do missionário. Só quem viu a insignificância daquilo é que poderá avaliar a fé de um homem que vinha fundar um seminário. Mas De Marchi era mesmo assim: agarrava-se ao puro essencial. Para o resto, a Consolata que pensasse e Allamano que tomasse providências. De Marchi chegou à casa número tal e tal, olhou e sorriu. Isto dará um seminário? Quem tinha a chave era a senhora do lado, a dona Soledade. Padre De Marchi bate à porta e, de dentro, responde-lhe o latido de um cão que dava pelo nome de Pinóquio. Era um cãozinho branco, muito asseado, muito inteligente. Compreendeu logo que o forasteiro não era uma pessoa qualquer. Era um amigo que vinha recomendado e que era preciso tratá-lo bem. Entretanto chega a senhora dona Soledade, beija a mão do sacerdote e faz o resto dos cumprimentos. O padre De Marchi explica: “Venho pela chave! Venho recomendado pelo senhor padre Humberto”. – Não diga mais nada, já entendi, remata a bondosa senhora. Julho 2012
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a missão hoje
Ashenafi Yonas Abebe, missionário da Consolata etíope a trabalhar na Polónia
“Temos que conhecer a Bielorrússia e Ucrânia” A tarefa é árdua, mas a determinação é grande. Ashenafi Yonas Abebe, 33 anos, foi ordenado sacerdote em 2008 e enviado para a Polónia, para a nova missão dos Missionários da Consolata. Numa curta passagem por Portugal, fez o balanço de três anos de trabalho, que têm como objetivo abrir os caminhos do Leste “à riqueza espiritual de Allamano” texto FRANCISCO PEDRO foto ANA PAULA FÁTIMA MISSIONÁRIA A vossa presença na Polónia é uma janela de oportunidade para a entrada na Europa de Leste? Ashenafi Yonas Abebe Sim. O 10º Capítulo Geral decidiu conhecer e aproveitar a riqueza da Europa de Leste, através de países como 12
Ucrânia e Bielorrússia. Porém, a situação política e económica destes países era muito difícil e abriu-se uma base na Polónia. O ano passado já começámos a visitar escolas, a trabalhar com crianças das Obras Missionárias Pontifícias e com grupos de jovens nas paróquias. A partir daí, este ano determinámos que temos de conhecer a Bielorrússia e a Ucrânia. O primeiro passo é fazer com que se enamorem da Consolata e da riqueza espiritual de Allamano. São países com realidades muito diferentes das que estão habituados? AYA O Leste é uma outra realidade. A Bielorrússia é um país de ortodoxos e a Ucrânia também tem muitos. E a mentalidade comunista está fortemente enraizada. Por isso, é um terreno de diálogo. É fundamental termos capacidade para trabalharmos juntos, mesmo com outras religiões. Para cada pessoa e para cada realidade, a sua religião é importante. Não podemos separar a pessoa da sua cultura. Mas podemos, de modo especial,
dar elementos fundamentais do Evangelho a estas culturas. Foi um dos convidados no Capítulo Provincial, em Fátima. Que impressão leva da Província portuguesa? AYA Fiquei impressionado. Portugal tem todas as condições para continuar a fazer uma boa missão, seja no campo da animação missionária, seja na formação e na evangelização. O mais importante é atualizar-se e ler a realidade com os olhos de hoje, com os olhos da fé. Tem muitos missionários com idade avançada, mas isso, em parte, é uma graça porque é gente que viveu uma experiência fortemente missionária, religiosa e de fé. Eles devem escutar as chamadas e aceitar os desafios do presente. Porque não podemos responder como há 50 ou 60 anos. A missão deve caminhar com o mundo, para dar uma resposta adequada.
Portugal tem todas as condições para continuar a fazer uma boa missão, seja no campo da animação missionária, seja na formação e na evangelização
destaque
Incertezas de uma intervenção estrangeira
Violência agrava-se na Síria texto CARLOS CAMPONEZ foto LUSA Até há alguns meses, a possibilidade de uma intervenção militar externa na Síria estava praticamente descartada nos meios diplomáticos. Com o arrastar e o agravamento do clima de violência entre as forças afetas ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e as da oposição, a hipótese passou a estar na agenda diplomática. Estados Unidos, Europa, Turquia e Liga Árabe têm vindo a insistir na necessidade de uma tomada de posição mais dura por parte da China e da Rússia. Por seu lado, a missão de observadores da ONU considera que nenhuma das partes envolvidas no conflito parece estar interessada em pôr fim às hostilidades que duram há mais de
um ano e fizeram já mais de 14 mil mortos e mais de 100 mil refugiados.
Luta pelo domínio religioso
Um conjunto de fatores tornam a intervenção estrangeira uma aposta particularmente complexa. A Síria é considerada uma região estratégica, onde se luta hoje pelo poder religioso entre sunitas e xiitas. Isso explica a razão do envolvimento de países como a Arábia Saudita e os seus aliados da região do Golfo no apoio aos sunitas mais radicais, na oposição ao regime de Damasco. É o caso do Conselho Nacional Sírio (CNS), considerado a principal força de oposição a Bashar al-Assad que, apesar de contar com a presença de opositores liberais, é dominado por setores islamistas mais radicais. Tal situação deixa uma grande incerteza sobre o futuro político de uma Síria pós-Assad. De facto, não só a Arábia Saudita está longe de servir de modelo de democracia para os seus vizinhos, como o seu radicalismo assusta outros setores da sociedade síria, como curdos, cristãos, alauitas e turquemenos. A Síria é também considerada uma base importante de apoio a movimentos radicais, como o Hamas e o Hezebollah. Na perspetiva dos países do ocidente, a queda do regime de Damasco dificultaria o seu espaço
de manobra, ao mesmo tempo que permitiria isolar ainda mais o vizinho Irão, outra fonte de apoio destes movimentos.
Eixo Damasco-Teerão
Damasco e Teerão têm uma aliança que dura há cerca de 30 anos. E se uma intervenção internacional contra a Síria implica alguns riscos de envolvimento do Irão, também não é menos verdade que há quem considere que a alteração do poder em Damasco teria efeitos na política interna e externa iraniana. Uma consequência poderia ser evitar uma futura intervenção militar no Irão, para pôr fim ao seu programa nuclear, como afirmou em fevereiro ao jornal Le Monde, Efraim Alevy, antigo diretor dos serviços secretos israelitas. Tudo indica que o futuro da Síria e uma intervenção militar estrangeira estejam, neste momento, mais dependentes das agendas dos diferentes países com interesses na região, do que verdadeiramente na proteção das populações civis. Por isso, não é de estranhar que a solução para o conflito continue a arrastar-se por mais algum tempo.
Autoridades inspecionam local onde explodiu um veículo nos subúrbios de Damasco
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atualidade
Refugiados ONU lança campanha de sensibilização
“Ninguém escolhe ser refugiado”
Em Kabul, criança afegã com deficiência física espera ajuda alimentar com os amigos
Os pedidos de asilo não eram tão altos desde 2003. O ano passado, os 44 países mais industrializados receberam quase meio milhão de solicitações para acolherem pessoas que queriam fugir de guerras, perseguições ou dos horrores de um conflito. Um aumento de 20 por cento que se refletiu também em Portugal texto FRANCISCO PEDRO foto LUSA A cara aparece desfocada por questões de segurança. Aos 13 anos, Hussaini, já tem uma longa história para contar. Não envolve sonhos com estrelas de futebol, jogos de Playstation ou telemóveis de última geração. 14
Ele sonha apenas com a liberdade, com a possibilidade de um dia vir a poder reencontrar a família. Para o manter longe das ameaças dos talibãs, no Afeganistão, o pai vendeu a casa e pagou a um contrabandista de pessoas, que o
levou para o Paquistão, depois para o Irão, Turquia e, finalmente, para a Grécia. Aí, depois de um dia inteiro a pé pelas montanhas, sem nada para comer, ficou entregue à sua sorte. No depoimento em vídeo que prestou aos elementos do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), manifestou a intenção de tentar a sua sorte na Grã-Bretanha. Depois da gravação do testemunho, os técnicos da ONU perderam-lhe o rasto. O caso de Hussaini é apenas uma gota de água no vasto oceano de refugiados, que todos os anos se
veem obrigados a deixar as suas casas, países e famílias. Segundo o ACNUR, a cada minuto, oito pessoas abandonam tudo para fugir de guerras, perseguições ou das atrocidades de um conflito. O ano passado, os 44 países mais industrializados receberam 441.300 pedidos de asilo. O país do pequeno Hussaini – o Afeganistão – foi de onde partiu o maior número de
Congo, Costa do Marfim ou Nigéria. Para sensibilizar e aproximar as pessoas das circunstâncias que resultam em situações de refúgio, o ACNUR aproveitou o Dia Mundial do Refugiado, que se assinalou a 20 de junho, para lançar uma campanha pela tolerância. A atriz e realizadora Angelina Jolie foi uma das celebridades que emprestaram a voz às diversas mensagens sobre a complexidade de fatores que levam alguém a pedir asilo.
Segundo o ACNUR, a cada minuto, oito pessoas abandonam tudo para fugir de guerras, perseguições ou das atrocidades de um conflito. O ano passado, os 44 países mais industrializados receberam 441.300 pedidos de asilo
Pequenos vídeos, disponibilizados através da internet, trouxeram a público a história de Hussaini e de outras vítimas, que se viram obrigadas a fugir, deixando para trás uma vida, uma família, um passado de atrocidades difíceis de entender. Por fim, foi criado um jogo de computador com aplicativos gratuitos para o smartphone, que se baseia em casos verídicos e desafia o utilizador a experimentar as
solicitações. Seguiram-se a China, Iraque, Sérvia e Paquistão. No total, verificaram-se mais 73.300 pedidos de acolhimento, em relação a 2010. Foi um aumento de 20 por cento, que catapultou a cifra de refugiados para a taxa mais alta dos últimos oito anos, de acordo com o último balanço feito pelo Alto Comissariado, liderado pelo português António Guterres. O nosso país também não escapou a esta tendência de crescimento. Desde 2009 que os pedidos de asilo a Portugal têm vindo a aumentar. Dos 139 requerimentos formulados nesse ano, passou-se para 188 em 2011, segundo o Conselho Português para os Refugiados (CPR). Nestes três anos, foram os naturais da Guiné Conacri quem mais pediu para se refugiar em território português (93). Destaque ainda para um número significativo de pedidos da Colômbia, República Democrática do
Bento XVI pediu respeito pelos direitos A Convenção de 1951, relativa ao Estatuto dos Refugiados, classifica como refugiados todos os que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, e que não podem (ou não querem) voltar para casa. Mais tarde, definições mais amplas, passaram a considerar também as pessoas obrigadas a deixar seu país
sensações vividas pelas famílias separadas por conflitos ou perseguições. A ideia central é colocar o espectador perante o mesmo dilema de milhares de refugiados: “Ficaria e arriscaria a vida no conflito, ou fugiria, arriscando ser sequestrado, violentado, torturado ou algo ainda pior?”, interrogam os autores da campanha, sublinhando que “ninguém escolhe ser um refugiado”.
devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos. Numa mensagem proferida a propósito do Dia Mundial do Refugiado, o Papa Bento VXI prometeu não os esquecer: “Asseguro a estes irmãos e irmãs tão provados a oração e constante solicitude da Santa Sé, ao mesmo tempo que deixo votos de que os seus direitos sejam sempre respeitados e que se possam, rapidamente, voltar a reunir com os seus entes queridos”.
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atualidade
Coreia do Sul País de sucesso
OS SUL-COREANOS À CONQUISTA DO MUNDO O país é pouco maior que Portugal e vive há décadas com medo de uma guerra, mas mesmo assim consegue ser uma das 20 maiores potências económicas do mundo e as suas empresas de tecnologia são líderes globais, como é o caso da Samsung, que este ano já vende mais telemóveis que a finlandesa Nokia. Um caso de sucesso como nação, este da Coreia do Sul, que também tem os seus heróis improváveis, como o filho de emigrantes na América que foi agora escolhido para presidente do Banco Mundial ou a órfã, adotada por um casal europeu, que se tornou ministra em França texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* foto LUSA Quando Kim Jong-suk nasceu, em 1973, a Coreia do Sul era um país muito mais pobre e nos anos 1960 tinha mesmo índices de desenvolvimento comparáveis aos de África por causa da guerra com a Coreia do Norte (1950-1953). Abandonada numa rua de Seul com poucos dias de vida, passou seis meses num orfanato da capital sul-coreana até ser adotada por um casal francês. Passadas quatro décadas, a criança chama-se Fleur Pellerin e, em maio, tornou-se ministra francesa, dando nas vistas na tomada de posse em Paris pela sua elegância de traços orientais. Também na própria Coreia do Sul, o sucesso da menina abandonada não passou despercebido, com o jornal ‘Chosun Ilbo’ a celebrar o sucesso da compatriota, mesmo que no passaporte a nacionalidade de Fleur seja, desde há muito, a francesa. É que os coreanos dão muito valor à questão do sangue e, por isso, não hesitam em ficar felizes com este tipo de notícias. E coreanos de sucesso parecem não faltar por estes dias. Os Estados Unidos impuseram um cidadão 16
seu como presidente do Banco Mundial, mas na realidade Jim Yong-kim só é americano porque em miúdo acompanhou a família em busca de melhor vida no outro lado do Oceano Pacífico. Se não fosse a aventura dos pais, Jim seria ainda compatriota de Ban Ki-moom, o secretário-geral da
A metade sul de uma península Geografia Desde o final da Segunda Guerra Mundial a Península Coreana está dividida em duas metades, grosso modo separadas pelo paralelo 38. A parte Sul proclamou-se em 1948 como República da Coreia, enquanto a metade nortista se chama oficialmente República Democrática Popular da Coreia. Nome oficial República da Coreia, vulgo Coreia do Sul População 49 milhões de habitantes
O avanço tecnológico na Coreia do Sul permite controlar até o interior do metro
ONU que é, sem dúvida, o mais famoso dos sul-coreanos. Esta série de coincidências serve para destacar o milagre coreano. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, esse povo asiático está dividido por motivos ideológicos que pertencem ao passado. No
Área 99 mil quilómetros quadrados Capital Seul Língua Coreano Religião Budismo e cristianismo Esperança de vida 77 anos (homens) e 84 anos (mulheres) Rendimento médio anual 32 000 dólares (paridade de poder de compra) Moeda Won Exportaçōes produtos electrónicos, maquinaria e equipamento de transporte
ONZE DATAS ESSENCIAIS
início, à ditadura comunista que mandava no Norte opunha-se no Sul um regime militar pró-americano. Mas se a Coreia do Norte preferiu ser autossuficiente e manter-se uma autocracia, já a Coreia do Sul optou por apostar na globalização e beneficiar do comércio internacional, ao mesmo tempo que se democratizava. E os seus grupos económicos tornaram-se marcas poderosas, como a Samsung, que no primeiro trimestre de 2012 vendeu mundo fora 86 milhões de telemóveis, ultrapassando a finlandesa Nokia, a tradicional líder do setor. Foi na época em que a agora ministra francesa nasceu que o milagre sul-coreano começou. Na década alargada de 1966-1977 a riqueza nacional média por habitante duplicou. Muito apoio estatal à indústria, mas também muito engenho e vontade de trabalhar. A Coreia do Sul regista todos os anos mais patentes que a Alemanha ou a França. E os resultados escolares dos seus miúdos brilham nas comparações internacionais. Está aí o segredo
do sucesso de uma sociedade que é de matriz budista, mas em que um quarto da população se confessa cristã (católicos e protestantes). Há quem atribua o êxito da Coreia do Sul (terceira economia asiática e 13.ª mundial) ao apoio político americano. Mas também é preciso perguntar até onde teria ido o país se não fosse a ameaça de guerra e as fortes despesas militares. E nunca se deve desvalorizar um povo que conquistou nas ruas a democracia, graças aos estudantes e aos operários que ousaram desafiar os militares. Não nos admiremos que o ‘made in’ Coreia continue a dar. *jornalista do Diário de Notícias
1945 Fim da Segunda Guerra Mundial, com os soviéticos a ocuparem o Norte da Coreia e os americanos a parte Sul. 1948 Proclamação das duas Coreias. 1950 Norte invade o Sul com apoio soviético e chinês. Tropas americanas defendem o Sul. Dois milhões de mortos depois, e ao fim de três anos, é assinado um armistício, que deixa a divisão territorial quase igual à de antes do conflito. 1963 O general Park Chung-he, que tomou o poder dois anos antes, lança um grande programa de desenvolvimento económico da Coreia do Sul. 1987 Protestos estudantis obrigam a uma nova Constituição. Democracia impõe-se na Coreia do Sul. 1993 Kim Young-sam, um ex-dissidente, torna-se o primeiro presidente civil da Coreia do Sul. 1994 Morre Kim Il-sung, o fundador do regime comunista da Coreia do Norte. 2000 Cimeira em Pyongyang, capital nortista, entre Kim Jong-il e o presidente sul-coreano Kim Dae-jung. 2007 O ministro dos Negócios Estrangeiros sul-coreano, Ban Ki-moon, torna-se secretário-geral da ONU. 2009 Mini-batalha naval relembra que o espírito da Guerra Fria continua vivo na Coreia, apesar das tentativas de diálogo. 2011 Seul acolhe grande conferência sobre o nuclear, com a presença dos presidentes americano, Barack Obama, e russo, Dmitri Medvedev. Capacidade nuclear da Coreia do Norte é vista como ameaça à paz na Ásia Oriental. Julho 2012
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dossier
TURISMO FĂŠrias em silĂŞncio, tranquilidade e encontro com Deus
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Lugares para expandir o olhar São hospedarias de conventos ou mosteiros, lugares onde se pode passar um tempo diferente, seja em férias ou em outra ocasião. Com os grandes espaços da natureza a envolver-nos e a possibilidade de rezar com as comunidades que ali vivem texto ANTÓNIO MARUJO fotos DANIEL ROCHA São lugares mágicos, quase sempre. Lugares de tranquilidade e silêncio, de reencontro consigo mesmo e com Deus. Mosteiros e conventos são, há muitos séculos, também lugares de hospitalidade. E possibilidades de, na fuga do mundo, reencontrar o mundo. Em Portugal, há também sítios destes. Que podem ser também lugar para umas férias diferentes ou para tempos de descanso. Mosteiros e conventos que nos convidam à busca interior, à procura do melhor de nós mesmos, da natureza e de Deus. Onde o acolhimento aos hóspedes é uma das dimensões importantes da vida monástica ou conventual. Começou tudo, podemos dizer, com São Bento. Iniciador da vida monástica tal qual a conhecemos hoje, Bento de Núrsia viveu num tempo em que o cristianismo, convertido por Constantino em Julho 2012
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Irmãs missionárias Donum Dei do mosteiro de Tibães, onde gerem a hospedaria
religião de Estado, esmorecia nas suas práticas e relaxava a exigência de vida. Muitos crentes começaram, então, a retirar-se para lugares de silêncio e solidão, em busca de uma vida mais ascética e purificada. Bento de Núrsia foi um deles. Nascido cerca de 490, na Umbria italiana (onde, sete séculos depois, nasceria Francisco de Assis), iria fixar-se numa gruta de montanha em Subiaco, a leste de Roma. Pelo ano de 530, Bento mudou para Monte Cassino. Tomou o texto da Regra do Mestre e, abreviando-a, sublinhou a perspetiva comunitária do monaquismo, estabelecendo também as formas de rezar, as normas de obediência, as regras sobre a propriedade ou a forma de acolher qualquer hóspede que chegue. “Todos os hóspedes que se apresentam [no mosteiro] sejam recebidos como se fosse o próprio Cristo, pois Ele dirá [um dia]: ‘Fui hóspede e recebestes-me.’”, lê-se na Regra de São Bento. O acolhimento surge, também, assim como um desafio mútuo, para quem chega ou quem está: “Com aqueles que acolhemos (...) queremos procurar a maneira de recuperar um impulso e descobrir como viver Cristo para os demais. (...) Em Taizé, gostaríamos que os jovens encontrassem a paz 20
do coração”, escreve o irmão Roger, de Taizé (Elige Amar, ed. PPC, Espanha).
a natureza, passear, ler, meditar, buscar o essencial, rezar com a comunidade que ali vive.
Estamos já longe da “fuga do mundo”, presente no início do monaquismo. Que traduzia a ideia de desprezo por aquilo que o mundo significava de pecado ou desumanização. Um exílio purificador, notava a escritora italiana Cristina Campo, sobre os eremitas e anacoretas: “É o exílio, a travessia o que conta para eles e que eles vieram ensinar, com os seus monossílabos siderais e as suas monumentais reticências: o ser irreversivelmente estranhos nesta terra, o viver exatamente ‘como um homem que não existe’.” (Ditos e Feitos dos Padres do Deserto, ed. Assírio & Alvim).
O Mosteiro de São Martinho de Tibães (Braga) oferece-nos um reencontro com a história. Antiga casa-mãe dos beneditinos portugueses, o mosteiro está
Pode ser essa ideia de travessia, de ir de um lugar a outro das nossas vidas, que nos leve a procurar lugares como Tibães, Singeverga, Balsamão, Roriz, Valadares, Bande, Alpendurada... A geografia destes lugares está sobretudo a norte, coincidindo com os movimentos de povoamento e de evangelização. Mas também em Fátima, Lisboa ou Algarve há lugares assim, onde podemos ser acolhidos por comunidades monásticas. E onde cada hóspede pode contemplar
É tão fácil os olhos colarem-se ao chão e as visões ficarem reduzidas ao minúsculo círculo do eu. O desafio de Jesus é mudar a escala do nosso olhar. Repara além de ti situado numa zona rural e inserido numa quinta que fazia parte da antiga cerca monacal. Dentro desta, era suposto haver o necessário para subsistir: campo para a agricultura, floresta para extrair lenha, criação de gado, zonas de passeio e lazer... Fundado no final do século X, Tibães foi um dos mais importantes mosteiros portugueses, sujeito a sucessivas intervenções. A extinção das ordens religiosas, em 1834, levaria à venda do edifício e à sua posterior degradação. Há três anos, a hospedaria foi recuperada, com um belíssimo projeto de Eduardo Souto de Moura e entregue à congregação das irmãs da Família Missionária Donum Dei, que
Antigo missal romano, em música litúrgica gregoriana, do mosteiro de Tibães
também gerem o restaurante Eau Vive (Água Viva) – em ambos os casos, é melhor reservar e os preços são equivalentes a outros estabelecimentos do género. Beneditinos são ainda os mosteiros de Singeverga, onde os monges continuam a guardar o segredo da produção do licor, e das monjas de Santa Escolástica (Roriz), situados muito próximos um do outro (Santo Tirso). Ambos se inserem também numa paisagem rural, onde o casario disperso vem preenchendo espaços, mas sem retirar tranquilidade aos lugares monacais. Em Roriz, a hospedaria foi recentemente renovada. Mantendo a simplicidade e o despojamento característico de um alojamento monacal, os quartos são humanamente quentes e acolhedores. Bande (Carvalhosa, Paços de Ferreira), de monjas carmelitas, e Alpendurada (padres carmelitas), têm ainda o mesmo género de paisagem rural. Em Bande, ao contrário dos outros espaços, a hospedaria está fora do mosteiro, num edifício autónomo. Os hóspedes podem optar por manter relação com o espaço monacal e as monjas, quer nos ritmos de oração quer na alimentação; ou por ficar autónomos, já que têm uma pequena cozinha ao seu dispor. A
casa dos missionários da Boa Nova (Valadares, Gaia), ao contrário, está numa periferia urbana, mas mantém a tranquilidade e um grande espaço de campo, aliado a uma arquitetura original. O Convento de Balsamão (Macedo de Cavaleiros), dos padres Marianos da Imaculada Conceição, está no cimo de um monte, na Serra de Bornes. Deste miradouro natural, só se avista horizonte e os vários outeiros à volta, permitindo experiências de oração contemplativa pela natureza. Um lugar de espanto. São lugares, enfim, para alargar o olhar. No livro Um Deus Que Dança (ed. AO), escreve José Tolentino
Mendonça: “‘Reparai nos pássaros’. ‘Reparai nos lírios’. Jesus convida-te a expandir o olhar, libertando-o dos rotineiros circuitos. Há quanto tempo não reparas? É tão fácil os olhos colarem-se ao chão e as visões ficarem reduzidas ao minúsculo círculo do eu. O desafio de Jesus é mudar a escala do nosso olhar. Repara além de ti. Fernando Pessoa escreveu: ‘Nós somos da altura do que vemos’. O que é que tens visto? E como?”.
Contactos
Mosteiro de Tibães 253 282 420; reservas@hospedariatibaes.com Mosteiro de Singeverga 252 941 176; www.mosteirodesingeverga.com Mosteiro de Santa Escolástica (Roriz) 252 941 232; monjas.beneditinas@clix.pt Carmelo de Bande (Paços de Ferreira) 255 964 540; http://mosteirobande.home.sapo.pt/ Convento de Balsamão 278 468 010; http://www.marianos.pt/ Convento de Avessadas 255 538 150; http://www.carmelitas.pt/site/conventos/avessa_index.php Seminário da Boa Nova (Valadares, Gaia) 227 151 250; valadares@boanova.pt Julho 2012
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gente nova em missão
26 de julho Dia dos Avós Olá pequenos e pequenas missionários e missionárias! Estamos no mês de julho, mês quentinho de férias para os mais pequenos e para alguns mais crescidos também! E é neste mês, mais concretamente no dia 26 de julho, que se celebra a festa dos avós, pessoas crescidas mais velhas que com tanto carinho e dedicação enchem as nossas infâncias de doçura e atenção. Eles são a nossa ligação aos nossos antepassados, à nossa história. Em Portugal há avós que dizem É na data de 26 de julho que se celebra esta festa, o mesmo dia “avó é mãe duas vezes!”
protetores dos avós
texto ÂNGELA E RUI ilustrações RICARDO NETO
de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus. Devido à sua história, Santa Ana é considerada a padroeira das mulheres grávidas e das que desejam ter filhos. Ana morreu quando Maria tinha apenas 3 anos. São Joaquim e Santa Ana são os padroeiros dos avôs e avós.
sozinhos NÃO
Muitos dos nossos avós tiveram uma infância difícil, muito diferente da nossa e agora estão idosos. Às vezes é difícil acompanharem as novas tecnologias, mas o amor que sentem pelos netos supera tudo. Cada vez mais os idosos são postos de parte nesta sociedade e ficam sozinhos. Aumenta de dia para dia o número de idosos abandonados. Não está certo. Se vocês querem ser verdadeiros missionários acompanhem os vossos avós, não os deixem sozinhos. E também podem organizar, na catequese e na escola, visitas a idosos que estão sós. Vão ver como os vossos sorrisos são verdadeira imagem de Jesus para estas pessoas que tanto trabalharam para os que agora são mais jovens.
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SABIAS QUE
Em 2009, como aliás acontece há anos a esta parte, o Santuário de Fátima ofereceu um programa especial aos avós e aos netos. Durante o fim de semana de 25 e 26 de julho, foram muitos os que peregrinaram até Fátima. Nessa ocasião, o então bispo de Portalegre-Castelo Branco, Augusto César, que presidiu à Eucaristia internacional, relembrou o papel dos mais idosos na construção da sociedade e na formação das novas gerações: “Ora, hoje, é dia de São Joaquim e de Santa Ana, avós do Menino Jesus. E a Igreja olha com afeto e gratidão, para eles e para todos os avós, mercê da missão que desempenham no seio da família e da sociedade. Assim, quando olhamos para as rugas dos mais idosos ou para os seus cabelos brancos, reconhecemo-los portadores de uma vida de trabalho e dedicação, mais ou menos longa e frutuosa. E o progresso que agora é nosso, não foi construído por nós”, mas por eles, disse o bispo Augusto César.
O meu momento de oração
Querido Jesus: Não pode haver um futuro para nós sem amor pelo passado. Quero ser bom para os mais idosos. Quero ser bom para os meus avós. Quero aprender com eles. E peço-Te que me ajudes nesta tarefa. Contigo aprendo a valorizar o que é importante, Tu estás nas coisas mais simples, Tu estás nas pessoas mais importantes e não nas mais poderosas ou com mais dinheiro. Tu estás na ternura dos meus avós, nos momentos que passamos. Obrigado por me chamares e fazeres de mim um verdadeiro missionário.
E que tal, neste dia, levarem os vossos avós à missa? Não seria uma boa ideia?
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tempo jovem
Vivemos num mundo acelerado e complexo. é neste mundo que somos chamados a “comunicar a Boa Nova”
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Missão 4G textoLUÍS MAURÍCIO foto LUSA Olhando para o mundo da comunicação e, em especial, para a evolução da internet móvel é surpreendente ver com que rapidez estes meios se desenvolvem. Já lá vai o tempo em que os telefones fixos exigiam que nos deslocássemos a um local físico para os podermos usar. A tecnologia celular pôs em evidência a grande mobilidade do homem de hoje, mas também a sua necessidade inata de comunicar. Não pretendo descrever as várias etapas da evolução tecnológica da telefonia celular. Tal matéria não é da minha especialidade. A minha reflexão pretende simplesmente pôr em evidência a analogia existente entre o processo evolutivo das várias gerações da comunicação móvel celular e o processo evolutivo das diversas gerações de comunicadores da Boa Nova.
Gerações da comunicação móvel Primeira Geração os primeiros telemóveis 1G eram analógicos e funcionavam através da divisão, de uma cidade ou região, em pequenas áreas geográficas denominadas células. Daí a origem do nome “celular”. Esses telemóveis só podiam ser usados para voz e a qualidade de ligação era muito variável devido a interferências. Facilmente as conversas poderiam ser ouvidas através de um sintonizador de rádio. Segunda Geração surgiu da necessidade de ter um maior número de ligações simultâneas.
Os telemóveis 2G já eram digitais, o que dava a oportunidade de aumentar a largura de banda, permitindo integrar outros serviços. A codificação digital da voz tornou-se de melhor qualidade. Tornou-se possível a comunicação de dados e a criptografia ao mesmo tempo sendo possível o envio de mensagens de texto (chamadas SMSs). Terceira Geração A sua caraterística mais importante é suportar um maior número de clientes de voz e dados. Os telemóveis 3G permitem serviços de telefonia e comunicação de dados a velocidades mais elevadas que os seus antecessores. Graças a esta tecnologia, podemos ver filmes, videogames, ouvir música e “surfar” na net, sem problemas. Quarta Geração A mais recente tecnologia de telemóveis 4G garante uma velocidade de transmissão 10 vezes superior à tecnologia 3G. O conceito 4G vai muito além da telefonia móvel. Imaginem iniciar uma videochamada com um amigo que está fora do país, durante o trajeto para o trabalho; ou ver um filme, descarregado diretamente da internet para o telemóvel, durante uma viagem, tudo isto sem interrupções da ligação. É fantástico poder estar sempre e de maneira estável “on-line”.
As gerações dos comunicadores da Boa Nova
Os comunicadores da Boa Nova da Primeira Geração chamaram-se apóstolos e discípulos. Viveram o desafio de contar, de viva voz, e partilhar em pequenos grupos a experiência de que foram testemunhas em primeira pessoa. Pouco tempo depois, a Primeira
deu lugar à Segunda Geração de comunicadores da grande e boa Notícia. Dotados de melhor clareza e fidelidade, os comunicadores começaram a pôr por escrito a “mensagem transmitida” e a enviá-la mais além das fronteiras. A Terceira Geração de comunicadores da Boa Nova tornou a mensagem mais visível, acessível e compreensível a todo homem, povo e nação. Esses comunicadores foram e são os nossos avós, pais, padrinhos, educadores, amigos e todos aqueles que nos transmitiram a fé através das mais diversas formas de testemunho.
Comunicadores 4G
Na sociedade atual, somos nós os novos comunicadores do Evangelho da Quarta Geração. Vivemos num mundo acelerado e complexo. É neste mundo que somos chamados a “comunicar a Boa Nova”, a partir de uma maior transferência de dados, que falem da própria experiência de Deus, com alta qualidade e fidelidade, sem “ir abaixo” e sempre “ligados” à única fonte de Comunicação que fala ao nosso universo. A tecnologia 4G permite uma velocidade de tráfego de dados 10 vezes maior que a tecnologia 3G, mas necessita de mais antenas de transmissão. Eis a nossa grande missão nesta era da comunicação: sermos “antenas vivas” para uma transmissão do Evangelho mais eficaz e consequente.
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sementes do reino para as horas vagas, mas um compromisso assumido e vivido com fidelidade absoluta e total empenho. Ser profeta é tornar presente no meio dos homens o projeto de Deus. A nossa missão profética tem de
O profeta é, no dizer da Bíblia, “o homem de olhar penetrante, que escuta as palavras de Deus, que tem a visão do Omnipotente, que se prostra, mas de olhos abertos” estar sempre ao serviço de Deus, dos planos de Deus e não ao serviço de esquemas pessoais, interesseiros e egoístas.
Profetas por vocação texto DARCI VILARINHO foto LUSA “Farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu”, disse Deus a Moisés: “Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar” (Deut. 18, 18-19). Moisés é o modelo do verdadeiro profeta. Não foi Moisés que se candidatou à missão profética. Não foram as suas ações ou qualidades que lhe deram o direito a ser profeta. É Deus que, de forma gratuita, escolhe, chama e envia em missão. De todo e qualquer profeta do nosso tempo podemos afirmar o mesmo. Deus continua, hoje, a escolher homens e mulheres dispostos a 26
tornarem-se consoladores, guias e admoestadores do seu Povo. Derrama sobre eles o seu Espírito para que, enraizados no próprio batismo, respondam aos apelos do nosso tempo. Na vocação cristã, o que está em causa não é transmitir uma mensagem pessoal ou aquilo que as pessoas gostariam de ouvir, mas, com coragem e frontalidade testemunhar fielmente as propostas de Deus para os homens do nosso tempo. O profeta tem consciência que a missão que lhe foi confiada é para levar muito a sério. O seu testemunho não é um passatempo
O profeta é, no dizer da Bíblia, “o homem de olhar penetrante, que escuta as palavras de Deus, que tem a visão do Omnipotente, que se prostra, mas de olhos abertos” (Num. 24, 3-4). É um contemplativo e um orante, que procura penetrar no mistério de Deus, para conhecer a Sua vontade e anunciá-la aos homens do nosso tempo. De olhos bem abertos, é por outro lado um conhecedor das situações e problemáticas humanas, que continuamente procura iluminar com a Palavra de Deus. Imbuído do Espírito de Deus, anuncia a Palavra como proposta de Deus, denuncia o divórcio entre fé e vida e aponta os caminhos da reconciliação e da paz com Deus e com os homens. É intermediário entre Deus e os homens. Pessoas como dom Óscar Romero, dom Pedro Casaldáliga, dom Hélder Câmara, Madre Teresa de Calcutá ou João Paulo II, só para citar alguns nomes, encaixam nesta reflexão. São profetas do nosso tempo, pessoas esclarecidas e apaixonadas por Deus e pela humanidade. Mas todos nós, no nosso meio, fiéis à nossa vocação cristã, e de olhos bem abertos, podemos sê-lo também: para unir o que anda afastado, para mediar o que anda desavindo, para promover a justiça e a paz.
intenção missionária
A PALAVRA FAZ-SE MISSÃO
Para que todos os voluntários cristãos, presentes nos territórios de missão, saibam dar testemunho da caridade de Cristo
01 13º Domingo Comum | Sab 1, 13-24; 2 Cor 8, 7-15; Mc 5, 21-43
Voluntários em ação
JULHO
Uma vida em relação
Jesus Cristo veio dizer-nos que a vida é um dom, fruto do amor de Deus. É um projeto, mas é também uma responsabilidade. Depende de mim ser digna ou desgraçada. Que sentido dou à minha vida? “Aliviai com a vossa abundância a indigência dos mais pobres”, pede-nos São Paulo, sem rodeios.
Que a minha “abundância”, nunca deixe ninguém na indigência.
08 14º Domingo Comum | Ez 2, 2-5; 2 Cor 12, 7-10; Mc 6, 1-6 Tudo tem um preço
Solidão, fragilidade e rejeição são o preço para testemunhar a Palavra de Deus. Não foi só Jesus a ser mal recebido na sua própria terra. Todos os profetas passam pelo mesmo. É a garantia de autenticidade da sua mensagem.
Ajuda-me a entender, Senhor, que as contrariedades são parte do testemunho que se requer do apóstolo.
15 15º Domingo Comum | Am 7, 12-15; Ef 1, 3-14; Mc 6, 7-13 Deus chama para enviar
Quando Deus chama, é para enviar. Consagrar-se a Cristo é aderir ao seu chamamento: Eis-me aqui, podes enviar-me! A missão ultrapassa-nos. Somos instrumentos desproporcionados para a grandeza da missão.
Obrigado, Senhor, porque nos escolheste e chamaste para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na tua presença.
22 16º Domingo Comum | Jer 23, 1-6; Ef 2, 13-18; Mc 6, 30-34 Descansai um pouco
Também há férias para Jesus e os Apóstolos, para repensar caminhos percorridos. Para avaliar êxitos e fracassos. Para descansar e retemperar forças. Para renovar a comunhão. Para acertar objetivos.
Ensina-me, Senhor, a descansar contigo, para ouvir, no silêncio, a tua voz, repensar o meu caminho, sintonizando a minha vida com a tua.
29 17º Domingo Comum | 2 Re 4, 42-44; Ef 4, 1-6; Jo 6, 1-15 Com o pouco que temos
Para saciar uma multidão, Jesus partiu dos cinco pães de cevada – o pão dos pobres. Para matar a fome dos cinco mil, é suficiente o pouco que temos. Para derrotar as fomes do nosso mundo basta essa pequena porção de amor e compaixão, colocada nas mãos do Senhor.
Cada vez se fala mais dos voluntários. Vemo-los nos hospitais, nos lares de idosos, na Cáritas e até, ultimamente, nos supermercados a recolher donativos para socorrer os novos pobres. Em suma, eles, os voluntários, estão presentes onde quer que haja uma boa ação para fazer. Pela maneira como os vemos trabalhar desinteressadamente, sempre disponíveis, sempre de cara alegre, dá-nos a impressão de que o serviço que fazem, já por si, é uma recompensa para eles. Que dizer então dos voluntários cristãos que deixam a sua família, o seu emprego, a sua pátria e partem para longe ao encontro de irmãos que não conhecem? Como a caridade não tem fronteiras, eles vencem a distância, aprendem outras línguas, outros hábitos e partilham com os povos que encontram os dons que levam consigo: a sua profissão para trabalharem, lado a lado com os outros. E para além de tudo, levam o crucifixo, a bíblia e a sua fé. Em prática, são os missionários “modernos” que fazem tudo como os padres, os irmãos e as irmãs religiosas. Além da missa, pouco mais lhes falta para serem iguaizinhos a todos os outros. MC
Senhor, que o meu pouco repartido com amor sacie a fome de quem tem menos do que eu. DV
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o que se escreve A oração do coração
É um livro que apresenta um exercício espiritual de origem ortodoxa. Consiste essencialmente na recitação litânica de uma simples frase que coloca o espírito, o coração e o corpo do orante em comunhão com Deus. É um tipo de oração difícil de pôr em prática, sobretudo para quem não estiver dentro deste esquema. Autor: Cristophe-Marie Baudouin 96 páginas | preço: 9,50€ Paulus Editora
Catecismo da Igreja católica
Meu irmão, o Papa O autor, Jorge Ratzinger, é irmão do atual Papa. Mais velho do que ele cerca de três anos. Ambos sacerdotes, ordenados no mesmo dia, viveram grande parte da sua vida lado a lado um com o outro. O Jorge tenta descrever aqui a biografia do José, mas, ao fim e ao cabo, resultam duas biografias: a do José e a do próprio Jorge, ajudados pela mãozinha de Michael Hesemann. Enredo simples e agradável, com abundantes citações do próprio José Ratzinger, o atual Bento XVI. Autor: Michael Hesemann 260 páginas | preço: 14,90€ Dom Quixote
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Contém, de modo conciso, todos os documentos essenciais e fundamentais da fé católica de modo a constituir uma espécie de vade-mécum (um livrinho de consulta diária) que nos pode acompanhar para onde quer que formos. Estas são algumas das palavras que o atual Pontífice escreveu no documento de apresentação do compêndio. Autor: Santa Sé 286 páginas | preço: 5,83€ Gráfica de Coimbra 2
Francisco de Assis Mestre da vida espiritual
O essencial da vida e da espiritualidade de São Francisco de Assis. O autor transcreve algumas passagens onde o santo se dirige aos seus filhos, os franciscanos, e lhes apresenta o Evangelho como fonte onde ele se inspira. Das três pessoas da Santíssima Trindade aparece sobretudo a ação do Espírito Santo. Autor: Thaddée Matura 100 páginas | preço: 6,00€ Editorial Franciscana
O meu missal
Penso que, por este preço, não se podia fazer melhor. É um missalinho próprio para as crianças. Numa linguagem simples, com poucas palavras e abundantes ilustrações. As crianças começarão a olhar para os desenhos, depois para a atitude das pessoas: o padre, os acólitos, os gestos que eles fazem e a participação dos fiéis. E muito mais coisas. Com um livrinho destes na mão, até apetece ir à missa, ser catequista e explicar isto aos miúdos. Autor: Pedrosa Ferreira 44 páginas | preço: 3,50€ Edições Salesianas
A crise do dom
O autor vai longe na história dos tempos buscar argumentos para corroborar a sua tese que é “tudo pela vida, nada pelo aborto”. Como ele próprio escreve no preâmbulo: “Combater e derrotar o aborto e os seus erros significa aceitar sacrificar-se pela criança (o novo) que vem ao mundo”. Entram aqui também as leis abortistas que governos sem coração publicam indiscriminadamente, favorecendo o egoísmo e reprimindo a entrada em cena do novo – a criança. Autor: Claudio Risé 144 páginas | preço: 12,80€ Paulinas Editora
o que se diz A escolha da família
Falar da família é pensar, pelo menos, em três pessoas: pai, mãe e filho. Mas podem ser muito mais. O livro está escrito à maneira de diálogo entre um bispo e dois entrevistadores, que o interrogam. Resulta um belo texto portador de uma excelente mensagem sobre a família, o noivado, o amor e o casamento. Ótima tradução. Bom e acessível a todos. Autor: Jean Laffitte 168 páginas | preço: 12,90€ Paulus Editora
Pangeia
Em subtítulo: “Sala do exame privado e a tacanhez de um tempo!”. O próprio autor chama a esta sua obra uma “modesta e desajeitada novela”. Mas não é nem uma coisa nem outra. É até bastante erudita; é um prodígio de memória histórica. Em suma, muita erudição e não menos fantasia. Ao princípio deleita; depois cansa. Acessível a iniciados. Autor: Jaime Alberto do Couto Ferreira 144 páginas | preço: 12,50€ Âncora Editora
Vocação um desafio “O caminho vocacional é exigente, cheio de desafios e revestido
de fragilidades. Encontrar-se com Jesus e escutar o seu convite a deixar tudo e segui-Lo não é a mesma coisa que acolher uma série de conhecimentos. Escolher Jesus implica deixar muitas coisas para cultivar um coração disponível para abraçar tantas outras”. Francisco Machado | Audácia | junho 2012
Pulmões do planeta “As florestas são os pulmões do planeta e muito mais: fornecem alimentos, chuva, abrigo, regulam o clima e protegem as terras agrícolas, são guardiãs da biodiversidade da terra e reserva de medicamentos naturais, mas também são fonte de inspiração cultural e espiritual”. Seán McDonagh, SCC | Além-Mar | junho 2012
Religiosidade “A religiosidade popular não tem que ser negativa: pode até trazer
muito de bom à liturgia da Igreja e pelo menos tem a capacidade de estar mais próxima do povo, capaz por isso de congregar, reunir e unir o que muitas vezes parece estar disperso”. Rui Ribeiro | O Mensageiro | junho 2012
Democracia e serviço “Na vida comunitária, democracia significa, em primeiro lugar,
comunhão interior, originada pelo Espírito Santo que comunicou o mesmo chamamento (carisma, vocação) a todos; significa fraternidade, serviço mútuo em vista de uma fidelidade cada vez maior ao carisma recebido”. J. Rovira, CMF | Vida Consagrada | junho 2012
Opção pelos pobres “São Paulo valoriza os pobres, não apenas na dimensão humana,
social e económica, mas numa perspetiva religiosa e sobrenatural. A pobreza não tem valor em si, enquanto privação de bens materiais, mas porque foi escolhida por Cristo e, depois, pelos cristãos, como comunhão, amor, capacidade de serviço e de dom”. Carlos Jacob | O Amigo dos Leprosos | maio/junho 2012
Fé e eucaristia “Não é possível manter uma vida cristã coerente, renegando a fé
eucarística. Quando isto se verifica debilita-se tudo o mais: a fé na encarnação e na ressurreição de Jesus passa a ser opcional; a compreensão do ser humano ganha contornos alheios à tradição bíblica; a adesão ao magistério da Igreja, é posta em causa”. Elias Couto | Agência Ecclesia | 05 junho 2012
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gestos de partilha
Solidariedade vários projetos
António Silva 5,00€; Ana Neves 25,00€; Eduarda Bento 50,00€; Fátima Matias 10,00€; Anónimo 20,00€; Maria Lopes 10,50€; Conceição Almeida 8,00€; Fernando Felício 10,00€; Olinda Vieira 15,00€; Cândida Barros 110,00€; Cidália Simões 3,00€; Maria Duarte 12,00€; Anónimo 20,00€; Anónimo 100,00€. Total geral = 20.661,19€.
Contactos
Bolsas de Estudo Marieta Luz 1.250,00€; Carmelinda Teixeira 250,00€; Maria Domingues 250,00€; Anónimo 250,00€; Ana Antunes 250,00€; José Almeida 250,00€; Beatriz Silva 250,00€; Telmo Santos 250,00€; Ernesto Monteiro 100,00€; Noémia Canavarro 20,00€; Anónimo 200,00€; José Antunes 250,00€. Ofertas várias Manuel Matos 43,00€; José Serra 26,00€; Fernanda Costa 80,00€; Alfredo Nunes 93,00€; Aurora Manso 30,00€; Ângela Vicente 26,00€; Lurdes Lopes 36,00€; Fernando Pedrosa 53,00€; Maria Simões 56,00€; Lisete Sousa 36,00€; Maria Barata 33,00€; Armindo Pacheco 43,00€; Florinda Ribeiro 38,00€; Fernanda Carreira 26,00€; Joaquim Castro 143,00€; Anónimo (Fiães) 150,00€; Manuel Brás 193,00€; Nazaré Fonseca 43,00€; António Soares 39,00€; Isabel Marques 43,00€; Lurdes Marçal 50,00€; Maria Barroso 50,00€; Deolinda Barros 31,00€; Lurdes Reis 46,00€; Isabel Pacheco 50,00€; Isolino Coelho 250,00€; Emília Silva 43,00€; Maria Anjos Salvador 93,00€; José Candeias 30,00€; Adriano Teixeira 25,00€; Maria Lourenço 50,00€; Estrela Cainé 43,00€; Amiga de Virgínia Esteves 25,00€; José Leitão 36,00€; Ana Miranda 36,00€; Isabel Rodrigues 36,00€; Manuel Moreira 33,00€; José Silva 26,00€; Clara Duarte 43,00€; Tiago Milho 36,00€; Anabela Susano 43,00€.
Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | Telefone 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | braga@consolata.pt 30
vida com vida eles vários donativos em dinheiro e em produtos da agricultura. Após 14 anos de serviço em vários seminários da Itália, foi enviado para o Brasil, em 1948. Foi aprendendo a língua, enquanto fazia os primeiros contactos com a população. O seu temperamento alegre e comunicativo quebrou todas as barreiras e o povo puxava-lhe pela língua para o ouvir falar meio português, meio italiano. Era assim na missa, na homilia, nas confissões e no mercado onde ia fazer as compras para o seminário e para a comunidade dos padres. Não tardou que o nomeassem ecónomo provincial, responsável pelos teres e haveres do Instituto no Brasil.
“Fiz o que tinha a fazer” Padre Domingos Monti nasceu em 1908 em Forli, Itália. Em maio de 1926 entrou no Instituto da Consolata e foi ordenado sacerdote a 31 de março de 1934. Como missionário foi enviado para o Brasil em 1948 e ali trabalhou em várias atividades quer na pastoral quer na economia. Faleceu a 22 de julho de 1960 texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO Hoje fomos buscar este missionário mais a sul da Itália, na zona da Romagna. Chama-se Domingos Monti e a sua terra natal é Sala de Cesenático, Forli. A respeito dele temos um testemunho do padre Lucca que foi seu companheiro desde o primeiro dia em que ambos entraram no seminário. Diz ele: “O Domingos era um jovem de caráter alegre, cordial e aberto.Era fidelíssimo ao cumprimento de todas as regras do Instituto, quer o superior estivesse presente ou ausente.
Inteligente e estudioso ocupava sempre os primeiros lugares da pauta”. Depois de ordenado sacerdote trabalhou em várias casas do Instituto na Itália como formador, diretor e professor. Quer pelo seu feitio alegre e comunicativo, quer pela sua bondade atraía a si a simpatia e amizade dos colegas, dos alunos e até a população onde residia. Isto levava a que as pessoas se afeiçoassem aos missionários e partilhassem com
Mesmo quando tinha de enfrentar situações difíceis, não perdia a calma. Sabia levar as pessoas ao consenso sem prejuízo nem para os de dentro nem para os de fora. Acima de tudo vencia a caridade e o amor dele para com os amigos e dos amigos e fornecedores para com o Instituto. Era da opinião de que vale mais um sorriso e uma pancadinha nas costas do que zangas e regateios nos negócios. O padre Monti começou em 1958 a sentir os efeitos de um esgotamento grave que lhe causava muita ansiedade e aos superiores muitas preocupações. Na esperança de que recuperasse a saúde colocaram-no numa paróquia nos arredores da cidade de São Paulo. Dedicou-se logo de alma e coração ao apostolado e os resultados foram evidentes. Mas esta euforia não chegou para o curar da depressão. Teve de regressar à Itália, onde foi internado num hospital, mas antes fez uma visita ao Santuário da Consolata. Confessou-se, rezou, meditou e depois desabafou para um colega que o acompanhava: “Por quanto depende de mim, fiz o que tinha a fazer”. Mais um dia e a morte sobreveio através de ataque cardíaco.
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outros saberes
Saber comer é uma arte Tudo o que é demais faz mal ou parece mal. Não há nada melhor do que o meio termo. E para ilustrar, poderíamos usar uma frasezita latina, porque não? “In médio stat virtus!” texto MANUEL CARREIRA foto ANA PAULA
Quem pendurou a enxada, pensa em mendigar
Apoio à compreensão Pendurar a enxada quer dizer deixar de trabalhar. Ora se a comida não cai do céu sem esforço, é sinal de que quem quiser comer tem de estender a mão à caridade e pedir esmola. Indiretamente o provérbio faz uma crítica ao ocioso, ao preguiçoso. Macua – Moçambique
O que mata a pessoa é a comida Apoio à compreensão Pode morrer-se de muitas maneiras: 32
ou por não comer, ou por comer demais, ou por comer coisas más. É por isso que se diz: comer bem é uma arte. Começa pela cozinha. Os mesmos produtos podem ser cozinhados de vários maneiras: fritos, cozidos, assados, com mais ou menos temperos. Macua – Moçambique
Os homens são como as ondas: uma cresce outra desce
Apoio à compreensão O provérbio pode ter várias interpretações. Os grandes sobem à custa dos pequenos. Isto foi sempre verdade. Se era assim nos tempos de Homero (séc. VI a.C.), muito mais é visível nos tempos atuais em que um dos maiores flagelos da humanidade é a riqueza de poucos e a pobreza de muitos. Homero
O verdadeiro objetivo da guerra é a paz Apoio à compreensão À primeira vista parece contraditória esta asserção: fazer guerra para ter paz. Os antigos romanos diziam isto por outras palavras, mas que ao fim e ao cabo iam dar no
mesmo: “Se queres a paz prepara-te para a guerra”. Neste sentido a guerra pode ter duas motivações: guerra para atacar e guerra para se defender. A primeira nunca tem razão; a segunda tê-la-á ou não. Sun Tzu
Se o sapato me é apertado e me faz doer, que me interessa que o mundo seja grande Apoio à compreensão O provérbio diz-nos que todos temos interesses pessoais que, por pequenos que sejam, nós os colocamos acima de tudo o resto. Sapatos apertados, quer dizer sofrimento. E quem sofre no seu próprio corpo pouco lhe interessa que outros sejam grandes ou pequenos. Turquia
a missão é simpática
Tenho medo que me crucifiquem texto NORBERTO LOURO ilustração pedro cabral As aulas acabaram. Os exames estão no fim. A juventude dispersa-se. As famílias, em teoria, têm mais tempo para estar “juntas”. Muitos invejam os estudantes porque, pelo menos esses, têm férias. E bem longas! Há sempre quem diga que são demais e mal aproveitadas ou desaproveitadas. Mas, não generalizemos! O descanso e a descontração são necessários. O convívio familiar é essencial. Uma inserção ou reinserção pacífica e serena mais prolongada, nesse ambiente, estreita os laços familiares que são insubstituíveis, convida à intimidade e à partilha, desafia à entreajuda e colaboração útil, descarrega os nervos. O fim das aulas traz também o termo das catequeses. E terminaram
com celebrações sugestivas e entregas de diplomas de primeira comunhão, de profissão de fé e de crisma. Ali, todos: pais, padrinhos, catequistas, comunidades cristãs, deram a sua quota parte de trabalho e de testemunho para que o alcance daquelas metas se tornasse inesquecível, consequente e jamais definitivo na vida. Há também grupos de jovens que olham mais para além do território comezinho e demandam encontros de formação e de convívio intercultural para além fronteiras, ou experiências de voluntariado missionário ou social, em países marginalizados e necessitados do apoio de todos. Em Portugal, há mais de 50 instituições que enviam grupos que foram formando ao longo do ano. O resultado é útil para quem recebe e gratificante para quem dá essa ajuda. Às vezes, devido ao tempo limitado, mais esta do que aquela. Além disso, aí estão em marcha as festas populares que costumam ou podem requisitar muita mão de obra jovem. Conjuntos, coros, teatros, desporto, ornamentação, segurança, voluntariado local, funções religiosas nas grandes celebrações
litúrgicas. A maioria dos sacristães que desenvolveram um serviço prestimoso nas comunidades cristãs, desapareceu. Agora são rebanhos de jovens (rapazes e raparigas) que servem ao altar, com dignidade, graça e ufania, emprestando às celebrações uma solenidade jovem, marcada pela esperança de uma Igreja rejuvenescida. Pena é que, crescendo, se deixem levar pela vergonha, pelo respeito humano, e, maior pena ainda é que alguém faça deles chacota. O grupo dos acólitos, nalguns lados, já é um canteiro de vocações. Contou-me um colega que, há dias, ficou tão encantado com o serviço impecável de um acólito que o louvou por isso mesmo e até o desafiou a orientar a sua vocação para padre, na vida missionária. O rapaz, esbugalhou os olhos e ripostou: “Vou pensar nisso!” Ao despedir-se, porém acrescentou: “Ih, senhor padre! Tenho medo que me crucifiquem como fizeram a Jesus”.
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fátima informa
Devoção e alegria na festa da Consolata texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto ANA PAULA
Entrada da procissão na capela do seminário da Consolata, em Fátima
A festa de Nossa Senhora da Consolata foi um momento de “família” que reuniu os amigos da zona de Fátima com missionários e leigos dos diversos grupos ligados ao Instituto. A procissão com o andor da imagem de Nossa Senhora, enfeitado e carregado aos ombros pelas Mulheres Missionárias da Consolata levou os fiéis até à capela do seminário para a celebração da Eucaristia, animada pelo grupo de Jovens Missionários da Consolata.
Durante a homilia da Eucaristia concelebrada por uma dezena de missionários, o padre João Monteiro da Felícia desafiou os fiéis a serem “verdadeiramente missionários, abertos ao mundo, aos irmãos, principalmente aos que mais sofrem”. O sacerdote convidou os amigos da Consolata a levarem a consolação aos outros com uma “renovada esperança”. Missionário há longos anos no Brasil, João Monteiro realçou a necessidade de
Curso de Missiologia
ao tema “Eucaristia sacramento da Caridade”. A realização do 50.º Congresso Eucarístico Internacional, que teve lugar recentemente na Irlanda, e a crise económica “justificam este contributo de reflexão e formação sobre liturgia”.
As inscrições para o curso de Missiologia podem ser efetuadas em: http://cursodemissiologia. blogspot.pt/, até 19 de agosto. O curso decorre no Centro Missionário Allamano, de 27 de agosto a 1 de setembro. Conferências, trabalhos de grupo, oração e testemunhos fazem parte deste primeiro ano de um curso bienal que visa a qualificação missionária dos participantes.
“Sacramento da Caridade”
O 38º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica realiza-se de 23 a 27 de julho, no Centro Pastoral Paulo VI. Os trabalhos são subordinados 34
Jesus como caminho
O bispo auxiliar de Lisboa, Nuno Brás, presidirá à peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de julho, sobre as palavras de Jesus: “Eu sou o caminho”. Antecipando o sentido da sua intervenção, Nuno Brás afirma: “Não poderei deixar de, tal como fez Nossa Senhora, apontar Jesus como o caminho e o sentido do nosso peregrinar pela vida”.
pessoas “abertas à novidade, ao diferente, que as novas situações nos apresentam”. Após o convívio familiar animado pelos jovens «Luz sem tempo», da Bajouca, Leiria, a saudação a Nossa Senhora encerrou a festa. Tal como em Fátima, as celebrações da padroeira dos missionários da Consolata decorreram em todas as casas no domingo, 17 de junho.
Julho em agenda 07/08 Peregrinação nacional da Família Missionária Espiritana 14/15 Peregrinação nacional do Movimento da Mensagem de Fátima 19/22 II Semana de Espiritualidade da Família Andaluz 20/22 Retiro nacional do Apostolado de Oração 23/27 38º Encontro nacional de Pastoral Litúrgica 28 Peregrinação nacional da Família Comboniana
Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA tel: 249 539 460 | geral@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt
OUTRA VISÃO
DO MUNDO
| un’altra visione del mondo | mwingine mtazamo wa dunis another view of the world | otra visión del mundo | inny pogląd na świat une autre vision du monde | wona wunyowani wa lapo eine andere sicht der welt | djobe mundu di oto manêra 다른 세계관
APENAS
7 EUROS
POR ANO
Madre Teresa A vida inteira dedicou a Deus. Humildemente, transformou em regra Tomar dos outros, com total entrega, Os sofrimentos, como sendo seus. Pobre, fez-se dos pobres companheira, Entre os doentes mitigou a dor; Aos desvalidos soube dar amor; Entre os humildes foi ela a primeira. O seu trabalho não vendeu jornais. Não teve joias, nem vestiu vaidade. Não foi notícia. Só fez caridade. Por ser humilde, quem sabe, demais, Deus permitiu-lhe até o ter morrido Enquanto o mundo estava distraído. Vítor Cintra