Polónia

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Ano LXII | Julho 2016 | Assinatura Anual Nacional 7,00€ | Estrangeiro 9,50€

POLÓNIA

JOVENS de TODO O MUNDO ao encontro do PApa FRANCISCO destaque

FÁTIMA INFORMA

Igreja pode ser chamada a ajudar nas negociações

Verba angariada em Portugal entregue Vitória garante a cada estudante uma entrada anual no Consolata Museu à Casa Bambaran, na Guiné-Bissau

Conflito em Moçambique Alunos criam crucifixo já fez 10 mil refugiados e ganham concurso

MÃOS À OBRA

Centro de acolhimento agradece apoio missionário


MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA Um abraço entre a fé e a vida

Como Maria São presença consoladora Em seu nome

Colocam as suas vidas e os seus recursos ao serviço dos mais frágeis

COLABORE COM OS MISSIONÁRIOS

Apoiando projetos de solidariedade contribuindo para a formação de futuros missionários oferecendo uma assinatura da FÁTIMA MISSIONÁRIA a um amigo visitando o Consolata Museu em Fátima e hospedando-se nas nossas instalaçõs em Fátima

CONTACTOS Rua Francisco Marto, 52 – Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA – Tel. 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800–048 LISBOA – Tel. 218 512 356 | lisboa@consolata.pt


SUMÁRIO

Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº 07 Ano LXII – JULHO 2016 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt

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ESTATUTO EDITORIAL http://www.fatimamissionaria.pt/quem.php

DE JOÃO PAULO II “CRACÓVIA À ESPERA DE FRANCISCO

FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial Eugénio Butti Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 22.700 exemplares Diretor Darci Vilarinho Diretor Executivo Francisco Pedro Redação Darci Vilarinho, Francisco Pedro, Juliana Batista Colaboração Albino Brás, Álvaro Pacheco, Ângela e Rui, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Elísio Assunção, João Nascimento, Leonídio P. Ferreira, Teresa Carvalho Diamantino Antunes (Moçambique) Tobias Oliveira (Roma) Fotografia Arquivo, Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção Capa e Contracapa Lusa Ilustração David Oliveira Design BAR Administração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00 € Estrangeiro 9,50€; Apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€; Avulso 0,90€ Pagamento da Assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) transferência bancária IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)

04 | EDITORIAL Encontro inédito

12 | A MISSÃO HOJE Missão com histórias de misericórdia

05 | PONTO DE VISTA O jogo da vida

13 | FÁTIMA INFORMA Alunos criam crucifixo e ganham concurso

06 | HORIZONTES Nos preparativos da boda 07 | DESTAQUE Conflito de “baixa intensidade” em Moçambique 08 | MUNDO MISSIONÁRIO • Fátima: Morreu o missionário do sorriso contagiante • Portugal: Missionários da Consolata em Portugal elegem nova direção • Gana: Líderes cristãos lançam apelo aos jovens • Colômbia: Pobreza e fome marcam a vida em La Guajira • Paquistão: Universitários muçulmanos e cristãos de mãos dadas 10 | A MISSÃO HOJE Renovados na missão ‘ad gentes’ 11 | PERFIL SOLIDÁRIO Tudo por um sorriso

TAREFAS PARA HOJE: ATUALIZAR A ASSINATURA DA FÁTIMA MISSIONÁRIA

14 | DOSSIER • Cracóvia de João Paulo II à espera de Francisco • Uma família polaca vai acolher 300 peregrinos • Uma casa-museu a relembrar João Paulo II • Cinco dicas para visitar a região de Cracóvia • Abra os olhos, aguce os sentidos, responda ao mundo • Consolata reúne jovens de três continentes 22 | MÃOS À OBRA Crianças em risco dependem das pessoas de boa vontade 23 | IMAGENS DE MISERICÓRDIA 24 | GENTE NOVA EM MISSÃO Férias com Jesus 26 | TEMPO JOVEM Sonhar é preciso 28 | SEMENTES DO REINO “Quem é o meu próximo?” 30 | VIDA COM VIDA Mártir da sua paixão pelos pobres 31 | LEITORES ATENTOS 32 | GESTOS DE PARTILHA 33 | O QUE SE ESCREVE 34 | MEGAFONE

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editorial

Encontro inédito Não tem sido fácil o diálogo entre a Igreja Católica e o mundo muçulmano. O Papa Francisco, sempre disponível para encontrar-se com quem privilegia o caminho do diálogo, proporcionou em fins de maio um encontro, que passou despercebido a grande parte da imprensa, mas que foi de enorme importância: recebeu no Vaticano o grande Imã Ahmad al-Tayeb, reitor da Universidade de al-Azhar, no Cairo, Egito. Al-Tayeb é uma figura de grande relevância na jurisprudência islâmica sunita, cuja influência é reconhecida a nível mundial. Há 10 anos o discurso pronunciado por Bento XVI em Ratisbona, mal-entendido aliás, foi objeto de críticas ferozes da parte muçulmana, e está na origem da rutura de relações entre a Universidade al-Azhar e o Vaticano. Este encontro com o Papa Francisco, reatando as relações dessa universidade com o Vaticano, constitui um impulso importante para a paz e reforça as tendências reformistas no mundo islâmico, onde as correntes radicais estão a ganhar terreno. Ainda recentemente, al-Tayeb, que vê na educação uma chave para o diálogo, fez declarações públicas contra o terrorismo do autoproclamado Estado Islâmico, recordando que o Islão é uma religião de paz, misericórdia e cooperação entre os povos. Sabemos que não é pela violência das armas que se resolvem as

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Fátima Missionária

questões que dividem povos, religiões ou culturas, mas pelo diálogo persistente. A Universidade de al-Azhar continua a ser, indiscutivelmente, o ponto de referência que tem mais seguidores na componente sunita do mundo muçulmano. É a instituição de ensino que forma o maior número de imãs sunitas – milhares por ano – e é a universidade muçulmana mais famosa, com mais de mil anos de existência, que tem vindo a fazer um percurso de sentido reformista do pensamento islâmico, tendente a uma maior abertura. O encontro no Vaticano acentuando a via do diálogo pode inclusivamente produzir efeitos benéficos em países como a Arábia Saudita de maioria sunita, que aliás financia as formações mais radicais e violentas, entre as quais o autodenominado Estado Islâmico e a al-Qaeda. Acresce que a figura do Papa Francisco é muito apreciada também entre os muçulmanos, que o veem como um guia religioso que tem no coração o bem de todos e procura valorizar todas as possibilidades de diálogo. Tanto ele como o grande Imã al-Tayeb testemunham que uma experiência religiosa autêntica é sempre fonte de concórdia e sabe reconhecer no outro um bem precioso. O encontro de Francisco com o reitor de al-Azhar nasce desta convicção. A nossa esperança é que produza frutos de paz e de bem. Darci Vilarinho

a figura do Papa Francisco é muito apreciada também entre os muçulmanos, que o veem como um guia religioso que tem no coração o bem de todos e procura valorizar todas as possibilidades de diálogo


PONTO DE VISTA

O JOGO DA VIDA JORGE ORTIGA . ARCEBISPO PRIMAZ DE BRAGA .

A Europa está ao rubro com a realização do Europeu de Futebol, em França. É bom ver a força aglutinadora do futebol e verificar como o amor à Pátria pode passar por aqui. Deseja-se que tudo decorra em segurança e não se poupa nas despesas para que isso aconteça. A presença nos estádios cria emoções que ajudam, ou podem ajudar, a descongestionar a teia dos problemas quotidianos. Pretende-se que o fundamentalismo e a violência não triunfem mas que as multidões consigam conviver na concórdia que existe quando o respeito mútuo acontece. Ninguém ignora que pertence à história da humanidade a organização destes eventos. Sempre se competiu e mediu forças com os adversários. É um sinal de que o ser humano necessita destes momentos de descontração e marcados pela ânsia de vencer e de premiar os melhores (que gostaríamos que estivessem sempre do nosso lado). Daí que não haja nada de novo a não ser a mobilização de imensas pessoas e a internacionalização dos eventos como consequência de uma globalização mediática. Não sendo novas estas experiências, embora em escalas diferentes, não sei se não seria oportuno aproveitar para olhar para outras dimensões. Necessitamos de olhar para o mundo que nos rodeia e reconhecer o que se passa com multidões de pessoas. Se nestes eventos nada falta, há seres

humanos a quem continua a ser negada a dignidade. Há realidades que nos deveriam fazer corar de vergonha e exigir que começássemos a agir de um modo novo e a exigir que as autoridades civis se comprometessem com os marginais de uma sociedade que parece não querer ver. Começa a acontecer que algumas empresas se estruturam numa dinâmica de economia social com gestos louvados pelos grandes economistas. Não poderia acontecer algo de semelhante neste mundo do futebol, no mercado que ele impõe e nos segredos que se escondem? Pode parecer uma utopia, mas tudo pode começar com pequenos gestos. Unimo-nos em redor de uma causa e não somos capazes de encontrar uma estratégia para que as mortes não continuem a acontecer no Mediterrâneo e que os refugiados encontrem um acolhimento, rápido e urgente, para recomeçar a vida. Ou, o que poderia ser mais interessante, que possam verificar que nos seus países de origem já existem condições de paz que permitam trabalhar na terra que amam. Serei ingénuo ao desejar que os países se interessassem por estes refugiados do mesmo modo como demonstram as suas habilidades em estádios onde as emoções imperam? Queria esperar que este Europeu de Futebol nos trouxesse uma mentalidade social mais coerente com a dignidade de todos. Alarguemos a ideia que temos de “estádio” e que todos possam jogar para uma vida de dignidade.

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horizontes

NOS PREPARATIVOS da BODA Texto | Teresa Carvalho Ilustração | DAVID OLIVEIRA

Gina e Celso folheavam demoradamente o álbum de casamento à procura da melhor foto para incluir no convite das bodas de ouro. A viagem ao passado era sempre motivo de boa disposição: – Alguma vez imaginaste que estaríamos a fazer esta festa juntos 50 anos depois? – Tinha a certeza! Não perdia isto nem por nada! – Também não tenho melhor programa! Olha para este nosso arzinho sonhador: tanta coisa que queríamos… e que não sabíamos! – Lá sonho nunca nos faltou. O mais engraçado é que acabámos por não ligar a grande parte daquilo que dizíamos que “tinha de ser”. – Pois não. Seria tão pouco, se assim fosse. Aventurámo-nos a outros sonhos, bem maiores! – Achas que valeu a pena? Casarias comigo outra vez? – Contigo? Nem pensar! Depois de ver esta noiva linda aqui nestas fotos?! Só tenho olhos para ela, tem paciência! E a conversa prolongou-se entre risos, trocadilhos e recordações do dia em que ambos se comprometeram

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Fátima Missionária

a cuidar um do outro e a construírem em conjunto a felicidade de ambos. – Sabes do que sinto falta nestas fotos? – Será dos miúdos? – Como adivinhaste? Nem dá jeito imaginar a vida sem eles. Temos motivos para estar felizes, não temos? Fizemos um bom trabalho! – Pelo menos eu! De ti não falo para não ficares vaidoso – gracejou Gina. Às vezes até me parece um sonho perceber o poder que existia em nós: como pudemos ser criadores de tanto?! Primeiro conseguiste descobrir-me: o mais importante – continuava Gina na sua boa disposição – depois, unimos duas famílias, e depois… então aí, continuo a sentir que fizemos um milagre: fomos criadores de duas pessoas, e maravilhosas. Por causa delas, temos netos, e no meio disto tudo, quantos amigos. Fazendo o balanço, até podemos dizer que demos um bom contributo à História! – Estás a dizer que fizeste bem em apostar em mim. Concordo! – acrescentou Celso acariciando a esposa. – Não exageres! Sabes, já nem me apetece usar a foto do casamento no convite. Acho que agora somos bem mais bonitos, mais preenchidos – de rugas também, claro, mas isso é que dá toque de sabedoria! Que te parece de termos uma foto de dois vaidosões que depois de 50 anos juntos estão desejosos de outros tantos? – Olha que até é boa ideia... mas só se me prometeres que no dia das bodas, aquela miúda, a noiva da foto, me acompanha no altar. As filhas, os genros e os netos foram chegando para o jantar de sábado em família. A mesa estava posta e os aromas vindos da cozinha combinavam com uma música conhecida de todos, tocada numa festa há 50 anos atrás. Gina e Celso, ainda de álbum aberto, riam com o humor que inventavam e a que se habituaram. Os olhos falavam de felicidade e espelhavam aquilo que os sustentara nos momentos difíceis e os empolgara nos tempos de desafios – o amor. Fizeram-no crescer e tornara-se num “monumento” enorme, consolidado pelo tempo e projetado para fora da fronteira dos dois. Por causa do amor que construíram, Celso e Gina vivem este tempo como um tempo de bênção e, agradecidos, sentem a sua vida como um presente que sabiamente aprenderam a descobrir, a cuidar, a saborear e a partilhar!


destaque 10 mil refugiados no Malawi

Conflito de “baixa intensidade” em Moçambique Texto | CARLOS CAMPONEZ Foto | LUSA

O Alto Comissariado das Nações Unidas estima que o conflito que nos últimos meses opõe a Frelimo e a Renamo já causou 10 mil refugiados no Malawi, adiantando não ser possível determinar a quantidade de deslocados no interior do país. O conflito já considerado de “baixa intensidade” tem vindo a agudizar-se desde dezembro, altura em que a Renamo anunciou pretender governar em várias regiões do centro do país, onde reivindica ter obtido a vitória nas eleições do ano passado, nomeadamente nas províncias de Sofala, Nampula, Zambézia, Tete, Niassa e Manica. Forças da Frelimo e da Renamo têm-se envolvido em escaramuças, realizado emboscadas, captura e execuções de líderes locais, pondo em fuga milhares de pessoas, num processo que faz temer pelo regresso da guerra civil, que durou entre 1976 a 1992 e provocou cerca de um milhão de mortos. A Renamo acusa o governo de, desde 1992, estar a protelar a integração dos seus membros nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS). Depois dos acordos alcançados em 2013 e 2014 a este respeito, a Renamo acusa o governo moçambicano de resistir a que esses elementos integrem os lugares de direção, chefia e comando das FDS e de estar a atacar os locais de concentração dos elementos que esperam a sua integração. Afonso Dhlakama, líder da Renamo, acusa o governo de pretender encontrar para o seu caso uma solução à angolana, que culminou com a morte do líder da Unita, Jonas Savimbi.

Pressões sobre Renamo e Frelimo

O agudizar das tensões entre a Frelimo e a Renamo resulta de um processo em que os militares têm vindo a adquirir poder dentro

Confrontos entre as forças governamentais e elementos da oposição obrigaram à fuga de milhares de pessoas

destas estruturas políticas. Mas a comunidade internacional está a pressionar a Frelimo e a Renamo para porem um fim ao conflito. Numa entrevista ao jornal Le Monde, Afonso Dhlakama anunciou pretender encontrar uma solução negociada para este conflito e admitiu que, no estrangeiro, as ações da Renamo foram mal interpretadas ao serem qualificadas de belicistas. Por seu lado, Maputo encontra-se também pressionado pelas instituições internacionais. Depois de um período de expetativa de crescimento económico, resultante da descoberta de enormes jazidas de gás no norte do país, a queda dos preços das matérias-primas e do petróleo conduziu a uma redução das previsões de crescimento do país. Mais recentemente, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial confrontaram-se com um processo de camuflagem orçamental, envolvendo empréstimos internacionais, para a aquisição de

material militar. No total, estima-se que 1,9 mil milhões de euros terão sido desviados das contas públicas, com vista a despesas militares, o equivalente a 10 por cento do Produto Interno Bruto. Se a Renamo precisa da comunidade internacional para fazer valer os seus pontos de vista, Maputo encontra-se também particularmente fragilizado ao nível internacional, o que pode ser também uma possibilidade para forçar a resolução dos problemas políticos internos por via das negociações. Na sua visita a Moçambique, na qualidade de Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa comentou a situação, dizendo-se otimista face aos consensos gerados em torno da paz. Por agora, a prioridade está a ser dada aos entendimentos internos. A Renamo já apelou à intervenção da Igreja, recordando o seu papel nos acordos de 1992, mas se a solução interna não funcionar, a comunidade internacional deu já mostras de não pretender ficar de braços cruzados.

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mundo missionário

por E. assunção

FÁTIMA

Morreu o missionário do sorriso contagiante

Padre António Rossi, 86 anos, trabalhou mais de 50 anos em Portugal

A Família Missionária da Consolata ficou de luto com a morte do padre António Rossi, de 86 anos, no passado dia 15 de junho. A trabalhar em Portugal há mais de meio século, o missionário italiano era conhecido pela disponibilidade, pelo sorriso contagiante, e por ter sempre uma palavra de conforto e de orientação espiritual para quem o procurava. Descendente de uma família humilde da zona de Brescia, no norte de Itália, o sacerdote entrou no seminário dos Missionários da Consolata, aos 22 anos, com o sonho de ir evangelizar para a Colômbia. Acabou em Fátima, com a ‘desculpa’ que vinha para aprender o português. Andou pelos bairros pobres de Lisboa, no tempo do Estado Novo, e surpreendeu os destinatários das suas ações de animação missionária, quando apareceu com um projetor de películas de oito milímetros. “Agradeçamos a Deus pela vida e o ministério sacerdotal do padre Rossi: sobretudo pelo seu exemplo de oração e de dedicação à consolação de tantas pessoas aflitas no corpo e no espírito mas também pelo imenso trabalho realizado com inteligência e dedicação para ajudar as nossas missões”, afirmou o Superior Provincial dos Missionários da Consolata em Portugal, padre Eugénio Butti, numa mensagem enviada à comunidade. O corpo foi sepultado na terra natal do missionário, por vontade dos familiares.

Portugal

Missionários da Consolata em portugal elegem nova direção

O padre Eugénio Butti, 64 anos, foi eleito Superior Provincial dos Missionários da Consolata em Portugal, na última Assembleia Provincial, realizada no início de

Irmão CArlos MArgato; padres Agostinho Silva, Eugénio Butti, Bernard Obiero e Darci Vilarinho

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Fátima Missionária

passado mês de junho, em Fátima. A coadjuvá-lo, nos próximos três anos, estarão o padre Agostinho Silva, 51 anos, como vice-superior; os padres Bernard Obiero e Darci Vilarinho, e o irmão Carlos Margato, como conselheiros. “Acredito numa missão em profunda comunhão com Jesus Cristo e, com a ajuda de todos, espero contribuir para manter vivo o espírito missionário e a força da consagração pessoal. Como diz o Papa Francisco, a Igreja não é uma ONG, é um mistério da fé e tudo o que fazemos deve estar sempre fundamentado na fé em Deus e em Jesus Cristo”, disse o sacerdote à FÁTIMA MISSIONÁRIA.


MUNDO MISSIONÁRIO GANA

LÍDERES CRISTÃOS LANÇAM APELO AOS JOVENS

”Ficai em África”, é o grito de alerta dos líderes cristãos do Gana aos jovens africanos. “A Europa e outras regiões fora de África não garantem automaticamente conforto e prazer”. Pelo contrário! “Estamos tristes ao escutar as notícias sobre tantos migrantes que morrem nos desertos do norte de África e nas águas do Mediterrâneo”. Os bispos do Gana “lançam um apelo aos Estados e aos governos africanos para adotarem

medidas a fim de evitar tamanha tragédia”. Insistem vigorosamente para que “os governos africanos façam o possível para criar um ambiente político e socioeconómico favorável, assim como oportunidades de trabalho para a nossa juventude dinâmica, mas desocupada”. No mesmo apelo, encorajam “os jovens africanos a permanecerem nos seus países e a trabalharem em força para ganhar a vida”.

COLÔMBIA

POBREZA E FOME MARCAM A VIDA EM LA GUAJIRA

A região colombiana com o mais alto índice de pobreza, La Guajira, está privada de recursos alimentares, devido à falta de água. A população não tem acesso às condições primárias de vida. Segundo as estatísticas, cerca de 45 por cento da população, prevalentemente indígena, está privada dos meios essenciais para satisfazer as necessidades vitais. Como sempre, as principais vítimas desta situação tão dramática são as crianças. Devido à desnutrição, o índice de mortalidade infantil aumenta de dia para dia. La Guajira é também a região com a mais baixa taxa de escolarização. A população escolarizada não chega a 20 por cento.

PAQUISTÃO

UNIVERSITÁRIOS MUÇULMANOS E CRISTÃOS DE MÃOS DADAS “É uma belíssima iniciativa para apoiar crianças de comunidades marginalizadas”. Além de promover a tolerância entre religiões, o projeto dos jovens universitários pretende abater barreiras entre crianças de classes socais diferentes e abater barreiras de casta e religião. “Estas crianças devem enfrentar numerosos desafios provenientes da sua fé e da falta de tolerância religiosa na sociedade”,

esclarece Michelle Chaudhry, presidente da organização «Iris Foundation». Os universitários cristãos e muçulmanos da Universidade de Lahore abraçaram o «Projeto Youhanabad», do nome do bairro da cidade de Lahore, uma zona muito habitada por famílias cristãs. Os jovens voluntários dão as mãos para tentar infundir confiança entre as crianças desfavorecidas e marginalizadas.

TOBIAS OLIVEIRA MISSIONÁRIO PORTUGUÊS DA CONSOLATA EM ROMA

ROMA SEM REI NEM ROCA Viveu-se durante o mês de junho um momento alto da atividade política italiana com eleições administrativas em muitas grandes cidades sendo Roma, com o seu prefeito e os seus 15 municípios, uma delas. Habituado como estou aqui neste oásis à volta do Vaticano a ouvir falar de amor e perdão durante o Ano Santo da Misericórdia e a ver peregrinos armados de bordão do caminhante e não gente disposta a usar a moca do arruaceiro, acabei por descobrir que, em questões de administração pública, o povo responde com desprezo e crítica feroz ao desgoverno em que vivemos. Poucos dias antes da conclusão do ato eleitoral que teve lugar a 19 de junho o diário Corriere della Sera, jornal de grande impacto mediático, publicava os resultados de uma sondagem entre um milhar de jovens eleitores e chegava à conclusão que a juventude detesta a política à qual facilmente aplica a palavra “nojo”. De facto qualquer turista que visite Roma e veja o degrado em que a cidade se encontra não pode deixar de se perguntar por onde é que andam os políticos. Esperamos que também eles atinjam às nascentes da misericórdia e sejam dignos da confiança que neles é depositada.

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a missão hoje

Renovados na missão ‘ad gentes’ Texto opinião | Ugo Pozzoli* Foto | LUSA

As duas visitas do Papa Francisco a Lampedusa e, mais recentemente, à ilha de Lesbos contribuíram, através do forte poder das imagens, para nos transmitir a ideia de que a missão na Europa está a mudar. Basta olhar à nossa volta e observar os rostos e os contextos, para nos apercebermos que de facto a missão já modificou a sua fisionomia e que esta transformação exige hoje respostas diferentes daquelas a que a Igreja estava habituada a dar no passado. O fenómeno das migrações em massa que despejaram nas nossas ruas e nas nossas vidas pessoas de credos e culturas diferentes cruzou-se contemporaneamente com o progressivo envelhecimento da Igreja, estéril e incapaz de envolver as novas gerações no entusiasmo pelo Evangelho e no encontro com a complexa realidade secularizada e descristianizada de grande parte da Europa. A mudança de época interpela antes de mais a Igreja local, e dentro dela os institutos missionários que são chamados a apresentar respostas adequadas e competentes, colocando à disposição o seu carisma específico com determinação e originalidade. Precisamos, hoje, de um projeto missionário para a Europa que aponte objetivos e âmbitos específicos nos quais a missão seja claramente definida, e clarifique as opções em todos os campos da vida religiosa e missionária. O momento crítico deste tempo pode tornar-se uma condição de possibilidades nas quais, perante a tentação de levantar muros e barreiras, tão radicada aliás na mentalidade de muita gente, possa contrapor o modelo das “comunidades-ponte”, interculturais, como sinal de fraternidade universal. O primeiro passo nessa direção é criar uma maior consciência da 10

Fátima Missionária

identidade, indo à essência do carisma e confrontando-o com as novas realidades do continente. Se somos missionários, somo-lo em toda parte, mesmo aqui na Europa; o carisma não é ser missionário só para a África ou para a América Latina, mas para aqueles que não são cristãos. Como missionários, chamados a levar o primeiro anúncio do Evangelho, sentimos a necessidade de ir ao encontro dos povos em que esta Boa Nova não é conhecida; hoje, isso vale também para o continente europeu. Se este é o critério básico, fica por aprofundar em que


perfil solidário

âmbitos e com que estilo somos chamados a ser missionários na Europa de hoje. Os jovens, os pobres e os marginalizados, o complexo mundo dos média, onde fazer ecoar a Boa Nova, são contextos que sempre nos empenharam na atividade evangelizadora e com os quais devemos hoje continuar a confrontar-nos. Ao fazê-lo, é necessário que o missionário se caracterize e se distinga por escolhas de campo bem definidas, que não desnaturem nem desvirtuem o seu carisma original, uniformizando-o com outras forças eclesiais. Hoje, a presença na Europa, tradicionalmente dedicada à animação missionária e vocacional e à formação dos futuros missionários, exige que se encontrem novas maneiras de lidar com uma situação diferente, e em constante mutação. O projeto missionário deveria, portanto, sugerir um programa de formação que ajude os jovens missionários, muitas vezes provenientes de outros continentes, a compreender a realidade difícil da Europa e a adaptar-se às novas exigências da missão. Por sua vez, também os missionários mais ricos de experiência poderão beneficiar deste projeto, para colocar o seu conhecimento espiritual e humano adquirido em outros países à disposição da missão no continente europeu.

O fenómeno das migrações que despejaram nas nossas ruas e nas nossas vidas pessoas de credos e culturas diferentes cruzou-se contemporaneamente com o progressivo envelhecimento da Igreja

Tudo por um sorriso Texto | FP

Miguel Pavão, 34 anos, viajou para Cabo Verde após terminar o curso em Medicina Dentária, e foi aí que percebeu como a sua especialidade podia mudar a vida de muitas pessoas. Fundou a associação “Mundo a Sorrir” e, através das duas dezenas de projetos humanitários no âmbito da saúde oral, já proporcionou ajuda a mais de 50 mil pessoas, em Portugal e nos países africanos de língua oficial portuguesa, sobretudo em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. A princípio, os familiares e amigos interrogavam-no sobre o porquê de se estar a dedicar a causas que não lhe traziam retorno económico. As dúvidas não só não o fizeram vacilar, como lhe deram ainda mais força para continuar com o projeto. “Não há opiniões na natureza que façam crescer uma erva ou fazer nascer uma flor. Opiniões, palavras e críticas existem muitas, mas o que é preciso são ações e bons exemplos para que as coisas vão para a frente. É isso que tentamos fazer na ‘Mundo a Sorrir’, mostrar que com pouco se pode fazer muito”, diz o dentista. A dedicação de Miguel Pavão a esta causa tem-lhe valido várias distinções, com destaque para a insígnia de oficial da Ordem de Mérito, atribuída o ano passado pelo Presidente da República.

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a missão hoje

Missão com histórias de misericórdia O missionário sabe que a fé é um dom que não se pode guardar, nem sequer nos lugares onde manifestá-la o põe em perigo Texto | António Lopes * Foto | LUSA

O Papa Francisco diz-nos: “A missão (…) faz parte da gramática da fé, é algo de imprescindível para quem se coloca à escuta da voz do Espírito que sussurra ‘vem’ e ‘vai’”. E convida-nos a “Olhar a missão ad gentes como uma grande, imensa obra de misericórdia quer espiritual quer material”, interpelando-nos a “sair”, como discípulos missionários” (Mensagem para o dia Mundial das Missões 2016). O missionário impulsionado por esse “sussurro do Espírito” vê a realidade, onde quer que se encontre, desde o coração de Deus. Daí a necessidade de estar sempre atento, desperto, olhando a realidade com olhos novos, porque em qualquer momento pode surgir algo de maravilhoso. Das múltiplas realidades calcorreadas pelos missionários, da Amazónia ao Sudão, do Japão à República da África Central, da Síria até Portugal, onde a realidade parece toldar o olhar e entristecer o coração; onde tudo parece incerto, ameaçador e, até, misterioso, o missionário com uma sensibilidade diferente, sente no seu coração a certeza da criatividade de Deus que não nos deixa à superfície das coisas, mas nos leva até à interioridade de tudo o criado. O missionário sabe que a fé é um dom que não se pode guardar, nem sequer nos lugares onde manifestá-la o põe em perigo, nomeadamente nos países do Médio Oriente. Ele só quer que a chama de Jesus ressuscitado ilumine outras pessoas e outras realidades. Ele sabe que a força não está no número, mas no ardor que coloca em viver a paixão por Jesus e o seu Reino. É nos Evangelhos que o missionário descobre como agir à maneira de Jesus. Ele vê como Jesus se aproxima das pessoas, caminha com elas, ouve-as, faz-lhes perguntas, ensina-as com paciência, trata-as com ternura, mostra-lhes a sua misericórdia com gestos de amor, libertando-as de todo o mal. A missão é todo este retrato de Jesus em acção. É o saber caminhar com as pessoas nos seus ambientes próprios e levá-las a descobrir a presença de Jesus Cristo nas suas vidas, enchendo-as de alegria e esperança, capaz de gerar processos de conversão, comunhão, solidariedade e, naturalmente, missão em cada situação humana e em cada pessoa.

em qualquer momento pode surgir algo de maravilhoso

As Jornadas Missionárias, que se realizam em Fátima, dias 17 e 18 de setembro, são para todos nós a ocasião de escutar, ver e palpar as histórias de misericórdia de homens e mulheres que no encontro, no diálogo e na procura mútua procuram ajudar a Igreja a “sair” de si mesma e dar resposta, desde o Evangelho, a este mundo plural e necessitado de muito amor e misericórdia. * Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias

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Fátima Missionária


FÁTIMA INFORMA

Concurso promovido pelo Consolata Museu foi ganho pelos alunos do oitavo ano do Colégio do Sagrado Coração de Maria

Alunos criam crucifixo e ganham concurso

Tiveram uma ideia, reuniram os materiais, ergueram uma cruz e venceram o concurso promovido pelo Consolata Museu Texto | JULIANA BATISTA Foto | ANA PAULA

Os alunos do 8.º B do Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Fátima, ganharam o concurso “Crucifixos contemporâneos”, promovido pelo Consolata Museu. A vitória garantiu a cada aluno um vale anual de entrada gratuita no museu e exposições temporárias. A peça vencedora consiste numa “cruz com linhas retas, mas apresentada de modo contemporâneo, com um ângulo descaído”, explicou Leonor Neves, uma das alunas envolvidas no projeto. “Usámos o alumínio porque remete para o contemporâneo. Por exemplo, as janelas e as portas das nossas casas são em alumínio. Antigamente era usada madeira, que nos lembra mais o tradicional e à qual procurámos fugir. A hera dá um toque da natureza e serve para suavizar”,

Há música na basílica

O organista Filipe Veríssimo, titular da Igreja da Lapa (Porto), vai percorrer 100 anos de música sacra num concerto que terá lugar na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, dia 10 de julho, a partir das 15h30.

Pinturas a azul e branco

Telas pintadas exclusivamente em azul e branco, retratando a Fuga para Egito ou as Bodas de Caná, podem ser conhecidas no Consolata

disse Leonor, destacando a fita com os nomes dos alunos da turma e manifestando-se feliz pelo resultado. “Nunca pensava que podíamos ganhar”, referiu. A professora de Educação Visual, Lucília Neves, foi a responsável por levar o concurso até aos alunos, que se “entregaram” ao projeto. “Agora vê-se a alegria deles” por terem vencido e por verem o seu trabalho num museu, realçou a docente. Segundo Gonçalo Cardoso, diretor do Consolata Museu, o concurso foi um meio para criar um “diálogo entre o antigo e o contemporâneo” e transmitir que “Cristo é atual”. Além disso, a iniciativa foi uma forma de “aproximar o museu da comunidade, sensibilizar para a arte, criar hábitos de visita a museus e outros espaços culturais”.

Museu, em Fátima, até ao próximo dia 10 de julho. Os trabalhos são da autoria do pintor Leonardo Rito.

Aprender no verão

O Santuário de Fátima promove cursos intensivos de verão para investigadores e jovens universitários da área da história e das ciências sociais. A iniciativa decorre dias 14, 15 e 16 de julho, no Centro Pastoral de Paulo VI, com o tema “Introdução ao fenómeno de Fátima”.

Agenda

JULHO

DIA 21 a 23 Retiro no Seminário da Consolata: “Férias com Deus: Vinde a Mim todos os que andais cansados … e Eu vos aliviarei”

DIA 16 e 17 Peregrinação da Família Comboniana ‹ Julho 2016 ›

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Cracóvia de João Paulo II à espera de Francisco 14

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DOSSIER

Pela segunda vez, a Jornada Mundial da Juventude vai ser na Polónia, um bastião do catolicismo. Na Missa do último dia, a 31 de julho, são esperados dois milhões de participantes. Para o Papa argentino será a primeira visita ao país de Karol Wojtyla Texto e Fotos | LEONÍDIO PAULO FERREIRA*

O padre Bogdan Kordula mostra cheio de entusiasmo um gráfico ilustrativo da forma como o imenso terreno, ainda em preparação, vai acolher no fim de semana de 30 e 31 de julho a vigília campal e a Missa final da Jornada Mundial da Juventude. “O altar vai ter 11 metros de altura e será visível a dois quilómetros”, diz este clérigo que faz parte da equipa que organiza a visita do Papa Francisco a Cracóvia, este ano palco da Jornada, um evento criado em 1986 por João Paulo II, ele próprio polaco, e que pela segunda vez ocorre no país.

relembrar que a Polónia é uma nação fervorosamente católica onde “em várias dioceses, ao domingo, há igrejas onde nem cabem todos os que querem assistir à Missa”, como diz o cardeal Stanislaw Dziwisz, num encontro com jornalistas no palácio do arcebispo de Cracóvia. Ele que foi secretário pessoal de João Paulo II, aguarda agora Francisco, que deverá falar ao povo de Cracóvia da mesma janela onde o Papa polaco costumava fazer, aqui mesmo no palácio, sempre num tom de grande intimidade ou não fosse Karol Wojtyla um filho da cidade, mesmo tendo nascido em Wadowice.

“Esperamos dois milhões de pessoas para a última Missa e por isso este terreno vastíssimo foi escolhido”, sublinha o padre Kordula, habituado a gerir ou não fosse ele também o presidente da Cáritas de Cracóvia, a grande cidade do sul da Polónia e antiga capital. “São 300 hectares e estamos mesmo na fronteira entre os municípios de Cracóvia e de Wieliczka”, acrescenta. É por ser enorme que o terreno foi escolhido para os dias em que se espera mais afluência, apesar de antes muitos dos eventos decorrerem no parque Blonia, que fica a uma distância que pode ser percorrida a pé desde o centro da cidade.

O programa definitivo da Jornada, este ano sob o signo da Misericórdia e consagrada a Santo João Paulo II e a Santa Faustina, começa a ser divulgado: assim, cerimónia inaugural na terça-feira em Blonia com Missa do cardeal Dziwisz; chegada do Papa na quarta-feira, dia 27, com encontro com o Presidente polaco Andrzej Duda e depois, com o cardeal de Cracóvia, ida ao palácio do arcebispo para o primeiro contato com os peregrinos; quinta-feira visita Papal ao santuário de Czestochowa, onde uma Missa assinalará os 1.050 anos do batismo da Polónia; sexta-feira visita de Francisco a Auschwitz e Via Crucis no parque Blonia; sábado ida do Papa ao Santuário da Divina Misericórdia, com Missa em memória de Santa Faustina, e noite de vigília no denominado Campus Misericordiae; domingo, 31, Missa campal de Francisco e fim da Jornada, com o Papa a partir.

Numa rotunda mesmo junto ao edifício onde Francisco talvez passe a última noite na Polónia (“temos tudo preparado”, garante o padre Kordula) um grupo de jovens entoa cânticos, indiferente ao cair da noite. Serve para

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Queremos dizer aos jovens que se devem sentir bem aqui, que podem vir estar com o Papa. À nossa maneira, discreta, vamos garantir que nada de mal acontece”, afirma Josef Pilch Com milhares de peregrinos a virem de fora, com muitos portugueses, espanhóis e italianos e até um grupo de cristãos iraquianos, as autoridades polacas decidiram fazer o controlo das fronteiras para garantir segurança máxima. Sobre o tema, o governador da região de Malopolska tem um discurso tranqulizador. “Sobre segurança, falamos o menos possível e fazemos o máximo possível. Queremos dizer aos jovens que se devem sentir bem aqui, que podem vir estar com o Papa. À nossa maneira, discreta, vamos garantir que nada de mal acontece”, afirma Josef Pilch. Também o cardeal apela à participação: “Venham. A Polónia é um país seguro, hospitaleiro e amigável”. Cracóvia é uma cidade com um milhão de habitantes, muito turística, mas está a ser posta à prova com esta organização. O alojamento é um desafio, mesmo que haja famílias polacas a aceitar peregrinos na sua casa, e a própria logística de transportes terá de ser reforçada. Até a visita a Auschwitz na última semana de julho terá regras diferentes pois, como explicou o guia Lucas Lipinsky, “esperam-se 300 mil pessoas nesses dias, quando num ano inteiro acolhemos cerca de 1,7 milhões. Por isso, só poderão visitar o exterior dos edifícios”. Francisco será o terceiro Papa a deslocar-se ao famoso campo de concentração nazi. Para uma Polónia criticada nos últimos meses pela União Europeia pela recusa de acolher refugiados 16

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e pelos tiques autoritários do governo de direita, a Jornada é uma bela oportunidade para melhorar a imagem. Mas para os crentes é sobretudo um momento especial, num país em que houve largos períodos da história em que a Igreja Católica foi o bastião da nação, como durante o século XIX, quando o Estado desapareceu, durante a ocupação pela Alemanha nazi de 1939-1945 ou nos anos do comunismo, em que a resistência cultural era patrocinada pelos bispos, sem olhar se era gente que ia à Missa ao domingo ou não. Sobre se esta vinda do Papa reforçará a popularidade da Igreja, cuja hierarquia apoia o atual governo, o sociólogo Janusz Mucha tem uma opinião dividida: “sim, mas a Igreja polaca não segue totalmente os ensinamentos deste Papa, seja no que diz respeito aos refugiados seja na modéstia”, nota o professor na Universidade de Tecnologia de Cracóvia, entusiasta do KOD (Comités de Defesa da Democracia) que têm organizado protestos contra as políticas do governo liderado por Beata Szydlo, primeira-ministra que tem um filho a estudar para padre. Alheia às leituras políticas da visita Papal está uma estudante de Medicina na Universidade Jaguelónica. Está a folhear um livro na Ksiergania Akademicka, uma livraria perto da praça do mercado, e se prefere não dizer o nome não deixa porém de afirmar que “a visita de um Papa é sempre algo único. E este Papa argentino é inspirador, mesmo que tenha muitos amigos católicos que digam que nem sempre compreendem a sua mensagem”. Bem, vão poder agora ouvir Jorge Mário Bergoglio de viva voz durante uns dias. *em Cracóvia, jornalista do DN

UMA FAMÍLIA POLACA VAI ACOLHER 300 PEREGRINOS É o padre Michal Kania que conduz o grupo de jornalistas até à casa dos Wolski, uma vivenda com dois andares mais um sótão. Por estes dias que antecedem a Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, a família ganhou popularidade porque se ofereceu para receber 300 dos muitos milhares de peregrinos que querem ver o Papa Francisco em finais de julho. E o segredo do acolhimento são os jardins da casa, meio hectare onde o exército se disponibilizou para montar 30 tendas de campanha, cada uma com espaço para dormirem dez pessoas. “Mas alguns vão ficar na própria casa com a família”, sublinha o padre Kania, de 30 anos, um dos sacerdotes de Bolechowice, uma aldeia a meia hora de carro de Cracóvia e refúgio de gente desafogada, que quer viver no recato do campo. Não admira, pois, que muitos dos moradores


difícil, quando estava a deixar-se dominar pelo alcoolismo. O tema parece demasiado pessoal, mas Robert faz questão de contar a sua história. Sente orgulho por ter vencido a batalha: “Foi em 2005 que tomei a decisão de nunca mais beber álcool”. Associa a sua súbita decisão de retomar a vida ao conhecimento que teve do sofrimento de João Paulo II nos últimos meses de vida. E agradece “a quem tem de ser” em nome da família, que voltou a ser “próspera, unida e admirada”, como salienta o padre Kania.

sejam hoje médicos, professores ou quadros. Agricultores já são poucos. Em comum, entre antigos e novos aldeãos, o profundo catolicismo, como aliás é regra no povo polaco, o mesmo de Karol Wojtyla, nome de batismo de João Paulo II, que nasceu perto, em Wadowice, e foi cardeal de Cracóvia. Robert Wolski, de 41 anos, dá as boas vindas em polaco. É preciso tradução. Questionado sobre quanta coragem é preciso para acolher três centenas de pessoas, que deverão vir da Alemanha e da Áustria, sorri e limita-se a dizer que “com boa vontade, muito esforço e a ajuda de Deus conseguimos tudo”. Ao lado, está já a mulher, Malgorzata, de 40 anos, e a filha Karolina, de 14. A jovem fala um pouco de inglês e está a aprender alemão, o que ajudará quando chegarem os peregrinos. Entretanto chega o filho do casal,

Jakob, de 19 anos. Vem de fato e gravata porque houve um casamento e serviu de motorista dos noivos. O padre Kania explica que Jakob “é também o fotógrafo da paróquia”. O rapaz ri-se. Os jornalistas pedem para a família Wolski posar para uma foto. Robert vai buscar um painel com o logotipo da Jornada Mundial da Juventude. E o padre Kania é convidado a juntar-se. Sorrisos. E quanto à paciência dos vizinhos, quando as tendas acolherem tanta gente? “Não há problema”, assegura Robert, antigo bombeiro e hoje empreiteiro. “De um lado são primos, do outro lado são pessoas muito boas”, acrescenta Malgorzata. O casal parece entender-se bem. “Somos casados há 20 anos mas conhecemo-nos desde crianças. Andámos juntos na escola”, explica Robert, que tem a agradecer à mulher o apoio que lhe deu num momento

Robert tem um carinho especial por João Paulo II, tanto pelo contributo para a democracia na Polónia como pelo episódio da cura do alcoolismo, mas não esconde o entusiasmo por ter Francisco a visitar Cracóvia. “Francisco é latino e João Paulo II era eslavo, mas não acho que sejam assim tão diferentes. Ambos insistem na Misericórdia”, comenta o antigo bombeiro. Faltam poucas semanas para a Jornada e a família Wolski sabe que vai ter muito trabalho pela frente. Graças à experiência como empresário da construção, Robert arranjou quem tratasse da alimentação, com Malgorzata a supervisionar a cozinha de campanha que será montada nos jardins. Também estão garantidas as casas de banho móveis e pelo menos duas zonas de duche. “Toda a gente quer ajudar. Sem receber nada”, explica o padre Kania, que revela que outros paroquianos vão também receber peregrinos. E há até o caso de uma senhora da aldeia que mesmo recebendo só uma pessoa se está a tornar uma celebridade. É que o hóspede será “o francês Olivier de Germay, bispo de Ajaccio, na Córsega”, explica o padre Kania.

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UMA CASA-MUSEU A RELEMBRAR JOÃO PAULO II Uma estante com livros, velhas porcelanas e um bordado feito pela mãe, Emilia. São poucas as peças originais que decoram a sala reconstituída da família de Karol Wojtyla. Mas o museu fica no prédio de Wadowice onde o Papa polaco nasceu, e a antiga casa, no primeiro andar, foi recheada com móveis do início do século XX. Há muitos visitantes todos os dias, garante a guia. Vêm das Filipinas, de Itália, de Espanha, dos Estados Unidos, da Coreia do Sul. Quem visita Cracóvia e é um católico devoto não deixa de vir aqui. Em Wadowice, neste museu que junta as memórias com as modernas tecnologias, celebra-se o filho da terra mas também o polaco que inspirou o Solidariedade de Lech Walesa na luta pela democracia e ajudou ao fim do comunismo na Europa de Leste. Wojtyla tinha 19 anos quando começou a Segunda Guerra Mundial e a exposição mostra fotos do jovem que teve de trocar os estudos de literatura na Universidade Jaguelónica pelo trabalho braçal numa fábrica para subsistir. O futuro Papa sobreviveu à ocupação nazi (e foi nesse tempo que descobriu a vocação sacerdotal), como depois teve de lidar com um regime comunista imposto pelos soviéticos e que nunca foi popular entre os polacos. Wojtyla, como cardeal de Cracóvia, era já uma dor de cabeça para o regime pró-Moscovo, como Papa tornou-se a promessa de uma mudança.

João Paulo II morreu em 2005. Conheceu o pós-Guerra Fria e viu a Polónia entrar para a NATO em 1999 e para a União Europeia em 2004. Mas uma das salas do museu relembra que podia não ter sido assim a história. No chão, protegida por um vidro, está a pistola que o turco Ali Agca usou contra João Paulo II em 1981 em Roma. Wojtyla acabou por sobreviver. Ele, que já era um fiel mariano, agradeceu a Nossa Senhora de Fátima a salvação, já que o atentado foi a 13 de maio. E uma estátua de Fátima ali está na sala.

LISTAGEM DAS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE COM JOÃO PAULO II 1986 Itália (Roma) 1987 Argentina (Buenos Aires) 1989 Espanha (Santiago de Compostela) 1991 Polónia (Czestochowa) 1993 Estados Unidos da AMÉRICA (Denver) 1995 Filipinas (Manila) 1997 França (Paris) 2000 Itália (Roma) 2002 Canadá (Toronto)

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CINCO DICAS PARA VISITAR A REGIÃO DE CRACÓVIA 1 Cracóvia cidade escapou à

destruição durante a Segunda Guerra Mundial e mantém toda a glória arquitetónica dos tempos em que foi capital da Polónia (até final do século XVI). Vale a pena visitar a Praça do Mercado, o Castelo de Wawel onde fica também a catedral, o antigo bairro judeu de Kazimierz e a Universidade Jaguelónica, que tem 700 anos.

3 Wadowice é a terra natal de João

Paulo II. E na casa onde nasceu Karol Wojtyla existe hoje um moderno museu que mostra a vida do Papa polaco. Sobrevivem algumas loiças da mãe, Emilia.

4 Czestochowa é o mais importante santuário da Polónia. No mosteiro é venerado um ícone bizantino

conhecido como A Madona Negra, dado o tom da madeira onde Maria e Jesus foram pintados.

5 Auschwitz é o mais célebre dos

campos nazis. É possível visitá-lo em circuitos organizados que partem de Cracóvia. Também se pode visitar sozinho e sem guia, não se pagando assim nada.

2 As minas de sal de Wielicza

deixaram de ser exploradas, mas são uma grande atração porque muitas das galerias podem ser visitadas. A exploração do sal começou no século XIII e os mineiros eram invejados pois possuíam um dos melhores trabalhos da época, já que neste tipo de minas não há pós maléficos para os pulmões, a atmosfera é livre de bactérias e não existem ratos. Além disso recebiam um prémio anual em sal, uma pequena fortuna na Idade Média. Esses mineiros deixaram esculturas fantásticas espalhadas pelas galerias. Existem também igrejas e capelas subterrâneas maravilhosamente esculpidas nas paredes de sal.

Com Bento XVI 2005 Alemanha (Colónia) 2008 Austrália (Sydney) 2011 Espanha (Madrid)

COM Francisco 2013 Brasil (Rio de Janeiro)

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Opinião | Bronislaw Misztal*

Ir à Polónia será uma oportunidade absolutamente única para conhecer dois papas: o Papa Francisco, cujo sorriso, cuja inteligência e cuja abertura tem vindo a transformar o Vaticano, e o Papa São João Paulo II, com a sua herança intelectual e emocional na terra que ele amava, entre as pessoas que ele entendeu e que nunca abandonou

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Abra os olhos, aguce os sentidos, responda ao mundo A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que terá lugar na Polónia de 26 a 31 julho, é uma oportunidade invulgar para que todos possam trazer para as suas vidas uma experiência mais humana, mais pensativa, e mais reflexiva. De muitas maneiras, vivemos as nossas vidas como se estivéssemos num teatro: o palco está montado, as decorações são resplandecentes, a cenografia foi feita por alguém que não se importava com os atores ou o público, derrubamos objetos pequenos e grandes, dizemos as falas apropriadas para cada cena e, em seguida, as luzes apagam-se. Seguimos em frente mas nunca vemos as pessoas que vieram para assistir à peça. Tal é a experiência quotidiana da nossa vida. No meio de ‘gadgets’ tecnológicos e das agruras da vida, com pressa, estamos sozinhos. O Papa Francisco diz que frequentemente não vemos nem ouvimos, nem sentimos os sinais que os outros nos enviam. Falam-nos das suas situações, pedem ajuda, estendem os seus braços, gritam ou cantam, sussurram ou fazem pedidos. Mas a vida quotidiana deixa-nos surdos, cegos ou, na melhor das hipóteses, míopes, insensíveis e tacanhos na compaixão e amor que temos para dar. A JMJ é uma oportunidade excepcional para superar essas restrições da nossa compaixão e dos nossos sentimentos. A Igreja foi-se abrindo, abraçando cada vez mais pessoas e esperando os jovens sob os seus braços. Ir à Polónia será uma oportunidade absolutamente única para conhecer dois Papas: o Papa Francisco, cujo sorriso, cuja inteligência

e cuja abertura tem vindo a transformar o Vaticano, e o Papa São João Paulo II, com a sua herança intelectual e emocional na terra que ele amava, entre as pessoas que ele entendeu e que nunca abandonou. Os ensinamentos sociais dos dois Papas formam uma camada rica de capital intelectual, moral e emocional que não só o imbuirá no sentido de união, mas irá transfigurá-lo para os sentimentos de solidariedade moral e social. Existem muitos processos, muitos desenvolvimentos à nossa volta, diz o Papa Francisco, que se tornam questões, o que significa que nos obrigam a tomar uma posição, e tornam impossível que não tenhamos uma, a menos que decidamos distanciar-nos e isolar-nos do mundo. Mas tal distanciamento traz solidão, isolamento e medo. Ao viver as coisas juntos, segurando as nossas mãos juntos, abraçando o mundo, sentimo-nos pertencentes a uma família cristã universal. Quando os ouvimos, os pobres não são mais pobres, os solitários já não estão abandonados, e os perdidos não estão mais confusos. O calor de João Paulo II vai oferecer uma fonte infinita de boa energia, o entusiasmo do Papa Francisco fará com que se sinta parte de uma família grande e realmente universal. Venha e junte-se a outros semelhantes a si durante a JMJ e mergulhe no clima social abundante, quente e reconfortante deste evento. Irá mudá-lo para sempre. *Embaixador da Polónia


Francisco; e reunir os jovens ligados ao IMC, que em vários países partilham o mesmo ideal e amor pela missão”, explica o padre Álvaro Pacheco, um dos animadores que vai participar no encontro. “Queremos que os elos que nos ligam passem da teoria à prática através de iniciativas como esta, o que nos poderá levar a outras de carácter continental e intercontinental, num futuro não muito distante. Teremos momentos de partilha sobre experiências vividas em cada país, momentos espirituais e de convívio com jovens polacos e as famílias que nos irão acolher”, adianta o sacerdote.

Consolata reúne jovens de três continentes Texto | FRANCISCO PEDRO

O grupo da Consolata será constituído por jovens de Itália, Espanha, Portugal, Quénia, México, Colômbia, e polónia

Jovens ligados ao Instituto Missionário da Consolata (IMC), oriundos de vários países, vão encontrar-se na Polónia para reforçar a vivência espiritual e experimentar as sensações de marcar presença na Jornada Mundial da Juventude Diz quem sabe que quem fizer a experiência “nunca mais vai ser o mesmo, ou a mesma”. E é com esta expectativa que os Missionários da Consolata estão a preparar o convívio internacional para jovens, que irá decorrer neste mês de julho, primeiro em Varsóvia, depois em Cracóvia (Polónia), onde se realiza a Jornada Mundial da Juventude. “Temos dois objetivos fundamentais: fazer viva a nossa voz no contexto da pastoral juvenil mundial, unindo-nos aos jovens de todo o mundo neste encontro com o nosso pastor, o Papa

O grupo da Consolata será constituído por jovens de Itália (17), Espanha (21), Portugal (5), Quénia (19), México (32) e Colômbia (10), aos quais se juntarão 11 polacos. A acompanhá-los estarão 17 sacerdotes – 13 do IMC e quatro diocesanos –, três seminaristas e o bispo José Ponce de Leon, argentino, que trabalha na Swazilândia. Teresa Silva, natural do Porto, é uma das portuguesas inscritas na iniciativa, como animadora. Assume que esta participação é a realização de um sonho: “Será uma oportunidade para aprofundar o conhecimento do trabalho do IMC na animação, partilhar as atividades dos Leigos Missionários da Consolata, renovar o ardor missionário e estar em comunhão com milhares de jovens católicos, num momento tão significativo, como é o encontro com o Papa”. Para esta leiga, que faz parte da equipa de formação de voluntários na Consolata, o encontro na Polónia será também uma excelente ocasião para os jovens “partilharem experiências e perceberem como o carisma do beato Allamano e fundador do IMC se manifesta no trabalho missionário, independentemente do continente ou do país a que pertencem”.

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mãos à obra

Crianças em risco dependem das pessoas de boa vontade Equipa da Casa Bambaran, um centro de acolhimento para crianças em risco na Guiné-Bissau, agradece o apoio conseguido pelos Missionários da Consolata, através da campanha de angariação de fundos “Crianças Irã” Texto | BERNARD OBIERO Foto | FRANCISCO PEDRO

“Seja bem-vindo lele, seja bem-vindo lala, paz e bem para você que vem nos visitar”. Foi assim, em ambiente de festa, que a FÁTIMA MISSIONÁRIA foi recebida pelas crianças do Casa Bambaran, na capital guineense, Bissau, num dia de muito calor. Não só o calor do sol africano, mas também o calor humano das crianças, sempre muito curiosas em interagir com os visitantes. Sem perder tempo, Pinto António, gestor do centro de acolhimento, quis agradecer aos missionários e amigos da Consolata o dinheiro angariado para ajudar a instituição, no âmbito da campanha “Crianças Irã”, dinamizada em Portugal, o ano passado. “Agradecemos imenso o vosso apoio. Estas crianças vivem da ajuda das pessoas de boa vontade como vocês. Tentamos dar tudo aquilo que precisam, não luxo, mas o essencial, que nem sempre têm nas suas casas”, disse o responsável. A verba alcançada – mais de 25 mil euros – vai ajudar a financiar os custos com a alimentação. Algumas crianças chegam completamente desnutridas e precisam de uma dieta rica e adequada para recuperar. Depois, necessitam 22

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de ser acompanhadas do ponto de vista da saúde e da educação – com algumas delas a requererem métodos de ensino especiais. Para Laura Aguilar, a religiosa que dirige a Casa Bambaran apenas há alguns meses, o maior desafio é conseguir responder às necessidades das crianças, tendo em conta os seus problemas específicos, pois umas chegam doentes, outras são portadoras de deficiências, órfãs ou vítimas de violência. “É difícil saber responder a cada criança em particular. O maior desafio é ser Bambaran”, explicou a religiosa do Instituto de Santa Mariana de Jesus, numa alusão ao pano usado pelas mães guineenses para carregarem os filhos às costas e que, em crioulo, se chama precisamente “Bambaran”. A instituição, tutelada pela diocese de Bissau, foi inaugurada em 2011 para acolher e oferecer proteção às crianças em risco. Neste momento, abriga uma média de 50 menores, até aos 14 anos, que são cuidados e preparados para a reintegração na sociedade.


IMAGENS DE MISERICÓRDIA

Foto | ARQUIVO

Mandimba (Moçambique) 2-10-1927 As obras de misericórdia têm sempre uma valência do ponto de vista humano, social e cultural. Respondem não só às dimensões da pobreza física ou económica, mas também à pobreza cultural. É o caso desta imagem com 90 anos, que exprime claramente o que também é missão: a alfabetização, a formação, a inclusão como rumo a seguir para um crescimento humano integral

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# gente nova em missão gratidão

Férias com Jesus

Olá amiguinhos missionários: Estamos em julho! Que maravilha, férias, dias maiores, mais brincadeiras! Recarregar energias para mais um ano de escola e viver aventuras! E neste ambiente descontraído que as férias promovem, é bom não esquecer o nosso amigo Jesus. O tempo para a família e para os amigos é muito importante, reforça os laços afetivos e faz-nos felizes, mas tudo isso devemos a Ele. Boas férias! Texto | ÃNGELA E RUI ilustração | david oliveira

Quando as férias começam, nem queremos acreditar, tantos planos que fazemos para aproveitarmos cada segundo! Mas se temos mais tempo para tantas atividades diferentes, também devemos ter mais tempo para Jesus. Para além da Eucaristia e da oração podemos escolher dedicar algum do nosso tempo livre à caridade, por exemplo. Visitar idosos, fazer artesanato para vender, organizar uma tendinha nas festas e romarias de verão. Antes de a catequese encerrar para férias, podem planear essas atividades. E tudo isso é compatível com praia, brincadeiras com os amigos e passeios com a família.

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Não se esqueçam que, depois de um dia bem passado com a família e com os amigos, devem agradecer a Jesus por todas as coisas boas, pelo amor que recebemos e pelo amor que podemos dar, por todas as lições que Jesus nos ensina. Só podemos ser uma comunidade de amor com Jesus. "Família é um verbo. Família não é apenas o que somos, é algo que fazemos continuamente. Cada vez que tiramos tempo uns para os outros, fazemos família. Sim, e quando fazemos coisas difíceis uns pelos outros, a cada dia, nós construímos família". (Ann Voskamp)


Sabias que O Papa Bento XVI disse: “As férias não podem ser reduzidas a uma simples distração. Onde quer que estejamos, necessitamos sempre da Eucaristia. Penso de modo especial em quem está sozinho, nos idosos e doentes que, nesta época, sofrem ainda mais a solidão. A estes nossos irmãos e irmãs quero manifestar a minha proximidade espiritual desejando, de todo o coração, que não falte a nenhum deles o apoio e conforto dos amigos.”

MOMENTO DE ORAÇÃO Amigo Jesus: Ajuda-me a viver com simplicidade nestas férias A estar mais próximo da minha família e amigos E a não esquecer quem mais precisa Um bom missionário nunca tira férias Aonde for que leve esta luz que se acendeu no meu batismo Perdoa-me quando falhar E ajuda-me a saber perdoar e ver o melhor que o outro tem Assim como Tu, que sempre vês o nosso melhor. Ámen Pai Nosso… Glória…

Quem aprende a ser simples com Jesus aprende uma grande lição

Não é preciso muito dinheiro para se ter umas férias felizes. Só é preciso aprender com Jesus a apreciar as pequenas coisas que fazem toda a diferença. E tudo isso sem ser preciso sair da nossa terra. Apreciar a natureza que Deus criou para nós, descansar no colo de quem nos ama, rir e brincar sempre muito e com o coração cheio, partilhar a nossa felicidade, tal e qual Ele nos ensina. "Fazei tudo o que Ele vos disser!" (Jo 2, 5)

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tempo jovem

SONHAR É PRECISO

O mundo precisa de jovens que sonhem e recriem os seus sonhos, não com teorias utópicas mas com ações concretas de entrega, disponibilidade, partilha, serviço e humildade

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Texto | ÁLVARO PACHECO Foto | TERESA SILVA

“Férias”: palavra mágica que desperta em nós sentimentos de euforia, boa disposição e vontade de fazer mil e uma coisas que nos divertem, fazendo uma merecida pausa no quotidiano, marcado pelo estudo e pelo trabalho. Claro, para quem o tem e para quem pode estudar. As férias não são só uma oportunidade para relaxarmos e nos divertirmos, são também tempo propício para uma reflexão sobre o modo como estamos vivendo este dom e desafio chamado vida. Não falo de se fazer um retiro (se bem que não seja má ideia), bem pelo contrário; falo sim do termos consciência do estarmos vivos e do modo como vivemos o tempo e as nossas relações com o próximo. Por vezes, vivemos como se não houvesse amanhã, como se a vida não acabasse um dia, ou olhamos para trás e vemos que o tempo parece fugir-nos das mãos, que ele passou sem que tivéssemos feito caso ou reparado… e enchem-nos os remorsos de tempo e oportunidades perdidas. Se calhar, nem as férias aproveitamos bem, a todos os níveis. Do ponto de vista da fé, há muita gente que “pensa” que Deus vai de férias, sobretudo os mais jovens, porque afinal a catequese ou formação juvenil paroquial só regressam em setembro. Mas Ele não vai, porque isso seria ir contra a sua identidade: o amor nunca se afasta de nós, porque isso seria autoanular-se. Somos nós que, por vezes, nos afastamos dele. Como tal, podemos e devemos aproveitar também o tempo das férias para dedicarmos uma parte do nosso tempo e atenção a uma avaliação séria e profunda da nossa vida. Pensar, por exemplo, no sentido que lhe damos, no valor que temos para quem nos acompanha e vice-versa, no contributo que somos para a nossa família em particular e para a sociedade em geral, entre outras. Todos somos portadores de vida e de Deus em nós, uma vida que não é só nossa e que deve falar de Deus aos outros. Parece que, olhando à nossa volta, a sociedade se vai desumanizando cada vez mais, trocando gradualmente mais experiências pessoais por experiências virtuais, trocando as pessoas por meros números, trocando o divino

que há em nós pelo ego que nos cega e engana, fazendo-nos escravos do supérfluo, do imediato e transitivo. Somos seres capazes de muitos e valiosos feitos, somos corresponsáveis com Deus na criação e no embelezamento deste mundo, só que nem sempre queremos sê-lo ou simplesmente nos esquecemos dessa nossa capacidade. Como tal, devemos investir na nossa capacidade de sonhar, não só com um mundo mais desenvolvido tecnologicamente, que inclui controlar tudo ou quase tudo à distância de um clique no telemóvel, mas sobretudo sonhar com um mundo mais humano, mais fraterno e solidário. E as férias não devem ser só de sonho, mas também tempo para sonhar e, porque não, atualizar os nossos sonhos, adequando-os à realidade, uma realidade que cada vez mais exige de nós compromisso e ação. Mas compromisso para quando e até quando? Esta é uma palavra que mete medo a muita gente, mesmo a muitos jovens, os quais preferem descartá-la, ignorá-la ou pô-la de lado, vivendo a vida de forma descomprometida. Mas a liberdade, como sabemos, não consiste no fazer o que queremos, mas sim no saber usá-la para fazermos parte do bem comum, do ser-se livre para optar pelo amor, pelo serviço, pela defesa e promoção da dignidade. Como tal, compromisso e liberdade podem e devem ser “duas faces da mesma moeda”, tal como Jesus as usou para revolucionar o modo como as pessoas se relacionam com Deus e entre si. Por isso, devemos sonhar mas com os pés bem assentes na terra, com capacidade crítica que inclui a determinação em sermos a mudança que queremos ver no mundo em geral e nos outros em particular. Sim, porque é fácil sonhar e esperar que as coisas aconteçam; difícil é sim entregar a nossa vida a Deus no serviço ao outro. O mundo precisa de jovens que sonhem e recriem os seus sonhos, não com teorias utópicas mas com ações concretas de entrega, disponibilidade, partilha, serviço e humildade. Só assim as coisas mudarão para melhor e nos tornaremos construtores do Reino de Deus já neste nosso mundo que tanto precisa dele… e de cada um de nós. Estás disposto a este compromisso?

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sementes do reino

“Quem é o meu próximo?” Texto | JOÃO NASCIMENTO Foto | LUSA

“No anoitecer da vida, seremos julgados pelo amor”. Na liberdade do Espírito que supera toda a lei, instaurando a lei do amor, tudo o que nós decidimos e fazemos pode ser útil e necessário, mas para poder crescer como filhos de Deus, há que saber decifrar o que é prioritário. Reconhecer o rosto de Deus na pessoa desfigurada pelo pecado ou pela doença só é possível quando o nosso coração se abre e acolhe o amor de Deus que em nós ama e nos aproxima daqueles que mais precisam.

Leio a Palavra Lc 10, 25-37

O Antigo Testamento contém mais de 600 mandamentos. É compreensível e legítima, por isso, a questão do doutor da lei. O Evangelho diz apenas que o doutor da lei quer “por à prova” Jesus com esta pergunta sem especificar se as suas intenções são hostis ou não. Como de costume, Jesus não respondeu diretamente à pergunta, mas vai solicitar previamente o parecer do seu interlocutor. Nos Evangelhos, Jesus fala três vezes do “primeiro mandamento”, porque o centro de sua mensagem é amar. O importante neste texto não é a posição do doutor da lei perante Jesus, mas o seu estatuto de mestre dentro do Judaísmo. Ora o doutor da lei vai dar exatamente a mesma resposta que daria Jesus. Tendo-o deixado falar, os dois convergem sobre o que é mais importante na lei: o amor. Com esta passagem, Jesus mostra que Ele não veio para abolir a lei mas dar-lhe seu pleno significado.

Rezo a Palavra

Afastando-nos um pouco das atividades e preocupações do dia a dia, perguntemo-nos: “Como se conjugam as diversas personagens desta parábola com aquilo que eu sou e faço?”

Saboreio a Palavra

À pergunta “quem é o meu próximo?”, Jesus responde invertendo os termos: “Quem foi aquele que se dignou aproximar-se?” Tanto o sacerdote como o levita, formados para instruir e conduzir o povo na religião, foram incapazes de reconhecer Deus no sofrimento e no

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Fátima Missionária

abandono do seu irmão. O mesmo não aconteceu com o samaritano que, sendo estrangeiro, se sentiu comovido, isto é, privilegiado ao ter sido tocado pelo amor do próprio Deus.

Vivo a Palavra

O amor de Deus leva-nos a reconhecê-Lo nos outros. A parábola do bom samaritano é, por isso, a parábola de dois amores que transbordam e se completam: o amor que quer ser amado no abandono e no sofrimento do homem assaltado, e o amor que quer amar nos gestos e palavras do viajante.


A palavra faz-se missão

JULHO

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14º Domingo Comum Is 66, 10-14; Gal 6, 14-18; Lc 10, 1-12.17-20

A seara é grande

É enorme o campo de trabalho. Jesus envia 72 discípulos. Todos somos apóstolos. Todos enviados a construir a paz e a testemunhar o amor: “Dizei: paz a esta casa”; “curai os doentes”; “não leveis bolsa nem alforge”. Livres de seguranças humanas para sermos mais disponíveis.

Envia-me, Senhor, para que anuncie aos outros a força da tua Palavra.

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15º Domingo Comum Dt 30, 10-14; Col 1, 15-20; Lc 10, 25-37

Não passes adiante

O teu próximo é todo aquele de quem te aproximas. Aquele que precisa da tua ajuda, amizade, estímulo e conforto. “Vai e faz o mesmo”, diz-nos Jesus. Não podemos tapar os olhos e os ouvidos para não ver ou não responder às urgências de cada momento. Deus chama-nos a ser os samaritanos de hoje com os olhos postos em quem jaz à beira da estrada.

Que eu veja, Senhor, o teu rosto em quem pede os meus braços e o meu coração.

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16º Domingo Comum Gen 18, 1-10; Col 1, 24-28; Lc 10, 38-42

Acolheram-no em sua casa

Marta e Maria acolheram Jesus em sua casa. Cada uma a seu modo. Duas formas de amar, dois estilos de viver

a mesma palavra de Deus. Saboreá-la e louvar o Senhor pela sua presença ou servir, nas tarefas de cada dia. As duas coisas completam-se. “Da minha oração tenho que sair Marta; para a minha ação tenho de levar Maria”.

intenção pela evangelização Para que a Igreja na América Latina e Caraíbas, através da sua missão continental, anuncie o Evangelho com renovado vigor e entusiasmo

Dá-me, Senhor, um coração contemplativo e um espírito ativo.

Missão na América Latina e Caraíbas

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O Evangelho não é um livro nem sequer uma doutrina. É uma pessoa, Jesus Cristo, rosto humano de Deus e rosto divino do homem. É este anúncio que verdadeiramente mexe com os homens, desperta e converte. É missão da Igreja neste continente anunciar Cristo com alegria, vigor, entusiasmo e o testemunho da própria vida.

17º Domingo Comum Gen 18, 20-32; Col 2, 12-14; Lc 11, 1-13

Pedi e dar-se-vos-á

Quando rezardes, dizei: “Pai”. Não há oração mais profunda e eficaz do que essa comunicação amorosa e filial com Deus. É diálogo e presença que comprometem toda a nossa vida e nos introduzem na esfera divina. Porque rezo com Cristo, é Cristo quem reza em mim. E o Pai nos atenderá.

Dá-me, Senhor, a graça de saborear a tua presença num encontro fiel e diário contigo.

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18º Domingo Comum Ecl 2, 21-23; Col 1-11; Luc 12, 13-21

No Banco de Deus

Acumular? Certamente, mas no Céu, diz-nos Jesus. Guardai-vos de toda a avareza; a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.

Que eu confie, Senhor, nos bens eternos, não naquilo que hoje existe e amanhã desaparece. DV

Cada cristão só poderá cumprir eficazmente a sua missão, se assumir a pessoa de Jesus como modelo perfeito da sua ação evangelizadora. A simplicidade do seu estilo e as suas opções devem ser regras para todos na obra da evangelização. Os mais pobres hão de ser considerados entre os primeiros destinatários da evangelização, a exemplo de Cristo que veio para “anunciar a Boa Nova aos pobres”. Não se pode, na evangelização, descuidar a intensa piedade popular radicada nas diversas nações deste continente. Tem valores espirituais que será necessário enriquecer com a vivência da Palavra de Deus para que conduzam a uma sincera conversão e a uma experiência concreta de caridade. DV

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Fátima Missionária

Ouvi dizer ao meu pároco que a família é uma pequena Igreja, uma Igreja doméstica. Podem explicar-me melhor o que isso quer dizer? Inácio Alves – Coimbra

Quero antes de mais congratular-me com o leitor que certamente deseja aprofundar melhor o sentido da vivência em família, para poder colaborar com mais interesse na sua paróquia ou na Igreja em geral. Não esqueça que os últimos Papas, todos eles deram uma enorme importância à família. Seja suficiente recordar a última exortação apostólica do Papa Francisco sobre a beleza e a riqueza do amor familiar, como fonte de felicidade. Dizia um grande santo do século IV, São João Crisóstomo: “Se quiseres que alguém se torne cristão, deixa-o viver um ano em tua casa”. Uma família que vive seriamente os valores cristãos, que escuta e cumpre a Palavra de Deus, que cultiva o valor da oração, é uma Igreja em miniatura, que vive à imagem da Santíssima Trindade e possui a presença de Jesus. A família é em ponto pequeno o que a Igreja é em ponto grande: a imagem do amor de Deus na comunhão de pessoas. Cada casal pode aperfeiçoar-se na abertura e na disponibilidade para os outros (sobretudo para os seus filhos), na aceitação recíproca e na hospitalidade. Lendo os Atos dos Apóstolos, descobrimos que Roma, Corinto, Antioquia, grandes cidades da antiguidade, eram impregnadas de Igrejas domésticas como pontos

luminosos. E ainda hoje as famílias em cuja casa Cristo está presente poderiam ser o grande fermento da nossa sociedade. DV

Mudanças para melhor

Sou uma assinante da Fátima Missionária e vejo que ao longo dos anos vai havendo mudanças, mas sempre para melhor. A revista é muito atual e com uma boa informação. Por isso, muitos parabéns. À medida que vou lendo, dou graças a Deus pelo vosso trabalho. Vai aqui um cheque para ajuda dos vossos projetos. Sei que é pouco e eu gostaria de mandar mais, mas são várias as situações que gosto de ajudar. Um pouquinho para cada lado, mas sempre com amor. Maria Julieta Pereira

Já que eu não posso ir mais além

Obrigada pela bela revista Fátima Missionária que leio sempre com alegria. Agradeço o vosso amor por mim e por todos os que com tanta dedicação servem ao Senhor. Que Deus dê ao mundo missionário muitas e santas vocações para servirem a sua Igreja. Peço as vossas orações por mim e pela minha família para que Ele nos conceda a sua misericórdia. Vai uma pequenina ajuda para o vosso projeto. Que Deus a aceite e seja para o bem de quem mais necessita. É dada com muito amor. E já que eu não posso ir mais além, que Deus abençoe todos os missionários que vão em nosso nome. Rosa


gestos de partilha

Apoie os nossos projetos e ajude-nos a concretizá-los Quero ir à escola Os Missionários da Consolata estão a apoiar o projeto destas 700 famílias de Mkindu, na Tanzânia e lançam um apelo: Warda Baththromeo 7 anos

ajudas-me? Envie a sua contribuição para: MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA Projeto “Quero ir à escola” Rua Francisco Marto, 52 2496-448 FÁTIMA IBAN: PT50 0033 0000 45441863347 05 NIB 0033.0000.45365333548.05

Ajudem a construir a escola para crianças de Mkindu tijolo 1,00€ saco de cimento 5,00€ balde de tinta 10,00€ mesa + banco 25,00€ porta 50,00€

Crianças de Mkindu – Tanzânia Anónimo 500€; Carmo Neto 5€; José Neto 5€; João Afonso 80€; Fátima Matias 10€; João, Joana e Isabel Tavares 5€; Anónimo (Fiães VFR) 50€; Lurdes Feliciano 25€; Sandrina Silva 100€; Maria Lima 5€; Celeste Marques 10€; António Matos 10€; João Pedrosa 25€; Manuel Freitas 5€; Luísa Ribeiro 50€; Augusto Mota 1€; Emília Vieira 10€; Lurdes Azevedo 18€; Anónimo 150€; Eduardo Pires 29€; Deolinda Pinto 10€; Natacha Fernandes 100€; Sónia Silva 3€; Cândida Carneiro 25€; Carminda Gameiro 100€; Emília Carreira 10€; Anónimo 42€; Julieta Pereira 50€. Total geral = 15.651,20€ Bolsas de Estudo Augusta Desterro 250€. Comunidade Apostólica Formativa – Cacém Anónimo 500€. Bairro do Zambujal – Amadora Anónimo 500€. Fingoè (Tete) – Moçambique Anónimo 500€. Maúa – Moçambique Anónimo 500€. Guiúa – Moçambique Anónimo 500€; Anónimo (Fiães VFR) 125€. Ofertas várias António Matos 43€; Andresa Ribeiro 29€; Palmira Martins 60€; Maria Gomes 90€; Quitéria Paiva 80€; Anónimo 30€; Celeste Silva 86€; Celestino Delgado 62€; Alice Fernandes 93€; João Brito 25€; Rui Faria 43€; João Ascensão 43€; Anónimo 43€; Luísa Trovoada 36€; Teresa Ramos 33€; Anónimo (Ourém) 200€; Oferta dos assinantes da zeladora Alice Pais 68€; Assinante Nº 6151 50€; Artur Pais 1.000€; Cecília Santos 33€; Manuel Farinha 43€; João Galvão 43€; Cândido Cosme 29€; Lurdes Reis 86€; Amélia Moreira 43€; Maria Fernandes 38€; Isabel Santos 36€; Emília Silva 93€; Joaquim Santos 33€; José Silva 61€; Tiago Milho 36€; Lurdes Rosa 29€; Fernando Pedrosa 93€; Ana Miranda 36€; Ana Ventura 43€; Artur Pedrogam 43€; Alzira Henriques 60€.

CONTACTOS Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 | IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 - 2496-908 Fátima | T: 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 Apartado 2009 - 4429-909 Águas Santas Maia | T: 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 - 1800-048 Lisboa | T: 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Quinta do Castelo - 2735-206 Cacém | T: 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua da Marginal, 138 - 4700-713 Palmeira Braga | T: 253 691 307 | braga@consolata.pt Rua Padre João Antunes de Carvalho, 1 - 3090-431 Alqueidão | T: 233 942 210 | alqueidao@consolata.pt Rua Estrada do Zambujal, 66 - 3º D - Bairro Zambujal - 2610-192 Amadora | T: 214 710 029 | zambujal@consolata.pt Alameda São Marcos, 19 – 7º A e B | 2735-010 Agualva-Cacém | T: 214 265 414 | saomarcos@consolata.pt

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vida com vida

Padre Manuel Granados

Mártir da sua paixão pelos pobres Texto | AVENTINO OLIVEIRA Ilustração | DAVID OLIVEIRA

O padre Manuel nasceu em Alcaudete, Espanha, em 19 de fevereiro de 1952, e foi ordenado sacerdote em 1985. Ao ser destinado para as missões da Consolata no Brasil, escreveu ao Superior Geral: “Peço a Deus que me dê a força e a capacidade de viver a missão a que fui chamado como testemunha viva do Evangelho. Coloco-me cada dia nas mãos de Deus, e confio naquele que pelo nome me chamou a segui-Lo”. Ao Superior Regional escrevia: “Estou a começar a minha caminhada sacerdotal e missionária, e vejo que tenho de viver a minha vocação profundamente e com alegria. Não tenho projetos, só desejos”. Vivia intensamente os problemas do nordeste pobre, principalmente o estado de abandono das autoridades, a falta de água e de serviços. Em 1996, transbordante de alegria, encontramo-lo na Venezuela, nas zonas pobres habitadas pelos índios guajira. Ali foi um mártir cujo coração sangrava ao ver as injustiças horrendas da avareza e dos que desprezam as condições humilhantes impostas aos pobres. O padre Manuel admirava a cultura original dos índios guajiros e sofria com eles, consolando as pessoas perante os caixões de vidas truncadas pela lei implacável da vingança, e falava da sua imperiosa “necessidade de amar o indígena guajiro, confiando no mistério da ressurreição pelo qual Deus continua a amar o ser humano”. Acreditava muito no valor da comunidade e na amizade dos confrades. Alegrava-se por ter encontrado na missão um amor mais lindo e mais rico de sentido do que antes tivera com a namorada. Trabalhava freneticamente na “defesa dos direitos que as autoridades por vezes desprezavam”. Era assíduo nas suas visitas às aldeias do interior. Custou-lhe imenso deixar o povo guajiro. Já na Espanha, na Quaresma de 2002 escrevia: “Graças a Deus que me deixa viver em paz na minha comunidade. Esta Quaresma fez-me subir à cruz e senti-la em toda a sua crueza. Cada vez tenho mais esperança e convicção que ela me levará à Páscoa. Dou graças a Deus por estar sempre 32

Fátima Missionária

comigo como consolador. Entrego-me todo nas suas mãos. Tudo é graça da missão. Obrigado e muita paz”. Na manhã do dia sete de março de 2004 foi encontrado morto na cama, troncado por insuficiência respiratória global e enfarte cardíaco. Finalmente encontrara plenamente a paz que, por vezes, na terra, o habitara parcialmente.


O QUE SE ESCREVE

Acompanhamento Espiritual Sabedoria para percorrer o longo caminho da fé

Henri Nouwen, o autor deste precioso livro, é um escritor muito admirado. Como sacerdote, conselheiro e guia espiritual mundialmente famoso, acompanhou espiritualmente inúmeros homens e mulheres. Mas o seu curso sobre acompanhamento espiritual nunca foi posto por escrito durante a sua vida. Agora, dois dos estudantes orientados por Nouwen apresentam este livro, onde recolheram os seus maravilhosos e sábios conselhos sobre como viver uma vida profundamente espiritual em comunhão com outros. Recomenda-se aos formadores, guias ou conselheiros espirituais, cada vez mais necessários. Autor: Henri Nouwen 206 páginas | preço: 12,00 € Editorial A.O.

Ilusões dos ateus A Revolução Cristã e os seus Adversários da Moda

Teresa de Jesus Atualidade da santa de Ávila

Um dos mais brilhantes estudiosos da religião do nosso tempo apresenta aqui um poderoso antídoto para as distorções do passado cristão, próprias dos Novos Ateístas, mostrando como os valores genuinamente humanos da modernidade têm as suas raízes históricas no Cristianismo. O livro é um estudo sério e profundo, e sempre atual

O V centenário do nascimento de Teresa de Jesus, celebrado em 2015, foi o melhor anúncio da atualidade da figura desta ilustre doutora da Igreja. Foi uma mulher apaixonante que redefiniu os padrões da sua época para se converter em modelo de mulher, de mística e de escritora. Mulher alegre e cheia de ternura, mãe e santa num corpo enfermiço de vida, exclamou jubilosa, antes de morrer: “Enfim, Senhor, sou filha da Igreja”.

Autor: David Bentley Hart 344 páginas | preço: 25,00 € Editorial Frente e Verso

Autor: Carlos Ros 190 páginas | preço: 10,00 € Paulus Editora

Irmã Faustina A santa da Misericórdia

A Alegria do Amor Exortação Apostólica Amoris Laetitia

Aqui está mais um livro útil para este Ano da Misericórdia. Para quem já leu o Diário de Faustina Kowalska, este pequeno volume pode elucidar o leitor curioso de saber muito mais. Podemos pensar no seu diário como um blogue contemporâneo. É desta forma original que se estrutura este livro com perguntas e respostas em forma de posts, que apresentam a vida e a mensagem da santa da Divina Misericórdia. Autor: Marcin Kornas 166 páginas | preço: 10,00 € Paulus Editora

Publicada em março deste ano, esta exortação do Papa Francisco é ainda desconhecida de tanta gente. A família é uma viagem cheia de desafios. Mas é sobretudo o lugar em que se vive a alegria do amor. São muitos os sinais que nos falam da crise do matrimónio, mas, apesar de tudo, como diz Francisco, “o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja”. Leia-se esta exortação para compreender e amar a família do nosso tempo. Autor: Papa Francisco 294 páginas | preço: 6,00 € Editorial A.O.

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MEGAFONE

por albino brás

"Quando fez um ano, o Martim ficou completamente livre de perigo. Eu peguei no meu filho e, logo no dia a seguir, fomos a Fátima... ele é tão meu filho como o é de Nossa Senhora de Fátima. É de nós as duas. Agora, o Santuário tem para mim um valor muito, muito, muito especial. Passei a olhá-lo de uma forma completamente diferente" Mariza fadista portuguesa, Revista Fátima XXI

“A mudança é fruto de milhões de pequenas ações que parecem totalmente insignificantes"

“É verdade, talvez estejamos a exagerar, também nós, homens de Igreja, com um excesso de lamentos sobre a sociedade contemporânea, o seu secularismo e a sua imoralidade”

Howard Zinn (1922-2010) historiador e dramaturgo americano

Gianfranco Ravasi cardeal católico italiano e presidente do Pontifício Conselho para a Cultura no Vaticano

“Se às vezes encontrares alguém que não vos dá o esperado sorriso, sede generosos e dai o vosso, porque ninguém tem tanta necessidade de sorriso como aquele que não sabe dá-lo aos outros” Frederik W. Faber (1814-1863), sacerdote oratoriano inglês, anglicano convertido ao catolicismo 34

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“Em Portugal, pensa-se pouco. Pensar pouco leva necessariamente a aprofundar pouco a razão das coisas. Deixamos correr as coisas” José Manuel Paquete de Oliveira (1936-2016), sociólogo, jornalista, provedor do leitor do PÚBLICO


Uma noite extra alojamento e pequeno-almoço numa estadia de uma ou mais noites

Condições

assinatura atualizada Disponibilidade do hotel no período pretendido Campanha válida até 31 de Dezembro de 2016 Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2495-908 Fátima | Portugal telefone 249 539 400 hotelconsolata@consolata.pt


Nada é meu Caminhei, sozinha pela rua… Falei, com as estrelas, com a lua… Parei, descansei num banco da praça. Olhei o céu, com toda a sua graça. Meu coração de amor sorriu. Que linda noite, a luz se me abriu E uma lágrima, rolando pelo meu rosto, caiu… A alegria da vida, a felicidade, surgiu. Ao recordar o que tenho…

Uma família, que empenho No amor, na alegria Que levo, no dia-a-dia… A mãe terra, onde brota a semente… O ar, a água, o lar, O alimento, a natureza, Tantas coisas mais… que beleza! Tudo por Deus me é emprestado Este Deus querido e amado, Nada é meu… Tudo é seu… Obrigada, meu Deus, Por tanto que me deu… Maria Rosa Nunes

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