Ano LVIII | JUNHO 2012 | Assinatura anual | Nacional 7,00¤ | Estrangeiro 9,50¤
EXPOSIÇÃO
#06
Institutos procuram novos rostos para a missão
nacionalizações na Argentina Pág. 10 A Vida num Pág. 24 Projeto 20 famílias Pág. 34 apoiadas
CONSOLATA É CHEIA DE GRAÇA, POR DEUS AGRACIADA PARA LEVAR AO MUNDO A CONSOLAÇÃO DE JESUS. CONSOLADOS SÃO OS EVANGELIZADOS, PORQUE AMADOS DE DEUS. CONSOLAR É LEVAR A TODA A PARTE A CONSOLAÇÃO DE DEUS SALVADOR. COMO MARIA TORNAMO-NOS SOLIDÁRIOS COM TODOS. SOLIDARIEDADE É O OUTRO NOME DA CONSOLAÇÃO. COMO ELA SOMOS PRESENÇA CONSOLADORA EM SITUAÇÕES DE AFLIÇÃO. POR SEU AMOR COLOCAMOS A NOSSA VIDA AO SERVIÇO DO HOMEM TODO E DE TODOS OS HOMENS. ALLAMANO DEU-NOS MARIA POR MÃE E MODELO. POR ISSO CHAMAMO-NOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA
NOSSA SENHORA DA CONSOLATA Apoie a formação de JOVENS MISSIONÁRIOS
Funde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250EUR e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar. São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores.
MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA
www.fatimamissionaria.pt | www.consolata.pt Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | tel: 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Dª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 AGUAS SANTAS MAI | tel: 229 732 047 | aguas-santas@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | tel: 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | tel: 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | tel: 253 691 307 | braga@consolata.pt
editorial
Silêncio continua a matar
Li há dias uma afirmação que reza mais ou menos assim: “Não temos a certeza que as palavras consigam salvar vidas; mas temos a certeza que o silêncio pode matar”. O seu autor é um médico, Kostas Moschochoritis, diretor da agência italiana da organização «Médicos sem Fronteiras», preocupado com o silêncio dos meios de comunicação sobre dramas atuais da humanidade. É o caso dos imigrantes que atravessam o deserto do Sinai, um «inferno» pouco falado pela comunidade internacional, onde jazem milhares de pessoas indefesas. “Se neste inferno estivessem envolvidos cidadãos ocidentais, toda a gente falaria dele. Infelizmente diz respeito a migrantes da Eritreia e não interessa a ninguém”, acusa Ran Cohen, da organização não governamental israelita, «Physicians for human rights», constituída por médicos e voluntários hebreus, muçulmanos e cristãos, envolvidos na assistência aos imigrantes que fogem dos horrores do deserto.
O «drama do Sinai», como é conhecido, atinge milhares de eritreus e sudaneses que abandonam os seus países à procura de trabalho ou asilo. Durante a fuga são sequestrados e torturados por bandos de ladrões e beduínos do deserto do Sinai, entre Israel e o Egito, O «drama do Sinai», como é que pretendem obter resgates altíssimos das suas famílias. Caso contrário, são mortos. Mais de dois conhecido, atinge milhares milhares estarão presos neste cativeiro. As suas de eritreus e sudaneses que condições de vida são inacreditáveis. Há casos de abandonam os seus países à seres humanos que são «sepultados» e torturados em procura de trabalho ou asilo contentores metálicos, expostos ao calor abrasador do deserto semanas a fio, sem água nem pão, obrigados a contactar os parentes que se encontram na Europa para conseguirem o resgate. Alguns chegam a estar mais de seis meses nestas condições horríveis, vendidos a bandos de traficantes três e mais vezes. Os que não sucumbem aos maus-tratos e conseguem libertar-se, tentam atravessar a fronteira em busca de refúgio em Telavive, onde se calcula que vivam em condições precárias mais de 40 mil. Sem possibilidade de integrar-se ou encontrar trabalho, enfrentam a barreira da lei israelita contra a imigração ilegal. Traumatizados, por vezes com problemas mentais, sem acesso aos cuidados de saúde e de reabilitação, não gozam do estatuto de refugiados; e indocumentados, não podem deslocar-se, permanecendo no meio de uma opinião pública hostil. As autoridades policiais pouco têm feito para combater e desmantelar as redes do crime organizado, com ligações internacionais. Doutra forma seria difícil explicar como as vítimas conseguem o dinheiro para o resgate. Só muito lentamente, funcionários europeus e outros se começam a movimentar. É urgente o envio de uma missão de observação da União Europeia e da comunidade internacional para o Sinai. É importante e urgente “acender os holofotes” sobre este drama. A indiferença é crime! A sociedade civil e as religiões não podem passar ao lado deste e de outros flagelos. EA
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sumário Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA
Nº 6 Ano LVIII – JUNHO 2012 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 geral@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 27.000 exemplares Diretor Elísio Assunção Chefe de Redação Francisco Pedro Redação Elísio Assunção, Manuel Carreira Colaboração Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos e Magda, Carlos Camponez, Darci Vilarinho, Leonídio Ferreira, Luís Maurício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; Diamantino Antunes – Moçambique, Tobias Oliveira; Álvaro Pacheco – Coreia do Sul Fotografia Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção e Arquivo Capa e Contracapa Ana Paula Ilustração H. Mourato e Ricardo Neto Design e composição Happybrands e Ana Paula Ribeiro Administração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€ De apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€ Avulso 0,90€ (inclui o IVA à taxa legal) Pagamento da assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) NIB 0033 0000 00101759888 05 transferência bancária internacional IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal
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Corrida aos apoios sociais “esconde” problemas de estudantes africanos 03 EDITORIAL 05 PONTO DE VISTA Tornar-se próximo 0 6 LEITORES ATENTOS 07 HORIZONTES São oitenta! 08 MUNDO MISSIONÁRIO Indignação com morte de missionário
Bispo da Argélia fala da «primavera árabe» Agravamento da crise humanitária no Iémen Crise impede formação de seminaristas 10 A MISSÃO HOJE Três ideais de renovação 11 FIO DA HISTÓRIA De Marchi chega a Portugal 12 A MISSÃO HOJE Recuperar a esperança e ardor missionários 13 DESTAQUE Nacionalizações na Argentina 14 ATUALIDADE Exposição “pesca” novos missionários 16 ATUALIDADE O que vale a França hoje? 22 GENTE NOVA EM MISSÃO Bem-haja a todas as crianças! 24 TEMPO JOVEM A vida num projeto 26 SEMENTES DO REINO Uma Igreja mártir
28 O QUE SE ESCREVE 29 O QUE SE DIZ 30 GESTOS DE PARTILHA 31 VIDA COM VIDA Ensinava o que ela própria vivia 32 OUTROS SABERES O povo lá tem as suas razões 33 A MISSÃO É SIMPÁTICA Tudo muda num abrir e fechar de olhos 34 FÁTIMA INFORMA 20 famílias apoiadas
ponto de vista
tornar-se próximo texto ANTÓNIO FERNANDES*
O mês de junho é para os missionários, missionárias e para todas as pessoas que se reúnem ao redor de Nossa Senhora da Consolata, um tempo significativo, que provoca e convoca para a missão. Os missionários são enviados àqueles que estão longe de nós, distantes por causa da cultura, fé ou história. Na verdade, estão longe, mas não necessariamente distantes fisicamente. São estrangeiros, mas podem ser os nossos vizinhos. Ser missionário, não consiste tanto no que faço, mas essencialmente no que sou. À semelhança de Jesus, sou aquele que é enviado (Heb 3,1). O missionário não é um turista. O turista pode ir a lugares exóticos, fazer fotografias, saborear comidas e ver lugares maravilhosos e voltar
Ser missionário, não consiste tanto no que faço, mas essencialmente no que sou. À semelhança de Jesus, sou aquele que é enviado (Heb 3,1) a casa mostrando orgulhosamente camisas com slogans. O missionário é sobretudo um sinal da presença do Reino de Deus permanecendo e acompanhando as pessoas e comunidades. A missão implica fidelidade para comunicar a beleza de Deus. Num mundo cheio de imagens, como posso manifestar a glória de Deus e a sua beleza? O Cristianismo encontra o seu ponto central na ressureição de Jesus. É um acontecimento que oferece transformação. O grande desafio para a nossa missão é tornar visível Deus através de gestos de libertação, transformar pequenos “acontecimentos” quotidianos, em sinais da presença do Reino de Deus. Necessitamos de pequenos sinais da liberdade de
Deus e da sua vitória sobre a morte. Celebrar a festa da nossa Padroeira, Nossa Senhora da Consolata, remete-nos para o essencial da vida cristã que é a contemplação do mistério de Deus e a sua presença na vida e história da humanidade, e de cada um de nós. Proclamamos a Palavra de Deus porque contemplamos a verdadeira imagem de Deus que se faz próximo. Maria, soube contemplar profundamente o mistério de Deus na sua vida, no silêncio, no discernimento da vontade de Deus, no fazer-se próxima, visitando a sua prima Isabel, e partilhando a ação de Deus na sua vida e na vida do seu povo. Maria discípula, Maria consolada por Deus, portadora da verdadeira consolação, que é Jesus. Maria indica-nos o caminho da missão que é manifestação (epifania) e proclamação. Fidelidade, humildade, liberdade, verdade e silêncio são atitudes que permitirão a todos nós, a exemplo de Maria, viver na história humana com a esperança de que o Reino de Deus está no meio de nós e que há de manifestar-se com toda a sua força na medida em que nos abrimos à ação de Deus. Que Nossa Senhora da Consolata nos ilumine e fortaleça o nosso compromisso na construção do Reino do seu Filho. * Superior Provincial
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leitores atentos
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Faça o pagamento da assinatura através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da Consolata, ou através de multibanco, cheque ou vale postal. Ou ainda por transferência bancária: NIB 0033 0000 00101759888 05. Refira sempre o número ou nome do assinante. Na folha onde vai escrita a sua direção, do lado esquerdo, encontra o ano pago e o seu número de assinante. Agradecemos que os nossos estimados assinantes renovem a assinatura para 2012. Só as assinaturas atualizadas poderão beneficiar do pequeno apoio do Estado ao porte dos correios. Os donativos para as missões são dedutíveis no IRS. Se desejar recibo, deverá enviar-nos o seu número de contribuinte. Muitos leitores chamam à FÁTIMA MISSIONÁRIA «a nossa revista». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 29 mil assinantes. Ela é mesmo nossa! Somos uma grande família.
Diálogo aberto Ex.mos Senhores, É do todo o coração que vos desejo muita saúde e paz. Como sempre aqui estou para vos dar contas da minha lista de assinantes para o ano 2012. Eu tenho pena porque cada ano alguém fica pelo caminho apesar de eu me esforçar e dar razões sobre o valor da revista e o donativo para as missões. E creio que nem é por falta de dinheiro, mas sim falta de amor e não querer compromissos. Nesta lista a maior parte de
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Para que haja vocações
Caros amigos e irmãos, Votos de paz e amor no Senhor Jesus. Que Ele vos abençoe e vos dê força para ajudar os que mais precisam e mais sofrem no corpo e no espírito. Peço a Deus que nos dê muitas e santas vocações sacerdotais e religiosas e abençoe o vosso trabalho missionário em todos os campos. Mercês
Precisamos de paz
Junto envio cheque para pagamento da minha assinatura da revista. Desculpem a escrita, já estou velhota. Desejo que continuem com a obra de Deus que este mundo tanto precisa que é a paz e que Ele nos dê muitos e santos missionários. Leonilde
NR Achámos piada a esta senhora que se diz já «velhota». É sinal que é assinante há muitos anos. Portanto nossa grande amiga.
para a minha nova morada. Quero também aproveitar para dizer que a revista é maravilhosa e que assim continue por muitos anos. É com grande alegria e prazer que a leio. Tenho curiosidade em saber, caso seja possível, qual o assinante mais antigo e seu número. Por tudo o meu muito obrigado. Desejo saúde para todos aqueles que tornam possível lermos esta revista maravilhosa. Paulo
Os anos já pesam
Rev.mos Senhores, Venho enviar o meu pagamento para a FÁTIMA MISSIONÁRIA. Aprecio-a muito, pela sua leitura útil e agradável. Só que os anos já são muitos… e vai-se-me tornando difícil a leitura, embora seja ainda a distração que mais me agrada. Desejo o maior êxito não só para a FÁTIMA MISSIONÁRIA, como para todo o apostolado dos missionários. Belmira
Gosto pela leitura
Ex.mos Senhores, Venho por este meio pedir a vossas excelências que me enviem a revista
pessoas têm mais de 80 anos, outras estão doentes e ainda algumas não sabem ler. Mesmo assim são pessoas maravilhosas muito amigas das missões e dos missionários. Vamos trabalhando na esperança de que Deus nunca nos abandona, mas nos anima e dá coragem a ir sempre em frente com alegria.
Maria
A senhora Maria é responsável por uma lista de 14 assinantes e guarda-os todos bem guardados, embora por vezes lhe seja difícil. Apresenta algumas razões para justificar as suas dificuldades. A primeira é a idade das pessoas, a
segunda é a doença e a terceira é não saberem ler. Os assinantes nestas condições podem tornar-se beneméritos emprestando o seu nome à revista e oferecendo-a depois aos seus netos ou a outras pessoas para que possam beneficiar da sua leitura. Há muitas maneiras de fazer o bem. O pior seria a má vontade, mas não é este o caso, pois as pessoas até são maravilhosas e muito amigas das missões e dos missionários. A dona Maria termina a sua carta em beleza: “ Deus dá-nos coragem para irmos sempre em frente com alegria”. MC
horizontes
São Oitenta! texto TERESA CARVALHO ilustração Hugo Pereira – Oitenta? Não pode ser! Não acredito que tenha mais de setenta! – Estou a fazer oitenta anos! Na verdade não percebo como passou já tanto tempo! E os joelhos bem me dizem que não é engano. Ria-se, deixando ver no seu olhar uma imensa paz e felicidade de viver. Dona Sarita vinha da sua horta onde couves, rosas e alfaces, cebolas, lírios e alecrim conviviam numa variedade de hortaliças, flores e árvores, em profusão de perfume e de cor, numa vitalidade primaveril. Era um espaço de tranquilidade que dona Sarita usava como o seu santuário onde rezava, sonhava, cuidava e lhe oferecia possibilidade de partilha. Não era só a horta e o jardim que retratavam a vitalidade desta senhora de oitenta anos: – Tenho de me apressar porque tenho agora reunião. Somos cada vez menos e as necessidades estão a aumentar. Precisamos de mais colaboradores mas as pessoas hoje têm pouco tempo… ou se calhar não sabem a realidade, ou têm medo de a ver. Se todos colaborássemos um bocadinho, conseguíamos ajudar todos. E lá foi dona Sarita para a reunião da Conferência de São Vicente de Paulo de que é uma entusiasta colaboradora desde a sua juventude. Ainda agora percorre a casa de amigos, empresas e serviços a solicitar ajuda para famílias com carências. Como as ajudas são mais escassas do que as necessidades, socorre-se muitas vezes de alguma poupança que consegue fazer da sua pensão. E sempre que pode, tenta trazer para o grupo novos colaboradores. A atenção ao que se passa à sua volta fá-la ser “remédio”, como presentemente o é para a sua amiga Agostinha. Há três meses que vai
a sua casa todos os dias dar-lhe a medicação e sobretudo, assegurar-lhe que a vida tem sentido e que não está sozinha. Ficam a conversar ou a fazer alguma tarefa em conjunto. Este é o momento do dia em que Agostinha esquece as dores e por isso já não sabe dispensar esta “presença terapêutica” mais potente do que os comprimidos que toma. E tem a garantia da sua companhia enquanto for necessário. Quando regressa a casa, dona Sarita traz um sorriso e uma serenidade luminosa. Os joelhos doem-lhe mas no coração traz um prazer imenso. É assim que sabe viver e que, com toda a humildade afirma: eu sou abençoada por Deus que me dá tanta coisa boa para eu aproveitar e distribuir! No final do dia, dona Sarita
descansa o corpo cansado, cobre-se com a sua mantinha e agradece ao seu Deus tanto sinal de Amor que lhe dá, colocando no seu caminho pessoas com quem pode partilhar e preencher o seu mundo. Por tudo isto, talvez por o seu dia ser um sempre renovado jorrar de vida, os oitenta anos só se notam nos joelhos. A vitalidade da sua generosidade e a sabedoria apaixonada com que usa o coração, dá brilho às marcas que a idade lhe traz.
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mundo missionário texto E. Assunção fotos lusa
Indignação com morte de missionário A morte violenta do padre Valentim Eduardo Camale,
48 anos, deixou toda a família da Consolata de luto, no início do mês de maio, e gerou um movimento de indignação em Moçambique. O missionário da Consolata, que exerceu o seu ministério também em Portugal (na casa de Águas Santas-Maia), foi assassinado por um grupo de assaltantes, ao tentar resistir a um roubo, na paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus de Liqueleva. Apesar da série de assaltos a casas religiosas, este foi o primeiro que acabou numa morte. Os Institutos de Religiosas e Religiosos presentes em Moçambique reagiram de imediato, denunciando o clima de insegurança que se vive no país e reclamando medidas urgentes de proteção.
Bispo da Argélia fala da «primavera árabe» “Chamaram-lhe muito apressadamente «primavera»,
mas é algo completamente diferente”, exclama o bispo de Argel, Ghaleb Bader. O aspeto positivo da «primavera árabe» é o “início de um processo novo”, que para se desenvolver necessita de tempos muito longos e complexos. É importante que “se perceba que os cidadãos têm direito à liberdade, ao respeito e ao trabalho”. O prelado acrescenta: “Têm direito a participar na construção do presente e do futuro do seu próprio país”. Na entrevista que concedeu, o bispo advertiu que “não se pode pensar em democracia, quando o povo não sabe nem sequer o que isso é”. A mudança é um processo longo que exige tempo e educação. “Não podemos pretender que estes povos passem, de um dia para o outro, de um regime para a democracia”. O mais importante é que estes povos podem agora “exprimir-se sem medo e isto é um bom augúrio para o futuro”. Serão precisos anos “para ver mudanças reais”, avisa o prelado. É preciso que os responsáveis percebam que o “tempo dos ditadores já acabou para sempre”.
Por terras da Galileia Os peregrinos que visitam a terra santa concentram-se
Tobias Oliveira, missionário da Consolata português, em Jerusalém 8
especialmente em Jerusalém, cidade onde Jesus padeceu, morreu e ressuscitou e onde se encontram os mais santos de todos os lugares santos. Mas a terra santa não e só Jerusalém e o curso que eu estou seguindo proporcionou-me a oportunidade de passar uma semana na Galileia e saborear assim um outro aspeto das terras de Jesus. São Mateus conclui o seu evangelho dizendo que Jesus ressuscitado marcou encontro com os seus discípulos num monte da Galileia e foi dai que os enviou a instruir e
Agravamento da crise humanitária no Iémen Uma trágica crise humanitária ameaça o povo
do Iémen. Só a ação pronta das organizações humanitárias e a rápida intervenção dos países ricos vizinhos poderá parar com a desnutrição galopante das crianças e abrandar a pobreza que não cessa de aumentar. “A crise humanitária atingiu um tal nível que afeta milhões de pessoas”, denunciou um comunicado conjunto, de 6 de maio, dos agentes das Nações Unidas, da Liga Árabe e das organizações não governamentais. Ela não atinge apenas os deslocados e refugiados, mas também as famílias iemenitas de todas as regiões do país”. Raul Rosende, coordenador da ajuda humanitária da ONU no Iémen, traçou um quadro negro: “Em 2011, a situação era má. Em 2012, as coisas pioraram. Os principais indicadores deterioram-se e por isso devemos melhorar a nossa resposta humanitária”. Segundo as Nações Unidas, 44 por cento da população iemenita, ou seja, cerca de 10 milhões de pessoas vive em situação de insegurança alimentar”. batizar até aos confins da terra. Foi na Galileia que Jesus viveu a maior parte dos seus dias, lá escolheu os apóstolos e lá instruiu as multidões. Recordemos Nazaré sua terra natal e ali bem perto Cana, Naim e o monte Tabor, e nas margens do lago as cidades e vilas que ouviram as suas parábolas e viram a maior parte dos seus milagres. Visitar a Galileia foi para mim uma graça inestimável e posso agora compreender melhor a ânsia de tantos cristãos que ainda hoje procuram modo de aqui vir em peregrinação e de cá voltam com novo ardor e uma fé renovada.
Crise impede formação de seminaristas Meia centena de missionários da Consolata do Quénia,
reunidos em assembleia, enfrentaram o problema da autossuficiência económica. “O vice-superior geral pediu aos missionários para estarem conscientes dos desafios económicos que a congregação enfrenta”, escreve Daniel Mkado, diretor da revista «The Seed», de Nairobi. “Tais desafios não devem alarmar”, mas os missionários “são chamados a viver um modo mais austero de vida”. Já o superior provincial, o missionário queniano padre Joya, reconheceu que o Instituto da Consolata, registando “números sempre maiores de vocações”, tem de “diminuir o número de candidatos que podemos aceitar nos nossos seminários”, devido “a dificuldades financeiras”. O Quénia é o país que acolheu os primeiros missionários da Consolata, em 1901, enviados pelo seu fundador, beato José Allamano. É uma região muito importante também “por ter um número muito elevado de recursos humanos”. Com todos os meios, apesar das dificuldades, “pode dar uma boa ajuda ao continente [africano]” e à “congregação”. Vários bispos locais convidam “os missionários da Consolata a abrir missões nas suas respetivas dioceses”, afirmou o padre Joya. “É um sinal que os bispos locais apreciam o nosso trabalho”. “Temos de olhar atentamente para os recursos que temos e ver que resposta podemos dar a estes pedidos”. O superior manifestou otimismo e esperança: “Mesmo que os recursos sejam limitados”, os cristãos “vão continuar a trabalhar de mãos dadas com a nossa congregação”.
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a missão hoje
X Capítulo Provincial reuniu quatro dezenas de missionários da Consolata, em Fátima
Três ideais de renovação texto FRANCISCO PEDRO foto ANA PAULA Confiante e sem medo de arriscar em novas formas de evangelizar, bom comunicador, estudioso e conhecedor
Hora Allamano: Loureira pela terceira vez “Reunimos pela terceira vez para esta oração missionária, em honra do beato José Allamano”, conta Lídia Neves, da comunidade cristã da Loureira, Santa Catarina da Serra, Leiria, nos arredores de Fátima. Do movimento Mulheres Missionárias da Consolata, Lídia Neves fala da oração (H)ora Allamano, que se realiza a 16 de cada mês, de norte a sul do país e junta os amigos da Consolata. “Tem sido uma oração importante. Rezamos com fé para que Deus ajude os missionários a realizarem a sua missão, onde quer que se encontrem. Pedimos a Deus que os inspire no seu trabalho”. Apesar de poucas, “as pessoas que têm participado, têm acolhido muito bem esta oração”. “A ideia de rezar com Allamano, todos os meses”, foi proposta pelos “missionários da Consolata que são nossos vizinhos”. A relação do povo da Loureira com a Consolata tem muitos anos. “Somos servidos pelos missionários da Consolata e gostamos da 10
do mundo atual. Com estes três critérios se define o perfil do ‘novo’ missionário, traçado no X Capítulo Provincial da Consolata, que se realizou entre 21 e 26 de maio, em Fátima. Colocada perante a evidência da escassez de novas vocações e o aumento da média etária dos missionários, a província portuguesa quis glorificar as memórias do passado e dar um sinal de vitalidade, elaborando um plano para o próximo sexénio, sua presença no meio de nós”. É uma colaboração útil. “Têm-nos ajudado muito a viver na fé, na vivência da palavra de Deus. Há missionários que têm um peso muito grande no crescimento da fé”. Esta relação gera afeto e comunhão. “Sentimo-nos responsáveis por colaborar com a Consolata em tudo o que nos for possível. Queremos pedir a Deus que os inspire, ao
fio da história recheado de espiritualidade, sentido de comunicação e ambição formativa. “Há que reiventar o papel do missionário e fazer com que possa transmitir sinais de esperança, sinais de vida, sinais que ajudem a construir novas relações e mostrar que outro mundo é possível”, justificou António Fernandes, Superior Provincial da Consolata. Organizada a partir do tema “A Missão com Espírito em comunhão”, a Conferência Regional contou com a participação de quatro dezenas de missionários, entre os quais marcaram presença, como convidados, representantes de Itália, Espanha, Polónia e duas irmãs da Consolata. O encontro começou com o resgate da história do Instituto em Portugal. “É aí que temos de encontrar as forças da nossa identidade para podermos descobrir os caminhos do futuro”, sublinhou Luís Maurício, Conselheiro Regional. Depois, definiu-se o perfil ideal do missionário e todos foram convocados a apresentar propostas de trabalho, com base em cinco eixos fundamentais: estar atento ao desafio do primeiro anúncio, apostado em evangelizar as raízes, preocupado em promover a interculturalidade, empenhado na comunhão universal e disposto a ser profeta por vocação. “O importante é que se encontre o sentido e a forma de expressar o carisma da missão, que é, no fundo, o significado do nosso ser”, sintetizou Carlos Biella, da região provincial italiana.
Espírito Santo que os ilumine”, afirma Lídia Neves. “Com esta oração queremos pedir a Deus que os missionários da Consolata sejam fortes e santos. Que saibam falar ao povo de modo que o povo possa aderir à Palavra de Deus”.
De Marchi chega a Portugal texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO Desejando abrir em Portugal uma delegação do Instituto da Consolata, os superiores apostaram no padre João De Marchi para fazer essa fundação. Apostaram e apostaram bem. De Marchi foi realmente o homem certo. Corria o ano de 1943. A Itália em guerra era acossada pelas tropas aliadas. Mas a missão não podia esperar pelo fim da guerra. Era urgente abrir um seminário em Portugal. De Marchi mete meia dúzia de peças de roupa numa pequena mala e parte à deriva: barco, comboio, avião. Lisboa era o seu destino. O Núncio Apostólico era a primeira etapa. De Marchi bate-lhe à porta e diz ao que vem. Vinha de Roma e trazia cartas de recomendação para o bispo de Aveiro. Bem pensava o padre De Marchi que o seu fadário tinha chegado ao fim; que o caminho estava aberto e Aveiro era o local privilegiado para instalar o seu seminário. Mas não. O bispo precisava de padres diocesanos e recomendou-o ao padre Humberto, superior dos salesianos, que o encaminhou para o bispo de Leiria. Este indicou-lhe um sítio bom: Fátima. Nossa Senhora da Consolata tinha guiado os seus passos até esse local bendito. E tudo deu certo. Junho 2012
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a missão hoje
Recuperar a esperança e ardor missionários
Europa, parece que falta «a paixão da esperança». E ninguém parece escapar: Igrejas locais, institutos ad gentes e outros organismos da Igreja. Neste contexto, Bento VI lançou um apelo à “nova evangelização”, para que todos possam saber para onde, como e com quem caminhar. Será essa a tarefa do sínodo sobre a “nova evangelização” que se realiza em outubro, em Roma. Ligado a esta “revitalização”, está o Ano da Fé. Começa a 11 outubro de 2012, no 50º aniversário do Concílio texto António Lopes* Vaticano II (1962/65), e terminará em 24 de novembro de 2013, na solenidade de Cristo Rei do universo. Há momentos de grande esperança e momentos de Estes três acontecimentos não serão motivos acentuado desencorajamento, nos 50 anos do Concílio suficientes para recuperar o ritmo da respiração de Vaticano II, que estamos a celebrar. Pelo menos na Cristo, de uma esperança e de um ardor missionários mais autênticos? É esse o espírito das Jornadas Missionárias que se realizam em Fátima, no Centro Paulo VI, de 14 a 16 de setembro. Esta iniciativa pretende aproximar-nos da realidade com um espírito aberto para encontrar os melhores meios de realizar a Missão com esperança e de forma profética. É uma ocasião de rever o caminho percorrido pela Evangelização durante os últimos 50 anos e ver qual a melhor maneira de evangelizar. É ela que confere o verdadeiro entendimento da missão. Se perdermos de vista a missão, se ela não se tornar uma leitura constante e apaixonada para nós, ficaremos apenas a viver do passado, sem olharmos o futuro com esperança. A palavra «profecia», que aparece um pouco esfumada no cartaz que anuncia as jornadas, lembra que cada um de nós deve fazer com que a esperança e a profecia não se esfumem. Antes, pelo contrário, se revigorem e apareçam sempre com traços largos e fortes, marcantes, vincados de amor e paixão. A minha esperança para estas Jornadas Missionárias: descobrir para onde o Espírito nos chama para que cada participante se torne instrumento do Espírito e possa “soprar” no mundo de hoje a esperança que dá luz, vitalidade, serenidade, beleza e paz ao nosso mundo. *Diretor Nacional das Obras Missionárias Pontifícias Texto conjunto das publicações missionárias, da Missãopress
Jornadas Missionárias Iniciam sexta-feira, 14 de setembro, para ajudar a tomar consciência do ser «missão ontem e hoje» e quais as suas implicações. Sábado, seremos levados até à «missão e profecia», para em seguida entrarmos na «alma da missão». À tarde teremos a possibilidade 12
de escutar o palpitar da missão em alguns «workshops» sobre a missão «ad gentes». No domingo, somos convidados para a grande celebração conjunta no Santuário, onde o nosso pequeno pedaço de fermento missionário pode levedar toda a “massa”, dando-lhe sabor e cor para se tornar o bom pão da eucaristia.
destaque
nacionalizações na Argentina YPF é considerada uma companhia de referência na história nacional
Nacionalismo e controlo da economia
contra os 8,9 registados no ano passado, e as despesas do Estado têm aumentado atingindo, em 2011, um recorde de 38 por cento.
texto CARLOS CAMPONEZ foto LUSA
A iniciativa de Buenos Aires está a preocupar os vizinhos. Há editoriais que acusam a Argentina de ceder mais facilmente ao seu nacionalismo do que à racionalidade económica. A preocupação atinge de modo particular os países da região em que a Repsol tem importantes interesses ou que estão dependentes do investimento externo. É o caso do México, Bolívia, Colômbia e Chile, entre outros. A primeira crítica é que a nacionalização da YPF representa um rude golpe para a Repsol que, graças à participação na petrolífera argentina, era considerada uma das maiores mundiais do setor. A sua fragilização vai ter consequências nos investimentos da empresa espanhola noutros países latino-americanos. Para além disso, o controlo da YFP pelo Estado argentino, considerado de maior vulto do que toda a política de nacionalizações de Hugo Chavez, na Venezuela, pode criar um clima de desconfiança dos investidores internacionais. E isso não são boas notícias, numa altura em que os recursos financeiros não abundam.
Não se pode dizer que tenha sido uma verdadeira surpresa a decisão, tomada a 16 de abril, pelo senado argentino, de nacionalizar a empresa petrolífera YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales), controlada em 51 por cento pela espanhola Repsol. Desde janeiro que o valor de mercado da Repsol perdeu cerca de 9.000 milhões de euros, altura em que, pela primeira vez, Buenos Aires deixou escapar a ideia de que a decisão agora tomada poderia estar entre as novas medidas protecionistas a adotar pela presidente Cristina Kirchener, reeleita para o cargo, em outubro do ano passado. Primeiro, foi a nacionalização das linhas aéreas da Argentina; seguiu-se a dos fundos de pensão privados; a alteração dos estatutos de independência do Banco Central de modo a permitir o acesso do Governo às suas reservas para financiar as políticas nacionais; o levantamento de barreiras à importação e, agora, o controlo da YPF. Sendo considerada uma das companhias de referência na
história nacional, a decisão de nacionalizá-la recebeu um grande apoio político – conseguindo unir mesmo vários setores da oposição – e popular. Com efeito, a YFP é a primeira empresa estatal do mundo na área da exploração petrolífera e surge como uma das marcas-bandeira que se confunde com os ideários da afirmação nacional – nomeadamente no que toca à independência energética. Um dos motivos que conduziu à nacionalização teve por base a acusação de que a Repsol não estava a efetuar os investimentos necessários para manter os níveis de exploração de petróleo e gás, obrigando o país a importar petróleo e fazendo subir os preços dos combustíveis. Mas as medidas agora anunciadas por Cristina Kirchener não estão isentas de suspeitas de populismo, num contexto de crise económica mundial cujas consequências se fazem sentir na Argentina: a inflação está em crescendo, o crescimento previsto para este ano poderá baixar para os 4 por cento,
Receios nos países vizinhos
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atualidade
Fátima Igreja da Santíssima Trindade
Exposição “pesca” novos missionários Começa com uma barca e termina com uma prancha de bodyboard. A mostra missionária patente na cripta da Igreja da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, dá a conhecer alguns dos principais rostos da evangelização cristã, mas não se limita a propagandear. Tem um objetivo mais arrojado, nobre e concreto. O de interpelar e convocar todos os católicos a fazerem parte do projeto missionário da Igreja texto FRANCISCO PEDRO foto ANA PAULA “É uma forma esteticamente bem conseguida, de envolver as pessoas para um trabalho que hoje é fundamental, que é essa capacidade de transmitir com entusiasmo – como tantos fizeram ao longo da história – aquilo que nos vai na alma. Vemos que há muitos papéis, muitas folhas e muitos documentos, mas não há fecundidade espiritual na Igreja 14
atual, isto é, não há novos cristãos, porque não há espírito missionário”, resume Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura. Para o bispo, que acompanhou o cardeal Gianfranco Ravasi nas celebrações do 13 de maio e na inauguração da exposição, a nova evangelização de que tanto tem falado o Papa Bento XVI, exige a descoberta de “novas linguagens”.
E pede novas formas de agitação de consciências, sobretudo as de quem “está parado” ou “indiferente”, para que se abram “horizontes de esperança” num momento “tão difícil para a humanidade”. Esta mostra “é uma forma bela de inquietar e pôr-nos em questão sobre o sentido profundo da vida”. De facto, tudo foi pensado ao pormenor. Desde o grafismo
ação trinitária da Igreja. O segundo transporta-nos para uma praça povoada de missionários de todas as épocas e geografias. Com uma particularidade. As imagens estão colocadas à altura do visitante, para provocar um frente a frente imaginário e sugerir o ‘contacto’ olhos nos olhos, com os míticos evangelizadores. Para reforçar esta interpelação, foi acrescentado outro detalhe. “Colocámos espelhos à altura do rosto, o que leva o visitante a assumir-se também como o rosto da missão, e à altura dos pés, para que o visitante perceba que é também os pés dos missionários”, explica Marco Daniel. No terceiro núcleo, é possível assistir a um documentário produzido a partir de imagens recolhidas no terreno, junto
profunda é que pode ser transmitida aos outros. E o trabalho missionário é fundamental. Temos que conhecer as línguas e as linguagens do nosso tempo, para podermos comunicar. Porque se falarmos uma linguagem que passa para o nosso corpo, que passa para a nossa vida, também toca o coração dos outros. Porém, se a mensagem for abstrata, ou moralista, cansa as pessoas e não as liberta”, adianta Carlos Azevedo. Com as barcas e as redes a desempenharem um papel central na imagem da exposição, espera-se chegar ao fim da iniciativa (31 de outubro) com novos ‘navegadores’ da Palavra e ‘pescadores’ de almas na família missionária? “O Espírito Santo é que é o promotor
Com entrada livre, todos os dias, das 09h00 às 19h00, esta mostra pretende proporcionar uma viagem com dois sentidos. À ida, o cristão é chamado a absorver a história e dimensão teológica da missão. No regresso, é convocado a “alargar o espaço da sua tenda” e a responder positivamente aos novos desafios da Igreja missionária
moderno e apelativo, criado por Anna Kudelska, ao fio condutor pleno de mensagem e intencionalidade, posto em prática pelo comissário e diretor do Museu do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte. Inspirada num texto do antigo testamento, a exposição é constituída por quatro núcleos. O primeiro, dedicado à teologia, apresenta o Deus missionário e a
das missões. E só depois da visualização de exemplos do trabalho missionário, na conversão e no ensino, na doença e espiritualidade, o visitador é orientado para um espaço que recria o ambiente batismal e mariano, que o convida a entrar na grande aventura que é a proclamação da Boa Nova junto de todos os povos e culturas. Daí, a colocação da famosa pergunta de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos – “Quereis oferecer-vos a Deus?” – no painel final da exposição, onde está desenhada também uma prancha de bodyboard, como que a simbolizar o espírito aventureiro da missão e a necessidade de modernizar a ação missionária da Igreja. “Vivemos um tempo em que é necessária radicalidade, porque só uma experiência que tenha raiz
da missão. Mas espero que sim, não só através de vocações para os institutos, mas também para todo o projeto missionário da Igreja”, responde Alberto Silva, missionário comboniano e presidente dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG), uma das entidades que organizou o evento, em parceria com o Santuário de Fátima. Com entrada livre, todos os dias, das 09h00 às 19h00, esta mostra pretende proporcionar uma viagem com dois sentidos. À ida, o cristão é chamado a absorver a história e dimensão teológica da missão. No regresso, é convocado a “alargar o espaço da sua tenda” e a responder positivamente aos novos desafios da Igreja missionária.
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FRANÇA Combate à crise
O QUE VALE A FRANÇA HOJE? O socialista François Hollande venceu as eleições de 6 de maio, tirando a presidência ao conservador Nicolas Sarkozy. Agora o novo chefe do Estado promete tornar a França um país mais justo e ao mesmo tempo liderar a Europa num combate contra a crise que passe, além das medidas de austeridade, também pelo crescimento económico. Mas tem o país poder para o seu Presidente se mostrar influente na cena internacional? Descubra em 12 perguntas e respostas o que vale na verdade esta França de hoje texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* foto LUSA
1.Qual a força da economia francesa na atualidade?
A França é a quinta potência económica mundial, só atrás de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. Isso significa que bate o tradicional rival Reino Unido e também colossos como Brasil e Índia. Empresas francesas estão presentes por todo o mundo, caso de marcas automóveis como Renault ou Citroen ou da tecnologia para comboios do tipo TGV.
2.Os produtos franceses têm boa fama no estrangeiro?
A grande maioria sim, são associados a qualidade, sobretudo se forem produtos de luxo, como os perfumes, os têxteis e a marroquinaria. Hermes, Dior e Louis Vouitton são 16
marcas cobiçadas nos mercados falavam francês. Mas mesmo emergentes como a China. Também assim, a política externa francesa têm muita procura global os vinhos. influencia muito o mundo árabe, a Indochina e quase toda a África 3.Mas além de carros, perfumes subsariana, ou seja antigas zonas e vinhos a França vende armas? coloniais. Como o país é um dos Sim, é mesmo o terceiro exportador cinco membros permanentes do mundial, depois de Estados Unidos Conselho de Segurança da ONU e Rússia. E utiliza isso não só para com direito de veto isso ajuda gerar riqueza interna (rende 2,4 igualmente a garantir que a voz mil milhões de euros por ano) da França é ouvida sobre qualquer como para influenciar regimes guerra. e conflitos. Em 2011, o apoio 5.Na ONU o francês é também da França aos rebeldes líbios foi decisivo para o derrube da ditadura uma das seis línguas oficiais? de Muammar Kadhafi. Isso passou Sim, mesmo que no mundo os francófonos não sejam mais de 100 pelo fornecimento de armas. a 150 milhões, muito menos do 4.A diplomacia de Paris também que os falantes de chinês, inglês, dá cartas? espanhol, árabe e russo, as outras Não tanto como no passado, cinco línguas de trabalho das quando todos os diplomatas Nações Unidas.
da Europa com mais judeus (700 mil), mais muçulmanos (cinco milhões) e, tirando a Itália, até com mais católicos (59 milhões). Foi muito tempo chamada de “filha mais velha da Igreja”, por causa da conversão de Clóvis no século V, mas há 700 anos que não dá qualquer Papa (o último foi Gregório XI). Contudo, com nove cardeais atuais é um dos cinco países que mais influenciará um dia a escolha do sucessor de Bento XVI. A nível mundial, só Brasil, México, Filipinas, Estados Unidos e, claro, Itália, contam com mais fiéis católicos.
10.Que valor tem o turismo nesta apreciação de França?
Bastante, pois com mais de 70 milhões de visitantes anuais lidera a indústria turística mundial. E ao visitarem Paris, a capital, os estrangeiros homenageiam o país de Joana D’Arc, Napoleão, Monet ou Albert Camus.
A economia francesa está a ser afetada pela crise do setor bancário
11.Qual é o índice de qualidade de vida? 6.Além da economia, das armas e da diplomacia, que outras forças tem o país?
A produção cultural é forte. Com 67 mil livros, é o nono país que mais publica. E os 228 filmes por ano não ficam atrás de ninguém na Europa e só de seis no resto do mundo, com a Índia a destacar-se (1178 películas). Este ano até foi um filme francês que ganhou em Hollywood o Óscar para Melhor Filme, nunca antes ganho por um país não anglo-saxónico.
7.Tem bons resultados na área científica?
Claro, pois está em sexto lugar nos países que registam mais patentes, com cerca de 113 mil anuais. E os seus cientistas costumam ganhar o Nobel, tal como alguns escritores
(Le Clézio venceu em 2008). Numa listagem global, só Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha acumularam ao longo de um século mais prémios (64 no caso da França).
8.Até no desporto os franceses são bons? É justo dizer que sim, pois costumam ficar nos dez mais medalhados, como aconteceu nos Jogos Olímpicos de Pequim. E se contarmos desde Atenas (1896), a França ocupa a sexta posição na tabela olímpica, com um total de 636 medalhas (Estados Unidos lideram destacados com 2296).
Esperança média de vida é 81 anos, a oitava mundial. Mas o índice de desenvolvimento humano da ONU, que junta saúde, educação e economia, remete a França para 20.º.
12.Há alguma razão para falar de declínio francês? Se comparado o país com a pujança anglo-saxónica, um pouco. Mas é uma ideia de declínio manifestamente exagerada. A França vai ser ouvida. *jornalista do Diário de Notícias
9.A religião confere também a influência, apesar do laicismo oficial? É curioso que a França seja o país
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dossier
PORTUGAL Cรกritas teme aumento de casos de exclusรฃo
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Corrida aos apoios sociais “esconde” problemas de estudantes africanos
O aumento dos pedidos de ajuda dos estudantes portugueses às instituições de solidariedade relegou para segundo plano o problema de muitos alunos africanos, que estão a estudar em Portugal. A Cáritas Portuguesa teme que os jovens já nem sequer procurem a ajuda da Igreja, ou que estejam a ser ignorados, por questões de prioridade nacional texto FRANCISCO PEDRO foto LUSA É apenas um caso entre muitos, que antes era facilmente detetado, mas agora só por sorte chegou ao conhecimento das organizações de apoio social. Um jovem de São Tomé entrou numa escola profissional da área metropolitana de Lisboa, supondo que tinha direito a uma bolsa de estudo, alojamento e transportes. Quando chegou o primeiro período de férias, confrontou-se com um problema. Tinha que abandonar a residência de estudantes e, nesse período, ficava também por sua conta e risco, no que toca à alimentação. Neste caso, a situação resolveu-se porque o rapaz estava integrado Junho 2012
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num programa de apadrinhamento promovido pela Cáritas Portuguesa. E os padrinhos, a residirem nos arredores da capital, aceitaram acolhê-lo em casa, assumindo também os custos com os transportes e alimentação. Se assim não fosse, o jovem poderia ser mais um dos que estão a passar por dificuldades, por os seus países de origem não cumprirem com os acordos assumidos. E podia ser mais um entre tantos, que já nem sequer fazem parte das estatísticas, devido à subida em flecha do número de estudantes portugueses que passaram também a solicitar apoios sociais para pagarem propinas ou alojamento, por as suas famílias terem entrado em colapso financeiro. “O nosso receio é que haja falta de coordenação e que esta gente esteja isolada. Enquanto há três anos identificávamos com facilidade estes problemas, neste momento, dado o contexto de crise que vivemos, a projeção das nossas preocupações está direcionada para outras realidades”, afirmou à FÁTIMA MISSIONÁRIA o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca. Antes, os pedidos de ajuda dos estudantes
Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas portuguesa
é que tenham sido relegados para segundo plano, por questões de prioridade nacionalista. Ou que nem sequer sejam identificados, por causa da atual conjuntura económica. “As dificuldades entraram na nossa casa e, como temos que a arrumar, não estamos nada preocupados com os vizinhos”. Ou seja, neste
“É prioritário viabilizar a formação dos estudantes. Quando não há verba, que recorram ao fundo solidário da Conferência Episcopal”, acrescentou o presidente da Cáritas Portuguesa, num claro alerta para que ninguém seja excluído dos planos de apoio, muito menos por questões de prioridade patriótica dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) eram quase únicos. Os governos dos seus países não cumpriam os acordos bilaterais e os jovens ficavam à deriva, dependentes da caridade das instituições nacionais de solidariedade social. Agora, todos os dias aparecem novas solicitações por parte de alunos portugueses e a situação dos estudantes africanos quase caiu no esquecimento. Os problemas não acabaram. Teme-se 20
momento, eles são praticamente “uns desconhecidos”, adiantou o responsável da Cáritas. Em Coimbra, os apoios aos alunos dos PALOP registaram um aumento de dez vezes, nos últimos dois anos. No ano de 2010, foram apoiados três alunos, pela Cáritas e pelo Instituto Universitário Justiça e Paz. Em 2011, este número aumentou para 31 (incluindo dois brasileiros) e este ano, até maio, as solicitações já tinham atingido
as duas dezenas. Mas são apenas alguns dos números conhecidos, porque em geral, não existem estatísticas relacionadas com este problema. E muitos dos africanos que estudam em Portugal podem estar a passar por situações dramáticas, mas no anonimato. “A minha dúvida é se estão a viver o problema e nem sequer procuram a Igreja. Ou se alguns procuram ajuda nas Cáritas diocesanas, porque estão com dívidas, e lhes dizem que primeiro dão prioridade aos portugueses, contrariando o princípio da missão, que é o princípio da universalidade”, sublinhou Eugénio da Fonseca. “É prioritário viabilizar a formação dos estudantes. Quando não há verba, que recorram ao fundo solidário da Conferência Episcopal”, acrescentou o presidente da Cáritas Portuguesa, num claro alerta para que ninguém seja excluído dos planos de apoio, muito menos por questões de prioridade patriótica. Para Jorge Bernardino, coordenador do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior (SNPES), um dos grandes problemas começa com a falta de seriedade dos responsáveis dos PALOP que enviam os seus
O regime de austeridade vivido em Portugal e na Europa está a deixar cada vez mais estudantes portugueses em dificuldades para pagarem as propinas. Em paralelo, o número de bolseiros no ensino superior sofreu uma quebra nos últimos dois anos e está agora em valores semelhantes aos registados há 12 anos (perto de 56 mil), segundo um estudo revelado pelo jornal Público. As consequências estão à vista
portugueses em dificuldades para pagarem as propinas. Em paralelo, o número de bolseiros no ensino superior sofreu uma quebra nos últimos dois anos e está agora em valores semelhantes aos registados há 12 anos (perto de 56 mil), segundo um estudo revelado pelo jornal Público. As consequências estão à vista.
conterrâneos para Portugal com promessas de bolsas que nunca chegam a receber.
Nos primeiros dois meses deste ano, “mais de 6000 estudantes abandonaram o ensino superior, perfazendo uma média de 100 alunos por dia a deixar de estudar”. Muitas destas desistências estarão relacionadas com a forte redução na atribuição de bolsas, originada pelas alterações aos regulamentos efetuadas, sobretudo nos últimos dois anos. Em março, o Conselho de Reitores das Universidades Portugueses aprovou mesmo uma recomendação, para que as instituições aumentem em 30 euros o valor da propina máxima, no próximo ano letivo, para poderem financiar um fundo de apoio aos estudantes em dificuldades financeiras.
“Temos informação de alguns casos em que são os próprios representantes dos governos dos países de origem, que assinam declarações de apoio, sabendo que não irão ser concedidos”, denunciou o responsável, numa carta enviada ao secretário de Estado do Ensino Superior. Na missiva, difundida pelo Canal Superior, o SNPES pedia ao governo que não aumentasse o valor das propinas, que reforçasse “o montante disponibilizado para a ação social escolar” e tornasse “mais justos os critérios de atribuição da bolsa”. Isto, para que nenhum aluno abandonasse o ensino por razões “exclusivamente económicas”. Jorge Bernardino propôs ainda que fosse facilitado o acesso dos estudantes a trabalhos em ‘part-time’ nas instituições de ensino superior onde estudam para ajudar a suportar os custos da formação. Uma medida que já está em prática em algumas escolas, mas ainda não está “legislada na maioria dos estabelecimentos”. Entre alertas e receios, Eugénio da Fonseca também não poupa críticas aos países africanos que mandam alunos para Portugal e não os apoiam como tinham prometido: “Alguns até podem ser pobres, mas se não têm dinheiro não celebrem os acordos e não criem expetativas aos jovens. É vergonhoso fazerem acordos bilaterais e depois não os cumprirem”. Pelos dados disponíveis, o responsável máximo da Cáritas nacional está convicto que o Estado português tem cumprido com a sua parte dos acordos. No entanto, não tem
conhecimento que tenha exercido pressão para que os PALOP em incumprimento regularizem a situação. Por isso, advoga uma mudança de comportamento político. No seu entender, Portugal devia assegurar que nada faltasse aos estudantes africanos, para garantir o respeito pela dignidade humana, e depois criar uma conta corrente e exigir ao país de origem que o ressarcisse dos gastos. Perante a proximidade do próximo Encontro das Presidências das Conferências Episcopais dos Países Lusófonos, os dirigentes de várias instituições de apoio social ligadas à Igreja, ouvidos pela FÁTIMA MISSIONÁRIA, manifestaram mesmo a esperança de que esta questão seja debatida e objeto de medidas concretas. “Era bom que cada Conferência Episcopal assumisse o que vai fazer em concreto no seu país para apurar o que está, ou não, a ser cumprido com estes acordos bilaterais”. O regime de austeridade vivido em Portugal e na Europa está a deixar cada vez mais estudantes
Estudantes grávidas apoiadas na Guarda A Cáritas da Guarda tem apoiado vários estudantes africanos nos últimos anos, sobretudo oriundos de Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau. No ano letivo transato, foi chamada a assegurar alimentos para uma turma inteira, cerca de 20 alunos, que veio estudar para Portugal mas estava com
dificuldades com a alimentação. Outro dos problemas com que esta organização se tem confrontado é a gravidez prematura de algumas jovens estudantes. “Neste momento damos apoio a quatro ou cinco. São mães solteiras e algumas já vieram grávidas do seu país”, revelou Maria Emília Andrade, presidente da instituição.
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gente nova em missão
Festa da criança Que jovem serei amanhã?
BEM-HAJA A TODAS AS CRIANÇAS! Junho é dedicado a todas as crianças. Hoje és criança e participas feliz nas comemorações do teu dia. Como escreveu o poeta português Fernando Pessoa: “O melhor do mundo são as crianças”. Concordas? Nós pensamos que sim. “Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança no homem”, escreveu o poeta hindu Tagore. Sentes esta responsabilidade? De que tu não tens apenas direitos, mas tens deveres? O dever de construir um mundo melhor? Se os meus direitos forem respeitados como: a alimentação, a educação, o afeto, a habitação, a saúde, a família, a paz: então, que jovem e adulto serei amanhã? Apresentamos-te alguns pontos para dialogares com o teu catequista, com a tua família e com os teus professores… Podes acrescentar outros... texto CARLOS E MAGDA ilustrações RICARDO NETO
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1. Fica depois da festa para ajudar a arrumar 2. Escolhe o pedaço mais pequeno quando lhe oferecem algo 3. Diz sempre a verdade mesmo que ela o prejudique 4. Apanha as cascas e todos os perigos do caminho para ninguém se magoar 5. Cumpre o que prometeu… mesmo que chova e tudo pareça mais difícil 6. Nunca engana ninguém 7. Agradece quando é corrigido 8. Espera pela sua vez para falar e consegue fazer silêncio 9. Não amua quando não lhe fazem as vontades 10. Abdica de algo que gosta para oferecer 11. Evita conflitos e dialoga para resolver as diferenças 12. Não fala nas costas dos outros e guarda segredos 13. Não é invejoso e respeita as diferenças 14. Agradece todos os dias pelo dom da vida, ao Pai do céu 15. Age de tal modo que nunca preocupa a sua família, catequistas e professores…
Querido Jesus, ajuda-me a seguir o teu modelo de criança. Tu vivias o respeito, a obediência, o diálogo… Fizeste a paz, rezaste em família…. E como jovem foste o mestre do amor! Peço-te que me ajudes a descobrir todos os dons que colocas em mim! Que eu os faça crescer para o bem de todos e assim fazer o bem em mim… Obrigado por ser criança!
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tempo jovem
A Vida num Projeto texto LUÍS MAURÍCIO ilustração SÉRGIO MARQUES
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Independentemente do credo ou religião, quem quer que seja vive a pressão desafiante de tentar alcançar metas na sua vida. Há umas que são insignificantes, outras motivadas por forças inconscientes que ignoramos. A maioria das vezes, sentimo-nos na necessidade urgente de projetar “metas sólidas”, com pés e cabeça, que nos ajudem a dar sentido à nossa história. É um bom ponto de partida para esta reflexão interrogarmo-nos se a nossa vida se move à base de “impulsos” pouco pensados e discernidos, ou se realmente já descobrimos a arte de parar para pensar, de refletir, avaliar e projetar o sentido do próprio andar pelos caminhos da vida
Vantagens do projeto pessoal de vida Quem de nós já não se encontrou diante de uma ou mais encruzilhadas? A vida é um caminho com muitas encruzilhadas. Por vezes, sabemos bem qual a direção certa a escolher. Outras, temos de reconhecer que nos encontramos envolvidos num mar de dúvidas. O segredo para não desviar e vaguear errantes pelo caminho da vida é elaborar ou recuperar as metas. Isso permite-nos parar, refletir e descobrir o lugar onde queremos chegar, quais as decisões que devemos tomar para realizar tais objetivos. Esta atitude torna-nos donos das nossas opções e aptos para assumir o nosso caminho com todos os seus desafios e imprevistos
Proponho o desafio de pensar nas vantagens, que nos pode trazer o construir e adotar um projeto pessoal de vida (PPV), como percurso dinâmico que visa o bem-estar no crescimento permanente, individual e coletivo do indivíduo. Nestas condições, o PPV ajudar-nos-ia a determinar a direção que pretendemos imprimir à nossa vida, a partir do conjunto de valores, virtudes, vontade, inteligência e memória que fazem parte dela. Valores e forças que cada um vai hierarquizando na sua vivência quotidiana. Dito de outro modo, adotar um PPV dá-nos a possibilidade de refletir e desafia-nos a pensar no futuro. Além de nos provocar a dar uma série de respostas sobre o que fazer com a própria vida, ajuda-nos igualmente a plantar os alicerces que nos permitem suportar as ansiedades, angústias e indecisões que também fazem parte da vida. Em conclusão: o PPV ajuda-nos a traçar a meta ou os objetivos que queremos alcançar e, ao mesmo tempo, a fixar os passos para chegar à realização dessa meta.
encruzilhadas. Por vezes, sabemos bem qual a direção certa a escolher. Outras, temos de reconhecer que nos encontramos envolvidos num mar de dúvidas. O segredo para não desviar e vaguear errantes pelo caminho da vida é elaborar ou recuperar as metas. Isso permite-nos parar, refletir e descobrir o lugar onde queremos chegar, quais as decisões que devemos tomar para realizar tais objetivos. Esta atitude torna-nos donos das nossas opções e aptos para assumir o nosso caminho com todos os seus desafios e imprevistos. Num caminho cheio de encruzilhadas, ter um PPV ajuda-nos a descobrir a dispersão, a incoerência e a superficialidade que existem em escolhas mal feitas. Num contexto de presente e futuro, torna-se um instrumento precioso de discernimento, de conversão, de renovação e de crescimento humano.
Quem já se aventurou a fazer um PPV conhece bem as vantagens que este instrumento acarreia para a própria vida. Falando a partir da minha experiência e da experiência de pessoas que acompanho na direção espiritual, posso assinalar as grandes mudanças positivas que a decisão de adotar o PPV provocou nas suas vidas. Eis algumas delas: – Ajuda a estabelecer metas para as diversas dimensões da vida (humana-espiritual-laboral-vocacional). – Influe muito sobre a capacidade de reconhecer e desenvolver competências e aptidões pessoais. – Permite gerir de forma eficaz as mudanças pessoais e os contratempos exteriores. – Contribui para olhar e avaliar a vida de uma forma mais integrada e holística. A seriedade com que queremos viver desafia-nos incontornavelmente a reconhecer que somos pilotos e não passageiros da nossa vida; a fixar as coordenadas por onde queremos navegar, com o sangue da nossa vida e a partir das nossas escolhas refletidas; a fincar os pés na terra que queremos sulcar e os horizontes que queremos atravessar. Já construiste o teu projeto de vida?
Projeto e encruzilhadas
Quem de nós já não se encontrou diante de uma ou mais encruzilhadas? A vida é um caminho com muitas Junho 2012
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sementes do reino
Uma Igreja mártir texto DARCI VILARINHO foto ANA PAULA Cemitério dos «Mártires» do Guiúa, em Inhambane, Moçambique
“Fui frequentemente ameaçado de morte. Como cristão, não creio na morte sem ressurreição: se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho. Digo-o sem nenhuma ostentação, com a maior humildade(...). Desde agora ofereço a Deus o meu sangue pela redenção e ressurreição de El Salvador”. São palavras de Óscar Romero, arcebispo de San Salvador, numa entrevista, duas semanas antes de ser assassinado, em 24 de março de 1980. Um tiro certeiro “calou” a voz dos sem voz, quando presidia à eucaristia. Reflito sobre este mártir, sempre que os jornais noticiam a morte violenta de missionários, como foi o caso do padre Valentim Camale, assassinado em 3 de maio deste ano, em Maputo. Todos os anos, algumas dezenas de missionários perdem a vida de forma violenta. A Igreja dos nossos dias é Igreja mártir. Os números não deixam dúvidas: o século XX atingiu um record nunca visto. Pelos últimos cálculos, terão morrido mártires para cima de 45 milhões de pessoas. Foi na Rússia com prisões, humilhações e torturas, onde nos primeiros anos da revolução bolchevista desapareceram 200 mil 26
católicos. Foi na Ucrânia, onde mais de 500 mil fiéis da Igreja católica foram deportados e nunca mais voltaram. Foi na Checoslováquia, onde mais de 10 mil fiéis foram condenados a trabalhos forçados. Foi na Polónia e na Bósnia, ou na Albânia, onde a partir de 1945
missão de ajuda aos cristãos e necessitados. Mas o meu pai e a minha mãe sempre me encorajaram. Enquanto tiver vida, até ao último respiro, continuarei a servir Jesus e esta pobre humanidade sofredora. (…) Considero-me privilegiado no meu esforço e na minha batalha
A Igreja dos nossos dias é uma Igreja mártir. Fala-se normalmente dos primeiros tempos do cristianismo como o período da história mais atingido pelo martírio dos cristãos. Agora os números não deixam dúvidas: o século XX atingiu um record nunca visto. Pelos últimos cálculos, terão morrido mártires para cima de 45 milhões de pessoas se desencadeou uma violenta opressão religiosa, primeiro contra bispos, religiosos e missionários estrangeiros e, logo a seguir, contra os fiéis que os defendiam. Foi na guerra civil espanhola. Foi e é na China. Hoje é no Iraque, na Índia e no Paquistão, onde ultimamente brilhou o testemunho do ministro Shahbaz Bhatti, que deixou escrito: “Muitas vezes os extremistas procuraram matar-me e prender-me; ameaçaram-me, perseguiram e aterrorizaram a minha família. Pediram aos meus pais que me dissuadissem de continuar a minha
para ajudar os mais necessitados, os pobres, os cristãos perseguidos do Paquistão”. Morre-se por fidelidade ao Evangelho e aos seus valores. Paga-se com o sangue a adesão a Cristo e à sua Igreja. Que a fé destes mártires, assim testemunhada, fortaleça e fecunde a nossa, por vezes tão fragilizada.
intenção missionária
A PALAVRA FAZ-SE MISSÃO JUNHO
3 0 Festa da Santíssima Trindade | Deut 4, 32-40; Rm 8, 14-17; Mt 28, 16-20 Habitados por Deus
Que extraordinária revelação: Deus comunhão! A solidão é insuportável porque não cabe na comunhão. Vivei à imagem da Trindade Santíssima é o grande sonho de Deus: construir a Igreja como um tecido de relações humanas e sobrenaturais no respeito pela diversidade de cada um.
És criatura de Deus: iluminado pelo Espírito, batizado no fogo divino, és morada, instrumento e farol da Trindade Santíssima.
7 0 Festa do Corpo de Deus | Ex 24, 3-8; Heb 9, 11-15; Mc 14, 12-26 Penhor de eternidade
“Tomai e comei, isto é o meu Corpo”. Eis o pão do Céu para a vida do mundo. Quem dele comer viverá para sempre. É o pão dos filhos, o viático dos peregrinos e caminhantes, mistério da fé para a salvação do mundo!
Bendito sejais, Senhor, pela santa eucaristia, que ilumina a nossa Igreja.
10 10º Domingo Comum | Gen 3, 9-15; Cor 4, 13-5.1; Mc 3, 20-35 A família de Deus
“Quem são minha Mãe e meus irmãos?”, pergunta Jesus a quem lhe referia que sua Mãe andava à sua procura. “Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe”. Há entre nós e Jesus uma comunhão muito mais íntima do que os laços da carne e do sangue. Na vontade de Deus, pela fé e pelo amor, geramos Cristo em nós e nos outros.
Ajuda-me, Senhor, a encontrar o meu lugar, no seio da Tua família.
111º7Domingo Comum | Ez 17, 22-24; 2 Cor 5, 6-10; Mc 4, 26-34 Como o grão de mostarda
A vida é crescimento e maturação. De uma sementinha nasce uma árvore gigantesca. A vida é feita de pequenas ações. De um gesto aparentemente “insignificante” pode nascer a revolução de um povo. Do silêncio de um grão de trigo pode germinar uma seara abundante.
Dá-nos, Senhor, a graça de apreciarmos aqueles pequenos gestos que podem mudar a sorte do mundo.
4 2Nascimento de São João Batista | Is 49, 1-6; At 13, 22-26; Lc 1, 57-66.80 Quem virá a ser este menino?
João Batista foi anúncio e foi denúncia. Desfez montes e endireitou caminhos para preparar a vinda do Senhor. É essa a nossa tarefa: limpar veredas, alinhar caminhos para que o Senhor passe. Temos por missão tornar presente entre os homens o Cristo que desconhecem. Será o nosso testemunho a voz que chama e denuncia.
Para que os cristãos da Europa redescubram a própria identidade e participem com maior entusiasmo no anúncio do Evangelho
A missão tem de cumprir-se
Com a crise atual de vocações religiosas e missionárias que se está a verificar na Europa, estão a surgir em catadupa às vocações de leigos missionários. É como que um desafio que o Espírito Santo faz à Igreja do nosso tempo. Sim, porque o Espírito não dorme, e a Igreja tem de cumprir a sua missão evangelizadora. Não podendo ser enviados os religiosos e religiosas, avançam os leigos. São sinais bem claros de que os tempos são outros, mas o “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a todos os povos” pronunciado por Cristo, antes de partir para o Pai, tem de ser cumprido de uma ou de outra maneira. Nos séculos passados a Europa formou falanges de homens ardentes de zelo apostólico que avassalaram o mundo onde a fé cristã ainda não tinha chegado. Foi no tempo das caravelas de Gama e Cabral. Com as caravelas, partiam de Lisboa os marinheiros, de bússola em punho, à procura de outras gentes. Ao lado deles partia a outra componente que eram os missionários. Hoje a Europa é outra e Portugal também. Mas, de um outro jeito, a missão tem de cumprir-se. MC
Abre-me os olhos, Senhor, para esta missão sagrada de anunciar o teu Reino com a vida vivida à tua imagem. DV
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o que se escreve A porta da fé
Carta apostólica de Bento XVI para o lançamento do ano da fé a ter lugar em 11 de outubro de 2012, e terminando a 24 de novembro de 2013. A temática da carta é um convite aos fiéis para que renovem os compromissos do seu batismo e crisma; o mesmo é dizer que avivem a sua fé em Cristo e no Evangelho. Autor: Bento XVI 24 páginas | preço: 1,00€ Paulinas Editora
Quem é Maria?
Contos de Páscoa Ao ler este título muita gente
há de pensar que se trata de pormenores, acontecidos no dia de Páscoa, ou em coisas relacionadas muito de perto com a ressurreição do Senhor. Mas não. Os escritos aqui apresentados versam temas muito concretos e muito atuais; só de longe estão relacionados com a Páscoa ou o tempo pascal. São coisas bonitas, bem escritas que dá gosto ler. Autor: João César das Neves 112 páginas | preço: 9,95€ Lucerna
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Chegou há pouco às livrarias esta espécie de bestseller para crianças onde o autor, com alguma dificuldade, se esforça por descer ao nível delas. É uma breve história da vida de Nossa Senhora, com ilustrações muito giras de Patrícia Furtado. Uma rica prenda para se dar a quem se gosta. Autor: José Luís Borga 48 páginas | preço: 12,50€ Oficina do Livro
ABC das igrejas e das confissões cristãs
Podemos encontrar neste livro, espécie de caderno, dados muito concretos sobre as igrejas e confissões cristãs nas suas igualdades e diferenças, heresias e cismas. À primeira vista parece-nos que é pouco o que falta para a união total, mas na prática, os séculos de separação continuam a tornar difícil essa união. Autor: Giovanni Cereti 64 páginas | preço: 3,90€ Paulus Editora
São Francisco e a vida religiosa
Em meia dúzia de capítulos se descreve a vida e a obra de São Francisco de Assis, o santo que, a oito séculos de distância, ainda continua a inspirar milhares de religiosos e religiosas a seguirem os seus passos. Qual o seu segredo? O Evangelho vivido até às últimas consequências. Não precisa de outro regulamento: Cristo e o Evangelho bastam. Francisco intitulava-se a si próprio «poverello», traduzido em português por pobrezinho. Era isto que ele propunha e exigia a quem quisesse segui-lo. Autor: José Rodríguez Carballo 128 páginas | preço: 8,50€ Editorial Franciscana
Evangelho de São Marcos
Ó jovens, talvez este fosse o livro que faltasse para vocês conhecerem melhor o escritor do quarto Evangelho de Cristo. E, para mais, em banda desenhada. E, ainda para mais, por apenas cinco euros. Jovens, não tenham dúvidas, avancem! É bom ler o Evangelho de seguida, mas lê-lo em banda desenhada, isso é outra coisa! É o que se passa com este livro. Autor: António L. Medeiros 120 páginas | preço: 5,00€ Editorial Missões
o que se diz A festa do cordeiro
Seria insensato alguém pretender resumir em poucas palavras o conteúdo deste livro. Mas, na verdade, ele anda todo à volta da missa tentando aproximá-la ao que São João escreveu no Apocalipse: Missa, Cordeiro, Apocalipse são efetivamente as palavras mais usadas. Muitos cristãos, que habitualmente frequentam a eucaristia, têm dificuldade em saber o significado desta ação litúrgica. Ler este livro ajuda a conhecer as palavras, os gestos e tudo o que se passa à volta do altar durante a celebração. Autor: Scott Hahn 148 páginas | preço: 10,60€ Edição Diel
Adeus até ao meu regresso
Este livro tem como ambição repertoriar, o que de essencial foi escrito desde 1964 sobre a Guiné, os seus teatros de operações (militares) e os seus combatentes, em várias manifestações literárias: romance e conto, memórias, ensaios, história, poesia e diário, diz o autor. Em prática, é uma breve antologia dos escritores portugueses que abordaram o tema da guerra colonial. Autor: Mário Beja Santos 410 páginas | preço: 24,50€ Âncora Editora
Mais e melhor vida “A Igreja quer estar ao serviço de Deus e para tanto sabe que tem que
estar ao serviço da vida e do homem, ao serviço de mais e melhor vida, mais e melhor humanismo. No fim de contas a glória de Deus é a glória do homem. O Concílio Vaticano II conseguiu ter, de forma magistral, este olhar mais alargado e mais completo da evangelização e o Papa João Paulo II tornou-se o grande obreiro desta «revolução» interna”. Rui Ribeiro | O Mensageiro | 10 maio 2012
Gestores de bens “Nós não somos proprietários absolutos dos nossos bens; os bens
são-nos dados ao serviço dos outros; nós temos muito o sentido de propriedade; mas não é uma propriedade absoluta; somos gestores de bens ao serviço da comunidade. É uma gestão que nos é dada, e temos de responder por essa gestão”. Marcelo Rebelo de Sousa | Movimento | maio 2012
Laicado e secularização “O laicado, com a autonomia que lhe é reconhecida, emergiu na Igreja
com o dealbar das sociedades modernas, quando as revoluções liberais deram início ao processo de laicização dos Estados e de secularização das sociedades, de dessacralização do poder político e de profanação da vida social”. Manuel Braga da Cruz | Brotéria | abril 2012
Saber parar “A sociedade de hoje é constantemente bombardeada com coisas que
nos provocam uma distração do plano de Deus para nós. Vivemos num mundo em que não temos tempo para nada, em que acordamos e começamos a planear o que vamos fazer no nosso dia, a que horas vamos estar onde, o que vamos fazer quando chegarmos e a que horas vamos partir…”. Paulo César | O Contacto | março/abril 2012
Rasgos de lucidez “Numa análise da humanidade, observamos que se está a cair
numa desumanização profunda, começando pela perda dos valores fundamentais, como o da vida, do respeito, da amizade desinteressada, da misericórdia e do perdão. Pois, num mundo em que se põe nas mãos do criado as competências do criador, na arrogância de quem pensa que pode porque tem poder ou tem direito, num poder e num direito que não são seus”. Bonifácio | Caminhos | janeiro/fevereiro/março 2012
Ação e contemplação “Na antiga como na nova evangelização, não é aconselhável opor ação à contemplação. Exige-se, isso sim, que os agentes pastorais sejam ativos na contemplação e contemplativos na ação. Também convém que os agentes da nova evangelização aprendam a ouvir Deus no silêncio para que, evangelizados, sejam evangelizadores, trocando, com peso e medida, palavras e silêncios com os destinatários da mensagem”. Rui Osório | Agência Ecclesia | maio 2012 Junho 2012
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gestos de partilha
www.fatimamissionaria.pt www.consolata.pt
PROJECTO 2012 MALOCA PARA TODOS
ELE PRECISA DE SI PARA TER UM TECTO O seu contributo é uma dádiva e a sua ajuda fundamental!
AMC-Zona Sul – 500,00€; Adelino Silva – 100,00€; Anónimo – 10,00€; Celeste Oliveira – 30,00€; Anónimo – 5,00€; Anónimo – 1,76€; Virgínia Verity – 10,00€; Anónimo – 500,00€; António Vieira – 3,00€; Antonieta Teimão – 20,00€; Luciano Silva – 15,00€; Lucílina Coimbra – 25,00€; Família Machado – 25,00€; Ana Barros – 10,00€; Fátima Matias – 10,00€; Francelina Baptista – 11,00€; Gertrudes Gonçalves – 6,00€; Anónimo – 50,00€; Irmãos São João de Deus – 50,00€; Bárbara Silva – 10,00€. Total geral = 20.262,69€.
Pode ajudar a erguer uma “Maloca para Todos” e a tornar realidade o sonho desta comunidade fazendo a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA através de transferência bancária: NIB: 0033.0000.45365333548.05 IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL
MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA
Solidariedade vários projetos Bolsas de Estudo José Fonseca – 250,00€; Anónimo – 500,00€; Noémia Canavarro – 10,00€; Anónimo – 250,00€; Anónimo – 50,00€. Padre António Fernandes Anónimos (AMC - Núcleo do Algarve) – 169,00€.Ofertas várias Conceição Pinto – 25,00€; Maria Jesus – 50,00€; Maria Coelho – 25,00€; Assunção Reis – 150,00€; Anónimo – 500,00€; Jorge Abreu – 500,00€; Padre Mário Pereira – 250,00€; Padre Manuel Vieira – 300,00€; Isabel Segurado – 15,00€; Maria Mota – 45,00€; António Silva – 150,00€; Anónimo – 150,00€; Abel Pinto – 25,00€; Lavínia Rufino – 125,00€; Elisa Peres – 20,00€; Maria Videira – 10,00€; Joaquim Correia – 40,00€; José Graça – 100,00€; Anónimo – 500,00€; Carolina Coimbra – 30,00€; Fernanda Remígio – 5,00€; Abel Pinto – 25,00€; Assinantes que pertencem à lista de Alice Pais – 49,00€; Antónia Borges – 33,00€; Joaquim Morgado – 26,00€; Artur Pedrogam – 43,00€; Ana
Contactos
Figueiredo – 86,00€; Emídio Major – 86,00€; Palmira Guimarães – 31,00€; Maria Baltazar – 43,00€; Carlos Silva – 93,00€; Alzira Borrêcho – 33,00€; Joaquim Resende – 26,00€; António Cardoso – 43,00€; Helena Ubach – 40,50€; Deolinda Alves – 43,00€; Sucena Bento – 30,00€; Ana Duarte – 28,00€; Lília Flor – 41,00€; Irene Serrano – 43,00€; Isabel Fonseca – 56,00€; Paulo Martel – 43,00€; José Santos – 86,00€; Luís Castro – 53,00€; Adelaide Coelho – 45,00€; Conceição Ferreira – 33,00€; Fernanda Vargas – 45,00€; Carlota Lemos – 43,00€; António Pinho – 33,00€; Jorge Marçal – 71,50€; Ana Silva – 43,00€; Esmeralda Silva – 25,00€; Carmélia Caetano – 43,00€; Ester Costa – 43,00€; Alice Rosa – 50,00€; Manuela Queiroz – 103,00€; João Ribeiro – 40,00€; Maria Amaro – 37,00€; Isabel Santos – 43,00€; Isabel Pacheco – 25,00€; Isabel Rocha – 63,00€; Manuel Inácio – 100,00€; Helena Oliveira – 80,00€; Celeste Duarte – 43,00€; Ângela Sousa – 40,00€; Manuel Soares – 40,00€; Ascensão Carvalho – 143,00€.
Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 – SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | Telefone 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | braga@consolata.pt 30
vida com vida
Ensinava O que ela própria vivia Irmã Inácia Guillardi nasceu Racconigi, Itália, em 1897. Entrou nas irmãs da Consolata em 1920 e 10 anos depois foi enviada para as missões do Quénia. Lá trabalhou sobretudo como enfermeira, durante 50 anos. Faleceu em 18 janeiro de 1980 texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO Tendo entrado no Instituto das irmãs missionárias da Consolata em 1920, a irmã Inácia ainda beneficiou da formação direta do santo fundador, beato José Allamano. Em 1926 já a vamos encontrar à frente de um grupo de jovens postulantes. Uma dessas jovens, referia-se à irmã Inácia nos seguintes termos: “Nas conferências que nos fazia repetia com muita insistência algumas das frases do fundador. Por exemplo: Devemos ser conchas e não apenas canais; devemos primeiro encher-nos das graças de Deus para, depois, as podermos transmitir aos outros”. E a irmã Inácia era uma dessas. Em todas as circunstâncias sabia encontrar sempre uma palavra boa, um conselho, uma advertência, um encorajamento. Podia fazê-lo porque vivia em plenitude aquilo que ensinava”. Em 1930 partiu para o Quénia. Logo de início mostrou um jeito muito especial para lidar com as pessoas da missão e com os quenianos em geral. Interessava-se por todos e não perdia nenhuma oportunidade para lhes falar de Deus e da sua misericórdia. Quando residia na missão de Mekinduri, saía de casa logo após o almoço e, sem olhar ao sol escaldante, punha-se a caminho,
para visitar uma aldeia, ou uma escola que ficavam a mais de uma hora de distância. Para se consolar repetia para consigo mesma: “É a minha via-sacra; para converter as almas é preciso ganhá-las à custa de sacrifícios”. Regressava a casa à noite, cansada, mas contente por ter feito um bom apostolado. Em 1955 foi encarregada da fundação de uma nova congregação religiosa de irmãs africanas chamada «Irmãs de Nazaré». Durante 10 anos acolheu e formou muitas jovens e, mesmo depois de ter sido dispensada deste cargo, permaneceu sempre disponível para receber e aconselhar qualquer irmã que se abeirasse dela para apagar resolver algum problema.
A irmã Inácia era mulher de poucas falas, mas quando falava, as palavras eram bem medidas e bem pesadas. Ocupou várias vezes o cargo de superiora da comunidade e até de conselheira provincial. Mas o seu forte foi sempre a enfermagem. Mesmo que não houvesse uma sala própria, ela atendia os doentes, nem que fosse debaixo de uma árvore. Não havendo remédios na farmácia, ela própria os confecionava recorrendo a ervas, sementes e outras.
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outros saberes
O povo lá tem as suas razões Querer levar o povo à força para onde ele não deseja ir, é uma violência. Mesmo que pareça que ele diz sim, a verdade é que, direta ou indiretamente, ele diz não. Ele tem os seus gostos e os sentimentos ninguém lhos pode arrebatar texto MANUEL CARREIRA foto E. ASSUNÇÃO
fundo do prato é sinal de miséria. Era tão bom! Por isso se diz: A fome é o melhor aperitivo; mas também se diz: “Quem não se farta ao comer, também se não farta ao lamber”. Em conclusão: Consumismo, não; miséria também não: O consumismo estraga e mata; a miséria serve-se até do que não presta. Macua – Moçambique
Não é a moeda forte que faz o país forte, é o país que faz a Antes devorado por um leão que moeda forte desmembrado pelos chacais Apoio à compreensão O antigo Apoio à compreensão Há neste provérbio uma pontinha de orgulho. Morrer por morrer, que seja por um leão, sinal de nobreza, e não por uma reles hiena desgrenhada e mal cheirosa. Alguém dizia que gostava de morrer de pé. Isso já não depende dele: quando faltam as forças, a pessoa cai para um lado ou para o outro, mesmo que ninguém a empurre. Persa
Limpar o prato com o dedo significa ter mais fome
Apoio à compreensão Isto é o reverso do consumismo. Rapar o 32
presidente do Brasil, Fernando Cardoso, tinha razão, e, se calhar, também alguma experiência ao pronunciar este provérbio. Uma nação não enriquece, mesmo que aumente o valor do papel-moeda, pois isso seria uma falsidade. Tem de ser a riqueza em valores reais da nação a dar consistência ao valor do papel. Fernando Cardoso – Brasil
Na casa da formiga qualquer orvalho é um temporal
Apoio à compreensão O provérbio está a dizer-nos que nós, por princípio, medimos as coisas
pela nossa própria medida: Se somos pequenos queremos tudo pequeno e o que sai deste esquema parece-nos uma enormidade. Concretamente a formiga, sendo pequena, avalia tudo pelo tamanho dela; o que passa daí é inconcebível. Arábia
Onde rufa o tambor é que o povo se junta
Apoio à compreensão Por vezes andam-se a fazer convites forçados pelas ruas e aldeias para angariar pessoas para assistirem a um comício qualquer, na capital ou em outro lugar de renome. Mas o povo, mesmo que lhe paguem viagem e refeição, não adere, porque isso não lhe interessa. Mas (em África), se se ouve o rufar do tambor, não tarda que o terreiro se encha de gente a aplaudir e a participar. Macua – Moçambique
a missão é simpática
tudo muda num abrir e fechar de olhos texto NORBERTO LOURO ilustração MÁRIO LINHARES Há dias que ando para escrever estas linhas que antes me saíam fluentes, embora muitas vezes em cima da hora e até já depois de ter ultrapassado o prazo de entrega. Mas sentia-me bloqueado, sem saber bem porquê. Há muito que, na minha vida de religioso, não passava por momentos tão calmos e gratificantes como agora, na nova comunidade em que me inseri há quase meio ano. Não porque as outras por onde peregrinei, exercendo algum tipo de responsabilidade, não me proporcionassem tudo o que aqui encontro. Mas porque o fazia quase como uma espécie de caixeiro-viajante. Como alguém
que come aqui, dorme acolá, mora na estrada ou no avião, sem nunca viver um ciclo completo do que quer que fosse no mesmo lugar; sem estabelecer contactos profundos com pessoas; sem experimentar atividades que ajudei a programar. Nem a oração se salvou deste dispersivo vai-e-vem. Meio advento aqui, meia quaresma além, a semana santa em inglês; ora a ouvir, sem compreender, Zulu ou Lingala, ora a balbuciar Macua com pronúncias trocadas. Num ano tive até dois natais: um na Etiópia a 6 de janeiro, como celebra o rito copto, e outro em Roma, na data certa. Foi para compensar o ano anterior em que ficara sem nenhum. Cheguei aqui e encontrei o que precisava. Uma vida regular, intensa mas programada e situada no mesmo ambiente. Com possibilidade de relações humanas estáveis, um ritmo cadenciado de oração, programações feitas e executadas, e celebrações litúrgicas partilhadas com comunidades de fé dinâmicas. A vida estava a ganhar um sabor diferente, gratificante. Demasiado até! Num abrir e fechar de olhos, tudo mudou e, daí, as razões do meu bloqueio. Uma notícia trágica vinda de Moçambique, acorda-me
desta “calma paradisíaca”. Um rapaz que acolhi no seminário, de quem fui mestre de Noviciado e que acompanhei até à ordenação sacerdotal há doze anos, o moçambicano Valentim Camale, foi barbaramente assassinado por quatro assaltantes para lhe roubarem o que ele, certamente, não tinha. O sangue parou-me nas veias! Envergonhei-me do gosto que estou a sentir pelo estilo de vida que agora me consentiram e que me dá tanto descanso e tanto sossego. O padre Valentim conviveu com guerras, no Congo e na Costa do Marfim. Voltou à sua terra já em paz, mas carente de tudo, depois de estar três anos em Portugal, onde eu estou agora, mergulhado no meio do povo, estimado por todos e de todas as idades. Regressou a Moçambique para poder dar tudo e dar-se todo. Mas ceifaram a sua vida aos 48 anos. Confesso que chorei amargamente e peço perdão da vida tranquila, instalada, que aqui levo.
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fátima informa
Cada vez há mais pessoas carenciadas de apoio económico, alimentar e outro género
20 famílias apoiadas texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto ANA PAULA Há quem peça ajuda para alimentos. Outros pedem apoio para pagar contas. Esta é a realidade com que a recém-criada Comissão Social de Fátima (presidida pela Junta de Freguesia) se depara no dia a dia. Atualmente são apoiadas 20
Férias para pais com filhos deficientes
Até 30 de junho, estão abertas as inscrições para a semana de descanso que os pais de filhos com deficiência podem usufruir, deixando os seus filhos entregues aos cuidados do Santuário de Fátima. A iniciativa solidária repetir-se-á pela sétima vez, em quatro turnos (mais um que em 2011). Cada família interessada deve enviar a ficha de inscrição ao Movimento da Mensagem de Fátima.
Ciências Religiosas com aulas em Fátima
Estão abertas as candidaturas para a licenciatura em Ciências Religiosas da Universidade Católica Portuguesa, em regime de 34
famílias residentes na freguesia, sobretudo famílias de imigrantes e casais com filhos, a maioria desempregados. O Gabinete de Apoio Social está a receber cada vez mais pessoas não só em situações de carência económica, mas também alimentar. E por isso, foi lançado um apelo solidário de entrega de bens alimentares, roupa, vestuário, brinquedos, na secretaria da Junta de Freguesia de Fátima, de modo a ajudar quem precisa. Exemplo do apoio social é a remodelação de uma habitação
de uma família carenciada, na localidade de Amoreira, Fátima. A dinâmica de entreajuda de empresas e particulares, bem como de instituições, numa ação coordenada pela Comissão Social de Freguesia, pioneira no concelho, permitiu o restauro da habitação. Foram ainda criadas condições de habitabilidade e de conforto para as quatro pessoas, entre as quais uma idosa, que vão regressar a casa.
b-learning, com sessões presenciais nas instalações do Santuário de Fátima. Destina-se a todos os cristãos interessados em formação teológica, mas em particular agentes pastorais, professores de Educação Moral e Religiosa Católica.
Junho em agenda
Colégio de São Miguel com novo diretor
O padre Adelino Guarda é o novo diretor do Colégio de São Miguel, em Fátima. Sucede ao sacerdote Joaquim Ventura, que foi responsável da instituição de ensino católico desde a sua fundação, em 1962. O novo diretor tem 49 anos e é padre da diocese de Leiria, há 23 anos. Atualmente desempenha, entre outras, as funções de diretor do Centro de Formação e Cultura.
09/10 Peregrinação nacional das crianças 14/15 Peregrinação da diocese das forças armadas e de segurança 15/17 Simpósio nacional Teológico-Pastoral “Quereis oferecer-vos a Deus?” 16/17 Peregrinação nacional dos missionários da Boa Nova 17 Festa da Nossa Senhora da Consolata 22 VIII Jornada nacional da pastoral da cultura
Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA tel: 249 539 460 | geral@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt
OUTRA VISÃO
DO MUNDO
| un’altra visione del mondo | mwingine mtazamo wa dunis another view of the world | otra visión del mundo | inny pogląd na świat une autre vision du monde | wona wunyowani wa lapo eine andere sicht der welt | djobe mundu di oto manêra 다른 세계관
APENAS
7 EUROS
POR ANO
Criança Flor em botão Que nasce sem querer Sem ter o poder De dizer que não! E aceita sem jeito Tudo o que lhe dão - Criança, escuta: Tu que entras na vida Num choro-promessa De paz e amor E trazes no riso o milagre da cor, O eco-mistério da criação, Só tu consegues ainda Mesmo a sonhar… A imaginar… Ter o mundo na mão Por isso sonha, E canta criança! Que nós precisamos da tua canção… Catarina Malanho Semedo