Ano LXII | Junho 2016 | Assinatura Anual Nacional 7,00€ | Estrangeiro 9,50€
FLAGELO
MILHÕES DE MENINAS OBRIGADAS A CASAR ANTES DO TEMPO DESTAQUE
Colonialismo na era da globalização
Arrendamento de terras põe tribos a lutar pela sobrevivência
ATUALIDADE
MÃOS À OBRA
Stanislaw Dziwisz lembra devoção do Papa João Paulo II à Cova da Iria
Missionário usa a arte e a música para recuperar etíopes com problemas sociais
Cardeal de Cracóvia Aulas de pintura tiram recorda ligação a Fátima jovens das ruas
Apoie a formação de novos missionários Com uma BOLSA DE ESTUDOS em seu nome ou em nome de quem desejar. Por 250€, valor que poderá ser repartido em prestações, se assim o desejar
BENEFÍCIOS DA BOLSA
Fica inscrito no livro dos benfeitores dos Missionários da Consolata Participa na ação apostólica dos missionários Beneficia de uma missa diária celebrada por todos os benfeitores
CONTACTOS Rua Francisco Marto, 52 – Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800–048 LISBOA Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt IBAN: PT50 0033 0000 45441863347 05
Um abraço entre a fé e a vida
SUMÁRIO
Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº 06 Ano LXII – JUNHO 2016 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt
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ESTATUTO EDITORIAL http://www.fatimamissionaria.pt/quem.php
INFANTIL. UMA PRAGA “ CASAMENTO QUE ROUBA A INFÂNCIA A 15 MILHÕES DE RAPARIGAS POR ANO
04 | EDITORIAL Fonte de misericórdia 05 | PONTO DE VISTA Uma questão de desigualdade de género 06 | HORIZONTES Uma lição de vida 07 | DESTAQUE Qual o preço da terra onde vivo? 08 | MUNDO MISSIONÁRIO • África do Sul: Jovens sem emprego bomba relógio
“
FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 22.800 exemplares Diretor Darci Vilarinho Diretor Executivo Francisco Pedro Redação Darci Vilarinho, Francisco Pedro, Juliana Batista Colaboração Albino Brás, Álvaro Pacheco, Ângela e Rui, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Elísio Assunção, Leonídio P. Ferreira, Patrick Silva, Teresa Carvalho Diamantino Antunes (Moçambique) Tobias Oliveira (Roma) Fotografia Arquivo, Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção Capa e Contracapa Lusa Ilustração David Oliveira Design BAR Administração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00 € Estrangeiro 9,50€; Apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€; Avulso 0,90€ Pagamento da Assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) transferência bancária IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)
12 | A MISSÃO HOJE Cracóvia abre portas aos jovens de todo o mundo 13 | FÁTIMA INFORMA Peregrinação das Crianças por um “mundo melhor” 14 | ATUALIDADE Cardeal de Cracóvia relembra forte ligação de João Paulo II a Fátima
• UNICEF: Crise humanitária priva 75 milhões de crianças de ir à escola
16 | DOSSIER • Casamento infantil. Uma praga que rouba a infância a 15 milhões de raparigas por ano • Moçambique na lista negra • Crises humanitárias potenciam riscos • Lei portuguesa prevê penas de prisão
• Palestina: Presidente Abu Mazen defende cristãos do Médio Oriente
22 | MÃOS À OBRA Aulas de pintura tiram jovens das ruas
• Coreia do Sul: Cardeal Yeom advoga compaixão de Buda para o país
23 | IMAGENS DE MISERICÓRDIA
• Etiópia: El Niño pode matar seis milhões de crianças
10 | A MISSÃO HOJE Viver como missionários da Consolata na Europa de hoje 11 | PERFIL SOLIDÁRIO Ideias que mudam vidas
TAREFAS PARA HOJE: ATUALIZAR A ASSINATURA DA FÁTIMA MISSIONÁRIA
24 | GENTE NOVA EM MISSÃO Cuidar da casa comum 26 | TEMPO JOVEM Consolar é preciso 28 | SEMENTES DO REINO Como vaso de alabastro 30 | VIDA COM VIDA Leva-me, Senhor! 31 | LEITORES ATENTOS 32 | GESTOS DE PARTILHA 33 | O QUE SE ESCREVE 34 | MEGAFONE
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editorial
Fonte de misericórdia O Santuário de Fátima acolhe, de 10 a 12 de junho, o IV Congresso Eucarístico Nacional, que terá como tema “Viver a Eucaristia, fonte de Misericórdia”. Será um momento privilegiado para aprofundar a riqueza deste ano jubilar, na sua relação com a Eucaristia e a Mensagem de Fátima. Viver a Eucaristia é entrar na escola de Jesus e aprender a ter um coração aberto, donde jorre bondade, ternura, misericórdia e compaixão, tal como o dele, capaz de acolher e compreender. Um coração missionário, onde caiba a humanidade inteira. Perguntaram um dia a um bispo: “Quantos são os que vão à missa na sua diocese?” Respondeu: “Não me interessa saber quantos vão à missa, mas como saem aqueles que lá vão”. De facto, a missa deveria ser uma verdadeira escola de solidariedade e de misericórdia. Ainda há bem pouco tempo, o Papa Francisco exortava a aprender que “a Eucaristia não é um prémio para os bons, mas é força para os fracos, para os pecadores”. Dizia mais: “É o perdão, é o viático que nos ajuda a caminhar e nos leva à solidariedade com os demais”. Todos aqueles que são alimentados e nutridos pelo Corpo e Sangue de Cristo não podem ser indiferentes com os irmãos e irmãs que sofrem a fome, não só física, mas também “de amor, de imortalidade, de afeto, atenção, perdão, misericórdia”. Da fonte perene da Eucaristia brota toda a força e eficácia da ação missionária da
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Fátima Missionária
Igreja. “Dai-lhes vós de comer”, disse Jesus aos seus apóstolos. Ser cristão hoje é ser pão de quem tem fome. Dizia Pedro Casaldáliga, bispo emérito em Mato Grosso (Brasil), envolvido na defesa dos povos indígenas ameaçados pela violência dos latifundiários, que “a Eucaristia é ceia, jantar, comida, mesa, família, partilha fraterna, economia repartida, comensalidade, comunhão que se estabelece por Cristo e com Cristo, o qual nos possibilita uma comunhão com o Pai e com os irmãos e irmãs”. Isto é, a Eucaristia exige que a vida da sociedade humana seja diferente, que se supere o egoísmo e que haja comunhão entre as pessoas. Perguntava ele: “É possível comungar o corpo de Cristo, beber o seu sangue e depois ficar cuspindo no sangue dos irmãos?” São Paulo diria, escandalizado, aos coríntios: “Isso não é celebrar a ceia do Senhor”. Não anda longe deste pensamento um doutor da Igreja, São João Crisóstomo que, no século IV, teve a coragem de dizer: “De que serviria adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Primeiro dá de comer a quem tem fome, e depois ornamenta a sua mesa com o que sobra. Queres oferecer-lhe um cálice de ouro e não és capaz de lhe dar um copo de água?” São provocações para quem se abeira da Eucaristia e quer fazer dela uma fonte de misericórdia. Darci Vilarinho
“Dai-lhes vós de comer”, disse Jesus aos seus apóstolos. Ser cristão hoje é ser pão de quem tem fome
PONTO DE VISTA
UMA QUESTÃO DE DESIGUALDADE DE GÉNERO RAQUEL TAVARES . JURISTA .
“Imagine o que aconteceria se investíssemos mais nas raparigas, permitindo-lhes fazer escolhas, ganhar a vida dignamente, quebrar o ciclo da iliteracia, da falta de saúde, da pobreza, que as aprisiona e às suas comunidades” Graça Machel O casamento infantil, formal ou informal, compromete gravemente o gozo dos direitos humanos (DH) por milhões de pessoas de ambos os sexos em todo o mundo. Os dados disponíveis revelam, contudo, um impacto desproporcional nas mulheres e raparigas. Segundo a UNICEF, existiam em 2014 mais de 700 milhões de mulheres casadas antes dos 18 anos, um terço das quais antes dos 15. Todos os anos, casam cerca de 15 milhões de raparigas, frequentemente com homens muito mais velhos. Este é um problema à escala global, que afeta todos os países e culturas, mas as taxas mais elevadas registam-se na Ásia meridional e Africa subsaariana. A Índia apresenta quase um terço do total mundial. Segundo a ONU, estes casamentos são violações de DH e manifestações de desigualdade de género, refletindo normas sociais que perpetuam a discriminação contra as mulheres. Resultam de uma complexa interação de fatores como estereótipos de género, pobreza, práticas culturais enraizadas e necessidades de segurança. Habitual,
mas não exclusivamente, associados a situações de pobreza, são mais comuns nas zonas rurais e muitas vezes vistos como meio de garantir a subsistência económica das raparigas e assegurar a sua proteção. Estes casamentos podem ter um devastador impacto de DH: de restrições à autonomia das mulheres que aumentam a sua vulnerabilidade a todos os tipos de violência a situações enquadráveis nos conceitos de escravatura e práticas análogas. Têm também graves consequências ao nível da saúde e educação, como altas taxas de mortalidade materna e infantil muitas vezes associadas à gravidez precoce, maior vulnerabilidade a doenças sexualmente transmissíveis e obstáculos no acesso à educação, emprego e vida económica. Ajudam a perpetuar ciclos de pobreza, constituindo obstáculos a um desenvolvimento sustentável. Erradicar a prática do casamento infantil é um imperativo ético e de direitos humanos e vários agentes nacionais e internacionais têm vindo nos últimos anos a dedicar cada vez mais atenção ao problema. A ONU fixou a abolição desta prática como meta a atingir até 2030 no âmbito do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (Igualdade de Género). Espera-se que este novo impulso possa ajudar a tornar realidade as palavras de Desmond Tutu: “Deixem as meninas ser meninas. Não noivas”.
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horizontes
UMA LIÇÃO DE VIDA Texto | Teresa Carvalho Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Paulo representava segurança para a família. Precisavam dele para manter rentável a exploração agrícola – era Paulo que, às cinco da madrugada vendia os morangos no mercado. Assegurava a contabilidade e os contactos com fornecedores e com os técnicos da estufa. Acumulava tudo isto com o curso de engenharia agrícola. Nunca se queixava, mas o cansaço ia-se acumulando: o sono, os momentos de lazer estavam comprometidos. Agora, o curso estava a chegar ao fim. Para toda a família ele era motivo de um orgulho imenso: era o primeiro a fazer um curso superior. Paulo sabia-o e não se permitia dececioná-los. Queria tanto compensar os seus esforços que não se dava ao direito de ter dificuldades. A exigência que se impôs a si mesmo fazia a ansiedade disparar à medida que os últimos exames se aproximavam. Os medos que por vezes o faziam dizer em segredo “não consigo” voltaram com nova intensidade: não conseguia sequer pensar. Deixava os trabalhos por fazer ou fazia-os sem qualidade. Estava a prejudicar
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Fátima Missionária
os amigos do seu grupo de trabalho, Sara, Carlos e Nélia, com quem partilhava o estudo e os trabalhos práticos. Os três amigos perceberam o estado de Paulo e decidiram intervir. Começaram com uma conversa direta: – Paulo, sabes que somos teus amigos e que os amigos não querem ficar de fora na hora das dificuldades? – Que tipo de conversa é esta? A canção do coitadinho? – Não! (impôs-se o Carlos) – É a conversa de quem também tem medos, mas que sabe que podemos contar uns com os outros. É impressão nossa ou estás a deixar-te ficar para trás? Se é isso, queremos dizer-te que chegámos juntos até aqui, e assim continuaremos até concluir o que falta. Todos, sem exceção! – Nem tentem. Já estou muito atrasado. Só iriam prejudicar-se e eu nunca me perdoaria. Não consigo pensar, não consigo concentrar-me. Só me apetece ir para a estufa tratar dos morangos. –Só precisamos organizar-nos e dividir trabalho. Olha, falaste em morangos? Ótimo! Nós ajudamos na pesquisa e tu pagas-nos com morangos.
– Não sei se quero: vocês são tão comilões que ainda põem a família na miséria. Os quatro amigos ficaram ali, planeando, chorando e rindo, dizendo piadas para disfarçar as angústias e aproveitar os momentos reparadores que a amizade fazia acontecer. Nesse dia, Paulo conseguiu adormecer sem insónias. Sentia-se novamente capaz de tudo. Quanto agradecia ter amigos atentos, capazes de acertar o passo com ele, puxando-o para que ele não ficasse para trás. Quererem ouvir os seus medos, e em conjunto definirem um plano de ação viável, permitiu a Paulo readquirir a confiança que o fazia ser capaz de lutar pelos seus sonhos. Insistiria até conseguir, não só pela família, mas pelos amigos também – e, afinal, por si mesmo! Porque era isto que queria e para isto se esforçava. O ano chegou ao fim. Nas pautas finais, lia-se o nome dos quatro amigos na coluna dos finalistas. Foram em grupo ver os resultados. A alegria não tinha medida: saltos, abraços, tudo expressava a felicidade da vitória conseguida. Este êxito, deixou gravada na história de cada um deles o Diploma da Amizade.
destaque Colonialismos da era da globalização
Qual o preço da terra onde vivo? Texto | CARLOS CAMPONEZ Foto | ARQUIVO FM
Imaginemos a situação: vivemos no local onde também nasceram e morreram os nossos antepassados. Nós queremos preservá-lo, por razões éticas, culturais e porque é a terra da qual dependemos para viver. Porém, existe uma grande fortuna internacional que está interessada nessas terras, para as quais apresenta uma oferta em dinheiro que faz hesitar o governo, o qual admite até retirar-nos da região. Estranho? O povo Masai, uma tribo seminómada do Quénia e do norte da Tanzânia, há vários anos que disputa a sua sobrevivência entre parques naturais, concessões de reserva de caça e de terras para a agricultura e a pastorícia intensiva. Edward Loure, membro de uma comunidade masai que foi deslocada nos anos 70 por causa da criação de um parque nacional, recebeu em abril, em São Francisco, o prémio Goldman para o Ambiente, devido à criação de um mecanismo destinado a proteger estes territórios ancestrais e criar espaços ecologicamente protegidos, dedicados à conservação da biodiversidade. O sistema consiste na atribuição de certificados de proteção, os dois primeiros dos quais foram concedidos em 2011 e 2014 pelas autoridades da Tanzânia. Desde então, mais de 90.000 hectares de terrenos estão abrangidos por este sistema, pretendendo-se que eles se alarguem proximamente a um total de 283 mil hectares. Há dois anos, as organizações humanitárias acusaram o governo tanzaniano de pretender reatar um projeto de deslocação de uma comunidade masai, para ceder 1.500 quilómetros quadrados de terreno a uma empresa dos Emiratos Árabes Unidos, que tencionava fazer uma reserva de caça. O principal objetivo de Edward Loure é criar um sistema
O povo Masai, uma tribo seminómada do Quénia e do norte da Tanzânia, há vários anos que disputa a sua sobrevivência entre Parques Naturais, concessões de reserva de caça e de terras para a agricultura e a pastorícia intensiva
alternativo que defenda o seu povo destas arbitrariedades do dinheiro e do poder.
Novas formas de colonialismo
Situações como as que têm vivido os masai, multiplicam-se em várias regiões do mundo, já não por questões
de reservas de caça, mas devido à exploração agroalimentar. Países como a China, a Coreia do Sul e a Arábia Saudita têm arrendado terrenos noutras regiões do mundo para aí produzirem os recursos agrícolas escassos que, por várias razões, não podem fazer em solo nacional. Um dos casos mais conhecidos foi o projeto da Daewo que arrendou, por 99 anos, 1,3 milhões de hectares de terrenos destinados a agricultura, em Madagáscar, representando cerca de metade da terra arável do país. Os protestos que o caso suscitou levaram à queda do Presidente Marc Ravalomanana, em março de 1997 e, posteriormente, ao cancelamento do contrato. No entanto, outros contratos foram celebrados em vários países da Ásia, de África e da América Latina. Seja por razões turísticas, como no Quénia e na Tanzânia, seja por razões alimentares, em dezenas de outros países do mundo, este procedimento põe em causa as formas de organização das populações locais e já é considerado pelos mais críticos como a nova forma de colonialismo, surgida na era da globalização.
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mundo missionário
por E. assunção
África do Sul
Jovens sem emprego bomba relógio
“O desemprego juvenil põe em risco a segurança do nosso país e a estabilidade da vida da nossa família”, adverte a Comissão Justiça e Paz da África do Sul. “É uma bomba-relógio prestes a explodir entre nós”. Abel Gabuza, presidente da Conferência Episcopal sul-africana, pede ao governo medidas “urgentes e concretas”. De um modo especial requer uma nova política salarial que incentive o emprego dos jovens. No quadro da situação atual, o desemprego juvenil tem vindo a aumentar, não obstante as necessidades de emprego que o país regista. Além disso, a Comissão Justiça e Paz afirma que o desemprego
juvenil deriva de um problema com raízes mais profundas: “É o sintoma de um capitalismo desenfreado que criou uma crise económica global que os próprios capitalistas se mostram incapazes de resolver”. O bispo Abel Gabuza, presidente da referida Comissão, avisa que “num mundo em que a dignidade do trabalho está subordinada ao poder do lucro criamos uma sociedade do desperdício, em que se perde o profundo respeito da dignidade do trabalho e onde a juventude e os idosos são reduzidos aos custos de produção que facilmente podem ser eliminados quando é necessário”.
Etiópia
El Niño pode matar seis milhões de crianças
As Nações Unidas calculam que 15 milhões de etíopes sofrem de fome por causa da seca na região compreendida entre a Oromia e a região Somali. Um terço desta população já está gravemente desnutrida, devido à perda das culturas e morte do gado. Entre outubro de 2015 e abril de 2016 terão morrido 450 mil cabeças de gado. As principais vítimas são as crianças que se veem privadas do leite para a sua alimentação. Devido ao fenómeno El Niño,
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Fátima Missionária
a seca tornou-se persistente e os terrenos estão a morrer, deixando a população sem água e sem alimentação, atingindo seis milhões de crianças, sem contar os adultos. As terras outrora férteis tornaram-se completamente áridas. “Os agricultores veem as suas culturas de papaia, tomate, melancia, batata, cebola, pimentos e pepinos a secar. Ovelhas, cabras, vacas e camelos andam errantes sem destino”, narra um missionário da região. “Umas 260 famílias de origem somali que sempre viveram na Etiópia, na região da Oromia, estão agora a passar pela mais grave crise humanitária”. Conta o missionário que, um dia, foi chamado a participar numa assembleia de 150 homens e mulheres e o governador disse-lhe: “Padre, sabemos que só você e a Igreja nos podem ajudar nesta crise. A cidade de Gode está cheia de refugiados internos, que fogem da seca e da carestia. Estão famintos, esgotados e apavorados”. Juntamente com a organização das Nações Unidas para a alimentação – FAO – organizaram uma coluna de camiões com 29 toneladas de arroz, óleo, soja, farinha, leite em pó e milho para levar o primeiro socorro a estas populações.
MUNDO MISSIONÁRIO UNICEF
CRISE HUMANITÁRIA PRIVA 75 MILHÕES DE CRIANÇAS DE IR À ESCOLA
Um estudo recente da UNICEF – organização das Nações Unidas para a infância – revelou que 75 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar, dos países que enfrentam uma crise humanitária, estão privadas de escola. Na faixa do ensino primário e secundário, as crianças que não vão à escola
por causa da guerra ou de outras causas são mais de 37 milhões. Só na Síria há seis mil escolas fechadas, na Nigéria e nos Camarões 1.800 centros de ensino não funcionam, e por aí adiante. Para enfrentar este grave problema, pretende-se recolher 3,5 milhões de euros para financiar programas escolares para cinco anos.
PALESTINA
PRESIDENTE ABU MAZEN DEFENDE CRISTÃOS DO MÉDIO ORIENTE
“É nosso dever e nossa missão” defender a presença cristã na Palestina e em todo o Médio Oriente. Deste modo o Presidente palestiniano Abu Mazen reafirmou o seu compromisso de honrar este dever em benefício da unidade e do bem comum de todo o povo palestiniano. Abu Mazen repetiu o seu empenho numa mensagem dirigida aos cristãos por ocasião da Páscoa ortodoxa, que se celebrou no princípio de maio. O Presidente palestiniano lembrou o acordo entre a Santa Sé e o Estado palestiniano, assinado em junho de 2015 e que entrou em vigor no início
de 2016, como um sinal positivo dos últimos tempos sobre a presença cristã na Terra Santa.
COREIA DO SUL
CARDEAL YEOM ADVOGA COMPAIXÃO DE BUDA PARA O PAÍS
“A nossa sociedade está repleta de conflitos e divisões”, lamenta o cardeal Andrew Yeom, arcebispo de Seul, Coreia do Sul. “Neste momento difícil suplico que a misericórdia e a compaixão de Buda sejam concedidas em abundância à nossa sociedade”. Numa carta enviada à comunidade budista, por ocasião do 2560° aniversário do nascimento de Buda, o cardeal augura que o ensinamento e o amor de Jesus e de Buda “possam ser acolhidos por todos e que as nossas duas religiões
possam caminhar juntas no caminho da verdade para iluminar as pessoas e construir uma sociedade de paz e bem-estar”. A Igreja Católica na Coreia – com 10 por cento da população – mantém boas relações inter-religiosas com os líderes e fiéis budistas – 22 por cento da população sul coreana. Além de atividades e encontros inter-religiosos, o cardeal Yeom e o venerável Jaseung têm o hábito de trocar mensagens por ocasião do nascimento de Buda e do Natal cristão.
TOBIAS OLIVEIRA MISSIONÁRIO PORTUGUÊS DA CONSOLATA EM ROMA
TURISTAS OU PEREGRINOS Escrevo por ocasião do 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais para o qual o Santo Padre convida a um encontro profundo entre comunicação e misericórdia, e noto que poucos são os órgãos de comunicação social que se esforçam por promover esse encontro. A tal propósito não me passou despercebida a notícia veiculada há dias por alguma imprensa italiana na qual os gerentes da alta hotelaria romana anunciavam um aumento de clientela e informavam também que isso nada tinha a ver com o jubileu. Não duvido que assim seja até porque quem vem como peregrino para encontrar paz e misericórdia não escolhe alojar numa estrutura de cinco estrelas. A razão pela qual a notícia me chamou a atenção foi o facto de eles não mencionarem as razões pelas quais os seus clientes vêm a Roma, mas sim a razão pela qual eles cá não vêm. Estou aqui desde há alguns anos e posso testemunhar que o número de peregrinos que se reúnem na praça de São Pedro às quartas e domingos não dá sinais de diminuir. Podem outros vir a Roma por outros motivos, mas os que colocam o Ano Santo no centro da sua visita continuam a ser uma verdadeira multidão. Que o Senhor lhes conceda misericórdia e perseverança.
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a missão hoje Da memória à ação
Viver como missionários da Consolata na Europa de hoje Texto opinião | Ugo Pozzoli* Foto | ANA PAULA
Há dois anos, os missionários e as missionárias da Consolata promoveram em todas as suas comunidades espalhadas pelo mundo um ano especial dedicado ao beato José Allamano. O objetivo desta iniciativa, que se concretizou em diversas atividades, consoante o país e as circunstâncias, era descobrir um vínculo efetivo com as próprias raízes e, em particular, com a pessoa do fundador, para evitar o risco de deixar oxidar a relação vital com a sua própria história. Ao fazer parte dos Missionários da Consolata, cada um de nós é chamado a viver uma relação especial com o Instituto, uma relação que Allamano sempre considerou de família, que não pode ser banalizada e narcotizada na rotina quotidiana, mas deve ser continuamente revitalizada no tempo. Hoje somos chamados a redescobrir os seus traços mais característicos e a vivê-la de um modo apaixonado e envolvente através do trabalho missionário. Se esta reflexão é válida para todos os continentes onde trabalhamos, revela-se mais urgente na Europa, por causa da profunda transformação que o continente está a viver e que oferece pontos de enorme interesse para a
Sem querer ser irreverentes, hoje teremos de pensar sobre como remover o beato Allamano do túmulo em que foi encerrado e venerado, para o projetarmos, sem muitas palavras mas através da nossa vida e das nossas opções, nas periferias geográficas e existenciais de Portugal, Espanha, Itália e Polónia, países europeus onde trabalhamos 10
Fátima Missionária
reflexão sobre a missão. Durante vários anos, a Europa foi o baú do tesouro da nossa tradição. Sem querer ser irreverentes, hoje teremos de pensar sobre como remover o beato Allamano do túmulo em que foi encerrado e venerado, para o projetarmos, sem muitas palavras mas através da nossa vida e das nossas opções, nas periferias geográficas e existenciais de Portugal, Espanha, Itália e Polónia, países europeus onde trabalhamos. Por isso, somos chamados a cultivar uma dupla espiritualidade, começando pela memória. Aqui nascemos, aqui o Instituto deu os primeiros passos, aqui se desenvolveu e a partir daqui viveu a sua missão, dedicando-se à animação missionária da Igreja local, em busca de apoios e de vocações missionárias. Também a Europa teve os seus grandes missionários que com zelo e paixão dedicaram as suas vidas à missão através dessas atividades. Redescobrir a figura de Allamano sacerdote na Europa e a desses irmãos que continuaram o seu espírito é a primeira tarefa que nos propomos. Provavelmente seremos anões aos ombros de gigantes, como dizia o filósofo Wittgenstein referindo-se aos grandes filósofos da
perfil solidário
antiguidade, mas do topo desses ombros robustos que nos sustêm queremos continuar a olhar para longe. Mas a memória terá que ser ligada à ação, tentando descobrir o modo de traduzir em atitudes concretas o espírito do Missionário da Consolata, em contexto europeu. Precisamos de narrar mais as muitas experiências de consolação e anúncio que hoje continuamos a propor nas igrejas europeias onde nos encontramos. A nossa presença em bairros marginais, a abertura de algumas das nossas casas a refugiados e imigrantes, as múltiplas atividades de consolação para curar o homem de hoje ferido pela solidão e por se sentir frequentemente a escória da sociedade, a proximidade com os jovens que estão à margem da vida da Igreja, mas nunca como agora necessitados de alguém que lhes fale de Deus… tudo isso nos ajuda a redescobrir a vocação de missionários da primeira evangelização nos países que estão a tornar-se um terreno fértil para reencontrar a nossa vocação original: o primeiro anúncio. * Conselheiro Geral IMC
Ideias que mudam vidas Texto | FP
Ainda em criança, deixou-se encantar com as histórias sobre África que o avô lhe contava. Mais tarde, já adulta, ao encanto juntou-se-lhe um aperto no coração, de cada vez que ouvia os seus alunos africanos falarem da dura realidade que enfrentaram nos seus países de origem, durante as aulas no Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas do Norte, na Maia. Era preciso fazer alguma coisa, mas não bastava encher contentores com bens para distribuir. O ideal seria exportar ideias que melhorassem as condições de vida dos africanos, ensinando-os a executá-las. Encontrados os objetivos, restava pôr as mãos à obra. Foi o que fez Inês Rodrigues, 39 anos. Criou a organização não governamental Educafrica, em 2011, rodeou-se de uma equipa de voluntários e pôs em marcha o projeto Tabanca Solar, um sistema de energia e iluminação sustentável, que já chega a mais de 5.000 pessoas de cinco aldeias remotas da Guiné-Bissau. O projeto consiste na utilização de garrafas de água para iluminar as habitações, construção de fornos solares e criação de desidratadores solares para secar e conservar frutas e legumes, num país em que 70 por cento da população não tem acesso a eletricidade. O impacto da campanha foi tal que a Fundação Yves Rocher decidiu elegê-la recentemente como vencedora da 7ª edição do Prémio Terre de Femmes, um concurso que distingue todos os anos mulheres eco-cidadãs.
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a missão hoje
Cracóvia abre portas aos jovens de todo o mundo Entre os dias 26 e 31 de julho deste ano terá lugar a 31ª edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Conforme o desejo do Papa Francisco, o evento será acolhido em Cracóvia - antiga capital da Polónia e um dos seus mais importantes centros culturais e administrativos. Texto | Jacek Baginski* Foto | DR
Os objetivos da JMJ passam por oferecer aos jovens uma experiência da vivência comunitária em escala universal
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Fátima Missionária
A génese da JMJ remonta ao Domingo de Ramos de 1984. Um ano mais tarde, na Páscoa de 1985, a convite do Papa, chegaram a Roma cerca de 350 mil jovens de todo o mundo – marco que pode ser considerado como início desta nova tradição. A história da JMJ está intimamente ligada ao carisma de João Paulo II que, desde o início do seu pontificado, demonstrou especial predileção pelos jovens. Considera-se, oficialmente, que a JMJ foi constituída em 20 de dezembro de 1985 – data em que João Paulo II expressou o desejo de que se realizasse com regularidade: cada ano, no Domingo de Ramos, no âmbito das dioceses e, cada dois ou três anos, num lugar designado pelo próprio Papa, como evento mundial.
misericórdia: “Benditos os misericordiosos porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). Serão acompanhados por dois símbolos: pela Cruz da JMJ e o Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, entregues pelo Papa Francisco aos jovens da Polónia no dia 13 de abril de 2014 e que, desde então, percorrem todas as dioceses da Polónia e de alguns países da Europa de Leste. Antes da chegada a Cracóvia, os jovens poderão participar, durante uma semana, em atividades organizadas em 43 dioceses e que visam uma melhor integração cultural e religiosa no contexto do país. A segunda semana, chamada “Acontecimento Central”, decorrerá na cidade de Cracóvia, englobando catequeses, festival jovem, via-sacra, vigília e encontro com o Papa, assim como a Eucaristia de encerramento em que será anunciado o lugar da próxima JMJ. São esperados 300 mil jovens vindos de todo o mundo na primeira semana e cerca de dois milhões nos últimos dois dias.
Os objetivos da JMJ passam por oferecer aos jovens uma experiência da vivência comunitária em escala universal, por meio da escuta da Palavra, da celebração dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia e da participação no anúncio de Jesus Cristo.
É notória a intensidade e a alegria com que todo o país está a viver os preparativos. Nas paróquias, nas igrejas, mas também nos espaços públicos e nos meios de comunicação social as referências à JMJ são uma constante. A organização tem recebido apoio de diversos setores de âmbito social, cultural e até político. Estão reunidas as condições para que a JMJ em Cracóvia seja um acontecimento marcante e inesquecível.
O Santo Padre propõe um tema para reflexão. Este ano, será sobre o valor da
*Diretor do Secretariado Diocesano das Missões e das Obras Missionárias Pontifícias
FÁTIMA INFORMA
Peregrinação das Crianças por um “mundo melhor” Registar as boas ações para oferecer em Fátima. É esta a missão dada pelo santuário aos pequenos peregrinos. O objetivo é motivar as crianças a contribuirem “para que o mundo seja melhor” Texto | JULIANA BATISTA Foto | ANA PAULA
Oferta de balões a Nossa Senhora, visitas aos locais das aparições do Anjo de Fátima e uma encenação, são elementos que vão compor a 38ª Peregrinação Nacional das Crianças ao Santuário de Fátima, dias 9 e 10 de
junho. O lema deste ano – “Deus está contente!” – recorda a aparição de Nossa Senhora a 13 de setembro de 1917, em que disse aos pastorinhos: “Deus está contente com os vossos sacrifícios”. Para uma melhor preparação para a peregrinação, o santuário convidou os jovens a registarem em pequenos balões de papel algo que possa deixar Deus contente, como por exemplo, uma boa ação. Os registos deverão depois ser colocados numa pequena caixa de papel e entregues a 10 de junho, dia da celebração Eucarística da peregrinação, que será presidida por José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda. O santuário espera que esta dinâmica ajude as crianças a contribuirem “para que o mundo seja melhor”. Criada há mais de 30 anos, a Peregrinação das Crianças é atualmente uma das maiores e das mais importantes peregrinações ao Santuário de Fátima, apenas superada pelas peregrinações internacionais de maio e outubro. A jornada reúne todos os anos milhares de crianças de várias zonas do país e também do estrangeiro.
Cultura e economia
A 12.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura realiza-se dia 4 de junho, na casa Domus Carmeli, em Fátima. O encontro servirá para analisar os vínculos e as implicações que resultam dos múltiplos cruzamentos entre a cultura e a economia.
Música na basílica
O músico António Mota dá um concerto de órgão dia 5 de junho, entre as 15h30 e as 16h30, no Santuário de Fátima. O organista vai
fazer uma abordagem a 100 anos de música contemporânea. O espetáculo insere-se no ciclo de órgão inaugural da Basílica de Nossa Senhora do Rosário.
Misericórdias em peregrinação
A Peregrinação Nacional das Santas Casas de Misericórdia ao Santuário de Fátima está agendada para o próximo dia 25 de junho. A jornada decorre no âmbito do Ano Santo da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco.
Agenda
JUNHO DIA 5
Peregrinação da Família Dehoniana
DIA 16 e 17 Peregrinação das Forças Armadas e de Segurança DIA 18 e 19 Peregrinação dos Missionários da Boa Nova
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Cardeal de Cracóvia relembra forte ligação de João Paulo II a Fátima 14
Fátima Missionária
atualidade
Stanislaw Dziwisz foi durante quatro décadas o secretário pessoal de João Paulo II, começando em 1966 quando este era ainda Karol Wojtyla, arcebispo de Cracóvia. Agora prepara-se para receber na Polónia o Papa Francisco, que virá em finais de julho para a Jornada Mundial da Juventude Texto e Foto | Leonídio Paulo Ferreira*, em Cracóvia
“Venham. A Polónia é um país seguro, hospitaleiro e amigável”, desafia o cardeal de Cracóvia aos jovens portugueses, desejando o maior número possível de peregrinos durante a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza na grande cidade do sul da Polónia, entre 26 e 31 de julho. Stanislaw Dziwisz conhece bem Francisco, que visitará Cracóvia durante o evento, pois esteve no conclave que elegeu o Papa argentino em 2013, mas nada se compara à relação que teve com os dois imediatos antecessores, o alemão Bento XVI que o fez cardeal, e sobretudo João Paulo II, seu compatriota e de quem foi durante quatro décadas o secretário pessoal, incluíndo durante os 27 anos de pontificado. Não só foi uma das poucas pessoas citadas no testamento do Papa polaco, que morreu em 2005, como no funeral colocou um véu de seda sobre o rosto do velho amigo antes deste ser sepultado. Há muita gente na Polónia, e no Vaticano, que descreve a relação entre ambos como se fosse entre um pai, Karol Wojtyla, e um filho, Dziwisz. Tinham 19 anos de diferença. O cardeal, que em abril fez 76 anos, conversa com um grupo de jornalistas estrangeiros no palácio do arcebispo de Cracóvia, um edifício no centro histórico da cidade que está muito ligado à vida de João Paulo II. Não só o falecido Papa ali foi ordenado, viveu e trabalhou muitos anos, como durante as visitas à Polónia, já como chefe da Igreja Católica, fez questão de lá ir e a partir da janela no primeiro andar falar aos crentes que se acumulavam
nas ruas. Essa janela fica na sala onde estamos e segundo o cardeal de Cracóvia também Francisco deverá usá-la para falar aos polacos, alguns milhares, pois a rua não é grande. “Mas está prevista uma missa no último dia, num espaço aberto, onde se espera que dois a três milhões de peregrinos se juntem para ouvir o Papa”, acrescenta. Será a 31 de julho, numa zona periférica de Cracóvia, na fronteira com o município de Wieliczka, famoso pela antiga mina de sal que contém várias igrejas no subsolo. O cardeal, que nasceu meses antes do início da Segunda Guerra Mundial, viu o pai morrer quando era criança, um ferroviário atropelado por um comboio pouco depois do fim do conflito. Corajosa, durante a ocupação alemã a família Dziwisz acolheu um judeu, protegendo-o da perseguição dos nazis, que construíram vários campos de concentração na Polónia, entre eles Auschwitz, não muito longe de Cracóvia. Quinto de sete filhos, o atual cardeal Dziwisz sentiu a vocação como muitos outros polacos e foi ordenado padre em 1963, pelo então bispo auxiliar Wojtyla. Três anos depois, Wojtyla já arcebispo de Cracóvia pediu-lhe para ser o seu secretário pessoal, a tarefa dos 39 anos seguintes. Em 1978, acompanhou Wojtyla até Roma para o conclave que elegeu João Paulo I e voltou um mês depois para, na sequência da morte súbita do Papa, assistir à eleição do amigo e protetor. Crê-se que João Paulo II desejava muito nomear o seu secretário pessoal para arcebispo de Cracóvia
(que dá direito por tradição a ser cardeal), mas acabou por ser Bento XVI a dar-lhe os dois títulos, provavelmente por saber que o antecessor o tinha desejado e agora o lugar estava vago. Desde 2005, então, Dziwisz é arcebispo da antiga capital polaca e desde 2006 também cardeal. À frente do clero de um país de forte tradição católica, espera que venha gente “de mais de 180 países à Jornada Mundial da Juventude” e que seja “uma oportunidade para os jovens celebrarem a vida espiritual”. Por várias vezes em Portugal, até já como cardeal, Stanislaw Dziwisz recebeu também em Cracóvia, em 2008, o então Presidente português, que se encontrava de visita oficial à Polónia. A conversa, na altura, teve muito que ver com a relação de João Paulo II com Fátima e desta vez, com jornalistas portugueses presentes, também assim foi. “João Paulo II dizia-me sempre que Fátima lhe salvou a vida” conta o cardeal, referindo-se ao atentado em Roma, a 13 de maio de 1981. O Papa polaco fez questão depois de vir a Portugal, ao santuário, para agradecer. Na sala, um quadro mostra João Paulo II. Percebe-se a grande adoração dos polacos por Karol Wojtyla, que muito ajudou à democratização do país ao desafiar o regime comunista e apoiar o movimento Solidariedade. Mas no caso do cardeal Dziwisz, não se trata só de admiração quando fala do falecido Papa. Dir-se-ia que sente saudades daquele que era um grande amigo. *jornalista do DN
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Casamento infantil 16
Fรกtima Missionรกria
DOSSIER
Uma praga que rouba a infância a 15 milhões de raparigas por ano É um dos maiores flagelos a nível mundial em matéria de violação de direitos humanos. Todos os anos, 15 milhões de meninas são obrigadas a tornar-se esposas, muito antes de se tornarem mulheres. As consequências podem ser desastrosas para o seu desenvolvimento Texto | FRANCISCO PEDRO Fotos | LUSA
Maria tinha apenas 13 anos quando a vida e as tradições do seu país, o Burkina Faso, lhe pregaram uma partida. O pai obrigou-a a casar com um homem de 70 anos, que já tinha cinco mulheres, e não lhe deixou margem de manobra para recusar. “Ameaçou-me, e disse que se eu não me juntasse ao meu marido, me matava”, contou a menina aos investigadores da Amnistia Internacional (AI). Encurralada, encheu-se de coragem e fugiu de casa. Caminhou a pé, durante vários dias, para cumprir os quase 170 quilómetros que a separavam de um abrigo para sobreviventes de casamentos forçados, em Kaya, no nordeste do país. Maria livrou-se de um destino que tinha tudo para ser madrasto, mas nem todas as adolescentes apanhadas nas malhas dos casamentos precoces têm a mesma sorte. Por dia, cerca de 41 mil menores de 18 anos são forçadas a casar em todo o mundo, e até ao final deste ano, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que mais de 15 milhões de meninas sejam obrigadas a contrair matrimónio, antes de atingirem a maioridade. Se a atual tendência se mantiver, a agência da ONU prevê
que, até 2030, o número de meninas e mulheres que se casaram ainda crianças chegue a um bilião. São cifras demasiado altas e preocupantes, tendo em conta que o casamento infantil é uma violação dos direitos das mulheres. “Meninas que se casam ainda crianças estão mais propensas a abandonarem a escola, a serem vítimas de violência doméstica, a contraírem Sida e a morrerem vítimas de complicações durante a gravidez ou o parto, pois o seu corpo normalmente não está pronto para dar à luz. Além disso, este tipo de união é danosa para a economia e fomenta ciclos inter-geracionais de pobreza”, alertam os responsáveis da UNICEF. O caso do Burkina Faso, retratado no mais recente relatório da AI sobre casamentos forçados, é paradigmático. Em algumas regiões, mais de metade das raparigas casam antes de fazerem 18 anos. “São demasiadas raparigas que não têm controlo sobre as suas próprias vidas, a quem é negado o direito de escolha, de quando e com quem casar. Isto tem de acabar. Nem familiares nem a comunidade em geral devem poder tomar decisões sobre o corpo de uma rapariga, nem negar-lhe a
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Um terço dos casamentos precoces a nível mundial realiza-se na Índia
oportunidade de cumprir os sonhos e esperanças que tem para o seu futuro”, destaca o diretor regional da organização para a África
Ocidental e Central, Alioune Tine. Ao abrigo da lei do Burkina Faso, as raparigas devem ter pelo menos 17 anos para poder contrair
matrimónio. Porém, mais de metade – cerca de 51,3 por cento – das jovens entre os 15 e os 17 anos, que vivem da região de Sahel, no
Moçambique na Uma em cada duas raparigas moçambicanas é atingida pelo casamento precoce, o que faz do país africano um dos que têm das taxas mais altas a nível mundial, no que toca ao matrimónio infantil. O Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) considera mesmo que este é um dos problemas mais graves de desenvolvimento humano em Moçambique, que continua a ser ignorado no âmbito dos desafios de crescimento que o país persegue. As práticas socioculturais dominantes e a pressão económica exercida sobre os agregados 18
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há organizações que não desistem de combater o casamento infantil, quer a nível global, quer local. No último Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, os especialistas do UNFPA e da UNICEF anunciaram a criação de um novo programa de acção, a desenvolver em 12 países da África, Ásia e Médio Oriente
norte do país, já estão casadas. Com estas uniões, as famílias das raparigas, por norma, procuram consolidar alianças familiares,
adquirir estatuto social, ou receber em troca alguns bens, dinheiro, ou prestação de serviços. Segundo a AI, em algumas regiões
lista negra familiares mais pobres continuam a incentivar os casamentos de raparigas cada vez mais novas, e sem maturidade quer para uma vida de casal, quer para engravidarem e exercerem o seu papel de esposas e mães. Mesmo assim, muitas engravidam precocemente, colocando em risco a sua saúde e a sobrevivência dos filhos. Quando assim acontece, a primeira coisa que abandonam é a escola. Atendendo aos dados relacionados com a proporção de raparigas com idades entre os 20 e os 24 anos que
se casaram antes da maioridade, Moçambique figura no 10º posto da lista de países mais afetados pelos casamentos prematuros. Grande parte destes matrimónios, segundo a UNICEF, são uniões de facto não registadas legalmente, mas formalizadas através do pagamento do tradicional “lobolo” (o equivalente ao dote) à família da noiva. As estatísticas mais recentes estimam que 48 por cento das raparigas moçambicanas com idades entre os 20 e os 24 anos casaram antes dos 18 anos, e 14 por cento antes de atingir os 15 anos.
é comum ainda a prática da “mulher bónus”, em que a noiva leva com ela uma sobrinha para integrar a família do marido, na qualidade de “rapariga adicional” para ser casada. Isso mesmo testemunhou Céline, de 15 anos, outra das adolescentes que conseguiu fugir a um futuro que não tinha escolhido, no dia da boda em que deveria casar com um familiar do marido da tia. “Eu não queria casar com aquele homem. A minha tia disse-me que se eu fugisse me destruiria. Fugi, mas quando cheguei à aldeia a minha própria família recusou receber-me”, conta a adolescente. Na Índia, o cenário é ainda mais chocante. É ali que se realiza um terço dos casamentos de menores, a nível mundial. Recentemente foi posto a circular na internet um vídeo, feito às escondidas, que documenta a prática dos matrimónios precoces em Chittorgarh, na província de Rajasthan, no norte do país. As imagens rapidamente se tornaram
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“Vamos trabalhar com os governos dos países com alta prevalência de casamento infantil para defender os direitos das adolescentes, de modo que elas possam alcançar o seu potencial e os países possam atingir as suas metas de desenvolvimento social e económico”
Apesar dos apelos das organizações internacionais, os progressos no combate ao matrimónio infantil são ainda muito ténues
virais. Mostram os rituais de um festival hindu, onde meninas de 10 anos, ou menos, são repreendidas pelos ministros da celebração, por estarem a chorar. É visível ainda uma pequena ‘esposa’, de apenas cinco anos, vestida de noiva, a dar as sete voltas da praxe a uma fogueira, ao lado do seu futuro marido, de 11 anos. Mudança geográfica Babatunde Osotimehin, diretor-executivo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês), é perentório, quando chamado a pronunciar-se sobre o tema: “Escolher quando e com quem casar é uma das decisões mais importantes da vida. O casamento infantil nega essa escolha a milhões de meninas, todos os anos”. E os progressos alcançados até agora no combate ao matrimónio forçado também não se revelam muito animadores. Se os índices atuais perdurarem, o número total de meninas noivas em África pode 20
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aumentar de 125 milhões para 310 milhões, até 2050. Ou seja, o continente africano arrisca-se
a ultrapassar o sul da Ásia como a região com o número mais elevado de mulheres entre os 20
Crises humanitárias potenc As crises humanitárias e as catástrofes naturais estão a fazer aumentar o número de casamentos infantis em várias partes do mundo. Os conflitos armados, as inundações, a seca, os terramotos ou as lutas ditatoriais pelo poder, deixam as famílias em situação de vulnerabilidade, que, em situação de desespero, não encontram outra alternativa senão entregar as filhas para o matrimónio. Segundo a organização “Girls not Brides” (Meninas, não noivas, em português), uma rede global que
agrega mais de 500 estruturas da sociedade civil em cerca de 60 países, em torno do combate ao casamento infantil, só nos campos de refugiados sírios na Jordânia este flagelo mais do que duplicou nos últimos anos. De uma taxa de 12 por cento, passou-se para 25 por cento. E a tendência parece ser igual nos campos de refugiados no Iraque e no Líbano. “As situações de emergência são um duro golpe para numerosas famílias que estavam já à beira do abismo. Elas perturbam
proveniente do quinto mais pobre da sociedade vir a casar na infância ser tão forte hoje como o era há 25 anos.
e os 24 anos de idade que terão casado na infância. E manter-se-á a probabilidade de uma rapariga
ciam riscos o frágil equilíbrio e deixam os pais em desespero para sobreviver, impedindo-os de proteger os filhos. Dar as filhas em casamento acaba por ser o seu último recurso. É por isso que os governos não podem simplesmente estabelecer compromissos para acabar com o casamento infantil, devem também arranjar soluções para ajudar as meninas e as suas famílias”, alerta Selon Lakshmi Sundaram, diretor executivo da “Girls not Brides”.
Ainda assim, há organizações que não desistem de combater o casamento infantil, quer a nível global, quer local. No último Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, os especialistas do UNFPA e da UNICEF anunciaram a criação de um novo programa de ação, a desenvolver em 12 países da África, Ásia e Médio Oriente. A campanha conta com o apoio do Canadá, Itália, Holanda, Reino Unido e União Europeia, e foi apresentada como fazendo parte de um amplo esforço para evitar que meninas se casem muito novas e apoiar as que já se casaram. No essencial, as duas agências da Nações Unidas esperam explorar estratégias já testadas e comprovadas, como o aumento do acesso das adolescentes à educação e a serviços de saúde, a consciencialização dos pais e das comunidades para os perigos do casamento precoce, o aumento do apoio económico às famílias e o fortalecimento e cumprimento de leis que estabeleçam 18 anos como idade mínima para o casamento. “Vamos trabalhar com os governos dos países com alta prevalência de casamento infantil para defender os direitos das adolescentes, de modo que elas possam alcançar o seu potencial e os países possam atingir as suas metas de desenvolvimento social e económico”, promete o diretor-executivo do Fundo de População das Nações Unidas.
Lei portuguesa prevê penas de prisão O matrimónio contraído de forma involuntária passou a ser considerado crime em Portugal, em setembro do ano passado, por força da entrada em vigor da Lei 83/2015, que autonomizou o crime de mutilação genital feminina e criou os crimes de perseguição e casamento forçado. Dando cumprimento ao disposto na Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência Contra as Mulheres e a Violência Doméstica, conhecida como Convenção de Istambul, assinada a 11 de maio de 2011, a legislação prevê a aplicação de uma pena de prisão até cinco anos a quem forçar outra pessoa a contrair casamento ou união equiparável à do casamento. O diploma legal estipula ainda uma pena de prisão até um ano, ou uma pena de multa até 120 dias, para quem execute atos preparatórios relativos ao casamento forçado, como o de atrair a vítima para território diferente do da sua residência com o intuito de a coagir a contrair casamento ou união equiparável.
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mãos à obra
Aulas de pintura tiram jovens das ruas
levar pelo vício da droga. O outro acabou de acertar contas com a justiça, pela segunda vez, com penas de prisão. Ambos estão a caminho de uma vida nova, orientados pelo missionário italiano. Se os ensinamentos do “mestre” produzirem os efeitos desejados, quem sabe, possam engrossar a lista dos casos de sucesso que já passaram por este atelier. “Pelo menos cinco alunos já foram premiados como os melhores na Universidade de Belas Artes, outros entraram no conservatório musical, e alguns até criaram grupos musicais, que são bastante requisitados”, informa, orgulhoso, Renato Saudeli.
Renato Saudeli, missionário italiano, já ensinou as técnicas das artes plásticas a mais de 80 jovens etíopes
Aos 81 anos, Renato Saudeli, missionário da Consolata, continua cheio de energia para ensinar aquilo que mais gosta: pintura e música. É isso que faz, todos os dias, no seu atelier, em Adis Abeba, na Etiópia. Através da arte, tem conseguido resgatar das ruas dezenas de jovens Texto e foto | FRANCISCO PEDRO
O cheiro das tintas mistura-se com o som da música clássica, quando se entra no pequeno atelier de pintura da Casa Regional dos Missionários da Consolata, em Adis Abeba, capital da Etiópia. Sentado na sua cadeira de rodas, um jovem etíope, quase não desvia o olhar do quadro que vai preenchendo de cores vivas, num misto de criatividade e rigor. “É um dos nossos melhores alunos”, avisa Renato Saudeli, o padre
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responsável pela gestão do espaço e pela formação dos 12 rapazes que aceitaram o seu desafio, e que neste momento aprendem as técnicas das artes plásticas. Àquela hora, apenas dois jovens circulam pela oficina povoada de telas, quadros inacabados, bisnagas de tinta e pincéis. Um, estava abandonado à sua sorte, nas ruas de Adis Abeba, depois de se ter deixado
A trabalhar na Etiópia há 33 anos, o missionário estabeleceu um acordo com os estudantes. A missão disponibiliza-lhes todo o material que precisam para aprender e trabalhar, e entrega-lhes metade do valor da obra, logo que a terminem. A importância restante, alcançada com a venda dos quadros, serve para adquirir mais material e criar bolsas de estudo destinadas a apoiar outros jovens nos custos com a educação. “Sempre gostei de música e de pintura e é aqui que me sinto bem, a ajudar estes rapazes e raparigas”, confessa o sacerdote, que antes de ser destinado ao continente africano esteve mais de duas décadas nos Estados Unidos da América, onde ajudou a fundar um museu missionário e a criar presépios tridimensionais, para fortalecer o diálogo ecuménico.
IMAGENS DE MISERICÓRDIA
Texto | ARQUIVO
Obra de misericórdia é também rezar pelos vivos e pelos defuntos. Neste caso, na missão de Tusu, junto da sepultura da irmã Giordana, pertencente ao grupo das oito Irmãs Vicentinas de São José Cottolengo que, enviadas por José Allamano, foram ajuda preciosa para os primeiros missionários da Consolata no Quénia. No mistério da comunhão dos santos há um elo profundo entre os que peregrinam ainda neste mundo e os que já partiram para a eternidade. Comunhão que se realiza especialmente na oração de intercessão ‹ Junho 2016 ›
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# gente nova em missão FÉRIAS
CUIDAR DA CASA COMUM Olá amiguinhos! Já cheira a verão e as férias chegaram para delícia dos muitos meninos e meninas que trabalharam empenhadamente ao longo do ano letivo. É tempo de recompensa pelo esforço despendido: é hora de descansar e aproveitar a beleza da nossa casa comum. Porém, para que ela esteja sempre bonita e maravilhosa como Deus a criou, há que cuidar dela e conservá-la; para vivermos plenamente importa proteger e preservar o que existe e, assim, participar nesta obra grandiosa que Deus nos confiou Texto | cLÁUDIA feijão ilustração | david oliveira
“Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa” (Gn 1, 31). Seja no verdejante dos campos, na sinfonia das aves que povoam a floresta, no encontro com os peixes que habitam o mar ou nas águas cristalinas que banham as areias douradas das praias, as férias ganham um gostinho diferente quando percebemos a presença do amor de Deus no que nos rodeia. No entanto, nem todas as pessoas O encontram ou respeitam na sua interação com a natureza, pois, colocando o seu bem-estar acima de tudo, praticam ações que destroem o meio ambiente. Por exemplo, a reciclagem é para ser praticada todos os dias (não tira férias!); não preservar a natureza, destruindo-a, é colocar em causa a saúde da irmã terra, é desrespeitar não só o Criador mas também tudo e todos os que connosco co-habitam este maravilhoso planeta. Se a
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MOMENTO DE ORAÇÃO Obrigado Senhor por esta casa magnífica que deste a toda a Humanidade onde o Teu amor pode ser contemplado. Que todas as pessoas cuidem e protejam a natureza e se libertem do egoísmo para viverem em comunhão com todas as criaturas de coração aberto ao Teu amor tão presente na beleza de todas as cores nos sons melodiosos e em todas as criaturas existentes na mãe terra. Pai-Nosso… Glória…
TEMPO DE DIVERSÃO
Juntem os vossos amigos e, nesta sopa de letras, encontrem as 10 palavras indicadas. Depois redijam um bonito texto sobre a casa comum onde incluam todas essas palavras. Até podem ilustrar esse texto com belas fotografias. Amor Beleza Conservar Criação Cuidar Deus Humanidade Mãe Terra Maravilha Proteger
H U M A N I D A D E C Y Ç F A B A E Z A O C H P C Z M U P H N A D A A J O D M L S D E U S M R J Ã I E S G B A A O I E V R I Q U C R B R T A V U P R O T E G E R A G L E M P L A R A R A D I U C E U R M S U S F M I Z O A H D E U O Ã Ç A I R C
responsabilidade de cuidar da terra é do homem, ela não se reduz apenas ao cuidado com o meio ambiente. Como o Papa Francisco alertou na sua encíclica 'Laudato Si', o cuidado com a Criação vai para além disso: todos devemos participar no cuidado do planeta com os olhos postos nos irmãos que partilham a graça de habitar este lugar extraordinário, pois cuidar do meio ambiente é cuidar dos nossos irmãos. Porque a nossa felicidade está ligada à saúde da mãe terra, procuremos, a exemplo de São Francisco de Assis que encontrou o amor de Deus em todas as criaturas, respeitá-la, cuidá-la e conservá-la em função de todas as pessoas. Pequenos missionários, bom início de férias e não esqueçam: todos somos responsáveis pelo bem-estar da casa comum, pelo que amá-la é amar a Deus e ao próximo!
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tempo jovem
Consolar deve fazer parte da nossa identidade cristรฃ, porque sรณ assim nos identificamos mais com Cristo, assumindo precisamente a sua identidade no imitarmos as suas atitudes e formas de estar na vida e de se relacionar com o prรณximo
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Fรกtima Missionรกria
CONSOLAR É PRECISO Texto | ÁLVARO PACHECO Foto | LUSA
Estamos em junho, mês que para nós, Missionários da Consolata, é especial: celebramos a festa da Nossa Mãe Maria Consolata. Consolata quer dizer “consolada” por Deus e, ao mesmo tempo, aquela que apresenta/ oferece ao mundo a consolação de Deus, Jesus Cristo. Sabemos quanto é necessária a consolação nas relações humanas, sobretudo em tempos de dificuldade ou incertezas. Mas vejamos primeiro a raiz desta palavra, porque dela podemos já intuir bastante do que verdadeiramente significa. “Consolar” é uma palavra formada pelo prefixo “con” que quer dizer união, cooperação, e “solari” que quer dizer aliviar, acalmar, apaziguar. Significa também “estar com quem está só”. Ora, antes de mais há uma atitude de atenção e preocupação em relação ao outro, um sair de si mesmo para ir ao encontro do outro que, neste caso, se encontra numa situação de particular necessidade ou solidão. Sabemos bem quanto é imprescindível ao ser humano estar com os outros, estabelecer relações de proximidade, de empatia, de amor, de entreajuda e de fraternidade. Curiosamente, há polos opostos que exprimem esta necessidade intrinsecamente humana: por um lado, a promoção e valorização do indivíduo, do “eu” que conta mais do que o “nós”; por outro lado, temos a valorização e a promoção do grupo, colocando o indivíduo em segundo plano. Na verdade, os dois
não podem existir um sem o outro, porque o ser humano não é uma ilha e amar implica um outro. Neste contexto de relações interpessoais, a consolação faz parte de uma série de atitudes que sanam corações quebrados, mentes desiludidas e ansiosas, preocupações que corroem o espírito e o sofrimento que por vezes leva ao desespero e, em casos extremos, à perda do sentido da vida manifesto no suicídio, um “cancro” social que tem aumentado em todas as latitudes do nosso planeta, particularmente nas sociedades consideradas mais desenvolvidas do ponto de vista económico. De facto, quanto mais uma sociedade evolui a nível económico e tecnológico, mais aumenta o número de quem se sente perdido, discriminado ou simplesmente posto de lado, por falhar ou não ser capaz de acompanhar o ritmo de desenvolvimento que lhe é exigido, sucumbindo a pressões extremas dentro do grupo familiar, grupo de amizades ou grupo profissional. São muitas e variadas as formas de violência que causam desconforto, ansiedade, desilusão e vontade de desistir. Neste contexto, a Igreja tem que ajudar a sociedade a recuperar os valores espirituais/divinos que promovem e defendem o valor integral de cada pessoa, porque nós não devemos ser considerados e valorizados só ou exclusivamente pelo que temos. Somos sim pessoas criadas por amor e para o amor e é nesta dinâmica do amor que se
encontra o nosso verdadeiro valor. Como tal, cabe-nos a nós, cristãos, desenvolver a nossa consciência humana e social, alimentando-a com os valores que Jesus ensinou e praticou. De facto, Jesus era o Mestre da consolação, porque não só falava dela como a praticava com atos concretos de amor e proximidade, ajudando quem encontrava a recuperar não só o sentido e o amor pela vida, mas também a sentir-se protagonista na criação de uma sociedade mais justa e fraterna. Tal como Maria, somos também nós consolados e convidados a oferecer ao mundo a consolação de Deus, Jesus Cristo. Isto implica uma renovada e sempre dinâmica relação com Jesus, não esquecendo que ele não se encontra somente nos sacrários das nossas igrejas ou nas orações que lhe fazemos, mas acima de tudo na pessoa de quem está a nosso lado. Está também na pessoa de irmãos e irmãs nossos que conhecemos somente através das notícias que passam na televisão ou na net, os quais vivem ou passam por situações de dor, desespero e morte. Consolar deve fazer parte da nossa identidade cristã, porque só assim nos identificamos mais com Cristo, assumindo precisamente a sua identidade no imitarmos as suas atitudes e formas de estar na vida e de se relacionar com o próximo. E quem é hoje o meu próximo? Que consolação sou convidado a partilhar com ele ou ela? Acolhamos o convite que Ele nos faz de sermos missionários da Sua consolação, no aqui e agora das nossas vidas.
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sementes do reino
Como vaso de alabastro Texto | DARCI VILARINHO Foto | LUSA
Apontar o dedo, julgar e condenar os outros não são atitudes cristãs. Os gestos que o Evangelho pede passam pelo perdão e pela inclusão. [...]como tratar, por exemplo, os excluídos que todos os dias batem à porta da Europa à procura de condições mínimas para viver com dignidade?
O Evangelho está cheio de encontros entre Jesus e as pessoas. Se Ele aceita convites para uma refeição, é sempre com o intuito de revelar o rosto do Pai que O enviou: um rosto de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama o pecador. Encontrando-se em casa de um fariseu com uma “mulher da cidade que era pecadora”, Lucas dá a entender que o dom gratuito do perdão gera amor e vida nova.
Leio a Palavra
Lc 7, 36-50 O episódio situa-nos no ambiente de um banquete, em casa de um fariseu chamado Simão. O “banquete” é o espaço da familiaridade e da fraternidade, onde se consolidam os laços entre os convivas. Lucas é o único evangelista que mostra os fariseus tão próximos de Jesus que até aceitam sentar-se à mesa com Ele. A personagem central é a mulher a quem Lucas apresenta como “uma mulher da cidade que era pecadora”. A outra figura é o fariseu Simão, que
representa os zelosos defensores da Lei que evitavam qualquer contacto com os pecadores e que achavam que o próprio Deus não podia acolher nem deixar-se tocar por eles.
Saboreio a Palavra
A ação de enxugar os pés com os cabelos, beijar os pés e ungi-los com perfume de um vaso de alabastro é descrita como uma resposta de gratidão pelo perdão recebido. A parábola que Jesus conta, a este propósito, parece significar que o amor manifestado pela mulher nasce de um coração agradecido de alguém que não se sentiu excluído nem marginalizado, mas que, nos gestos de Jesus, tomou consciência da bondade e da misericórdia de Deus. Jesus mostra aos excluídos ou moralmente fracassados, que Deus nunca condena nem marginaliza, mas perdoa e liberta.
Rezo a Palavra
Na sua oração, peça a Deus que lhe dê as suas atitudes para com os outros: nunca julgar nem condenar ninguém, mas compreender e perdoar a quem fraquejou e quer recomeçar.
Vivo a Palavra
Apontar o dedo, julgar e condenar os outros não são atitudes cristãs. Os gestos que o Evangelho pede passam pelo perdão e pela inclusão. Na linha do que a Palavra propõe, como tratar, por exemplo, os excluídos que todos os dias batem à porta da Europa à procura de condições mínimas para viver com dignidade? E os moralmente fracassados, que testemunho de amor e de misericórdia encontram nas comunidades cristãs? E os que são de outras convicções religiosas ou têm comportamentos estranhos, será que não têm direito ao respeito e compreensão? A Palavra espera uma resposta. 28
Fátima Missionária
A palavra faz-se missão
JUNHO 05 10º Domingo Comum | 1Rs 17, 17-24; Gal 1, 11-19; Lc 7, 11-17 Para os gentios
“Aquele que me destinou desde o seio materno e me chamou pela sua graça dignou-se revelar em mim o seu Filho para que eu O anunciasse aos gentios”. É a vocação de São Paulo e a de todos aqueles que se sentem chamados a essa mesma missão. Base da missão é a graça divina que nos põe em comunhão com Deus para que vivamos dele e O anunciemos.
Suscita, Senhor, também hoje, apóstolos inflamados para a evangelização do mundo.
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11º Domingo Comum | 2 Sam 12, 7-13; Gal 2, 16-21; Lc 7, 36-50
Perfume abençoado
Que lição extraordinária! Jesus não atira pedras, não julga nem condena. Ama, perdoa e abre o coração a quem falhou, mas quer recomeçar. Cada um de nós é ovelha perdida, que Ele busca incansável. Deus ama-me como se não tivesse no mundo mais ninguém a quem amar. Pede-me Cristo que eu também abra o coração como vaso de alabastro, e ame, perdoe e acolha como Ele amou e perdoou. Será perfume abençoado.
Que eu aprenda, Senhor, a semear os teus gestos de perdão, ao jeito do teu amor misericordioso e acolhedor.
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12º Domingo Comum | Zac 12, 10-11; Gal 3, 26-29; Lc 9, 18-24
E vós, quem dizeis que Eu sou?
Cristo espera de mim uma resposta pessoal, que comprometa toda a minha vida. O cristão é um seguidor de Cristo, chamado a dar razão da sua fé. Direi quem Ele é para mim e para o mundo, quando a sua vida for a minha vida, quando a minha fé não for uma questão intelectual, mas uma adesão firme à sua Pessoa.
Senhor, que a minha identidade cristã diga ao mundo quem Tu és para mim.
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13º Domingo Comum | 1Rs 19, 16-21; Gal 5, 1.13-18; Lc 9, 51-62
Segue-me
Segui-lo quer dizer comungar na mesma vida e destino. Há que escolher, há que passar por muitas tribulações e incompreensões, mas a paga está garantida: o Reino de Deus em toda a sua plenitude. Há falta de respostas conscientes, porque falta a coragem de cortar pontes e queimar “carros e bois” como na história de Eliseu. Quem dá tudo não pode voltar atrás para retomar o que já ofereceu.
Dá-me, Senhor, um coração decidido para te seguir, amar e anunciar. DV
intenção pela evangelização Para que os seminaristas, os noviços e as noviças encontrem formadores que vivam a alegria do Evangelho e os preparem com sabedoria para a sua missão
Na alegria do Evangelho O acento da intenção do Papa para este mês é sobre os formadores e formadoras, exortados a viver na alegria do Evangelho. Para que os futuros consagrados possam ser marcados pela mesma alegria e contagiem os outros será preciso que a “alegria do Evangelho” encha “o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”. “Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem”, diz Francisco na ‘Alegria do Evangelho’, alertando os crentes para o risco de se transformarem em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Sendo a formação uma participação na ação do Pai que através do Espírito Santo plasma no coração dos jovens e das jovens os sentimentos de Cristo, é indispensável que os formadores sejam conhecedores dos problemas da humanidade, mas também especialistas no caminho da procura de Deus e capazes de iluminar os outros no seu itinerário vocacional. DV
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Fátima Missionária
Li recentemente na vossa revista algo acerca do Espírito Santo, e tenho algumas dúvidas: O que é o Espírito Santo? Será que existe? Luís Gonçalo Nascimento
É difícil, caro senhor Luís, dizer em poucas linhas o que quer que seja sobre a realidade do Espírito Santo. Para já aconselho-o a ler os capítulos 14, 15 e 16 do Evangelho de São João, onde Jesus fala abundantemente desse Espírito, que Ele prometeu enviar à sua Igreja na pessoa dos apóstolos. De acordo com o capítulo 2 dos Atos dos Apóstolos, cinquenta dias após a ressurreição, o Senhor enviou do céu o Espírito Santo sobre os seus discípulos. Começou então o tempo da Igreja. Foi este Espírito que fez, dos medrosos apóstolos, corajosas testemunhas de Cristo. É de facto o Espírito Santo que edifica a Igreja e lhe recorda a sua missão. Chama homens e mulheres para o serviço dela, concedendo-lhes os dons necessários e introduz os fiéis na comunhão com Deus. É Ele que atua nos Sacramentos e faz com que a Sagrada Escritura se torne viva para nós. Ele está presente no mais íntimo de nós mesmos, ensina-nos a rezar e ajuda-nos a estar disponíveis para os outros. É Ele que nos concede os seus dons para podermos viver com fé genuína e caridade operosa, podermos espalhar as sementes da reconciliação e da paz, dedicar-nos com perseverança às obras da justiça e da paz e sermos fortes diante das perseguições que também hoje não faltam.
riqueza cultural
Conheço a FÁTIMA MISSIONÁRIA há poucos anos e afirmo que foi uma graça do céu. Não me canso de a emprestar e espero que marque alguém tal como a mim. Enquanto não recebo a seguinte vou relendo a atual em especial as pequeninas crónicas como a do missionário Tobias de Oliveira de quem sou fã. De vez em quando troco com ele uma mensagem via e-mail. Vejam a humildade deste consagrado, por exemplo, na crónica do mês de abril. Realço ainda a vossa homenagem ao nosso Nicolau Breyner. E as frases escolhidas para a página “Megafone” e ainda o poster grande ao meio. Toda a revista é para mim uma fonte de aprendizagem e de sabedoria Diria que culturalmente é uma riqueza. Muito obrigada pela oportunidade Maria de Jesus Valente
Trissomia 21
É triste ver como ainda hoje, em pleno século XXI, uma criança que nasce com deficiência não seja tratada como um ser humano com direitos como nós. É triste ver tantas pessoas, crianças e adultos a fugir da guerra. Agora pergunto: que é feito dos idosos desses países em guerra? Não se vê um único idoso entre os que chegam ao nosso país ou à comunidade europeia. Que será feito deles? O que resta do pagamento da minha assinatura é para as Crianças Irã. Tenho uma menina com trissomia 21, e se fosse na Guiné, o que teria acontecido? Obrigado pelo vosso excelente trabalho. Hermínia Lourenço
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assinatura actualizada Disponibilidade do hotel no período pretendido Campanha válida até 31 de Dezembro de 2016 Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2495-908 Fátima | Portugal telefone 249 539 400 hotelconsolata@consolata.pt
Crianças de Mkindu – Tanzânia Luís Santos 25€; Anónimo 7€; Joana Barreiros 50€; Fátima Pereira 25€; Helena Barros 70€; Anónimo 60€; Anónimo 25€; Fátima Ramos 100€; AMC (Núcleo Algarve) Anónimos 354€; Lourdes Dias 63€; Luís Dionísio 10€; Dulce Ribeiro 33€; Filomena Mendes 50€; Celeste Oliveira 40€; Maria Almeida 15€; Fátima Matias 10€; Lourdes Amaral 35€; Anónimo 100€; Cremilde Veiga 20€; Paula Oliveira 125€; Anónimo 25€; Emília Carreira 15€; Alzira David 13€; Joaquina Padeiro 43€; Deolinda Caetano 3€; Maria Moreira 3€; Olinda Branco 13€. Total geral = 14.218,20€. Padre António Fernandes AMC (Núcleo Algarve) Anónimos 703€. Bolsas de Estudo Anónimo 150€; Inês Filipa Santos 250€; Anónimo 93€; AMC (Núcleo Algarve) Anónimos 750€. Crianças Irã AMC (Núcleo Algarve) Anónimo 13€. Guiúa – Moçambique Conceição Policarpo 100€. Ofertas várias Fernando Queirós 48€; João Ribeiro 52,50€; Paulo Martel 43€; Conceição Monteiro 43 €; Filomena Vaz 43€; Anónimo 30€; Pedro Reis 46€; Anónimo 30€; Luiza Oliveira 32€; Agostinho Gameiro 40€; Maria Pereira 90€; Adelino Coelho 30€; Maria Sousa 30€; José Lobo 52€; Maria Jesus 43€; Valdemar Vilar 60€; J. Primitivo – Madeiras SA 65€; Céu Lopes 40€; Maria Jesus 26€; Pedro Moutinho 30€; Grupo de Ferreira do Zêzere 30; Ernesto Monteiro 100€; Anónimo 200€; Anónimo 150€; Domingos de Sousa & Filhos, SA 100€; Anónimo 200€; Trindade Pereira 100€; Casimira Vieira 43€; José Oliveira 25€; Agostinho Gameiro 33€; Albino Monteiro 51€; Conceição Morais 113€; Céu Farinha 33€; Cecília Ventura 43€; Manuel Nogueira 100€.
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vida com vida
Padre ALBERTO SALOMONI
Leva-me, Senhor! Texto | AVENTINO OLIVEIRA Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Vida com vida, foi a vida do padre Salomoni, ordenado sacerdote missionário da Consolata em 1990, aos 49 anos, depois duma vida plena de atividade como contabilista e turista em terras de Ásia e África. Um dia leu um letreiro que dizia: “Seminário para vocações adultas – Missionários da Consolata”. Entrou porta dentro, falou com o superior da casa, e aos 44 anos disse ao Senhor o lema que regeu o resto da sua vida: “Levame!” Como Mateus deixou tudo, que muito era! Tudo começara antes, quando caiu na esparrela de entrar para o grupo missionário da sua paróquia, que gerou nele o dom total da vocação - conclusão da preciosa herança que herdara da família. A sua fé cresceu e tornou-se experiência íntima purificada nas provações e adubada por um esforço sem tréguas. Durante a filosofia escreveu: “O mistério da cruz é um fardo, e um sinal de liberdade. Quanto mais me libertar das coisas materiais, mais serei de Cristo. Preciso da paciência dos meus formadores e da ajuda do Espírito Santo para me desenvencilhar dos meus defeitos. Confio na ajuda de Maria Santíssima que sabe tornar fortes e grandes os pequenos e fracos”. Ordenado sacerdote, partiu para as missões da Argentina. De caráter emocional e enérgico, e coração transparente e sem máscaras, missionou como um ‘ventarrón’, um ciclone dedicado à glória de Deus e ao bem dos necessitados. Viveu em delírio os inícios da missão saboreando o mistério sacerdotal com enorme entusiasmo, o crucifixo sempre diante dos olhos e no coração. Dez anos de esforços e canseiras, sem olhar para trás nem a sacrifícios. E chegou o apogeu em forma de doença: um tumor maligno que crescia a bofes plenos. Chegara a hora de encontrar o Senhor de maneira diferente, no silêncio do seu coração, a oração e a caridade evangélica a insuflar vida na dura prova. Muitas vezes, nem alimentar-se podia. Passou os últimos tempos na Casa dos Idosos e Doentes da Consolata na Itália a brincar na horta com uma serenidade e paz de apóstolo em sofrimento, repetindo amiúde ao Senhor: “Leva-me!” Em 29 de janeiro de 2003, aniversário da fundação dos Missionários da Consolata, o turista apóstolo partia em viagem terminal para a seara do céu. 32
Fátima Missionária
O QUE SE ESCREVE
Missão com Misericórdia Ecologia integral
As origens do Cristianismo Padres Apostólicos
Palavras ao teu coração
A misericórdia de Deus é eterna e todos a podemos compreender melhor com textos como a parábola do Bom Samaritano, do Juízo Definitivo, da ovelha e da dracma perdidas, do Pai e dos seus dois filhos. A misericórdia é uma força que tudo vence, enche o coração de amor e consola com o perdão. Este volume, editado pelos missionários do Espírito Santo e escrito por vários autores, é uma espécie de “manual” muito útil para reuniões de grupos de reflexão missionária durante este ano jubilar.
Este livro apresenta-nos uma série de meditações sobre diversos temas centrais da fé cristã. O seu valor consiste em fazer-nos sentir, como almas pequenas e humildes, as muitas perfeições de Jesus, em meditações brevíssimas e bem ordenadas, para acender de novo o fogo da caridade nos nossos corações, com o santo desejo de pôr em prática estas mesmas virtudes de Jesus na nossa vida do dia a dia. Útil para a vivência do mês de junho, dedicado ao Coração de Cristo.
Autor: vários 222 páginas | preço: 5,00 € Edição Missionários do Espírito Santo
Autor: Maria Stella Salvador 400 páginas | preço: 14,00 € Paulus Editora
Dá-se o nome de “Padres Apostólicos” ao conjunto de escritos e autores em estreita relação com os apóstolos e os escritos neotestamentários. Pela profunda riqueza doutrinal são cada vez mais estudados e consultados. Esta obra, baseada numa análise científica dos autores e escritos dos primeiros séculos da Igreja, traduzidos das línguas originais é, por isso, valiosa e fundamental para a descoberta do cristianismo primitivo. Isidro Lamelas está de parabéns por este rico trabalho que nos ajuda a compreender melhor o inestimável valor destas fontes da identidade cristã.
O Santo Rosário para as famílias
O Espírito Santo na tua vida
Quem contempla Cristo, percorrendo as etapas da sua vida, não pode deixar de aprender dele a verdade sobre o homem. Meditar com o Rosário significa entregar os nossos cuidados aos corações misericordiosos de Cristo e de sua Mãe. O rosário é oração, é meditação, é conforto, é união com Deus. Desejado por Maria e muito recomendado pelos últimos pontífices, é fator de união e de paz no meio das famílias.
Para muitos cristãos o Espírito Santo é o grande desconhecido da Santíssima Trindade. Jesus falou bastante dele aos seus discípulos e apresentou-o como consolador, defensor, advogado e aquele que introduz os discípulos na verdade total. Esta obra aborda o tema de um modo muito prático, concreto e original: como viver o dia a dia no Espírito Santo, nas ocupações de cada um, e gozando os seus frutos de alegria, paz e doçura.
Autor: Isidro Pereira Lamelas 478 páginas | preço: 21,00 € Paulus Editora
Autor: Família Paulista 87 páginas | preço: 3,90€ Paulus Editora
Autor: Odile Haumonté 198 páginas | preço: 13,90 € Paulus Editora
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MEGAFONE
por albino brás
“Todos os setores da ação da Igreja, a Palavra, a catequese, a pregação, o sacramento, a liturgia, a vida das comunidades, a projeção social, é tudo comunicação” Manuel Clemente cardeal-patriarca de Lisboa
"Há uma diferença muito grande entre teres dores e viveres na dor" Mafalda Ribeiro (sofre de osteogénese imperfeita) comunicadora, autora e oradora motivacional, no programa Alta Definição
“Quantas vezes vemos tantas pessoas apegadas aos gatos, cachorros e, depois, se esquecem de ajudar os mais necessitados que lhes estão próximos?” Papa Francisco
“Não nos motivam (mesmo) nem o poder nem o domínio, mas serviremos apenas se nunca formos servis"
“O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar”
Cónego João Aguiar Campos presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença, na inauguração das novas instalações, a 13 de maio 2016
Charlie Chaplin (1889-1987), ator, diretor, produtor, humorista e escritor
“A forma mais elevada da inteligência humana é a capacidade de observar sem julgar” Jiddu Krishnamurti (1895-1986), filósofo, escritor, e educador indiano 34
Fátima Missionária
Quero ir à escola
Warda Baththromeo 7 anos
ajudas-me? Envie a sua contribuição para: MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA Projeto “Quero ir à escola” Rua Francisco Marto, 52 | 2496-448 FÁTIMA NIB PT50 0033.0000.45365333548.05
REFLEXO Deus não cabe no nosso pensamento. Deus sobra das imagens que buscamos, dos conceitos solenes e profundos onde o queremos, à força, aprisionar. Deus é indefinível, mas às vezes, é tão nítida em nós a claridade que de Si projetada nos inunda, que então o referimos à Beleza que se revela pura ao nosso olhar. E dizemos ser Ele como um Fogo como um Sol, uma Fonte, ou como um Mar. Deus não cabe no nosso pensamento: não se pode em palavras condensar. Fernanda Seno – Cântico Vertical
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