Paquistão

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Ano LXII | Maio 2016 | Assinatura Anual Nacional 7,00€ | Estrangeiro 9,50€

PAQUISTÃO

cristãos perseguidos aguardam visita do papa destaque

O problema moral dos paraísos fiscais

Investigação jornalística lança debate sobre sociedades offshore

missão hoje

MÃOS À OBRA

Religiosa luta há três décadas pela dignidade social das mulheres etíopes

Projeto em Moçambique procura ajudar jovens a entrar no mercado de trabalho

"Missionários têm que Aulas de informática para ter o cheiro das ovelhas" combater insucesso escolar


MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA Um abraço entre a fé e a vida

Como Maria São presença consoladora Em seu nome

Colocam as suas vidas e os seus recursos ao serviço dos mais frágeis

COLABORE COM os missionários

Apoiando projetos de solidariedade contribuindo para a formação de futuros missionários oferecendo uma assinatura da FÁTIMA MISSIONÁRIA a um amigo visitando o Consolata Museu em Fátima e hospedando-se nas nossas instalaçõs em Fátima

Contactos Rua Francisco Marto, 52 – Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA – Tel. 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800–048 LISBOA – Tel. 218 512 356 | lisboa@consolata.pt


SUMÁRIO

Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº 05 Ano LXII – MAIO 2016 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt

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ESTATUTO EDITORIAL http://www.fatimamissionaria.pt/quem.php

PAQUISTANESES “ CRISTÃOS À ESPERA DO PAPA

FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 22.800 exemplares Diretor Darci Vilarinho Diretor Executivo Francisco Pedro Redação Darci Vilarinho, Francisco Pedro, Juliana Batista Colaboração Albino Brás, Álvaro Pacheco, Ângela e Rui, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Elísio Assunção, Leonídio P. Ferreira, Patrick Silva, Teresa Carvalho Diamantino Antunes (Moçambique) Tobias Oliveira (Roma) Fotografia Arquivo, Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção Capa e Contracapa Lusa Ilustração David Oliveira Design BAR Administração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00 € Estrangeiro 9,50€; Apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€; Avulso 0,90€ Pagamento da Assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) transferência bancária IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)

04 | EDITORIAL Um hino ao amor na família

11 | PERFIL SOLIDÁRIO O amigo dos bombeiros

05 | PONTO DE VISTA Comunicar na Igreja com assinatura comum

12 | A MISSÃO HOJE “Os missionários têm que ter o cheiro das ovelhas”

06 | HORIZONTES Mãe Bela

13 | FÁTIMA INFORMA Espetáculo mostra “grandeza espiritual” dos pastorinhos

07 | DESTAQUE O problema moral dos paraísos fiscais 08 | MUNDO MISSIONÁRIO • Inglaterra: A ser verdade não podemos ignorar! • Zâmbia: Agir contra casamentos precoces • Argentina: Crianças em condições desumanas • Marrocos: Igreja do Norte de África preocupada com o sul do Saara • Paquistão: Banir o ódio às minorias religiosas a partir da escola 10 | A MISSÃO HOJE Um projeto missionário para a Europa

TAREFAS PARA HOJE: ATUALIZAR A ASSINATURA DA FÁTIMA MISSIONÁRIA

14 | ATUALIDADE “Faltam estruturas e pessoas mais abertas ao novo” 16 | DOSSIER • Cristãos paquistaneses à espera do Papa • Datas para perceber um país • Relembrar o arcebispo Pereira de Carachi 22 | MÃOS À OBRA Computadores ajudam à inclusão das mulheres 23 | IMAGENS DE MISERICÓRDIA 24 | GENTE NOVA EM MISSÃO Contra a preguiça; diligência 26 | TEMPO JOVEM Maria, a primeira discípula 28 | SEMENTES DO REINO Festa do Espírito 30 | VIDA COM VIDA Missão de sonho feita 31 | LEITORES ATENTOS 32 | GESTOS DE PARTILHA 33 | O QUE SE ESCREVE 34 | MEGAFONE

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editorial

Um hino ao amor na família Não recordo um texto papal que tenha suscitado tanta expectativa como a exortação apostólica “A Alegria do Amor” do Papa Francisco. É um longo documento de nove capítulos, qual deles o mais belo, como fruto da escuta e do discernimento a partir dos debates dos dois últimos sínodos sobre os desafios que enfrentam as famílias nos nossos dias. Com o intuito de lançar uma nova luz sobre a beleza da vida familiar. Apresentando os desafios que se colocam às famílias deste tempo, Francisco reconhece que não existe um modelo de “família ideal” e que as dificuldades variam consoante a realidade social e geográfica. A família não é um ideal, mas um trabalho artesanal. Não há famílias perfeitas. Há famílias em construção. O Papa não deixa de advertir a decadência cultural que não promove o amor e a doação. Também no casamento há sintomas da “cultura do provisório” evidente na “rapidez com que as pessoas passam duma relação afetiva para outra. Creem que o amor, como acontece nas redes sociais, se possa conectar ou desconectar ao gosto do consumidor e inclusive bloquear rapidamente”. Nesta situação também a Igreja não está isenta de culpas pela pouca capacidade de propor e indicar caminhos de felicidade. “Muitos não sentem a mensagem da Igreja sobre o matrimónio e a família como um reflexo claro da pregação e das atitudes de Jesus”.

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Fátima Missionária

Ponto assente é que “de maneira alguma a Igreja deve renunciar ao ideal pleno do matrimónio cristão, reflexo da união entre Cristo e a sua Igreja, e que se realiza plenamente na união entre um homem e uma mulher” que “se dedicam reciprocamente um amor exclusivo” e “até à morte”. Mas Francisco insiste que é necessário “valorizar os elementos construtivos daquelas situações que ainda não correspondem ou que já corresponderam” à instituição do matrimónio. É por isso que ele fala da “lógica da misericórdia pastoral” que consiste em acompanhar, discernir e integrar. Cada família, cada casal, e até cada pessoa é única e irrepetível, merece respeito, acolhimento, misericórdia, porque acima de tudo está o amor de Deus. “Ninguém pode ser condenado para sempre, porque esta não é a lógica do Evangelho!” É por isso que o Papa apela a toda a Igreja para que tenha o olhar de Jesus também sobre as diversas situações ditas “irregulares”. Um olhar que não condene, mas use de misericórdia. Isto não impede que a Igreja renuncie a propor “o ideal pleno do matrimónio, o projeto de Deus em toda a sua grandeza”, mas em todas as situações que afetam a família “a Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa”. Leia, se puder, o texto completo da exortação do Santo Padre. Darci Vilarinho

Apresentando os desafios que se colocam às famílias deste tempo, Francisco reconhece que não existe um modelo de “família ideal” [...] A família não é um ideal, mas um trabalho artesanal. Não há famílias perfeitas. Há famílias em construção


PONTO DE VISTA

COMUNICAR NA IGREJA COM ASSINATURA COMUM PAULO ROCHA . DIRETOR DA AGÊNCIA ECCLESIA .

A urgência de uma comunicação relevante e apelativa na Igreja Católica é cada vez mais uma estratégia em constante análise e progressiva concretização. Comprovam-no as numerosas iniciativas no setor, sobretudo as que efetivamente contribuem para o desenvolvimento de projetos mediáticos, nas suas múltiplas expressões. Entre janeiro e abril deste ano, três diferentes organismos promoveram pela primeira vez uma jornada de comunicação social. De âmbito diocesano ou nacional, numa abordagem académica ou prática, o tema dos media na Igreja mereceu reflexão por iniciativa da Faculdade de Teologia, em Braga, nas Jornadas “do clique ao toque”, sobre o diálogo entre a vida e a fé nos dispositivos digitais, na primeira Jornada de Comunicação do Patriarcado de Lisboa, que debateu a forma de elaborar um plano de comunicação numa paróquia com apenas cinco euros, e, mais recentemente, num projeto assumido pela Conferência Episcopal Portuguesa, que convocou responsáveis por gabinetes de imprensa para analisar a comunicação na Igreja. Outros projetos similares aconteceram também por estes dias, nomeadamente as II Jornadas

Práticas de Comunicação Digital, por iniciativa do secretariado português do Apostolado de Oração, e, no final de 2015, o debate sobre os media na Diocese de Angra, por ocasião do centenário do jornal “A Crença” motivaram a realização de umas Jornadas de Estudo. Um vasto conjunto de iniciativas, a que se seguem muitas outras promovidas agora por ocasião da celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais. Para além de todas estas iniciativas, sem dúvida nenhuma úteis à qualificação da comunicação na Igreja, são sobretudo de relevar os projetos de comunicação que se concretizam em cada dia, sejam eles de teor informativo, pastoral, formativo ou de divulgação. É sobretudo aí que se mede a eficácia comunicativa de qualquer instituição, também da Igreja Católica, pela presença num ambiente onde a palavra de ordem é o diálogo e a participação. A diversidade de estudos e a variedade de projetos de comunicação nunca devem fazer esquecer que todos têm uma caraterística que lhes dá importância e alcance: “somos todos católicos”. É a valorização dessa assinatura comum na comunicação da Igreja que a torna significativa no atual mundo mediático.

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horizontes

MÃE BELA Texto | Teresa Carvalho Ilustração | DAVID OLIVEIRA

Bela nascera para ser mãe. Dizia que antes de ter filhos já era mãe a sonhar. Quando lhe perguntavam o que queria ser quando crescesse, respondia com convicção: “Vou ser mãe!” Num dia de primavera, Bela foi mesmo mãe. O seu bebé Simão era a tradução sublime de um sonho. Por algum tempo, pensou que não precisaria de nada mais para viver, tão completa que estava. Simão foi crescendo, preenchendo o mundo encantado da mãe Bela. Desde pequenino percebia-se a sua sensibilidade e um dom especial para a música: em tudo o que produzisse sons, ele via um instrumento para tocar. Inscreveu-o na academia e aí, deram-lhe razão: o Simão precisava da música e a academia precisava do Simão. Mas tinha custos elevados: havia que adquirir o instrumento musical – e o indicado para o Simão era o violino. Como poderia comprar um violino? Usando a criatividade habitual, desenhou uma solução: pediria aos senhores ricos da vila que colaborassem. Haveriam de entender a importância de ajudar uma criança a realizar-se. Nunca

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Fátima Missionária

fizera uma coisa destas, mas se era preciso fazê-lo para ajudar o seu Simão a ser aquilo que o realizava, não havia dúvidas: conseguiria! Começou pelo senhor mais rico: talvez assim não precisasse de bater a tantas portas. O Senhor José até a recebeu bem. Mas, quando ouviu o motivo da sua visita, tirou uma moeda do bolso e entregou-lha com uma mensagem: – Toma, este dinheiro é para lhe comprares um apito e tu teres juízo. Mãe Bela agradeceu e saiu. A sua coragem esfumou-se – mas por pouco tempo: percorreu as casas das pessoas que ela esperava que pudessem ajudar, juntando a generosidade grande ou pequenina de cada um. Em muitas portas precisou bater! Mas Simão teve o seu violino. Os professores tinham razão: Simão e o violino faziam a música ganhar vida própria. Sempre que Simão tocava, a mãe chorava – chorava agradecida a Deus por tão grandioso presente. Simão cresceu ainda mais: amado, valorizado, esforçado na dedicação e partilhando um estado de vida agradecido que Bela lhe ensinara. Ainda jovem, Simão foi convidado a integrar a orquestra da cidade. Passado pouco tempo, já o destacaram para fazer solo nas comemorações do dia da sua vila. Simão aceitou. Era o seu primeiro solo. Nesse dia, pediu autorização ao maestro para presentear mãe Bela na sua terra. Antes de tocar a sua peça, anunciou com o peito cheio de orgulho: – Hoje, dedico este meu primeiro solo à minha Bela mãe, agradecendo-lhe ter batido a muitas casas desta vila para, com as generosidades que lhe ofereceram, me comprar o primeiro violino. É com ele que tenho a honra de tocar hoje nesta orquestra, para a minha mãe e para todos vós. Mãe Bela não ouvia as palmas nem de Simão nem da plateia. Ouvia apenas o seu coração a galope, acompanhado nas suas batidas pelo som do violino tocado pelo seu menino. Com a música angelical que se seguiu, uma oração agradecida voou em silêncio, feita de felicidade.


destaque EUA: 10 maiores empresas detêm 1,24 biliões de euros em offshores

O problema moral dos paraísos fiscais Texto | CARLOS CAMPONEZ Foto | LUSA

nestas situações a justificação comum para a abertura destas contas prende-se com a busca de regimes de isenção fiscal ou de uma fiscalidade mais favorável relativamente aos países de origem, onde são realizados os lucros das pessoas e das empresas envolvidas.

É lícito mas não é moral

Segundo uma investigação realizada pela Oxfam, uma organização que combate a pobreza no mundo, só as 10 maiores empresas que operam nos Estados Unidos da América detêm um montante equivalente a cerca de 1,24 biliões de euros escondidos em 1.608 subsidiárias localizadas em paraísos fiscais, equivalente ao conjunto da produção das economias da Rússia, da Coreia do Sul e de Espanha. Muitas dessas empresas recebem milhares de milhões de dólares de apoio dos contribuintes e, naturalmente, vivem dos rendimentos dos seus cidadãos que compram os seus produtos.

Os paraísos fiscais criam cidadãos de primeira e cidadãos de segunda

As revelações sobre o caso Panamá Papers, sobre pessoas e instituições que colocam dinheiro em paraísos fiscais, permitiram colocar este tema no ponto certo da discussão: é moralmente aceitável a existência de um sistema que privilegie fiscalmente grandes empresas e fortunas pessoais? Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal do Brasil, que criou uma sociedade offshore no Panamá, através da qual comprou um apartamento no valor de 335 mil dólares, justificou-se no jornal Le Monde da seguinte forma: “Se é lícito, é bom”. Este tem sido o argumento que tem servido para mascarar a questão de fundo no caso Panamá Papers.

Mesmo a investigação do consórcio internacional de jornalistas, responsável pela revelação dos nomes de personalidades e instituições com contas no paraíso fiscal do Panamá, tem-se preocupado em distinguir as situações consideradas legais de outras consideradas ilícitas. Porém, se é certo que não se pode colocar todo o dinheiro que circula pelos paraísos fiscais no mesmo saco, há, no entanto, uma questão incontornável nesta discussão: o que leva uma entidade ou uma pessoa a colocar o seu dinheiro num paraíso fiscal, frequentemente escondendo a sua verdadeira identidade? Recorramos a alguma ingenuidade e limitemo-nos aos casos que não envolvem dinheiro sujo. Mesmo

Imagine-se o que aconteceria se todos os cidadãos pudessem ter os seus rendimentos em paraísos fiscais… Os Estados e o estado social deixariam de existir. Os paraísos fiscais criam cidadãos de primeira e cidadãos de segunda e a razão por que subsistem pode ser encontrada em grande medida nas revelações dos nomes envolvidos no caso Panamá Papers. De facto, as ligações entre a política e a economia criam uma conivência de interesses que garante a subsistência do sistema e lhe dá cobertura legal. No entanto, se a licitude é do domínio da legalidade, o bom é do domínio da moral. Ao contrário do que dizia Joaquim Barbosa, o sistema é lícito mas não é bom. O grande contributo do Panamá Papers talvez seja esse: desmascarar a imoralidade dos paraísos fiscais, torná-los socialmente intoleráveis e, quem sabe, um dia, ilegais.

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mundo missionário

por E. assunção

Zâmbia

AGIR CONTRA CASAMENTOS PRECOCES

Quatro em cada dez mulheres, com idades compreendidas entre os 20 e 24 anos, casaram quando tinham apenas 16 anos. Eram meninas, cujo destino “já estava decidido” e que foram impedidas de escolher livremente. Para combater o fenómeno foi criado um programa de prevenção do abandono escolar das meninas, cujo objetivo se centra na luta contra os matrimónios precoces e a gravidez prematura. O programa procura envolver as próprias alunas das escolas, assim como aqueles que as rodeiam e podem influenciar o seu futuro. Professores e líderes comunitários acompanharão as meninas na aquisição de um papel ativo e consciente nas escolhas relativas à própria vida. O programa pretende oferecer às jovens modelos de mulheres que conseguiram escapar ao círculo vicioso dos matrimónios precoces e encorajar as meninas a completar os estudos para conseguirem a sua própria independência.

Inglaterra

A ser verdade não podemos ignorar!

A falta de água potável mata diariamente 4.000 crianças. É o que denuncia a organização não governamental Plan International. Segundo esta organização de cooperação e desenvolvimento, 663 milhões de habitantes do nosso planeta estão privados de água potável, que é um direito e um serviço fundamental. Mulheres e meninas são duplamente penalizadas, na medida em que recai sobre elas o peso de abastecer o mínimo de água necessária às exigências familiares. Como consequência, são excluídas da instrução e da atividade económica. Frequentemente têm de percorrer quilómetros e quilómetros a pé, todos os dias, para fornecer à família este precioso “ouro branco”. É sobejamente conhecido o impacto causado pelo fenómeno El Niño no Corno de África, também chamado Nordeste Africano, uma região que abrange vários países como Somália, Etiópia, Djibuti e Eritreia, onde habita uma população de 90 milhões de habitantes. Só na Etiópia o fenómeno provocou uma catástrofe que atinge cerca de seis milhões de habitantes. A seca provocou o aumento da taxa de abandono escolar, uma vez que as crianças são obrigadas a deixar a escola para ajudar as famílias. 08

Fátima Missionária

Argentina

CRIANÇAS EM CONDIÇÕES DESUMANAS

Um depósito de embalagens servia de “casa” a crianças e trabalhadores que viviam em condições desumanas na província de Mendoza, na Argentina. Os funcionários do estado, que procediam a uma inspeção às condições de higiene e de segurança, encontraram famílias inteiras que viviam em espaços comuns, ambientes doentios, sem arejamento, sujeitas a perigos de intoxicação, incêndio e explosões. Era nesses ambientes que cozinhavam, comiam e dormiam.


MUNDO MISSIONÁRIO MARROCOS

IGREJA DO NORTE DE ÁFRICA PREOCUPADA COM O SUL DO SAARA

Os africanos subsaarianos estiveram no centro das preocupações dos bispos norte-africanos, na reunião realizada em Tanger, no princípio de abril. “Os fiéis da África subsaariana, cada vez mais numerosos, representam entre 50 e 90 por cento das nossas comunidades”, afirmam os prelados no comunicado final. Os Estados do Norte de África, tradicionalmente países de imigração, tornaram-se também países de trânsito, mas estão, ao mesmo tempo, a tornar-se países de acolhimento”. A Igreja tenta responder aos desafios desta mudança, com o apoio aos migrantes. Trata-se de uma oportunidade: “É para nós uma alegria que a Igreja se torne mais universal, menos europeia, fortalecida com esta assistência eclesial sul-sul”, isto é, voltada para os países subsaarianos. Atualmente há sacerdotes e religiosos dos países de origem dos migrantes integrados na Igreja do Norte de África. “Entre os agentes pastorais de origem cultural diferente, é necessário aprender a conhecer-se, a estimar-se nas nossas atividades”, sublinham os bispos.

PAQUISTÃO

BANIR O ÓDIO ÀS MINORIAS RELIGIOSAS A PARTIR DA ESCOLA

A comissão “Justiça e Paz” lançou um apelo imperioso: é urgente remover os conteúdos de ódio e de preconceitos sobre as minorias religiosas presentes nos conteúdos dos livros escolares, que estão em uso nas escolas do Paquistão. O apelo do organismo dos bispos católicos paquistaneses está relacionado com o documento intitulado “Eliminar a intolerância religiosa através da instrução”. A comissão pressupõe que a sociedade paquistanesa pretende garantir, também perante o mundo, que é uma sociedade deveras pacífica, respeitadora dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana. “A estrutura da instrução escolar deve ser alterada e os currículos escolares devem ser mudados”, para que a sociedade paquistanesa seja regulada pelos princípios de um Estado de direito. A comissão recomenda um trabalho conjunto entre o Ministério da Educação, os organismos da sociedade civil e as diferentes confissões religiosas para rever os manuais escolares. O futuro pacífico e harmonioso da sociedade paquistanesa depende, segundo a comissão, da formação da mentalidade das jovens gerações.

TOBIAS OLIVEIRA MISSIONÁRIO PORTUGUÊS DA CONSOLATA EM ROMA

A ALEGRIA DO AMOR Do mês de abril em Roma saliento dois momentos: o dia 8, com a divulgação da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a “Alegria do Amor” e especialmente do amor na família, e o dia 16, data em que o Santo Padre se deslocou à ilha de Lesbos junto à Turquia, para aí manifestar a sua e nossa solidariedade aos refugiados que afrontam a morte para fugirem de guerras, fome e perseguições. Estes são acontecimentos conhecidos e que no entanto para mim, talvez pelo facto de residir a poucos passos do Vaticano, têm um sabor particular. Desafiam-me porque como reza o ditado “junta-te aos bons e serás como eles”, e porque estou convencido que tanto o bem como o mal têm um poder de atração que leva à imitação. Estar perto de onde se pratica o bem sabe bem. Não recordo se já aqui mencionei que embora um missionário o seja onde quer que se encontre, eu, nos inícios do meu sacerdócio, sentia-me lesado pelo facto de estar longe de um típico campo de missão. Fui atendido e regozijei. Desejo aqui que o leitor se sinta feliz em saborear um ambiente em que abunda o bem, o amor e a bondade, e se sinta levado a distribuir aos outros esse seu bem estar. Nunca desista.

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a missão hoje

Um projeto missionário para a Europa Uma curta série de artigos para descrever a mudança da nossa missão no continente europeu e como os missionários da Consolata tentam adequar-se a essa nova realidade Texto | UGO POzzOLI* Foto | DR

A Europa que no passado foi berço de vocações missionárias e fonte de recursos para a cooperação mudou o seu rosto. Não passámos simplesmente de um tempo de vacas gordas a outro de vacas magras: o chamado “velho continente” tornou-se noutra coisa. Mudaram os contextos culturais, sociais e religiosos e esta mutação (que aliás ainda está em curso) foi de tal modo veloz que nos apanhou desprevenidos. Mudam as instituições, entre as quais a Igreja, e hoje, dizem-nos as estatísticas, o Evangelho encontra mais facilmente a sua casa noutros lugares. Em alguns dos nossos países estamos ainda cheios de dioceses, bispos, estruturas, mas as igrejas esvaziam-se e fora delas não se vê uma grande efervescência eclesial, sobretudo nas camadas mais jovens. O imparável fenómeno migratório está a mudar irreversivelmente as nossas cidades e os nossos países. Já não necessitamos de ir à procura dos não cristãos a sul do mediterrâneo ou no extremo oriente: encontramo-los comodamente atrás da porta, divididos entre aqueles que provêm de outras culturas e tradições e os próprios europeus que, por milhentas razões diferentes, abandonaram a Igreja e, muitas vezes, também a prática individual da fé.

O primeiro objetivo que fixámos consiste em estabelecer uma consonância de critérios comuns que fazem de nós Missionários da Consolata onde quer que estejamos e de qualquer parte provenhamos

Diante desta leitura, apesar de superficialmente tracejada, também os Missionários da Consolata se questionam sobre o

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Fátima Missionária

O mandato de anunciar o Evangelho é para sempre, apesar de mudarem os estilos e os contextos


perfil solidário

papel que devem assumir hoje na Europa, papel que – entende-se claramente – não pode ser igual ao de outrora. A missão de antigamente já não existe; temos dificuldade em admiti-lo, mas esta é a realidade. Hoje, a média etária dos missionários europeus é muito alta e a maior parte das nossas atividades desenrola-se noutros contextos e muda significativamente também a nossa geografia vocacional. Efetivamente, são já muitos os confrades provenientes de outros continentes, com particular relevo para o africano, a trabalhar hoje na Europa. A partir deste mês, vamos descrever o modo como estamos a assumir as exigências desta nova missão, na fidelidade ao nosso carisma e com uma grande atenção ao tempo que estamos a viver. O mandato de anunciar o Evangelho é para sempre; mudam os estilos, são outros os contextos, mas não varia a necessidade do testemunho e do anúncio. É por este motivo que, desde algum tempo, temos intensificado a reflexão continental sobre a nossa missão, partindo daquilo que já fazemos em algumas realidades ad gentes nas quais estamos envolvidos em Itália, Espanha e Portugal. O primeiro objetivo que fixámos consiste em estabelecer uma consonância de critérios comuns que fazem de nós Missionários da Consolata onde quer que estejamos e de qualquer parte provenhamos. Este é o primeiro passo fundamental para chegar à elaboração do projeto missionário do Continente Europa, que estamos a preparar para poder viver com maior entusiasmo e eficácia a nossa missão no serviço das igrejas locais em que estamos inseridos. Gostaríamos de fazê-lo de uma forma original e criativa, oferecendo as caraterísticas próprias do nosso carisma, a bagagem de experiência missionária amadurecida noutras áreas do mundo e o rico património da convivência intercultural que, se for bem vivida, pode tornar-se hoje um poderoso instrumento de evangelização.

O amigo dos bombeiros Texto | FP

Altruísta e discreto, Fernando Ribeiro pode não ser muito popular, mas o seu nome é sobejamente conhecido pelos bombeiros portugueses. Emigrado na Suíça há 38 anos, o ex-bombeiro, de 59 anos, tem sido incansável na procura de equipamento usado e seminovo que as corporações helvéticas já não usam, mas que se encontra em bom estado para equipar os ‘soldados da paz’ em Portugal. A ideia surgiu-lhe em 2003, quando um incêndio quase cercou a sua casa, em Amarante, e verificou o desgaste dos equipamentos usados pelos bombeiros que combatiam as chamas. A partir daí, passou a percorrer os quartéis do cantão de Vaud, na Suíça, a recolher material em bom estado, e a enviá-lo para as corporações portuguesas gratuitamente. Os beneficiários só pagam o transporte, mas até nisso Fernando Ribeiro tem dado uma ajuda, tentando arranjar patrocinadores para financiarem os custos. Fruto deste esforço, pelo menos 15 corporações, de vários pontos do país, já receberam material – fatos de proteção individual, botas, garrafas de oxigénio, mangueiras, agulhetas e máscaras – num valor estimado em três milhões de euros. Agraciado várias vezes pela forma empenhada como tem ajudado os bombeiros, o emigrante mantém uma atitude de humildade: “Todo o homem que encontro é superior a mim em qualquer coisa. E nesse particular, eu aprendo com ele”.

*Conselheiro Geral para a Europa

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a missão hoje

“Os missionários têm que ter o cheiro das ovelhas” Tem 64 anos, passou por duas guerras, enfrentou muitas dificuldades nos países por onde tem andado em missão, mas bastam dois minutos de conversa para perceber que não se ‘alimenta’ de lamentações. Para Eudoxa Sicupira, é o futuro que importa. Não o dela, mas o das pessoas que todos os dias tenta ajudar Texto e foto | FRANCISCO PEDRO

O sotaque brasileiro, condimentado com um sorriso largo, feliz e contagiante, são o primeiro cartão de visita de Eudoxa Sicupira, uma das três missionárias da Consolata que prestam serviço pastoral na Missão de Gambo, na Etiópia. Está há quase três décadas no país africano, mas quem a ouvir falar, fica com a sensação de que chegou agora, tal é o entusiasmo com que anuncia atividades, sonhos e projetos, destinados a ajudar as mulheres a conquistar a dignidade social, que nem sempre lhes é permitida pelas tradições culturais ou pelos hábitos pouco paritários praticados nas comunidades onde se movimentam.

Eudoxa Sicupira tem-se esforçado particularmente para dar uma oportunidade às mulheres que não puderam frequentar a escola

“Existe um índice de analfabetismo muito grande, sobretudo entre as mulheres e meninas que não tiveram oportunidade de ir à escola. Por isso, o meu ideal é trabalhar nas aldeias, porque educar a mulher é educar toda a família e os missionários têm que ter o cheiro das ovelhas”, disse a religiosa à FÁTIMA MISSIONÁRIA. Como na Etiópia a Igreja ‘oficial’ é a ortodoxa, os católicos e protestantes não podem trabalhar apenas na evangelização. Têm de estar associados a um projeto de desenvolvimento, com financiamento assegurado. É mais uma dificuldade acrescida, mas não um obstáculo à atividade da irmã Eudoxa. Com mais ou menos sacrifício, e com a ajuda das outras religiosas, tem conseguido levar esperança aos lares onde abundam a pobreza e a falta de recursos. Exemplo disso são as duas dezenas de casas construídas o ano passado (para substituir as cabanas de palha), as 280 mulheres adultas que frequentam este ano as aulas de alfabetização, ou as 200 famílias que beneficiam do projeto de micro-crédito, através do qual conseguem comprar animais para criar e vender ou investir em sementes para apostar da produção agrícola. A distribuição destas ajudas não olha à religião. “Tanto ajudamos cristãos, como muçulmanos ou ortodoxos”, afirma Eudoxa Sicupira, sublinhando que o seu desejo, como o de qualquer missionário, “é darmo-nos cada vez mais e sermos esse instrumento de consolação e de paz, no meio do povo que sofre”. 12

Fátima Missionária

Com mais ou menos sacrifício, e com a ajuda das outras religiosas, [a irmã Eudoxa] tem conseguido levar esperança aos lares onde abundam a pobreza e a falta de recursos


FÁTIMA INFORMA

Espetáculo mostra “grandeza espiritual” dos pastorinhos Obra multidisciplinar sobre a Mensagem de Fátima “impõe-se pela diferença” Texto | JULIANA BATISTA Foto | DR

Bailarinos de vários países dão vida ao espetáculo “Fátima, O Dia em que o Sol Bailou”, que será apresentado dias 11, 13 e 15 de maio, às 14h30, 21h00 e 16h00, respetivamente, no Centro Pastoral de Paulo VI. A entrada é gratuita. O espetáculo foi criado pelos coreógrafos Cláudia Martins e Rafael Carriço, da Vortice Dance Company, uma companhia sediada em Fátima, após um convite do Santuário para celebrar o Centenário das Aparições. Além da dança, a obra recorre a suporte vídeo, video mapping, figuração em holograma, cenografia 3D e figurinos recicláveis. Segundo Cláudia Martins, “o espetáculo vai estar muito centrado na Mensagem de Fátima e na sua intemporalidade”, em “perfeita adequação aos tempos atuais”. A peça “realça a grandeza espiritual” dos pastorinhos, “relembra a peculiaridade do caráter” dos três videntes e deverá suscitar vários efeitos. “Queremos que o público sinta tudo de forma muito intensa e que se reveja em algumas partes”, explicou. Cláudia Martins destaca que este “é um espetáculo ao qual as pessoas não vão ser indiferentes, porque se impõe

Fátima Jovem

A Peregrinação Nacional de Jovens, também conhecida como Fátima Jovem, vai realizar-se dias 7 e 8 de maio sob o tema “Maria, Mãe de Misericórdia”. O programa prevê momentos de reflexão, formação, debate, oração e música.

Peregrinação Aniversária

O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, estará na Cova da Iria para presidir às celebrações

Rafael Carriço e Cláudia Martins são os coreógrafos da companhia Vortice Dance

pela diferença”. A obra dirige-se também aos mais afastados da Igreja. “Este espetáculo é transversal a todos, mesmo aqueles que estejam mais

da Peregrinação Internacional Aniversária ao Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 de maio.

Encontro inter-escolas

Crianças do primeiro ciclo que frequentam as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica vão estar em Fátima dia 27 de maio, para participarem na 16ª edição de um encontro interescolas, sob o tema «ConTigo sou + Feliz».

distantes da Igreja. O espírito é de diálogo e integração, entre pessoas, países e religiões”. A interpretação envolve 35 pessoas.

Agenda

MAIO

DIA 21 Retiro no Seminário da Consolata: "Na senda de Maria, Mãe da Misericórdia: Adoeci e visitaste-me" DIA 31 Peregrinação dos Feirantes

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“Faltam estruturas e pessoas mais abertas ao novo” 14

Fátima Missionária


atualidade

Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | ANA PAULA

A um mês de deixar o cargo de Superior Provincial dos Missionários da Consolata em Portugal, o padre António Fernandes, 48 anos, assume que foram dados passos significativos na reorganização das diferentes estruturas do Instituto, mas reconhece que há ainda muito caminho a percorrer

Que balanço faz dos dois mandatos como Superior Provincial? Sinceramente, creio que quando se termina um mandato de Superior não se pode fazer um balanço, avaliando se é positivo ou negativo. O serviço de animador de uma comunidade religiosa é sobretudo feito na perspetiva do discernimento da vontade de Deus no dia a dia. Ao longo destes anos, procurei estar atento a essa vontade à luz do Evangelho e na escuta atenta do que a realidade pede hoje aos Missionários da Consolata. Senti-me acompanhado por Deus, por pessoas e comunidades, na procura dessa vontade.

Conseguiu tornar a missão mais viva nas casas e nas missões, e reforçar a proximidade às causas e às pessoas, como pretendia? Essa é uma caminhada inacabada. Acho que há ainda muito caminho a percorrer. Faltam estruturas e pessoas mais abertas ao novo, mais atentas aos problemas humanos e sociais. Sinto muitas vezes no interior das comunidades religiosas um medo infundado de trabalhar com o Outro, com o diferente, de abrir as suas portas e tornar as suas casas verdadeiros santuários de espiritualidade e convivência fraterna, alicerçada na comunhão de vida.

Um dos objetivos traçados pela direção que agora cessa funções era colocar o património do Instituto ao serviço das causas sociais. O que foi feito nesse sentido? Vejo sinais muito positivos no Centro Missionário Padre Paulino, no Cacém. Hortas comunitárias, uma casa que acolhe pessoas que necessitam de um teto, que lhes oferece um espaço de conforto e carinho. Uma presença missionária no Zambujal (Amadora), perto das pessoas e da comunidade, apoiando as associações que nascem no bairro. A comunidade de Águas Santas (Maia), dinamizando o Centro José Allamano, com abertura aos idosos, jovens e sem abrigo. A Páscoa com os sem abrigo tem sido disso um exemplo. Há muito ainda para fazer e organizar, mas foram dados passos muito significativos nesse sentido.

Deixa o cargo com o sentimento de dever cumprido, ou com a sensação de que muito ficou por fazer?

Com a sensação de tranquilidade e serenidade. Gostaria de ter ajudado as comunidades a fazer muito mais e tenho a certeza de que há muito mais para fazer. A vida é dinâmica e quando nos deixamos guiar pelo Evangelho é surpreendente e criativa.

É mais fácil ser missionário em terras indígenas ou Superior Provincial em Portugal? Sempre achei a vida missionária uma beleza, para leigos e consagrados. São desafios completamente diferentes. Mas sinto que quando vivemos desapegados do poder e abertos à novidade do Evangelho todas as experiências são momentos de crescimento. Senti-me bem a trabalhar na Amazónia brasileira com os povos indígenas e muito bem em Portugal neste serviço de animador que me ajudou muitíssimo a conhecer esta nova realidade eclesial e social.

Um momento que gostaria de voltar a viver enquanto Superior, outro que dava tudo para esquecer. Há um momento para esquecer. Recebi um dia uma carta de um senhor a pedir ajuda, que merecia mais atenção da minha parte. Encontrou-me no meio de uma correria imensa e não prestei a atenção devida. Queria ir visitá-lo e acabei por fazer o mínimo, e mal. Também gostaria de ter resolvido “eternos” desafios que as estruturas que temos em Portugal colocam à missão e ao ser missionário neste país. Mas tenho muitas e bonitas recordações: cafés semanais e quinzenais com o meu amigo Carlos Liz, que me ajudaram a conhecer a realidade portuguesa, a confrontar-me e a questionar-me. Peregrinações a Fátima a pé, acompanhando grupos, a experiência com a Agência BAR e a criação da nova imagem do Instituto, as longas conversas sobre Deus, a fé e a vida. A confiança depositada em leigos para trabalhar connosco. Muitos momentos de alegria ao redor da mesa com os missionários. Eucaristia e momentos de oração cheios de vida e partilha. Diálogos com pessoas e missionários, onde fui instrumento do amor e misericórdia de Deus. Sinto que vivi e não fiquei preso a regras e estruturas de poder.

O seu futuro passa por …. Viver o dia a dia, confiante na presença amorosa e carinhosa de Deus.

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DOSSIER

Cristãos paquistaneses à espera do Papa São menos de dois por cento dos 180 milhões de paquistaneses mas tornaram-se muito visíveis nos últimos cinco anos devido à perseguição pelos extremistas muçulmanos, como se viu no domingo de Páscoa, quando um ataque matou 74 pessoas em Lahore. O governo de Islamabad diz que Francisco aceitou um convite para visitar o país este ano, mas o Vaticano não confirma. A acontecer, essa viagem papal poderia ajudar a melhorar a imagem do Paquistão e sobretudo trazer uma mensagem de apoio a uma comunidade que, apesar de tudo, quer sentir-se parte de um país que oficialmente nasceu para ser uma pátria para os muçulmanos da Índia Texto | Leonídio Paulo Ferreira* Fotos | LUSA

Quando o jornal Dawn noticiou no início de março que o Papa aceitara o convite para visitar o Paquistão antes do final do ano, tudo parecia indicar que o pior já tinha passado para os cristãos do país, cerca de três milhões de pessoas, menos de dois por cento do total da população. Mas o atentado no domingo de Páscoa em Lahore, embora matando mais muçulmanos do que cristãos, mostrou que os extremistas, sejam os chamados talibãs paquistaneses ou grupos jihadistas, continuam a ver os crentes em Jesus como alvo a abater e as autoridades são incapazes de os travar. No jardim de Lahore, onde as

famílias piquenicavam e as crianças brincavam, morreram naquela tarde de 27 de março 74 pessoas, cerca de um quinto delas cristãs. Como afirmava a mensagem que reivindicava o atentado, indiferente perante as vítimas fossem quais fossem, o objetivo era matar cristãos. “Reivindicamos a responsabilidade pelo ataque aos cristãos quando estavam a celebrar a sua festa religiosa”, afirmou um porta-voz do Jamaat ul-Ahrar. Criado em 1947, no momento da partida dos colonizadores britânicos, como pátria para os muçulmanos do

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O Paquistão distinguiu-se por ser o primeiro país muçulmano liderado por uma mulher

A realizar-se a visita, seria um momento emocional tremendo para os cristãos paquistaneses e talvez também a hipótese de Asia Bibi ser libertada, pois continua presa desde 2009 apesar de ter sido suspensa a pena de morte

subcontinente indiano, o Paquistão falhou não só em atrair os milhões e milhões de fiéis que permaneceram na Índia laica mas até hoje de maioria hindu, como também deixou emancipar-se o atual Bangladesh, deixando claro que o Islão não era cimento decisivo quando as rivalidades étnicas (penjabis contra bengalis) vieram ao de cima. O próprio Mohammed Ali Jinnah, pai do país, não era um muçulmano especialmente praticante, tendo nascido numa família ismaelita, ramo do xiismo, e só mais tarde convertido ao sunismo. Tendo sido casado com uma zoroastrista, e com uma filha casada com um cristão, Ali Jinnah acabava por ser um líder tolerante e o seu novo Paquistão garantia direitos às minorias religiosas. Depois de 1956, o Paquistão tornou-se uma república islâmica. E na década

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de 1980, com o general Zia ul-Haq no poder, o país tornou-se muito mais conservador do ponto de vista religioso do que era habitual. Mesmo assim, com o regresso da democracia e a chegada de Benazir Bhutto ao governo em 1988, o Paquistão distinguiu-se por ser o primeiro país muçulmano liderado por uma mulher. Por entre estes desenvolvimentos, a minoria cristã foi vivendo a sua vida, claramente com menos choques com a maioria sunita do que com grupos como os ahmadis, perseguidos por serem vistos como heréticos do Islão, ou os hindus, sempre suspeitos de terem lealdades divididas com a Índia, o velho irmão inimigo com o qual o Paquistão já travou três guerras desde 1947, duas delas pela soberania de Caxemira e outra por causa do apoio militar indiano ao Bangladesh. Também os xiitas,


visita ao Paquistão, especulando-se que poderia visitar a Índia em setembro para canonizar Madre Teresa de Calcutá e no âmbito dessa viagem ir também ao país vizinho, dado ter sido convidado pelo primeiro-ministro. Antes, já o porta-voz papal, o padre Federico Lombardi, tinha deixado claro que de momento não existem planos de viagem de Francisco à Ásia do sul. João Paulo II visitou o Paquistão (1981), mas Bento XVI não. Desesperado por pacificar o país e reconquistar simpatias na comunidade internacional, o primeiro-ministro Nawaz Sharif e o chefe militar Rahel Sharif têm procurado combater sem tréguas os jihadistas, mas estes beneficiam de redes de apoio e de um passado de cumplicidade com as autoridades por servirem para interesses de política externa no Afeganistão ou na Caxemira indiana. apesar de numerosos (30 milhões), costumam ser vítimas dos extremistas sunitas, que atacam as suas mesquitas. Apesar dos atentados no passado contra igrejas e também linchamentos, os últimos cinco anos têm sido os mais terríveis para os cristãos paquistaneses, que se dividem quase ao meio entre católicos, muitos deles convertidos por jesuítas portugueses a partir do século XVI ou vindos de Goa, e protestantes, no caso resultado da missionação anglicana no tempo colonial britânico. Em 2011, foi morto a tiro de metralhadora Shabaz Bhatti, ministro das Minorias Religiosas e único cristão no governo de Nawaz Sharif. Tinha-se destacado pela crítica à lei da blasfémia, que é usada e abusada para atacar os cristãos, muitas vezes

por motivo de ódios pessoais ou cobiça de bens. Nesse mesmo ano foi assassinado Salmam Taseer, o governador do Penjabe, a maior província paquistanesa, por como muçulmano ter saído em defesa de Asia Bibi, uma cristã analfabeta em risco de ser condenada à morte por alegado insulto ao profeta Maomé. Dois anos depois, bombistas suicidas atacaram uma igreja em Peshawar, matando 127 pessoas. E no ano passado, vários ataques bombistas contra igrejas de Lahore mataram 15 pessoas. E agora este massacre de domingo de Páscoa, de novo com os cristãos como alvo. Na praça de São Pedro, em Roma, o Papa aproveitou a tradicional mensagem pascal para condenar o ataque terrorista e expressar a solidariedade com as vítimas. Mas Francisco não tem falado de qualquer

A realizar-se a visita, seria um momento emocional tremendo para os cristãos paquistaneses e talvez também a hipótese de Asia Bibi ser libertada, pois continua presa desde 2009 apesar de ter sido suspensa a pena de morte. Para os paquistaneses, sobretudo a elite que se orgulha do poder cultural e científico que até permitiu obter a bomba nuclear, seria também uma chamada de consciência no sentido de protegerem os compatriotas que seguem o cristianismo, religião que Maomé ordenou ser respeitada. Um passo importante é revogar a lei da blasfémia, cujos contornos medievais são indefensáveis no século XXI e dão ao Paquistão péssima imagem, apesar de, como prova o ataque da Páscoa, o seu povo, muçulmanos incluídos, ser dos que mais sofrem com o terror feito em nome do Islão. *jornalista do DN

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DATAS PARA PERCEBER UM PAÍS 1947 Com o fim da

colonização britânica, surgem a Índia e o Paquistão, divididos de forma sangrenta dada a troca de populações. Idealizado por Mohammed Ali Jinnah como pátria para os muçulmanos da Índia, o Paquistão nasce com duas partes, uma a Ocidente, englobando parte do Penjabe histórico, o Sind, o Baluchistão e a chamada Província da Fronteira do Noroeste, enquanto a outra, a Oriente, corresponde a metade do Bengala. Cerca de um em cada sete habitantes pertencem a minorias religiosas, sobretudo hindus, mas também sikhs e cristãos.

1948 Morre Ali Jinnah. Nesse mesmo ano há a primeira guerra com a Índia sobre a soberania de Caxemira, região de maioria muçulmana cujo marajá preferiu fazer parte da União Indiana. 20

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1956 O país torna-se uma

república islâmica, apesar de prometer defender os direitos das minorias.

1958 General Ayyub Khan assume o poder. Militares vão alternar com os civis na condução do país durante décadas. 1965 Segunda guerra com a Índia sobre Caxemira.

1971 Nova guerra com a Índia, que envia as suas tropas para apoiarem os separatistas do Paquistão Oriental. Nasce o Bangladesh e o Paquistão passa a ser um único território, confinado entre a Índia, a China, o Afeganistão e o Irão. Muçulmanos tornam-se a esmagadora maioria da população.

1979 Ex-primeiro-ministro

Zulfikar Ali Bhutto é executado por ordem do general Zia uk-Haq, que dois anos antes tinha tomado o poder num golpe. Invasão soviética do Afeganistão faz Paquistão servir de santuário para os mujaedines, recebebendo apoio militar dos Estados Unidos da América (EUA).

1988 General Zia morre num acidente de avião. Civis voltam ao poder, com a vitória de Benazir Bhutto, filha do político morto uma década antes. 1998 Testes nucleares ordenados pelo primeiro-ministro Nawaz Sharif. 1999 Sharif derrubado pelo general Perfez Musharraf.


2001 EUA obrigam Paquistão

a juntar-se à guerra contra o terrorismo, lançada depois dos atentados do 11 de Setembro atribuídos à Al-Qaeda. Vizinho Afeganistão, governado pelos talibãs, é ocupado pelos norte-americanos.

2003 Paquistão e Índia decidem estabelecer ligações aéreas diretas.

2005 Terramoto mata milhares de pessoas no Caxemira sob administração paquistanesa.

2007 Benazir e Sharif regressam do exílio. Atentado mata Benazir. 2008 Musharraf demite-se de

Presidente. Um atentado bombista no hotel Marriot, em Islamabad, mata mais de 50 pessoas. Resposta militar contra jihadistas nas áreas tribais junto ao Afeganistão.

2009 Líder dos talibãs

paquistaneses é morto por drone americano. Atentado suicida mata 130 pessoas em Peshawar.

RELEMBRAR O ARCEBISPO PEREIRA DE CARACHI Filho de goeses, já não falava português e por isso foi em inglês que, em 2001, Simeon Pereira explicou ao enviado do DN ao Paquistão que confiava nas autoridades para protegerem os cristãos. Já septuagenário, o arcebispo de Carachi mostrava-se preocupado com as manifestações a favor dos talibãs, que no vizinho Afeganistão estavam a ser bombardeados pelos aviões americanos por protegerem Osama bin Laden. Os atentados do 11 de Setembro em Nova Iorque tinham sido semanas antes e enquanto no Ocidente se discutia se existia ou não um choque de civilizações, no Paquistão pelo menos uma igreja foi atacada à bomba e era um tempo de medo. O arcebispo Pereira dizia que aqueles que matavam eram extremistas e não percebiam o Islão, recusando-se a condenar os muçulmanos. Acreditava ser possível ser cristão e patriota paquistanês e por isso até tinha introduzido a Missa em urdu, a língua oficial do país. A sua confiança nas autoridades tinha uma razão de ser: ali, na escola vizinha da catedral de Saint Patrick, em Carachi, estudavam crianças de todas as comunidades e não apenas católicas. E há muitos anos um dos alunos tinha sido Pervez Musharraf,

o general que então era o homem forte do Paquistão. Todo vestido de branco, com um ar frágil e voz quase inaudível, o arcebispo reformou-se pouco depois e morreu em 2006, com 78 anos. O funeral teve direito a notícia no Dawn, o grande jornal paquistanês em língua inglesa. Na pequena sala onde me recebeu, havia uma imagem da senhora com o menino e também uma fotografia de Mohammed Ali Jinnah, o homem que fundou o Paquistão para ser a pátria dos muçulmanos do subcontinente indiano. Conciliar as duas imagens, ou o significado delas, tem-se tornado cada vez mais difícil para os quase três milhões de cristãos paquistaneses, metade deles católicos, os outros protestantes, sobretudo anglicanos.

2010 Cheias matam duas mil

pessoas.

2011 Contestação à lei da

blasfémia leva ao assassinato de duas figuras políticas: o ministro das Minorias, que era cristão, e o governador do Penjabe. Líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, descoberto no Paquistão e morto por tropas especiais americanas.

2014 Malala Yousafzai é

baleada na cabeça por talibãs paquistaneses por defender o direito das raparigas irem à escola. Levada para o Reino Unido, a adolescente é salva e em 2015 receberá o Nobel da Paz. Ataque jihadista a escola em Peshawar mata 150 pessoas.

2015 Chefe militar Raheel

Sharif lança ofensiva contra talibãs paquistaneses para tentar pacificar o país e com algum sucesso, o que lhe vale elogios internos e externos.

2016 Ataque contra cristãos em Lahore, durante a Páscoa, mata mais de 70 pessoas. ‹ Maio 2016 ›

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mãos à obra

Um dos objetivos do projeto em curso é melhorar também a formação dos professores

Computadores ajudam à inclusão das mulheres Missionários apostam nas novas tecnologias de informação e comunicação para combater as elevadas taxas de desistência e de insucesso escolar, no município de Nampula, em Moçambique. Aulas de informática visam também melhorar a capacidade de resposta dos professores

“Este projeto surgiu da necessidade de criar um curso de informática orientado para uma população escolar alargada, da 8ª à 12ª classe e também para os professores”

Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | DR

Se o projeto lançado pelos missionários da Consolata conseguir chegar a bom porto, os alunos da Escola Secundária de Nampaco, no município de Nampula, em Moçambique, vão ter a possibilidade de aceder a computadores individuais e frequentar cursos de informática que lhes permitirão adquirir competências consideradas fundamentais para a entrada no mercado de trabalho. Para já, a campanha está em fase de angariação de fundos, e o desafio já foi lançado, quer ao setor privado moçambicano, quer às organizações dos países em desenvolvimento que se preocupam em proporcionar aos jovens a possibilidade de lutar por um trabalho digno e produtivo. O objetivo é reunir pelo menos 22

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5.000 euros, para aquisição de 20 computadores, que permitam avançar com uma sala de informática no estabelecimento de ensino, situado na paróquia de Nossa Senhora da Paz. “Este projeto surgiu da necessidade de criar um curso de informática orientado para uma população escolar alargada, da 8ª à 12ª classe, e também para os professores”, aproveitando-se, ao mesmo tempo, para transformar a futura sala num “centro de estudo e de conhecimento dinâmico e interativo”, esclarecem os promotores da iniciativa. O bairro de Nampaco fica a quatro quilómetros da cidade de Nampula, a terceira maior do país, tem cerca de 15 mil habitantes e um universo

de 6.000 alunos. Muitos dos jovens enfrentam grandes dificuldades no acesso ao ensino secundário, fruto da falta de preparação no ensino básico, consentido pelo sistema de ensino público que permite a passagem automática de nível de ensino. O resultado é visível nas elevadas taxas de desistência e de insucesso escolar, segundo os missionários. A ideia desta campanha surge por isso com a intenção de contrariar esta tendência, ao promover a aprendizagem das novas tecnologias a estudantes e professores e incentivar a inclusão das mulheres no campo da informática, tornando os docentes mais qualificados para o exercício da sua profissão e os jovens com mais formação para conseguirem um emprego.


IMAGENS DE MISERICÓRDIA

Foto | Arquivo

Uma imagem com mais de 100 anos, testemunha da primeira evangelização do povo kikuyu, no Quénia. “O que fizestes ao mais pequenino dos meus irmãos a Mim o fizestes”. É a síntese de todas as obras de misericórdia, realizadas pelos missionários. Ensinar a ler ou a escrever, nutrir o corpo ou o espírito, elevar a nível humano e cultural, difundindo coisas da terra ou do céu. Tudo contribui para que o ser humano se nutra e se desenvolva harmonicamente.

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# gente nova em missão desafio

CONTRA A PREGUIÇA, DILIGÊNCIA Texto | ÂNGELA E RUI ilustração | david oliveira

Olá amiguinhos missionários! Este mês vamos falar sobre um dos sete pecados capitais: a preguiça. É certo que a televisão, os computadores, os tablets e as consolas de jogos podem ser úteis e proporcionar bons momentos familiares, mas também promovem isolamento e distanciamento das tarefas que devemos assumir, para não sobrecarregarmos a nossa família, os nossos educadores e amigos. Jesus quer-nos persistentes e diligentes, pois isso trará felicidade e alegria. A preguiça é a porta para muitas coisas más; vamos combatê-la? A preguiça No dicionário: “Substantivo feminino. Propensão para não trabalhar – mandriice, ócio, vadiagem.” Já pensaram que quando não colaboramos com os outros na realização das tarefas porque não nos apetece fazer nada, o outro ficará sobrecarregado e triste? E já pensaram que é bom que as pessoas confiem em nós porque somos responsáveis e não faltamos aos compromissos? Obviamente quando assim acontece, sentimo-nos bem e isso faz-nos felizes.

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SABIAS QUE

O Papa Francisco disse: “A preguiça distancia-nos do serviço e leva-nos à comodidade, ao egoísmo. Muitos cristãos são assim, são bons, vão à Missa, mas o serviço até aqui... Mas quando eu digo serviço, eu quero dizer tudo: o serviço a Deus na adoração, na oração, no louvor; serviço ao próximo, quando devo fazê-lo; serviço até ao fim, porque Jesus nisso é bom”.

MOMENTO DE ORAÇÃO Amigo Jesus: Eu quero ser responsável e diligente Porque assim vou fazer o outro feliz Tu queres Jesus? Eu também quero Vou crescer e não ser preguiçoso Vou desligar a televisão e cumprir as tarefas Vou fazer missão, vou rezar todos os dias Perdoa-me quando me esquecer disto E ajuda-me quando me faltar confiança Ámen. Pai-Nosso… Ave-Maria… Glória…

A preguiça é assim, no momento sabe bem, mas as consequências são más, para nós e para os outros. Como combater a preguiça Por mais novos que sejam, não quer dizer que não possam assumir as vossas responsabilidades. Ser trabalhador na escola, ajudar nas tarefas de casa, arrumar os jogos e o quarto, cumprir o que os pais pedem; tudo isso é ser responsável. Se mostrarem dedicação e persistência em tudo o que fazem, depressa as pessoas mais velhas ganham confiança em vocês e atribuem-vos tarefas de maior responsabilidade. Nas férias da escola em vez de estarem a ver televisão todo o dia, podem, por exemplo, fazer trabalhos manuais com o objetivo de ganharem dinheiro para doarem a uma instituição de caridade, tantos meninos e meninas que precisam de ajuda e com tempo livre e boas ideias, uma missão simpática pode começar na vossa comunidade. De que estão à espera? Jesus vai ajudar-vos e dar-vos confiança. “O preguiçoso cobiça, mas nada obtém; o desejo dos diligentes será satisfeito.” (Provérbios 13,4)

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tempo jovem

MARIA, A PRIMEIRA DISCÍPULA primeiro no

segundo na

terceiro na

quarto no

Acolhimento

disponibilidade

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atenção

serviço


O mundo precisa urgentemente de jovens generosos e disponíveis como Maria

Texto | ÁLVARO PACHECO Foto | SANTUÁRIO DE FáTIMA

Maria foi sempre considerada “bendita entre as mulheres” por ter sido eleita Mãe do Messias de Deus, colaborando no projeto de salvação de Deus com o seu “sim”. Mas há outras razões: há uma dimensão que encontramos nela e que a coloca entre os famosos “discípulos” de Jesus. Ou seja, já antes de Jesus nascer como um de nós, ela apresenta-se como sua discípula, a sua primeira discípula. A dimensão do discipulado em Maria tem vários aspetos que se revelam ao longo da sua vida, e que estão associados a características específicas do que significa ser discípulo e missionário. Pessoalmente encontro nela cinco dimensões que fazem parte integrante do seu ser discípula e missionária. A primeira é a dimensão do acolhimento: diz o Evangelho que Maria guardava todas estas coisas no seu coração (Lc 2, 51). Ou seja, para Maria, tudo o que lhe acontecia, fosse mais ou menos alegre, mais

ou menos compreensível, mais ou menos lógico, tinha uma razão de ser porque lhe era proposto por Deus. Ela colocava-se sempre em atitude de acolhimento das propostas de Deus, sobretudo através do Filho que tinha gerado e que na fase adulta da sua vida levou por diante uma missão muito particular, por vezes controversa e sempre desafiante, mesmo para ela. Ela acolheu também Jesus não só no seu seio, mas acima de tudo no seu coração, deixando-se transformar, desafiar e aperfeiçoar pela missão do Filho que ela aceitou como sua própria missão. A segunda dimensão é a atenção: Maria viveu sempre numa atitude de atenção e cuidado para com o próximo. Os episódios clássicos são o da visitação a Isabel e as bodas de Caná. Para Maria, a felicidade e o bem-estar integral do próximo fazem parte da sua felicidade e esta atitude é o ponto de partida para que o amor se torne ativo. O missionário é aquele que está atento ao que Deus lhe propõe, à situação em que vive o seu próximo e aos sinais dos tempos, e sabe integrar os valores do Evangelho. A terceira é a dimensão da disponibilidade: Maria oferece a sua vida a Deus e aos outros, a começar por Jesus, adequando os seus projetos pessoais e a sua felicidade ao projeco de Jesus. Esta disponibilidade torna-a mãe de toda a humanidade, começando por quem lhe é mais próximo – ela saiu apressadamente para uma cidade de Judá para ajudar a sua prima Isabel (Lc 1, 39). É uma disponibilidade ativa e atual, ou seja,

acontece no “aqui e agora”; ela vive a vida no momento presente, dispondo-se ativamente a servir, a estar presente na vida dos outros com tudo o que é e tudo o que tem. A quarta é a dimensão do serviço: Maria serve, faz da sua vida um dom para os outros, ajudando e servindo para que o outro seja feliz, amado, valorizado e respeitado na sua dignidade e beleza. A visitação de Maria a Isabel é o exemplo clássico, mas devemos igualmente recordar o episódio em que Jesus diz que sua mãe e seus irmãos são quem faz a vontade de Seu Pai (Mt 12,50). É esta precisamente a definição por excelência do discípulo e missionário de Cristo e, como tal, a definição da vida e missão de Maria. Este “fazer a vontade” é precisamente servir, não ser servido, é amar porque Deus é Amor. Finalmente, temos a dimensão da partilha: Maria partilha com Jesus e com todos a sua fé, a sua amizade, a sua presença atenta e ativa, o seu serviço fértil e generoso, a sua compaixão, acompanhando Jesus e a humanidade (simbolizada na comunidade dos apóstolos) em todos os momentos da sua vida. De facto, ela permanece fiel até à cruz, e está presente quando nasce a Igreja. Para nós, sobretudo para os mais jovens, a vida de fé deve levar a uma identificação com esta discípula, que se traduz numa vida pró-ativa em favor da felicidade do próximo. O mundo precisa urgentemente de jovens generosos e disponíveis como Maria.

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sementes do reino

Festa do Espírito Texto | PATRICK SILVA Foto | ANA PAULA

A partida de Jesus para o Pai deixa os discípulos “órfãos”. Porém, esta situação é totalmente transformada com a chegada do Espírito, que terá como missão acompanhar os discípulos na sua caminhada do anúncio da Boa Nova. O Espírito Santo será companheiro nas horas solitárias, advogado nas horas do confronto, consolador nas horas da aflição.

Leio a Palavra Act 2, 1-11

O autor do texto, Lucas, coloca a “festa” do Espírito no dia de Pentecostes. Esta era uma festa judaica, que iniciara por ser uma festa de agradecimento pela colheita dos produtos agrícolas, mas viria a tornar-se numa festa em que se celebrava a Aliança entre Deus e o seu povo, Israel. Assim, Lucas acredita que o Espírito é agora o novo “instrumento” da aliança entre Deus e o seu novo povo. O Espírito é apresentado pelo vento e pelo fogo, dois elementos da revelação de Deus no Sinai, mas também como língua de fogo. Ora, esta expressão é muito interessante, porque a língua é o modo que usamos para nos expressar, para comunicar, para criar comunhão. Tudo isto já dá a entender qual será a missão do Espírito Santo.

Saboreio a Palavra

O texto nomeia uma série de povos que presenciam a chegada do Espírito e o efeito que produz nos discípulos, pois 28

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todos os povos escutam a proclamação da Boa Nova na sua própria língua. No fundo, estamos perante uma Babel ao contrário, pois o Espírito irá criar os laços de comunhão entre todos. Os discípulos não falam todos a mesma língua, mas várias línguas, ou seja, cada cultura recebe a Boa Nova na sua própria realidade, e deve deixar-se transformar pelo Espírito sem perder a sua identidade.

Rezo a Palavra

O Espírito Santo é a força de Deus que vem até nós para nos transformar. No seu momento de oração, peça o dom deste Espírito que lhe fala numa linguagem que pode entender; peça-lhe todos os seus dons para que possa ser um bom discípulo de Jesus.

Vivo a Palavra

A festa de Pentecostes é um momento extraordinário para a Igreja nascente, que toma consciência da sua missão de anunciar a Boa Nova por toda a parte; nesta tarefa não está só, conta com a presença do “defensor”. A chegada deste Espírito Santo é de tal modo radical que muda por completo aquele grupo de discípulos dominados pelo medo em discípulos destemidos, que se lançam na aventura da missão. Hoje precisamos desta força do Espírito, pois tantas vezes nos sentimos dominados pelo medo e pelas incertezas deste tempo.

O Espírito Santo é a força de Deus que vem até nós para nos transformar. No seu momento de oração, peça o dom deste Espírito que lhe fala numa linguagem que pode entender; peça-lhe todos os seus dons para que possa ser um bom discípulo de Jesus


A palavra faz-se missão

MAIO

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6º Domingo da Páscoa Act 15, 1-2.22-29; Ap 21, 10-23; Jo 14, 23-29

Arrumar a casa

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Festa da Santíssima Trindade Prov 8, 22-31; Rom 5, 1-5; Jo 16, 12-15

Laços sagrados

“Não se perturbe o vosso coração”. Demasiado inquietos e projetados para fora, não nos apercebemos que temos uma vida interior capaz de arrumar a nossa casa e dar solidez ao nosso caminho. “Quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele”. É a fonte da paz e da alegria interior. Corações destes são construtores de paz.

A Trindade não é mistério para entender com a cabeça. É para viver em cada relação que tecemos. Ninguém foi criado para viver isolado. A minha família, o meu grupo, a minha comunidade, só os posso entender como espaço de relações trinitárias, em permanente acolhimento daquilo que cada um tem para dar.

08

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Console-nos a certeza de que Deus vive dentro de cada um de nós. Ascensão do Senhor Act 1, 1-11; Ef 1, 17-23; Lc 24, 46-53

Ide por todo o mundo

Subindo ao Céu, o nosso Redentor introduziu-nos no seio da Santíssima Trindade. “Eu vos levarei comigo para que, onde Eu estiver, estejais vós também”. Mas por enquanto ficamos para continuar a sua obra: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura”. A Igreja existe para comunicar o Evangelho e promover ascensões.

Incute em mim, Senhor, a paixão pelo anúncio do teu Reino a todos os povos.

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Festa de Pentecostes Act 2, 1-11; 1Cor 12, 3-13; Jo 20, 19-23

O Espírito da nossa missão

A descida do Espírito Santo inaugura o tempo da Igreja. Celebramos o Espírito renovador que vem recompor a face da terra. É o Espírito animador da comunidade dos discípulos de Jesus que os torna seus anunciadores destemidos.

Reforça, Senhor, os laços da nossa unidade. Festa do Corpo de Deus Gen 14, 18-20; 1Cor 11, 23-26; Lc 9, 11-17

Isto é o meu corpo

“Tomai e comei: isto é o meu corpo entregue por vós”. Como Jesus também eu posso dizer todos os dias: este é o meu corpo, esta é a minha vida oferecida por ti, por ele e por vós. Por esta comunhão permanente entre nós reconhecerão que somos seus discípulos.

Senhor, que a minha vida, seja o pão de quem tem fome.

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9º Domingo Comum 1Rs 8, 41-43; Gal 1, 1-10; Lc 7, 1-10

“Ele estima a nossa gente”

Um centurião romano pede a Jesus que lhe cure o seu servo. E as pessoas intercedem por ele junto de Jesus: “Ele é digno de que lho concedas, pois estima a nossa gente, e foi ele que nos construiu a sinagoga”. Que bonito é reconhecer os benefícios recebidos e interceder pelos amigos.

Ajuda-nos, Senhor, a ser reconhecidos a ti e a todos aqueles Vem, Espírito Santo, vem amor ardente e acende na terra a tua luz que nos fazem bem. fulgente. DV

intenção pela evangelização Para que se difunda nas famílias, comunidades e grupos a prática de rezar o santo Rosário pela evangelização e pela paz

O Rosário da paz Perguntaram um dia a João Paulo II por que é que o rosário é o “compêndio do Evangelho”. E ele respondeu: “Porque os mistérios contemplados no rosário: infância, vida pública, paixão, morte e ressurreição de Jesus, são a essência do Evangelho”. Não há aparição da Virgem Maria que não contenha o pedido desta oração. Por que será? O mesmo João Paulo II, que nos deixou uma carta encíclica sobre este assunto, afirmou que o rosário é, por natureza, uma oração voltada para a paz, pois consiste na contemplação de Cristo, Príncipe da paz e nossa paz. É a oração da paz também pelos frutos de caridade que produz. Diz ainda o mesmo Pontífice que há uma outra razão bem simples e concreta para que a oração do terço seja a oração da paz: “as dificuldades apresentadas neste início do milénio levam-nos a concluir que somente uma intervenção do Alto é capaz de orientar os corações daqueles que vivem em situações de conflito e daqueles que regem os destinos das nações”. Que as famílias, comunidades e grupos não esqueçam estas orientações. DV

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Fátima Missionária

É mesmo necessário acreditar nas aparições de Nossa Senhora para ser católico? Armando Antunes, Pombal

De maneira nenhuma. As aparições não são dogmas de fé e não acrescentam nada à Revelação. E por isso, os católicos não estão obrigados a acreditar nelas. Mas a Igreja, após longos estudos e um criterioso discernimento pode reconhecer algumas aparições como válidas ou dignas de crédito, apesar de serem apenas “revelações privadas”. Di-lo claramente o Catecismo da Igreja Católica: “No decurso dos séculos tem havido revelações ditas ‘privadas’, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é ‘aperfeiçoar’ ou ‘completar’ a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo magistério da Igreja, o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja” (nº 67). O teólogo e mariólogo francês René Laurentin, reconhecido autor de várias investigações históricas sobre as aparições marianas, destaca que, nas suas múltiplas mensagens, a Virgem Maria, como “delegada privilegiada da misericórdia de Deus a favor dos homens”, sempre convida as pessoas à conversão e a voltar a Deus. Como aconteceu na Cova da Iria. DV

Vou fazer 100 anos

Sou assinante da revista Fátima Missionária há mais de 30 anos. Leio-a com muito gosto, mas fico triste por não poder contribuir para os pedidos de ajuda que vejo nela, sobretudo quando se trata de ajudar as crianças. Fiquei muito sensibilizada com o apelo “ajudas-me?”, a favor das crianças de Mkindu. Do pouco que tenho resolvi partilhar 20,00 €. Sei que é uma gota de água no oceano, mas é oferecido com muito amor e em memória dum querido filho que há 11 anos partiu para o Céu e que foi seminarista em Fátima, e foi sempre bom. Já sou velhinha. Vou fazer este mês 100 anos. Sofro muito por doença e pelas contrariedades, mas ofereço tudo a Jesus e a Nossa Senhora por mim, pela conversão dos pecadores e por tantas outras intenções. Emília

A riqueza de saber ler

Aqui vai o pagamento da “nossa” revista, como vós gostais que digamos. E de facto é nossa, apesar de eu receber outras. Vai um bocadinho para cada uma. Já tenho muita idade, mas sou apaixonada por todas elas! Saber ler é para mim uma riqueza. Perco-me a ler tudo o que se refere a Deus e a quem trabalha pelo seu reino, para que cresça nas almas e chegue aos mais desprotegidos. Bem hajam pelo bem que espalham por este nosso mundo tão carente de proteção e de afetos. Maria José


gestos de partilha

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Crianças de Mkindu – Tanzânia Vítor Soares 80,00€; Natália Dias 50,00€; Anónimo 20,00€; Anónimo 3,00€; Anónimo 15,00€; Anónimo 20,00€; Anónimo 10,00€; Anónimo 5,00€; Anónimo 10,00€; Anónimo 25,00€; Anónimo 500,00€; Anónimo 10,00€; Eugénia Jorge 50,00€; Fátima Matias 10,00€; Lucília Pereira 10,00€; Maria Almeida 3,00€; Conceição Fernandes 40,00€; Anónimo 30,00€; Sofia Martins 10,00€; Anónimo 10,00€; Donzília Covas 10,00€; Anónimo 26,00€; Maria Gaspar 10,00€; Bárbara Silva 5,00€; Silvina Mateus 20,00€; José Rafael 60,00€; Fátima Madeira 20,00€; Grupo Peregrinação à Terra Santa 20,00€; Joaquim Guedes 10,00€; Delfina Torres 18,00€; Manuel Neto 5,00€; João Gil 3,00€; Abílio Silva 50,00€; Anónimo 100,00€; Matilde Andrade 7,50€; Nuno Prazeres 50,00€; Fátima Matias 10,00€; Etelvina Vieira 5,00€; Deonilde Silva 5,00€; Anónimo 25,00€; Anónimo 10,00€; Cândida Mariz 15,00€; Rosa Carvalho 40,00€; Maria Moreira 10,00€; Luciano Silva 18,00€; José Dias 50,00€. Total geral = 12.886,20€. Bolsas de Estudo Alfredo Lopes 250,00€; AMC (Núcleo do Algarve) Anónimo 250,00€; Cândida Carneiro 250,00€. Crianças Irã Anónimo 20,00€; Cremilde Pereira 9,00€; Manuela Costa 10,00€; Maria Moreira 7,00€; José Dias 50,00€. Guiúa – Moçambique Amélia Costa 70,00€. Ofertas várias Helena Barros 60,00€; Alberto Silva 66,00€; Anónimo 35,00€; Lúcia Simões 36,00€; João Monteiro 81,00€; Regina Silva 43,00€; Anónimo 30,00€; Anónimo (Ourém) 200,00€; Hélder Gomes 36,00€; Helena Medeiros 43,00€; Manuel Inácio 250,00€; Maria Barradas 43,00€; Anónimo 40,50€; Maria Serrano 85,50€; Anónimo 250,00€; José Lopes 36,00€; Alberto Tavares 36,00€; José Valinho 29,00€.

CONTACTOS Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 | IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 - 2496-908 Fátima | T: 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 Apartado 2009 - 4429-909 Águas Santas Maia | T: 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 - 1800-048 Lisboa | T: 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Quinta do Castelo - 2735-206 Cacém | T: 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua da Marginal, 138 - 4700-713 Palmeira Braga | T: 253 691 307 | braga@consolata.pt Rua Padre João Antunes de Carvalho, 1 - 3090-431 Alqueidão | T: 233 942 210 | alqueidao@consolata.pt Rua Estrada do Zambujal, 66 - 3º D - Bairro Zambujal - 2610-192 Amadora | T: 214 710 029 | zambujal@consolata.pt Alameda São Marcos, 19 – 7º A e B | 2735-010 Agualva-Cacém | T: 214 265 414 | saomarcos@consolata.pt

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vida com vida

IRMÃO ARTUR GOTTARDI

Missão de sonho feita

Texto | AVENTINO OLIVEIRA Ilustração | DAVID OLIVEIRA

Às vezes não é fácil compreender os caminhos misteriosos que o Senhor faz trilhar a alguns dos seus grandes amigos. Foi o caso do irmão Artur Gottardi. Entra para o Instituto dos Missionários da Consolata com um grande desejo de viver a missão nalgum país longe da sua pátria. E de repente, quando já se preparava para partir para o campo dos seus sonhos, é ceifado aos 23 anos por uma tuberculose pulmonar. O Artur nasceu em 20 de janeiro de 1915, em plena Grande Guerra. Aos 11 anos, já órfão de pai e mãe, entra para a casa dos Missionários da Consolata em Rovereto, no norte da Itália, e dali passa para a casa de formação dos Irmãos em Sanfré, província do Piemonte. Dele disse o formador, monsenhor José Nepote: “O Artur brilha pela sua docilidade e piedade, e pela sua grande estima pelo trabalho”. E trabalha com todas as suas forças para “tornar o seu caráter cada vez mais firme e para se aperfeiçoar nas virtudes da vida religiosa e missionária”. A tuberculose pulmonar atira-o para o Sanatório de São Luis: é ali que faz a sua Profissão Religiosa Perpétua em 1938, no dia 7 de outubro, festa de Nossa Senhora do Rosário, longe dos seus colegas de noviciado e da família religiosa que o recebera e por quem vibra de saudade. Professa o seu desejo de ir levar Cristo aos campos de missão, e ao mesmo tempo oferece, com o coração ensopado de lágrimas, o sacrifício da sua vida ao Senhor e à Virgem que lhe dá a consolação de fazer a vontade de Deus. O Artur respira os ares que deviam ajudar a curá-lo, e ao mesmo tempo a notícia que a sua saúde não só não melhora como galopa a grandes passos. Reza e chora. Sonha e oferece. Entrega ao Senhor o desejo de missionar, desejo que só se concretizará junto do Pai Allamano no céu. Das mãos do Superior que o anima recebe os sacramentos da viagem para as colinas eternas. 32

Fátima Missionária

Nos seus olhos molhados brilha o palpitar da sua fé. E no dia 22 de outubro de 1938, vigília do Dia Mundial das Missões, a sua alma jovem voa para a Casa do Pai: ali viverá ele para sempre a missão do sacrifício da sua vida, prenda que oferece a todos os seus irmãos e que os ajudará a concretizar a missão na terra. Para glória de Deus e bem da humanidade.


O QUE SE ESCREVE

A integração sensorial No desenvolvimento e aprendizagem da criança

Francisco O Papa que põe a Igreja a mexer

Em boa hora António Marujo e Maria Julieta Mendes Dias se lançaram na organização de mais alguns textos das crónicas de Bento Domingues publicadas no Público. Homem de pensamento irrequieto, Bento Domingues bem merece que as suas belíssimas – e por vezes polémicas – crónicas sejam publicadas num volume como este. Dizem os organizadores deste já quarto volume que Bento Domingues “está em permanente questionamento de si mesmo, da Ordem e da Igreja que decidiu servir, da sociedade em que vive”. É um questionamento bem visível nestes textos onde o autor analisa temas do programa de renovação do Papa Francisco: a política, a economia, o diálogo entre as diferenças, a família, o lugar das mulheres na Igreja, o papel dos teólogos e a Cúria Romana. Para ler ou reler. Autor: Frei Bento Domingues, O.P. Organização: António Marujo e Maria Julieta Mendes Dias 464 páginas | preço: 19,90 € Temas e Debates - Círculo de Leitores

Aquilo que vemos, cheiramos, ouvimos, saboreamos ou tocamos é decifrado a cada momento na nossa experiência de viver. Este livro de Paula Serrano, Terapeuta Ocupacional, é uma obra pioneira em Portugal. Ótimo para utilização profissional ou académica, em áreas da Educação da Infância, Terapia da Fala, Terapia Ocupacional e Psicologia e Desenvolvimento da Criança. Útil para todos os que lidam com crianças. Autor: Paula Serrano 168 páginas | preço: 14,50 € Papa-Letras Editora

Imagens da Fé Percursos iconográficos, teológicos e pastorais

É um livro que reúne algumas das principais obras do pintor João Marcos, atual bispo coadjutor de Beja. Cada pintura é acompanhada por um comentário artístico e teológico escrito pelo próprio autor. É na verdade uma obra de referência para a cultura e arte sacra nacional. A par do seu ministério sacerdotal, o autor, que fez o curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, foi desenvolvendo o seu gosto e técnica pela pintura e executou dezenas de obras de arte sacra para Igrejas e capelas do Patriarcado. Para ver, ler e contemplar.

O Abraço de Deus A Confissão

Diz o Papa Francisco no prefácio a este livro ilustrado para crianças, jovens e adultos: “Comovi-me ao ler estas páginas: espero que todos sintam um arrepio de alegria ao pensarem que os braços de Deus estão sempre abertos para nos acolherem e nos darem a paz, a confiança e a esperança”. Um modo diferente de apresentar a misericórdia e o perdão neste Ano da Misericórdia. Autor: Angelo Comastri Ilustrações de Bimba Landmann 46 páginas | preço: 7,90 € Paulus Editora

Os Salmos da Misericórdia

A misericórdia é uma das características divinas que o Saltério mais evidencia. Existem de facto alguns poemas que podemos chamar “Salmos da Misericórdia”. Neste Ano Jubilar da Misericórdia é importante oferecer um instrumento pastoral que ajude a compreender e sobretudo a rezar estes salmos, que exprimem a misericórdia de Deus como algo de muito concreto. Autor: Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização 136 páginas | preço: 8,90 € Paulus Editora

Autor: D. João Marcos 126 páginas | preço: 14,90 € Paulus Editora

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MEGAFONE

por albino brás

“O perigo mais desafiante para a fé não reside no ateísmo, mas na idolatria, na manipulação do nome de Deus e na domesticação da força libertadora do Deus bíblico e Pai de Jesus” Leonardo Boff teólogo e escritor brasileiro

“Ninguém pode achar que falhou a sua missão neste mundo, se aliviou o fardo de outra pessoa”

Charles Dickens (1812-1870), escritor inglês

“Uma palavra gentil, um olhar amável e um sorriso bem-humorado conseguem maravilhas e fazem milagres“ William Hazlitt crítico inglês (1778-1830)

“Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão”

Eça de Queirós (1845-1900), escritor português 34

Fátima Missionária

“Na família, é necessário usar três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave” Papa Francisco “A Alegria do Amor”, nº 133

“Amar é deixar o outro ser ele mesmo, sem o obrigar a adaptar-se à nossa imagem. De contrário, amamos só o reflexo de nós mesmos que vemos nele”

Thomas Merton (1915-1968), monge trapista e escritor católico, poeta, ativista social


Uma noite extra alojamento e pequeno almoço numa estadia de uma ou mais noites

Condições

assinatura actualizada Disponibilidade do hotel no período pretendido Campanha válida até 31 de Dezembro de 2016 Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2495-908 Fátima | Portugal telefone 249 539 400 hotelconsolata@consolata.pt


E tudo era possível Na minha juventude antes de ter saído de casa de meus pais disposto a viajar eu conhecia já o rebentar do mar das páginas dos livros que já tinha lido. Chegava o mês de maio, em tudo florido o rolo das manhãs punha-se a circular e era só ouvir o sonhador falar da vida como se ela houvesse acontecido.

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Fátima Missionária

E tudo se passava numa outra vida e havia para as coisas sempre uma saída. Quando foi isso? Eu próprio não sei dizer. Só sei que tinha o poder de uma criança, entre as coisas e mim havia vizinhança e tudo era possível era só querer... Ruy Belo


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