João Paulo II

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ANO LVII – N.º 5 MAIO 2011 ASSINATURA ANUAL | Nacional 7,00 € l Estrangeiro 9,50 €

João Paulo II

Beato a 1 de Maio de 2011


Nossa Senhora da Consolata Consolata é cheia de graça, por Deus agraciada para levar ao mundo a consolação de Jesus Consolados são os evangelizados, porque amados de Deus Consolar é levar a toda a parte a consolação de Deus salvador Como Maria tornamo-nos solidários com todos. Solidariedade é o outro nome da consolação Como Ela somos presença consoladora em situações de aflição Por seu amor colocamos a nossa vida ao serviço do homem todo e de todos os homens Allamano deu-nos Maria por mãe e modelo. Por isso chamamo-nos Missionários da Consolata

Apoie a formação de jovens missionários Funde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250€ e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar. São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: 8 fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; 8 participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; 8beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

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Santo já em vida Domingo da Divina Misericórdia, 1 de Maio, é o dia em que João Paulo II é proclamado beato. Passaram seis anos e um mês, desde o momento da morte do Papa Karol Wojtyla. Depois do decreto que aprovou o milagre obtido por sua intercessão, ficou concluído o processo, iniciado antes que terminasse o prazo estabelecido, cinco anos após a morte do servo de Deus. A excepção deveu-se à imponente fama de santidade que lhe foi atribuída logo a partir da sua morte: “Santo subito – Santo já”, aclamou a multidão na Praça de São Pedro. De resto, o processo seguiu as vias normais, culminando com o reconhecimento da cura milagrosa, a 11 de Janeiro de 2011, atribuída à intercessão de João Paulo II – a cura da doença de Parkinson da religiosa francesa, irmã Marie Simon Pierre Normand. O seu corpo já foi trasladado para a nave direita da Basílica de São Pedro, junto à capela de São Sebastião, entre a famosa escultura da “Pietà”, de Michelangelo, e a capela do Santíssimo Sacramento.

A vida de João Paulo II foi guiada pela presença dos jovens, desde o

Os jovens sabiam que ele [João Paulo II] os compreendia e os amava. Sentiam que tinha confiança neles. Arrastava atrás de si multidões de jovens porque os escutava e apresentava-lhes desafios exigentes

início do seu pontificado, como atestam as palavras por ele pronunciadas pouco antes da sua morte, a 2 de Abril de 2005: “Fui à vossa procura e, agora, sois vós que vindes a mim, pelo que vos agradeço”. Já em 1980, o escritor francês Andrè Frossard dissera ao Papa: “Levará os jovens onde quiser”, recebendo em resposta: “Pelo contrário, julgo que serão eles a guiar-me”. Esta relação profunda entre os jovens e João Paulo II construiu-se, sobretudo, através da escuta e da confiança. Os jovens sabiam que ele os compreendia e os amava. Sentiam que tinha confiança neles. Arrastava atrás de si multidões de jovens porque os escutava e apresentava-lhes desafios exigentes. Uma maneira de manifestar desconfiança nos jovens é pedir-lhes pouco. Ora João Paulo II pedia-lhes muito, sem fazer “descontos”, exactamente porque confiava neles.

Papa de Fátima. Pela sua devoção a Nossa Senhora de Fátima, pelas suas três visitas a este santuário mariano, pela beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco, João Paulo II será recordado como o Papa de Fátima. É inesquecível o seu pedido para que a imagem de Nossa Senhora, venerada na Capelinha das Aparições, fosse levada a Roma para a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Diante da sua imagem, o Papa repetiu na praça de São Pedro, no Vaticano, a 25 de Março de 1984, o acto de entrega que já havia feito em Fátima, a 13 de Maio de 1982. À hora da oração do “Angelus”, o Papa recitou o acto de entrega do mundo e dos povos a Maria. Para lembrar e homenagear João Paulo II, o Santuário de Fátima participará, na noite de 30 de Abril, na vigília de oração transmitida pela televisão, em preparação da beatificação, que envolverá cinco santuários do mundo: Guadalupe, no México; Kawekamo, na Tanzânia; Fátima, em Portugal; Cracóvia, na Polónia; e Nossa Senhora do Líbano, em Beirute. EA MAIO 2011

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FÁTIMA MISSIONÁRIA


João Paulo II numa das suas viagens missionárias

Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº 5 Ano LVII – Maio 2011

Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 geral@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Pro­vin­cial Norberto Ribeiro Louro Redac­ção Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Im­pres­são Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 28.2w00 exemplares Director Elísio Assunção Redacção Elísio Assun­ção, Manuel Carreira Conselho de Re­dac­ção António Marujo, Elísio Assunção, Manuel Carreira Colabora­ção Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos e Magda, Carlos Camponez, Cristina Santos, Darci Vila­ri­nho, Leonídio Ferreira, Luís Mau­rício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; ­Diaman­tino Antunes – Moçambique, Tobias Oliveira – Quénia, Álvaro Pa­­che­co – Coreia do Sul Fotografia Lusa, Ana Paula, Elísio As­sunção e Arquivo Capa Lusa Contra-capa Ana Paula Ilustração H. Mourato, Mário José Teixeira e Ri­car­do Neto Com­po­sição e Design Ana Pau­la Ribeiro Ad­mi­nis­tração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques

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Índia vai ultrapassar China em 2030

07 10 Ouves-me?

Moçambique Diocese de Tete tem novo pastor

“Vivemos num tempo espectacular”

Assinatura Anual

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Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€ De apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€ Avulso 0,90€ (inclui o IVA à taxa legal)

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Costa do Marfim entre a xenofobia e a crise económica

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Páscoa Jovem na cidade

África, gata borralheira da humanidade

803 EDITORIAL Santo já em vida 805 PONTO DE VISTA João Paulo II Missionário 806 LEITORES ATENTOS 808 MUNDO MISSIONÁRIO Líderes africanos sufocam ventos

Tem a sua assinatura da revista atrasada? Com ape­nas 10

euros 2011 Porque continua à espera? pode actualizá-la para

Não perca tempo! FÁTIMA MISSIONÁRIA

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de revolta | Pobreza e fome à volta das cidades do Paraguai | Igreja do Sul do Sudão colabora na construção da paz | Agitação continua no Iémen |Fome mata na Guiné-Bissau | Milhares de tunisinos procuram a Europa | Egípcios regressam à praça Tahrir do Cairo | China planta árvores no Ano Internacional das Florestas 811 Aventuras Pipo arranja amigos 812 Apóstolos Modernos “Recebi mais do que dei” 822 GENTE NOVA EM MISSÃO Mães de todo o mundo 824 TEMPO JOVEM Pobreza que enriquece riqueza que empobrece 826 SEMENTES DO REINO Deus não está em crise 828 O QUE SE ESCREVE 830 O QUE SE DIZ 831 VIDA COM VIDA Voltas que o mundo dá 832 OUTROS SABERES Vida ao serviço do homem 833 A MISSÃO É SIMPÁTICA Manter-se sempre criança 834 FÁTIMA INFORMA Beato João Paulo II homenageado em Fátima


texto Tony Neves

João Paulo II

Missionário «Veio de longe», viagens apostólicas, Redemptoris Missio, sínodos, JMJ, Assis, «Não tenham medo!». Estas são as imagens de marca das opções missionárias de João Paulo II. Não se assustem com as siglas nem com o latim 1 de Maio, Karol Wojtyla sobe aos altares, apontado pela Igreja como testemunha credível da vida cristã para o nosso tempo. Ele foi um Papa escritor e, sobre ele, muito se escreveu e escreve. Gostava, contudo, de fazer uma focagem nas suas intervenções, onde a dimensão missionária veio ao de cima. «Veio de longe», do outro lado do Muro de Berlim, da sua Polónia natal, onde a Igreja era perseguida, a liberdade reduzida a uma palavra de dicionário e os direitos humanos constantemente espezinhados. A sua missão exigia, neste contexto, uma coragem à prova da fé. E ele teve-a, pagando caro por tal ousadia. Mais tarde, como Papa, a partir de Roma, deu um tal empurrão que o Muro caiu. Abriu o Vaticano ao mundo, voando ao encontro de povos e culturas, dando diversas voltas à terra nas suas viagens apostólicas para proclamar bem alto o Evangelho, confirmando a caminhada de fé das comunidades. Proclamou,

alto e bom som, os valores humanos gravados nas páginas dos evangelhos e denunciou todos os atentados à dignidade e aos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres. Publicou a Redemptoris Missio – A Missão do Redentor - a encíclica missionária por excelência, onde está escrito que todos os cristãos são chamados à santidade e à missão. Lá se apresenta o Espírito Santo como protagonista da missão e se chama a atenção para os novos areópagos dos tempos modernos, que são chamados pelos próprios nomes: o mundo das comunicações, o empenhamento pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, a promoção da mulher e da criança, a protecção da natureza, o mundo da cultura, da pesquisa científica e das relações internacionais. Lançou os sínodos dos bispos para cada um dos continentes, reconhecendo a riqueza da diversidade, mas apelando à comunhão de todas as comunidades. Defendeu uma Igreja que está presente nos quatro cantos da terra, com

histórias e formas de ser diferentes. Convocou, em 1985, os jovens do mundo inteiro a Roma para se encontrar com eles, rezar e fazer festa, dizendo-lhes que confiava neles, pois a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja. Madrid acolhe este Verão a 26ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), um espaço de Missão no «Planeta Jovem». Assis fica para a história como a terra onde nasceu São Francisco, o símbolo da paz e da fraternidade universal. Foi lá que João Paulo II, em 1986, se encontrou com os líderes das principais religiões do mundo para um tempo de reflexão e oração pela paz. O «espírito de Assis» mantém-se vivo e Bento XVI lá irá para marcar os 25 anos deste momento histórico e para carimbar a importância do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. Da janela do Vaticano, Karol Wojtyla gritou um «não tenham medo», que todo o mundo ouviu e guardou no coração. Com a sua vida e missão marcou a Igreja e a humanidade. Merece o altar. MAIO 2011

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FÁTIMA MISSIONÁRIA


Renove a assinatura Agradecemos que os nossos estimados assinantes renovem a assinatura para 2011. Só as assinaturas actualizadas poderão usufruir do pequeno apoio do estado ao porte dos correios. Na folha on­de vai escrita a sua direcção, do lado esquerdo, poderá verificar o ano pago e o seu número de assinante. O pagamento da assinatura poderá ser feito através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da Consolata, ou através de multibanco, cheque ou vale postal. Ou ainda por transferência bancária: NIB 0033 0000 00101759888 05 Importante Refira sempre o número ou nome do assinante. Os do­­na­tivos para as missões são de­dutíveis no IRS. Se desejar recibo, deverá enviar-nos o seu número de contribuinte. Muitos leitores chamam à FÁTIMA MISSIONÁRIA «a nossa revista». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 29 mil assinantes. Ela é mesmo nossa! Somos uma grande família.

Escola de Sanza

À FÁTIMA MISSIONÁRIA e a todos que nela trabalham desejo que continuem a desempenhar tão bem o seu papel, levando a cabo esta revista. Envio 20,00€ para o pagamento da revista e agradeço que o restante seja para a «Escola dos meninos de Sanza – Tanzânia». Com os meus cumprimentos. Maria Lurdes

Falta o colaborador

Ex.mos Senhores da FÁTIMA MISSIONÁRIA, Eu venho enviar-lhes o dinheiro para pagar a minha revista, porque aqui em Freiria já não temos o senhor António. Como já deveis saber, ele faleceu. Era a quem dávamos o dinheiro para mandar para aí. Já falámos com a mulher do senhor António e ela disse-nos que não ficou ninguém aqui responsável. Por isto, resolvi enviar eu o pagamento. Gosto imenso de ler a revista e, quando a recebo, leio-a toda até ao fim. Acho que é maravilhosa. Que Deus

vos ajude. Tenho rezado por ela, para que possa continuar. É uma revista que nos faz muito bem. Fernanda

A messe é grande

Querida FÁTIMA MISSIONÁRIA, Peço desculpa de me atrasar novamente no pagamento. Tenho 79 anos de idade, já é da velhice e também do esquecimento em que estou a entrar, mas tu nunca te esqueces. É uma alegria lerte. Fico a saber as tristezas que vão pelo mundo, mas também as alegrias, pois a ajuda aos que precisam de tudo, padres e diáconos ordenados, é uma grande alegria. Jesus diz: pedi que recebereis. E eu peço muito a Deus, a nossa Senhora, e ao Beato José Allamano que nos mandem muitos trabalhadores para a sua messe. Maria Rosa

Apelo aos leitores

Ex.mo Senhor Director, Com os melhores cumprimentos, venho satisfazer o pagamento da revista relativo ao ano corrente. Envio também uma pequena importância para o projecto «Gurué – Moçambique». Mais

uma vez vos felicito pela riqueza de conteúdos da vossa revista. Que o Senhor abençoe toda a equipa que nela trabalha e que os leitores continuem a corresponder da melhor vontade aos vossos apelos. Flora

Gosto de ler

Senhor Director da FÁTIMA MISSIONÁRIA, Envio o cheque de 20,00€: 10 para pagar a revista e 10 para a missão de Gurué. Terras tão lindas e ricas com as plantações de chá. Vivi em Quelimane, mas fui ao Gurué algumas vezes e estive lá alguns dias. Passei 28 anos em Quelimane, nunca lá tratei mal ninguém e ninguém me lá faltou ao respeito. O que mando é pouco, mas para a outra vez mandarei mais alguma coisa. Desculpem ir tão mal escrito. Já tenho 93 anos de idade, mas gosto de ler a revista e já a assinava no tempo do meu marido. Purificação

NR Que santas estas velhinhas quase centenárias! Tratam a revista como se fosse uma criança. A senhora dona Purificação acrescenta: Já tenho 93 anos, mas gosto muito de ler a revista.

DIÁLOGO ABERTO Amigos Missionários da Consolata, É com todo o prazer que renovamos a assinatura da FÁTIMA MISSIONÁRIA. É sempre com muita alegria que a lemos e saboreamos. Pedimos a Nossa Senhora que reavive sempre mais o fogo e o zelo nos nossos queridos missionários. Eu também estive 10 anos em Moçambique. Que saudades!... Agradeço orações pela minha mãe de 97 anos. Está acamada há quatro. A tia Ester Cerveira muito doente, mal se mexe, mas fica radiante com a revista. É misFÁTIMA MISSIONÁRIA

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sionária na oração… Eu estou a tomar conta delas e dedico-me à catequese. Irmã Otília

NR Afinal, em que ficamos? É melhor ser irmã religiosa no convento, ou estar em casa da família a cuidar da própria mãe, com 97 anos de idade, e de uma tia, também idosa? A irmã Otília deixa-nos aqui num dilema. No Evangelho Cristo diz que é preciso deixar tudo. Mas, noutro lado, o apóstolo Tiago diz-nos que a fé sem obras

é morta, e chega a desafiar quem quer que seja: “Mostra-me a tua fé sem as obras, que eu pelas obras te mostrarei a minha fé”. Com tudo isto, a irmã consegue dar a volta por cima, quer dizer faz as duas coisas ou, se quisermos, as três: é religiosa e está inserida na sua comunidade; foi missionária 10 anos em Moçambique (ai que saudades!) e agora, além de tudo, dá catequese na paróquia onde se encontra. Parece-me que ela escolheu o melhor. MC


Ouves-me? texto TERESA CARVALHO ilustração MIGUEL CARVALHO

Estava tão alto aquele altar! E os olhos da Senhora estavam ainda mais distantes… Como podia Ela ouvir algum dos lamentos de Isabel? Seria possível perceber a força e esperança dos seus pedidos com nota de “Urgência”? Mesmo duvidando da escuta, de joelhos e agarrada à sua angústia, mas buscando a solidez da sua fé, Isabel não tirava os olhos do rosto de Maria Consoladora, esperando um sinal, enquanto Lhe explicava que Ela tinha de intervir na doença do seu menino: – Maria, tu sabes que ele é tão pequenino, ainda tem tanto para viver… Faço tudo o que Tu me pedires, mas cura-o. Ele é o que de mais precioso tenho, tu entendes! Se tu mo ofereceste, não mo tires. Não aguento! Não aguentamos! Ficou ali tempos, conversando, revendo momentos perfeitos que partilharam em família, frases que construíram história. E depois, já não sabia que mais dizer. Estava exausta, mas sentia-se reconfortada. Continuava a não ver nenhum sinal nos olhos de Maria Consoladora, mas sentia ter passado para os seus braços a angústia que carregava. E ficou com os seus bem mais leves. Deixou-se abandonar neste estado de quase anestesia e, aos poucos, foi ficando invadida por uma paz, que alterara o seu foco de atenção. Deu consigo a conversar novamente com Maria, com um discurso novo, agradecido: ­– Obrigada, Maria! É verdade, o meu menino é também o teu menino! Sou mesmo tolinha em duvidar que me ouvirias e entenderias o meu pedido. Se eu o amo assim tanto, como não o amarás Tu, sendo o teu amor tão perfeito?! Claro que não tenho razão para estar assustada! Mas entendes, eu sei. É tão bom ter-Te connosco! Sei que o que lhe acontecer, será o melhor para ele. Isabel viu nascer dentro de si um sorriso que ultrapassava a esperança: um sorriso da certeza de ser parte de uma equipa poderosa de protecção do seu menino, porque o ama. Está pron-

Pela primeira vez, desde o início da doença, Isabel pôde adormecer tranquila, agarradinha ao seu menino, experimentando o conforto de serem protegidos e amados pela Mãe de ambos ta para dar o seu melhor e decidida a acreditar que Maria sabe e fará o que deverá ser feito. Ia despedir-se de Maria, mas decidiu fazer-lhe uma proposta: – Olha, Maria, vem comigo! Vem ficar connosco. Se estiveres connosco, sei que tudo será bem mais fácil. E Maria foi! Juntas, caminharam até casa, até ao menino de ambas. Isabel

levava um sorriso leve e confiante, que tranquilizou e aliviou o pequenino. Quando Isabel o abraçou, sentiu que também Maria o estava a acolher no seu colo. Pela primeira vez, desde o início da doen­ ça, Isabel pôde adormecer tranquila, agarradinha ao seu menino, experimentando o conforto de serem protegidos e amados pela Mãe de ambos. MAIO 2011

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Líderes africanos sufocam ventos de revolta De Angola ao Djibuti, os líderes da África subsariana estão a abafar, à nascença, sucessivas tentativas de contestação, inspiradas nas revoluções árabes do norte do continente. No Djibuti, a repressão mais sangrenta, até ao presente, já provocou mortes em manifestações sem precedentes, desde a independência, contra o presidente Ismael Omar Guelleh. Em Angola, uma página do Facebook – «A revolução do povo angolano» – convidava a população, em Março passado, a invadir as ruas, para exigir que José Eduardo dos Santos abandone o poder. Depois do governo

pôr na rua os seus partidários, numa manifestação de força, na véspera do protesto, a polícia limitou-se a prender dezena e meia de pessoas. Invocando a manipulação dos resultados eleitorais no Uganda, para a reeleição do presidente Yoweri Museveni, os opositores do regime tentaram organizar manifestações, mas foram rapidamente dissuadidos pelas forças de segurança. No Zimbabué, onde o poder é partilhado por Robert Mugabe e pela oposição, 46 militantes foram presos e acusados de traição por estarem a visionar um vídeo das manifestações

egípcias. Segundo os seus advogados, alguns deles foram torturados pela polícia. Até o grande rival de Robert Mugabe, o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, não autorizou comícios na capital, por duas vezes. Na Suazilândia, apesar de acentuar a repressão, os opositores do rei Mswati III estão decididos a continuar a sua contestação ao monarca. Conhecido pelo seu modo de vida extravagante e pelas suas treze mulheres, o rei Mswati III exerce o poder, despoticamente, neste pequeno estado encaixado entre a África do Sul e Moçambique.

Pobreza e fome à volta das cidades do Paraguai Milhares de agricultores exigem do governo, nas ruas de Assunção, Paraguai, a reforma agrária, entre outras reivindicações. O Paraguai é o país latino-americano com a maior concentração da propriedade da terra. O último censo agrícola nacional indica que 77 por cento das terras férteis do país são controladas por apenas um por cento dos proprietários, ao passo que os pequenos agricultores, cerca de 40 por cento da população, possuem apenas cinco por cento das terras agrícolas. A situação provoca um êxodo rural acelerado, que gera pobreza e fome, sobretudo nas cinturas das cidades.

Igreja do Sul do Sudão colabora na construção da paz O Sul Sudão vai tornar-se um estado independente a 9 de Julho próximo, após o referendo sobre a independência, realizado no início de Janeiro. A braços com o regresso maciço dos sudaneses do norte do Sudão, o Sul enfrenta agora um número crescente de incidentes violentos. Os bispos pretendem reunir-se com as autoridades para discutir a construção de uma paz duradoura no novo país e na região. FÁTIMA MISSIONÁRIA

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Agitação continua no Iémen

Dezenas de milhar de manifestantes anti-regime continuam a erguer protestos vigorosos na capital Sanaa e no sul da cidade de Taiz. Dia após dia, aumenta a pressão para a exigir a demissão imediata do presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh. Embora se tenha declarado disposto a encontrar uma solução negociada para a crise política, aceitando a mediação dos países do Golfo, o presidente não dá sinais de querer ceder às pressões da rua.


Fome mata na Guiné-Bissau

Cerca de vinte por cento das famílias guineenses vivem em insegurança alimentar. A falta de acesso a alimentos nutritivos suficientes para uma vida activa e saudável foi verificada por um estudo do Programa Alimentar Mundial (PAM). O inquérito realizado a nível nacional visou identificar as áreas mais afectadas nas zonas rurais da Guiné-Bissau, traçando o perfil das famílias mais vulneráveis à insegurança alimentar.

Tobias Oliveira, NAIROBI, Quénia

Milhares de tunisinos procuram a Europa Desde a revolução de Janeiro na Tunísia, mais de 21 mil imigrantes, na sua maioria tunisinos, arribaram às costas de Itália, ilha de Lampedusa. Mesmo a concessão de vistos provisórios, de seis meses não resolveu o seu problema. Itália e França concordaram em patrulhar o Mediterrâneo, para refrear a imigração ilegal, mas continua a discussão sobre os planos italianos de conceder vistos a milhares de migrantes, que lhes permitam viajar pela Europa.

Egípcios regressam à praça Tahrir do Cairo Mais um dia de manifestação, chamado “Sextafeira de limpeza e julgamento”, na praça central do Cairo, Tahrir, no início de Abril. Milhares de egípcios continuam a reclamar, perante um mal-estar e um descontentamento generalizados. As exigências da população não têm tido resposta e os apelos à reorganização voltam às ruas e ao Facebook.

China planta árvores no Ano Internacional das Florestas Crianças chinesas regam as árvores plantadas durante uma acção realizada, em Pequim, como resposta ao Ano Internacional das Florestas. Lançado pelas Nações Unidas, 2011 é o ano de sensibilização para a conservação e o desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas, devido à “importância de que se revestem e pela pressão a que estão sujeitas”.

Os seis do senhor Ocampo

Na minha meninice ouvi contar a história daquele assaltante que deixava a esposa a rezar a santo António, enquanto ele procedia aos seus assaltos. Contavam-nos esse facto para nos ensinarem que com Deus não se brinca. Com o passar dos anos tenho-me vindo a convencer que, de facto, há ainda hoje quem tente fazer da oração uma arma de arremesso. Aqui, no Quénia, por exemplo, noto que se mistura, com frequência, a política com a devoção. Vem isto a propósito daquele grupo de eminentes políticos a quem agora aqui se chama “os seis do Ocampo”. Desde há três anos, são tidos como implicados por acção ou por omissão nas lutas tribais, que deixaram mais de mil mortos e centenas de milhares de desalojados. Depois de a Comissão Waki ter estudado os factos e encontrado os presumíveis culpados, e sugerido a criação de um tribunal nacional para julgar os indiciados, o parlamento e o governo quenianos nada fizeram. O assunto transitou para o Tribunal Internacional da Haia, ao qual o senhor Moreno Ocampo agora os convocou. O que a justiça nacional não conseguiu parece agora estar próximo a nível internacional. E o que fizeram então estes insignes senhores no início do mês de Abril, antes de partirem para a Haia, onde foram ouvir o teor dos crimes que lhes são imputados? Convocaram um grande comício de oração! Longe de mim, que sou sacerdote e missionário, duvidar da sensatez de rezar por quem se encontra em apuros! Mas, também, longe de mim pensar que, com uma oração, se tapam os olhos à justiça, especialmente à justiça divina. MAIO 2011

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Moçambique

Diocese de Tete tem novo pastor Inácio Saure, nomeado bispo de Tete por Bento XVI, revela à FÁTIMA MISSIONÁRIA os desafios do seu novo cargo. «Estar à escuta para ver como melhor servir este povo de Deus» é a atitude que pretende assumir no futuro texto CRISTINA SANTOS foto ANA PAULA

ete tem uma «boa força missionária», mas não é suficien­ te para cobrir as necessidades pas­ to­rais da diocese, considera o novo bispo, missionário da Consolata. «Há várias comu­ nidades cristãs que não têm

assistência de qualquer sa­ cerdote. O grande problema é a falta de clero diocesano». Está em causa a formação dos próprios cristãos, pois os animadores das comunida­ des «não têm quem os guie». O novo prelado, de 51 anos, destaca, no campo social, os

problemas decorrentes da ex­ ploração de carvão e outros minérios no território da sua diocese. Apesar de atrair in­ vestidores e novos projectos, incentiva a subida do preço dos produtos, a nível local. O desemprego e os ordenados muito baixos reduzem, cada

vez mais, o poder de compra da população. A nomeação para bispo de Tete é para Iná­ cio Saure uma oportunidade para conhecer melhor o povo moçambicano. Enquanto pas­ tor da diocese do noroeste de Moçambique, há dois anos sem bispo, vê o futuro como

“Vivemos num tempo espectacul Mário Linhares, 31 anos, casado há um ano e 45 dias, sem filhos, é professor de artes visuais e de religião e moral. Gosta “muito de desenhar, de tocar viola e de estar com pessoas”. Leigo missionário da Consolata, passa largas horas no Bairro do Zambujal com a sua viola texto e foto E. ASSUNÇÃO

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– É difícil aturar os jovens? – Não! Difícil é aturar qual­ quer pro­fissão de que não se gosta. – Como são os jovens hoje? – Com muitas ideias, mas que

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nem sempre sabem como as colocar em prática. – Que criticas nos jovens? – A falta de coragem para reivindicar mais, para sair do comodismo. – Que jovens mais aprecias? – Os que têm a coragem de mostrar as suas convicções. – Como vês os seus pais? – Têm cada vez menos tempo para os filhos. – Como? – Há uma tendência para dar uma liberdade “qb” aos jovens. Quando bem aprovei­ tada, é muito positivo. – Como é o tempo de hoje? – Um tempo espectacular. Apesar da crise, é um tempo incrível de oportunidades. – Como vês a crise actual?

– Um problema grande para o qual deveríamos estar dis­ poníveis para agir volunta­ riamente. Nem sempre as pessoas com as capacidades certas estão a desempenhar as funções certas. – Causas da crise? – Viver com mais do que se pode está claramente a cau­ sar-nos problemas. – Como julgas os políticos? – É talvez a função mais difícil em Portugal, neste momento. O trigo e o joio estão mistura­ dos. Mas são todos olhados com muita desconfiança. – A sociedade é solidária? – Muito solidária, porque temos situações de crise profunda. Muita gente não sabe como ajudar. Até gos-


«uma grande escola» e uma oportunidade para aprender em união com o povo. «Não só porque estive cerca de 12 anos fora do meu país, mas porque é sempre uma nova realidade», esclarece o missionário que trabalhou na República Democrática do Congo. Como pastor, procurará «estar à escuta para ver como melhor servir o povo de Deus de Tete». Já no tempo de noviciado, «os colegas consideravam-no uma pessoa com maturidade e capaz de exercer cargos de responsabilidade», recorda Norberto Louro, superior dos Missionários da Consolata, em Portugal. Foi seu noviço nos finais da década de 1980, e dele destaca, em particular, a estabilidade de temperamento, a alegria e fidelidade à vocação. O antigo mestre encara esta nomeação do seu

ex-pupilo com orgulho, respeito e com a «certeza de que os precedentes da vida dele prometem um pastoreio da diocese, marcado pelas mesmas virtudes». Inácio Saure nasceu a 2 de Março de 1960, em Balama, em Pemba, Moçambique. Dei­ xou o serviço militar obrigatório, para seguir a vida religiosa. Ordenado sacerdote em 1998, trabalhou na República Democrática do Congo como missionário, onde ajudou a desenvolver uma escola de informática, num bairro isolado, e um projecto agrícola, junto de populações com dificuldades em trabalhar a terra. De regresso a Moçambique, em 2007, foi reitor do seminário filosófico dos Missionários da Consolata e, mais tarde, passou a trabalhar no noviciado, em Maputo até à sua nomeação episcopal.

ular” tava, mas faltam projectos. – Como vês o pluralismo racial da nossa sociedade? – É uma riqueza incrível que ainda não aproveitamos. Em vez de nos escondermos, cons­truindo muralhas à nossa volta, há que saber tirar proveito desta riqueza. – Que dizes da Igreja? – Vejo-a com muita vontade de caminhar, embora seja um caminho difícil. Com muitos grupos, com muitas pontas de ousadia, de coragem, de novidade e de esperança. – Que criticas nela? – Desgosta-me, por vezes, ver tantos rituais, sem profundidade espiritual. – Que mais aprecias? – Aprecio a fidelidade a Cris-

to. É o alicerce principal. – Qual a personalidade que mais admiras? – A pessoa que mais me surpreende é Jesus Cristo. – O último livro que leste? – “Do Espiritual na Arte”, de Kandinsky e estou a ler o “Hipopótamo de Deus”, do Tolentino Mendonça. – O teu último filme? – “Dos Homens e dos Deu­ ses”, um filme sobre uns monges trapistas, fran­­ ceses. – Uma palavra para os leitores? – É missão ler as notícias da missão. Saber o que está a acontecer no mundo missionário é já sentir-mo-nos missão.

Pipo arranja amigos texto Carreira Júnior ilustração H. mourato

– Pipo, não tens aparecido. Por onde andaste? – Olhe, como eram férias, fui com o meu pai visitar uns parentes que temos ali para os lados de Leiria, numa terra chamada Cortes. – E divertiste-te? – Atingi alguns dos objectivos que eu tinha em vista. – Quais? – Ver terras novas, apreciar a natureza, falar das missões às pessoas, e, acima de tudo, fazer amigos. Entre estes destaco três: Um cão, um gato e o Pedro. O cão mostrou-se nosso amigo logo à entrada do portão. Nem foi preciso tocarmos a campainha: ele deu o sinal. Puseram-lhe o nome de Ípsilon, por ter uma orelha mais baixa que a outra. Mais à frente havia um gato, todo cinzento. Parecia pintado com cinza. Chamam-lhe Ronrom, por ser dorminhoco e ressonar muito. Achei piada por eles os dois, o cão e o gato, se darem tão bem. Brincavam como se fossem dois bebés. Deixei para último o Pedro. Tem dois anos mais do que eu. Por sinal estava a ler a FÁTIMA MISSIONÁRIA. Perguntei-lhe se arranjava assinaturas novas. Fiquei triste por me dizer que não, mas que ia experimentar. Começaria pelos músicos da filarmónica onde ele toca saxofone. Se ele começar por aí, vai conseguir certamente. Desejo-lhe «boa sorte». MAIO 2011

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FÁTIMA MISSIONÁRIA


“Recebi mais do que dei” Recordo o dia da minha chegada a Maputo, a 10 de Fevereiro de 1999. Já lá vão quase doze anos. Ao longo deste tempo, encontrei três realidades diferentes, no meu trabalho missionário, todas elas muito enriquecedoras com as suas exigências e alegrias texto Carlos Alberto Pereira fotos Ana Paula

omecei no extremo norte de Moçambique, no Niassa. Vivi ao lado das comunidades cris­tãs da missão de Maúa e trabalhei na formação de animadores e catequistas. Encontrei um modo de ser Igreja que ainda não conhecia e que muito me marcou. Ao longo de três anos, constatei que os cristãos transbordam de alegria e entusiasmo, apesar da pobreza e das limitações de vária ordem. Isolados no meio da floresta, alguns só os podia visitar depois de caminhar uma ou duas horas a pé. Vibravam com a visita do sacerdote porque, finalmente, podiam receber os sacramentos. Eu vinha de um ambiente em que os cristãos quase que pareciam adormecidos na sua fé. Participavam nos sacramentos como que obrigados e não para encontrar o “centro” da sua vida. Os cristãos de Maúa, na sua simplicidade e pobreza, reavivaram no meu coração a alegria de ser cristão. A segunda realidade que encontrei foi a dos jovens em formação para o sacerdócio. Assumi a direcção do seminário inter-diocesano de Nampula, que serve as dioce­ses de Nampula, Nacala, Pemba e Lichinga, do norte de Moçambique. Durante três anos, vivi FÁTIMA MISSIONÁRIA

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com estes jovens. Procurei estar a seu lado, para os auxiliar no seu caminho formativo e na descoberta da sua vocação. Valeu a pena viver desafios e dificuldades. Passados alguns anos, alguns desses primeiros jovens estão prestes a serem ordenados sacerdotes. Finalmente, foi-me confiado o cargo de administrador das actividades dos missionários

da Consolata, de Moçambique. É um serviço que me permite conhecer as necessidades reais da vida missionária. Procuro exercê-lo com generosidade, apoiando os meus irmãos. Passo o meu tempo entre o escritório e a paróquia, dando o meu testemunho de vida missionária. Passados 11 anos em Moçambique, posso dizer que recebi

muito, talvez muito mais do que dei. A vida missionária é uma surpresa constante, que me vai enriquecendo e vai abrindo, cada vez mais, o meu coração. À imagem de Cristo, nosso modelo, procuro acolher todos os irmãos e irmãs que Ele vai colocando no meu caminho. Faço votos para que todos os leitores da Fátima Missionária possam redescobrir a alegria e o entusiasmo de serem cristãos, através destas páginas que narram a vida real da Igreja missionária. Recebendo esta semente, deixem-na germinar nos seus corações, para poderem contagiar os seus irmãos e irmãs. Deste modo contribuirão para transformar o rosto da Igreja para que seja, cada vez mais, o rosto de Cristo.

Os cristãos de Maúa, na sua simplicidade e pobreza, reavivaram no meu coração e no meu espírito a alegria de ser cristão

Igreja paroquial da missão no centro da vila de Maúa, Niassa, Moçambique

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Confrontos violentos em Abidjan, capital comercial da Costa do Marfim, obrigaram muitos marfinenses a abandonar a cidade

Ouatarra assume o poder depois de quatro meses de conflito

Costa do Marfim

entre a xenofobia e a crise económica stima-se que 900 pessoas norte do país, o que não facilitará a tão deUma intervenção morreram, dezenas de aldeias sejada e necessária reconciliação nacional. das tropas francesas, foram queimadas e cerca de Para além disso, a proliferação de armas um milhão de pessoas ficaram entre a população civil, bem como a exisvisando a detenção do na situação de desalojados, tência de milícias afectas aos poderes em em resultado dos confrontos confronto, mas fora do seu controlo efectipresidente da Costa do militares dos últimos quatro meses. vo, não deixam de ser um aspecto que poMarfim, pôs um ponto Após a detenção de Laurent Gbagbo, derá dificultar a acção do novo presidente final à instabilidade Alassane Ouattara estabeleceu um prazo da Costa do Marfim. de dois meses para conseguir pacificar o política que conduziu o país, um verdadeiro desafio face aos pro- Crise política e crise económica blemas que a Costa do Marfim enfrentará De resto, este clima de tensão étnica é respaís à beira da guerra nos tempos mais próximos. ponsável pelo estado de guerra civil larvar. Esta situação, na última década, tem marcivil, simplesmente Do nacionalismo à xenofobia cado o país e poderá vir a agravar-se com porque o antigo Com efeito, o país viveu os últimos 20 a necessidade de se tomarem medidas de detentor do cargo, anos num contexto de constante enal- rigor para enfrentar aquela que é considetecimento e manipulação política dos rada uma das maiores crises económicas Laurent Gbagbo, se valores da identidade marfinense, agu- e sociais da Costa do Marfim. Não terá as tensões étnicas, numa nação sido por acaso que a comunidade interrecusou a aceitar o dizando onde cerca de 27 por cento da população nacional se apressou a levantar as sanções resultado eleitoral de é estrangeira. Depois da morte de Félix económicas, logo que soube da detenção Houphouët-Boigny, os sucessivos presi- de Laurent Gbagbo. Por seu lado, a FranDezembro de 2010, que dentes transformaram a identidade numa ça prometeu um auxílio financeiro excepde ideologia política, económica e cional no valor de 400 milhões de euros, deu a vitória ao seu questão cultural, que rapidamente foi transforma- para fazer face aos problemas imediatos daquele que é considerado o maior produrival e ex-primeiro- da em xenofobia e racismo. Foi já com base nas questões da identidade tor mundial de cacau e que já foi uma das -ministro Alassane marfinense que Gbagbo afastou Alassane economias mais pujantes do continente Ouattara Ouattara da corrida às eleições presiden- africano. A gestão dos desafios económitexto CARLOS CAMPONEZ foto LUSA

ciais, em 2002. Agora que Ouattara assume o poder, a sua imagem não deixa de estar associada ao apoio das populações do

cos, associada à gestão das tensões sociais e políticas, eis, pois, os factores que ditarão o futuro da presidência de Ouattara. MAIO 2011

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Páscoa Jovem

na cidade Comunidade paroquial e jovens da Páscoa Jovem percorrem a Via-sacra, em sexta-feria santa, pelas ruas de São Marcos, Cacém

Cinco dias surpreendentes! Em São Marcos, Cacém, os Jovens Missionários da Consolata, da zona sul, marcaram encontro com a paróquia local. De 20 a 24 de Abril, celebraram a Páscoa Jovem, envolvendo-se, com entusiasmo, nas diferentes actividades. Uma experiência inesquecível, que decorreu também em Alvaiázere e em São Paio de Vizela, deixando marcas, como os próprios jovens confessam texto e fotos E. Assunção

Margarida Monteiro, 16 anos, 11º ano, de Belas, Sintra, admite: “Está a ser uma expe­­ri­ên­cia que não me faz sentir completamente bem”. A jovem confessa: “Sou alguém que questiona muito o que vive, o que lê e o que diz. Com tanta informação que tivemos nestes dias, é complicado gerir tudo. Se calhar vou sair daqui feliz, mas nestes dias não estou no auge da felicidade”. Margarida não atribui a culpa ao reboliço da vida: “Sou uma defensora da cidade. Cresci na cidade, mas tenho família na aldeia, que frequento algumas vezes e onde me sinto demasiado FÁTIMA MISSIONÁRIA

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sozinha”. No meio das buzinadelas, nas viagens longas, “agradece-se e pede-se que corra tudo bem”. A Margarida perdeu muito nestes dias: “A paz de espírito, o conformismo e a resignação às coisas”. É alegre e feliz, e gosta de rir. Mas quinta e sexta-feira santas foram dias complicados: “Muito densos, em que procurei perceber todas as frases, tudo o que lia, tudo o que eu cantava. Houve coisas que não consegui. Como diz o povo: não bate a bota com a perdigota”. Contudo, regista um momento espectacular: “Recebi uma luz enorme. Não houve soluções, nem respostas imediatas. Mas, sim, um aperceber-me que está tudo nas nossas mãos. Nós decidimos se vamos ou não acolher

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Jesus. Se o vamos acolher, temos de o fazer de coração pleno e a cem por cento. Não pode haver meio-termo”. Carolina Correia, 17 anos, 12º ano, é ani­ madora de um grupo de jovens, da paróquia de Monte Abraão, Queluz. Quer seguir medicina: “Para ajudar aquele que está ao meu lado e que precisa da minha ajuda”. Um desejo muito forte atraiu-a: “Quis experimentar de uma forma mais intensa a presença de Deus no meu coração e viver aquilo que Ele viveu”. Mesmo com o ruí­ do do comboio, dos carros a passar, “conseguimos parar

um bocadinho; é o que nos faz falta, pelo menos a mim: olhar para dentro”. No meio do turbilhão da vida, “tentei libertar-me do que me rodea­ va, dos prédios, das pessoas a falar ou dos cafés por onde passava; consegui pôr tudo de lado e abrir o meu coração”. A aldeia parece mais propícia: “Se calhar é mais fácil no campo. Os meus pais e os meus avós são de uma aldeia na Serra da Estrela. Quando lá estou, ponho-me a olhar para os montes, para aquelas paisagens lindas. Sinto-me lá tão bem, tão óptima”. Embora diferente, a cidade também tem esse valor: “Mas naquele ambiente, que me é familiar, sinto-me muito bem e completamente em paz. A experiência é espectacular”.


Hernâni Freitas, 18 anos, 11º ano, já tro­ cou, no seu projecto pes­ soal, a arqui­ tectura pelo design. É de São Marcos e juntou-se ao grupo, em­ purrado pela mãe: “Estou a gostar. Como sou o único desta paróquia, estou a re­ presentá-la”. Habituado ao ruído, pensa que viver a Pás­ coa na cidade é “mais difícil do que numa aldeia”, onde “as pessoas são menos e se concentram à volta de uma religião”. Na cidade “há mais ateus, evangélicos, judeus. São mais religiões. É mais di­ fícil”. Todavia, ser cristão não o prejudica: “Tenho muitos amigos que são ateus, outros são católicos não praticantes. Cada um respeita o outro”. Catarina Ciríaco, 19 anos, de Paço de Ar­ cos, estu­dan­ te de Ges­tão de Recursos Humanos, já tinha par­ ticipado em 2009. “Achei que estava a precisar de parar um boca­ dinho, de voltar a pensar em tudo o que acontece na Pás­ coa”. Foi uma experiência ar­ rebatadora: “Senti que Jesus entrou realmente na minha vida”. Catarina quis voltar a experimentar: “Estamos na cidade, ao passo que as outras Páscoas Jovem eram sempre num ambiente mais rural”. A diferença é evidente: “Percebemos isso ontem na Via-sacra à noite. Por onde passávamos, as pessoas vi­ nham à janela. Num ambien­ te rural isso não existe”. É um momento de paragem: “Sou uma pessoa que sempre viveu na cidade, mas tenho família no campo. Vou muito para lá. Retiro-me das minhas coisas e estou mais afastada daquilo que nos prende aqui”.

Geração à rasca com o futuro texto e foto LUCÍLIA OLIVEIRA

Conformados, desinte­ ressados ou preocupa­ dos? Ou nem por isso? Além das cerimónias do Tríduo pascal em Alvaiá­zere, falou-se do futuro dos jovens. Na tertúlia jovem “A Cruz e a Ressurreição da ge­ração à rasca”, eles manifestaram preo­cu­ pação, sobretudo, com o emprego. Tiago Santos questio­ na porque «são os jovens a adaptar-se» ao mercado de trabalho «e não as empresas aos jovens?». Liliana Silva defendeu que os patrões «em vez de pessoas qualifi­ cadas» preferem as menos qualificadas, a quem pagam

Acreditar é tábua de salvação

menos. Se há quem tenha de esconder as suas quali­ ficações para conseguir um emprego, há outros que, es­ tando desempregados, op­ tam por permanecer assim. «Prefiro trabalhar e ganhar pouco», salienta Tânia Reis.

Faz lembrar a proposta da partilha de trabalho, do bispo auxiliar de Lis­ boa, como uma das solu­ ções para sair da crise. E em relação à Igreja? «Os jovens actuais não se revêem na Igreja de hoje», afirma peremp­ tório Tiago Santos. Com idades entres os 16 e os 22 anos, assumem-se como uma «geração à rasca» em termos de «esperança e de valores». «Se bem que esperança – diz Gonçalo Vieira – te­ nho sempre». Contra o sen­ timento de desmotivação, Sandra Moreira defende que «no acreditar está a nossa tábua de salvação».

Só o amor nos realiza texto e foto ANA PAULA

11 jovens dos 15 aos 30 anos responderam, em São Paio de Vizela, ao apelo: Faz-te «bombeiro voluntário com Cristo». “É preciso amar: é a única coisa que nos faz humanos, que nos realiza. Não amando não se vive”, disse o padre Jorge Amaro aos jovens, durante a refle­ xão de sexta-feira santa. Já em Tagilde, dirigiu-se aos fiéis que enchiam a igreja: “Não há triunfo nesta vida sem disciplina, sem cruz, sem sacrifício”. E o missio­ nário da Consolata lembrou: “Devemos descer ao nível do

outro e ver a realidade como o outro a vê e sofrê-la como o outro a sofre. É preciso par­ tilhar a cruz”. Silêncio é o que mais custa à Marta Pereira, professo­ ra do primeiro ciclo: “Neste en­contro gosto muito da partilha, da reflexão e do si­ lêncio”. E continua: “É mui­to difícil durante o ano con­ seguir silêncio. Esta época é uma altura especial de refle­ xão e de silêncio interior”. Conheceu a Consola­ta numa formação, em Fátima, com o padre Álvaro Pacheco, mis­ sionário a trabalhar na Co­

reia do Sul. Natural do Por­ to, 30 anos, a Marta faz vo­ luntariado no Secretariado Diocesano das Migrações. Participou pela primeira vez na Páscoa Jovem. Convívio entre o grupo de participantes, partilha e reflexão dos temas apre­ sentados, foi do que mais gostaram a Dália, a Ana Luísa, a Mónica, o Bruno e o João. Para além de Jorge Amaro, acompanharam os jovens, o padre André Ribeiro e a Irmã Melanie, brasileira de passagem por Portugal.

Participantes na Páscoa Jovem de São Paio de Vizela, em São Bento das Peras MAIO 2011

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África, gata borralheira Há 34 países africanos entre os menos desenvolvidos do mundo, o que diz bem do que se passa no mais infeliz dos continentes texto Jorge Heitor* foto LUSA

história dirá um dia por que é que a África chegou a 2011 com dezenas de países entre a meia centena dos menos desenvolvidos do mundo, num nível só comparável ao Afeganistão, ao Bangladesh e ao Butão. A África, plena de recursos, cobiçada por norte-americanos, europeus e chineses, tem ainda países tão pobres como o Burkina Faso, o Burundi, a República Democrática do Congo (RDC), a Eritreia, a Etiópia, a Guiné-Bissau e a Libéria. A cobiça internacional pelas suas riquezas e a colonização que se verificou, sobretudo nos últimos 15 anos do século XIX e nas primeiras seis décadas do século XX, contribuíram em muito para que a África tivesse chegado a 2011 no triste estado em que se encontra. São exemplos significativos conflitos como o da Líbia e a necessidade urgente de fronteiras a redesenhar, como vai agora acontecer no Sudão, que se divide em dois. Fala-se por vezes de uma África como nova fronteira do desenvolvimento, designadamente nos casos de Angola e da Guiné Equatorial. Mas esse pretenso desenvolvimento não está a passar por formas equitativas de boa governação, sendo enorme o fosso entre uma minoria de ricos e uma imensa maioria a viver abaixo do limiar da pobreza.

normalmente remetida para segundo plano, em detrimento dos programas nucleares do Irão e da Coreia do Norte, do conflito israelo-árabe ou das crises financeiras europeias. Uma análise mais profunda de questões como as do Sara Ocidental, do Delta do Níger e de Cabinda é essencial, para que não nos limitemos a algumas imagens fugazes de pessoas a viver acampadas no deserto, de guerrilheiros a atacar oleo­ dutos ou de crianças a morrer à fome na região dos Grandes Lagos. A África continua a ocupar uma parte muito pequena das nossas televisões e jornais; a não ser quando se tenta derrubar o coronel Muammar Kadhafi ou se pretende colocar um novo presidente à frente da Costa do Marfim, mais ao

gosto do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. Fala-se ocasionalmente de um genocídio no Ruanda ou de uns diamantes de sangue na Serra Leoa; mas não se dá uma explicação cabal dos problemas causados pelas fronteiras artificiais que os europeus implementaram há 125 anos no continente africano.

Novas reivindicações na calha

O nascimento de um estado tendencialmente cristão no Sul do Sudão vai ser um dos passos a dar para uma África mais justa, mais de acordo com as realidades destas últimas décadas. Mas, depois disso, vai ser necessário que a chamada comunidade internacional preste mais atenção às reivindicações autonomistas do povo cristão de Cabinda, dos desgra-

Imagens fugazes e superficiais

Depois de cinco décadas de conflito, de morte e de tragédia, desde que muitos dos seus territórios se tornaram formalmente independentes, a cobertura regular dos problemas africanos é FÁTIMA MISSIONÁRIA

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Refugiados do Sul do Sudão, o mais recente país africano, em tratamento médico


da humanidade çados sarauís que há 35 anos vivem em tendas e de tanta desgraça que vai pela República Centro-Africana, pelo Chade, pela República Democrática do Congo e pela Guiné-Bissau. Os sistemas de saúde de alguns países africanos têm vindo a degradar-se devido a conflitos, como os da Costa do Marfim, da Somália e do Uganda, sendo os civis quem mais sofre devido aos confrontos entre diferentes forças políticas, clãs ou grupos étnicos. O Brasil, a Rússia, a Índia e a China aumentam de importância no concerto das nações, desenvolvem as suas economias; mas a África, na sua generalidade, se excluirmos seis ou sete casos, continua a ser a gata borralheira da humanidade, à espera de políticos melhores e de uma divisão muito mais equitativa do bolo.

Os sistemas de saúde de alguns países africanos têm vindo a degradar-se devido a conflitos, como os da Costa do Marfim, da Somália e do Uganda, sendo os civis quem mais sofre devido aos confrontos entre diferentes forças políticas, clãs ou grupos étnicos

Maurícias, Cabo Verde, Botswana, Gana, Namíbia, África do Sul e Seychelles são casos de excepção, num continente onde o Benim, a Gâmbia, a Mauritânia e o Níger, entre uma série de outros estados, continuam na cauda do desenvolvimento humano, existindo ainda autocratas como o zimbabueano Robert Gabriel Mugabe, há 31 anos no poder.

Passos tímidos e insuficientes

Quem for crente, deverá orar por um nascimento feliz do Sudão do Sul, por uma solução para o caos que há 20 anos é a Somália, pelo fim das atrocidades dos ugandeses do Exército de Libertação do Senhor (LRA), pelo pluralismo em Angola e nos Camarões e pelo fim da cultura de impunidade na Guiné-Bissau,

onde antigos combatentes assassinam ou mandam matar os seus adversários políticos, sem que ninguém se atreva a julgá-los e a condená-los. É este o panorama de uma África onde a simples queda dos presidentes Ben Ali e Hosni Mubarak, nos últimos quatro meses, respectivamente na Tunísia e no Egipto, não foi de forma alguma suficiente para nos fazer esquecer o tanto que ainda há a fazer desde o Sara Ocidental ao reino da Suazilândia, terra de uma escandalosa poligamia, onde Sua Majestade Mswati III continua a promover anualmente concentrações de milhares de virgens, para de entre elas escolher uma nova esposa, num espectáculo verdadeiramente degradante. *Jornalista

Ruanda apresenta uma governação de primeira classe A iniciativa de Tony Blair para uma boa governação no continente africano está a apresentar o Ruanda como um caso de sucesso, 17 anos depois do genocídio que o devastou e do qual tem conseguido recuperar, com o apoio do antigo primeiro-ministro britânico, entretanto convertido ao catolicismo.

O crescimento

económico ruandês tem sido de seis a 10 por cento em cada ano, a mortalidade infantil passou a metade na última década e estima-se que em breve

todas as crianças em idade escolar terão realmente aulas.

Mais de metade

da população, na sua maioria católica, ainda é muito pobre, mas há estabilidade e o firme desejo de dentro de uma geração o país poder ser considerado de rendimento médio. O objectivo de Tony Blair é fazer com que o Ruanda, com mais de 11 milhões de habitantes, venha a ser realmente um país próspero, como o deseja o presidente Paul Kagamé, que afirma respeitar o processo democrático e estar empenhado em

estimular a actividade empresarial. Kagamé e as demais instituições de Kigali, a capital ruandesa, pretendem redimir por completo o território dos ódios que há 17 anos se sentiam entre a camada populacional tutsi, minoritária, e a imensa maioria hutu, constituída sobretudo por camponeses, que vivem do amanho da terra. Os índices de governação na África já colocam o pequeno Ruanda bem à frente da Líbia, da Argélia ou da Mauritânia. JH

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Índia

China

Índia

vai ultrapassar

China

em 2030

A China continua a ser o país mais populoso do mundo, mas falta pouco para ser ultrapassada pela Índia. Os primeiros resultados do censos 2011 mostram que os indianos são já 1.210 milhões, ou seja mais que a soma das populações dos cinco países seguintes da lista global, Estados Unidos, Indonésia, Brasil, Paquistão e Bangladesh. Com o actual dinamismo económico, as gigantescas massas humanas indianas já não estão condenadas à miséria, mas falta ainda muito esforço para que a prosperidade se reparta com algum equilíbrio pela sociedade. A grande batalha agora é combater a corrupção, melhorar a eficácia dos serviços públicos e apostar forte na educação de uma população onde os jovens são a maioria texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* fotos LUSA FÁTIMA MISSIONÁRIA

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em 1947, quando terminou a colonização britânica, mas em termos de transparência surge muito mal colocada nas listas internacionais: é o 87º dos menos corruptos, a par da Jamaica, Albânia e Libéria. A China surge um pouco melhor colocada, em 78º, e é fraca consolação para os indianos que o irmão-inimigo Paquistão fique num terrível 147º.

A par das elevadas despesas militares, devido ao velho contencioso com o Paquistão, e da persistência do discriminatório sistema de castas, a corrupção é apontada como um dos grandes entraves ao progresso da Índia. É certo que uma população de 1.210 milhões de habitantes, número certificado pelo censos deste ano, traz desafios imensos, mas desde 1991 quando liberalizou a sua economia (o actual primeiro-ministro Manmohan Singh era então titular das Finanças) o país tem tido óptimos resultados económicos. No ano passado a economia cresceu 8,6 por cento, este ano deverá andar perto disso, valores só suplantados mesmo pela China. Contudo, se a prosperidade é visível nas grandes cidades, com novos prédios a surgir, o parque automóvel a modernizar-se e os cartazes publicitários a prometerem todo um mundo de abundância, já nas periferias urbanas e nos campos a pobreza teima em ser a regra. A esperança média de vida continua a ser de somente 64 anos para os homens e de 67 para as mulheres, muito abaixo dos valores da China e mais ainda dos vividos na Europa e América do Norte. População da Índia atinge 1,2 bilhões (censos de 2011) e, em breve, superará a China

o fim de cinco dias de greve de fome, Anna Hazare suspendeu em meados de Abril o protesto contra a corrupção. Milhões de indianos solidarizaram-se com este activista social de 73 anos e até estrelas de Bollywood, a indústria de cinema do país, declararam o seu apoio. Desta vez Hazare contestava a decisão dos mi-

nistros do estado do Marahastra (onde fica Bombaim) de remodelarem os seus gabinetes de forma luxuosa, apesar de faltar dinheiro para muitas das políticas públicas de promoção dos mais pobres. O problema parece pequeno, sobretudo comparado com escândalos como o da atribuição das licenças de telecomunicações, mas mostra bem a raiva dos indianos contra todos aqueles que usam os seus cargos para tirar benefício próprio. É que o país pode orgulhar-se de ser uma democracia desde a independência

A comparação com a China faz todo o sentido, a começar pela questão demográfica. Se os chineses são hoje 1.331 milhões, a sua natalidade é tão baixa que em 2.030 serão suplantados em número pelos indianos. E providenciar qualidade de vida a massas humanas tão gigantescas é tarefa que mais nenhum país imagina sequer. O potencial de ambos os países é enorme, basta pensar que até ao século XIX cada um deles valia um terço da riqueza mundial, e é curioso assistir à competição entre a democracia indiana, chave para a governação de um país fragmentado linguística e religiosamente (80 por cento de hindus, 10 por cento de muMAIO 2011

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China Índia çulmanos, e ainda sikhs, cristãos, budistas, etc), e a ditadura chinesa, que tutela uma população 90 por cento de etnia han apesar das muitas minorias. Para já, nesta corrida muito particular a dois, a China está a levar a melhor, até porque desde Deng Xiaoping tornou-se honrado lá enriquecer, algo ainda malvisto na mui austera Índia.

Vistos ao pormenor, os dados

dos censos mostram, porém, que no futuro as posições podem inverter-se. O

Para desenvolver uma nação com mais de mil milhões, nenhum capital humano pode ser desperdiçado sistema democrático traz mais simpatias e o legado do inglês, mesmo que con­ finado às elites, traz vantagens na economia global. Mas o ponto mais forte da Índia é a maior juventude da sua popu-

lação que, se for formada com qualidade, pode dar um dinamismo tremendo ao país. O diário americano ‘Wall Street Journal’ contava um caso paradigmático das expectativas que as famílias indianas colocam na educação como motor de ascensão social. D. H. Shivanand, de 25 anos, filho de agricultores de uma aldeia da região de Bangalore, viu os pais pedirem dinheiro emprestado para pagar o seu curso de administração. Tentou depois ser contratado pela IBM e pela Tata, mas falhou porque o nervosismo fê-lo não responder a perguntas para as quais sabia a resposta. Agora a família fez novo empréstimo para lhe pagar aulas de auto-confiança, melhorando o seu inglês e as técnicas de lidar com uma entrevista de trabalho. No fim, todos esperam ver o dinheiro ser pago e recuperado com lucro, quando Shivanand arranjar um emprego bem remunerado junto de uma grande empresa.

Ora, esta aposta na educação tem

de chegar ao maior número de jovens possível, mesmo aqueles cujos pais não possuem condições de financiar os seus estudos. Para desenvolver uma nação com mais de mil milhões, nenhum capital humano pode ser desperdiçado. Índia: independentemente do sexo e categoria social, todos têm acesso à educação

*jornalista do DN

Como contar tanta gente Realizados desde 1872, nos tempos da colonização britânica, os censos indianos têm lugar de dez em dez anos. Com uma população que já ultrapassou os 1.200 milhões, esta tarefa gigantesca voltou este ano a mobilizar o país. Todos os indianos com mais de 15 anos estão a ser fotografados e as suas impressões digitais a serem recolhidas. Estes dados biométricos serão depois, no fim de um longo e laborioso processo, compilados e usados para emitir bilhetes de identidade. LançaFÁTIMA MISSIONÁRIA

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dos há exactamente um ano, os censos tentam chegar às aldeias mais isoladas e até às populações menos letradas, muitas das quais incapazes de preencherem sozinhas os dados que lhes são pedidos. Os sem-abrigo são outro problema para os recenseadores, uma vez que, não tendo morada fixa, não há forma de os contactar. Empenhado no sucesso da sua tarefa, o governo indiano decidiu mostrar que o exemplo parte de cima, com a presidente Pratibha Patil a ser a primeira recen­seada. “Todos

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devem participar, para bem da nação”, afirmou a chefe do Estado, citada pela BBC. Tarefa titânica, os censos indianos envolvem mais de 2,5 milhões de recenseadores encarregados de visitarem todas as casas de mais de sete mil cidades e 600 mil aldeias. A recolha dos dados – entre os quais sexo, idade, religião, educação e profissão – custa ao Estado indiano mais de 60 mil milhões de rupias (cerca de 900 milhões de euros) e consome 11 milhões de toneladas de papel. Este ano, pela pri-

meira vez os censos incluem perguntas sobre o uso da Internet ou se têm casa-de-banho em casa. “O segredo está em fazer as coisas bem logo à primeira. Uma recontagem é impensável”, explicou aos jornalistas C. Chandramouli. O responsável pelos censos 2011 acrescentou ainda que “Nunca nada – inundações, secas ou guerras – impediu os censos indianos”. E os recenseadores, na sua maioria professores e funcionários públicos locais, estão decididos a manter a tradição.


O elefante, o dragão e o tucano

Ramjan Hussain desenha o retrato de Gandhi no 60º aniversário da sua morte

Ética de Gandhi contra o luxo Dois dos dez homens mais ricos do mundo são indianos e o número de milionários em dólares ultrapassa já os 125 mil mas as grandes marcas de luxo sentem dificuldades em afirmar-se. As culpas parecem ser do Mahatma Gandhi, figura destacada da luta pela independência em 1947 e promotor de um estilo de vida austero, quase de monge. Enquanto na China o luxo se vende com facilidade, na Índia as marcas hesitam em apostar. Um bom exemplo é a francesa Louis Vuitton, célebre pelas suas malas, que para as 35 lojas chinesas apresenta apenas três indianas. E se a publicidade

tem feito milagres pelas vendas das marcas estrangeiras, a verdade é que mesmo aí existem riscos relacionados com a matriz indiana, um país onde os líderes políticos ainda usam um modesto traje de algodão e têm como carro oficial o robusto Ambassador, um modelo que deixou de se fabricar no resto do mundo há meio século. O arrojo das marcas de luxo chegou mesmo a causar polémica, como quando a alemã MontBlanc decidiu em 2009 vender uma caneta de 17.500 euros com a efígie de Gandhi. Ou quando uma campanha espalhou fotografias pelo país de camponeses desdenta­dos

ÍNDIA POPULAÇÃO: 1210 milhões % DE 15-24 ANOS: 19,3% % DE UNIVERSITÁRIOS NA SUA CLASSE ETÁRIA: 13% UNIVERSIDADES NAS 2 500 MELHORES MUNDIAIS:

a sorrir, enquanto mostravam as suas roupas de marca. No final de Março, uma conferência em Bombaim sobre o luxo apresentou algumas justificações económicas para o lento progresso do sector: os impostos elevados e a facilidade de muitos ricos indianos irem fazer as suas compras ao Dubai. E ainda a tradição de comprar peças em ouro artesanal e não artigos de design. Mas o correspondente do jornal francês ‘Le Monde’ em Nova Deli, Julien Bouissou, defende a ideia de que, apesar do actual culto da riqueza, “a Índia continua mais próxima do espírito de Gandhi do que dos marajás”.

CHINA 1331 milhões

BRASIL 194 milhões

16,9%

17,3%

22%

30%

22

6

China, com 10,3 por cento, Índia, com 8,6 por cento, e Brasil, com 7,5 por cento, foram as grandes economias que mais cresceram em 2010. E são os países que pela sua demografia e território mais podem ameaçar a liderança dos Estados Unidos, que dura há um século. Mesmo o outro BRIC (acrónimo de Brasil, Rússia, Índia e China) dificilmente entrará nesse campeonato, dado o seu problema de envelhecimento populacional e mesmo a diminuição do número de habitantes. Mas chineses, indianos e brasileiros registam diferentes níveis de competitividade, com a Índia a ser o gigante com mais potencial de crescimento: a sua população jovem é em grande número e a esmagadora maioria ainda falha a formação académica, pelo que o número de universidades de prestígio só pode aumentar. Ou seja, usando como analogia animais muito queridos a cada uma dessas potências, o elefante indiano têm ainda muito caminho para andar, ao dragão chinês resta provar que o fogo ainda se pode manter pujante mais algum tempo, enquanto o tucano brasileiro tudo fará para continuar a mostrar graciosidade no seu voo para o desenvolvimento.

Mercado de peixe em Hainan, China MAIO 2011

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Olá pequenos missionários! O mês de Maio é o mês de Maria, o mês das mães. Cada mãe pelo mundo fora tem uma maneira diferente de educar os seus filhos. No entanto, o amor que sentem é sempre imenso e nada deve separar as crianças desse amor. Por isso, vamos revelar como são as mães de alguns países de missão da Consolata, para reflectirmos neste mês sobre o sexto princípio da Declaração dos Direitos da Criança. texto ÂNGELA E RUI ilustrações RICARDO NETO

Mães de todo o mundo 6º Princípio:

Para o desenvolvimento completo e harmonioso

Mãe portuguesa:

da sua personalidade, a criança precisa de amor e

Afectuosa e simples por natureza, a mãe portuguesa encara com responsabilidade o casamento e a educação dos filhos, fazendo sacríficios para que estes cresçam com saúde e bem-estar. Suporta as dificuldades com persistência e vai à luta nos momentos mais dificeis.

compreensão. Criar-se-à, sempre que possível, aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hipótese, num ambiente de afecto e de segurança moral e material, salvo circunstâncias excepcionais, a criança da tenra idade não será apartada da mãe. À sociedade e às autoridades públicas caberá a obrigação de propiciar cuidados especiais às crianças sem família e aquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas. FÁTIMA MISSIONÁRIA

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Mãe italiana:

Ninguém pode acusar a mãe italiana de falta de zelo, cuidam dos seus filhos com amor e são super protectoras. A família é muito importante para ela. Resmungam muito e em voz alta mas amam com uma intensidade devota.


Omomento meu de oração Querido Jesus:

Mãe moçambicana:

Mãe colombiana:

Para as moçambicanas, bem como para as africanas em geral, a maternidade ocupa um lugar de honra e as mães são poderosas, pois são dadoras da vida. Seguem os seus instintos, não dispondo de carrinhos de bebé ou intercomunicadores. As crianças andam ao colo, enroladas com um pano e exploram o mundo desde tenra idade. São bebés felizes, pois têm colo a tempo inteiro!

A maioria das mães colombianas estão em casa, onde tratam das tarefas domésticas e dos filhos com total dedicação. São católicas muito devotas e levam a sério educar os filhos com o exemplo de Jesus Cristo e do que Ele nos pede para fazer.

Mãe corenana:

Muito cumpridora, trata dos filhos com brio, dando-lhes o espaço que precisam para crescer. São muito pacientes e adoram as novas tecnologias para ajudar a cuidar dos filhos! Tudo o que for brinquedo electrónico para entreter as crianças vende-se bem na Coreia do Sul!

Querida Mãe de Jesus!

Soluções do número anterior A

M

Que bom é ter uma mãe que cuida de nós desde bebés. Deus é amor e ninguém melhor que a mãe, nos ensina o caminho para Ti, o amor que Tu falas nos Evangelhos e que faz andar o mundo. Por isso devemos trabalhar para que não falte o amor a todas as crianças, principalmente as que não têm família.

I

G

O

Protege as mães do mundo inteiro. Protege as famílias e, com a Tua força e o Teu amor, ensina-lhes a serem unidas e a educarem bem as crianças. Feliz dia da mãe para ti também, pois Tu és a chefe das mães. MAIO 2011

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Pobreza que enriquece

riqueza que empobrece texto João Baptista foto LUSA

Um pai muito rico possuía uma situação financeira abastada e decidiu dar uma lição ao filho. Pensou em mandá-lo, por uns dias, para casa de uma família de camponeses muito pobres. E se o pensou, bem depressa o decidiu e actuou

rapaz foi viver para o campo três dias, para casa de uma família pobre. De volta a casa, o pai quis saber como tinha decorrido a experiência. – Muito bem! – respondeu o filho, com o olhar perdido no horizonte distante. – Que aprendeste? – insistiu o pai. E o filho contou a seguinte história: FÁTIMA MISSIONÁRIA

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– Nós temos um cão e eles têm quatro. Temos uma piscina com água tratada e aquecida; eles têm um rio sem fim de águas cristalinas, cheio de peixes e outras belezas. Nós importamos lustres do Oriente para iluminar o nosso jardim; eles têm as estrelas e a lua para os iluminar. O nosso quintal vai até ao muro; o deles chega até ao horizonte. Compramos a nossa comida e aquecemo-la no microondas; eles cozinham no fogão a lenha. Ouvimos cdês, mp3; eles ouvem a sinfonia dos pássaros, sapos, grilos, por vezes, acompanhada pelo canto sonoro de um vizinho a trabalhar a terra. Para nos protegermos, construímos um muro alto, cheio de alarmes; eles vivem com portas

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abertas, protegidos pela amizade dos vizinhos. Vivemos conectados ao telemóvel, ao computador, neuroticamente actualizados; eles estão “conectados” à vida, ao céu, ao sol, à água, ao campo, aos animais e à família. O pai estava boquiaberto a ouvir o filho e impressionado com o modo como ele falava da riqueza dos pobres. E o filho terminou, dizendo: – Muito obrigado, pai, por me teres ensinado o quanto somos pobres!

Riqueza dos pobres

Na linguagem bíblica, pobre é aquele que não alimenta uma falsa segurança nos bens materiais, isto é, não deseja controlar o futuro e o relacionamento com os

outros através dos benefícios próprios. Os pobres de espírito, no discurso das bem-aventuranças, em São Mateus, são aqueles que se deixam interpelar pelas palavras do Mestre e, na humildade, buscam somente a Deus, como sumo Bem. Esta pobreza impede-nos de fechar os olhos para não ver a miséria e a pobreza que mata milhões de pessoas no mundo. Basta olhar ao nosso redor, onde vivemos, para percebermos mais nitidamente quem são esses excluídos da nossa sociedade. Existe uma pobreza real, material, cruel e desumana, fruto da ganância e da incapacidade humana de partilhar. Os espaços públicos estão cheios dos sem-abrigo, sem trabalho e


O projecto de Deus é que cada pessoa viva e viva com dignidade sem vida digna. Muitos entram no mundo da prostituição e das drogas, com a ilusão de poder sair da pobreza extrema. Sujeitam-se a trabalhos duros e pesados para conseguir sobreviver. Basta lançar um olhar mais atento aos noticiários da televisão, para percebermos a grande desigualdade que existe no mundo de hoje.

Vergonha dos números

O relatório das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) avisa que o número de pobres não pára de crescer. Já ultrapassa os 307 milhões no mundo. Nos últimos anos, duplicou o número de pes­ soas dos países menos desenvolvidos que vivem com me-

nos de um dólar por dia. As pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza, nos países menos desenvolvidos, poderão chegar aos 420 milhões. Principalmente em África, grande parte da população vive com um consumo diário de apenas 57 cêntimos de dólar, ao passo que um cidadão suíço gasta, em média, 62 dólares por dia. Em 40 anos, a população africana que vive com menos de um dólar por dia passou de 56 para 65 por cento. A pobreza está a aumentar, em vez de diminuir.

Igreja com os pobres

Se a Igreja pretende ser fiel ao Deus de Jesus Cristo, deve olhar para os pobres deste mundo, para as classes

exploradas, raças desprezadas, e culturas marginalizadas, lembra Gustavo Gutiérrez, considerado como um dos fundadores da Teologia da Libertação. No seu livro «A força histórica dos pobres», o sacerdote peruano escreve: O cristão “deve descer ao inferno deste mundo e colocar-se em comunhão com a miséria, a injustiça, as lutas e esperanças dos condenados desta terra, porque deles é o reino dos céus”. Perante a pobreza, fruto de uma grande desigualdade social existente na América Latina, Gustavo Gutiérrez pretende que a Igreja tome consciência de ser a voz dos pobres na luta pela dignidade. Que saiba alimentar a fé

do povo, numa perspectiva de ajudá-lo a descobrir, que a desigualdade é inaceitável para quem se diz cristão.

Vida digna para todos

O projecto de Deus é que cada pessoa viva e viva com dignidade. Para quem acredita, o Evangelho traz uma proposta que liberta, que salva, que eleva o ser humano e o transforma numa pessoa nova. O cristão deve tomar consciência que o próprio Jesus se revela como libertador. A riqueza dos pobres, não está apenas na humildade, na simplicidade e na partilha. Seria reduzir e banalizar a pobreza. Está no reconhecimento que só Deus é a fonte de toda riqueza e de toda a felicidade.

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Deus não está em crise No IV Domingo da Páscoa, dia do Bom Pastor, temos um pedido do Santo Padre: rezar intensamente pelo ressurgir de novas vocações texto DARCI VILARINHO foto ANA PAULA

unta-se ao apelo à coragem de todos os que se sentem chamados para que aceitem o chamamento ao sacerdócio ou à vida consagrada. A celebrar em 15 de Maio, tem como tema: «Propor as vocações na Igreja local». A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade das nossas comunidades. Vitalidade que advém da vivência cristã dos seus grupos e famílias. Diz o Santo Padre: “É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja”. A Igreja local deve tornar-se sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens, para que, na amizade genuína com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica e na escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, compreendam que entrar ao Seu serviço não aniquila nem destrói a pessoa. Pelo contrário, permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos e viver a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, como fonte de verdadeira alegria e plena realização das próprias aspirações. Por vezes, falta-nos a coragem de propor aos jovens e menos jovens este caminho do seguimento de Cristo. Exigente, sim! Mas rico de sentido e capaz de envolver toda a vida. A diminuição sobretudo do número de

saram de 421 mil para 406 mil. Onde estarão as causas de tão drástica redução? Há quem, superficialmente, aponte a disciplina do celibato como a principal causa da falta de vocações sacerdotais. Creio, francamente, que há outras razões mais fundas: a dificuldade em aceitar compromissos para toda a vida; a falta de vitalidade das comunidades cristãs; a atmosfera relativista e permissiva da nossa so­ciedade; a falta de fervor cristão; a dificuldade de evangelizar um mundo em profunda mudança; a falta de modelos fortes de padres visíveis na sociedade de hoje, a situação desastrosa em que se encontram tantas das nossas famílias e outras. Para desempenhar a sua missão no mundo, a Igreja terá de procurar novas maneiras de evangelizar e de assistir as suas comunidades, mas nunca poderá faltar a constante educação na fé das crianças e dos adultos para manter vivo nos fiéis um sentido activo de responsabilidade missionária. O dom da fé chama todos os cristãos a cooperarem na evangelização. As crises, que a todos os níveis estamos a viver, podem ser geradoras de novas oportunidades. Deus não está em crise. Que, por vezes, nós cristãos percamos o ânimo ou que não saibamos dialogar com o homem de hoje, não significa que Deus não encontre caminhos para falar ao coração dos seus filhos que Ele não deixa de amar com um amor infinito. Os seus caminhos não são necessariamente os nossos caminhos. Ele tem os seus desígnios. E os seus caminhos são sempre de esperança e de confiança.

Nunca poderá faltar a constante educação na fé das crianças e dos adultos para manter vivo nos fiéis um sentido activo de responsabilidade missionária

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sacerdotes é uma das grandes preocupações da Igreja Católica. Para uma população de sete mil milhões de pessoas, no último quarto de século, os padres pas-


A palavra faz-se missão EM MAIO

2º Domingo da Páscoa | Act 2, 42-47; 1 Pedro 1, 3-9: Jo 20. 19-31

Frutos da Páscoa

“Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum”. Que fruto maravilhoso da Páscoa e que modelo de comunidade! É um estilo de vida que pode revolucionar o mundo. Onde estão as comunidades que vivem esta Palavra? Porque será que nos afastámos deste estilo de vida? Ensina-nos, Senhor, a comunhão fraterna de vida, de oração, de ideais e de bens. 3º Domingo da Páscoa | Act 2, 14-33; 1Ped 1, 17-21; Lc 24, 13-35

Para que Deus permita à Igreja da China que persevere na fidelidade ao Evangelho e se fortaleça na unidade

Firmeza na fé

O Espírito Santo foi-nos prometido por Jesus como nosso advogado e consolador nas provas da vida. É a força e a audácia na difusão da Palavra de Cristo ressuscitado. É o continuador da sua missão. É o nosso divino companheiro de missão. É a fidelidade de Deus junto dos homens. É a garantia de que as palavras de Jesus não serão esquecidas, porque no-las recorda constantemente para que as vivamos e anunciemos com coragem e criatividade. Dá-nos, Senhor, o teu Espírito. Manifesta-te ao mundo, que ainda não Te conhece.

Mais uma vez o Santo Padre se volta para a China e, concretamente, para os católicos daquele país, para que se mantenham firmes na fé e dêem um testemunho válido de fidelidade ao Evangelho. É fácil dizer isto aos católicos de lá, mas é muito difícil que no meio de uma multidão tão grande de pessoas os efeitos se possam ver a curto prazo. Por isso, está subentendido que o apelo do Papa não se dirige apenas aos católicos da China, mas pretende atingir também os católicos do mundo inteiro. E mais, o apelo dirige-se também e, antes de tudo ao Céu, uma vez que as forças puramente humanas depressa encontram os seus limites. A experiência mostra-nos que os tratados entre a China e o Vaticano têm ido pouco além daquilo que se chama diplomacia e boa vizinhança. Isto para dizer que os esforços humanos sem a inspiração do alto, levarão muitos anos até que se chegue a uma total liberdade religiosa, onde cada qual possa chamar as coisas pelo seu próprio nome e os cristãos não precisem de dizer, como no tempo de São Paulo, “eu sou de Apolo, eu sou de Pedro” ou de qualquer outro carismático que apareça. Concretamente: Eu sou da Igreja de Roma ou eu sou da Igreja Nacional. Tudo o que vai além disto é pura ficção. É inegável que bastantes passos se têm dado no bom sentido mas daí a dizer-se que foram atingidas metas definitivas ainda irá uma longa jornada. Por isso o Papa insiste: Rezem! Rezem! Para que os católicos da China permaneçam firmes na sua fé.

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“Reconheceram-no ao partir do pão”

A cena de Emaús é uma obra-prima de catequese litúrgica e missionária. É o itinerário de dois discípulos que deixam Jerusalém na desilusão, para aí regressarem depois, na alegria e confiança, porque encontraram Jesus na Escritura e no partir do pão. Emaús é a certeza de que, quando escutamos a Escritura na Liturgia da Palavra e participamos do pão eucarístico, é verdadeiramente Cristo que entra na nossa vida para trilhar os nossos caminhos e infundir em nós a fé e a esperança. Abre, Senhor, os nossos ouvidos e os nossos olhos, para ouvirmos em cada domingo a tua palavra e reconhecermos a tua presença de Ressuscitado. 4º Domingo da Páscoa | Act 2, 14-41; 1Ped 2, 20-25; Jo 10, 1-10

O meu projecto de vida

Que bom podermos ouvir a voz do Bom Pastor, sermos chamados pelo nosso nome, experimentarmos a sua predilecção. Hoje é dia mundial de oração pelas vocações. Vocação é entender que projecto de vida tem Deus para mim, qual o meu lugar no grande mosaico da humanidade e na Igreja. Como cristãos, somos parte essencial de um grande sonho de amor, e é maravilhoso descobri-lo e realizá-lo. Dá-nos, Senhor, pastores e missionários à tua imagem: que dediquem a sua vida ao anúncio do Evangelho. 5º Domingo da Páscoa | Act 6, 1-7; 1Ped 2, 4-9; Jo 14, 1-12

A nossa eterna morada

Na casa do Pai há muitas moradas. É aí o nosso lugar, a meta final da nossa vida. O céu é a nossa casa que, já aqui, vamos construindo. Não podemos cruzar os braços. Cada dia é precioso para colocar uma pedrinha no edifício da nossa vida. E é uma vocação excelente ajudar os outros a construir a sua morada. Mostra-nos, Senhor, o teu caminho, para chegarmos lá onde Tu nos esperas. 6º Domingo da Páscoa | Act 8, 5-17; 1Pe 3, 15-18; Jo 14, 15-21

O continuador da missão de Jesus

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Educar para o optimismo Não admira que já vá na 19ª edição, pois é o produto de duas doutoras e um doutor, todos os três mestres nestas matérias da educação para o optimismo. Os próprios autores explicam que este livro se destina a todos os que desejam saltar fora de uma actual insatisfação para voos mais altos, mais plenos e mais nobres. Em suma, saltar do pessimismo para o optimismo. Está subentendido que não é de um dia para o outro que se muda o carácter e o feitio de uma pessoa: mas a educação e o apelo constante ao optimismo podem desbloquear muitas engrenagens que se encontram enferrujadas ou nunca estiveram limpas. Fácil leitura, com certas curiosidades hilariantes. Autores: Helena Águeda Marujo, Luís Miguel Neto e Maria de Fátima Perloiro 148 páginas | preço: 10,07€ | Editorial Presença

As histórias de Henriqueta

“Este livro da Henriqueta está cheio de aventuras e outras ideias divertidas. É próprio para crianças pequenas e para todos os que têm uma grande imaginação”. É com estas palavras que os responsáveis pela edição apresentam este livro cheio de bonecos a condizer com frases cómicas e divertidas, com as quais a Henriqueta vai contando a sua vida e descrevendo as coisas de que mais gosta. Tem tudo o que é preciso para gáudio das crianças e (por que não?) dos adultos. Autora: Martine Murray 104 páginas preço: 7,50€ Editorial Presença

São Paulo dois mil anos depois

A gente lê este livro e, ao terminar a leitura, somos obrigados a exclamar: “Quem sabe sabe!”. De facto, para escrever um texto destes com a devida profundidade e, ao mesmo tempo, encandeado com outros textos bíblicos, é preciso conhecer a história e sabê-la contar. O padre Carreira das Neves possui estas duas qualidades e apresenta-nos aqui um livro que satisfaz a curiosidade dos mais exigentes, sem deixar de ser acessível a outros. Autor: Padre Carreira das Neves | 270 páginas preço: 16,50€ | Editorial Presença

O Peixe-Menino

Um livro bonito com 12 histórias próprias para os mais novos, mas que os maiores também gostarão de ler. Tem ilustrações em todas as páginas e uma encadernação com papel de primeira qualidade.

Autor: João Ferreira 70 páginas | preço: 7,50€ | Editorial Aparf

As bem-aventuranças hoje

Hoje, do que mais se fala é de «mal-aventuranças». Mas Cristo «inventou» uma outra maneira de ser feliz e proclamou-a no alto de um monte para que todos a ouvissem. Chamou-lhe Sermão da Montanha. Este livro explica tudo em oito capítulos, todos eles com o mesmo esquema: o texto, a reflexão, a oração e o compromisso. Termina com uma historiazinha para nos alegrar o coração. Autor: Pedrosa Ferreira 136 páginas | preço: 8,40€ | Edições Salesianas

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O que é a Páscoa?

Meninos e meninas, isto é para vocês que andam na catequese, mas, se calhar ainda não sabem o que é a Páscoa e sobretudo porque é que ela muda todos os anos a data levando consigo as férias ora mais para diante, ora mais para trás. Este livro explica isso quase tudo. Com alguma literatura e muitos desenhos bem bonitos, feitos pela Patrícia Furtado. O autor já todos o conhecem. Autor: José Luís Borga | 42 páginas preço: 12,50€ | Oficina do Livro

Ouvir, dizer e escrever

Actividades com sons: NH/LH Livro destinado às crianças do primeiro ciclo do ensino básico e para os seus respectivos educadores, terapeutas da fala e outros. O livro trata dois sons característicos da língua portuguesa que são o NH e o LH (nhê e lhê) que se tornam difíceis, sobretudo, para os estrangeiros que estudam a nossa língua. Autoras: Joana Rombert, Leonor Fontes e Mafalda Caeiro 32 páginas | preço: 7,75€ Papa-Letras Editora


Atentos ao que se passa “Devemos estar atentos ao que acontece na nossa diocese e na nossa paróquia e viver de modo activo e entusiasmado a palavra de Deus. Dessa forma, vamos contagiar o próximo e estaremos mais perto de manter valores como a paz, o amor e a igualdade no topo das nossas prioridades”. Rita Costa | Acção Missionária | Abril 2011

O caminho do amor Este livro é o fruto de várias meditações surgidas em contexto de retiro. As meditações seguem todas o mesmo esquema a partir da Bíblia. O livro adapta-se bem para quem desejar fazer um retiro pessoal sem intervenção de qualquer pregador. Autor: Agostinho Tavares 168 páginas preço: 10,50€ Editorial A.O.

Mais mulher que homem

“A mulher é tendencialmente mais humana (que o homem) mas também mais organizada, mais metódica, sobretudo mais exigente. Tendo a mulher um papel cada vez mais activo a todos os níveis - político, económico, social e cultural, é normal que a sociedade fique mais à nossa imagem e semelhança”. Anabela Bento Gaspar Notícias da Caranguejeira | Março 2011

Herança da Igreja

“A Igreja é a herdeira de Cristo. É Cristo continuado, Cristo incarnado, Cristo social. Por isso, como aconteceu com Jesus, também ela tem que olhar o homem todo, salvar o homem todo, não esquecendo nenhuma das suas dimensões”. Manuel Martins Agência Ecclesia | 22 Março 2011

Vergonha de comer

Beato João Paulo II Em subtítulo «Mensageiro da paz e da esperança». Livrinho de bolso que resume em quatro dezenas de títulos o melhor deste Papa. Cada página de texto é acompanhada por uma fotografia que ilustra o tema a que se refere. Para ler e saborear. Organização: Darlei Zanom 104 páginas | preço: 6,00€ Paulus Editora

“Não, isto não pode durar mais. Tenho vergonha de comer com apetite, tenho vergonha de dormir sem pesadelos, enquanto milhões de seres humanos agonizam e apodrecem na mais imunda das misérias, na mais atroz das solidões”.

o nosso futuro, venha de fora ou de dentro, se não formos capazes de nos respeitarmos na nossa pluralidade”. José Dias da Silva Correio de Coimbra | 7 Abril 2011

Partilhar sorrisos

“Quantas e quantas vezes somos interrompidos nos nossos afazeres, nas nossas correrias e ficamos revoltados por tal interrupção sem pensarmos que, talvez, o «outro» também precise um pouco do nosso sorriso, do nosso carinho”. Sandra Figueiredo O Amigo dos Leprosos | Março/Abril 2011

Vida para a missão

“A reestruturação da vida consagrada para a missão na Igreja e no mundo não significa a sua incompatibilidade com os momentos históricos já vividos. É viável uma reestruturação compatível com todos os elementos fundamentais e essenciais do projecto, ou desta forma de viver o Evangelho, segundo Jesus Cristo”. A. Gomes Dias Vida Consagrada | Março 2011

Só palavras

“A pessoa comum é hoje confrontada, quase em cada minuto, com uma multiplicidade de palavras e de termos que sintetizam a realidade que, intensa e Deus é maior profundamente nos abrange, e interfere “Acreditamos que a Páscoa é possível, que com a vida de todos nós”. a humanidade pode renascer, que o mal e Mira Ferreira a morte não são a última palavra, que se A Defesa | 6 Abril 2011 a humanidade tem poder no mal, Deus é omnipotente no bem”. Beato João Paulo II José Carlos Nunes “Com a celebração da beatificação de João Família Cristã | Abril 2011 Paulo II, no próximo dia 1 de Maio, existirão muitas ocasiões para recordar aspectos da Pluralidade santidade do Papa polaco, a sua sabedoria “Talvez a maior dificuldade com que nos e a profundidade e espiritualidade que deparamos agora não seja a economia, percorreu toda a sua vida”. mas a incapacidade de nos entendermos. Paulo Rocha Valentes | Abril 2011 Nenhuma solução será possível para Raoul Follereau Do livro «Um mundo sem lepra»

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Gurué, Moçambique

Donativos de apoio ao Centro de Acolhimento Ausenda Carvalho – 20,00€; Manuela Pereira – 25,00€; Lucinda Carreira – 60,00€; Fátima Matias – 10,00€; Alice Silva – 15,00€; Fernanda Martins – 15,00€; Adélia Andrade – 25,00€; Anónimo (Fiães) – 130,00€;

Anónimo (Fiães) – 100,00€; Anónimo – 10,00€; Lurdes Diogo – 7,00€; Anónimo – 50,00€; Ilda Farinha – 25,00€; Marlene Mendes – 3,00€; Ermelinda Carneiro – 13,00€; Fernanda Carreira – 40,00€;

Projecto 2011

Gurué

Acolhimento a doentes e acompanhantes Paróquia do Gurué, Moçambique Imagine-se doente, a dormir ao relento, ou ter um filho hospitalizado e não poder estar perto dele. Isso acontece na diocese de Gurué, que tem dois milhões de habitantes e apenas um hospital. O bispo da diocese, Francisco Lerma, missionário da Consolata, pretende construir um centro de acolhimento para doentes e acompanhantes.

porta 25 euros

telhas 10 euros tijolo 1 euro pregos 5 euros viga de madeira 20 euros

sacos de cimento 15 euros

Solidariedade vários projectos

Bolsas de Estudo José Silva – 30,00€; Maria Pureza Cruz – 250,00€; Conceição Policarpo – 60,00€; Noémia Canavarro – 35,00€; Armando Braga – 25,00€; José Fonseca – 250,00€. Crianças de Djibuti Manuel Alves – 18,00€. Crianças de Sanza Tanzânia Lurdes Anjos – 13,00€. Bairro Deep Sea – Nairo­bi – Quénia

Fátima Matos – 13,00€; Dom Manuel Falcão – 100,00€. Leprosos Fernanda Castanheira – 10,00€. Padre Tobias Oliveira – Quénia Gabriela Santos – 250,00€. Ofertas várias Rosa Matias – 113,00€; Manuel Brás – 193,00€; João Simplício – 29,00€; Isabel Santos – 26,00€; Manuel Nogueira – 67,00€; José Silva – 36,00€; Isabel Marques – 43,00€; José Candeias – 51,00€; Maria Barroso – 43,00€; Anónimo – 40,00€; Maria Anjos Salvador – 93,00€;

Bárbara Vale – 13,50€; Piedade Pombal – 10,00€; Gracinda Santos – 5,00€; Matilde Dias – 10,00€; Salete Ferreira 5,00€; Natália Dias – 63,00€; Ambrósio Ferreira – 23,00€; Rosa Santos – 14,00€; Anónimo – 20,00€; Maria Rosário Florêncio – 26,00€; Amélia Oliveira – 6,00€; João Nogueira – 16,00€; Fernanda Castanheira – 10,00€; Eduarda Bento – 24,00€; Belmira Morgado – 30,00€; Lurdes Curto – 23,00€; Júlia Pires – 5,00€; Amélia Conceição – 18,00€; José Moreira – 100,00€; Augusta Marques – 23,00€; Maria Sousa – 10,00€; Joana Barreiros – 50,00€; Pedro Cantante – 10,00€; Lucílina Coimbra – 25,00€; Fátima Matias – 10,00; Celsa Gil – 13,00€; Flora Mira – 30,00€; Luciano Silva – 15,00€; José Lourenço – 20,00€; José Sardinha – 35,00€; Leontina Cordeiro – 80,00€; Isabel Simões – 5,00€; Pessoas amigas de Adília Antunes – 50,00€; Alice Ferreira – 3,00€; Emília Ribeiro – 3,00€; Elisa Mendes – 25,00€; Manuel Maia – 9,00€; Francisco Paisana – 48,55€; Anónimos – 60,00€; João Carvalho – 5,00€; Lúcia Marques – 30,00€; Argentina Silva – 15,00€; Anónimo – 10,00€; Maria José Moreira – 20,00€; Serafim Rodrigues – 13,00€; Helena Barros – 60,00€; Lurdes Rama – 20,00€; Anónimo – 1.000,00€; Anónimo – 5,00€; Anónimo – 10,00€; Anónimo – 11,60€; Gioconda Magalhães – 40,00€; Lurdes Moura – 25,00€; Anónimo – 50,00€; Diamantino Ferreira – 10,00€; Anónimo – 10,00€; Anónimo – 5,00€; Helena Pedrosa – 10,00€. Total geral = 25.057,65€.

Isabel Pacheco – 50,00€; António Gomes – 243,00€; Catarina Jaulino – 33,00€; Fátima Magalhães – 29,00€; Alberta Pereira – 43,00€; Maria Barata – 33,00€; Raquelina Cunha – 46,00€; Albertina Moura – 33,00€; Henrique Macedo – 43,00€; Dulce Monteiro – 36,00€; António Sousa – 36,00€; Lurdes Real – 565,00€; Arlindo Mendes – 43,00€; Carlota Lemos – 43,00€; Lúcia Jorge – 200,00€; Lurdes Moura – 40,00€; João Ribeiro – 52,50€; Fernanda Vargas – 59,00€; José Freitas – 43,00€;

Carminda Geraldes – 28,00€; Deolinda Santos – 43,00€; Conceição Mesquita – 36,00€; Lurdes Matos – 136,00€; Edite Carvalho – 43,00€; Fernanda Costa – 143,00€; Teresa Magalhães – 43,00€; Joaquim Silva – 35,00€; Manuela Fernandes – 43,00€; Paulo Martel – 43,00€; Maria Carmo Matias – 36,00€; Fernanda e Orlando Dionísio – 50,00€; Cecília Santos – 33,00€; José Jorge – 100,00€; Anónimo – 200,00€; Fátima Reis – 10,00€; Anónimo – 200,00€.

8 Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt 8 Rua D.a Maria Faria, 138 Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | aguas-santas@consolata.pt 8 Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM Telefone 214 260 279 | cacem@consolata.pt 8 Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt 8 Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | braga@consolata.pt FÁTIMA MISSIONÁRIA

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Voltas que o mundo dá Padre José Ciatti nasceu em Bréscia, Itália, em 31 de Março de 1898. Entrou na Consolata, em 1915. Dois anos depois, foi recrutado para a guerra. Em 1922, foi ordenado sacerdote. Como missionário trabalhou no Quénia e na Etiópia. Faleceu em 12 de Novembro de 1951 texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO

urante os escassos 53 anos em que viveu, o padre Ciatti não conseguiu ter uma vida muito linear. Fez os primeiros estudos liceais no seminário diocesano de Bréscia, sua terra natal. Aos 17 anos entrou na Consolata com intenção de se tornar missionário, mas, passado pouco tempo, o exército italiano foi buscá-lo para a guerra de 1914-1918. Não sabemos ao certo as «avarias» que por lá terá realizado como guerreiro. O que sabemos é que se terá comportado bem na sua condição de militar, pois ao sair foi condecorado com a Cruz de Mérito de Guerra. Com este pendão ao peito, regressou ao seminário da Consolata em 1919. Agarrou-se aos estudos, pois a sua vocação não era a guerra, mas a paz. Ordenou-se sacerdote em 1922. Tinha 24 anos de idade. Era novo, mas tinha

uma grande experiência. Os tiros que tinha disparado e as dificuldades por que passara, tinham amadurecido a sua precoce juventude. Agora sonhava com outros mundos; sonhava com as missões. O campo de trabalho que lhe destinaram foi o Quénia. Era preciso aprender o inglês, visto ser aquele território uma colónia da Inglaterra. Mas a língua e os dialectos africanos não constituíam para ele nenhum obstáculo. Para as línguas tinha ele uma queda natural, favorecida por uma memória invejável. No Quénia, mais concretamente em Nyeri, exerceu actividades em diversas missões, ora como coadjutor ora como pároco: Ghekondi, Kaheti e Tuthu falam dele como uma bênção que por lá passou. Durante alguns anos, foi também professor e director do seminário diocesano de Nyeri. Na África daquele tempo fazia-se tudo a correr: saltava-se de um lado para o

outro conforme as necessidades do momento. Aconteceu assim com o padre Ciatti durante os 14 anos em que permaneceu em Nyeri. Mas o resto ainda estava para vir. Em 1938, foi transferido do Quénia para a Etiópia que, ao tempo era uma colónia italiana. Mal chegou, o padre Ciatti abriu logo uma nova missão em Soddu, mas, em 1940, devido à guerra foi levado prisioneiro pelas tropas inglesas para campos de concentração fora do país. Em 1943, regressou à Itália e exerceu várias actividades em diversas casas do Instituto da Consolata como professor e animador missionário. Finalmente, cansado de dar tantas voltas, ofereceu-se para ir ajudar um pároco da sua diocese, que estava velho e quase cego. Bem contente ficou o bispo com esta oferta, mas pouco se pôde gozar dela, pois o padre Ciatti faleceu repentinamente pouco tempo depois de lá ter chegado. Voltas que o mundo dá! MAIO 2011

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Uma das características principais dos provérbios é defenderem os grandes valores da vida. Hoje desenvolvemos esta temática nos quatro provérbios que se seguem. Abrangemos a África, a América e a Ásia

Vida ao serviço do homem texto MANUEL CARREIRA foto Ana Paula

Nascer é uma missão sagrada

Se não se está atento, a carne que está ao lume queima-se

Apoio à compreensão: A vida humana é um dom excepcional. É superior à vida de todos os outros seres. Não há plantas, nem peixes, nem aves que a possam igualar. Por mais bonitos que sejam, por mais úteis que se mostrem, não se lhe podem comparar. Por isso, viver, ter sido chamado à vida é uma graça de Deus superior a tudo o resto. Deus pedir-nos-á contas do modo como a respeitámos em nós e nos outros e como a promovemos para glória do Criador. O quinto mandamento fala disso: “Não matarás e não causarás qual­quer dano a ti mesmo ou ao próximo”.

Apoio à compreensão: A vida é preciosa. Temos de estar atentos para a não perder. Pode acontecer que tenhamos de perder várias coisas, mas a vida é o que vale mais; por isso, deve ser a última coisa a perder-se. O próprio Evangelho serve-se da ideia, quando afirma: “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se ao fim de tudo, vier a perder a própria vida”. Os camaroneses dão um exemplo próprio da sua cultura e do ambiente onde vivem. “Quando se vai para o mato não se deixa o pau em casa”. Em português: “Mais vale prevenir que remediar”. Provérbio dos Camarões

Índios da América

A vida só se pode encontrar no momento presente

A vida terrena é um grande mercado

Apoio à compreensão: À primeira vista parece estranho comparar a vida a uma feira. Mas, se pensarmos bem, existem várias semelhanças. Por exemplo. Vai-se à feira para vender e comprar, para ouvir e falar; para trocar mercadorias e trocar palavras; vai-se espairecer, ver amigos e amigas e arranjar novas amizades. Partilham-se alegrias e tristezas e até se alimentam vaidades, mostrando roupas novas. A feira é o lugar da cultura dos povos. Mas dura só um dia; à tarde termina e todos regressam às suas casas. Enfim, a feira é um lugar de passagem. Tal como a vida terrena: hoje é, amanhã já não é. África Ocidental

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Apoio à compreensão: Parece mentira, mas não é. É pura verdade. Qualquer vida dura apenas um instante: o agora. Porque o ontem já passou e o amanhã ainda não chegou. Conclusão: Se queremos dar sentido à nossa vida, esforcemo-nos por não perder nenhum fragmento dessa mesma vida. Porque nesse momento pode estar a única oportunidade: o sim e o não, o viver e o morrer. Com a rapidez do tiquetaque de um relógio. Qualquer decisão errada ou precipitada pode ser fatal e, humanamente, pode não ter remédio. Mas, acima de tudo está sempre Deus. Provérbio asiático


Manter-se sempre criança texto NORBERTO LOURO ilustração MÁRIO JOSÉ TEIXEIRA

Chamar-me-ão sentimental, lírico, patético ou piegas. Pouco importa! Mas tenho que vos contar um hábito, quase compulsivo, que me leva a projectar, talvez indevidamente, a vida de outros em situações inesquecíveis. Quando vejo uma criança, angélica e graciosa, estremeço dentro de mim. Mas logo me foge o pensamento e pergunto-me até quando durará tamanha beleza. Rezo para que ela não seja como outras que conheci e se cansaram de ser crianças. Quando observo os gestos de ternura dos namorados, pergunto-me como é possível que tal intensidade de amor possa acabar, como já vi em tantos casos. Rezo para que sejam namorados toda a vida e não se cansem de o mostrar com os mesmos gestos apaixonados. Quando presido a uma celebração de casamento, tão marcada por promessas de amor para toda a eternidade e de luas de mel fabulosas, pergunto-me como é possível alguém deitar tudo a perder, como já vi e, por vezes, tão depressa. Rezo para que a eles não suceda. A quem não deixa que aconteça, a vida saberá sempre a boda. É preciso aceder às alegrias da Páscoa. Dois sentimentos projectam-nos em Deus: por um lado a alegria esfusiante de quem sabe manter-se “criança”, de quem continua a namorar com paixão na vida partilhada, sem nada regatear, e desabrocha em agradecimentos a Deus por tanta felicidade. Por outro lado, a

tensão para atingir esta meta e saborear, de novo, o que como pequeninos, como apaixonados, sempre como recém-casados se vai fazendo para superar as forças centrífugas do mal que nos envelhece. Numa celebração penitencial para crianças que se preparavam para a Páscoa, cada uma delas recebeu uma cartolina com duas casas: uma construída sobre a rocha; outra sobre dunas de areia, lembrando a parábola de Jesus. Ele bem avisou que, se não se constrói a vida sobre a rocha, mas sobre coisas secundárias, sem consistência, tudo pode ir por água abaixo. Era ver aquelas crianças a mostrar ao celebrante o desejo de construir as suas vidas sobre a rocha,

que é Cristo. Nada de castelos na areia! Às crianças, faço geralmente duas perguntas de chofre: “Estás melhor agora do que quando te confessaste a última vez”? Lá vão dizendo, embora nem sempre seja fácil medir. A outra é esta: Com quem alinhas mais, com Jesus ou com o mafarrico? Aqui a resposta é sempre “Com Jesus!”. Às vezes acrescento uma terceira pergunta: “E se o demónio te quiser enganar?”. Bonita foi a resposta de um jovem que, pelo modo pronto de responder, mostrou ser decidido: “Ah! Ele bem tenta, mas eu sei dar-lhe as voltas!”. Aí é que está! Dar as voltas ao mal é o segredo da alegria esfusiante da Páscoa. Feliz Páscoa para todos!

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Celebração nacional a 13 de Maio

Beato João Paulo II homenageado em Fátima texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto Ana Paula

Acabadinhos de entrar no recinto do Santuário, três espanhóis, dos arredo­ res de Madrid, tiram fotografias junto da estátua de João Paulo II, da autoria de Czeslaw Dzwigaj, também ele pola­ co como o falecido Santo Padre. “Por­ que é beato”, respondem. Do “Papa de Fátima” enumeram as qualidades: “a bondade”, o facto de ser “muito huma­ no” e “muito profundo”. Com uma pequena vénia, a irmã Mar­ garida Miranda acaba de rezar junto da estátua do novo beato com uma vela e algumas flores ali depositadas por fiéis. Nas três vezes que Karol Wojtyla esteve em Fátima (1982, 1991 e 2000), a reli­ giosa das Dominicanas de Santa Catari­

na de Sena acompanhou-o. Tal como pretende acompanhar a cerimónia de beatificação no Vaticano, a 1 de Maio, pe­ la televisão, e a celebração marcada para 13 de Maio, no Santuário de Fátima. Portugal deve-lhe essa homenagem “porque ele era realmente todo de Ma­ ria”, e a ela entregou o seu pontificado sob o lema “Totus Tuus”, recorda a reli­ giosa. “Já gostava muito dele em vida”, mas foi depois da sua morte que Mar­ garida Miranda começou a ler as encí­ clicas e documentos escritos por João Paulo II e, assim, aprofundou os conhe­ cimentos e a devoção ao novo beato. Os bispos portugueses anunciaram uma celebração nacional, às 11h, para

Com Maria, enraizados em Cristo

22 de Maio. A celebração será presidida por Velasio de Paolis, o primeiro cardeal da congregação, em 122 anos de histó­ ria. Foi nomeado em Outubro de 2010 por Bento XVI. Os missionários de São Carlos estão a comemorar 40 anos de missão em Portugal.

Jovens portugueses reúnem-se na pe­ regrinação a Fátima a 7 e 8 de Maio, no ‘Fátima Jovem’. O programa inclui a saudação mariana, na Capelinha das Aparições, a recitação do Rosário e procissão de velas no dia 7 de Maio, e a eucaristia dominical no recinto do Santuário, no dia 8 de Maio. Uma das novidades é um concerto no parque 2 com a banda “São Sebastião” e uma vigília eucarística na igreja da Santís­ sima Trindade.

Família Scalabriniana peregrina

Os missionários de São Carlos e restan­ tes elementos da Família Scalabriniana peregrinam ao Santuário de Fátima a FÁTIMA MISSIONÁRIA

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Jubileu das vocações

Aqueles que comemoram os 25, 50, ou 60 anos de casamento, de consagração religiosa, ou de sacerdócio, em 2011, da diocese de Leiria-Fátima, são con­ vidados a participar no jubileu das vo­ cações que se celebra a 28 de Maio, no Santuário de Fátima. A celebração tem início às 9h e inclui a eucaristia, termi­ nando com o almoço partilhado.

assinalar a beatificação de Karol Woj­ tyla, a 13 de Maio, no Santuário de Fátima que se vestirá de festa. Para agradecer “o dom de João Paulo II à Igreja e à humanidade”, adianta o rei­ tor Virgílio Antunes. Não há indicação, ainda, do número de bispos presentes na celebração, mas esta será presidida pelo cardeal norte-ameri­ cano Sean O’Malley, arcebispo de Bos­ ton (Estados Unidos da América). Terá como tema: “Feliz és tu porque acredi­ taste”. Várias dezenas de grupos de pere­ grinos já anunciaram a sua intenção de participarem nas cerimónias. Os bispos portugueses exortam os fiéis a tomar parte nesta celebração comemorativa.

MAIO em agenda

01 Movimento Esperança e Vida 07/08 Encontro Fátima Jovem 2011 14/15 Peregrinação da Família Salesiana 20/22 Encontro de formação para os responsáveis dos acólitos 29 Peregrinação do Folclore Português 29 Peregrinação da diocese de Portalegre-Castelo Branco


un’altra visione del mondo mwingine mtazamo wa dunia another view of the world otra visión del mundo inny pogląd na świat une autre vision du monde wona wunyowani wa elapo eine andere sicht der welt djôbe mundu di oto manêra

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Apenas euros por ano MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA | Rua Francisco Marto, 52 | Ap. 5 | 2496-908 FÁTIMA Telefone 249 539 430 | 249 539 460 | geral@fatimamissionaria.pt | www.fatimamissionaria.pt


Amor

de mãe

A mãe, com o seu amor abrangente, está sempre disposta a perdoar. Tantas vezes sofre sem se queixar, porque o amor aos filhos é indulgente. Ama até mesmo o filho irreverente, abrindo o coração de par em par. Melhor do que a mãe, ninguém sabe amar, e mesmo desprezada, é complacente. Mas em troca, às vezes, o que recebe? Desgostos e mágoas que não percebe, por virem de quem ela não ofendeu. Mesmo assim, cala e encobre a sua dor, sinal da grandeza do seu amor, para com os filhos que Deus lhe deu. A. Castilho


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