Peregrinação

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ANO LIX | MARÇO 2013 | ASSINATURA ANUAL | NACIONAL 7,00¤ | ESTRANGEIRO 9,50¤

PEREGRINAÇÃO

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FAMÍLIA DA CONSOLATA SOLIDÁRIA COM A COSTA DO MARFIM

“A MÚSICA É UM ATO LITÚRGICO” Pág. 10 BENTO XVI SURPREENDE Pág. 16 O MUNDO ÍCONE DE CZESTOCHOWA Pág. 34 VEM A FÁTIMA



editorial

CONTINUEMOS A CAMINHAR NA ESPERANÇA Bento XVI resignou. O mundo ficou de boca aberta perante a sua decisão. Refletida e sofrida, mas justificada pelas condições físicas que já não lhe permitiam continuar a exercer o seu ministério: “Fi-lo em plena liberdade, para o bem da Igreja, depois de ter rezado longamente e de ter examinado diante de Deus a minha consciência”. Retira-se para continuar a servir a Igreja que sempre amou, na oração e na reflexão. Deixa-nos um enorme legado humano e espiritual. Este “humilde servidor da vinha do Senhor”, através das suas catequeses iluminadas, os seus brilhantes discursos e as suas profundas encíclicas e exortações apostólicas procurou ajudar o homem do nosso tempo a descobrir a sua missão no mundo. Notável na sua grande humildade e santidade. Respeitamos, mas não alinhamos com aqueles que fazem leituras puramente humanas do seu pontificado. Com aqueles que tentam descobrir sei lá o quê por trás da sua inesperada decisão. Não somos ingénuos, mas também não especulamos sobre guerrilhas ou jogos de interesses que alguém procura vislumbrar. A nossa visão de fé faz outras leituras, a nosso ver mais sintonizadas com o seu ministério iluminado e consistente.

vigor missionário dos cristãos (…). Há necessidade de verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e profundo”, disse Bento XVI aos bispos portugueses. No Porto chamou a atenção para o hoje da missão: “O campo da missão ad gentes apresenta-se hoje notavelmente alargado e não definível apenas segundo considerações geográficas; realmente aguardam por nós não apenas os povos não cristãos e as terras distantes, mas também os âmbitos socioculturais e sobretudo os corações que são os verdadeiros destinatários da atividade missionária do povo de Deus”. E na sua despedida abriu caminhos de esperança: “Que o Evangelho seja acolhido na sua integridade e testemunhado com paixão por todos os discípulos de Cristo, afim de que se revele como fermento de autêntica renovação de toda a sociedade! Desça sobre Portugal e todos os seus filhos e filhas a minha bênção apostólica, portadora de esperança, de paz e de coragem, que imploro de Deus pela intercessão de Nossa Senhora de Fátima, a quem manifestais tanta confiança e firme amor. Continuemos a caminhar na esperança!”. DARCI VILARINHO

A sua visita histórica a Portugal, em maio de 2010, causou um grande impacto no povo português. Impressionou-nos a leitura que fez do fenómeno Fátima e o alerta que deixou para despertar a nossa vocação missionária: “Os tempos que vivemos exigem um novo Março 2013

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sumário Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº 3 Ano LIX – MARÇO 2013 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 geral@fatimamissionaria.pt redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Im­pres­são Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 26.200 exemplares Diretor Darci Vilarinho Diretor executivo Francisco Pedro Redação Darci Vilarinho, Francisco Pedro, Juliana Batista Colabora­ção Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Elísio Assunção, Leonídio Ferreira, Luís Maurício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; Diaman­tino Antunes – Moçambique; Tobias Oliveira – Roma; Álvaro Pa­­che­co – Coreia do Sul Fotografia Lusa, Ana Paula, Elísio As­sunção e Arquivo Capa e Contracapa Ana Paula Ilustração H. Mourato e Ri­car­do Neto Design e com­po­sição Happybrands e Ana Pau­la Ribeiro Ad­mi­nis­tração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€ De apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€ Avulso 0,90€ (inclui o IVA à taxa legal) Pagamento da assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) NIB 0033 0000 00101759888 05 transferência bancária internacional IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal

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ASSASSINADAS NA NIGÉRIA NOVE VOLUNTÁRIAS DA VACINA CONTRA A PÓLIO

03 EDITORIAL Continuemos a caminhar na esperança 05 PONTO DE VISTA As duas faces da moeda 06 LEITORES ATENTOS 07 HORIZONTES O tamanho de um livro 08 MUNDO MISSIONÁRIO No Laos tornar-se cristão implica

expulsão da aldeia Crianças órfãs e abandonadas vítimas de violência no Egito Milhares de deslocados ameaçados pelos militares no Congo Quaresma ecológica na África Ocidental 10 A MISSÃO HOJE “A música é um ato litúrgico” 11 PALAVRA DE COLABORADOR Toda a família é assinante 12 A MISSÃO HOJE O que resta da primavera árabe 13 DESTAQUE Egito: a segunda revolução? 14 ATUALIDADE “Portugal apaixonou-se pela Costa do Marfim” 16 ATUALIDADE Bento XVI despede-se com apelo à renovação da Igreja 22 GENTE NOVA EM MISSÃO Jesus está vivo 24 TEMPO JOVEM A vida é uma viagem 26 SEMENTES DO REINO Pai amoroso 28 O QUE SE ESCREVE 29 O QUE SE DIZ 30 GESTOS DE PARTILHA 31 VIDA COM VIDA “Nunca mais corri pelas escadas abaixo” 32 OUTROS SABERES Remédios contra a fome 33 NOTAS MISSIONÁRIAS Querer é poder 34 FÁTIMA INFORMA “De Oceano a Oceano” em defesa da vida


ponto de vista

FRANCISCO SARSFIELD CABRAL*

AS DUAS FACES DA MOEDA Nos últimos seis meses o pessimismo em torno do euro diminuiu consideravelmente. Percebeu-se que a Alemanha não deixaria cair a Grécia, que vai continuar na moeda única por muito má que seja a sua situação económica.

consideravelmente. E foi possível fazer uma emissão de dívida a cinco anos a juro razoável e com forte procura estrangeira. O que ganham as famílias portuguesas com isso? Diretamente e no imediato, nada. Indiretamente e a prazo, a economia portuguesa poderá ter mais financiamento externo e mais crédito bancário, logo mais investimento e emprego.

Mas esta é só uma parte da história. Se no plano externo as coisas correram bem, no plano interno nem por isso. Sempre teria que E os especuladores, que apostavam haver recessão em Portugal por na baixa dos títulos da dívida causa das medidas restritivas para pública de países como a Espanha e a reduzir o défice das contas públicas. Itália, suspenderam os seus ataques. Mas a recessão está a revelar-se O motivo principal foi a posição mais profunda do que o governo e do governador do Banco Central a “troika” esperavam, não podendo Europeu, Mario Draghi, que em honestamente prever-se quando agosto garantiu que faria o que fosse voltará o crescimento económico. preciso para salvar o euro. O mesmo se diga do desemprego, Portugal beneficiou desta acalmia. primeira consequência da recessão, Mas também fez por isso: foi cuja rápida subida parece ter aprovado em seis sucessivos surpreendido os governantes exames da “troika” ao processo e a “troika”. O governo tem-se de ajustamento, tomou medidas enganado, por excesso de otimismo, duras e impopulares de austeridade, nas previsões que faz. Incluindo privatizou com êxito algumas as previsões quanto ao volume empresas, etc. de receita fiscal arrecadada; esta, em vez crescer com a subida dos Assim, nos mercados e nas impostos, tem vindo a diminuir. instâncias internacionais, Portugal deixou gradualmente É fácil dizer que o problema se de ser encarado como um país resolve com crescimento económico. indisciplinado e gastador, para Difícil é saber como se chega lá, ser visto como merecedor de como e quando se dará a viragem confiança. Por isso os juros da na economia portuguesa. O seu dívida portuguesa desceram principal e quase único “motor”, as

exportações, mostraram grande vitalidade nos últimos anos, mas começaram a cair no final de 2012. A razão é simples: os países para onde exportamos bens e serviços estão com a economia em queda, ou pelo menos estagnada, pelo que nos compram menos. Acontece sobretudo na Europa, mas não só. Os próprios países ditos “emergentes”, em particular o Brasil, abrandaram o seu crescimento. E Espanha, o nosso único vizinho terrestre e hoje o nosso primeiro cliente, encontra-se em recessão. Sendo que uma possível crise política em Madrid poderá afectar ainda mais os nossos exportadores, a começar pelo turismo. Existem, portanto, duas faces na moeda: a positiva e a negativa. Sendo que a primeira acabará por ser influenciada pela segunda. Muito depende do exame da “troika” no final de fevereiro. Escrevo antes de ele começar e não arrisco prognósticos. Direi apenas que Portugal precisa da Europa para sair do buraco. *Jornalista

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leitores atentos

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Faça o pagamento da assinatura através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da Consolata, ou através de multibanco, cheque ou vale postal. Ou ainda por transferência bancária: NIB 0033 0000 00101759888 05. Refira sempre o nú­­me­ro ou nome do assinante. Na folha on­de vai escrita a sua direção, do lado esquerdo, encontra o ano pago e o seu número de assinante. Agradecemos que os nossos es­ti­mados assinantes renovem a assinatura para 2013. Só as assinaturas atualizadas poderão beneficiar do pequeno apoio do Estado ao porte dos correios. Os do­­na­tivos para as missões são de­dutíveis no IRS. Se desejar recibo, deverá enviar-nos o seu número de contribuinte. Muitos leitores chamam à FÁTIMA MISSIONÁRIA «a nossa revista». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 100 mil leitores. Ela é mesmo nossa! Somos uma grande família.

Estatuto editorial FÁTIMA MISSIONÁRIA assume-se co­mo uma publicação de informação geral com a missão de promover os autênticos valores humanos e cristãos, tais como a paz, a solidariedade, a justiça, a fraternidade e a defesa do ambiente. FÁTIMA MISSIONÁRIA tem como objetivo informar os leitores sobre os mais diversos temas que dizem respeito sobretudo a Fátima e aos povos do Terceiro Mundo, nomeadamente aos de língua portuguesa. Pretende ser um veículo de notícias e iniciativas que circulam em ambos os sentidos. FÁTIMA MISSIONÁRIA pretende chegar às cidades e às aldeias, dentro e fora do país; dirige-se a um público muito variado: crianças, jovens e adultos sem distinção de raça nem credo – usando para isso mesmo um estilo simples e acessível a todos. 6

NUNCA O ESQUECEREI

Ex.mos senhores, Pedindo desculpa pelo atraso, venho renovar a assinatura. Aproveito para agradecer o cartão de boas-festas e o calendário que muito apreciei. Associo-me ao pesar dos muito estimados missionários da Consolata pelo falecimento do senhor padre Carreira. Da última vez que estive em Fátima, em outubro, tive a graça de participar na missa das 11 horas, na capelinha do Hotel Pax, celebrada pelo padre Carreira com tanta devoção, interioridade e alegria que me encantou e me aproximou de Deus, junto de Quem ele agora se encontra em paz. Nunca o esquecerei. Maria da Conceição

“BASTA UMA FLOR”

quem dou os meus parabéns. Se fosse possível, gostaria de receber também o seu livro “Poemas de uma Vida”. Carla

GOSTO MUITO

Caros irmãos missionários, Aqui vai um vale de correio para pagamento da assinatura e mais uns euros para o que mais precisarem, pois os missionários têm muito onde o empregar. Que Deus abençoe o vosso trabalho para espalharem pelo mundo a Palavra do Senhor. Gosto muito da nossa revista, que leio sempre com muito interesse. Apesar dos meus 85 anos, ainda vou fazendo alguma coisa, ajudando no que posso e rezando pelas missões. Vivi vários anos em África e conheço como é difícil a vida lá… Maria Odete

Tive conhecimento da vossa revista através de uma amiga e adorei. Por esse mesmo motivo, estou a contactar-vos, pois gostaria de a receber todos os meses. Numa delas, li o poema “Basta uma flor”, escrito pela Irmã Maria Rita Valente-Perfeito, a FÁTIMA MISSIONÁRIA nasceu e mantém a sua sede na cidade de Fátima, cada vez mais um ponto de encontro de povos e cul­tu­ras, a nível mundial. Como o seu nome in­­dica, quer informar sobre a Missão em geral, desenvolvendo as potencialidades que o tema encerra: evangelização e promoção dos povos; di­­reitos humanos, incluindo a denúncia dos seus atropelos, violações e injustiças; relações entre o norte e o sul do planeta, batendo-se por uma justa cooperação entre as nações; cultura, usos e costumes dos povos, sociedade, religiões e missão da Igreja; divulgação de notícias de todo o mundo, com prioridade para os países menos desenvolvidos; formação para a mundialidade, e apoio a campanhas de solidariedade para com as minorias e grupos humanos mais desfavorecidos, designadamente refugiados e povos ameaçados de extinção. FÁTIMA MISSIONÁRIA é propriedade da Dele­gação Portuguesa do Instituto

Missionário da Con­so­lata. Não tem fins lucrativos, não tem vínculos partidários, nem é órgão oficial de qualquer instituição ou religião. Dirigida pelo seu diretor, equipa de redação e administrador, propõe-se colaborar com os órgãos de comunicação afins e com associações cujos objetivos sejam a defesa dos seus interesses e finalidades. FÁTIMA MISSIONÁRIA compromete-se a res­­pei­tar os princípios deontológicos e a ética pro­fis­sional dos jornalistas, assim como a boa-fé dos leitores. FÁTIMA MISSIONÁRIA é mensal e é distribuída por assinatura, vivendo exclusivamente da con­ tri­bui­­­ção generosa dos seus assinantes, leitores e ami­gos.


horizontes

O TAMANHO DE UM LIVRO TEXTO TERESA CARVALHO ILUSTRAÇÃO CATARINA BERNARDO A porta da cela fechou-se com estrondo metálico a ecoar no corredor frio. Daniel estendeu-se na cama, silencioso. Os companheiros de camarata esperavam a sua chegada animada como sempre depois de uma visita, com os cheirinhos da liberdade aconchegados no saco e que ele punha à disposição de todos: cigarros e gulodices. – Que te mordeu, Dany? Algum problema? – Não me apetece falar. Pode ser? Daniel tirou então um livro de dentro do blusão e começou a ler. Os colegas espreitaram curiosos: “O Regresso do Filho Pródigo” era o título do livro. – Ei, Dany, estás a virar padre? – a gargalhada geral mostrou como aquele tipo de leitura contrariava o estilo habitual das revistas que partilhavam na cela. Daniel ignorou os comentários. Também ele reagiria assim, com certeza. Estava confuso. Aquele senhor desconhecido, idoso e de olhar sereno, viera ali para o visitar e deixar um recado em forma de livro: – “Daniel, você não me conhece, mas pediram-me para vir cá trazer-lhe uma mensagem. Por favor leia-a toda”. – Dito isto, o senhor desconhecido pegou nas mãos de Daniel, acariciou-as, colocou-as sobre um envelope que trouxera, olhou-o ternamente e saiu. Quando Daniel entrou na cela ainda estava em choque. Teve pressa em conhecer a mensagem. Quanto mais lia, mais preso à leitura ficava. Via ali descrita a sua vida, sentimentos, opções, a carga de culpas e de zangas que ele tão bem alimentava, o desespero de não

poder voltar atrás, a carreira perdida e confianças que traíra, a esperança no perdão, no recomeço da vida. Daniel terminou o livro. Relembrou a existência de um Deus misericordioso e acreditou que Ele ainda existia para si e até atuava em si. Os dias passaram a ter outra cor. Tentou explicar aos colegas de cela o conteúdo do livro. Desistiu. Então, decidiu fazer uso da misericórdia que descobrira em si. – “Malta, preciso de ajuda para um plano a propor cá dentro. Quem alinha?” Foi assim que começou um projeto que deu origem à biblioteca daquele estabelecimento prisional. Num ano obtiveram a aprovação do diretor, motivaram colegas reclusos, estabeleceram contacto com bibliotecas, pediram doações, fizeram readaptação de espaço, construíram prateleiras, mesas, bancos, organizaram arquivo e funcionamento. Criaram a hora da “leitura falada” em que alguém lia alto para os presentes que não

liam facilmente. Era o orgulho de todos quantos foram chamados a contribuir. O livro “O Regresso do Filho Pródigo” foi colocado em lugar de destaque, como troféu construtor. Hoje a biblioteca organiza já a videoteca e realiza palestras a partir do protocolo que o estabelecimento prisional assinou com várias entidades da área da formação e da cultura. Por tudo isto, Daniel e os colegas do projeto, apesar de cumprirem ainda pena de prisão, sentem-se homens livres, mostrando que cada pessoa, por mais perdida que se encontre, por mais centrada em si que esteja, tem dentro de si um apelo e uma condição que o liberta: de um Deus misericordioso, onde o amor é lei. Num domingo, quando a biblioteca foi notícia na imprensa local, um senhor de cabelos grisalhos e olhar sereno lia o diário e agradecia comovido o poder de uma mensagem e de um ato de amor.

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mundo missionário texto E. ASSUNÇÃO fotos LUSA

MILHARES DE DESLOCADOS AMEAÇADOS PELOS MILITARES NO CONGO Cerca de um terço dos 53 mil habitantes de Punia,

uma pequena cidade de Maniema, na República Democrática do Congo, foi obrigado a fugir para a floresta ou para as aldeias vizinhas. Num comunicado, o organismo das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, refere que esses habitantes foram ameaçados pelos militares, com base na origem étnica. Este organismo internacional afirma que as atividades comerciais e as escolas da cidade estão paralisadas. Os deslocados vivem privados de tudo: alimentação, assistência médica, serviços higiénicos. O Programa Alimentar Mundial enviou, em meados de fevereiro, 20 toneladas de alimentos para acudir a oito mil pessoas. A Cáritas local está a identificar os mais necessitados para organizar um novo envio.

CRIANÇAS ÓRFÃS E ABANDONADAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NO EGITO As ruas do Cairo são o cenário onde vagueiam

bandos de crianças sem teto, consumidoras de estupefacientes e vítimas de violência sexual, a viver em condições de pobreza aguda. Embora não haja números oficiais, o Centro de Investigação Social e Criminal refere que 36 por cento das crianças da rua já sofreram na pele violências, abusos sexuais, e outras crueldades, como a prostituição. Escapam à violência aquelas que têm a sorte de ir parar aos centros de acolhimento. A organização “Hope Village” gere alguns desses centros, onde assiste, anualmente, perto de seis mil crianças órfãs, abandonadas ou de famílias com dificuldades económicas. O fenómeno torna-se ainda mais sombrio com a insegurança nas ruas e a instabilidade política do país.

Eleições no Quénia

TOBIAS OLIVEIRA, missionário da Consolata português

em Roma

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Em princípios de 2008 escrevi repetidas vezes na FÁTIMA MISSIONÁRIA sobre as eleições no Quénia e o desastroso ódio tribal que se seguiu com a morte de mais de mil pessoas, uma imensidão de desalojados e a desestabilização política, social e religiosa do país. Hoje encontro-me longe, mas mesmo assim preocupa-me o ato eleitoral que dentro de dias vai ter lugar nesse país africano. Queira Deus que os sofrimentos e as mortes do passado não tenham sido em vão. Quanto a mim fiquei vacinado e tornou-se-me difícil descobrir o lado positivo do exercício eleitoral, embora saiba que ele é melhor do que qualquer alternativa.


NO LAOS TORNAR-SE CRISTÃO QUARESMA ECOLÓGICA NA ÁFRICA OCIDENTAL IMPLICA EXPULSÃO “Fé e Ecologia” é o slogan escolhido para a campanha DA ALDEIA quaresmal lançada pelos bispos do Senegal, Para o casal Sakien e Dong já não há lugar na aldeia de Chumpoy, em Attapeu, no sul do Laos. Os dois cônjuges foram expulsos da sua casa e dos lugares onde nasceram e se criaram. A sua única culpa é terem-se convertido ao cristianismo. Os dois cônjuges aproximaram-se da fé cristã num momento difícil da sua vida e a sua conversão à “religião estrangeira” justificou o afastamento da sua terra. Os dois refugiaram-se na aldeia vizinha de Intee, onde se hospedaram provisoriamente junto da comunidade cristã local.

Mauritânia, Cabo Verde e Guiné-Bissau. Numa mensagem intitulada “Desafios ecológicos à luz da fé cristã”, os prelados convidam os fiéis a “interessar-se pela problemática ecológica e ambiental não apenas enquanto tem a ver com a sobrevivência da humanidade, mas também porque interpela e estimula a fé cristã, desafiando a reconsiderar a própria relação com a criação e com o Criador”. Situando a exortação no âmbito do Ano da Fé, decretado pelo Papa, os bispos sugerem que “cada cristão plante e cuide de uma árvore todos os anos”; que os jovens cristãos “se tornem líderes ecológicos no seu bairro”, comprometendo-se a tornar “mais limpas e agradáveis as ruas e praças com campanhas periódicas de limpeza e embelezamento”.

Tanto na África como na Europa os cristãos são chamados a possuir uma consciência cívica que em muitos parece estar ausente, dando assim origem a um certo fatalismo eleitoral que leva os crentes a deixarem correr as coisas e a não se comprometerem. Não sei se para isso contribui o facto de na Igreja se proceder mais por nomeações do que por eleições; o que sei é que a nossa missão evangelizadora e missionária muito teria a ganhar com a escolha de cidadãos dedicados e honestos para os governos das nações.

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a missão hoje

João Gil compôs a Missa Brevis inspirado nos seus tempos de infância

“A MÚSICA É UM ATO LITÚRGICO”

horas que passou com o irmão a ouvir música clássica. Desta revisitação à infância, nasceu uma missa composta em latim. Com a Missa Brevis, interpretada pelo grupo Cantate, João Gil espera voltar a conquistar o país e o mundo.

João Gil, ex-Trovante e Ala dos Namorados, associou-se ao Ano da Fé proclamado por Bento XVI e compôs uma Missa Brevis em latim, com base em textos litúrgicos. Em entrevista à FÁTIMA MISSIONÁRIA, o músico revela onde foi buscar a inspiração

FÁTIMA MISSIONÁRIA É um homem de fé?

texto FRANCISCO PEDRO foto ANA PAULA Descobriu a vocação para a música nos tempos em que era acólito, na Covilhã. Pisou centenas de palcos nacionais e internacionais, integrado em grupos musicais de sucesso, como os Trovante e Ala dos Namorados. Conquistou discos de ouro e de platina. Com 37 anos de carreira, decidiu voltar às origens. E resgatou das memórias a sonoridade conventual, a sensibilidade espiritual transmitida pela mãe e as 10

João Gil Acredito nas pessoas de bem, nas pessoas que não usam os outros para se promoverem, que não abusam dos outros para prevalecerem. Acredito que há muito mais coisas que nos unem do que nos separam e essa união de boas vontades chama-se Deus. Não é uma figura de um homem só. Por isso é que se deve praticar a tolerância e o diálogo. Para mim, a ideia de Deus não é uma coisa vaga, é uma coisa de ação e de grande comprometimento com as causas sociais. FM Como nasceu a ideia de compor uma missa em latim? JG Eu tive uma educação religiosa e assumo o meu código genético cristão. Quando me ocorreu compor


palavra de colaborador

Acredito que há muito mais coisas que nos unem do que nos separam e essa união de boas vontades chama-se Deus. Não é uma figura de um homem só. Por isso é que se deve praticar a tolerância e o diálogo. Para mim, a ideia de Deus não é uma coisa vaga é uma coisa de ação e de grande comprometimento com as causas sociais

uma Missa Brevis, lembrei-me dos tempos em que acolitava, ainda muito criança, na Covilhã. Lembrei-me do meu irmão José Alberto Gil, que me inundava os dias com enxurradas de Mozart e Bach, lembrei-me de minha mãe, pessoa de enorme sensibilidade que nos soube transmitir o bom senso e a compreensão do mundo espiritual. Foi um tempo decisivo para estarmos a falar da missa que eu compus. FM Até onde pretende chegar com a Missa Brevis? JG Quero chegar a todo o mundo. Já fomos em imagem, através da RTP [com a transmissão em direto de uma eucaristia dominical a partir da Capela dos Missionários da Consolata, em Fátima], mas havemos de ir lá pessoalmente. A começar pelo Vaticano. FM A música pode ser um bom veículo para fortalecer o diálogo inter-religioso? JG A música é um ato litúrgico. É um mistério difícil de explicar, mas fazer música, organizar sons, só por si, significa a aproximação dos povos. Já andei muito pelo mundo com a Ala dos Namorados e nós cantávamos em português. Ninguém percebia nada, mas sentia-se a alma de um povo. A música aproxima, significa paz e diálogo. FM Com tantos projetos musicais de sucesso, em que plano se situa este novo desafio? JG Isto é um patamar diferente. A música sacra é um compartimento onde sonhava entrar um dia. E o pretexto para entrar foi compor em latim, que exige um rigor diferente do português ou do inglês. Cada língua tem a sua melopeia ou a sua fonética e o latim obriga a um rigor muito grande e quando se trata de fazer música sacra obriga a esticar o músculo criativo.

TODA A FAMÍLIA É ASSINANTE texto DARCI VILARINHO A poucos quilómetros de Fátima há uma pequena aldeia chamada Loureira, da freguesia de Santa Catarina da Serra, concelho de Leiria. Foi aí que encontrámos a senhora Maria Gameiro, colaboradora da nossa revista. Pertence ao grupo das Mulheres Missionárias da Consolata, que vivem a espiritualidade do beato Allamano e se reúnem para rezar sobretudo na “(H)ora Allamano”, dia 16 de cada mês, para além de outras iniciativas. Começou aos 17 anos a trabalhar no seminário da Consolata. Em 1967 emigrou para a Alemanha, onde viveu 35 anos. Mas a revista acompanhou-a. “Os meus filhos (tem três) e as minhas irmãs também assinam”, diz Maria Gameiro com orgulho missionário. “Quando regressei da Alemanha, pediram-me para colaborar na cobrança das assinaturas. Antes era a minha tia, mas agora já não pode. Ficou tudo a meu cargo”. E na Loureira há mais de 100 assinantes. Maria Gameiro tem pena de não poder colaborar ainda mais. E tem pena sobretudo que nem todas as pessoas descubram a riqueza de artigos e fotos que tem a revista. “Há coisas que não se encontram em mais lado nenhum. O meu marido é o primeiro a lê-la. Mas até o meu neto há dias levou para casa todas as que aqui tinha”. Uma família de interessados pela FÁTIMA MISSIONÁRIA.

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a missão hoje FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

O QUE RESTA DA PRIMAVERA ÁRABE

O Fórum Social Mundial (FSM) deste ano vai realizar-se pela primeira vez num país árabe, a Tunísia. O encontro reunirá movimentos sociais e ativistas cívicos que protagonizaram a primavera árabe de 2011

texto ANTÓNIO CARLOS FERREIRA* foto DR Sob o lema “outro mundo é possível”, o FSM que irá decorrer de 26 a 30 de março em Tunes, na Tunísia, quererá ser uma caixa de ressonância de todos os sucessos e

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falhanços alcançados em países do norte de África e Magrebe graças às profundas transformações sociais e políticas aí ocorridas há dois anos. “O mundo árabe é o novo centro dos movimentos sociais”, disse Marwen Talbi, um jovem ativista social tunisino, que está a dinamizar outras regiões da Tunísia para não ficarem à margem do evento, nomeadamente através da organização de caravanas de ciclistas, numa tentativa de divulgar notícias sobre o FSM por todo o país. «O FSM deve ser uma oportunidade para as pessoas mudarem as suas vidas. Queremos estimular especialmente os jovens, que têm a revolução ainda fresca nas suas mentes, para que sejam ativos e façam coisas positivas para as suas próprias comunidades”, afirmou. Num espaço livre, de reflexão, debate e partilha de ideias e ações na procura de sistemas alternativos de vida, económicos e sociais, o encontro internacional de Tunes reunirá ativistas cívicos, membros de organizações cívicas e religiosas oriundos de todo o mundo. O seu propósito é o de apoiar as reformas atualmente em curso nos países árabes, abrindo as suas sociedades a uma maior participação democrática, liberdade de expressão e justiça social.

Passados dois anos do terramoto político e social que abalou os fundamentos de regimes ditatoriais no mundo árabe, levando inclusive à deposição de quatro governos, a instabilidade e incerteza persistem nesses países. Os jovens que foram os protagonistas da “primavera árabe” vieram de novo para as ruas do Cairo (Egito) e Tunes para mostrar a sua insatisfação. Protestam contra a lentidão das reformas prometidas e por continuarem sem oportunidades de emprego. Há a possibilidade duma repetição das revoluções e levantamentos populares de 2011. Organizado pela primeira vez em 2001, em Porto Alegre, no Brasil, e depois em outros países, o FSM é o principal evento mundial que congrega as mais variadas forças sociais. Atrai uma média de 100 mil pessoas de todo o mundo. Os espaços de diálogo compartilhados no Fórum permitem a reflexão e a discussão sobre a possibilidade de um mundo diferente daquele preconizado pelos defensores da globalização e do neoliberalismo. * missionário comboniano Texto conjunto Missãopress


destaque um Estado de direito», como o fez recentemente durante uma breve estada em Berlim, as manifestações, as greves e os confrontos com a polícia apontam no sentido contrário. O próprio chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Abdel Fattah Al-Sisi, comentou a situação política do país, considerando que a situação atual pode conduzir ao «desmoronamento do Estado». Não obstante as tentativas de secundarização do papel das forças armadas, estas palavras não deixam de ter um peso relevante, se nos recordarmos do papel que os militares desempenharam na organização do Estado, até há muito pouco tempo e durante as presidências de Nasser, Sadat e Mubarak.

A crise económica CRISE POLÍTICA E ECONÓMICA PÕE EM CAUSA ESTABILIDADE NACIONAL

EGITO: A SEGUNDA REVOLUÇÃO? texto CARLOS CAMPONEZ foto LUSA Dois anos depois da queda do ex-presidente Hosni Mubarak, o Egito continua a viver tempos de grande incerteza. Depois das eleições que conduziram ao poder Mohamed Mursi e a aprovação, em referendo, de uma Constituição que lhe reforça os poderes, o país continua a caminhar para o caos, com manifestações na rua e uma grave situação económica. Desde janeiro que se calcula que mais de 60 pessoas morreram em confrontos com a polícia, naquele que é o período mais conturbado, desde que Mohamed Mursi lidera o país. Apesar de os confrontos registados em cidades como Porto Suez, Porto Said e Ismaelia terem origens diferentes, a contestação nas ruas reflete em grande medida o descontentamento popular, nomeadamente dos setores da

oposição, que acusam Mohamed Mursi, assim como a Irmandade Muçulmana, que esteve na base do seu apoio, de estarem a trair os princípios da revolução de 2011, e de tentarem monopolizar o poder e comprometer a liberdade das minorias e dos setores mais seculares da sociedade. A Organização de Direitos Humanos do Egito tem vindo a reafirmar estas críticas, mostrando-se preocupada “com a liberdade e com os direitos de todos os egípcios, sejam mulheres, crianças, jovens ou adultos, núbios, beduínos do Sinai, muçulmanos ou cristãos”.

Perigo de “desmoronamento”

Enquanto o presidente egípcio se esforça por assegurar, internacionalmente, que o país está a dar os seus primeiros passos no sentido de «uma sã governação e

A crise política agrava-se à medida que a economia nacional entra em colapso. O turismo, uma importante fonte de receitas, tem vindo a diminuir drasticamente com a situação de instabilidade social, assim como o investimento estrangeiro, que espera uma clarificação da situação política e social do país. O desemprego agrava-se, em particular junto dos jovens, e os sindicatos têm mobilizado muitos manifestantes para as ruas. Durante uma das manifestações destinadas a comemorar a queda do regime de Hosni Mubarak, e que degenerou em violência com a polícia, em Suez, os manifestantes gritaram nas ruas por “pão, liberdade e justiça social”. Num artigo de análise sobre a situação no país, publicado na revista Foreign Policy, de Washington, a atual crise política, económica e social era apresentada como o resultado do confronto traumatizante entre o velho Egito e a modernidade. Essa leitura coincide com os apelos da oposição que falam da necessidade de se proceder à “segunda revolução”.

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atualidade

FÁTIMA Peregrinação da Família Missionária da Consolata

Coreografia dos jovens missionários da Consolata do norte sobre a união dos povos

“PORTUGAL APAIXONOU-SE PELA COSTA DO MARFIM” Com várias novidades este ano, a Peregrinação da Família Missionária da Consolata reuniu, em Fátima, milhares de peregrinos. A ocasião foi aproveitada para lançar o novo projeto de solidariedade dos Missionários da Consolata, que tem como objetivo melhorar o acesso à escola da população da Costa do Marfim texto JULIANA BATISTA fotos ANA PAULA

João Nascimento, missionário português na Costa do Marfim

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A 23.ª Peregrinação anual da Família Missionária da Consolata foi uma oportunidade para lançar o projeto de solidariedade “Costa do Marfim”, uma iniciativa que pretende contribuir para a alfabetização da população marfinense, através da construção de estabelecimentos de ensino e aquisição de material escolar.

Perante as cerca de oito mil pessoas que participaram na Eucaristia da Família da Consolata, na basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, João Nascimento, missionário português a trabalhar na Costa do Marfim, referiu que os laços que aproximam os crentes portugueses e marfinenses são muito idênticos, porque ambos são


“descalças ou com chinelos” sobre terrenos escaldantes, onde existem densas colunas de vapor. No local, o ambiente é dominado pelo “odor a madeira queimada” explica a fotojornalista, acrescentando que estas trabalhadoras “têm uma vida muito dura”. Segundo Luís Maurício, padre missionário da Consolata que assina um dos textos no catálogo da exposição, o processo que envolve a produção de carvão “faz mal à saúde”, prejudicando “os pulmões” das carvoeiras. No entanto, as tarefas desempenhadas por estas mulheres contribuem para que se tornem “autossustentáveis”, destacou, acrescentado que “a mulher africana é muito trabalhadora”. Este ano, os peregrinos foram divididos em grupos para a Via-Sacra aos Valinhos

movidos pela mesma “energia que se chama fogo, fé e determinação”. Durante a homilia, o sacerdote afirmou que “Portugal se apaixonou pela Costa do Marfim” e vice-versa. Este enamoramento, a que João Nascimento se referiu, começou logo pela manhã do dia 16 de fevereiro. Os peregrinos que se deslocaram à Cova da Iria visitaram, no Museu de Arte Sacra e Etnologia, a exposição temporária “Damas de carvão”. A mostra fotográfica retrata o dia a dia de mulheres marfinenses que trabalham na produção de carvão. As fotografias, de Ana Paula Ribeiro, transportam os visitantes para San Pedro, mostrando o rosto, as tarefas árduas, o ambiente, os perigos, o cansaço e a nobreza de dezenas de mulheres que produzem carvão vegetal, com os desperdícios de uma serração, para mais tarde venderem.

Estas carvoeiras, que trabalham todos os dias do nascer ao pôr do sol, realizam as suas tarefas

Mensagem da Coreia do Sul Ao longo da manhã e início da tarde, os peregrinos concentraram-se em frente ao “Palco Consolata”, uma das novidades na peregrinação, que este ano se realizou a partir do tema “Feliz quem acredita”. A locução do evento esteve a cargo de Óscar Daniel, da Rádio Renascença. A tarefa de animar o público coube aos Jovens Missionários da Consolata. A estes juntaram-se os membros

do grupo musical Ad Christus e o advogado comediante Zé Pedro Cobra. Do programa constou ainda a intervenção em direto do missionário Pedro Louro, a partir da Coreia do Sul. Durante o dia, os participantes realizaram a Via-Sacra nos Valinhos de Fátima e frequentaram um espaço de cinema missionário, enquanto os mais pequenos preparavam uma dramatização, apresentada durante a Eucaristia.

Março 2013

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atualidade

VATICANO Papa causa surpresa ao apresentar renúncia

BENTO XVI DESPEDE-SE COM APELO À RENOVAÇÃO DA IGREJA A Igreja Católica não assistia à renúncia voluntária de um Papa há quase 600 anos. Bento XVI surpreendeu o mundo ao deixar vaga a cadeira do sucessor de Pedro, com data e hora marcada – 28 de fevereiro, às 20h.00. O Pontífice justificou a decisão com a “incapacidade para exercer de forma adequada” o seu ministério. E alertou para a necessidade urgente de uma “verdadeira renovação” da Igreja. Pede-se agora um Papa mais jovem, que consiga acompanhar as “rápidas transformações” da humanidade. Fomos saber quais as expectativas do mundo missionário texto FRANCISCO PEDRO foto LUSA 16


A forma inesperada e surpreendente como surgiu a notícia da renúncia de Bento XVI deixou o mundo em suspenso por algumas horas. Todos tiveram dificuldade em acreditar e com receio de que fosse uma informação forjada, muitos padres e bispos no Brasil atrasaram o início das missas, até se certificarem da

nas comunidades acompanhadas pelos missionários da Consolata, espalhadas pelo mundo. “Os cristãos precisam de recuperar o sentido profundo da fé, de viver o que se diz acreditar”, afirma Joaquim Gonçalves, missionário em São Paulo, no Brasil. Para empreender esta tarefa, é quase unânime a ideia de que o sucessor

Na Ásia, independentemente da nacionalidade do novo Pontífice, espera-se que o futuro líder da Igreja Católica “dedique mais tempo e atenção a este vasto continente, até porque em várias igrejas têm emergido muitas vocações, como é o caso do Vietname e Indonésia” veracidade da comunicação. Mas era mesmo verdade. Numa curta mensagem lida em latim, a 11 de fevereiro, num Consistório convocado por causa de três canonizações, o Papa criou um facto quase inédito na Igreja Católica – a última renúncia papal tinha acontecido há seis séculos. E abriu caminho para uma nova fase na liderança do catolicismo mundial. “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”, justificou Bento XVI. Dias mais tarde, numa intervenção de improviso perante o clero da diocese de Roma, o Papa deixou um apelo à união, em torno de uma verdadeira renovação: “A nossa missão, neste Ano da Fé, é trabalhar para que o verdadeiro concílio, com a força do Espírito Santo, se realize e a Igreja seja realmente renovada”. E é precisamente este desejo de renovação, de “um outro pensar e respirar a Igreja”, que se vive

de Bento XVI deve ser mais jovem. Já a proveniência geográfica do futuro bispo de Roma, embora não seja consensual, indica uma preferência por um Papa de fora da Europa, o que nunca aconteceu até agora. “Seria um sinal das mudanças que estão ocorrendo na Igreja”, segundo Patrick Silva, que tem acompanhado os últimos dias do pontificado, em Roma, Itália. “Existem cardeais oriundos das jovens igrejas de África, América e Ásia com grandes qualidades e experiência pastoral”, reforça Diamantino Antunes, conhecedor profundo dos efeitos do apostolado de Bento XVI no continente africano. Na Ásia, independentemente da nacionalidade do novo Pontífice, espera-se que o futuro líder da Igreja Católica “dedique mais tempo e atenção a este vasto continente, até porque em várias igrejas têm emergido muitas vocações, como é o caso do Vietname e Indonésia”, opina Álvaro Pacheco, um dos missionários que trabalha na Coreia do Sul.

A escolha do sucessor

O próximo Papa será eleito num Conclave, que se realiza na Capela Sistina, junto à Basílica de São Pedro, no Vaticano. A reunião cardinalícia está prevista para a primeira quinzena de março, para permitir ao sucessor de Bento XVI a preparação das celebrações da Páscoa. Participam na eleição 118 cardeais, entre eles dois portugueses: o cardeal-patriarca de Lisboa, José Policarpo e o penitenciário-mor do Vaticano, Manuel Monteiro de Castro. O prefeito emérito da Congregação para a Causa dos Santos, José Saraiva Martins, não pode votar por já ter ultrapassado os 80 anos. Os cardeais eleitores ficam alojados na Casa de Santa Marta e não podem contactar com o exterior durante o Conclave. São feitas duas votações de manhã e duas à tarde, até que um dos eleitos atinja pelo menos dois terços dos votos. Quando houver um novo Papa, sairá fumo branco pela chaminé colocada sobre a Capela Sistina. Após a aceitação do cargo, o 266º Pontífice escolhe o nome pelo qual quer ser chamado, veste os paramentos papais e dirige-se à varanda da Basílica de São Pedro para a primeira bênção à multidão.

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dossier

EXTREMISMO TĂŠcnicos de saĂşde atacados por grupos fundamentalistas

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ASSASSINADAS NA NIGÉRIA NOVE VOLUNTÁRIAS DA VACINA CONTRA A PÓLIO A doença afeta sobretudo crianças e não tem cura, mas uma campanha global de vacinação conseguiu erradicar a pólio de todos os países com exceção da Nigéria, do Paquistão e do Afeganistão. Nestas três nações, tem havido ataques contra os voluntários que de casa em casa vão aplicar a vacina oral, em regra mulheres. O mais recente caso foi em Kano, no norte da Nigéria, a 8 de fevereiro. Extremistas acusam os vacinadores contra a pólio de estarem ao serviço do Ocidente contra o Islão texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* fotos LUSA Umas simples gotas na boca bastam para imunizar as crianças contra o vírus da pólio, uma doença que atrofia os corpos e que não tem até hoje cura conhecida. Um pouco por todo o mundo, nos últimos anos, multidões de voluntários têm levado a vacina Sabin aos pontos mais recônditos, ganhando o apoio dos governos e a compreensão dos líderes locais para a necessidade de imunizar as populações. Para vencer as desconfianças, a maioria dos vacinadores são mulheres, que assim têm permissão para entrar nas casas. Trabalham de graça ou recebem pequenas verbas da UNICEF, da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Fundação Bill Gates e dos rotários, as entidades que patrocinam esta campanha global para acabar com uma doença que afeta em especial

as crianças, mas que em certas situações infeta também adultos, como é o caso célebre do antigo Presidente americano Franklin Roosevelt. Um grupo destas voluntárias foi morto a tiro em Kano, no norte da Nigéria, a 8 de fevereiro. Estavam no final de uma campanha de quatro dias para tentar acabar de vez com a pólio num dos três países onde o vírus persiste. Homens montados em motorizadas dispararam contra as vacinadoras, imitando os ataques que nas últimas semanas ocorreram no Paquistão e no Afeganistão, as duas outras nações onde a doença continua. A motivação dos assassinos é a mesma: acusam as voluntárias de estarem ao serviço do Ocidente contra o Islão, insistindo em suspeitas absurdas Março 2013

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como a tentativa de esterilização das meninas muçulmanas ou a difusão do vírus do HIV. Tanto no Afeganistão como no Paquistão, os ataques são da responsabilidade dos talibãs, apesar de alguns líderes desses “estudantes de religião” se terem demarcado das mortes. No norte da Nigéria, a suspeita recai sobre o Boko Haram, os que querem “proibir a ocidentalização”, em língua hauçá. No historial do grupo estão vários ataques a igrejas e um dos seus objetivos é reconstituir o antigo califado de Kano, amputando assim a Nigéria, o mais populoso país de África e dividido a meio entre muçulmanos e cristãos. É a primeira vez que voluntárias são mortas na Nigéria, mas, há uma década, a propaganda dos extremistas islâmicos contra a vacina da pólio forçou o governo a suspender a vacinação para acalmar as populações, a quem se chegava a dizer que na produção da Sabin se usava gordura de porco, animal cujo consumo é proibido pelo Islão. E foi decidido importar a vacina da Indonésia, país muçulmano, para tranquilizar os nigerianos. Essa suspensão na Nigéria, há uns anos, teve um efeito terrível e não só no país. A estirpe do vírus nigeriana chegou a atingir a Arábia Saudita levada por uma criança que fazia com a família a tradicional peregrinação a Meca. E enquanto não for erradicada em todos os países a pólio pode sempre atravessar fronteiras e infectar populações agora a salvo. Um dos maiores riscos é que o vírus passe do Paquistão para a Índia, o mais recente país a erradicar a doença, há apenas dois anos. No caso da Nigéria, é toda a África Ocidental que sofre a ameaça de um regresso do vírus, que se transmite via fecal-oral. * jornalista do Diário de Notícias

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OITO PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A VACINAÇÃO CONTRA A PÓLIO 1. Tem sido bem sucedida a campanha de vacinação promovida pela UNICEF e OMS? Sim, os resultados são espetaculares se tivermos em conta que há 30 anos mais de uma centena de países estavam infectados contra os três atuais e que havia cerca de 350 mil casos por ano contra os menos de mil registados em 2012. 2. É uma doença de países pobres? Hoje em dia sim, mas no passado recente não. Portugal só erradicou a pólio em 1986 e a nível europeu foi preciso esperar até 1998. Mas enquanto o vírus sobreviver em alguma parte do mundo pode

sempre voltar a contaminar países agora seguros. Por isso o sucesso da vacinação tem de ser global. 3. Nigéria, Paquistão e Afeganistão, onde o vírus persiste, são países com grandes populações islâmicas. O Islão é contra a vacinação? Não, e a prova é que a esmagadora maioria dos países islâmicos conseguiu erradicar a pólio. Estamos a falar de países como a Arábia Saudita, a Indonésia, o Egito ou o Irão. E há o caso fantástico da Somália, uma nação em guerra civil há duas décadas, onde as facções guerreiras acertavam o cessar-fogo de algumas horas para os voluntários da UNICEF e da


Campanha de vacinação contribuiu para a redução da poliomielite em todo o mundo

OMS conseguirem distribuir as gotas milagrosas pelas crianças de Mogadíscio. Além disso, a maioria dos imãs defende a utilidade da campanha de vacinação. 4. Então porquê estes ataques contra os vacinadores? Existem mais de mil milhões de muçulmanos no mundo e muitas

A história de Anisa

Tinha 20 anos e andava ainda no décimo ano, não porque lhe faltasse vontade de aprender, mas porque tinha passado parte da infância a trabalhar para ajudar a família. Entretanto órfã, Anisa oferecera-se ao ministério afegão da Saúde como voluntária

formas de seguir o Islão. Grupos como os talibãs, no Afeganistão e Paquistão, ou o Boko Haram, na Nigéria, acreditam que existe uma guerra permanente entre o Ocidente e o Islão e recusam tudo o que lhes parece estranho à sua interpretação extremista da religião, desde a ida das meninas à escola até ouvir música ou ver televisão, passando pelas vacinas. As guerras no Afeganistão, Iraque e agora Mali ajudam à sua propaganda de que os muçulmanos estão ameaçados.

cara e sobretudo exige ser injetada, o que se torna inviável em muitas situações. A OMS argumenta que o risco de uso da Sabin compensa, pois erradica a doença e salva vidas.

5. É verdade que para capturar Osama bin Laden a CIA montou no Paquistão uma falsa campanha de vacinação? Sim, e foi um ato gravíssimo porque serve agora para alimentar todo o tipo de teorias da conspiração. Com cumplicidade de um médico paquistanês, os serviços secretos americanos começaram a recolher ADN de crianças para comprovarem que o seu familiar que vivia em Abbotabad era de facto o líder da Al-Qaeda. Fingiam estar a vacinar contra a hepatite B.

8. Quem financia a campanha global contra a pólio? Agências das Nações Unidas, como a UNICEF e a OMS, estão na primeira linha, mas também a Cruz Vermelha, a Fundação Bill Gates e o Rotary International, um grupo de beneméritos organizado a nível mundial.

7. Que outras críticas são feitas aos vacinadores? Houve situações, até na Nigéria, em que, para receberem uma pequena quantia, as equipas de vacinação aplicavam sem critério as gotas de Sabin a crianças já vacinadas.

6. Há algum argumento válido contra a vacina da pólio? Os críticos da vacinação alertam que a vacina Sabin comporta riscos para a criança. A sua fórmula provoca a doença num ínfimo número de vacinados, um em cada 2,5 milhões, segundo as estimativas da OMS. Mas a alternativa, a vacina Salk, é mais

para ajudar a vacinar as crianças contra a pólio nas horas em que não tinha de estar na escola. Na sua aldeia, na província de Kapisa, havia quem a admirasse, mas também aqueles que achavam que como mulher nunca deveria sequer sair de casa. Sobreviveu a um primeiro ataque. Mas não ao segundo. Foi perseguida por

homens que se suspeita serem talibãs e recebeu seis tiros no estômago. Morreu a 5 de dezembro. O seu crime foi sonhar ser independente e querer ajudar o seu povo. O Presidente Hamid Karzai ordenou uma investigação à sua morte.

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gente nova em missão

PÁSCOA Convite à conversão

JESUS ESTÁ VIVO Olá amiguinhos! Eis que está a chegar a festa mais importante para os cristãos: a Páscoa. Comemoramos a Ressurreição de Jesus. A vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas. Páscoa significa passagem, mudança. Por isso, para nós cristãos é época de transformação, de conversão. Mas será só nesta altura? Não seremos nós convidados a celebrar a Páscoa todos os dias da nossa vida? E a anunciar a felicidade que é a ressurreição de Jesus? texto CLÁUDIA FEIJÃO ilustrações RICARDO NETO

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CORRAMOS A ANUNCIAR QUE JESUS ESTÁ VIVO

Originalmente, a festa da Páscoa era uma festa nómada que anunciava o fim do inverno e o início da primavera. No entanto, tomou um outro sentido quando, durante a celebração daquela festa, os hebreus fugiram da escravidão do Egito para a terra prometida. O povo de Deus passa, então, a celebrar a festa da Páscoa como forma de recordar a transformação que Deus operou na vida do seu povo através de Moisés: a libertação da escravidão no Egito. Também Jesus comemorou a Páscoa, e é com Ele que a Páscoa ganha um novo significado: a libertação do pecado e o início de uma vida nova. É durante a celebração da Páscoa que Jesus se reúne com os seus discípulos para a Última Ceia e institui a Eucaristia, celebrando uma Nova Aliança (Mt 26, 26-28). É uma aliança com todos os Povos através da qual todos serão “limpos” e renascerão para uma nova vida. E com a sua morte e ressurreição, Jesus concretiza o projeto que o Pai tem para nós. Pelo seu grande amor, Jesus vence a morte e mostra-nos o caminho para uma vida nova: a vida eterna.

homem novo; e a liturgia eucarística, relembrando o sacrifício da cruz e a presença de Jesus ressuscitado. Esta é a noite mais importante para nós. É a noite bendita, pois celebramos “a noite que brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz” como se canta no hino “Exultet” (Precónio Pascal). É o momento em que Jesus passa da morte à vida, que transforma a escuridão em luz, a noite em dia, e infunde em nós a certeza de uma vida nova e feliz.

“Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei” (Jo13, 34). Jesus convida-nos a uma permanente mudança de vida através do amor. Só assim podemos viver a Páscoa! E vivê-la todos os dias. Só abrindo diariamente o nosso coração à mensagem de paz e de amor, que é a ressurreição de Jesus, podemos transformar a nossa vida e a dos outros. E como abrimos o nosso coração? Com as chaves do perdão, da caridade, da oração, ou seja, com a chave-mestra da conversão. Sejamos, pois, como as mulheres que, vendo o sepulcro vazio e o Filho de Deus ressuscitado, correram cheias de alegria a anunciar que Jesus ressuscitara. Tão bela e feliz notícia não pode ser guardada, tem de ser anunciada a todas as pessoas. Corramos nós também a anunciar a todos que “O Senhor ressuscitou, aleluia! Ele está vivo, aleluia!”.

NOITE BENDITA

Os cristãos comemoram esta grande festa sobretudo na noite de sábado para domingo com uma celebração noturna: a vigília pascal. A vigília pascal compõe-se de quatro momentos: a liturgia da luz, com a bênção do fogo, a preparação do círio e a proclamação do Precónio Pascal, simbolizando que Cristo é a luz do mundo; a liturgia da palavra, com a escuta de sete leituras do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento; a liturgia batismal, benzendo-se a água, símbolo de purificação e renovação, para que, através do batismo, o homem seja purificado e se transforme num

MOMENTO DE ORAÇÃO

Obrigado, Senhor, pelo Teu infinito amor manifestado por intermédio do Teu Filho Jesus ressuscitado, Ele que é a luz que ilumina a minha vida. Ajuda-me a ser reflexo do teu amor junto daqueles que andam desanimados e perdidos na escuridão da vida, para que “nasçam” para uma vida nova. Pai-Nosso...

Março 2013

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tempo jovem

A VIDA É UMA VIAGEM Fico impressionado como as cores e a fragrância de uma flor podem ativar a nossa memória sensorial que funciona como uma biblioteca do cérebro texto LUÍS MAURÍCIO foto ANA PAULA

Tal como numa biblioteca tradicional, a informação registada pelo olfato, visão, tacto e gosto, é classificada, arquivada e indexada de diversas formas na nossa mente. Mas não é por aqui que quero entrar nesta reflexão. Quando evoquei no início deste texto “a flor”, recordei a minha avó. Ao passar por uma florista, o perfume das camélias transportou-me sem muito esforço para os momentos vividos na sua casa, onde as flores do jardim testemunharam tantas horas de conversas que tivemos durante as minhas férias. “A vida é uma viagem”, costumava dizer-me, enquanto avaliava o passado. Pessoalmente, acho que as pessoas nunca viajaram tanto como nos dias de hoje. A publicidade e o marketing das agências de viagem conseguiram tocar no mais íntimo da natureza 24

humana: o eterno desejo de “mexer” na procura do sentido. Viajar, “turisticamente” falando, tem-se tornado hoje muito mais fácil que outrora. Os meios de transporte são diversos, as propostas abundam, a facilidade de pagamento é uma grande tentação e o mundo por conhecer é cada vez maior. Dentro do âmbito do prazer este fenómeno tem a sua piada, mas o que me preocupa verdadeiramente é o descuido evidenciado por muitas pessoas em relação à “viagem da vida”, que envolve e dá sentido à nossa existência neste mundo. Tal como a mãe do meu pai, acho que “a vida é uma viagem”. Portanto, considero que é preciso estarmos sempre preparados. Curiosamente, a palavra viagem deriva do latim e foi institucionalizada pelos romanos:

eles chamavam “viaticum” às provisões que uma pessoa devia assegurar antes de empreender uma travessia.

Provisões da viagem

Uma das coisas mais bonitas da minha vocação missionária é o facto de viajar muito pelo mundo. Esta ‘praxis’ tem-me dado alguns ensinamentos no que respeita à arte de viajar. Proponho, por isso, três provisões necessárias, que entendo não poderem faltar a quem quer entrar a sério na barca da vida.

Passaporte

O passaporte é o documento que determina a nossa identidade pessoal e nacional e nos permite cruzar fronteiras. É impossível aventurarmo-nos na viagem da vida sem sabermos quem somos, de onde viemos e para onde


vamos. Caminharmos no dia a dia “indocumentados de sentido” pode levar-nos ao desnorte e à falta de motivação pelo belo ato de viver. Isto traduz-se facilmente em depressão, tristeza e vazio interior.

A VIAGEM DA VIDA EXIGE-NOS ACUMULAR O MENOS POSSÍVEL. QUANTO MENOS RIQUEZA, MENOS PREOCUPAÇÕES, E MAIS LEVES ESTAREMOS PARA A ITINERÂNCIA DA VIDA. MAIOR SERÁ TAMBÉM A PROBABILIDADE DE DESENVOLVERMOS BENS E RIQUEZAS INTERIORES, O ÚNICO “PRODUTO” QUE DÁ A VERDADEIRA FELICIDADE AO CORAÇÃO

Deixo-vos algumas das palavras mais belas de uma mulher que soube embarcar a sério na viagem da vida. A vida é uma oportunidade, aproveita-a. A vida é beleza, admira-a. A vida é beatificação, saboreia-a. A vida é sonho, torna-o realidade. A vida é um desafio, enfrenta-o. A vida é um dever, cumpre-o. A vida é um jogo, joga-o. A vida é preciosa, cuida-a. A vida é riqueza, conserva-a. A vida é amor, goza-a. A vida é um mistério, desvenda-o. A vida é promessa, cumpre-a. A vida é tristeza, supera-a. A vida é um hino, canta-o. A vida é um combate, aceita-o.

Língua

Quanto mais línguas uma pessoa aprender, mais pode comunicar e mais lugares pode visitar e conhecer. Se há algo que causa um grande prazer interior é o facto de podermos compreender e sermos compreendidos. Para que a viagem da vida seja mais prazenteira é urgente “compreender” o mundo em que vivemos e com quem convivemos. Enquanto não fizermos o esforço quotidiano de comunicar de modo sincero e profundo com os outros, de compreendermos a linguagem dos sinais dos tempos em que nos toca escrever a história, a viagem da vida corre o risco de tornar-se um pesadelo.

Dinheiro

Ao contrário das viagens turísticas, que nos exigem ter acumulado um montante significativo na conta bancária como garantia para o passeio, a viagem da vida exige-nos acumular o menos possível. Quanto menos riqueza, menos preocupações, e mais leves estaremos para a itinerância da vida. Maior será também a probabilidade de desenvolvermos bens e riquezas interiores, o único “produto” que dá a verdadeira felicidade ao coração.

Madre Teresa de Calcutá

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sementes do reino

PAI AMOROSO A palavra de Deus, por mais conhecida que seja, tem a capacidade de trazer sempre novidades. A cada leitura algo de novo acontece, uma nova luz revela um outro detalhe que ilumina a vida com uma nova perspetiva texto PATRICK SILVA foto LUSA

LEIO A PALAVRA Lc 15,1-3.11-32

A parábola do Filho Pródigo, assim conhecida, é apresentada em cada ano na caminhada da Quaresma, indicando para quem o cristão se dirige: Um Deus que espera de braços abertos pela chegada do/a filho/a. De notar a introdução à parábola: enquanto os publicanos e pecadores se aproximam de Jesus para O escutar, os fariseus e os escribas murmuram contra Ele, num quadro que parece invertido. A parábola é de fácil leitura e os acontecimentos decorrem com grande naturalidade, desde o pedido da herança por parte do filho mais jovem, passando pela sua partida e ausência da casa paterna até ao momento em que este reconhece o erro e deseja voltar à casa do Pai.

SABOREIO A PALAVRA

Convido-o agora a reler este texto, mas “colocando-se” dentro dele. Primeiro “vista” a pele do filho mais novo, aquele que exige a sua parte, sai de casa, gasta tudo, passa pela miséria, reconhece que passa mal e decide voltar. Depois “vista” a pele do filho mais velho, aquele que fica em casa, que aparentemente obedece em tudo ao Pai, mas que esquece que é o filho do “patrão”, vivendo como um funcionário. Agora atente às atitudes do Pai, note a sua paciência e aceitação da vontade do filho que deseja partir, considere o acolhimento e a festa que manda fazer pelo seu regresso, 26

A parábola oferece muitos ensinamentos para a vida quotidiana. Antes de mais a certeza de acreditar num Deus que é amor e misericórdia. Um Deus que não castiga, mas acolhe sem fazer uma única pergunta, pois o que lhe interessa é o regresso do filho. Do outro lado, considere a paciência para com o filho mais velho, que é incapaz de entender a atitude do Pai, acusando o irmão e o Pai: um filho que não sabe o que é ser filho.

REZO A PALAVRA

Ore com o salmo 32 (31). É uma bela oração em que o salmista expressa a alegria na misericórdia de Deus. Ao rezar com este salmo agradeça a paciência, a misericórdia e o amor que Deus tem por si.

VIVO A PALAVRA

A parábola apresenta um Pai de braços abertos, pronto a acolher aquele que o desejara morto, sem

nunca lhe fazer pesar essa escolha. A sua única preocupação é a de celebrar o seu regresso a casa. Lucas apresenta esta parábola para revelar a visão de Jesus sobre Deus. Um Deus misericordioso, cheio de compaixão e amor sem limites. A parábola oferece muitos ensinamentos para a vida quotidiana. Antes de mais a certeza de acreditar num Deus que é amor e misericórdia. Um Deus que não castiga, mas acolhe. Mas é também um convite a viver essa mesma misericórdia e compaixão, sabendo acolher o outro sem discriminação, apenas de braços abertos.


intenção missionária

A PALAVRA FAZ-SE MISSÃO 03 3º Domingo da Quaresma

Ex 3, 1-15; 1Cor 10, 1-12; Lc 13, 1-9 VIDAS SEM FRUTO Jesus revela-nos o rosto de um Deus paciente, mas insistente, à espera que produzamos frutos na nossa vida. A nossa conversão, a mudança de atitudes, a reorientação da nossa vida é o primeiro fruto que nos é pedido. Deus, por seu lado, intervém sempre no respeito da nossa liberdade e nos cuidados e atenções maternas e paternas de que precisamos. Continua, Senhor, a cuidar desta frágil planta, para que eu possa dar os frutos desejados.

10 4º Domingo da Quaresma

Jos 5, 9-12; 2Cor 5, 17-21; Lc 15, 1-32 DEUS É MESMO ASSIM Deixa que livremente façamos as nossas escolhas, por mais estranhas que sejam, mas depois, com amor e solicitude, fica à espera que voltemos ao calor da casa que deixámos. Não nos acusa nem julga, mas restitui-nos a dignidade de filhos. O nosso Deus é assim: bom, clemente e misericordioso. É um Pai que abraça e acolhe sem apontar o dedo a ninguém. Que eu saiba, Senhor, descobrir o teu rosto de Pai, sempre a acolher de braços abertos.

17 5º Domingo da Quaresma

Is 43, 16-21; Fil 3, 8-14; Jo 8, 1-11 “NÃO VOLTES A PECAR” Salva da lapidação, a mulher é redimida da sua fragilidade: “Vai e não voltes a pecar”. Este rosto de Deus deverá ser também o rosto da nossa Igreja, feita, não de justos, mas de pessoas amadas e perdoadas. Uma Igreja formada por gente que, na mesma medida de

MARÇO Jesus, não julga, mas perdoa com amor, sem ferir nem magoar. Que eu seja, Senhor, transparência do teu perdão junto daqueles que porventura falhem na vida.

24 Domingo de Ramos

Is 50, 4-7; Fil 2, 6-11; Lc 22, 14-56 SIGO OS PASSOS DE JESUS A caminho do Calvário, vou cantando e sofrendo nos passos de cada dia. Carregando a minha cruz. Também eu tenho que me fazer cireneu. Os outros são a minha paixão que comungo todos os dias. Entro com Cristo na Semana Santa da minha vida para que Ele me ensine o valor da sua e da minha cruz. Que eu viva, Senhor, estes dias da tua Paixão, unindo a minha à tua Cruz.

31 Páscoa do Senhor

At 10, 34-43; Col 3, 1-4; Jo 20, 1-9 ASPIRO ÀS COISAS DO ALTO “Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto... Não às da terra”. Na Páscoa de Cristo, celebro a minha própria Páscoa. Deixo as ligaduras do homem velho para viver à imagem do homem novo. Abro a porta da minha casa ao Ressuscitado para que Ele entre, deixe a sua paz e me envie em espírito de missão. Que esta Páscoa, Senhor, seja para mim passagem a uma vida nova. DV

Para que os bispos, os presbíteros e os diáconos sejam incansáveis anunciadores do Evangelho até aos confins da terra

Evangelizar é o serviço melhor “Nada nos dispensa de ir ao encontro dos outros”, disse Bento XVI na sua visita ao Porto em 2010. A Igreja particular não pode fechar-se em si mesma, mas deve, como parte viva da Igreja universal, abrir-se às necessidades das outras Igrejas. É sabido que a Igreja existe para evangelizar. É a sua primeira tarefa e a sua identidade mais profunda. Proclamar o Evangelho a todos os povos e em todas as culturas continua a ser o melhor serviço que a Igreja pode prestar às pessoas. Foram os nossos bispos que o disseram, ainda há bem pouco tempo. Em abono desta intenção, é bom recordar o que disse João Paulo II: “A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações”. Isto serve para todos, mas em particular para os bispos, sacerdotes e diáconos que são solicitados, neste mês, a não limitarem a sua preocupação pelos fiéis das suas dioceses ou paróquias. O Concílio, aliás, lembrou que o bispo é “consagrado não só em benefício de uma diocese, mas para salvação de todo o mundo”. E Bento XVI, na sua mensagem para o Dia Missionário Mundial de 2008, recordou aos bispos que o “seu compromisso consiste em tornar missionária toda a comunidade diocesana”. DV

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o que se escreve O CREDO EM IMAGENS

Não tenhais medo

Fátima – Mensagem de confiança

“Não tenhais medo” é o tema do terceiro ano de preparação das celebrações do centenário das Aparições de Fátima. É a primeira palavra dirigida por Nossa Senhora aos pastorinhos e é uma expressão largamente repetida na Bíblia. Nas páginas deste livro, Dário Pedroso apresenta doze razões para acolher esta exortação e convida a meditar e a rezar cada uma delas. Um livro precioso para este Ano da Fé. Autor: Dário Pedroso, S.J. 136 páginas | preço: 6,00 € Editorial A.O.

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Com um belo texto do bispo Carlos Moreira Azevedo, o livro apresenta o Símbolo Apostólico ou Credo Romano a partir de cinco telas da autoria de Isabel Nunes. Citando as palavras de Carlos Azevedo “Crer pode comunicar-se em imagens, capazes de expressar o drama da existência humana”. “Pela primeira vez, na arte portuguesa se ousou traduzir em pintura um olhar da comunidade crente sobre o essencial da fé cristã, o Símbolo Apostólico”. É para ler e contemplar. Autor: Carlos A. Moreira Azevedo Pinturas: Isabel Nunes 96 páginas | preço: 7, 50 € Paulus Editora

REZAR NA QUARESMA

A Quaresma é um tempo para dar mais qualidade à vida. Para encontrar de uma forma fresca e nova o Jesus dos evangelhos. Este livrinho é um convite a fazer desta Quaresma um caminho que leve à mudança e a uma fé mais feliz. Para cada dia há duas páginas com a liturgia do dia, uma imagem para ajudar a refletir, uma meditação e uma proposta de oração. Autor: Rui Alberto 96 páginas | preço: 1, 50 € Edições Salesianas

ESTA É A NOSSA FÉ

Se quer viver melhor o Ano da Fé, tem neste documentário (DVD) um instrumento valioso. Partindo do Catecismo da Igreja Católica, apresenta testemunhos de várias pessoas sobre temas fundamentais da nossa fé. Está estruturado em quatro partes: a fé professada (Credo), a fé celebrada (Liturgia e Sacramentos), a fé vivida (os Dez Mandamentos) e a fé rezada. Uma verdadeira viagem à descoberta da nossa fé! Duração: 84 m Formato: PAL | preço: 12,00 € Paulus Editora

VIA-SACRA

Nas mãos de Deus pelas mãos dos homens Partindo de textos do Evangelho de São Marcos e usando o esquema bíblico legado por João Paulo II, esta via-sacra convida-nos a fixar a atenção nas mãos com as quais lidamos diariamente e nas mãos de Jesus. “As mãos falam e convidam à ação”. Cada passo da Via-Sacra é ilustrado pelos desenhos do arquiteto Pedro Araújo. Um bom texto para a Quaresma 2013. Autor: António Sílvio Couto 72 páginas | preço: 4,00 € Paulinas Editora


o que se diz OS MESTRES

Franciscanos e Dominicanos Em cada geração surgem santos que se tornaram forças de renovação para toda a sociedade. No séc. XIII surgiram e desenvolveram-se as ordens mendicantes (Franciscanos e Dominicanos) com figuras significativas de santidade e de humanidade, promotoras de uma grande renovação eclesial. São apresentadas neste livro pelo Papa Bento XVI como testemunhos de fé e de cultura. Autor: Bento XVI 108 páginas | preço 7,00 € Editorial Franciscana

A PALAVRA PARA OS HOMENS TEXTOS TEMÁTICOS

São textos inéditos do padre João Resina, organizados em quatro grandes capítulos, linhas de força da sua ação pastoral: Os pobres e os desvalidos; a catequese de adultos; a oração e a atenção constante ao mundo. Páginas expressivas de um homem de fé e cultura. Para meditar e rezar. Autor: João Resina Rodrigues 502 páginas | preço 21,00 € Paulus Editora

Não há ação mais benéfica “Por vezes tende-se a circunscrever a palavra “caridade” à

solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o “serviço da Palavra”. Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus; a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana.” Bento XVI | Mensagem para a Quaresma 2013

Partilhar na dificuldade “Neste momento de dificuldade económica, torna-se ainda mais

evidente que é necessário partilhar. Compreende-o bem quem tem um coração bom e generoso: mesmo se não se tem muito, pode-se continuar a ajudar quem tem ainda menos.” António Marto | O Mensageiro | 14/02/ 2013

Futuro do catolicismo europeu “O catolicismo europeu só terá futuro se este for declaradamente

evangelizador e missionário, começando a “gentilidade” no próprio bairro, escola ou hospital, quando não na própria casa e família de cada um. Somos cristãos e não podemos partir “de novo” senão do Deus que Jesus Cristo nos revela, tão diverso das nossas inveteradas congeminações e inadvertências. Lembra-nos o decreto Ad Gentes: “A Igreja peregrina é, por natureza, missionária, visto que, segundo o desígnio de Deus Pai, tem a sua origem na missão do Filho e na missão do Espírito Santo»” (AG, 2). Manuel Clemente | aos párocos Dehonianos | Ecclesia, 06/02/2013

O que se vê e o que não se vê “A Igreja, pelo seu notável trabalho junto daqueles que mais sofrem,

conhece-os melhor do que aqueles que têm da pobreza apenas a imagem que lhes chega pela televisão ou nas fotos dos jornais. Conhece-os também pelo que não se vê e acompanha todas as pessoas, mesmo aquelas que parecem (e se sentem muitas vezes) invisíveis”. Octávio Carmo | A Defesa | 13/02/2013

O grande sinal da liberdade “O principal sinal de que o Plano de Deus é fruto do amor que

o Criador tem por cada pessoa é a liberdade. O nosso Deus não impõe o seu Plano: revela-o a cada um por todos os meios possíveis, mas deixa-nos em liberdade para poder escolher entre obedecer aos seus dinamismos interiores, aceitando o projeto de vida que Deus lhe propõe; ou recusá-lo, escravizando-se assim às pressões desumanizantes do poder, do ter, e da autosatisfação”. Fátima Monteiro| Ação Missionária | fevereiro 2013

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gestos de partilha Costa do Marfim Irmãos São João de Deus – 50,00€; Marlene Mendes – 3,00€; Maria Fernandes – 40,00€; Manuel Calvário – 6,00€; Alexandrina Gravito – 12,00€; Fátima Matias – 10,00€; Trindade Ferreira – 18,00€; Ermelinda Costa – 200,00€; António Crespo – 43,00€; Céu Crespo – 43,00€; Isabel Crespo – 43,00€. Total geral = 611,00€. Maloca para todos Capela da Nossa Senhora da Saúde (Ribas – Moinhos da Gândara) – 50,00€; Sofia Vicente – 33,00€; Delfina Rodrigues – 53,00€; João Dias – 18,00€; Laurinda Couto – 13,00€; Júlia Guimarães – 13,00€; Suzete Policarpo – 50,00€; Eugénia Marques – 20,00€; Joaquim Oliveira – 40,00€; Joaquim Castro – 100,00€. Bolsas de Estudo Joaquim Domingos – 250,00€; Noémia Canavarro – 20,00€; Peregrinos de Vila Cova à Coelheira – 25,00€; Isabel Nunes – 250,00€; Joaquim Castro – 200,00€; Gabriela Santos – 250,00€. Desafio Moçambique Capela da Nossa Senhora da Saúde (Ribas – Moinhos da Gândara) – 100,00€. Pão para as crianças do padre João Monteiro da Felícia – Brasil Campanha do Jornal da Golpilheira – 920,00€. Padre José Torres Neves – Moçambique Francisco Soares – 500,00€. Gurué – Moçambique Eugénia Miranda – 12,00€; Joaquim Castro – 85,00€. Empada – Guiné Joaquim Oliveira – 43,00€. Crianças do padre Paulino – Tanzânia Ramiro Martins – 33,00€. Leprosos Inês Pereira – 10,00€. Mães solteiras de Isiro Joaquim Castro – 100,00€.

Contactos

Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | Telefone 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | braga@consolata.pt Rua Padre João Antunes de Carvalho, 1 | 3090-431 ALQUEIDÃO | Telefone 233 942 210 alqueidao@consolata.pt Rua Estrada do Zambujal, 66 - 3º D | Bairro Zambujal | 2610-192 AMADORA | Telefone 214 710 029 | zambujal@consolata.pt Alameda São Marcos, 19 – 7º A e B |2735-010 AGUALVA-CACÉM |Telefone 214 265 414 |saomarcos@consolata.pt

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vida com vida

“NUNCA MAIS CORRI PELAS ESCADAS ABAIXO”

O padre José Prina, eu recordo-me muito bem dele. E quem o encontrava uma vez, ficava a lembrar-se sempre de uma característica muito sua: quando falava, gritava! E dizia “A minha mãe tinha duas qualidades: uma voz forte, e muita inteligência. A inteligência deu-a ao meu irmão Nazareno e a mim deu-me a voz forte”. texto AVENTINO OLIVEIRA ilustração H. MOURATO O José Prina veio ao mundo no dia 28 de maio de 1889, e ao nascer quase causou duas calamidades: faltou pouco que morressem ele e a mãe. Ficou sempre muito grato a Nossa Senhora pelo milagre de os salvar aos dois. Aos 12 anos ouviu falar dum novo instituto missionário fundado em Turim,

os Missionários da Consolata. Foi ter com o fundador, o cónego José Allamano, que o aceitou de braços abertos. Contava ele que quando era seminarista era muito irrequieto, e corria sempre a toda a brida pelas escadas abaixo do seminário de três andares. José Allamano avisou-o várias vezes que descesse as escadas

devagar. Como não se emendava, um dia em que descia a toda a velocidade, aparece de repente o Allamano diante dele. Não podendo travar a tempo, deu um encontrão ao fundador projetando-o contra a parede. O Allamano foi-se embora sem dizer palavra – nem então nem nunca. “Mas eu, concluia o José Prina, nunca mais corri pelas escadas abaixo!” Terminou os estudos e foi ordenado sacerdote em 1912, e um ano depois foi mandado para as missões do Quénia. Trabalhou com muita gana e as coisas correram bem. Mas era a Nossa Senhora que ele dava crédito por todo o bem feito. Dizia: “Nossa Senhora faz muito bem a sua parte do trabalho, mas nós, é preciso rezarmos muito. Temos mais precisão da oração do que do pão que comemos”. Foi enviado em seguida para a Somália e a Tanzânia, e finalmente para a Itália onde, em Roma, foi Procurador Geral do Instituto junto da Santa Sé. Em 1951 foi mandado para os Estados Unidos, onde já trabalhava o seu irmão mais novo, o padre Nazareno Prina. Trabalhou como capelão num hospital por algum tempo. Quando a saúde começou a fraquejar, recolheu-se no seminário da Consolata de Buffalo. Nos últimos instantes de vida, num momento de lucidez, sentou-se na cama, beijou sofregamente o crucifixo e o terço, suavemente estendeu-se em cima da cama e foi contemplar a sua querida Mãe Maria no Paraíso. Era um verdadeiro louco pela Senhora da Consolata. Um dia em que falava dela, de repente engasgou-se de comoção, deu um soco em cima da mesa e, aos solavancos, disse: “Mas porque é que devo sempre comover-me quando falo dela!” Era assim, o padre José Prina: um namoradinho da Virgem Consolata.

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outros saberes

REMÉDIOS CONTRA A FOME texto NORBERTO LOURO foto ANA PAULA

O tema da fome tem sido um dos mais abordados pelos meios de comunicação social: ou como realidade já presente na sociedade portuguesa e com tendência a propagar-se desmesuradamente entre as classes mais desfavorecidas ou como risco galopante para os desempregados ou até já à espreita de agredir classes que nunca teriam imaginado tal tragédia. A situação é difícil, mas, nestes tempos de crise, creio que ameaçar constantemente com tão medonho “papão”, em vez de incentivar, tira a lucidez e diminui a criatividade tão necessárias para debelar este inimigo real. Sem querer ofender ninguém, lembro que há um provérbio português que diz: “É manha de Portugal: comer bem, beber bem e dizer mal”. Todas as culturas alertam para remédios concretos contra a fome. Remédios pessoais, remédios sociais, remédios institucionais. Aqui vão alguns, carregados de sabedoria:

“Quem vive só de esperança, morrerá de fome” (Benjamim Franklin)

Admonição sacrossanta para quem cruza os braços, à espera que do céu 32

“À fome não se foge com as pernas, mas com a enxada” (provérbio Macua, Moçambique) lhe venha o alimento, esquecendo-se que: “cada um come do que faz”.

“À fome não se foge com as pernas, mas com a enxada” (provérbio Macua, Moçambique)

Povo preponderantemente agricultor e sujeito a ciclos de fartura e de secura, este povo Macua sabe bem o que diz. Ricos de técnicas como somos nós, muito mais oportunidades temos, além da enxada, ao nosso alcance. Uma coisa é certa, como dizia São Paulo: “Quem não trabalha (podendo, claro está) também não coma”.

“Quem ganhar dinheiro com rapidez e, com rapidez não o guardar, com rapidez passará fome” (Plauto)

Aqui está outro caminho para a fome. É o que se ouve repetir tantas vezes: o mal está em viver acima das próprias possibilidades e que outro provérbio pode completar: “Queres ser rico, não te afadigues a aumentar os teus bens, mas a

diminuir a tua cobiça” (Epicuro). Daqui se conclui que o dinheiro e o trabalho não garantem tudo. Nem o indivíduo sozinho consegue debelar o problema da fome.

“São tão doentes aqueles que se saciam, como aqueles que passam fome” (Shakespeare)

O homem tem outras fomes além da fome de pão. A abundância aliada ao egoísmo, inimigo número um da solidariedade, é a maior causa das guerras que provocam a fome: “Não é a fome, mas, pelo contrário, a abundância e o excesso de energias, que provocam as guerras” (Ortega Y Gasset). É que todos procuram o pão (isto é, as riquezas). E a tentação é de amontoar, em vez de partilhar.


notas missionárias

QUERER É PODER texto CARLOS DOMINGOS ilustração CATARINA BERNARDO Pedro Freoux foi um missionário dos Oblatos de Maria Imaculada que viveu entre o povo Zulu na África do Sul desde a sua chegada aos 22 anos, até à sua morte aos 92 anos. A sua presença por si só tornou-se um apostolado ativo e forjou laços de amizade duradouros entre os muitos não católicos que habitavam aquelas paragens, que, a seu tempo, levaram a muitas conversões. Como se estava no início da missionação era necessário construir capelas, orfanatos, centros de catequese, e outros edifícios de apoio à obra da evangelização e da promoção humana. Havia uma comunidade situada bem dentro do vale, que já precisava de um local de culto, e, quando arranjou meios para iniciar, o padre Pedro Freoux decidiu construir uma capela adequada. O vale era o chamado Vale dos Mil Montes, que é de uma beleza rara e que atravessa uma boa parte do território do KwaZulu-Natal. Os montes são pequenas ou grandes elevações que

resistiram à erosão milenar das águas enquanto à sua volta a terra mais mole se foi desgastando. Devendo, por necessidade, ser homem de mil ofícios, o padre Freoux, enquanto supervisionava e ajudava na colocação do tecto da referida capela, escorregou ou uma ripa cedeu e eis que o empreendedor padre saiu disparado e só parou no chão. Resultado da (des)aventura: corpo dorido, orgulho ferido e três costelas partidas. Como o corpo ainda estava quente, o padre lá conseguiu subir para o cavalo e regressar à missão. Porém, depois e contra vontade teve de se imobilizar por algum tempo. Após duas semanas, a vontade de ir visitar a comunidade da capela fatídica foi mais forte que os conselhos do médico e dos confrades: Freoux insistiu que tinha de ir ver os seus cristãos.

aduelas à volta do torso para que não se pudesse mover demasiado. Mandou improvisar uma roldana solidamente atada a uma trave de cabana, e aí puderam então içá-lo em peso. O cavalo devidamente aparelhado foi então trazido para o local exato para que ele pudesse ser descido e fosse “poisar” exatamente em cima da sela do animal. E assim foi. O missionário partiu de manhã cedo, dirigiu-se à sua comunidade, fez o que tinha a fazer e regressou já de noite a casa. Os cristãos admiraram-se muito de ver o missionário chegar assim quase como uma múmia, mas conhecendo-o souberam apreciar o seu zelo e a sua determinação. Aonde há (boa) vontade encontra-se sempre maneira de resolver qualquer problema.

Contra os conselhos dos outros e o bom senso, ele argumentava que o único problema era subir e descer do cavalo, depois poderia viajar para o local, permanecer lá o dia inteiro e regressar já de noite, sem problemas. O pessoal da missão bem o tentou demover mas não conseguiu. Passou então à preparação: em primeiro lugar mandou reforçar as

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fátima informa

“DE OCEANO A OCEANO” EM DEFESA DA VIDA texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto DR Segundo a tradição, o ícone de Nossa Senhora de Czestochowa é um dos mais antigos e foi pintado por São Lucas, sobre o tampo da mesa em cipreste da casa da Sagrada Família, em Nazaré. A cópia fiel está a percorrer o mundo, ao abrigo da campanha “De oceano a oceano”, em defesa da vida, e chega a Fátima a 3 de março. Durante esse dia e seguintes, estará na Capela do Domus Pacis onde decorrerão atos litúrgicos. De Fátima, o ícone partirá para percorrer outras dioceses: Setúbal (Santuário de Cristo Rei), Viana do Castelo, Évora, Algarve, entre outras. O regresso à Cova da Iria decorrerá a 7 de abril, para uma celebração solene que inclui a recitação do Rosário na Capelinha das Aparições (14h00), seguida da procissão para a basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima.

Homenagem à irmã Lúcia

“Irmã Lúcia – uma oração” é o tema do monólogo que o grupo teatral “Cassefaz” apresenta em Fátima a 3 de março, às 16h00, no Centro Pastoral Paulo VI. As entradas são livres. A peça pretende homenagear a vidente de Fátima, no oitavo aniversário da sua morte.

Habitar o mundo na esperança

O presidente da direção da Comunidade Vida e Paz é o orador convidado da conferência de março, no dia 10, na basílica de Nossa Senhora do Rosário. Henrique Joaquim abordará o tema “Habitar o mundo na esperança e na 34

A pintura representa a Mãe de Deus segundo o tipo Hodegetria, isto é, “aquela que mostra o caminho”. Nela, a Virgem Maria dirige a atenção para fora, mostrando com a mão direita Jesus enquanto fonte da vida e da salvação, explica o Apostolado Mundial de Fátima, associação de fiéis que coordena bondade”, a partir das 16h00. A iniciativa tem entrada livre.

Via-Sacra ao vivo

Dezenas de figurantes e atores amadores dão vida aos últimos passos da vida de Cristo, numa representação ao vivo, no domingo de Ramos, 24 de março. A iniciativa da paróquia de Fátima, com encenação de Leonel Marques, tem início às 14h30, junto à basílica da Santíssima Trindade, lado sul. A encenação percorrerá a cidade e culminará na igreja matriz de Fátima.

a peregrinação em Portugal. O ícone já percorreu mais de 30 mil quilómetros e passou por 23 países, entre os quais Rússia, Ucrânia, Polónia, República Checa, Hungria, Áustria, Alemanha, Suíça, Itália, Bélgica, França e Espanha.

Março em agenda 09/10 Retiro dos Antigos Alunos da Consolata 16/17 Peregrinação dos Pais e Familiares dos Missionários do Verbo Divino 28/30 Páscoa Challenge – Caminhada jovens (de 20 a 28 anos) de Fátima a Proença-a-nova (Consolata)


CONSOLATA É CHEIA DE GRAÇA, POR DEUS AGRACIADA PARA LEVAR AO MUNDO A CONSOLAÇÃO DE JESUS. CONSOLADOS SÃO OS EVANGELIZADOS, PORQUE AMADOS DE DEUS. CONSOLAR É LEVAR A TODA A PARTE A CONSOLAÇÃO DE DEUS SALVADOR. COMO MARIA TORNAMO-NOS SOLIDÁRIOS COM TODOS. SOLIDARIEDADE É O OUTRO NOME DA CONSOLAÇÃO. COMO ELA SOMOS PRESENÇA CONSOLADORA EM SITUAÇÕES DE AFLIÇÃO. POR SEU AMOR COLOCAMOS A NOSSA VIDA AO SERVIÇO DO HOMEM TODO E DE TODOS OS HOMENS. ALLAMANO DEU-NOS MARIA POR MÃE E MODELO. POR ISSO CHAMAMO-NOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

NOSSA SENHORA DA CONSOLATA Apoie a formação de JOVENS MISSIONÁRIOS

Funde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250EUR e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar. São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores.

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

www.fatimamissionaria.pt | www.consolata.pt Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | tel: 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Dª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 AGUAS SANTAS MAI | tel: 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | tel: 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | tel: 253 691 307 | braga@consolata.pt Rua Padre João Antunes de Carvalho, 1 | 3090-431 ALQUEIDÃO | Telefone 233 942 210 | alqueidao@consolata.pt Rua Estrada do Zambujal, 66 - 3º D | Bairro Zambujal | 2610-192 AMADORA | Telefone 214 710 029 | zambujal@consolata.pt Alameda São Marcos, 19 – 7º A e B | 2735-010 AGUALVA-CACÉM | Telefone 214 265 414 | saomarcos@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | Telefone 214 260 279 | cacem@consolata.pt


CORAÇÃO FERIDO Doem por dentro de mim as chagas de mil mendigos, as fomes dos desgraçados, os desesperos dos tristes, calvários de condenados. Doem muito, doem sempre em cada noite deserta, ou à luz de mais um dia, sem que eu lhes possa valer na sua longa agonia. E eu como o pão abundante que não falta à minha mesa. Durmo num quarto aquecido, tenho saúde e dinheiro. Mas trago o coração ferido das mágoas do mundo inteiro. Fernanda Seno Trilho de pó


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