FÁTIMA MISSIONÁRIA Outubro 2013

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ANO LIX | OUTUBRO 2013 | ASSINATURA ANUAL | NACIONAL 7,00¤ | ESTRANGEIRO 9,50¤

SÍRIA

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GUERRA QUÍMICA LANÇA INCERTEZA NA PROCURA DA PAZ

DEZ ANOS A CONSTRUIR PONTES NA MISSÃO Pág. 10 MIGRAÇÃO GERA NOVA VISÃO DO MUNDO Pág. 14 CAMPOS DE FÉRIAS CATIVAM JOVENS Pág. 16


CONSOLATA É CHEIA DE GRAÇA, POR DEUS AGRACIADA PARA LEVAR AO MUNDO A CONSOLAÇÃO DE JESUS. CONSOLADOS SÃO OS EVANGELIZADOS, PORQUE AMADOS DE DEUS. CONSOLAR É LEVAR A TODA A PARTE A CONSOLAÇÃO DE DEUS SALVADOR. COMO MARIA TORNAMO-NOS SOLIDÁRIOS COM TODOS. SOLIDARIEDADE É O OUTRO NOME DA CONSOLAÇÃO. COMO ELA SOMOS PRESENÇA CONSOLADORA EM SITUAÇÕES DE AFLIÇÃO. POR SEU AMOR COLOCAMOS A NOSSA VIDA AO SERVIÇO DO HOMEM TODO E DE TODOS OS HOMENS. ALLAMANO DEU-NOS MARIA POR MÃE E MODELO. POR ISSO CHAMAMO-NOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

NOSSA SENHORA DA CONSOLATA Apoie a formação de JOVENS MISSIONÁRIOS

Funde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250EUR e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar. São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores.

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

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editorial

“VÃO PARA FORA! SAIAM!”

seu pontificado. É um convite a defender-se de toda a acomodação, imobilidade ou clericalismo. A Igreja não pode alhear-se dos problemas, das angústias e inquietações do mundo, já o Concílio o alertava.

“Sejam positivos, cultivem a vida espiritual e, ao mesmo tempo, sejam capazes de encontrar as pessoas, especialmente as desprezadas e desfavorecidas. Não tenham medo de sair e caminhar contracorrente. Sejam contemplativos e missionários”, disse o Papa Francisco num encontro com seminaristas e noviços, em Roma. Aos jovens reunidos em Copacabana repetiu a mesma ideia:“O Evangelho é para todos, e não apenas para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem mais próximos de nós, mais abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo a todos os ambientes, até às periferias existenciais, incluindo a quem parece mais distante, mais indiferente”.

Porque este fechamento tornaria as comunidades estéreis, é fundamental “sair de nós próprios… sair das nossas comunidades para ir lá onde vivem, trabalham e sofrem os homens e as mulheres, e anunciar-lhes a misericórdia do Pai que se deu a conhecer em Jesus de Nazaré”. Aos pastores recomenda que sejam “pastores com o cheiro das ovelhas”, e a todos os leigos pede que sejam “por toda a parte portadores da Palavra da vida nos nossos bairros, nos lugares de trabalho e em toda a parte onde as pessoas se encontram e relacionam. Tendes de sair, ir para fora. Não podemos ficar encerrados nas paróquias, nas nossas comunidades, quando há tanta gente à espera do Evangelho”.

Neste mês dedicado à vocação missionária da Igreja, esta referência parece-nos oportuna. Há dois perigos de que o Santo Padre quer desviar a Igreja: o eficientismo e o fechamento. Levariam a Igreja a isolar-se do mundo e a adoecer. E por isso, ao mesmo tempo que insiste que a Igreja não é uma ONG, repete vezes sem conta que “a Igreja deve sair de si mesma rumo às periferias existenciais”. Claro, quando se sai, pode acontecer um acidente, mas “prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente pelo fechamento. Vão para fora! Saiam!”. “Eu não quero uma Igreja tranquila, quero uma Igreja missionária”. Este convite a sair do próprio mundo e dos pequenos problemas que atrofiam, para viver a “cultura do encontro com o outro, com Jesus e com todos os irmãos, a partir dos mais pobres” é uma marca do

Francisco entendeu que só este sair para fora, esta proximidade, interesse humano e ternura podem tocar os corações de crentes e não crentes e acudir à humanidade do nosso tempo, ferida por tantas experiências difíceis, por tantas frustrações e injustiças, por tanta pobreza e marginalização, transmitindo-lhe a linguagem positiva do amor de Deus, da esperança e libertação. DARCI VILARINHO

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sumário Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº9 Ano LIX – OUTUBRO 2013 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 geral@fatimamissionaria.pt redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Im­pres­são Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 25.900 exemplares Diretor Darci Vilarinho Diretor executivo Francisco Pedro Redação Darci Vilarinho, Francisco Pedro, Juliana Batista Colabora­ção Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Elísio Assunção, Leonídio Ferreira, Luís Maurício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Patrick Silva, Teresa Carvalho; Diaman­tino Antunes – Moçambique; Tobias Oliveira – Roma; Álvaro Pa­­che­co – Coreia do Sul Fotografia Lusa, Ana Paula, Elísio As­sunção e Arquivo Capa Lusa Contracapa Ana Paula Ilustração H. Mourato e Ri­car­do Neto Design e com­po­sição Happybrands e Ana Pau­la Ribeiro Ad­mi­nis­tração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00€ Estrangeiro 9,50€ De apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€ Avulso 0,90€ Pagamento da assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) NIB 0033 0000 00101759888 05 transferência bancária internacional IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)

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A SUA ASSINATURA 4

18 QUÍMICA DE GUERRA NA SÍRIA 03 EDITORIAL “Vão para fora! Saiam!” 05 PONTO DE VISTA O amor e as empresas 06 LEITORES ATENTOS 07 HORIZONTES Preciso de ajuda! 08 MUNDO MISSIONÁRIO Confrontos na fronteira entre Quénia e Etiópia

semeiam destruição Insegurança alimentar na Somália atinge mais de 200 mil crianças Governo volta-se para direitos das mulheres indígenas do México Na Mongólia cresce a mais jovem Igreja do mundo 10 A MISSÃO HOJE Dez anos a construir pontes no Zambujal 11 PALAVRA DE COLABORADOR Todos podem ser apóstolos 12 A MISSÃO HOJE Por uma Igreja local e missionária 13 DESTAQUE República Centro-Africana à beira da ingovernabilidade 14 ATUALIDADE “Fenómenos migratórios estão a gerar uma nova visão do mundo” “A missão vive e tem sentido” 22 GENTE NOVA EM MISSÃO Ide e fazei discípulos! 24 TEMPO JOVEM Amigos ou conhecidos? 26 SEMENTES DO REINO Partilhar o Evangelho 28 O QUE SE ESCREVE 29 O QUE SE DIZ 30 GESTOS DE PARTILHA 31 VIDA COM VIDA “Deus pode vir quando quiser” 32 OUTROS SABERES Guerra chama mais guerra 33 NOTAS MISSIONÁRIAS Não é fácil comunicar 34 FÁTIMA INFORMA Nossa Senhora de Fátima recebida

no Vaticano


ponto de vista

O AMOR E AS EMPRESAS texto ANTÓNIO PINTO LEITE*

Um dia, em abril de 2009, esbarrei com uma frase de Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano: “O centro vital da ética cristã é o amor”. Nunca tinha lido ou ouvido colocar a questão da ética assim. A ética ou era a partir do amor, ou não era. Muito menos no mundo dos negócios e da gestão das empresas alguma vez tinha ponderado a questão ética à luz do amor. Mas se o amor era o centro vital da ética, de toda a ética, então, concluí surpreendido, que o amor teria de ser o critério de gestão das empresas. Para um cristão não há alternativa a colocar a sua responsabilidade de líder empresarial noutros termos que não estes. Fui à procura dos manuais de ética, dos códigos de ética associativos e de empresa. Fui à procura das encíclicas papais, dos compêndios da Doutrina Social da Igreja, dos textos cristãos mais influentes sobre a vocação dos líderes empresariais. Confirmei que a palavra “amor” não aparecia ou raramente aparecia. O amor está referenciado nesses textos, mas sublimado ou contido noutras palavras ou expressões: dom de si, caridade, verdade, bem comum, virtude, dignidade humana, liderança responsável, princípios ético-sociais, serviço, bondade, responsabilidade social, santidade. Realizei, no entanto, que a palavra “amor” fazia toda a diferença. Era a palavra que me inquietava e me desinquietava. Era a palavra que, dita na selva dos negócios, verdadeiramente embaraçava e comprometia. Era a palavra que envolvia totalmente. Era a palavra que me expunha ao ridículo

perante os meus pares da economia e me fazia temer por mim mesmo e, portanto, era a palavra que tornava Cristo presente nas empresas. E na minha vida. Ao partilhar com outros líderes empresariais, percebi que sucedia o mesmo com todos. Um a um, reunião após reunião. Amor na economia, amor na gestão empresarial, mas como? Fechámo-nos em salas para medir as consequências de dizer em público a palavra “amor” nas empresas. As empresas onde grupos cristãos se reuniram para debater este tema pareciam catacumbas, sítios de fé e de esperança, de segredo e de medo. Os líderes empresariais vivem focados em serem competentes. Também devem cuidar da competência enquanto cristãos e essa competência mede-se pela alegria que damos a Deus a cada dia da nossa liderança empresarial. Não há competência cristã sem amor e, por isso, por muito que nos desafie e desconcerte, um líder empresarial cristão competente gere a sua empresa com amor. * Presidente da ACEGE

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leitores atentos

RENOVE A SUA ASSINATURA Faça o pagamento da assinatura através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da Consolata, ou através de multibanco, cheque ou vale postal. Ou ainda por transferência bancária: NIB 0033 0000 00101759888 05. Refira sempre o nú­­me­ro ou nome do assinante. Na folha on­de vai escrita a sua direção, do lado esquerdo, encontra o ano pago e o seu número de assinante. Agradecemos que os nossos es­ti­mados assinantes renovem a assinatura para 2013. Só as assinaturas atualizadas poderão beneficiar do pequeno apoio do Estado ao porte dos correios. Os do­­na­tivos para as missões são de­dutíveis no IRS. Se desejar recibo, deverá enviar-nos o seu número de contribuinte. Muitos leitores chamam à FÁTIMA MISSIONÁRIA “a nossa revista”. É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 100 mil leitores. Ela é mesmo nossa! Somos uma grande família.

Diálogo aberto Escrevo esta pequena carta com

palavras de saudades duma pessoa que partiu e que nunca mais vai olhar para mim com o olhar de ternura e de paz. Mas escrevo para a FÁTIMA MISSIONÁRIA, e a quem a ler desejo tanto amor como eu sentia. Padre Carreira, fiquei tão triste quando li a notícia que Deus te chamou. Chorei, recordei o padre e amigo que foste para mim. Há muitos anos que sou assinante da revista: é uma riqueza para mim ler coisas maravilhosas e outras que nos deixam uma mágoa profunda no coração. Há 12 anos que vou a Fátima a pé, saindo da minha terra, Vouzela, para agradecer a Deus 6

RETIROS ESPIRITUAIS FÁTIMA MISSIONÁRIA 2013/2014 Abertos a todos

19 de outubro 2013 Tema: Missionários na mente, na boca e no coração Orienta: padre Darci Vilarinho 7 de dezembro 2013 Retiro do Advento Tema: A missão de Jesus e a nossa missão no Evangelho de São Mateus (Ano A) Orienta: padre Albino Brás 18 de janeiro 2014 Tema: “Ajudar os outros: que honra!” Retiro sobre a figura do padre João De Marchi Orienta: padre Aventino Oliveira 8 e 9 de março 2014 Retiro da Quaresma Tema: “Deus ama quem dá com alegria” Orienta: padre Elísio Assunção

9 de junho 2014 Retiro dos familiares dos Missionários/as da Consolata Tema: Missionários na mente, na boca e no coração Orienta: padre António Fernandes ◆ Os retiros têm início às 10h00 e terminam às 18h00. ◆ O retiro da quaresma (8 e 9 de março) termina com o almoço do dia 9. ◆ O retiro do dia 9 de junho tem início às 16h00. Preços: ◆ Só inscrição: 5,00€ ◆ Retiro de um dia: 12,50€ (inscrição, almoço e materiais) ◆ Retiro de dois dias: 35,00€ (inscrição, alojamento, refeições e materiais) Inscreva-se em: assinaturas@fatimamissionaria.pt

3 de maio 2014 Tema: “Fazei tudo em união com Maria” Orienta: padre Norberto Louro

FÁTIMA MISSIONÁRIA

e a Nossa Senhora por mim, por toda a minha família e por todo este mundo. E quando chegava aí, deixava tudo e ia visitar-te, meu padre. Tu mandavas-me entrar com um sorriso e logo com um olhar de ternura dizias: filha, como é que tu fizeste tantos quilómetros a pé e estás aí como se não sentisses o cansaço? E eu respondia: padre, estou e sinto-me muito feliz. Enquanto Deus e Nossa Senhora me derem força e saúde para trabalhar a mim e a toda a minha família, nunca os vou abandonar (…). E tu, meu amigo, abrias o teu coração contando coisas bonitas da tua vida. Davas-me conselhos, despedia-me de ti com lágrimas

nos olhos e pensando: para o ano já cá estou novamente para te ver. Agora, peço-te que lá do céu peças a Deus por mim e por toda a minha família. Tantas vezes pedias pela minha filha e tantas palavras lindas que me escreveste. Obrigado por tudo. Vais ficar sempre no meu coração até quando Deus me der vida até um dia estar ao teu lado, se eu merecer. Adeus padre Carreira. MARIA DE FÁTIMA

Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA Tel. 249 539 460

Sem comentários. Obrigado, dona Fátima. E volte sempre. DV


horizontes

PRECISO DE AJUDA! texto TERESA CARVALHO ilustração HUGO LAMI Alice entrou e sentou-se. Avaliou o técnico que a recebia num misto de esperança e descrença. Esta era apenas mais uma porta a que batia e um interlocutor mais a quem contava a sua história e a do seu filho. Respostas? Já nem sabia se acreditava nelas, mas a verdade é que continuava a procurá-las como um autómato. – É pelo meu Beto que estou aqui. Queria trazê-lo comigo mas ele acha que não precisa de ajudas. Já percorri tudo o que me indicaram, mas ninguém até agora me pôde ajudar. Este é o meu último recurso. – É admirável a sua persistência, dona Alice! – É, mas sinto-me cansada e a lutar contra a corrente. Esta luta dura desde o ano passado, quando o Beto mudou de escola. Passava o tempo com os amigos, não estudava… era notória a desorganização, a falta de

higiene, mas todos me diziam que era mesmo assim. No entanto eu conhecia o meu filho. Vi sinais, mas nem queria ver. O pai tirou férias para estudar com ele. Mesmo assim, o Beto não se esforçou e perdeu todas as disciplinas. Mudou a forma de ser e de se comportar. Já nem o conheço. Sei que o meu filho se alcooliza e se droga. Não quero perdê-lo! Ajude-me! Os olhos cansados de Alice, ainda ganharam algum brilho, como o de um menino enquanto espera a notícia de um prémio. O técnico, sem jeito, teve de dizer-lhe o que ela temia: – Mas, dona Alice, nenhum apoio será eficaz se o Beto não aceitar! – Isso é o que todos me dizem, mas que faço enquanto ouço o “não?” Fico a vê-lo destruir-se? – Tem razão! Em conjunto planearemos uma estratégia. Mas, desde já, gostaria de falar com a mãe de uma jovem que passou por situação semelhante à do seu filho, e conseguiram um sucesso total? – Ela teve sucesso mesmo? Graças a Deus! Será que essa senhora me receberia?

Os contactos foram feitos. Do outro lado da linha Judite nem vacilou: poder ser força de mudança na vida de um outro jovem, de outra família, era motivação suficiente. As duas mães marcaram encontro – urgente – porque ambas sabiam como um dia de angústia é longo, e quantos fantasmas povoam obsessivamente o pensamento. Claro que a história de Judite e de Alice não são iguais. Claro que os filhos de ambas viveram realidades diferentes. Mas em comum, as duas mães tinham a determinação de proteger os seus filhos, ambas decidiram não parar enquanto os filhos se autodestruíam; ambas olharam os medos pessoais, as culpas, as vergonhas, e decidiram que tudo isso valia “nada” face ao valor do filho que decidiram querer salvar. Juntas alimentaram a esperança no Beto, e, recordando fracassos e sucessos, reafirmaram a certeza do poder do amor e da capacidade do homem se recriar e reinventar, mesmo quando parece que o único caminho é desistir.

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mundo missionário texto E. ASSUNÇÃO fotos LUSA

CONFRONTOS NA FRONTEIRA INSEGURANÇA ALIMENTAR NA SOMÁLIA ATINGE ENTRE QUÉNIA E ETIÓPIA MAIS DE 200 MIL CRIANÇAS SEMEIAM DESTRUIÇÃO Mortos e feridos, assim como enormes prejuízos materiais em Moyale, no norte do Quénia, na África Oriental, são o resultado da violência entre as tribos Gabra, Burji e Borana. Milhares de famílias das proximidades da fronteira da Etiópia continuam deslocadas em consequência dos confrontos iniciados em meados de agosto. Foram incendiadas casas, paralisadas empresas e fechadas 32 escolas. A tensão na zona mantém-se elevada e, segundo a Cruz Vermelha do Quénia, cerca de 40 mil pessoas atravessaram a fronteira em busca de refúgio. Muitas outras fugiram para os distritos de Wajir e Marsabit, onde estão presentes os Missionários da Consolata. Na região aumenta a escassez de alimentos e outros bens, uma vez que muitos armazéns foram incendiados e os fornecimentos suspensos. Os confrontos terão tido origem na disputa de terras de pastagens e água para os rebanhos, principal meio de subsistência das populações. “Milícias estrangeiras” estarão também envolvidas na violência.

As diminutas colheitas e os elevados preços dos cereais deixam mais de 870 mil pessoas dependentes da ajuda alimentar na Somália. A situação de insegurança mantém-se grave desde a fome de 2011. Segundo o organismo das Nações Unidas para a alimentação (FAO), será necessário socorrer estes somalis, a grande maioria deslocados, até ao fim do ano. Apesar dos ténues progressos, a insegurança alimentar ameaça mais de 200 mil crianças e suas famílias. “A maioria destas pessoas vive em acampamentos em condições de vida muito precárias e estão dependentes de planos de subsistência marginais e pouco confiáveis”. Muitas vezes os “guardas” dos campos de deslocados desviam a ajuda, face ao escasso controlo de organizações humanitárias que não têm acesso às populações necessitadas de alimentos. O coordenador dos assuntos humanitários na região, John Ging, afirmou que “são enormes” as necessidades humanitárias da Somália e apelou à comunidade internacional para investir no país.

Rezai pelo Santo Padre Fui para Roma há um ano e, se bem me lembro, não

Tobias Oliveira, missionário da Consolata português em Roma

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houve quem me desse os parabéns porque ia viver perto do Papa Bento XVI. Venho agora de férias e parece que de repente toda a gente está interessada em saber se falei com o Papa Francisco e em conhecer a minha opinião sobre ele. Devo ainda acrescentar que os meus interlocutores já têm uma opinião formada e querem apenas saber se a minha opinião confirma a deles. Sabe-se a respeito de Jesus que ninguém, ao vê-lo e ouvi-lo, ficava indiferente e que quem não estava com ele estava contra ele, e eu penso que o mesmo acontece hoje com o Papa Francisco. Homem da palavra simples


GOVERNO VOLTA-SE PARA DIREITOS DAS MULHERES INDÍGENAS DO MÉXICO

NA MONGÓLIA CRESCE A MAIS JOVEM IGREJA DO MUNDO

“Nuestras Raíces Nos Unen” – as nossas raízes unem-nos – foi o tema do encontro organizado pelo governo do México sobre populações indígenas. Está em marcha um esforço para reduzir o fosso existente entre os géneros, oferecendo iguais oportunidades a homens e mulheres. O governo mexicano manifestou a intenção de uniformizar as leis sem distinção de género, favorecer o desenvolvimento económico e social, criar financiamentos e programas específicos, oferecer instrução, segurança pública e justiça às populações indígenas. Estas, e em particular as mulheres, só poderão aceder ao lugar que merecem e a que têm direito na sociedade mexicana se os seus direitos forem reconhecidos, valorizados e respeitados. Recorde-se que o México é um país multiétnico com 2.433 municípios, dos quais 871 são indígenas, que constituem o fundamento cultural da nação.

Os grandes progressos que estão a ocorrer na Igreja da Mongólia são geralmente desconhecidos. Com cerca de 20 anos de existência, a Igreja católica môngola nascida depois da queda do comunismo, é hoje dirigida pelo seu primeiro bispo, Wens Padilla, na qualidade de “prefeito apostólico”. A população do país é prevalentemente nómada, sem o menor conhecimento do cristianismo à chegada do bispo Padilla. Alcoolismo, abusos domésticos, pobreza extrema e serviços sociais precários ou inexistentes, eram chagas que torturavam grande parte dos três milhões de habitantes deste extenso e longínquo país, hoje com seis igrejas católicas. Os Missionários da Consolata estão na Mongólia desde 2003, com um grupo de três missionários e quatro missionárias. A maior parte dos católicos conta apenas com o apoio de catequistas locais para enraizar o Evangelho na cultura e na vida quotidiana dos mongóis, dada a inexistência de padres e religiosas locais. Os primeiros dois seminaristas do país estudam atualmente na Coreia. “Creio que a história do bispo Padilla e do incrível impacto da Igreja Católica da Mongólia possa ser fonte de grande inspiração para os católicos da Austrália”, afirmou o diretor nacional das Obras Pontifícias deste país, numa visita à Mongólia.

e do gesto espontâneo, comove e move as multidões. O seu convite para um dia de jejum e uma vigília de oração pela paz na Síria e no mundo juntou cem mil pessoas na praça de São Pedro a 7 de setembro. Não hesito em chamar-lhe profeta e espero que o mundo inteiro escute a sua voz. Ao mesmo tempo não esqueço que todos os profetas sofreram perseguições, e por isso vos convido a responder com generosidade ao pedido que ele fez no dia da sua eleição e frequentemente repete: “Rezai por mim!” Sim, rezemos pelo Santo Padre.

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a missão hoje

A população do Bairro do Zambujal participa ativamente nas celebrações religiosas

DEZ ANOS A CONSTRUIR PONTES NO ZAMBUJAL Os missionários e missionárias da Consolata preparam-se para celebrar uma década de trabalho pastoral no Bairro do Zambujal, na Amadora texto LUÍS MAURÍCIO foto E. ASSUNÇÃO Há 10 anos que os missionários e missionárias da Consolata, a pedido do Patriarcado de Lisboa, decidiram começar a percorrer as ruas do Bairro do Zambujal, no concelho da Amadora. Rastos marcados pela diversidade de rostos multiculturais encorajaram os primeiros passos deste novo desafio, que se iniciou com a descoberta dos sinais de vida escondidos nos lares, muitas vezes fechados pelo medo e a discriminação. Há 10 anos que sem mapas, sem contactos nem projetos traçados – só o zelo pelo Evangelho – os 10

primeiros missionários se fizeram ao caminho, bairro acima, bairro abaixo, aproximando-se dos marginalizados, visitando os doentes, criando laços com os moradores cristãos, gerando devagar a nova comunidade. Foi uma década a procurar proximidade, a fazer amizades, a construir pontes, a integrar a diversidade. Muitas pessoas foram protagonistas e testemunhas do nascimento das novas forças, traduzidas em atividades, e que pouco a pouco, foram ganhando forma e identidades concretas: grupo COMUZA (comunidade das mulheres do Zambujal), grupo KERIGMA, grupo Bíblico, Catequese, Grupo JES (jovens em sintonia), aulas de alfabetização. A evangelização e a promoção humana têm andado juntas no trabalho missionário desenvolvido nestes anos. Fruto disso, conseguiu-se construir uma comunidade cristã intercultural sólida, viva e muito


palavra de colaborador

Neste mês de outubro, a comunidade dos missionários e missionárias da Consolata que moram no Bairro do Zambujal celebram uma década de serviço à missão, em conjunto com um povo que respira a alegria da multiculturalidade, vive a riqueza da diversidade e o espírito evangélico da simplicidade

comprometida na tarefa de anunciar a Boa Nova. No compromisso social, tem sido dada prioridade à formação juvenil, através da Fundação da Associação Caza, também conhecida como Centro Artístico do Zambujal. A preocupação tem sido educar através da arte e desporto, elementos chave para o crescimento da mente e para a conquista de um espírito saudável. No fundo, o que se pretende é que todas estas ações tenham impacto e contribuam para que exista um mundo melhor. Neste mês de outubro, a comunidade dos missionários e missionárias da Consolata que moram no Bairro do Zambujal celebram uma década de serviço à missão, em conjunto com um povo que respira a alegria da multiculturalidade, vive a riqueza da diversidade e o espírito evangélico da simplicidade. As comemorações, centralizadas no Centro Consolação e Vida, começam dia 25, às 21h00, com uma tertúlia missionária. No dia seguinte, à mesma hora, realiza-se um momento cultural e no domingo, 27 de outubro, será celebrada uma missa, dedicada à vida e à missão, seguida de almoço.

TODOS PODEM SER APÓSTOLOS texto DARCI VILARINHO Maria José Guimarães é natural de Água Longa, Santo Tirso. Enfermeira de profissão, soube transformar esse serviço numa missão mais alargada. É de longa data nossa colaboradora direta. Aqui fica o seu rico testemunho: “Desde muito nova, através dos padres Carreira e Pequito, tive conhecimento do Instituto Missionário da Consolata. Com o passar dos anos, a minha paixão pelo Allamano e pela Consolata foi crescendo, até ao momento em que percebi de uma forma consciente que, como batizada, tinha o compromisso de ser missionária, o que me levou a colocar-me ao serviço da missão na e com a Consolata. Como leiga e membro integrante da Família Consolata, tenho colaborado em várias atividades no Instituto, sobretudo na FÁTIMA MISSIONÁRIA, em diversas vertentes. Tem sido um trabalho onde posso colocar ao serviço, de um modo velado, ao jeito do Allamano, «sem ruídos», os dons que Deus me deu. Nem sempre o caminho tem sido fácil, mas quero ser sempre fiel à minha vocação missionária laical e ao Instituto. Como diz o beato Allamano, «nem todos podem partir para as missões, mas todos podem ser apóstolos no seu país e nas suas casas»”.

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a missão hoje

POR UMA IGREJA LOCAL E MISSIONÁRIA O Concílio Vaticano II pôs em evidência que seja próprio de cada batizado e de todas as comunidades cristãs o dever missionário, o dever de alargar os confins da fé

texto MARTA VILAS BOAS* foto FM A partir do Concílio Vaticano II operou-se um grande avanço na forma de conceber a missão e a atividade missionária dentro da Igreja. No entanto, num tempo em que celebramos os 50 anos deste grande acontecimento, ainda que a nível teórico se registem avanços significativos, na prática pastoral ainda há muito caminho a fazer.

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Desde a nossa experiência no Centro Missionário da Arquidiocese de Braga (CMAB) que nos deparamos com a necessidade de uma séria reflexão sobre a animação missionária para ir dando passos para a interiorização de uma nova consciência missionária, que os cristãos e as igrejas locais deverão ir vivendo e articulando. A animação missionária não pode continuar a ser encarada como uma ‘componente’ da atividade pastoral da paróquia ou diocese. Ela deve ser a dimensão da mesma. Não deve ser um capítulo (último e pequenino) mas sim o tom pela qual tudo se pauta. Infelizmente ainda vamos encontrando, com alguma abundância, uma perceção da animação missionária como sendo a realização de algumas campanhas de solidariedade e sensibilização para a problemática dos países chamados de Terceiro Mundo, com a consequente visão dos missionários como sendo um conjunto de homens e mulheres “especialistas” que a Igreja envia, mas que não são sua pertença. Esta visão faz com que em muitos casos, ainda hoje, a atividade missionária se converta num apêndice relativamente marginal da

pastoral ordinária e, quando aparece essa preocupação, esta é amiúde intermitente, como se fosse um apartado pelo qual se pode ou não optar, e não como uma atividade essencial e fundante de toda a Igreja. É verdade que vão aparecendo algumas comunidades que se vão sentindo interpeladas e nelas vai nascendo uma nova consciência missionária. Mas dada a importância desta tarefa, vai-se descobrindo a necessidade imprescindível do ministério do animador missionário. Assim, é nosso objetivo criar formas novas de despertar este ardor missionário nas nossas comunidades locais, a partir de dentro, como fermento na massa… fazendo parte, sendo uma mais valia para a fundamental atividade de levar Jesus a todos aqueles que ainda não ouviram falar d’Ele ou, de algum modo, já d’Ele se esqueceram. *Diretora do CMAB


destaque

NAÇÕES UNIDAS TEMEM A SOMALIZAÇÃO DO PAÍS

REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA À BEIRA DA INGOVERNABILIDADE texto CARLOS CAMPONEZ foto LUSA A tomada do poder na República Centro-Africana por parte das forças de Michel Djotodia, chefe da coligação rebelde que tomou o controlo da capital, Bangui, a 24 de março último, está longe de trazer a normalidade: pilhagens, agressões físicas, detenções arbitrárias e a tortura têm adensado o clima de medo, engrossando o número de deslocados e colocando o país à beira da ingovernabilidade. Segundo afirmou o presidente francês, François Hollande, em agosto, a grave crise política e humanitária terá já causado cerca de um milhão e meio de deslocados. Numerosas cidades foram abandonadas e as populações estão sem acesso a cuidados de saúde, água e alimentos. Dados disponibilizados pelo arcebispo de Bangui e várias organizações não governamentais a operar na região indicam que cerca de 60 mil centro-africanos enfrentam graves necessidades de alimentos e mais de 200 mil tiveram de abandonar as suas casas, desde dezembro. Face aos riscos de uma somalização da República Centro-Africana e do esquecimento internacional do conflito, o presidente francês apelou para que as Nações Unidas intervenham no país, uma posição que tem vindo a ser reiterada pelos altos funcionários da ONU que estão no terreno.

mas considera-se que este corpo especial não poderá fazer mais do que controlar a capital e as principais vias de acesso, tendo em conta que falamos de um país com 4,6 milhões de habitantes e com uma extensão equivalente à França e à Bélgica juntas. No início de setembro, o Conselho Nacional de Transição, constituído por representantes da sociedade civil e das diferentes confissões religiosas, definiu um acordo em Roma, na Comunidade de Santo Egídio, onde se reafirma a escolha irreversível do povo da República Centro-Africana pela democracia

pluralista e pelo compromisso com a reconciliação e a consolidação da coesão e unidade nacional. No documento, apela-se para que todos os atores políticos proíbam “todas as formas de ação e propaganda feitas para incitar à violência, ao ódio étnico, regionalista, religioso e sexista, “comprometendo-se a lidar com a política nacional, em nome do respeito mútuo, da liberdade de expressão e de aceitação mútua”.

A estratégia declaratória

Mas, dada a situação complexa do país, estes princípios correm o risco de fazerem parte do que o novo representante especial das Nações Unidas para a República Centro-Africana, o senegalês Babacar Gaye, definiu como “a estratégia declaratória” das autoridades de Bangui, face ao agravamento da situação do povo centro-africano.

Cerca de 60 mil centro-africanos enfrentam graves necessidades de alimentos e mais de 200 mil tiveram de abandonar as suas casas, desde dezembro

Apelo de Roma para a paz

A União Africana decidiu enviar uma força de 3.600 soldados, equipados e treinados pela França, Outubro 2013

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atualidade

“FENÓMENOS MIGRATÓRIOS ESTÃO A GERAR UMA NOVA VISÃO DO MUNDO” Alberto Trevisiol, missionário da Consolata e reitor da Universidade Urbaniana, considera urgente a procura de respostas para uma melhor integração dos missionários africanos no contexto europeu. E alerta para os desafios pastorais originados pelo aumento do fenómeno migratório texto e foto FRANCISCO PEDRO FÁTIMA MISSIONÁRIA O aumento de vocações africanas e a diminuição de missionários europeus pode levantar problemas de identidade ao Instituto Missionário da Consolata (IMC) e às congregações religiosas em geral? Alberto Trevisiol Esse é um fenómeno muito complexo. Atualmente, quase metade dos membros do IMC é africana. Com uma constatação muito simples. Enquanto os missionários provenientes de África são numerosos e jovens, os europeus estão a diminuir e a ficar velhos. O que quer dizer que hoje a força de trabalho missionário do IMC apoia-se muito nos africanos. Este é claramente um aspeto positivo. Porém, não podemos esquecer que estes missionários, quando entram no contexto europeu, têm o mesmo choque cultural que enfrentaram os missionários europeus quando foram para a África. Com uma diferença substancial: os missionários europeus, quando iam para a África, encontravam mais rapidamente um espaço onde realizar o projeto que levavam. Os africanos, quando entram no contexto europeu, encontram uma complexidade cultural, institucional, económica e política muito mais difícil. Aqui surge o problema. Não é só a questão da língua, é a questão da compreensão e do impacto. É uma coisa sobre a qual nunca refletimos 14

suficientemente, se o impacto com esta cultura ocidental é construtivo ou destrutivo. FM Qual é a sua opinião? AT Durante um longo período será destrutivo, porque não temos uma reflexão africana para encontrar respostas para a complexidade do mundo europeu. E não a tendo, quase não a supomos, o que é outro erro. Quando nós partíamos para a missão, tínhamos um ‘background’ de teologia, de filosofia e também de cultura social e política que sonhávamos transportar para outro continente. Agora, consegue imaginar-se um africano a dizer que transporta a sua bagagem de cultura, filosofia, e visão da vida para o ocidente? É impensável, porque historicamente não estariam prontos a elaborá-la,

Os fenómenos migratórios estão a gerar uma nova visão do mundo, da religião, uma nova visão antropológica do homem

mas também nós não estaríamos prontos a acolhê-la. Por isso, há um curto espaço de tempo para encontrar uma forma de sucessão para que no ocidente se faça missão em africano. FM Há hoje uma mobilidade muito grande a nível mundial. Os missionários estão preparados para responder a este fenómeno? AT Os fenómenos migratórios estão a gerar uma nova visão do mundo, da religião, uma nova visão antropológica do homem. Já ninguém se sente só português ou só italiano. Somos algo mais. E é este algo mais que será preciso evangelizar. É este algo mais que pode constituir desafios notáveis para os missionários. E qual é o drama? Que os missionários diminuem e que estas perspetivas não são propostas quando se fala de vocações. A forma como se propõem as vocações é uma realidade que pertence ao passado, também porque os animadores já têm uma certa idade. FM O que é ser missionário nos dias de hoje? AT É conseguir dialogar com o mundo em mudança. Se continuamos a falar com uma visão teológica certa e segura, mas que ninguém entende, não é a teologia que é posta fora, somos nós que somos marginalizados. Quando um missionário já não sabe sentir a mudança, não prejudica o Evangelho (que é Jesus), prejudica os destinatários do Evangelho e prejudica-se a si mesmo. Isto acontece também na vida concreta. Quantos padres certamente santos ou que deram a vida pela missão temos perto de nós, mas que não procuramos sempre que aparece uma dificuldade, pois preferimos falar com um menos santo, mas que entenda aquilo que estamos a viver. Os missionários deveriam ser estas sentinelas que olham à sua


Se continuamos a falar com uma visão teológica certa e segura, mas que ninguém entende, não é a teologia que é posta fora, somos nós que somos marginalizados volta, que percebem aquilo que está a mudar e procuram ir ao encontro. FM O Papa Francisco está a dar uma nova imagem da Igreja, baseada na simplicidade. Esta forma de estar pode abrir novos caminhos de missão?

Perfil Alberto Trevisiol, missionário da Consolata, nasceu em abril de 1948,

AT Até agora o Papa Francisco não disse nada de novo. A sua teologia é uma teologia tradicional. Ainda não ouvimos um discurso de renovação teológica da boca deste jesuíta. Mas está a mudar a Igreja. Porquê? Por aquilo que ele é. Ele é cristão, é Evangelho. Tenho a sensação que poderá fazer tudo o que quiser. Poderá até cometer erros, mas a mudança que está imprimindo não depende daquilo que faz, mas daquilo que ele é. E ele é assim. Autenticamente assim. É um padre, um cristão, um discípulo de Cristo. E está a levar a Igreja a perguntar-se como fazia para não ser assim. Este é para mim o grande momento que estamos a viver. Um homem normal, que faz as coisas normais, que nos está interpelando porque é que Igreja não era assim… e pode ser assim.

em Eraclea, província de Veneza, Itália. Foi ordenado sacerdote em dezembro de 1974. Foi vice-superior geral do Instituto Missionário da Consolata (IMC), é doutorado em História da Igreja e professor de Missiologia na Pontifícia Universidade Urbaniana (Roma), onde também exerce o cargo de magnífico reitor.

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atualidade

“A MISSÃO VIVE E TEM SENTIDO”

Maria João Lopes, passou um mês na Costa do Marfim a exercer medicina voluntária

O verão foi fértil em emoções fortes para os 40 jovens missionários leigos, da Família Consolata, que participaram em campos de férias, em Portugal e no estrangeiro. Independentemente da fé de cada um, no final, todos regressaram diferentes texto FRANCISCO PEDRO foto DR “Parti em busca de um caminho que há muito procurava, voltei passados 27 dias com a fé que há tanto me fugia. Voltámos, sem dúvida, todos mudados, mas tenho a felicidade de dizer que voltei tendo encontrado aquilo que procurava e muito mais”. Miguel Mata, 21 anos, estudante de medicina, residente na Ericeira, Sintra, sintetiza assim a sua participação num dos quatro campos de férias que o Instituto Missionário da Consolata (IMC) organizou este verão. 16

O surfista viajou integrado num grupo de 10 elementos, até à Costa do Marfim. Recebeu o primeiro “banho” de acolhimento missionário na missão de Marandallah (onde trabalha o sacerdote português João Nascimento), mas foi em Dianra que passou por “uma experiência inesquecível”. Partilhou duas semanas de atividades numa colónia infantil e descobriu uma forma diferente de olhar para o essencial. “Vivi a energia de 20 jovens que dedicam semanas inteiras a entreter, educar e ensinar a viver as crianças, numa atitude pioneira completamente oposta à sua cultura e que terá certamente repercussões em toda a sociedade; uma energia que faz mais de 200 jovens católicos percorrer numa procissão cantante e dançante uma aldeia em que 97 por cento das pessoas são muçulmanas; uma energia que realmente nos faz acreditar! Senti-me em casa, a mais de 3.300 quilómetros, e senti que realmente a missão vive e tem sentido!”.

Maria João Lopes, 23 anos, residente na Guarda e finalista de medicina, também foi à Costa do Marfim e não imaginava o quanto lhe iam ser úteis a bata branca e o estetoscópio, que arrumara a um canto da mala. “Em cinco anos dedicados à medicina, nunca me tinha sentido tão útil, tão preenchida, tão integrada como naquele centro de saúde onde falta muito, mas onde sobra ainda mais. Sobra humanismo, amor, partilha, profissionalismo, sobra espírito de sacrifício”, conta a jovem, que passou um mês frenético, dividida entre os partos, as consultas, os trabalhos de laboratório e a vacinação no Centro de Saúde Católico Nossa Senhora da Consolata.

Combater as coisas fúteis

O testemunho destes dois voluntários ilustra bem o impacto que uma aventura desta dimensão pode ter na vida de quem a experimenta. “São experiências que marcam profundamente os jovens porque os questiona, seja


“Em cinco anos dedicados à medicina, nunca me tinha sentido tão útil, tão preenchida, tão integrada como naquele centro de saúde onde falta muito, mas onde sobra ainda mais. Sobra humanismo, amor, partilha, profissionalismo, sobra espírito de sacrifício” primeiro grupo partiu em finais de julho, o último regressou em princípios de setembro. Para lá levaram expectativa, para cá trouxeram convicção.

na sua existência, seja na sua fé. E leva-os a ver a vida por outro prisma, que tem mais a ver com o essencial e não com as coisas fúteis e superficiais com que são confrontados muitas vezes aqui na Europa”, explica Luís Maurício, coordenador dos campos de férias missionários. Dentro da linha de inovação e mudança que a região portuguesa do IMC tem vindo a imprimir, este ano foi lançado um desafio aos jovens para a participação em quatro campos de férias – um na Costa do Marfim, outro na Tanzânia, o terceiro na Polónia e o quarto no Bairro do Zambujal, no concelho da Amadora. O mais complicado foi assegurar a logística, tendo em conta a dispersão geográfica do projeto. Ultrapassado este obstáculo, passou-se a uma segunda fase. A seleção dos voluntários. Dos 60 inscritos, foram escolhidos 40, depois de analisado o currículo e o fundamento motivacional. O

Na Tanzânia, os jovens portugueses instalaram-se na missão do Ubungo, nos arredores de Dar es Salaam. O objetivo era ajudarem a reabilitar dois infantários, um em Ubungo e outro em Moshi, localidades onde estão a trabalhar dois missionários da Consolata. O padre português Casimiro Torres e o recém-ordenado Tesha Antipas, que desenvolveu trabalho pastoral com os jovens de Águas Santas, quando esteve em Portugal como seminarista.

Aposta com futuro

Na Costa do Marfim, os leigos missionários desdobraram-se em deslocações para conhecerem os locais onde a Consolata pretende construir escolas para combater o elevado índice de analfabetismo, e em contactos para criarem pontes para futuros intercâmbios com jovens marfinenses. Um pouco diferente foi o campo de férias na Polónia. O desafio era caminhar durante dez dias, numa peregrinação ao Santuário de Czestochowa, com 4.000 crentes, muitos deles estudantes universitários. O calor e as bolhas nos pés emprestaram uma dose de sofrimento extra à caminhada. Mas a “generosidade” dos polacos, ao longo de todo o percurso, fez esquecer as provações. Além de oferecerem comida e água,

alguns moradores até puseram “as mangueiras do lado de fora da casa para nos podermos refrescar”, recorda Raquel Gonçalves, de 20 anos, residente na região do Porto. Finalmente, em território nacional, os jovens selecionados para o campo de férias no Bairro do Zambujal dividiram-se no apoio ao trabalho pastoral da equipa de missionários que trabalha naquela zona. Feito o balanço, “com nota positiva”, as atenções viram-se já para o próximo ano. “Queremos continuar a apostar” neste tipo de ações, que vão mais além do que meras “experiências filantrópicas”. “Os jovens, pelo menos alguns, andam à procura de transcendência. E esta nova maneira de presenciar a missão abre-lhes janelas, para poderem redescobrir a presença de Deus no mundo. Para os que têm fé, ela torna-se mais forte, para os que não a têm, ficam com as portas abertas para o caminho da procura”, conclui Luís Maurício.

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dossier

ALERTA Ataque causa indignação global

QUÍMICA DE GUERRA NA SÍRIA A revolta armada contra Bashar al-Assad dura há dois anos e meio e o regime parecia estar a aproveitar as divisões na oposição, sobretudo entre moderados e seguidores da Al-Qaeda. Mas as fotos em finais de agosto de centenas de pessoas mortas num ataque químico nos arredores de Damasco geram indignação global e a América ameaça agora intervir. Al-Assad nega o uso de armas químicas, mas aceita uma proposta russa para desistir desse tipo de armamento a fim de evitar os ataques dos mísseis americanos texto LEONÍDIO PAULO FERREIRA* fotos LUSA As imagens dos corpos das crianças mortas a 21 de agosto em Ghouta, um bairro periférico de Damasco sob controlo da oposição, surgem nos noticiários televisivos e fazem 18

a capa dos jornais pelo mundo fora. Ao fim de dois anos e meio de guerra civil, o regime liderado por Bashar al-Assad parece ter ultrapassado todos os limites e a

América prepara-se para atacar. Contudo, os governantes sírios negam ter usado armas químicas e sugerem ter-se tratado de um erro de manipulação dos rebeldes, com material fornecido pela Arábia Saudita, um dos países interessados na queda da família Al-Assad, no poder na Síria há quatro décadas. Barack Obama conta de imediato com a solidariedade britânica para uma intervenção militar, mas a determinação do Presidente americano fica abalada pela recusa do parlamento britânico em votar uma declaração de guerra à Síria. Na memória está ainda a inexistência de armas de destruição maciça nas mãos de Saddam Hussein, apesar de ter sido esse o motivo para a guerra no


Iraque que o derrubou em 2003. Também não agrada aos deputados britânicos que o ataque aconteça sem o aval da ONU. E a presença de fundamentalistas islâmicos ligados à Al-Qaeda, caso da frente Al-Nusra, igualmente gera hesitações em Londres, partilhadas, aliás, pelo congresso americano, pouco disposto a apoiar a ação bélica de Obama. A retórica ofensiva contra a Síria está nas mãos de John Kerry, o secretário de Estado americano. Um deslize verbal deste no início de setembro dá oportunidade à Rússia, velha aliada da Síria, de apresentar uma proposta prevendo o desarmamento químico da Síria. Num primeiro momento, Assad informa que tipo e quantidade de

Existe um sério risco de a guerra civil resultar na fragmentação da Síria, um mosaico de comunidades, apesar da maioria sunita. Também há o perigo de Turquia, Irão e Israel intervirem e assim o conflito alastrar a todo o Médio Oriente químicos possui, depois, em 2014, entrega-os. Assim se evitaria um ataque internacional.

armar grupos que, em alguns casos, se comportam como terroristas e ameaçam as minorias religiosas.

No terreno a guerra civil, que já fez cem mil mortos e causou dois milhões de refugiados, prossegue. O regime conta com armas fornecidas pelo Irão e pela Rússia (que também o protege na ONU) e recorre às milícias libanesas do Hezbollah quando necessita. Os rebeldes contam com o apoio dos turcos, do Qatar e dos sauditas, menos hesitantes que os ocidentais em

A cartada da ameaça às minorias, sobretudo aos cristãos, é jogada pelo regime para ganhar apoios internos e simpatias externas. E é verdade que as várias igrejas cristãs, assim como os drusos, têm hesitado em suportar a rebelião, apesar desta ter chegado a ter como líder interino o cristão Georges Sabra, um oposicionista histórico. A própria família Al-Assad pertence a Outubro 2013

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uma corrente minoritária do islão xiita, representando talvez um décimo dos 21 milhões de sírios. Existe um sério risco de a guerra civil resultar na fragmentação da Síria, um mosaico de comunidades, apesar da maioria sunita. Também há o perigo de Turquia, Irão e Israel intervirem e assim o conflito alastrar a todo o Médio Oriente. Uma saída negociada para a crise não é impossível, mas surge como improvável. Os rebeldes exigem a demissão de Assad antes de tentarem qualquer partilha de poder. A ONU, entretanto, confirmou que foi usado gás sarin na Síria, mas sem designar a autoria, mesmo que exija à comunidade internacional que puna os responsáveis. E a Rússia tenta travar a todo o custo a intenção americana de incluir uma punição militar em caso de não cumprimento pela Síria do acordo para se livrar das suas armas químicas. A incerteza é total. *jornalista do DN

DA LIBERTAÇÃO DOS TURCOS À REVOLTA CONTRA A FAMÍLIA AL-ASSAD Islamizada logo no século VII, a Síria viu Damasco tornar-se capital dos califas Omíadas. Durante a Idade Média sofreu o ataque dos cruzados, que deixaram marcas no país, sobretudo vestígios de arquitetura militar europeia como o famoso Krak des Chevaliers. Depois de séculos de domínio turco, seguiu-se um breve período de colonização francesa.

1918 As tropas árabes de Faiçal,

filho do xerife de Meca, entram em Damasco com auxílio das forças 20

Bashar al-Assad é acusado da utilização de armas químicas num conflito que já entrou no terceiro ano

O OFTALMOLOGISTA Segundo filho de Hafez al-Assad, Bashar nasceu em setembro de 1965 e apesar de militante da juventude do partido Baas ninguém lhe imaginava um futuro político. Estudante de Medicina na Universidade de Damasco, especializou-se em oftalmologia num hospital militar da capital síria entre 1988 e 1992, seguindo depois para Londres, para obter melhor preparação. Foi, aliás, na Grã-Bretanha que o filho do Presidente sírio conheceu a atual primeira-dama Asmaa, com raízes numa família muçulmana sunita

britânicas. Terminam quatro séculos de Síria como província do Império Otomano.

1919 Na Conferência de paz de

Versalhes, que se seguiu à derrota dos impérios alemão, austríaco e turco na Primeira Guerra Mundial, o emir Faiçal defende o direito dos árabes a governarem-se a si próprios.

que há anos trocara o Médio Oriente pela Europa. Hoje Asmaa é mãe dos três filhos do Presidente sírio, sendo acusada pela oposição de ser uma fútil só interessada em luxos e alheia aos horrores da guerra. A propaganda governamental, porém, usa a sua beleza para dar um ar humano ao regime e são inúmeras as fotos em que surge em atos que pretendem exibir uma certa normalidade num país em guerra civil há dois anos e meio. A vida de Bashar muda em 1994 com a morte do seu irmão Basil num acidente de carro. De repente, Hafez al-Assad precisa de outro herdeiro

1940 Durante a Segunda Guerra

Mundial, a Síria fica sob controlo do Eixo, depois da derrota francesa frente aos alemães.

1941 Britânicos e tropas da França Livre tomam Damasco. O general De Gaulle promete conceder a independência.

1946 Partida dos últimos militares 1920 Faiçal é proclamado rei de uma franceses. grande Síria que inclui a Palestina. As potências europeias desfazem o novo reino árabe, com a França a dominar a Síria e o recém-criado Líbano, enquanto a Grã-Bretanha tutela a Palestina. Faiçal deixa o país e mais tarde será rei do Iraque.

1936 França concorda com uma

futura independência síria, mas com presença militar francesa.

1947 O cristão Michel Aflak

e o muçulmano Salah al-Din al-Bitar fundam o Partido Baas, que defende o socialismo e a unidade árabe.

1958 Síria e Egito formam a

República Árabe Unida, com o egípcio Gamal Abdel Nasser como líder. Ordenada a dissolução dos


Turquia

político e faz o segundo filho deixar Londres e regressar a Damasco. Depois segue-se uma passagem pela academia militar em Homs, onde ganha a patente de coronel. Com a morte do pai em 2000, tudo está preparado para a sucessão, com os militares, o Baas e a seita alauita (sobretudo o clã familiar) a unirem-se pela continuidade. A própria Constituição é revista para permitir um Presidente de 34 anos. Promovido a secretário-geral do Baas, Bashar é também feito marechal e em julho de 2000 um plebiscito confirma-o como chefe do Estado, com 97 por cento dos votos. Promete lutar contra a corrupção, modernizar a sociedade e abrir a economia. Mas, se os críticos ganham alguma margem de início, logo voltam a ser silenciados e presos. A abertura é uma mistificação.

por sinais contraditórios de abertura ao diálogo. Os protestos pacíficos evoluem para a luta armada e Bashar al-Assad vê-se odiado mundo fora, com a Rússia a protegê-lo na ONU e o Irão a apoiá-lo no terreno. Apoiado sem reservas pelos alauitas, a sua comunidade, Bashar al-Assad entrega lugares-chave no governo e nas forças armadas a familiares. Ao mesmo tempo, garante o apoio das restantes minorias religiosas étnicas, receosas da queda do regime laico que sempre as protegeu. Acusado pela comunidade internacional de ser um ditador com as mãos sujas de sangue, garante estar a defender a Síria dos terroristas. Com a mesma convicção, nega as acusações de ter usado armas químicas.

Com a chegada da Primavera Árabe à Tunísia, Egito e Líbia, também a Síria sente no início de 2011 os ventos de desafio ao regime. A resposta é dura e intervalada

partidos políticos, incluindo o Baas, que apoiou a união.

1961 Revolta militar corta laços com Egito.

1963 Novo golpe militar dá o poder ao Baas.

Iraque Jordânia

Uma nação árabe NOME OFICIAL República Árabe Síria. ÁREA 185 mil km2 (duas vezes Portugal) POPULAÇÃO 21 milhões (antes da guerra civil). CAPITAL Damasco (Alepo é a outra grande cidade). LÍNGUA Árabe (curdo falado no norte). RELIGIÃO Islão (com forte maioria sunita e minorias alauita, druza e ismaelita) e cristianismo (10 por cento).

2005 As últimas tropas sírias

Muçulmana na cidade de Hama. Repressão violenta faz dezenas de milhar de mortos.

1967 Terceira Guerra Israelo-Árabe

2000 Morte de Hafez al-Assad.

O seu filho Bashar assume a presidência e promete maior liberdade política. Cerca de 600 presos políticos são libertados.

2001 Papa João Paulo II visita

1976 Síria intervém na guerra civil a Síria, onde um décimo da libanesa, defendendo o equilíbrio

Damasco

1982 Revolta da Irmandade

al-Assad e provável sucessor, morre num acidente de automóvel.

o poder, al-Assad faz-se eleger presidente num plebiscito.

Israel

SÍRIA

2002 Síria no grupo de países

e presos. Hafez al- Assad torna-se ministro da Defesa.

1971 Meses depois de ter assumido

Líbano

entre as comunidades e o domínio dos cristãos maronitas herdado da colonização francesa.

1966 Líderes civis do Baas derrubados 1994 Basil, filho mais velho de

é desastrosa para a Síria. Israel ocupa os montes Golã.

Mar Mediterrâneo

Alepo

do “Eixo do Mal” definido pelos americanos. retiram do Líbano.

2007 Aviões israelitas destroem

umas instalações no Norte da Síria, suspeitas de serem um projeto nuclear.

2011 Protestos contra o regime

de Bashar al-Assad em Damasco e Dera. Repressão leva a mais protestos pró-democracia e ao início da luta armada.

2013 Regime, suspeito de usar

armas químicas, é ameaçado pela América de bombardeamentos.

população é cristão.

Outubro 2013

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gente nova em missão

DESAFIO Tens vergonha de falar de Jesus?

IDE E FAZEI DISCÍPULOS! Olá amiguinhos! Como correram as vossas férias? De certo com muitas experiências para partilharem com os amigos. Este mês é dedicado às missões. “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). É este o mandato de Jesus para os seus discípulos e para todos nós que, pelo batismo, recebemos a responsabilidade de anunciar a Boa Nova de Jesus texto CLÁUDIA FEIJÃO ilustrações RICARDO NETO

“Cristo nos convida: «Venham, meus amigos!» Cristo nos envia: «Sejam missionários!»”. Que resumo fabuloso do que Jesus pediu aos discípulos e nos pede a nós. Jesus convida todos a seguirem-no, a sentirem e viverem o Seu amor. E envia-nos para que os outros também conheçam e possam viver esse amor. Quando recebem uma notícia maravilhosa não a contam a todos os que se cruzam convosco? A Boa Nova de Jesus é essa notícia maravilhosa que tem de ser anunciada a todos. Não pode ficar connosco. Tem de ser anunciada aos que nunca ouviram falar dele. Mas o anúncio do Evangelho de Jesus não pode ser somente por palavras. É essencial testemunhar pessoalmente o amor de Deus. Como? Vivendo como Jesus viveu: uma vida alegre ao serviço dos outros que são nossos irmãos, para que também eles se sintam amados por Deus e encontrem nesse amor a felicidade de uma vida nova e a possam também testemunhar. Os missionários são exemplo da entrega da própria vida ao serviço dos outros. Tal como os discípulos, deixam tudo para anunciarem o amor de Jesus àqueles que ainda não O conhecem. “Mas eu ainda sou pequeno, como posso ir em missão?”, perguntaram-me uma vez. Expliquei que com a oração e ajudando os outros já estaria “em missão”, pois Jesus mostrou-nos o Seu amor, colocando-se ao serviço dos mais necessitados. Desta forma, podia ser missionário de Jesus, por exemplo, na escola, e até na família. Entretanto lembrei-me que, uns dias antes, tinha visualizado

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Vives sempre alegre ao serviço dos outros? Sabes que a tua presença é mais valiosa do que o dinheiro? Respondeu-me que ia tentar cumprir. E vocês já cumprem todos estes “princípios”? Ainda falta um ou outro? Há que continuar a “praticar” … sempre!

um vídeo no YouTube sobre dez “princípios” dos pequenos missionários e disse-lhos em jeito de “teste de sim e não”: conheces Jesus, amas como Jesus e não tens vergonha de falar de Jesus? Agradeces sempre e dás graças ao Senhor? Rezas todos os dias pelos meninos de todo o mundo? Vês a todos como irmãos? Pensas sempre no “nós” em vez de no “eu”? Dás e partilhas? És generoso, mesmo

que tenhas de fazer sacrifícios? Procuras e encontras soluções? Vives sempre alegre ao serviço dos outros? Sabes que a tua presença é mais valiosa do que o dinheiro? Respondeu-me que ia tentar cumprir. E vocês já cumprem todos estes “princípios”? Ainda falta um ou outro? Há que continuar a “praticar” … sempre!

SABIAS QUE A Obra da Santa Infância ou Infância Missionária tem como lema “Crianças ajudam Crianças”? Podes saber mais sobre a Infância Missionária em www.opf.pt e, quem sabe, “desafiar” a tua comunidade a formar um grupo.

MOMENTO DE ORAÇÃO Senhor abençoa todos aqueles que anunciam a Boa Nova de Jesus, principalmente onde há conflitos e opressão. E abençoa as crianças de todo o mundo para que animadas pelo espírito missionário tenham sempre o coração disponível e generoso para ajudar os irmãos que mais precisam. Pai Nosso... Outubro 2013

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tempo jovem

AMIGOS OU CONHECIDOS?

Há bem pouco tempo tive a oportunidade de fazer parte de uma equipa que tinha como desafio organizar uma noite diferente num bar. A ideia era refletir e vivenciar, através da escrita criativa e da música, uns dos maiores sentimentos que tem atravessado a franja da história da humanidade sem perder fôlego nem intensidade: a amizade texto LUÍS MAURÍCIO foto FM Acompanhados pela mão de Antoine de Saint-Exupéry, navegámos nessa bela noite pelas páginas do clássico livro do Principezinho. Esta personagem, através da sua intensa procura de “amigos”, fez-nos descobrir que o sentimento da amizade, quando é 24

profundamente vivido, torna-se por excelência um gerador autêntico de relações interpessoais, boas e saudáveis. Pessoalmente acho que o sentimento da amizade é um daqueles que melhor veicula o “verdadeiro amor”, inclusive aquele

tipo de amor capaz de entregar a própria vida. Pelo menos assim o testemunhou o Jovem e Valente rapaz de Nazaré quando não hesitou em afirmar: “Não há maior amor que dar a vida pelos amigos; já não vos chamo servos, chamo-vos amigos; quem encontrou um amigo encontrou um tesouro”.

O desafio

Se concordarmos que a amizade tem como alicerce o verdadeiro amor, não podemos então fugir da condição essencial que exige o amor: tempo para escutar, partilhar e conhecer. É assim que se cultiva uma verdadeira relação de amizade.


Pergunto-me se neste mundo acelerado em que vivemos, onde todos nós andamos sedentos de tempo, ainda é possível “encontrar” amigos ou “tornar-se” um verdadeiro amigo. Partilhando um café com uma pessoa maravilhosa que conheci, acabei por lhe confidenciar que ultimamente tenho tido a forte necessidade e vontade de “fazer menos” e “estar mais” com as pessoas. A minha capacidade de amar corre perigo se começo a abdicar do meu tempo para fazer amigos.

Quanto mais laços criarmos, mais capazes seremos de compreender o sentido desta vida. Quanto mais horas passarmos a escutar os outros, mais assertivos seremos nas nossas escolhas. Quanto mais vezes sentirmos o calor de um abraço sincero, mais humanos seremos na nossa capacidade de amar e deixar-se amar. Quanto mais amigos formos, mais amigos teremos com quem compartilhar esta louca aventura de viver e sentir

A chave

O Principezinho, enquanto anda à procura de verdadeiros amigos, terá um dos encontros mais enigmáticos e reveladores da essência e da existência no campo da amizade. É na conversa com a sábia raposa que o pequeno príncipe dará o salto de qualidade no seu caminho de crescimento e maturidade afetiva. Para fazer verdadeiros amigos é preciso desenvolver a arte de “cativar”. Cativar, diz a raposa, significa “criar laços”. Só amamos e conhecemos aquilo que cativamos. Eis a tática e estratégia da grande “Religião do Amor” apresentada e proposta já há mais de dois mil anos por Jesus. Curiosamente uma das etimologias da palavra Religião significa “ligar-se outra vez”, com aqueles com quem andamos ultimamente afastados: Deus, os homens, a natureza, o universo.

A felicidade

“Mas se tu me cativas, a minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente

dos outros. Os outros passos fazem-me entrar debaixo da terra, o teu chamar-me-á para fora da toca, como se fosse música”. Eis a grande diferença que existe entre ter amigos ou simplesmente conhecidos. A amizade gera escuta e partilha, comunicação e compreensão mútua, afeto e interesse pelo outro, confiança e sinceridade, disponibilidade e compromisso livre e desinteressado. Esta curiosa maneira de amar é a única que nos pode ajudar a crescer como pessoas, a conhecer-nos e a conhecer os outros. A vida constrói-se na base de laços e relações autênticas. Não vale a pena enganar-se ao pensar que temos “muitos amigos” pelo facto de partilhar algumas linhas ou fotografias no mundo virtual ou digital. Esse tipo de comunicação só cria sentimentos momentâneos e passageiros, não fazem “grownding”, dificilmente vão ao fundo. A neurociência, num estudo feito há mais de dez anos, provou

que a amizade é uma das fontes mais grandiosas de felicidade humana. Portanto, é preciso dedicar mais do nosso tempo a criar laços autênticos. Quanto mais laços criarmos, mais capazes seremos de compreender o sentido desta vida. Quanto mais horas passarmos a escutar os outros, mais assertivos seremos nas nossas escolhas. Quanto mais vezes sentirmos o calor de um abraço sincero, mais humanos seremos na nossa capacidade de amar e deixar-se amar. Quanto mais amigos formos, mais amigos teremos com quem compartilhar esta louca aventura de viver e sentir.

Outubro 2013

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sementes do reino

PARTILHAR O EVANGELHO texto PATRICK SILVA foto FM Outubro, mês missionário por excelência, é motivo para refletir sobre a missão e a sua urgência no contexto atual. O Papa Francisco, na mensagem escrita para o Dia Missionário Mundial (20 de outubro), começa por recordar que, este ano, o evento é reforçado pela conclusão do Ano da Fé. A fé “é um dom que não se pode conservar exclusivamente para si mesmo, mas deve ser partilhado; se o quisermos conservar apenas para nós mesmos, tornamo-nos cristãos isolados, estéreis e combalidos. O anúncio do Evangelho é um dever que brota do próprio ser discípulo de Cristo e um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja”.

Leio a Palavra

Mt 28,19-20 Despedindo-se dos seus discípulos, Jesus deixa-lhes uma missão: ir, fazer, batizar e ensinar. São vários os verbos usados para explicitar a missão que os discípulos devem continuar após a “partida” de Jesus. Não se trata de uma novidade: o Evangelho recorda que Jesus

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tinha enviado os seus discípulos às aldeias e cidades vizinhas, onde Ele mesmo deveria ir, mas agora a missão torna-se ainda mais abrangente: os discípulos devem ir e anunciar em todas as nações. A missão agora é universal e dinâmica. Uma certeza deverá acompanhar os discípulos: não estarão sozinhos, porque Jesus os acompanhará sempre...

Saboreio a Palavra

O trecho evangélico recorda a missão que Jesus deixou aos discípulos de então, mas também aos discípulos de hoje. As palavras de Jesus devem encontrar ressonância nas comunidades de hoje, como encontrou nas comunidades de então. A missão será sempre o termómetro da comunidade.

Rezo a Palavra

é para ser partilhado com todos. A missão, deixada por Jesus aos discípulos, está longe de ser uma missão concluída, pois, continuam sendo muitos aqueles que hoje desconhecem Jesus. Se uma vez se pensava que só os “distantes” é que desconheciam Jesus, hoje são talvez os meus vizinhos de casa que não sabem quem é Jesus. Assim, o testemunho, o anúncio fazem-se mais atuais. Precisamos de redescobrir o nosso empenho de anunciadores. Precisamos de repetir como São Paulo: “Ai de mim se não evangelizar”. Se nos esquecermos desta missão, seremos cristãos sem vida. A missão é a resposta para dinamizar as nossas comunidades “adormecidas”, acomodadas. Precisamos de nos “espevitar” para ir ao encontro daqueles que não conhecem o Salvador: Jesus Cristo.

Reze com o salmo 67 (66), sentindo-se parte desta imensa família dos povos que louvam o Senhor do Universo.

Vivo a Palavra

Como recorda o Papa Francisco, a fé não é um dom exclusivo, mas

A fé “é um dom que não se pode conservar exclusivamente para si mesmo, mas deve ser partilhado; se o quisermos conservar apenas para nós mesmos, tornamo-nos cristãos isolados, estéreis e combalidos...”


intenção missionária

A PALAVRA FAZ-SE MISSÃO OUTUBRO

06 27º Domingo Comum

Hab 1, 2-3; 2, 2-4; 2Tim 1, 6-14; Lc 17, 5-10 A vitalidade da nossa fé “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor…”. Ó Pai, que nos ouves se tivermos fé nem que seja como um grão de mostarda, dá-nos a humildade de coração e o teu Espírito de fortaleza para cooperarmos com todas as nossas forças no crescimento do teu reino.

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28º Domingo Comum 2Reis 5, 14-17; 2Tim 2, 8-13; Lc 17, 11-19 Dá glória a Deus “Não foram dez que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? Segue o teu caminho: a tua fé te salvou”. Ó Deus, fonte da vida temporal e eterna, faz com que não te procuremos só para a saúde do corpo. Que neste dia santo cada irmão possa glorificar-te pelo dom da fé e a Igreja inteira seja testemunha da tua salvação.

20 29º Domingo Comum

Ex 17, 8-13; 2Tim 3, 14-4, 2; Lc 18, 1-8 É Dia Missionário Mundial “Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?” A resposta está em cada um de nós. Reza neste dia para que no mundo se dilate a fé e para que ela cresça no teu coração. Ó Deus nosso Pai, que pelas nossas mãos levantadas, dás a vitória ao teu povo, olha para a tua Igreja hoje recolhida em oração: que ela cresça

no serviço do bem e anuncie a toda a terra a tua palavra de salvação.

27 30º Domingo Comum

Sir 35, 15-22; 2Tim 4, 6-18; Lc 18, 9-14 Com fé e entusiasmo “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé… O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem”. Que a tua Igreja, Senhor, sobretudo neste mês missionário, acorde para a realidade da missão, proclame o teu Evangelho e se fortaleça na fé e no entusiasmo. DV

Para que a celebração do Dia Missionário Mundial torne todos os cristãos conscientes de serem não só destinatários mas também anunciadores da Palavra de Deus

De evangelizado a evangelizador Chegou o tempo de se “oferecer a todos os fiéis uma iniciação cristã exigente e atrativa, comunicadora da integridade da fé e da espiritualidade radicada no Evangelho, formadora de agentes livres no meio da vida pública”, disse Bento XVI em 2010 aos bispos portugueses. Sendo assim, “não nos podemos mais contentar em evangelizar alguém apenas até um certo ponto. É imperioso e urgente sentir e viver a necessidade de evangelizar o outro até que ele sinta a necessidade de se transformar ele próprio em evangelizador”, concluem os bispos de Portugal. A Igreja existe para evangelizar, porque essa é a sua vocação e a sua identidade mais profunda. Este serviço fundamental revigora a nossa fé e dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. Dentro desta tarefa, todo aquele que se deixa evangelizar não o deve fazer unicamente para consumo próprio, para cultivar a sua fé e renovar a sua vida espiritual. Terá que ir mais além: tornar-se ele próprio, um apóstolo, um evangelizador, um missionário. Para que outros recebam o que ele recebeu, e se possam tornar, por sua vez, comunicadores da Palavra e da Vida de Deus a outros irmãos. DV

Outubro 2013

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o que se escreve MÉTODO DOLF DESENVOLVIMENTO ORAL, LINGUÍSTICO E FONOLÓGICO

A MISSÃO É SIMPÁTICA Esta nova publicação da Editora Consolata resulta da seleção de um conjunto de crónicas publicadas na revista FÁTIMA MISSIONÁRIA, ao longo de 20 anos. “Contei as coisas como elas aconteceram; parecem ingénuas, mas a pessoa evangeliza como é, na totalidade física e moral. Toda a pessoa evangeliza, não só com teorias, não só com escolas de carácter teológico ou filosófico, ou com o que aprenderam, mas com a sua pessoa, com a sua personalidade”, explica o próprio autor, padre Norberto Louro. Para Carlos Liz, especialista em estudos de mercado e de opinião, “é um livro atrevido, de um homem atrevido, que se mete com os outros de forma criativa e aberta”. Há muito esperado pelos leitores de FÁTIMA MISSIONÁRIA, aí está um livro bem ilustrado com gravuras e cheio de bom humor e de espírito missionário. Autor: Norberto Ribeiro Louro 190 páginas | preço: 12,00€ Consolata Editora

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O método DOLF (Desenvolvimento Oral, Linguístico e Fonológico) é uma boa ferramenta para auxiliar na aprendizagem da fala, da leitura e da escrita. Usa estratégias multissensoriais que permitem à criança ver, falar, fazer o gesto e escrever. Dirige-se a qualquer criança a partir dos quatro anos, com ou sem dificuldades de fala, de linguagem ou de aprendizagem da leitura e da escrita. Bom para o apoio dos pais, educadores, terapeutas da fala, psicólogos ou outros técnicos que tenham um bom domínio de todos os sons do português. Autores: Ana Severino e Joana Rombert Ilustração: Cristina Malaquias 72 páginas | preço: 12,50€ Editora Papa-Letras

PORQUÊ BATIZAR O MEU FILHO?

“Que importância e que grandeza há no nosso batismo! Que alegria, que graça, que dom é o ser-se batizado! A que grande esperança somos chamados e dela somos já participantes através do batismo!” São conclusões a que o leitor pode chegar com a leitura deste livrinho elaborado pelo cardeal Jorge Medina Estevez e que constitui um chamamento a viver este sacramento com autenticidade, verdade e coerência. Autor: Cardeal Jorge Medina Estevez 62 páginas | preço: 6,00€ Paulus Editora

A VOCAÇÃO DO LÍDER EMPRESARIAL

Os líderes empresariais são chamados a comprometer-se com o mundo económico e financeiro contemporâneo à luz dos princípios da dignidade humana e do bem comum. Esta reflexão do Conselho Pontifício Justiça e Paz oferece a esses líderes empresariais, aos membros das suas instituições e aos diversos interessados um conjunto de princípios práticos que os podem guiar no seu serviço do bem comum. Em anexo vem uma lista de questões úteis para o discernimento do líder empresarial. Autor: Conselho Pontifício Justiça e Paz. 30 páginas ilustradas | preço: 5,00€ Paulus Editora

LEVE DEUS NO CORAÇÃO REFLEXÕES JESUÍTAS PARA TODO O ANO

Aqui está um livro que apela à espiritualidade e ao discernimento para melhor enfrentarmos os múltiplos desafios que a vida nos coloca e construirmos a nossa paz interior. São apresentadas breves reflexões extraídas do projeto Essejota.net, uma iniciativa da Companhia de Jesus em Portugal, onde se fala de uma forma nova do mistério humano e da fé. Num mundo cheio de ruídos e inquietações, o livro é útil para quem busca a paz interior e quer dar sentido à própria vida. Coordenação de António Valério e José Maria Archer 294 páginas | preço: 14,90€ Edição Leya e Oficina do Livro


o que se diz QUEM É JESUS?

“Uma luz que resplandece nas trevas significa que Alguém anda à nossa procura. Não encontro outra imagem mais bonita para começar a falar de Jesus: Jesus é a luz que Deus acende para nós”. É o cardeal Carlo Maria Martini que o afirma e confirma neste precioso livrinho: um texto simples e essencial para quem se aproxima do pensamento deste grande bispo e biblista, e uma síntese eficaz para quem quer conhecer e amar a figura de Jesus. Autor: Carlo Maria Martini 64 páginas | preço: 6,00€ Paulus Editora

HOMEM NOVO PROCURA-SE

Trata-se de uma coletânea de homilias, reflexões e temas que o autor editou no 20.º ano da sua ordenação diaconal. Com tais reflexões, o autor “pretende partilhar com os seus leitores o valor que encontrou no Amor de Deus, manifestado em Cristo, para saborear na vida as tensões de eternidade que emergem dos acontecimentos”, sabendo que “para qualquer humano que busque a verdade, será fácil, se o faz com humildade, descobrir-se como fruto da Misericórdia divina”. Autor: António de Vasconcelos Costa 170 páginas | preço: 16,00€ Edição do autor

Cuidar e deixar-se cuidar “Vivemos num mundo – exterior e interior – onde nem sempre cuidamos de nós mesmos e tão pouco uns dos outros. Por isso, a linguagem e os sinais com que o Papa Francisco nos tem desafiado apresentam algo que tem tanto de simples como de surpreendente… embora sintamos que é disso que precisamos: humanizar as nossas relações culturais com o essencial, sem disfarces nem exoterismos”. António Sílvio Couto | Notícias de Beja | 12 de setembro de 2013

Inalienável dever e direito “Cabe aos pais o primeiro e inalienável dever e direito de educar

os filhos. Por isso, além de fazerem o seu trabalho de casa, «devem gozar de verdadeira liberdade na escolha da escola» (GE). E o poder público, a quem pertence proteger e defender as liberdades dos cidadãos, deve cuidar que sejam concedidos subsídios públicos, para que os pais possam realizar essa escolha sem constrangimentos e segundo a própria consciência”. Agostinho França | Família Cristã | setembro de 2013

Tirar as meias e pôr os pés no chão “A fé vive da força do Espírito Santo, do ‘fogo’ que ilumina, aquece,

alimenta, purifica e transforma. Essa chama que queima o coração e nos impele a amar mais. A fé vive do ‘fogo’ novo que queima meias verdades, meias vontades, meias liberdades, meias opiniões. A fé faz-nos, por isso, tirar as ‘meias’ e colocar os pés no chão…” Nuno Santos | Mensageiro de Santo António | setembro de 2013

A velhice de uma nação “Como se pode assinalar a velhice de uma nação? Pela decadência

dos habitantes que a vivem e compõem; pela inferioridade da média geral; pela ausência desoladora de uma elite condutora, com clareza de ideias, com elevação moral, com capacidade de ação; pela existência gritante de massas apáticas, indiferentes, entregues ao consumismo intoxicante e à estreita materialidade”. Joaquim Palminho Silva | A Defesa | 4 de setembro 2013

Quando a organização se sobrepõe “Tal como o Estado, a Igreja foi engordando ao tornar-se

proprietária de muita coisa. E corre o seriíssimo risco de rebentar. A este propósito, o nosso Papa Francisco – atento a esta evidência mantida e alimentada pelas dioceses e pelas paróquias – disse há tempos que a Igreja se afasta do seu caminho e se torna burocrática ao criar organizações e serviços. E até foi mais longe: «Quando a organização se sobrepõe, o amor diminui e a Igreja (…) transforma-se numa ONG»”. Jorge Cotovio | Correio de Coimbra | 12 de setembro de 2013

Outubro 2013

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gestos de partilha

COSTA DO MARFIM Daniel Piedade 5,00€; Idalina Rodrigues 75,00€; Fátima Matias 20,00€; José Pereira 100,00€; Cândida Barros 100,00€; José Neves 94,00€; Maria Jordão 10,50€; João Leão 50,00€; Anónimo 9,00€; Maria José Moreira 10,00€; Conceição Policarpo 150,00€; Manuel Oliveira 13,00€; Bárbara Silva 5,00€; Conceição Ribeiro 3,00€; José Cruz 3,00€; Beatriz Barros 50,00€; Alberto Tavares 20,00€; Helena Fernandes 5,00€; Margarida Fernandes 3,00€; José Figueiredo 4,50€. Total geral = 7.065,65€. BOLSA DE ESTUDO Alberto Laranjeira 500,00€; Noémia Canavarro 20,00€; Luísa Reis 250,00€. MALOCA PARA TODOS Bárbara Silva 5,00€. GURUÉ MOÇAMBIQUE António Ribeiro 5,00€. OFERTAS VÁRIAS Rosa Ribeiro 43,00€; Agostinho Gameiro 40,00€; José Santos 111,00€; Sofia Figueiredo 33,00€; Anónimo 40,00€; Filomena Felizardo 33,00€; Maria Cruz 65,00€; Anónimo 50,00€; Maria Luz Febra 43,00€; Alberta Pereira 43,00€; Helena Barros 60,00€; Deolinda Barros 50,00€; Amélia Bastos 43,00€; Agostinho Fernandes 93,00€; Cecília Santos 33,00€; Lurdes Carvalho 26,00€; Paulo Martel 43,00€; Maria Lourenço 43,00€; José Santos 32,00€; Conceição Parreira 30,00€; Rosa Filipe 66,00€; Ermesinde Guerra 150,00€; Efigénia Neves 113,00€

Contactos Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 ÁGUAS SANTAS MAIA | Telefone 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Quinta do Castelo | 2735-206 CACÉM | Telefone 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRAGA | Telefone 253 691 307 | braga@consolata.pt Rua Padre João Antunes de Carvalho, 1 | 3090-431 ALQUEIDÃO | Telefone 233 942 210 alqueidao@consolata.pt Rua Estrada do Zambujal, 66 - 3º D | Bairro Zambujal | 2610-192 AMADORA | Telefone 214 710 029 | zambujal@consolata.pt Alameda São Marcos, 19 7º A e B |2735-010 AGUALVA-CACÉM |Telefone 214 265 414 |saomarcos@consolata.pt

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vida com vida

com a idade que tenho?” Em 1973 entrou para o nosso Instituto, fez o noviciado e foi ordenado sacerdote em 8 de fevereiro de 1975. Enviado para o Quénia, lá missionou por algum tempo numa das zonas mais inóspitas e difíceis: a diocese de Marsabit.

PADRE KEVIN KINALLY

“DEUS PODE VIR QUANDO QUISER” texto AVENTINO OLIVEIRA ilustração H. MOURATO Durante a década de 1960, Kevin Kinally trabalhou na Índia como assistente social. Com trinta e tal anos, era para ele um prazer lidar com a maravilha que são as crianças. Mas via também a pobreza delas, a miséria material, as marcas de cicatrizes e doenças por falta de alimento e de higiene e de amor. E pouco a pouco uma ideia tenaz se apoderou dele: nele

e nessas crianças faltava algo de maxi-importante – a vida espiritual.

Os anos passaram, a saúde ia diminuindo e o coração físico ia perdendo a força. Mas no recôndito da sua alma crescia um sonho: viver ao pé da Virgem em Fátima e aí entregar a alma a Deus. Em 1986 para Fátima foi enviado para exercer o seu apostolado com peregrinos de língua inglesa. Aqui convivia com um dos maiores luminares do Instituto e da missão: o padre João De Marchi. Todos os dias, às três da tarde, iam os dois à Capelinha das Aparições rezar o terço. No dia 22 de dezembro de 1989, como sempre, o padre Kevin sentou-se na larga cadeira no seu quarto e foi rezando o terço à espera que chegasse o tempo de ir à Capelinha. A oração que murmurava era aquela cujo início Deus ensinara ao Anjo da Anunciação: “Ave-Maria, Cheia de Graça… Rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte…” Sentiu uma picada dentro do peito, à maneira talvez dos santos ao serem invadidos pela imensa Luz da Vida. Quando o padre De Marchi veio chamá-lo para o encontro com a Virgem na Capelinha, viu-o sentado com o terço na mão. Mas o encontro com a Virgem já o padre Kevin o tinha feito na morada eterna do Céu. Poucos dias antes tinha-me ele dito: “O meu coração está a ceder cada vez mais. Estou pronto, Deus pode vir quando quiser!” E Deus veio, com toda a sua Luz.

De volta ao seu país, a Inglaterra, foi procurando respostas. Encontrou um dia alguns seminaristas da Consolata, e ficou preso pelo espírito de fraternidade e pelo carisma missionário que os habitava. E Kevin teve um desejo: “E se também eu me tornasse um deles, mesmo Outubro 2013

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outros saberes

GUERRA CHAMA MAIS GUERRA texto NORBERTO LOURO foto LUSA No dia 8 de setembro passado, dia da Natividade de Nossa Senhora, o Papa Francisco, que continua a encantar-nos com palavras mansas, gestos enternecedores e atitudes de grande simplicidade, proximidade e familiaridade, levantou a voz para denunciar um mal que, naquele dia, parecia iminente e quase irreversível: a guerra na Síria: “Dirijo um forte apelo pela paz, um apelo que nasce

no íntimo de mim mesmo: Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência”.

naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população Síria”.

São afirmações que a sabedoria popular assim traduz:

Não aconteça, como diz a sabedoria popular: “A medicina (o diálogo) ensina a curar os doentes, a guerra a matar os sãos”.

“Guerra começada, só Deus sabe quando acaba” “A guerra e a ceia, começando se ateia”.

Esperamos que vença o amor traduzido assim: “Se queres paz, evita a guerra” (instaurando no mundo a justiça)

Continua o Papa Francisco: “Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor. Pensemos quantas crianças não poderão ver a luz do futuro”. E aponta o remédio: “Exorto a comunidade internacional a fazer todo o esforço para promover, sem demora, iniciativas claras a favor da paz

E não o ódio, disfarçado em medo e ameaça, armazenando e vendendo armas”: “Se queres paz, prepara a guerra”

O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência

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notas missionárias

NÃO É FÁCIL COMUNICAR Quem trabalha num país estrangeiro, com uma cultura diferente da sua, sabe a complicação que é desconhecer a língua e a cultura local texto CARLOS DOMINGOS ilustração HUGO LAMI Esforçar-se por se fazer entender e comunicar é um grande desafio e é grande a frustração querer transmitir algo que é muito claro na mente de quem comunica, mas que não se consegue exprimir adequadamente por falta de vocabulário e de conhecimento da cultura local. E depois vem a questão do Evangelho. Todos querem ter palavras adequadas para comunicar a mensagem de Deus. Não basta juntar palavras. É preciso construir frases com pensamentos que tenham sentido e que ajudem a descortinar o divino na mensagem. O recém-chegado missionário já tinha sido informado que era preciso preparar-se, porque em tal dia deveria presidir pela

primeira vez à celebração da Eucaristia em Madadeni. E ele tinha-se efetivamente preparado: escolheu cuidadosamente o tema, pensou na audiência principal e na maneira de falar. Queria dirigir-se especialmente aos homens daquela missão, entre outras coisas para quebrar o gelo e iniciar uma amizade duradoura. Obviamente queria fazê-lo na língua local, o Zulu, sem tradutor e sem ler o que tinha preparado. No domingo combinado lá começou ele: “Madada amathandekayo...”. Só que a emoção e a pressa tinham-no traído e ele tinha trocado uma vogal: o “a” pelo “o”: devia dizer “madoda” e não “madada”. Isto é: chamou “patos” aos “homens”. Uma gargalhada geral foi a resposta que obteve. Mas o seu esforço genuíno em comunicar e em querer dialogar, não obstante os seus limites, foram depois amplamente recompensados. Anos volvidos, ainda era carinhosamente conhecido pelo padre “Madada”.

Recordo-me, por exemplo, do encontro de Jesus com a samaritana, no qual usou palavras simples para transmitir uma verdade profunda a um coração sedento de água viva. As suas palavras confundem e desafiam, atraem e abrem mentes. Comunicou com essa mulher cruzando barreiras culturais junto de um poço aonde ela tinha ido buscar água, numa atividade normal do seu dia a dia. Outra água tinha Ele para lhe dar. E mudou o seu coração. Como é que escolhemos as nossas palavras: para estimular a vida ou para a bloquear?

Estes trocadilhos podem fazer-nos rir, mas os problemas de comunicação não são só de agora. O Evangelho está cheio de situações equivalentes, e o próprio Jesus inúmeras vezes recorria a trocadilhos para apontar uma verdade profunda. Outubro 2013

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fátima informa

NOSSA SENHORA DE FÁTIMA RECEBIDA NO VATICANO A imagem de Nossa Senhora de Fátima, venerada na Capelinha das Aparições, estará presente na Jornada Mariana, a 12 e 13 de outubro, no Vaticano, a pedido do Santo Padre. O Papa Francisco fará, na ocasião, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto SANTUÁRIO DE FÁTIMA O pedido do Papa emérito Bento XVI foi reconfirmado pelo Papa Francisco para que a imagem estivesse presente na celebração, promovida pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. A iniciativa, inserida no programa do Ano da Fé, tem como tema “Feliz és tu que acreditaste”. O encontro prevê, no dia 12, uma peregrinação ao túmulo do apóstolo São Pedro, bem como outros momentos de oração e de meditação. No dia 13, a imagem estará presente durante a celebração eucarística, presidida pelo Sumo Pontífice, na Praça de São Pedro, em que será feita a consagração.

por esse motivo, pensamos na amada estátua original de Nossa Senhora de Fátima”, escreveu Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, ao bispo de Leiria-Fátima, António Marto. Será um dos raros momentos em que a imagem sairá do santuário mariano português. Em Fátima, as celebrações em Roma serão acompanhadas por milhares de fiéis, reunidos na peregrinação internacional aniversária, presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone.

“É um desejo vivo do Santo Padre que a Jornada Mariana possa ter como especial sinal um dos ícones marianos mais significativos para os cristãos em todo o mundo e,

Santuário tem novo vice-reitor

O cónego Emanuel Silva é o novo vice-reitor do Santuário de Fátima. A nomeação do sacerdote, capelão do Santuário e diretor do Serviço de Pastoral Litúrgica, foi efetuada em setembro, pelo bispo de Leiria-Fátima. O cargo de vice-reitor está previsto no regulamento interno da instituição, mas não era ocupado há anos.

Centro Bento XVI inaugurado

O Centro Bento XVI, da União das Misericórdias Portuguesas, vai ser inaugurado a 1 de outubro. A unidade de cuidados continuados, especializada nas demências, 34

particularmente a doença de Alzheimer, situa-se junto ao Centro João Paulo II, em Fátima. A primeira pedra do edifício foi benzida por Bento XVI aquando da sua visita à Cova da Iria, em maio de 2010.

Jornadas de catequistas

“Chamados à salvação pela fé em Jesus Cristo” é o tema das jornadas nacionais que irá juntar em Fátima catequistas vindos de todo o país, de 4 a 6 de outubro. Os trabalhos incluem conferências, momentos de oração, bem como celebrações eucarísticas e ateliers diversos. O encontro decorre no Centro Pastoral Paulo VI.

Outubro em agenda 05 Conversas Contemporâneas da Consolata 05 Peregrinação da Família Franciscana 19 Retiro no Seminário da Consolata 26 Peregrinação da Legião de Maria


Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA tel: 249 539 460 | geral@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt

OUTRA VISÃO

DO MUNDO

| un’altra visione del mondo | mwingine mtazamo wa dunis another view of the world | otra visión del mundo | inny pogląd na świat une autre vision du monde | wona wunyowani wa lapo eine andere sicht der welt | djobe mundu di oto manêra 다른 세계관

APENAS

7 EUROS

POR ANO


SINTO QUE É POSSÍVEL Olho para o mundo e sinto que é possível Construir novos tempos de verdade Onde a ventura seja divisível Em partes iguais pela humanidade. Onde as práticas tenham forma justa, Os gestos a doçura de um espaço, Em que a paz seja estável e robusta Unindo os povos num eterno abraço. Maria Cecília Sobral Sousa


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