Ano LXI | Outubro 2015 | Assinatura Anual Nacional 7,00€ | Estrangeiro 9,50€
Brasil
50 anos de evangelização pioneira com os índios yanomami Na Amazónia A MISSÃO HOJE
De canoa e a cavalo pelas terras de missão Missionário português recorda as primeiras experiências na Colômbia
Mãos à obra
Reclusos aprendem a costurar na cadeia Voluntárias promovem projeto de formação em Moçambique
TESTEMUNHO DE CONSAGRADO
"Nunca tinha pensado em ser religiosa" Sílvia Moreira dá apoio a pessoas com doença mental em Angola
MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA Um abraço entre a fé e a vida
Como Maria São presença consoladora Em seu nome
Colocam as suas vidas e os seus recursos ao serviço dos mais frágeis
COLABORE COM OS MISSIONÁRIOS
Apoiando projetos de solidariedade contribuindo para a formação de futuros missionários oferecendo uma assinatura da FÁTIMA MISSIONÁRIA a um amigo visitando o Consolata Museu em Fátima e hospedando-se nas nossas Instalaçõs em Fátima
CONTACTOS Rua Francisco Marto, 52 – Apartado 5 | 2496-408 FÁTIMA – Tel. 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800–048 LISBOA – Tel. 218 512 356 | lisboa@consolata.pt
SUMÁRIO
Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 2496-908 FÁTIMA Nº 9 Ano LXI – OUTUBRO 2015 Tel. 249 539 430 / 249 539 460 Fax 249 539 429 redacao@fatimamissionaria.pt assinaturas@fatimamissionaria.pt www.fatimamissionaria.pt
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NÃO ESTÁ “ANOCAPELA CENTRO
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FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965 Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da Consolata Contribuinte Nº 500 985 235 Superior Provincial António Jesus Fernandes Redação Rua Francisco Marto, 52 2496-908 Fátima Impressão Gráfica Almondina, Zona Industrial – Torres Novas Depósito Legal N.º 244/82 Tiragem 24.100 exemplares Diretor Darci Vilarinho Diretor Executivo Francisco Pedro Redação Darci Vilarinho, Francisco Pedro, Juliana Batista Colaboração Albino Brás, Álvaro Pacheco, Ângela e Rui, Carlos Camponez, Cláudia Feijão, Elísio Assunção, Leonídio Ferreira, Patrick Silva, Teresa Carvalho; Diamantino Antunes – Moçambique; Tobias Oliveira – Roma Fotografia Lusa, Ana Paula, Elísio Assunção Capa Ana Paula e Contracapa Lusa Ilustração David Oliveira Design BAR Administração Cristina Henriques Assinatura Anual Nacional 7,00 € Estrangeiro 9,50€; Apoio à revista 10,00€ Benemérito 25,00€; Avulso 0,90€ Pagamento da Assinatura multibanco (ver dados na folha de endereço), transferência bancária nacional (Millenniumbcp) NIB 0033 0000 00101759888 05 transferência bancária internacional IBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05 BIC/SWIFT BCOMPTPL cheque ou vale postal (inclui o IVA à taxa legal)
03 | EDITORIAL Caminhos novos 05 | PONTO DE VISTA Inovador, não revolucionário 07 | HORIZONTES Desafiar-se 13 | DESTAQUE Aylan Kurdi, o ícone da nossa letargia 08 | MUNDO MISSIONÁRIO • Bispos africanos desafiam jovens • Crise aumenta pobreza e precariedade na Venezuela • México e Estados Unidos. Bispos contra expulsão de migrantes • Paquistão. Autorizada visita do pai a Asia Bibi na prisão • Presidente elogia papel da Igreja em Moçambique • No Nepal alunos estudam nas ruínas das escolas • Três milhões em grave risco de fome no Mali
TAREFAS PARA HOJE: ATUALIZAR A ASSINATURA DA FÁTIMA MISSIONÁRIA
10 | A MISSÃO HOJE Irmão Roger: o teólogo que falava de Deus com a sua vida 11 | PERFIL SOLIDÁRIO ‘Guerreira’ de Penamacor 12 | A MISSÃO HOJE De canoa e a cavalo pelas terras de missão 13 | FÁTIMA INFORMA Jovem concretiza sonho de visitar Fátima 14 | DOSSIER 22 | MÃOS À OBRA Reclusos aprendem a costurar para pagar estudos aos filhos 23 | TESTEMUNHO DE CONSAGRADO “Nunca tinha pensado em ser religiosa” 24 | GENTE NOVA EM MISSÃO Cuidar da casa comum 26 | TEMPO JOVEM Sons da missãoo 28 | SEMENTES DO REINO “Quem pode então salvar-se?” 30 | VIDA COM VIDA À sombra da cruz 31 | LEITORES ATENTOS 32 | GESTOS DE PARTILHA 33 | O QUE SE ESCREVE 34 | MEGAFONE
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EDITORIAL
CAMINHOS NOVOS Ao logo dos seus 60 anos de existĂŞncia, FĂ TIMA MISSIONĂ RIA tem-se preocupado sempre em apresentar aos seus leitores uma outra visĂŁo do mundo. A partir deste mĂŞs de outubro, a revista apresenta-se com um novo design e composição, numa linha mais moderna e atualizada. PorquĂŞ estas mudanças? NĂŁo ĂŠ pelo simples gosto de criar coisas novas ou por uma questĂŁo de competitividade. É porque desejamos que as coisas sejam bem feitas, com paixĂŁo, originalidade e harmonia. De certeza que os leitores vĂŁo gostar. Aguardamos as vossas apreciaçþes. No dia 18 de outubro celebra-se mais um Dia MissionĂĄrio Mundial. Francisco lembra a todos que “a missĂŁo ĂŠ uma paixĂŁo por Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, uma paixĂŁo pelas pessoasâ€?. Algo que, pelo batismo, ĂŠ pedido a todos, mas sobretudo Ă queles que seguem a Cristo na vida consagrada, sabendo muito bem que “quem segue Cristo nĂŁo pode deixar de se tornar missionĂĄrio, e sabe que Jesus ÂŤcaminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele, no meio da tarefa missionĂĄriaÂťâ€?. O decreto conciliar Ad gentes, publicado hĂĄ 50 anos, deu uma extraordinĂĄria abertura Ă missionação, mas hoje ĂŠ necessĂĄrio relĂŞ-lo Ă luz das novas exigĂŞncias do mundo e da Igreja, que nos pedem novos rasgos: partir para as grandes periferias, sedentas tambĂŠm elas da luz do Evangelho. A palavra de ordem ĂŠ “sairâ€?, tal como se lĂŞ na Evangelii Gaudium: “Cada cristĂŁo e cada comunidade hĂĄ de discernir qual ĂŠ o caminho que o Senhor lhe 04
FĂĄtima MissionĂĄria
pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada - sair da prĂłpria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelhoâ€?. E de novo vĂŁo estar em foco no Vaticano os problemas da famĂlia atravĂŠs da assembleia geral ordinĂĄria do SĂnodo, que vai ter lugar de 4 a 25 de outubro, sobre a “vocação e missĂŁo da famĂlia na Igreja e no mundo contemporâneoâ€?. VĂŁo ser analisadas e estudadas as propostas enviadas Ă Santa SĂŠ pelas conferĂŞncias episcopais, dioceses, organizaçþes catĂłlicas, universidades, centros de investigação e estudiosos. O cardeal Lorenzo Baldiserri, secretĂĄrio-geral do SĂnodo, reconhece que hĂĄ algumas “exclusĂľesâ€? na relação da Igreja com as famĂlias, e defende que ĂŠ preciso “ver se alguns destes muros podem ser derrubadosâ€?. HĂĄ “situaçþes de fragilidade, hĂĄ famĂlias feridasâ€?, mas ninguĂŠm deve sentir-se recusado ou “excluĂdoâ€? pela Igreja CatĂłlica. O SĂnodo nĂŁo ĂŠ um parlamento, mas um organismo consultivo, um espaço de diĂĄlogo entre os bispos, a cujas propostas certamente o Papa Francisco darĂĄ toda a atenção. DARCI VILARINHO
A PARTIR DESTE MĂŠS DE OUTUBRO, A REVISTA APRESENTA SE COM UM NOVO DESIGN E COMPOSIĂ‡ĂƒO, NUMA LINHA MAIS MODERNA E ATUALIZADA
PONTO DE VISTA
LEONÍDIO PAULO FERREIRA . JORNALISTA DO DN .
INOVADOR, NÃO REVOLUCIONÁRIO As origens, o estilo e até o nome que escolheu como Papa fazem de Francisco uma novidade na chefia da Igreja Católica, capaz de entusiasmar crentes e não crentes. Mas de inovador a revolucionário vai grande distância e aquilo que o Papa argentino, nascido Jorge Mario Bergoglio, tem feito nestes dois anos e meio de pontificado tem uma lógica que assenta na procura de modernização que a Igreja Católica assume pelo menos desde o Concílio Vaticano II, há mais de meio século. Por isso medidas entendidas como surpreendentes, seja a encíclica dedicada às alterações climáticas, seja o anúncio da possibilidade dada aos padres de perdoar o aborto durante o Jubileu da Misericórdia, que se inicia a 8 de dezembro, são um grande passo, mas não um salto. Por outras palavras, com Francisco, por muito que se queira falar de revolução, o que está a acontecer é evolução, no sentido de mudança. E, sim, a ritmo acelerado. Uma área em que se pode dizer que isso está a verificar-se é na abordagem do conceito de família e daí a relevância do Sínodo dos bispos sobre a família que acontece este mês de outubro. A necessidade de acelerar o processo de anulação dos casamentos é um bom exemplo da forma como este Papa encara a missão: evitar complicar a vida aos católicos quando não está em causa nem a fé nem os fundamentos da Igreja.
certo sentido, também é evidente que uma instituição que sobrevive dois mil anos só o consegue porque transmite uma ideia de estabilidade, de resistência ao modo como sopram os ventos do tempo, tão propícios a mudar de direção. E Francisco, por muito que goste de cativar até figuras assumidamente ateias como o presidente cubano Raul Castro, sabe que é à comunidade católica que a sua ação se dirige. E que se há crentes que são entusiastas de novas formas de conceber uma família, também há aqueles que se agarram à convicção de que a tradição é para manter, que nem tudo é relativo e que neste turbilhão que é o mundo de hoje compete à Igreja Católica ser uma âncora. Mas há ainda, sobretudo nesta questão da família, uma outra divisão. Sabe-se que os católicos são já mais na África, na América Latina e na Ásia do que na velha Europa. E isso ajuda a explicar esta novidade de um Papa do Novo Mundo a suceder a Bento XVI . Ora, um dos grandes desafios de Francisco é responder às expectativas de comunidades católicas com preocupações distintas, sem parecer ser demasiado inovador para umas e demasiado conservador para outras. O seu sucesso interessa não só aos crentes como a todos que veem no Papa uma figura inspiradora.
Porque se a crítica de que a Igreja Católica resiste à modernidade faz ‹ Outubro 2015 ›
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HORIZONTES
DESAFIAR SE Texto | TERESA CARVALHO Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Clara e Tony sentiam-se poderosos quando, na noite, saltavam a janela do quarto e se juntavam ao grupo de adolescentes, onde se desafiavam sem limites. Ali, as alianças, os segredos partilhados e a transgressão do “proibido”, causavam-lhes uma euforia que fazia esquecer o alcoolismo do pai, a depressão da mãe, os gritos, os insultos, o insucesso na escola, a falta de esperança de serem “alguém” ou de serem uma “família normal”. Quanto mais radical era a ilegalidade, mais estonteante era o prazer conseguido. Um dia, Tony e o amigo “Boina” foram destacados para “encontrar” um carro para o programa da noite. Com os seus 14 anos, Tony só queria corresponder à confiança do grupo. No dia seguinte, Tony e “Boina” estavam sentados na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, depois de terem sido detidos pela Polícia que compareceu no local do acidente com o carro que furtaram. A mãe chegou à Comissão desgastada, olhos vermelhos já sem lágrimas, com 06
Fátima Missionária
uma expressão de abandono à sua sorte. Não olhou para ele, nem disse “porta-te bem, Tony”, nem “pensa no que fizeste”, nada! Mas Tony olhou para ela. Na expressão do olhar da mãe, viu um vazio que o gelou – parecia uma mãe sem vida. Aquele olhar! Sentiu uma dor esquisita, tipo remorso, ou culpa, um desejo de a abraçar e deixar-se daquelas coisas. Clara vinha atrás da mãe, sorridente, mostrando ser cúmplice do irmão. Mas Tony não lhe sorriu: perdera todo o orgulho pelo “trabalho” da noite. Ouviu o seu nome e entrou no gabinete. Sentou-se ao lado da mãe. Até curvada ela estava. Num impulso, disse à doutora: – Interne-me! Quero ser internado! Ambas olharam para ele, incrédulas. Tony insistiu: – Interne-me! Vai ver que me porto bem, mãe! A mãe não se entusiasmou. Já ouvira tantas promessas... Mas Tony insistia. A doutora aproveitou: – Faremos o que queres, Tony! Veremos do que és capaz...
Tony não ia “para ver”. Ia para “fazer acontecer”. Três meses depois, iniciava a sua primeira experiência de estágio do curso de cozinha. Era um dos alunos mais elogiados. O orgulho crescia e partilhava-o com a mãe. Semeava nela a esperança. No colégio, Tony descobria agora novos jeitos de viver. Não aceitava ver o sofrimento da mãe e da irmã. Pediu ajuda para elas. E elas aceitaram. Oito meses depois, Clara e a mãe têm um sorriso rasgado, orgulhosas e agradecidas. Clara regressou ao clube de futebol juvenil onde era “craque” e matriculou-se no curso de pastelaria. Hoje, Tony foi a casa. Abraçou a mãe que o entrelaçou, feliz. Clara ria, vendo o quadro de família tão sonhado. Recostou-se na sua almofada da Torre Eiffel (tem uma “paixão” pela Torre Eiffel) sentindo que ela representa o que Tony, a mãe e ela conseguiram: desafiaram-se a construir um presente grandioso, forte, corajoso, e, juntos, arquitetam um outro futuro: futuro de gigantes!
DESTAQUE IMAGENS E A POLÍTICA DAS EMOÇÕES
AYLAN KURDI, O ÍCONE DA NOSSA LETARGIA Texto | CARLOS CAMPONEZ Foto | LUSA
A imagem de Aylan Kurdi, de três anos, ficará na história como o ícone da tragédia dos refugiados sírios, tentando chegar à Europa? Depois das hesitações iniciais sobre se deveriam ou não publicar a foto do corpo de Aylan, os meios de comunicação fizeram a imagem correr mundo, deixando entender que sim: Aylan representará os milhares de refugiados procurando entrar na União Europeia, em fuga da guerra, da Síria, mas também do Afeganistão, do Iraque, do Sudão. Alguns desses órgãos de comunicação fazem-nos pensar que a crise dos refugiados poderá ter um antes e um pós Aylan: o francês Le Monde refere que "nos livros de história o capítulo consagrado a este momento abrir-se-á com a foto do corpo de uma criança síria, afogada, rejeitada pelo mar, numa sinistra manhã de setembro". E acrescenta: "Talvez seja necessário esta foto para que a Europa abra os olhos". Por seu lado, o britânico The Independent interrogava-se: "Se essa imagem extraordinariamente poderosa de uma criança síria morta numa praia não mudar a atitude da Europa para com os refugiados, o que o irá fazer?"
da, então, jovem vietnamita, Phan Thi Kim Phuc, quando em 1972 fugia, com o corpo em chamas, de um bombardeamento americano. As imagens foram consideradas importantes para mudar a opinião
A HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA ESTÁ CHEIA DE IMAGENS. ALGUMAS DELAS TIVERAM O PODER DE MUDAR A OPINIÃO PÚBLICA
pública norte-americana contra a continuação da guerra no Vietname. As imagens têm esse poder. Elas não mostram apenas. Elas revelam. Elas colocam-nos perante a realidade, nos campos de concentração nazis, no Biafra, no Ruanda... Não temos que as temer pelo que elas nos mostram, mas não nos podemos deixar de interrogar por que mudamos de opinião por causa delas. Porque não estávamos informados, porque não demos a devida atenção em tempo certo? Como poderemos construir uma política de futuro com base nas emoções? Porquê Aylan Kurdi ou Phan Thi Kim Phuc e não todas as outras que até então tiveram a mesma sorte? A imagem de Aylan Kurdi confronta-nos com a nossa superficialidade e letargia perante os dramas dos outros.
AS IMAGENS DOS CONFLITOS E DOS DRAMAS HUMANOS A ELES ASSOCIADOS COLOCAM NOS PERANTE A REALIDADE
Mudar mentalidades
Em Portugal, o Público, por exemplo, também reconheceu o poder da fotografia e explicou da seguinte forma a decisão de a publicar: "Vamos de forma paternalista proteger o leitor de quê? De ver uma criança morta à borda da água, com a cara na areia? Não sabemos se esta fotografia vai mudar mentalidades e ajudar a encontrar soluções. Mas hoje, no momento de decidir, acreditamos que sim". A história contemporânea está cheia de imagens. Algumas delas tiveram o poder de mudar a opinião pública. Basta, por exemplo, recordar as ‹ Outubro 2015 ›
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MUNDO MISSIONÁRIO POR E. ASSUNÇÃO
MÉXICO E ESTADOS UNIDOS
BISPOS CONTRA EXPULSÃO DE MIGRANTES
BISPOS AFRICANOS DESAFIAM JOVENS “Ficai em África para construir um continente melhor”, é o apelo do presidente da Conferência Episcopal do Congo aos jovens africanos. “Não vos deixeis seduzir pela ilusão de deixar os vossos países à procura de empregos que não existem na Europa nem na América”, advertiu Nicolas Djomo no decorrer do discurso de abertura do encontro da Juventude Pan-africana, que se realizou em Kinshasa. O bispo alertou os jovens africanos para que não procurem soluções para os seus problemas fora do seu próprio país. “Defendei-vos dos enganos das novas formas de destruição da cultura de vida, dos valores morais e espirituais”. E encorajou os jovens: “Utilizai os vossos talentos e recursos à vossa disposição para renovar e transformar o nosso continente, e para promover a justiça, a paz e a reconciliação duradoiras em África”. Nicolas Djomo lembrou-lhes: “Vós sois o tesouro da África. A Igreja conta convosco, o vosso continente precisa de vós”. Tendo em conta que os jovens são 70 por cento da população africana, é com eles que a Igreja conta para a evangelização e a promoção da justiça, da reconciliação e do desenvolvimento do continente.
VENEZUELA
CRISE AUMENTA POBREZA E PRECARIEDADE
A crise económica da Venezuela já atinge as classes intermédias. São cada vez mais os venezuelanos que não conseguem adquirir os produtos alimentares de base e têm de recorrer às sobras de restaurantes e outros. É um fenómeno sem precedentes na Venezuela rica de petróleo e outros recursos, provocado pela subida contínua do custo de vida. Nota-se, a partir de 2012, um aumento significativo de pessoas que vivem em condições de pobreza, agravada pela inflação e pelo desemprego. 08
Fátima Missionária
Uma reunião na cidade mexicana de Matamoros, em Tamaulipas, juntou bispos do México e dos Estados Unidos da América (EUA) para analisar a «situação dolorosa» em que vivem os migrantes que tentam atravessar a fronteira entre os dois países. O encontro bilateral permitiu analisar "as expulsões em massa e as suas consequências para o México", assim como os riscos que representa o seu "caminho" para os EUA. Ao mesmo tempo, os prelados tiveram ocasião de escutar diversos testemunhos de migrantes. Recorde-se que, durante muitos anos, os EUA “escancararam” as portas à entrada de mexicanos no seu território, porque precisavam de mão de obra. Agora expulsa-os e levanta muros para impedir a sua entrada.
PAQUISTÃO
AUTORIZADA VISITA DO PAI A ASIA BIBI NA PRISÃO
Soran Masih, pai de Asia Bibi, poderá visitar a filha na cadeia de Multan. Cristã e mãe de cinco filhos, Asia Bibi está condenada à morte por blasfémia. Em julho passado, a Corte Suprema de Lahore aceitou o recurso apresentado pelo advogado cristão Sardar Mushtaq Gill, suspendendo a execução da pena. O processo encontra-se agora em última instância. Recorde-se que a condenação é de novembro de 2010 por delito de blasfémia contra Maomé. Asia Bibi é uma camponesa e, quando trabalhava num campo, foi enviada a buscar água. As outras mulheres, muçulmanas, protestaram porque, sendo ela cristã, contaminaria o recipiente da água e torná-lo-ia impuro. Pelo que exigiram que abandonasse a fé cristã e se convertesse ao Islão. Ela recusou e, por isso, foi condenada à morte por blasfémia. No Paquistão, a lei sobre a blasfémia, por vezes, é utilizada para resolver questões pessoais.
MUNDO MISSIONÁRIO MOÇAMBIQUE
PRESIDENTE ELOGIA PAPEL DA IGREJA
TOBIAS OLIVEIRA MISSIONÁRIO PORTUGUÊS DA CONSOLATA EM ROMA
MATRIMÓNIO CRISTÃO
“A Igreja Católica sempre convidou a sociedade moçambicana a estimar todas as pessoas, em particular os mais vulneráveis”, lembrou o Presidente da República Popular de Moçambique, Filipe Nyusi, quando interveio na catedral de Tete, por ocasião da celebração do aniversário da independência nacional. O Presidente sublinhou o esforço da Igreja para preservar a paz e promover a reconciliação do povo moçambicano. Recorde-se que Moçambique alcançou a independência a 7 de setembro de 1974, com a assinatura, em Lusaka, do acordo que pôs fim à guerra colonial. Pouco tempo depois, em 1975, rebentou a guerra civil entre a FRELIMO e a RENAMO, que só veio a terminar em 1992, com a participação ativa da Igreja nos acordos de paz. Ao mesmo tempo, a arquidiocese de Maputo celebrava o seu 75º aniversário, na catedral de Maputo. Ausente em Tete, o Presidente da República fez-se representar pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário que pediu aos fiéis, e à sociedade em geral, ações concretas para consolidar a paz: “Só uma verdadeira paz pode permitir aos moçambicanos «fazer maravilhas» no futuro”.
NEPAL
MALI
Depois dos fortes terramotos que atingiram o Nepal em abril e maio, as condições de vida dos nepaleses continuam a ser difíceis. Mais de um milhão de crianças não tem salas de aula. Em vários locais a quase totalidade das escolas ficaram destruídas. Apesar disso, professores e alunos estão empenhados em continuar o ensino. Com bambus e panos, improvisaram grandes salas de aula entre escombros e ruínas, onde seguem as lições.
Um quinto da população do Mali vive em condições precárias de segurança alimentar. São mais de três milhões de malianos, segundo as Nações Unidas. A guerra dos grupos jihadistas, sobretudo no norte, forçou milhares e milhares de pessoas a fugir. Apesar do regresso de muitos refugiados, centenas de milhares de pessoas vivem ainda em campos de acolhimento. Entre os mais atingidos pela fome e desnutrição, contam-se 715 mil crianças com menos de cinco anos.
ALUNOS ESTUDAM NAS RUÍNAS DAS ESCOLAS
TRÊS MILHÕES EM GRAVE RISCO DE FOME
Recordo como um dos momentos menos agradáveis da minha vida missionária a ocasião em que sendo pároco em Nairobi me ofereci para ajudar a resolver um caso de anulação do vínculo matrimonial a favor de um paroquiano que há anos tentava obter essa sentença e voltar à vida sacramental. Respondeu-me que já estava cansado de esperar e que não queria insistir num assunto tão complicado, dispendioso, e sem fim à vista. Acabou por falecer antes da conclusão do processo. Veio-me à mente este caso porque depois das minhas férias voltei a Roma no dia em que o Papa Francisco publicava um “Motu Proprio” para simplificar os processos de anulação do vínculo matrimonial, declarando como único juiz o bispo diocesano. Continua intacta a indissolubilidade do matrimónio cristão, mas para o bem dos fiéis o Santo Padre insiste que se proceda com clareza e rapidez. Ele vem assim recordar que a Igreja é acima de tudo mãe carinhosa e sempre pronta a acolher os filhos que dela se sentem afastados. O Sínodo sobre a família que se reúne aqui em Roma de quatro a 25 deste mês vai sem dúvida ser mais um sinal deste amor misericordioso da santa mãe Igreja. Rezemos para que assim seja.
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A MISSÃO HOJE
IRMÃO ROGER: O TEÓLOGO QUE FALAVA DE DEUS COM A SUA VIDA Texto | ANTÓNIO MARUJO* Foto | WIESIA KLEMENS
“Um verdadeiro teólogo, ou seja, alguém que sabe falar de Deus”, foi como o cardeal Walter Kasper caracterizou o irmão Roger, fundador da comunidade de Taizé (França), no encerramento do colóquio internacional que, no início de Setembro, debateu o contributo do irmão Roger para o pensamento teológico. Kasper acrescentou, perante os cerca de 300 teólogos participantes (católicos, ortodoxos, protestantes e anglicanos), que o irmão Roger “sabia falar de Deus de modo existencial: era um teólogo de joelhos, que no silêncio escutava o que o Espírito lhe queria dizer, um teólogo que vivia o que dizia”. E os seus horizontes eram a esperança, a reconciliação entre os cristãos e a paz no mundo.
aldeia e os dez anos da sua morte. Vários pensadores e investigadores, oriundos de diferentes igrejas cristãs, coincidiram na afirmação de que o irmão Roger não era apenas um grande místico contemporâneo ou alguém que escrevia belos textos de reflexão.
O colóquio foi a última iniciativa das celebrações que, este ano, assinalaram em Taizé, os 100 anos do nascimento do irmão Roger, os 75 anos da sua chegada à
O fundador de Taizé tinha uma “quase obsessão” pela teologia da unidade – que era quase “uma questão de vida ou de morte”, como ele disse várias vezes, lembrou
COMUNIDADE DE TAIZÉ EM FRANÇA DEBATEU O CONTRIBUTO DO FUNDADOR PARA O PENSAMENTO TEOLÓGICO
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Fátima Missionária
“O irmão Roger tinha um pensamento teológico que partia do coração, uma teologia da ágape”, afirmou Gottfried Hammann, professor de Teologia em Neuchatel (Suíça) e membro da Igreja Luterana da Alsácia. Hamman contestou a afirmação de alguns colegas universitários, que negam que o pensamento do irmão Roger seja teologicamente estruturado.
PERFIL SOLIDÁRIO
a italiana Silvia Scatena, professora na Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). “O irmão Roger e Taizé traçaram um caminho para o ecumenismo – não o oficial, mas o espiritual”, acrescentou Gottfried Hammann. E, mais do que a tolerância entre diferentes igrejas, o irmão Roger e Taizé têm procurado uma “hospitalidade confessional”, acrescentou Beata Bengard, doutorada em teologia protestante pela Universidade de Estrasburgo. O pastor Laurent Schlumberger, presidente da Igreja Protestante Unida de França, afirmou que o irmão Roger foi “um pioneiro” e por isso sofreu incompreensões, mesmo da sua família reformada de origem. Mas, acrescentou, ele abriu caminhos novos também no protestantismo, ao recordar o valor da vida monástica como “resistência à aceleração, à acumulação, ao isolamento do indivíduo”. O pioneirismo de Taizé verifica-se ainda na forma de rezar. Gottfried Hammann lembrou que o filósofo Paul Ricoeur, que visitava Taizé anualmente, dizia que a liturgia da comunidade era já “uma forma de pensamento”. O irmão Alois, actual prior da comunidade, acrescentou a referência permanente do irmão Roger a “temas bíblicos”. Vários intervenientes no colóquio referiram-se ao pensamento de Roger Schutz como o de uma “teologia em acto”. Fosse com o acolhimento de refugiados em Taizé fosse com a Operação Esperança, lançada em 1963 pela comunidade para apoiar populações ou pessoas desprotegidas. “A palavra ‘esperança’ é inseparável do agir e de um agir que quer chegar efectivamente ao que [Charles] Péguy chamou ‘eixo da miséria’ do nosso mundo”, disse Marguerite Léna, professora de filosofia em Paris. Expressões identitárias desse caminho teológico e espiritual de Taizé foram sublinhadas por vários intervenientes: esperança, vulnerabilidade, alegria, misericórdia, confiança... O sul-africano Edwin Arrison, da Universidade do Cabo Ocidental, confessou: “Foi aqui em Taizé que aprendi a palavra confiança”.
‘GUERREIRA’ DE PENAMACOR Texto | FP
Os que a conhecem de perto chamam-lhe a ‘guerreira dos impossíveis’, mas Andreia Martins, 28 anos, considera que está apenas a fazer a sua parte para tornar o mundo melhor e mais justo. Tocada pelo ‘bichinho’ do voluntariado aos 15 anos, a jovem de Penamacor começou o seu percurso solidário na Cruz Vermelha de Castelo Branco, viajou depois para Madrid (Espanha) e Moçambique, inserida em projetos de voluntariado, e regressou a Portugal ainda mais decidida a trabalhar na prevenção e resolução dos problemas sociais. Licenciou-se em serviço social, fez o mestrado em empreendedorismo e, em 2009, fundou a Asssociação Solidariedade Sem Fronteiras, que apoia atualmente mais de duas centenas de crianças e idosos em Penamacor, com bens de primeira necessidade, serviço de teleassistência (em parceria com a Cruz Vermelha), atividades intergeracionais, formação a desempregados e promoção da saúde oral. A apoiá-la tem cerca de duas dezenas de voluntários. “Considero-me uma jovem sempre pronta para novos desafios, sou um tanto ao quanto sonhadora, mas também lutadora! Acredito que podemos ter um mundo melhor e mais justo e é no âmbito dessa minha crença que me levanto e trabalho todos os dias. É óbvio que esta situação não é fácil de alcançar porque, infelizmente, a mudança não está só nas minhas mãos. Mas se todos contribuirmos com um pouco, quem sabe um dia…”, afirma Andreia Martins.
*jornalista do religionline.blogspot.pt; o autor escreve segundo a anterior nota ortográfica Texto conjunto MissãoPress ‹ Outubro 2015 ›
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A MISSÃO HOJE
DE CANOA E A CAVALO PELAS TERRAS DE MISSÃO OUTUBRO É O MÊS DEDICADO ÀS MISSÕES E UMA OCASIÃO PARA MANUEL DIAS RECORDAR AS SUAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS MISSIONÁRIAS NA COLÔMBIA Texto | JULIANA BATISTA Foto | ANA PAULA MANUEL DIAS, MISSIONÁRIO DA CONSOLATA PORTUGUÊS LAMENTA QUE A EUROPA ESTEJA CADA VEZ MAIS AFASTADA DE DEUS
Outubro, mês das missões, faz Manuel Dias, missionário da Consolata, de 79 anos, recordar o testemunho que tem dado ao longo dos anos. Em missão na Colômbia há três décadas, o sacerdote de Ferreira do Zêzere lembra com entusiasmo as suas primeiras experiências no país. “Trabalhei muitos anos nas zonas periféricas colombianas. Foi uma experiência bonita, de que gostei muito, mas também foi difícil. Deslocávamo-nos em canoa e tive de aprender a andar de cavalo para chegar até às populações que viviam no interior da floresta. Não havia estradas, nem luz, e cada família tinha o seu gerador”, conta o religioso à FÁTIMA MISSIONÁRIA. No interior das florestas Manuel Dias visitava as escolas, professores e famílias. Aí começava o seu trabalho pastoral. “Aproveitávamos a escola para nos reunir porque aí era onde se encontravam os pais com as crianças”, recorda, explicando que “a missão do padre era só a de levar um 12
Fátima Missionária
pouco da semente do Evangelho e de estar com as pessoas”. “Estive num sítio onde há sete anos não havia um sacerdote e era uma alegria para as pessoas verem um padre e poderem batizar as crianças”, adianta Manuel Dias. A população com quem contactou era de “origem colombiana” e procurava naquelas terras “melhores condições de vida”. “A maior parte cultivava a cocaína”, a restante dedicava-se a “cortar madeira, cultivar milho ou arroz”. Olhando para o seu percurso, Manuel Dias manifesta-se realizado: “Quando celebro a Eucaristia ou os sacramentos sinto que essa é a minha missão e sinto-me realizado plenamente”. Refletindo sobre a presença da Igreja no continente europeu, que atualmente se depara com a falta de vocações religiosas e que assiste ao afastamento de muitos jovens da vida eclesial, Manuel Dias considera que a Europa “já não quer saber mais nada
OLHANDO PARA O SEU PERCURSO, MANUEL DIAS MANIFESTA SE REALIZADO: “QUANDO CELEBRO A EUCARISTIA OU OS SACRAMENTOS SINTO QUE ESSA É A MINHA MISSÃO E SINTO ME REALIZADO PLENAMENTE”
de Deus” e que por isso “tem de ser evangelizada de novo”. Perante o atual fluxo migratório, o missionário defende que é necessário “apoiar” os refugiados. O sacerdote entende que a Europa “tem que abrir mais os olhos a estas migrações”.
FÁTIMA INFORMA
JOVEM CONCRETIZA SONHO DE VISITAR FÁTIMA DANIELA QUERIA CONHECER FÁTIMA E A ASSOCIAÇÃO MAKE A WISH CONCRETIZOU ESSE DESEJO. A VISITA FOI UM ALENTO PARA UMA ADOLESCENTE QUE LIDA COM A DIABETES Texto | JULIANA BATISTA Foto | ANA PAULA
Quando se encontrava no hospital, a madeirense Daniela Silva, de 16 anos, pediu à Make-a-Wish que a ajudasse a conhecer Fátima. A associação, que concretiza desejos a crianças e jovens doentes, permitiu à jovem a realização desse sonho, com o apoio da FÁTIMA MISSIONÁRIA. Daniela esteve na Cova da Iria no início do último mês, acompanhada dos pais, Paulo Silva e Mónica Moniz, e da irmã Beatriz. “Visitar Fátima era um sonho que eu tinha há bastante tempo”, referiu a adolescente. Desde os seis anos a lidar com a diabetes, com problemas como a ansiedade, tensão alta e colesterol também “muito alto”, Daniela encontrou na fé um meio para superar as dificuldades. “Rezo todas as noites o Pai Nosso e a Avé Maria, sozinha, no meu quarto, antes de dormir”, contou. Entre outros locais, a adolescente visitou o santuário, o museu e os túmulos dos pastorinhos. “Pedi a Nossa Senhora que me ajudasse”, disse. O contacto diário com a diabetes fazem mãe e filha aconselharem a população a ter “muito cuidado com a alimentação” e a “praticar desporto”. “É preciso ter muita responsabilidade, cuidado e força” para lidar com a doença, frisou Mónica Moniz, de 40 anos. No futuro, Daniela gostava de ser educadora de infância ou cozinheira. “Tudo o que cozinho é saudável”, disse a jovem a sorrir.
DANIELA SILVA ENCONTROU NA FÉ UMA FORMA DE SUPERAR AS DIFICULDADES PROVOCADAS PELA DOENÇA
“Às voltas com Deus”
Os institutos de inspiração carmelita e teresiana vão organizar o congresso “Às voltas com Deus – Um caminho de santidade”, de 16 a 18 de outubro. A iniciativa terá lugar no Domus Carmeli, em Fátima.
Curso de formação
A oitava edição do Curso sobre a Mensagem de Fátima vai realizar-se de 16 a 18 de outubro, na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo. A ação será orientada por Ângela Coelho, postuladora da Causa da Canonização de Francisco e Jacinta e vice-postuladora da Causa da Beatificação da irmã Lúcia.
Ajudar as missões
No Dia Mundial das Missões, assinalado a 18 de outubro, o ofertório do Santuário de Fátima servirá para ajudar o trabalho dos missionários em todo o mundo.
AGENDA
OUTUBRO
DIA 17
Retiro no Seminário da Consolata - "Servidores da ternura e da misericórdia"
DIAS 24/25
Peregrinação da Legião de Maria
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YANOMAMI
50 ANOS DE PRESENÇA MISSIONÁRIA
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Fátima Missionária
DOSSIER
A CAPELA NÃO ESTÁ NO CENTRO Texto | GUILHERME DAMIOLI Foto | ARQUIVO IMC
FOI HÁ 50 ANOS OUTUBRO DE 1965 QUE OS PADRES BINDO MELDOLESI E GIOVANNI CALLERI CONTACTARAM PELA PRIMEIRA VEZ OS ÍNDIOS YANOMAMI DO RIO CATRIMANI, NA AMAZÓNIA BRASILEIRA. APÓS UM PERÍODO DE DESCOBERTA MÚTUA, OS MISSIONÁRIOS CONSTRUÍRAM A MISSÃO COLOCANDO A CASA COMUM DOS NATIVOS, A YANO MALOCA , NO CENTRO. FOI UMA MUDANÇA DE PARADIGMA REVOLUCIONÁRIA Em criança, eu fazia parte de um grupo de rapazes que jogava na mata da minha aldeia, Cividate Camuno, na província de Bréscia, Itália. Ao domingo, gostávamos de ir ao cinema para ver no oratório filmes de “índios”. Quando a cavalaria invadia a aldeia incendiando as casas e despedaçando os indígenas, gritávamos: “Aí vêm os nossos”. Alguns anos mais tarde, a minha perspetiva mudou. Quando era jovem estudante, veio-me parar às mãos um livro intitulado “Entre os índios do Apiaú”. O autor era Silvano Sabatini, um missionário da Consolata. Lembro-me da fotografia de uma jovem mulher, numa canoa, com um bebé nos braços. Tinha um rosto bonito, uma franja de cabelos pretos e uma expressão emblemática. Esse livro foi o meu primeiro e verdadeiro encontro com os índios. O imaginário povoado de índios selvagens deu lugar à realidade misteriosa dos índios da Amazónia. Nessa altura, frequentava eu a Universidade Gregoriana em Roma, tentando combinar as verdades
dos professores com o espírito revolucionário dos documentos conciliares e Silvano Sabatini, já com fama de “índio”, invadiu o meu mundo. Talvez ele só precisasse de alguém que o escutasse, mas eu permiti que ele me levasse o coração. Tendo sido destinado a Roraima, concentrei-me sobre o indigenismo e frequentei a Faculdade de Missiologia. Com sede de saber tudo sobre os índios, devorava textos de história da religião, antropologia, diálogo religioso, mitologia, cultura e simbolismo dos povos das florestas tropicais. Através de uma pesquisa inquieta nas bibliotecas de Roma e na biblioteca da Universidade Gregoriana, vim a conhecer a história monstruosa e verdadeira da “descoberta” da América. Brandindo a cruz e a espada Só no Brasil foram massacrados seis milhões de índios, e dezenas de milhões foram assassinados na América Latina, despedaçados pelas espadas, armas, doenças, fome, escravidão... sacrificados pelo ‹ Outubro 2015 ›
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GUILHERME DAMIOLI TRABALHOU DUAS DÉCADAS COM OS ÍNDIOS YANOMAMI NA MISSÃO CATRIMANI, NO ESTADO DE RORAIMA, NA AMAZÓNIA BRASILEIRA
projeto colonialista e pela ganância insaciável dos conquistadores, ávidos de metais preciosos, madeiras preciosas, terrenos e até mesmo de esterco. Espanhóis e portugueses, brandindo a cruz e a espada, foram responsáveis pelo maior genocídio da história humana, depois do dilúvio. Durante os anos de estudo em Roma, foi publicado o livro “Regresso à maloca” (1972), no qual Sabatini narra a situação humilhante e desesperada dos índios cristianizados dos campos de Roraima. Alguns anos antes (1968) o antropólogo americano Napoleon Chagnon, com o seu livro “Yanomamo. The Fierce People”, revelou ao mundo a existência dos Yanomami, mas fazia uma descrição enganosa: falando num povo isolado e “primitivo” com o “gene da guerra”. Que contraste entre os Yanomami de Chagnon e os da Missão Catrimani, narrado em dois filmes – “Um dia entre os índios” e “Os índios meus irmãos”, do padre Gabriele Soldati, outro missionário da Consolata. 16
Fátima Missionária
No contexto pós-conciliar, tal como a Prelazia de Roraima já tinha feito nos anos 1960, com a “Comissão Pró Índio”, a cruz da Igreja missionária da América Latina tentava libertar-se da espada, do projeto colonial e colonialista, traçando novos caminhos para a evangelização dos índios. Em particular, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) foi a locomotiva que liderou a Igreja Católica brasileira em rota de colisão com o poder integracionista e destrutivo do Estado e os interesses económicos e políticos, a tal ponto que a cabeça de Aldo Mongiano, bispo de Roraima, foi posta a prémio, por uma estação de rádio local em Boa Vista. “O Deus dos brancos é mau” Com esta bagagem cultural, em outubro de 1979, cheguei a Roraima, à missão de Surumu, um centro de formação para líderes indígenas, dos campos de gado e das montanhas. Nativos que depois de séculos
de convivência com o mundo “civilizado”, estavam a perder a língua, a religião, a identidade e as terras, facto esse que levou Makuxi Viriato, herói do livro de Sabatini, a concluir: “o Deus dos brancos é mau.” Em janeiro de 1981, após uma viagem de 300 quilómetros ao longo da Estrada BR 174 (que custou a vida ao padre Calleri e a dizimação aos índios Waimiris), e da BR 210 (Perimetral Norte), construída pelo governo militar, atravessando florestas já devastadas por colonos e inúmeros rios e riachos, ao pôr do sol, cheguei à Missão Catrimani, a minha nova casa para os 20 anos seguintes. Embora preparado psicologicamente, invadiu-me o espanto, a emoção e a alegria. Vi-me cercado por rostos felizes e faladores, pintados de vermelho, com o cabelo preto, pauzinhos e penas coloridas enfiados no nariz, nas orelhas e nos lábios; por homens de lábio inferior inchado pelo tabaco, vestidos com um cordão de algodão, de pé, encostados aos arcos
e flechas enormes; por mulheres com pequenas tangas de algodão vermelho, sentadas no chão com as pernas cruzadas, com as crianças agarradas à mama e amparadas pela tipoia (uma tira de casca colocada ao ombro e pintada de vermelho). À noite, assisti à primeira celebração. A capela, feita de tábuas de madeira, ao lado de um depósito, era certamente a mais pequena do mundo: uma presença discreta, uma semente no coração do mundo Yanomami. O padre Túlio Martinelli presidia revestido com uma pequena estola. Também estava presente o irmão Carlos Zacquini, em minúsculos calções pretos, sem camisa, e de costas cobertas de sangue seco, provocado pelas picadas de milhares de insetos. Na manhã seguinte, visitámos a comunidade de Wakatha-u-theri (que significa tatu gigante – rio – habitantes). Entrámos na maloca, a grande casa comum, uma enorme estrutura com um telhado cónico de folhas ubim (uma espécie de palmeira), com paus e lianas. Dentro havia um grande espaço vazio iluminado de cima por uma pequena abertura e à volta, em círculo, pequenas fogueiras com redes de algodão esticadas em triângulo. Uma criança de cerca de seis anos, Xai, com um sorriso cativante, agarrou-me pela mão e levou-me, indicando o local do fogo e dizendo “Wakè a”, e eu respondi sorrindo “Uakeà, fogo”. Por causa do meu peito chamaram-me “Hewësi Par+ki”, isto é, “morcego peito”, que depois abreviaram para “Hewësi”. Tornei-me assim membro daquela família, pronto, como qualquer “bom Yanomami” a morrer ou a matar para defender o grupo. Foi com profunda satisfação que me apercebi de que estava a testemunhar
um novo estilo de missão: a missão sem a capela no centro. O centro da Missão Catrimani era a maloca, símbolo da sobrevivência física e cultural dos Yanomami, um povo com uma língua, uma identidade e uma terra. Hoje, olhando para trás, posso dizer que todos os missionários da Consolata que trabalharam no Catrimani nestes anos – dos fundadores (Giovanni Calleri e Bindo Meldolesi) aos sucessores (Carlos Zacquini, Giovanni Saffirio, Túlio Martinelli, André Ribeiro, Silvano Sabatini, as irmãs da Consolata, as leigas locais e italianas e do Cimi) até nós, batizados com um nome Yanomami e tornados crianças pela vontade de aprender, se deixaram conduzir pelos caminhos intrincados da floresta, sobre as espumantes cascatas dos rios, nos segredos da língua, no mundo mítico de xamanismo, da espiritualidade e da cultura Yanomami. Uma brecha mortal Durante sete anos, o nosso principal trabalho foi o de salvar vidas. A construção da Perimetral Norte na floresta tinha aberto uma brecha fatal no isolamento dos grupos Yanomami. Embora suspensa em meados dos anos 1970, as centenas de trabalhadores deixaram um legado de doenças mortais para populações com baixa resistência. Doenças que escapavam ao poder de cura dos xamãs (xapuri): sarampo, malária, constipações, infeções intestinais, vermes, tuberculose. Uma epidemia de sarampo, apesar da pronta intervenção do padre Saffirio e do irmão Carlos, já tinha dizimado os grupos Yanomami do alto Catrimani e do rio Lobo de Almada. Quantas vezes, depois de uma corrida ansiosa, de um dia ou de uma noite, com crianças a arder de febre, chegava ao mini-hospital com o pequeno
já morto. Entre os gritos fúnebres desesperados, agachado com a cabeça sobre os joelhos, chorando, murmurava: “Oh meu Deus, não conseguimos salvá-los a todos.” Em 1987, alguns grupos isolados de pesquisadores de ouro ilegais (garimpeiros) começaram a invadir as terras dos Yanomami. Com um grupo de índios e agentes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e da Polícia Federal, participei numa expedição a um afluente do rio Apiaú, a fim de localizar e destruir um garimpo. Vi os restos dos acampamentos, barracas de madeira, a floresta rasgada, riachos esventrados, grandes buracos com água estagnada, enxames de mosquitos, homens seminus, cobertos de lama e com espingardas na mão, garrafas de cachaça, tanques de mercúrio. Em meados de 1987, um massacre de índios na região do rio Paapiú (a cerca de 300 quilómetros do Catrimani), divulgado por todo o país, revelou a existência de ouro nas terras dos Yanomami e desencadeou a corrida a esse metal precioso. Os políticos e os jornais do Roraima tinham, entretanto, iniciado uma campanha feroz contra os missionários, acusando-os de organizar a resistência armada dos índios. Foi assim que, em agosto de 1987, na pista de terra batida da missão, aterraram dois pequenos aviões: quatro polícias federais armados de metralhadoras e dois agentes da FUNAI traziam o mandato de expulsão dos missionários. Foram sete horas de agonia e tensão, dialogando por rádio com o bispo sob ameaça das armas da polícia federal, cercados por um enxame de índios inquietos, armados com arcos e flechas. Com ‹ Outubro 2015 ›
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SAIBA MAIS ONDE ESTÃO A oeste do maciço das Guianas, na fronteira entre o Brasil e a Venezuela
SUPERFÍCIE Ocupam uma área de 192.000 quilómetros quadrados (o dobro de Portugal)
A 250 quilómetros em linha de ar de Boa Vista, capital do estado de Roraima
POPULAÇÃO Cerca de 33.000 pessoas
LÍNGUAS
MISSÃO CATRIMANI
Falam várias línguas pertencentes à mesma família, mutuamente compreensíveis
A missão Catrimani está na margem esquerda do rio Catrimani, afluente do Rio Branco, em frente à cascata do Cujubim
NO BRASIL Vivem numa área no extremo norte do país, com 9,6 milhões de hectares
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DISTÂNCIAS
Fátima Missionária
MEIOS DE TRANSPORTE Partindo de Boa Vista, de avioneta que aterra na pista da missão (uma hora de voo); por barco, subindo o rio Catrimani (cerca de três dias) ou por via terrestre (cerca de cinco dias)
enfermeiras, encontrei índios de todas as idades e de todas as tribos nos hospitais de Boa Vista, levados para ali por agentes do governo ou por pilotos misericordiosos, com feridas horríveis de armas de fogo e facas, de olhares apagados, em pânico, em território inimigo, sem serem capazes de dizer uma palavra. A luz acendia-se quando, sorrindo, sussurrava palavras yanomami. Entre soluços, todos diziam a mesma coisa “napëpë mohoti”: os brancos são irresponsáveis, os brancos são maus.
UMA DAS PREOCUPAÇÕES DOS MISSIONÁRIOS FOI PREPARAR OS INDÍGENAS PARA A SUA AUTO DEFESA
SAÚDE As patologias mais difundidas: infeções respiratórias, gastroenterites, doenças da pele, tuberculose, malária, desnutrição
EDUCAÇÃO Cada comunidade tem, geralmente, uma pequena escola com um professor nativo
o coração despedaçado, depois de ter tranquilizado os índios, embarquei no avião com a polícia que me levaria ao aeroporto de Boa Vista. Finalmente, depois de seis dias, enviámos um avião à missão para recuperar a enfermeira, irmã Florença, o último membro da equipa missionária, a chegar a Boa Vista em estado de choque depois de vários dias de prisão domiciliária, vigiada pela polícia militar que ocupava a missão. Os números dessa corrida ao ouro são assustadores: cinco anos de fúria, 40.000 garimpeiros nas terras Yanomami, 140 pistas clandestinas dentro da floresta, toneladas de ouro vendidas em contrabando, grupos isolados de índios exterminados, dois mil Yanomami mortos (20 por cento da população). Em exílio forçado, chamado pelas irmãs
Autodefesa: terra, língua, identidade Em fins de novembro de 1988, voltámos para a missão com a difícil tarefa de reconstruir o equilíbrio sociocultural abalado pela presença de garimpeiros e agentes do governo. Convivemos vários meses com os militares. Os garimpeiros, desesperados, chegavam à missão, à procura de medicamentos e invadiam as malocas em busca de alimento. Entretanto (outubro de 1988), a nova constituição brasileira tinha libertado os índios da integração e da tutela exclusiva da FUNAI, garantindo-lhes o direito sobre as terras necessárias para a sua sobrevivência física e cultural, bem como o direito à saúde e à educação “diferenciada”. A missão, constatada a sua fragilidade durante o episódio da expulsão, perante o novo cenário constitucional e a rotura do isolamento com o consequente confronto desigual de culturas, foi chamada a um novo desafio: preparar os Yanomami para a sua auto-defesa. De 1990 a 2000, com uma equipe renovada pela chegada das Missionárias da Consolata e dos leigos do CIMI, para reforçar a maloca e o projeto de vida Yanomami, começámos a ‹ Outubro 2015 ›
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UMA PRESENÇA ESTÁVEL implementar três ações estratégicas: implantar a etnoalfabetização, ensinando a ler e a escrever na língua local e produzindo literatura bilingue; organizar assembleias reunindo todas as tribos em torno de um objetivo comum, a defesa da terra e da identidade; favorecer a aliança com os índios dos campos e montanhas já organizados no Conselho Indígena de Roraima (CIR). Em poucos meses, os jovens Yanomami assimilaram os segredos da escrita, desenhando, gravando a história, narrando mitos, escrevendo cartas para as autoridades, com convites e informações. A escrita permitiu a formação de professores e enfermeiros que, desde então, começaram a chegar a todas as aldeias. A introdução da escrita num povo de tradição exclusivamente oral, provocou uma mudança, com uma infinidade de efeitos colaterais a integrar em novas sínteses. O critério do gradualismo ajudou os Yanomami e os missionários a manter o equilíbrio étnico e a garantir os três pilares do seu projeto de vida e do futuro: terra, língua e identidade. Hoje os Yanomami estão cada vez mais a assumir as rédeas do seu próprio destino, construindo novos capítulos de sua história. Cabe-nos a nós, como companheiros de viagem, deixar-nos conduzir pela mão, já não de uma criança, mas de um povo.
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CORRADO DALMONEGO COM UM ÍNDIO YANOMAMI DURANTE UM AULA DE FORMAÇÃO ESCOLAR
A INTRODUÇÃO DA ESCRITA NUM POVO DE TRADIÇÃO EXCLUSIVAMENTE ORAL, PROVOCOU UMA MUDANÇA, COM UMA INFINIDADE DE EFEITOS COLATERAIS
UM ASPECTO FUNDAMENTAL QUE CARACTERIZOU A “NOVA EVANGELIZAÇÃO” PENSADA PELOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA, NOS ANOS 1960, E QUE AINDA HOJE CONSTITUI UMA PARTICULARIDADE RELEVANTE DA MISSÃO CATRIMANI, É A PERMANÊNCIA Texto | CORRADO DALMONEGO Foto | DR
Em 1965, poucos missionários defenderam uma ideia de missão que, como alternativa à prática da visita esporádica para a administração de sacramentos, possibilitasse a maior proximidade com o povo Yanomami. Iniciou-se uma missão baseada na convivência com as comunidades, que permitisse a aprendizagem da língua e do modo de vida deste povo da floresta: uma presença respeitosa da sua cultura, que não pretendia impor roupas sobre seus corpos, ritmos à sua marcha ou fardos e
NO ENFRENTAMENTO COMUM DOS DESAFIOS E NA PARTILHA DO QUOTIDIANO, CONCILIAM SE ESPERANÇAS, SONHOS E ANSEIOS DE UM POVO COM A MENSAGEM QUE OS MISSIONÁRIOS E MISSIONÁRIAS FRÁGEIS MENSAGEIROS DESCOBREM JUNTO DOS YANOMAMI: UMA MENSAGEM QUE É VIDA FRENTE AOS PROJETOS DE MORTE
doutrinas sobre os seus espíritos. Hoje, as agressões do passado continuam, os povos indígenas são expropriados das suas terras e forçados, por projetos mascarados pela ideologia do “desenvolvimento”, a povoar as periferias das cidades. Coincidentemente, as organizações indigenistas e missionárias são obrigadas – pela escassez de recursos e de pessoal disposto a condições de vida menos confortáveis – a concentrar as suas presenças nos centros urbanos, limitando-se a realizar ações pontuais junto das comunidades indígenas. Neste contexto, a presença estável da Missão Catrimani, continua a revelar-se significativa. Esta presença diferente não passou despercebida aos Yanomami. Eles constataram a diferença entre os brancos que subiam os rios da região para explorar os recursos da floresta e os missionários que solicitaram ajuda para abrir uma curta pista de pouso na qual pudessem aterrar pequenos aviões, construir uma casa coberta de palha, cultivar um campo, aprender a língua, curar doentes durante epidemias, permanecer para cuidar e defender dos inimigos.
Missão como diálogo
Sobre esta proximidade se construiu a missão. Apesar das relações poderem ser marcadas por mútuos equívocos, estabeleceu-se um diálogo construído na prática e no encontro de horizontes: tirando os sapatos para caminhar por veredas desconhecidas – entre espinhos, áreas alagadas e cipoais – para encontrar o rumo que Deus indica, na história deste povo; aprendendo outra língua – que os Yanomami nos ensinam, com grande disponibilidade e alegria – para poder escutar os apelos e tentar balbuciar alguma resposta; tentando conhecer – conduzidos por nossos guias – uma
floresta, rios, serras e todos os seres que a povoam, pois este é o mundo em que vivem os nossos irmãos e porque toda a mensagem apenas tem sentido se diz algo a partir do mundo conhecido; sabendo deitar na rede, carregando-a nas costas para acompanhar as pessoas nas longas deslocações e atando-a, outra vez, entre duas árvores, ou numa nova casa comunitária, onde os Yanomami se reúnem para celebrar, chorar um falecido ou discutir as decisões tomadas longe daí, por estranhos que ameaçam suas vidas e a sobrevivência da floresta. É nesta condivisão que ainda se constrói a missão. Durante 50 anos os indígenas e seus aliados enfrentaram desafios e tragédias. E ainda hoje enfrentam graves ameaças: projetos de mineração; revisão da demarcação das terras indígenas; projetos aliciadores que dividem as comunidades; desrespeito dos direitos à diversidade sociocultural. No enfrentamento comum dos desafios e na partilha do quotidiano, conciliam-se esperanças, sonhos e anseios de um povo com a mensagem que os missionários e missionárias – frágeis mensageiros – descobrem junto dos Yanomami: uma mensagem que é vida frente aos projetos de morte.
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MÃOS À OBRA
RECLUSOS APRENDEM A COSTURAR PARA PAGAR ESTUDOS AOS FILHOS A VONTADE DE ESTENDER A MÃO A QUEM ESTÁ PRIVADO DE LIBERDADE LEVOU DUAS VOLUNTÁRIAS E UMA RELIGIOSA A IMPLEMENTAR UM PROJETO NA PENITENCIÁRIA DE GURUÉ, EM MOÇAMBIQUE, QUE CONSISTE NA FORMAÇÃO DOS RECLUSOS, NA ÁREA DO CORTE E COSTURA. A VENDA DAS PEÇAS AJUDA OS PRESOS A PAGAR OS ESTUDOS DOS FILHOS Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | DR
Um grupo de reclusos da Penitenciária Distrital do Gurué, em Moçambique, está desde março a participar num projeto promovido por duas voluntárias da Consolata e uma religiosa Capuchinha, que lhes permite ocupar o tempo na prisão, aprender uma atividade que pode ser útil no regresso à vida em liberdade, e ainda os ajuda a angariar fundos para a compra de bens de primeira necessidade e para o pagamento das despesas escolares dos filhos. “Acreditamos que o ser humano é capaz de mudar e de evoluir. De se tornar numa pessoa melhor quando o sente e é nesse momento que devemos estender a mão, mostrar que não está sozinho e que realmente é possível mudar”, explica Andreia Baptista, uma das fundadoras do projeto, em conjunto com Sofia Gonçalves e a irmã missionária Helena Lima. Ao abrigo deste programa, que as voluntárias batizaram com o nome de “Witxala” (viver livre), foi criada uma oficina de costura na cadeia, para formação dos reclusos e posterior confeção de vários tipos de artigos em capulana, desde vestuário, a malas, bolsas ou estojos. A venda das peças online (www.facebook.com/witxala) irá permitir aos formandos o pagamento das despesas escolares dos filhos e a aquisição de produtos de higiene, cobertores, medicamentos e outros artigos essenciais para uma vida mais digna na prisão.
reinserção do recluso na sociedade, permitindo-lhe que durante um ano, após a libertação, possa continuar a confecionar peças para vender, em regime de ‘part-time’, assegurando assim uma forma de rendimento para suportar as despesas familiares enquanto exerce ou procura outra atividade profissional.
ATÉ AGORA, JÁ RECEBERAM INSTRUÇÃO QUATRO HOMENS E UMA MULHER, UM NÚMERO LIMITADO PELA QUANTIDADE DE MÁQUINAS DE COSTURA DISPONÍVEIS
Até agora, já receberam instrução quatro homens e uma mulher, um número limitado pela quantidade de máquinas de costura disponíveis (apenas quatro). Mas o objetivo é alargar o projeto a mais detidos pelo que “é determinante a angariação de novas máquinas”, sublinha Andreia Baptista. Isto porque um dos propósitos da iniciativa é proporcionar também a
ANDREIA BAPTISTA, SOFIA GONÇALVES E A MISSIONÁRIA HELENA LIMA COM O PRIMEIRO GRUPO DE RECLUSOS QUE ESTÁ A RECEBER FORMAÇÃO
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TESTEMUNHO DE CONSAGRADO
ARRISCAR. NÃO HÁ NADA MELHOR! SE DEUS COLOCA EM TI A DÚVIDA, ALGO TEM A DIZER TE
“NUNCA TINHA PENSADO EM SER RELIGIOSA” SÍLVIA MOREIRA, 42 ANOS, NATURAL DO PORTO, ABRAÇOU A VIDA RELIGIOSA DEPOIS DE PARTICIPAR COMO VOLUNTÁRIA NUM CAMPO DE FÉRIAS COM PESSOAS COM DOENÇA MENTAL. HOJE, É SUPERIORA EM ANGOLA DA COMUNIDADE DAS IRMÃS HOSPITALEIRAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E SENTE SE FELIZ POR TER ARRISCADO Texto | FRANCISCO PEDRO Foto | DR
Que tipo de trabalho está a desenvolver em Angola?
Estou em Angola desde 2008, a prestar serviço a pessoas com doença mental, através da aproximação às comunidades e aos doentes no seu contexto. Desenvolvemos consulta de enfermagem psiquiátrica em quatro localidades, fazemos serviço de voluntariado no Hospital Psiquiátrico local com alguns jovens, proporcionando-lhes atividades na área da terapia ocupacional, e promovemos ações de formação no sentido de desmistificar a doença mental e a epilepsia, muitas vezes entendidas como consequência de feitiços e possessão. Este facto leva a que com alguma frequência os doentes sejam abandonados e marginalizados pelos familiares.
Que dificuldades tem enfrentado para levar por diante a sua missão? A primeira dificuldade é sempre a
adaptação… é como aprender a viver de novo. O sentido das palavras que muitas vezes é diferente, o modo de saudação, de comer, de pensar, a exigência de perguntar, mesmo quando nos parece que compreendemos. Por vezes a dificuldade é o encontro entre culturas, mas depois de conseguir esse encontro é muito belo o espírito de comunhão que se cria.
Em que momento da sua vida percebeu que queria seguir a vida religiosa?
Nunca tinha pensado em ser religiosa. Um dia vi o anúncio de uma atividade da minha congregação denominada Campo de Férias Hospitaleiro. Decidi ir por curiosidade e sobretudo para me pôr à prova. Isto porque o período durante o qual se desenvolvia a atividade implicava o serviço a pessoas com doença mental. Com
estas eu nunca tinha tido contacto e, confesso, temia-o. Esta experiência foi como um nascer de novo, a ponto de, ao terminar a atividade, achar que Deus me chamava para ali, possibilidade que eu temia porque nunca me tinha ocorrido ser religiosa. Por isso, decidi fazer um trabalho sério de discernimento vocacional que me confirmou a arriscar fazer a experiência, ainda que com receio… e hoje, aqui estou!
Que conselho daria a uma jovem em dúvida vocacional? Arriscar. Não há nada melhor! Se Deus coloca em ti a dúvida, algo tem a dizer-te. Há que fazer um trabalho sério de discernimento, mas depois deste há sempre uma dúvida que fica. Perante ela e para a desfazer o melhor a fazer é arriscar, ver, viver, sentir, aprender e, sobretudo, acreditar que o Deus que te chama é também Aquele que te conduz e caminha contigo!
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# GENTE NOVA EM MISSÃO Ecologia
Olá amiguinhos! Outubro chegou com todas as cores e cheiros do outono. As folhas das árvores começam a cair, os passarinhos já não passeiam até tarde, o sol esconde-se, e a lua e as estrelas vêm mais cedo ao nosso encontro. Como é bela a Criação, louvado sejas Senhor! Todas estas maravilhas são um presente de Deus e por isso devemos cuidar dela. São Francisco de Assis, cuja festa celebramos no próximo dia 4, viu a extraordinária obra que Deus realizou e louva-O no seu Cântico das Criaturas. E vocês, pequenos missionários, têm cuidado da nossa casa comum? Texto | CLÁUDIA FEIJÃO Ilustração | DAVID OLIVEIRA
CUIDAR DA CASA COMUM Quando falamos da Criação, de imediato lembramo-nos da narração do Livro do Génesis. Deus criou a Terra e tudo o que nela existe. Porque nos ama e nos quer felizes, deu-nos esta belíssima casa que é o nosso planeta, e faz-nos também criadores, pois cabe a cada um de nós cuidar e fazer crescer a nossa casa comum. Para tal é necessário respeitar a natureza. Quantos de vocês, amiguinhos, ainda não ouviram falar da importância de viver de forma sustentável? E dos três erres: reduzir, reciclar, reutilizar? Reduzir implica uma mudança de hábitos: por exemplo, fechar a torneira enquanto escovas os dentes. Reciclar envolve transformar, como acontece com a separação do lixo (sabias que é possível fazer uma t-shirt a partir de garrafas de água?). Reutilizar permite valorizar o que se tem, mas também ser solidário com quem precisa (a troca dos livros escolares é disso um bom exemplo). Tamanha beleza nos foi concedida. E São Francisco de Assis, já perto da sua morte, não pôde deixar de louvar a Deus por essas maravilhas no Cântico das Criaturas. Louvado sejas meu Senhor com todas as tuas criaturas, pelo irmão sol, pela irmã lua e pelas estrelas, pela nossa irmã, a mãe terra que nos sustenta.
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Louvado sejas. Esta invocação de São Francisco inspirou a encíclica do Papa Francisco, “Laudato Si”. Nela o Santo Padre apela a uma ecologia integral. É urgente tratarmos bem a nossa casa comum. Mas tal cuidado não se reduz apenas à natureza; estende-se também às pessoas que connosco coabitam no planeta, principalmente os irmãos mais desprotegidos. Somos chamados a cuidar da Terra desenvolvendo a cultura do encontro com os irmãos, cuja semente é a partilha, é a solidariedade. Por isso, pequenos missionários, há que eliminar o egoísmo e a injustiça, o que só é possível se “reciclarmos” o nosso coração de forma a evitar o desperdício dos nossos dons e, assim, os podermos reutilizar ao serviço dos que mais necessitam.
SABIAS QUE no dia 1 de setembro celebrou-se pela primeira vez o Dia Mundial de Oração pelo cuidado com a Criação, em comunhão com a Igreja Ortodoxa?
MOMENTO DE ORAÇÃO MOMENTO DE ORAÇÃO Louvado sejas Senhor por tão bela obra que é a Criação. Ajuda-me a saber cuidar com amor e bondade da natureza e de todas as criaturas que comigo partilham a nossa casa comum. Peço-te Senhor também por todos os que ainda não conseguiram fazer uma mudança nos seus corações. Que encontrem o verdadeiro significado do amor ao próximo, para que, atentos às necessidades dos irmãos mais necessitados, possamos todos habitar a mãe terra com a mesma dignidade. Pai-Nosso… Glória…
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TEMPO JOVEM
SONS DA MISSÃO UM DOS SONS DA BANDA ERA ORIUNDO DE UM INSTRUMENTO MUITO CURIOSO, FRUTO DA CRIATIVIDADE CAUSADA PELA FALTA DE RECURSOS TÍPICA DESTA ZONA POBRE: A PONTA DE UMA ENXADA, QUE, COM UM PREGO GRANDE, TEM A FUNÇÃO DOS NOSSOS FERRINHOS OU TRIÂNGULO PORTUGUÊS
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Fátima Missionária
Texto e Foto | ÁLVARO PACHECO
No verão passado estive em Maúa, missão dos Missionários da Consolata pertencente à diocese de Lichinga e província do Niassa, no norte de Mocambique. Acompanhei um grupo de cinco voluntários da zona de Lisboa ligados ao Instituto Missionário da Consolata (IMC), dedicados por um mês ao acompanhamento formativo de adolescentes e jovens estudantes, para além de fazerem trabalhos ligados à manutenção dos sistemas informáticos e organização da biblioteca do centro de investigação de Cultura Macua da paróquia de São Lucas (criada em 1988), que é composta por 73 comunidades sob a orientação dos padres Giuseppe Frizzi e Carlo Biella, ambos italianos. Um dos objetivos desta experiência tinha também a ver com a criação de uma base de dados sobre a cultura daquela região, sobretudo para uso na animação missionária em Portugal e formação de futuros voluntários. Neste contexto, visitámos a pequena aldeia de Nakeshe, onde causámos sensação porque os mucunha (nome pelo qual nos tratavam, ou seja, branco) são vistos muito raramente entre os seus habitantes. Acompanhou-nos o responsável do sector cultural da região de Maúa. Após uma receção muito tímida e desconfiada, depressa se habituaram à nossa presenca e a timidez deu lugar a muita alegria e confraternização, sobretudo através da dança. De facto, fomos ali para assistir e gravar com áudio e vídeo algumas das dancas típicas desta região, danças onde as mulheres e meninas são bailarinas e os homens os músicos. Um dos sons da banda era oriundo de um instrumento muito curioso, fruto da criatividade causada pela falta de recursos típica desta zona pobre: a ponta de uma enxada, que, com um prego grande, tem a função dos nossos ferrinhos ou triângulo português. Este não é certamente um instrumento em si, mas o facto é que a ponta da enxada e o prego contribuíram para o enriquecimento dos sons que a banda produzia e que as mulheres e crianças interpretavam com os seus movimentos. Tudo isto acompanhado pelo colorido das capulanas, peça de tecido tradicional que é usada como saia e pano de apoio das crianças quando transportadas às costas, entre outros fins. E pensando na ponta da enxada, recordei o chamamento dos discípulos: Jesus podia ter escolhido homens mais brilhantes ou um grupo de pessoas mais uniforme; porém, na escolha de pessoas com idades e capacidades diferentes, Ele apostou acima de tudo na capacidade de amar de cada um deles e de se deixarem desafiar, educar e motivar pelos conteúdos da sua doutrina. O
E TU? JÁ PENSASTE NO LUGAR QUE PODES OCUPAR NESTA ORQUESTRA MISSIONÁRIA? CERTO, A MISSÃO ACONTECE NÃO SÓ EM ÁFRICA, MAS EM TODO O LADO, MESMO EM PORTUGAL, MAS CRISTO CONTINUA A CONVIDAR OS JOVENS PARA QUE SEJAM MÚSICOS NOUTRAS LATITUDES E CULTURAS
mesmo acontece com aqueles que são chamados à vida consagrada e missionária, porque a verdadeira vocação está na capacidade de entrega e partilha do amor que se tem no coração. Claro, isto é válido para todo o tipo de vocações ou formas de estar na vida. Encontrei este elemento vocacional nos missionários que conheci ou reencontrei durante a minha permanência em Moçambique. Vários são oriundos de outros países, uns em Cuamba, outros em Nampula e os dois em Maúa: todos produzem sons de missão que embelezam e enriquecem a vida destas gentes que, com a sua cultura, enriquecem por sua vez a vida destes missionários. Tudo isto culmina numa simbiose muito particular: a partilha de experiências de vida e de fé que, embora diferentes, têm em comum este elemento essencial: estarem centradas no Mestre da orquestra, Jesus Cristo. E tu? Já pensaste no lugar que podes ocupar nesta orquestra missionária? Certo, a missão acontece não só em África, mas em todo o lado, mesmo em Portugal, mas Cristo continua a convidar os jovens para que sejam músicos noutras latitudes e culturas, para que as histórias e músicas do Evangelho sejam conhecidas, cantadas e dançadas por todos os povos da terra, cada um segundo as suas tradições e costumes.
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SEMENTES DO REINO
“QUEM PODE ENTÃO SALVAR SE?” Texto | PATRICK SILVA Foto | ANA PAULA
O desejo de alcançar a salvação está presente em todas as pessoas. Pode expressar-se de diversas maneiras, mas está presente. Jesus veio apresentar uma proposta de salvação, pois Deus quer que todos se salvem. Este outubro missionário recorda que não só devemos pensar na nossa salvação, mas também na salvação daqueles que nunca ouviram falar deste Salvador: Jesus
LEIO A PALAVRA
Mc 10,17-30 Tudo começa com um encontro entre Jesus e um homem, que mais adiante saberemos que era rico. É um encontro marcado por uma preocupação: como posso salvar-me? Este homem demonstra ser sincero e, movido por uma verdadeira preocupação, corre, ajoelha-se diante de Jesus para lhe fazer a sua pergunta. A resposta de Jesus é simples: segue a lei de Deus. Era um homem bom que já seguia a lei desde a infância. Então Jesus olha-o com amor e convida-o a dar mais um passo: vai, vende o que tens e dá-o aos pobres. Mas este desafio pareceu demasiado grande para aquele homem rico. Jesus aproveita para recordar que os ricos terão dificuldade em entrar no Reino de 28
Fátima Missionária
Deus. Os discípulos ficam assustados com as exigências do Reino e perguntam: quem pode então salvar-se? Para os homens é impossível, mas não para Deus. Pedro assusta-se ainda mais e recorda a Jesus, que ele e os companheiros deixaram tudo para o seguirem. Uma recompensa, porém, os aguarda por essa atitude, juntamente com perseguições.
SABOREIO A PALAVRA
Este homem bom e rico, buscando alcançar a sua salvação, na procura do melhor caminho, interroga Jesus que lhe apresenta uma proposta. Mas esse homem rico afasta-se daquele encontro com o semblante triste, porque considerou a proposta demasiado exigente; acrescenta o texto: possuía muitos bens. Jesus então adverte para a dificuldade de os ricos entrarem no Reino. Atenção, porém. Ricos não são apenas os que têm muito dinheiro ou muitas coisas, mas todos os que estão agarrados àquilo que possuem. Quem coloca a sua confiança nessas “coisas”, dificilmente encontrará a salvação.
REZO A PALAVRA
Senhor, ajuda-nos a entender que só tu tens palavras de vida eterna,
SENHOR, AJUDA NOS A ENTENDER QUE SÓ TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA, QUE SÓ TU PODES SALVAR
que só tu podes salvar. Ajuda-nos a confiar em ti e não nas nossas coisas, que são tão passageiras e frágeis.
VIVO A PALAVRA
O Evangelho termina sem dar a conhecer o que aconteceu àquele homem rico e bom. Diz o Evangelho que foi embora triste e talvez preocupado por possuir muito, mas não se sabe se acabou por vender tudo e seguir Jesus ou se preferiu continuar a sua vida de sempre. O Evangelho não o diz, porque aquele homem rico e bom sou eu, és tu, somos nós que devemos escolher o que vamos fazer com a nossa vida.
A PALAVRA FAZ SE MISSÃO
OUTUBRO
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04 * 27º DOMINGO COMUM GEN 2, 18 24; HEB 2, 9 11; MC 10, 2 16
FIDELIDADE
Acerca do homem e da mulher, criados por Deus à sua imagem e semelhança, Jesus afirma que os dois estão em profunda relação um com o outro, são dádiva e acolhimento mútuo, e juntos formam uma só vida na fidelidade do único amor. O Sínodo da Igreja sobre a Família, a decorrer no Vaticano, quer ser uma ajuda preciosa para que os casais vivam esta mensagem.
Abençoa, Senhor, as famílias humanas e cristãs de todo o mundo para que cresçam no amor e na unidade que geram vida.
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28º DOMINGO COMUM SAB 7, 7 11; HEB 4, 12 13; MC 10, 17 30
NÓS E AS COISAS
Amamos a Deus, reconhecendo-o e louvando-o pelos seus dons. Amamos os nossos irmãos doando e partilhando. Tudo se resume nisto. A economia da posse mata a economia da dádiva. Confunde o fim com os meios, transformando o homem de senhor em escravo das criaturas. A avidez da riqueza é verdadeira idolatria e o apego ao dinheiro é raiz de todos os males.
Desapega, Senhor, o nosso coração dos bens deste mundo e livra-nos de toda a avidez que cega os nossos olhos.
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29º DOMINGO COMUM IS 53, 2.10 11; HEB 4, 14 16; MC 10, 35 45
NÃO DEVE SER ASSIM ENTRE VÓS
Somos todos tentados a ser maiores do que os outros, tal como foram os
discípulos mais chegados a Jesus. Mas é um estilo contrário à lógica governante deste mundo, onde “os chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir o seu poder”. “Não deve ser assim entre vós”, adverte-nos Jesus: quem entre vós quiser tornar-se grande, ponha a sua vida ao serviço de todos. Que magnífica lição neste dia missionário mundial.
Abençoa, Senhor, a tua Igreja missionária no mundo para que continue a tua missão de servir sem dominar.
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30º DOMINGO COMUM JER 31, 7 9; HEB 5, 1 6; MC 10, 46 52
MESTRE, QUE EU VEJA
“Eu sou a luz do mundo”, disse Jesus. Esse cego à beira do caminho é a imagem da humanidade que não consegue descortinar a saída para a resolução dos seus problemas. Caminharemos sempre às apalpadelas, se não nos valer a luz que vem do alto. Iluminados pela palavra de Deus, poderemos ser os olhos de quem não vê, conduzindo-os para os valores que não perecem.
Que a tua luz, Senhor, nos invada totalmente, para podermos também nós iluminar e guiar. DV
INTENÇÃO PELA EVANGELIZAÇÃO AS COMUNIDADES CRISTÃS DO CONTINENTE ASIÁTICO ANUNCIEM, COM ESPÍRITO MISSIONÁRIO, O EVANGELHO ÀQUELES QUE AINDA O ESPERAM
O EVANGELHO PARA A ÁSIA A Ásia é o continente mais vasto da terra e a casa de aproximadamente dois terços da população mundial, contando a China e a Índia quase metade da população total do globo: um complexo mosaico de múltiplas culturas, línguas, crenças e tradições. É o berço das maiores religiões do mundo: judaísmo, cristianismo, islamismo e hinduísmo. E a terra natal de muitas outras tradições espirituais como o budismo, taoísmo, confucionismo, zoroastrismo, sikhismo, xintoísmo e outras religiões tradicionais. Tem valores religiosos e culturais, tais como o amor ao silêncio, a contemplação, a simplicidade, a harmonia, o desprendimento, a não-violência, o espírito de sacrifício, a disciplina, a vida frugal e a sede de saber e de indagar. À Igreja, com os seus 130 milhões de católicos, apesar de obstaculizada por alguns governantes, pede-se que, com espírito missionário, anuncie aí o Evangelho de Jesus. DV
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LEITORES ATENTOS
TIRE AS SUAS DÚVIDAS CRIÁMOS ESTA RUBRICA PARA SI
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Fátima Missionária
OUÇO POR VEZES FALAR DE SÍNODOS DA IGREJA. QUAL A SUA FINALIDADE? TÊM ALGUMA COISA A VER COM OS PROBLEMAS DO MUNDO, QUE SÃO TANTOS? ANTÓNIO BAPTISTA SACAVÉM
Caro amigo António, vem mesmo a propósito a sua pergunta. Decorre durante este mês de outubro, em Roma, um Sínodo sobre a família. Mas o que é um Sínodo? Para que serve? A palavra sínodo é uma conjunção de duas palavras da língua grega “sýn+odos”, cujo significado é “fazer juntos o caminho” ou “caminhar juntos”. Trata-se de uma série de encontros de representantes dos diversos grupos de fiéis para tratarem de assuntos propostos por quem convocou o Sínodo e proporem soluções para as questões em debate. Um Sínodo acontece somente a partir da convocação do bispo, quando se realiza numa diocese, ou do Papa, quando se realiza na Igreja a nível mundial. De três em três anos reúne-se o Sínodo ordinário da Igreja Católica, no qual bispos representantes das conferências episcopais, com a ajuda de leigos peritos no assunto, se encontram em Roma para debater um tema particular. O tema do Sínodo é sempre escolhido pelo Papa. Com a crise que se tem abatido sobre as famílias, o aumento de divórcios e o surgimento de novos tipos de organização familiar, Francisco considera que é altura de a Igreja refletir sobre os novos desafios da família. Por exemplo, questões de moral sexual, o acesso aos sacramentos por parte das pessoas em uniões irregulares, a evangelização, a preparação
para o casamento e questões sobre o processo de nulidade dos casamentos na Igreja. Na Igreja Católica os Sínodos dos bispos são apenas consultivos. Quem tem a última palavra é sempre o Papa. Algum tempo depois do Sínodo, a partir das sugestões, o Papa escreverá uma “exortação apostólica”, onde se apresentam as conclusões e eventuais mudanças na disciplina e na prática da Igreja em relação aos assuntos discutidos. DV
HOMENAGEM A assinante Celeste Fonte agradece a nossa revista, lembrando-nos que foi “recrutada” por uma grande amiga, a Maria Augusta Roque, de São Martinho do Porto. “Aquela que me levava para a praia ainda eu mal andava, mas que nunca me deixava para trás. Aquela que tinha sempre uma bolsinha com os primeiros socorros para quando fosse mordida pelo peixe-aranha. E que sempre me deu conselhos… Sempre teve tempo para ajudar doentes, idosos, enfim todos os que precisavam dela. A saudade nunca vai deixar esquecê-la”. Aquela que durante pelo menos trinta anos foi colaboradora incansável da revista FÁTIMA MISSIONÁRIA, fazendo a cobrança dos cerca de 80 assinantes do seu rol, ajudada pelas suas “filhas do coração”, como ela lhes chamava. Que do Céu continue a zelar pelos missionários e por aqueles a quem ela fez tanto bem.
GESTOS DE PARTILHA
APOIE OS NOSSOS PROJETOS E AJUDE NOS A CONCRETIZÁ LOS CRIANÇAS IRÃ Comunidade do Azinhal – Cardigos 95,00€. Total geral = 19.093,30€. COSTA DO MARFIM Manuela Correia Sá 1.000,00 €. PÃO PARA AS CRIANÇAS DO PADRE JOÃO MONTEIRO DA FELÍCIA BRASIL Campanha do Jornal da Golpilheira 850,00€. OFERTAS VÁRIAS Carlos Silva 93,00€; Emídio Major 136,00€; Filomena Silva 38,00€; Henrique Morais 79,00€; Glória Laracho 36,00€; Margarida Soares 33,00€; Céu Gomes 50,00€; Deolinda Alves 43,00€; Conceição Ferreira 33,00€; Isabel Pacheco 143,00€; Alcina Coelho 30,00€; Amélia Alexandre 38,00€; Fernanda Costa 60,00€; Joaquim Santos 33,00€; Manuel Farinha 68,00€; Maria Baltazar 43,00€; Ana Silva 43,00€; Deolinda Figueiredo 36,00€; Amélia Gomes 64,00€; Anónimo 59,00€; Carmo António 33,00€; Maria Barata 33,00€; Ass. nº 6151 50,00€; Fernando Pedrosa 93,00€; João Galvão 43,00€; Anónimo 30,00€; Ângela Sousa 40,00€; Anónimo 43,00€; Luís Matias 43,00€; Amélia Costa 63,00€; Maria Fernandes 33,00€; Amélia Bastos 43,00€; Irene Alves 36,00€; Adelaide Cândido 32,00€; Deolinda Figueiredo 50,00€; Alfredo Nunes 93,00€; Emília Silva 93,00€; Bruno e Anabela Lourenço 100,00€; Domingos Dias 93,00€; Anónimo 30,00€; Carmélia Caetano 53,00€; Dalina Monteiro 43,00€; Manuel Inácio 43,00€; Isabel Rocha 63,00€; Alzira Lopes 186,00€; Anónimo (Ourém) 200,00€; Isabel Marques 43,00€; Manuel Moreira 38,00€; Maria Anjos Salvador 43,00€; José Candeias 34,00€; Anónimo 40,00€; Valdemar Villar 30,00€; Luísa Salvador 40,00€; José Santana 40,00€; Albina Monteiro 100,00€; Hélder Neves 100,00€; Elizabete Carreira 50,00€, Anónimo 50,00€; Luísa e Fátima Machado C. 40,00€; Maria Antunes 130,00€; Anónimo 30,00€; Anónimo 100,00€; Rosa Cruz 500,00€; Lídia Laranjeiro 50,00€; Família Caetano 25,00€
CONTACTOS Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05 | IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 Apartado 5 - 2496-908 Fátima | T: 249 539 430 | fatima@consolata.pt Rua D.ª Maria Faria, 138 Apartado 2009 - 4429-909 Águas Santas Maia | T: 229 732 047 | aguasantas@consolata.pt Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 - 1800-048 Lisboa | T: 218 512 356 | lisboa@consolata.pt Quinta do Castelo - 2735-206 Cacém | T: 214 260 279 | cacem@consolata.pt Rua da Marginal, 138 - 4700-713 Palmeira Braga | T: 253 691 307 | braga@consolata.pt Rua Padre João Antunes de Carvalho, 1 - 3090-431 Alqueidão | T: 233 942 210 | alqueidao@consolata.pt Rua Estrada do Zambujal, 66 - 3º D - Bairro Zambujal - 2610-192 Amadora | T: 214 710 029 | zambujal@consolata.pt Alameda São Marcos, 19 – 7º A e B | 2735-010 Agualva-Cacém | T: 214 265 414 | saomarcos@consolata.pt
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VIDA COM VIDA
SEMINARISTA HENRIQUE CANAL
À SOMBRA DA CRUZ Texto | AVENTINO OLIVEIRA Ilustração | DAVID OLIVEIRA
Naquela tarde de 4 de julho de 1960, estava o Henrique assim muito sereno, um sorriso leve a bailar-lhe nos lábios, contente, parecia, pelos caminhos que trilhara a sua vida de seminarista da Consolata. No dia antes partira da casa de Certosa di Pesio, com alguns colegas e amigos para o cimo da montanha Bric da Costa Rossa, no noroeste da Itália, para celebrar lá nos altos, com sete seus confrades, uma festazinha em honra da Virgem Santa Maria. Tinham-se reunido debaixo da enorme cruz de ferro que encima a montanha. Depois, num abrir e fechar de olhos, explodira uma tempestade atmosférica, e um potentíssimo raio desceu pela cruz abaixo dando a morte ao Henrique, ao seu colega seminarista Sérgio Andreolli, a uma menina e a um outro jovem. Ficavam assim transferidos para o Céu os sonhos missionários do nosso Henrique. Tinha apenas 23 anos. O Henrique nascera em 1937, no dia 16 de fevereiro, dia do beato José Allamano. Entrara para o Seminário da Consolata em Rosignano, e quando recebeu a batina no dia da Imaculada Conceição de 1955, no santinho comemorativo escrevera: “Rejubilo de alegria no Senhor porque me revestiu com as vestes da salvação” (Isaías 61,10). Diziam dele os colegas: “Tinha um temperamento aberto, 32
Fátima Missionária
comunicativo, e se acontecia alguma discussão, sabia reconciliar-se imediatamente. Bem podemos descrevê-lo como generoso, humilde, e piedoso. Em tudo, mostrava sempre o seu grande interesse pelo Instituto. Um defeito contra o qual sempre lutava: um sentido natural de domínio! Mas lá dentro do seu peito batia um coração de oiro, bom e compreensivo”. A sua vocação missionária sofreu uma crise forte por causa dos fracos meios económicos da família, e especialmente quando o seu pai faleceu já durante os seus tempos de seminarista. Mas depois duma conversa séria com a família, continuou pelo trilho da sua vocação missionária. Um pormenor interessante: quando nas conversas de grupo surgia alguma nuvem de incompreensão,
era costume ouvir-se um dito chistoso do Henrique a desanuviar os ares e a dar ao grupo a serenidade e a alegria. Provavelmente é característica que não perdeu mesmo agora lá na pátria do Céu.
O QUE SE ESCREVE
PLENITUDE HUMANA EM SANTA TERESA
JESUS Um encontro passo a passo
Há inúmeras obras dedicadas a Jesus. Abordagens à sua personalidade, estudos de carácter histórico-social ou mesmo testemunhos de um encontro. O sacerdote jesuíta James Martin apresenta-nos neste livro uma proposta inovadora: que procuremos esse «encontro», seguindo os passos do Jesus humano, precisamente nos locais por Ele habitados e visitados. “Este não é apenas um livro: é uma viagem. E uma viagem que teremos vontade de recordar sempre”, comenta José Tolentino Mendonça. “O leitor vai deliciar-se com esta «visão nova» de Jesus, que passa diante de si como passou há dois mil anos diante de José e de Maria, Apóstolos e discípulos, multidão crente e não crente”, diz Carreira das Neves. _________________________________ Autor: James Martin, sj 526 páginas | preço: 20,70 € Paulinas Editora
Por ocasião da celebração dos 500 anos de Santa Teresa de Ávila, a Paulus Editora publica um estudo sobre a plenitude humana a partir dos escritos e da vida dessa mística espanhola. Santa Teresa de Jesus é uma figura simpática, porque, sendo muito viva e cheia de uma experiência espiritual que aconteceu no século XVI, tem muito a dizer ao mais profundo desejo do homem de todos os tempos: o caminho do encontro com Deus. Vale a pena ler e meditar. ________________________________ Autor: Anabela Neves Rodrigues 144 páginas | preço: 9,90 € Paulus Editora
MUSEUS DA IGREJA Missão pastoral e cultural
Os museus da Igreja “apresentam enormes potencialidades de ação pastoral criativa, nomeadamente através das características únicas na possibilidade de diálogo e de acolhimento de crentes e não crentes”, escreve o autor na obra que apresenta as conclusões de um estudo de mestrado. Na opinião deste mestre em Museologia e Museografia, esses museus devem colaborar na missão existencial da própria Igreja de comunicar “Deus à humanidade”. E por isso há que valorizá-los e promovê-los. _________________________________ Autor: André das Neves Afonso 224 páginas | preço: 13,50 € Paulus Editora
O EVANGELHO DA NOVA VIDA Um apelo à renovação da Igreja
É um livro onde o Papa Francisco partilha uma mensagem de “mudança e de confiança”: o Evangelho como “nova vida para todos” e apelo à conversão. É um convite à esperança e à transformação, onde o Papa continua o propósito de “anunciar o Evangelho” aliado ao “empenho de reforma da Igreja” e ao esforço de dar uma orientação a um mundo que “não salvaguarda a vida nem a dignidade dos homens”: uma lição extraordinária de liberdade e de fé em Deus. _________________________________ Autor: Papa Francisco 192 páginas | preço: 12,95 € Nascente Editora
DIA A DIA COM DEUS
O mundo em que vivemos é o mundo da velocidade, do pouco tempo para tantas coisas que temos de fazer. Este pequeno livro apresenta uma proposta de meditação para cada dia do ano a partir de mensagens inspiradoras sobre a fé e a relação com Deus. Veja-se o pensamento para o primeiro dia do ano: “Quando encontramos Cristo, apenas lamentamos não O termos encontrado há mais tempo. Quanto tempo perdido”. _________________________________ Organizador: Editorial Claretiana 192 páginas | preço: 6,00 € Paulus Editora ‹ Outubro 2015 ›
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MEGAFONE POR ALBINO BRÁS
“MUITAS PESSOAS PEQUENAS, EM LUGARES PEQUENOS, FAZENDO COISAS PEQUENAS, PODEM MUDAR O MUNDO”
EDUARDO GALEANO JORNALISTA E ESCRITOR URUGUAIO 1940 2015
“NÃO VAMOS À PROCURA DE UMA VIDA MELHOR. VAMOS À PROCURA DE VIDA. ATRÁS DE NÓS SÓ HÁ MORTE”
AHMED ABDALLA REFUGIADO DA SOMÁLIA NA EUROPA, EXPRESSO
“DEUS EXISTE. E SE NÃO EXISTE, DEVERIA EXISTIR. EXISTE EM CADA UM DE NÓS, COMO ASPIRAÇÃO, COMO NECESSIDADE E, TAMBÉM, COMO ÚLTIMO REDUTO INTOCÁVEL DO NOSSO SER”
OCTAVIO PAZ POETA E DIPLOMATA MEXICANO 1914 1998
“A DEMOCRACIA NÃO É O SILÊNCIO, É A CLARIDADE COM QUE SE EXPÕEM E ENFRENTAM OS PROBLEMAS”
ENRIQUE MÚGICA ADVOGADO E POLÍTICO ESPANHOL 34
Fátima Missionária
“NUNCA CONHECI NENHUM PORTUGUÊS MAU”
PAPA FRANCISCO EM ENTREVISTA À RÁDIO RENASCENÇA
Retiros em Fátima 2015
ANO DA MISERICÓRDIA
2016
FÁTIMA MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA
ESPERAMOS POR SI 2015 17 outubro “Servidores da ternura e da misericórdia” Padre António Fernandes
14 novembro “Tive fome e destes-me de comer” Padre Norberto Louro
5/6 dezembro “Era peregrino e acolhestes-me” Padre Thomas Mushi
2016 16 janeiro “Tive sede e destes-me de beber”
Padre Álvaro Pacheco
20/21 fevereiro “Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” Padre José Tavares Matias 5/6 março “Contemplar o mistério da Misericórdia” Padre Albino Brás 9 abril “Estive na prisão e fostes ter comigo” Padre Elísio Assunção
21 maio Na senda de Maria, Mãe da Misericórdia: “Adoeci e visitastes-me” Padre Darci Vilarinho 21/23 julho Férias com Deus: “Vinde a Mim todos os que andais cansados… e Eu vos aliviarei” Padre Ermanno Savarino
Os retiros começam sempre às 10h00 e terminam às 18h00 exceto os de dois dias que terminam com o almoço de domingo. Mínimo de 10 e máximo de 30 participantes por cada retiro. PARA MAIS INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES secretaria@consolata.pt | Tel. 915 139 778 Secretaria – Casa Provincial | Rua Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA
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QUANDO EU NASCI Quando eu nasci, ficou tudo como estava, nem homens cortaram veias, nem o Sol escureceu, nem houve Estrelas a mais… Somente, esquecida das dores, a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu. As nuvens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém… P’ra que o dia fosse enorme, bastava toda a ternura que olhava nos olhos de minha Mãe… JoSé Régio
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Fátima Missionária