REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 29
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REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 29
Desde que a crise não seja de valores… Caros colegas,
mercados europeus.
A actual direcção da APAVT acaba de tomar posse e todos, na direcção, sabem em que direcção devem trabalhar.
Todos temos a consciência de vivermos um dia a dia mais difícil e, à medida que se vai tornando mais difícil, com o futuro progressivamente mais indecifrável.
Pensando no mercado como um todo, preocupados com os mais pequenos em particular, devemos trabalhar na boa imagem das nossas empresas e empresários; no desenvolvimento das boas práticas, junto de fornecedores e junto de clientes; na redução de custos de contexto. Foi neste último âmbito, o da redução dos custos de contexto, que fomos obrigados a trabalhar sem interrupção desde (antes mesmo) a nossa posse: a lei ainda em vigor corresponde a uma grilheta insuportável, que pesa constantemente e que restringe de forma permanente, sem qualquer razão plausível ou minimamente justificável, a actuação dos agentes de viagens. Como sabem, chegámos já a um acordo, relativamente ao novo corpo legislativo, que incorpora a maioria das soluções que perseguíamos; Acima de todas, (i) a salvação de um número significativo de pequenas empresas, (ii) maior igualdade no acesso ao mercado, (iii) a manutenção da protecção e segurança do consumidor. Deveremos esperar agora, atentos e activamente vigilantes, pelo processo legislativo, que conduzirá a lei até à sua publicação. Até lá, nada foi conquistado. Temos igualmente que promover o desenvolvimento das exportações portuguesas. Ninguém se pode excluir deste desafio, muito menos o sector provavelmente mais preparado e mais competitivo internacionalmente - o do Turismo. É principalmente neste âmbito que se insere o acordo com a Braztoa, a TAP e a FIL, que serve de base ao primeiro stand da APAVT na BTL com 140 m2, onde estarão presentes vinte e dois associados que se associam a um projecto pioneiro que "luta" pela hegemonia de Portugal e dos seus representantes da distribuição turística na conexão entre o Brasil e os diversos REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 30
O ambiente macroeconómico é de reajustamento; no dia-a-dia das famílias, r e a j u st a men to significa ma i s dificuldades, menor rendimento disponível, menos consumo, menos viagens também. As agências de viagens terão assim um mercado mais pequeno para trabalhar, a que se juntará certamente maior dificuldade de acesso ao crédito bancário, uma vez que é nas pequenas e micro empresas (tecido empresarial por excelência do sector) que esta fragilidade se tem manifestado de uma forma mais marcante.
Pedro Costa Ferreira, Presidente da Direcção da APAVT
É uma crise. Porém, uma crise, e as económicas não são excepção, é por definição um período, não é um estado permanente. Todos sabemos que quem as v ence, individuo ou empresa, sai notoriamente mais forte e capaz. Principalmente, se ao longo da crise estivermos mais próximos uns dos outros, sabendo que concorrer inclui um enorme espaço de cooperação. E, na APAVT, temos uma enorme ambição em alimentar este espaço fulcral de cooperação. Principalmente, se ao longo da crise soubermos distinguir claramente entre a gestão das dificuldades e os princípios que devem sempre nortear a vida e… a gestão também; se soubermos compreender que o único modo de gerir menos consumo é compreender melhor as necessidades dos consumidores e de conduzir, sem excepção, boas práticas. Uma crise é sempre uma oportunidade. A não ser que seja uma crise de valores.
Porém, uma crise, e as económicas não são excepção, é por definição um período, não é um estado permanente. Todos sabemos que quem as vence, individuo ou empresa, sai notoriamente mais forte e capaz. 3
Nº 30 - 2012 - WWW.APAVTNET.PT
CAPA
Castelão Costa (Pousadas de Portugal):
"Quero abrir a porta às agências de viagens" Presidente da Direcção: Pedro Costa Ferreira Conselho Editorial: Pedro Costa Ferreira, João Welsh, Filipe Machado Santos, Rui Colmonero, Paulo Brehm
Assegura estar de portas abertas e interessado na dinamização da relação das Pousadas de Portugal com as Agências de Viagens, que têm um peso mínimo nas vendas deste produto. O presidente do grupo Pestana Pousadas, José Manuel Castelão Costa, admite a possibilidade de alienar unidades, afirma como prioridade para o sector a promoção internacional, está convicto de que a banca mediu mal os riscos de alguns projectos e defende que não vale a pena apoiar novos, salvo se verdadeiramente excepcionais ○
REVISTA APAVT Director Editorial: Paulo Brehm brehm@net.novis.pt
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Cumprindo o anúncio de que o processo de revisão estaria concluído até 31 de Janeiro, a associação e a tutela deram por findo nesse dia os trabalhos de revisão da Lei das Agências de Viagens, que conduzirão a um novo quadro legislativo que responde aos principais anseios do sector, criando melhores condições para o exercício da actividade das agências de viagens ao mesmo tempo que mantém, e nalguns casos reforça, a protecção do consumidor. ○
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Fotografia: Rafael G. Antunes, Arquivos APAVT Edição Gráfica e Layout: Pedro António e Maria Duarte Publicidade: Jorge Reis jorgeareis.pub1@sapo.pt Tel. 91 758 53 10 Impressão e Acabamento: MX3-Artes Gráficas, Lda. Rua Alto do Sintra - Sintra Comercial Park Armazem 16 Fracção Q 2635-446 Rio de Mouro Tiragem: 3.000 exemplares Distribuição: APAVT Propriedade: APAVT-Associação Por tuguesa das Agências de Viagens e Turismo Rua Duque de Palmela, 2-1º Dtº 1250-098 Lisboa Tel. 21 3553010 / Fax. 21 3145080 apavt@apavtnet.pt www.apavtnet.pt Reg. no ICS como nº 122699
Nota do Editor: Os artigos de opinião são da responsabilidade exclusiva dos seus autores.
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Vida Associativa
Quem é Quem na nova Direcção Saiba aqui quem é quem nesta nova liderança, incluindo os respectivos pelouros e responsabilidades, bem como quem são os novos coordenadores dos Capítulo Sectoriais e os Delegados Regionais. ○
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António Azevedo (ABAV):
"É preciso que os operadores portugueses formatem produtos que agradem aos brasileiros" Apesar do crescimento que já se vem a registar no turismo brasileiro em Portugal, existe ainda um enorme potencial por explorar, afirma o recém-eleito presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), António Azevedo, em entrevista à REVISTA APAVT.
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e-Entrevista:
José Minguez (director-geral da Air Europa em Portugal) ○
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MENSAGEM DO PRESIDENTE ○
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EDITORIAL ○
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Nova Lei para as Agências de Viagens
Redacção: Catarina Delduque, Guilherme Pereira da Silva Tel. 21 3142256 / Fax. 21 3525157 revista.apavt@net.novis.pt Colaborações: Sebastião Boavida, Silvério Canto (Agência PressTur), Francisco Teixeira
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ESTATÍSTICA ○
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editorial
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Paulo Brehm
is a primeira edição deste ano da nossa revista, que é também a primeira sob a orientação de uma nova direcção na APAVT, que apresentamos nestas páginas. O "Quem é Quem" neste novo ciclo da associação permite conhecer cada um dos membros da direcção, as suas competências e mais directas responsabilidades, bem como os coordenadores dos diversos Capítulos Sectoriais e os delegados da associação nas diferentes regiões, primeiro ponto de contacto desta com todos os associados. Também a nova Lei das Agências de Viagens nos merece destaque, através de um artigo em que se esclarece, tanto quanto possível, o que resultou do acordo alcançado com a Secretaria de Estado do Turismo e que está agora em processo legislativo. Note-se que não estamos ainda perante uma nova Lei, mas apenas do que a direcção e a própria tutela do sector esperam venha a ganhar esse estatuto, findo o processo em curso que, forçosamente, passa pelos pareceres de diversos organismos e instituições. Do outro lado do Atlântico, a nossa congénere ABAV também tem uma nova liderança. António de Azevedo, o novo presidente da associação dos agentes de viagens brasileiros, é por isso mesmo um dos entrevistados da revista, nas vésperas da assinatura de um protocolo de cooperação que deverá constituir uma nova ponte para o desenvolvimento do relacionamento entre estes dois destinos e mercados. Por cá, as Pousadas de Portugal são um produto único, diferenciado e com reconhecida qualidade que, contudo, a avaliar pelas declarações do seu presidente, não parece granjear grande popularidade entre os agentes de viagens. Independentemente das razões deste alegado "divórcio", ressalta da entrevista a José Manuel Castelão Costa a
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abertura a mais diálogo e à construção de parcerias com este canal de distribuição, o que é sempre um bom princípio e que poderá, em particular quando os destinos nacionais ganham alguma importância, trazer ganhos a todos, Pousadas, agentes e, claro está, os clientes. No capítulo da aviação, uma e-Entrevista ao director-geral da Air Europa em Portugal, transportadora que tem vindo a conquistar um crescente espaço no nosso mercado. Finalmente, e no rescaldo do infeliz naufrágio do Costa Concordia, damos voz à opinião de Francisco Teixeira, reconhecido especialista no sector dos cruzeiros e o novo coordenador deste capítulo sectorial da APAVT. Entre outras breves notícias, os benefícios do Cartão APAVT e, logo a abrir, a primeira mensagem do presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, espero encontre na nossa revista um espaço de reflexão e informação para o qual, uma vez mais, agradecemos os seus contributos, críticas e sugestões. Enfrentamos 2012 conscientes das dificuldades, mas determinados a prosseguir, determinados, a nossa missão enquanto plataforma de comunicação da associação com os seus associados em particular, e com todo o mercado de uma forma geral. Da nova direcção recebemos renovada confiança, assim como me é grato constatar que também as empresas que reconhecem nos agentes de viagens um importante papel na distribuição continuam a confiar nesta revista como suporte da sua promoção. A uns e outros tudo faremos para responder com eficácia a esta aposta e este é, enfim, o nosso compromisso para 2012. Boas leituras e melhores negócios
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Análise Estatística
BSP Portugal cresce 4,8% em Janeiro deste ano
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2011: 114 agências portuguesas subiram vendas BSP Quase 40% das agências de viagens portuguesas com vendas BSP conseguiram "iludir" a crise de 2011 e chegar ao fim do ano com crescimentos, que em 14 delas foram acima de um milhão de euros, destacando-se, em valor, os aumentos da eDreams, da Travelstore, Abreu, Solférias e Airmet. Os dados a que o PressTUR teve acesso relativos ao ano de 2011, em que as vendas BSP ficaram em 811,29 milhões de euros, menos 1,39% ou 11,4 milhões que em 2010, mostram que das 298 empresas com vendas registadas no ano passado, 114 tiveram aumentos de vendas (38,3% do total), 177 tiveram quedas (59,4%) e relativamente a sete o PressTUR não obteve os dados relativos a 2010. A informação indica que as 114 agências que tiveram crescimento somaram 347 milhões de euros de vendas, o que equivale a 42,8% do total do BSP, e relativamente a 2010, em que representavam 34,2%, tiveram um aumento de vendas de 23,4% ou 65,86 milhões de euros. As 177 que tiveram quedas de vendas, entre as quais se conta a Intervisa, que não teve o ano de 2011 completo porque entretanto foi
adquirida pela ES Viagens, somaram 462,7 milhões de euros de vendas BSP (57% do total), menos 12% ou menos 63,05 milhões que em 2010, ano em que representavam 63,9% das vendas totais. As sete empresas relativamente às quais o PressTUR não conseguiu saber as variações em relação a 2010, em 2011 somaram 2,68 milhões de vendas BSP, o que equivale a 0,3% do mercado.
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As vendas de voos regulares pelas agências de viagens IATA portuguesas cresceram 4,8% em Janeiro, a que corresponde um aumento de 2,7 milhões de euros, pelo aumento das vendas de voos internacionais em 7,2% ou 3,57 milhões, de acordo com os dados a que o PressTUR teve acesso. Em Janeiro, as agências realizaram um montante de 59,38 milhões de euros em vendas BSP, 90% do qual em voos internacionais (88% em Janeiro de 2011), que atingiram um total de 53,44 milhões. Esta evolução das vendas de voos internacionais foi o que permitiu o crescimento do mercado, porque a tendência de queda das vendas de voos domésticos manteve-se, ao registarem uma quebra de 12,8% ou 871,2 mil euros, para 5,94 milhões. Estes dados mostram que Janeiro deste ano só não foi melhor que os meses homólogos de 2008 (67,9 milhões) e 2007 (63,17 milhões). Fontes do mercado observaram que o Carnaval, mais cedo este ano que em 2011, é uma das possibilidades de explicação do aumento em relação ao ano passado, uma vez que as vendas para essa época foram mais cedo, mas observaram que a sustentação está no segmento corporate (viagens empresariais), como aconteceu ao longo do ano passado.
20 maiores agências concentram 62,6% do BSP 2011 foi mais um ano em que se acentuou a concentração das vendas BSP nos maiores "players" do mercado, com as 20 maiores empresas a terem uma quota de mercado conjunta de 62,6%, mais 3,5 pontos que há um ano, por um aumento das vendas em 4,4% ou 21,56 milhões de euros, para 507,5 milhões. Esta evolução, porém, não foi homogénea. As cinco maiores, que somaram no ano passado 321,95 milhões de euros, que equivale a 39,7% do BSP, ganharam apenas 0,8 pontos de quota de mercado, com um aumento das vendas em 0,7% ou 2,1 milhões. Para este pior desempenho do Top5 contribuíram as quedas de vendas da Top Atlântico, nº 2, em 3,4%, para 84,7 milhões, da Geostar, nº 3, em 6%, para 76,7 milhões, e da BCD Travel nº 5, que este ano já está integrada na Top Partner, para 22,3 milhões. A compensar estas quedas estiveram a Travelstore, que era nº 6 em 2010 e subiu a nº 4, com um aumento das vendas em 33,5%, para praticamente 30 milhões de euros, que algumas fontes dizem ao PressTUR reflectir em grande medida emissões de Angola onde reforçou a sua implantação, e a Abreu, nº 1, com um aumento de 5,7%, para 108,3 milhões. Mas foi nas empresas na segunda metade do Top10 que se deu o grande reforço da concentração das vendas, uma vez que este grupo saltou de 9,7% do BSP em 2010 para 11,7% em 2011, com um aumento das vendas em 19,1%, para 95 milhões de euros. A "culpada" foi a eDreams, que em 2010 era um "pequeno player" com 1,7 milhões de euros de vendas, que a colocava na 70ª posição, e em 2011, com a concentração de reservas em Portugal a partir de Abril, atingiu 21,2 milhões de euros, saltando para a 7ª posição. Este aumento, em 19,4 milhões de euros, foi o que fez aumentar a quota de mercado da segunda metade do Top10, designadamente porque acompanhado por um aumento de 1,8% do Corte Inglés, para quase 18,5 milhões de euros, uma vez que as outras três empresas que fazem parte deste grupo tiveram quedas: a Atlântida, em 12,4%, para 22,2 milhões de euros, a Carlson Wagonlit, em 6,5%, para 19,2 milhões, e a Escalatur, em 0,2%, para 14
milhões. Nas empresas que em vendas BSP em 2011 se situaram nas posições seguintes, os dados a que o PressTUR teve acesso indicam que as que ficaram entre a 10ª e a 15ª posição subiram a quota de mercado de 5,7% em 2010 para 6,4% em 2011, com um aumento das vendas em 9,2%, para 51,5 milhões de euros, e as que ficaram entre a 15ª e a 20ª posição tiveram uma ligeira subida da quota de mercado, para 4,8%, mas neste caso por uma queda das vendas menor que o mercado, em 0,4%, para 39 milhões de euros. A subida da quota de mercado das empresas que se situaram em 2011 entre as posições 11 e 15 deve-se aos aumentos da Cosmos, em 1,3%, para 13,5 milhões de euros, Club Tour, em 2,2%, para 9,8 milhões, Airmet, em 28,2%, para 9,4 milhões, e Sottotour, em 26,9%, para 9,3 milhões. Em queda esteve a Halcon, mas menor que o mercado, em -0,7%, para 9,5 milhões. Nas empresas que se situaram entre a posição 16 e a 20, cresceram a D-Viagem, do grupo Orizonia, em 31,1%, para 8,9 milhões de euros, e a TQ Travel do ex-presidente da APAVT Vítor Filipe, em 17,9%, para sete milhões. Em queda estiveram a TUI, de 8,3%, para 8,6 milhões, a CoolTravel, de 18,1%, para 7,6 milhões, e a Nortravel, de 11,2%, para 6,8 milhões, que ainda assim foi o maior operador turístico do mercado português em vendas BSP. 61,7% vende menos de um milhão A grande maioria das agências portuguesas não atinge um milhão de euros por ano (média de cerca de 83 mil euros por mês) e
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Análise Estatística
apenas 1% (três) soma mais de 50 milhões no fim do ano. A Abreu, que tem as suas vendas BSP concentradas na sua marca, é a única com mais de cem milhões (108,3 milhões) e, depois, estão a Top Atlântico, com 84,66 milhões, e a Geostar, com 76,7 milhões. Sendo 1% das empresas, estas três marcas, com um total de vendas de 269,7 milhões de euros, representaram 33,2% das vendas BSP, mais 0,2 pontos que em 2010, pelo aumento da Abreu, que passou de 12,5% do BSP para 13,4%, enquanto a Top Atlântico baixou 0,2 pontos, para 10,4%, e a Geostar baixou 0,5 pontos, para 9,5%. O panorama difere, no entanto, quando se olham os dados por grupos, caso em que, somando Top Atlântico, Carlson Wagonlit, Netviagens, Mundovip, entre outras, a nº 1 é a ESViagens, com 129,2 milhões de euros, o que equivale a 15,9% do BSP, menos 1,1 pontos que em 2010, por uma queda de 7,9%. A nº 2 neste ranking por grupos é a Go4Travel liderada pelo ex-presidente da APAVT, João Passos, que reúne, entre outras, marcas como a Nortravel, Club Tour, TQ Travel, mas que no ano passado "perdeu" a Intervisa para a ES Viagens, com 109,7 milhões de euros, o que equivale a 13,5% do total do BSP, menos 0,7 pontos que em 2010, por uma queda das vendas em 6,5%. A Abreu está neste ranking na terceira posição, com 108,3 milhões (+5,7% que em 2010) ou 13,4% do BSP, a Geostar é nº 4, com 77,7 milhões (-6,2%) ou 9,6% do BSP, e a Travelstore é nº 5, com 29,98 milhões (+33,5%) ou 3,7% do BSP). Estes cinco "grupos" somaram no ano passado 454,9 milhões de euros, o que
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equivale a 56,1% do BSP, menos 0,5 pontos que em 2010. Por agências, os dados a que o PressTUR teve acesso indicam que das 298 empresas com vendas no ano passado, 38,6% (115) realizaram menos de 500 mil euros (menos de 42 mil euros por mês) e 23,2% (69) realizaram entre 500 mil e um milhão (entre 42 mil e cerca de 83 mil por mês). As empresas com vendas BSP acima de um milhão de euros foram, assim, 38,3% do total (114), mas em vendas atingiram uma quota de mercado de 90,9%, com 737,2 milhões de euros. Neste grupo de 114 empresas, 52 (45,6% deste grupo e 17,5% do total de empresas com dados de vendas em 2011) realizaram entre um milhão e dois milhões de euros, 14 (12,3% das 114 e 4,7% das 298) realizaram entre dois milhões e três milhões, 20 (17,5% das 114 e 6,7% das 298) realizaram entre três milhões e cinco milhões, 17 (14,9% das 114 e 5,7% das 298) realizaram entre cinco milhões e dez milhões de euros. Com mais de dez milhões de euros houve, assim, apenas 3,7% das agências (11), as quais, no entanto, realizaram mais de metade das vendas (53,1%) e reformaram a participação de mercado em 2,9 pontos ao atingirem 430,55 milhões de euros, mais 4,3% que em 2010, num aumento que se deve em grande medida à evolução da eDreams, da Travelstore e da Abreu. Os outros cerca de 47% das vendas BSP concentraram-se em 15% nas 17 (5,7% das empresas) com vendas entre cinco milhões e dez milhões, que subiram ligeiramente a quota de mercado (+0,07 pontos), em 9,4% (76,44 milhões de euros) nas 20 empresas (6,7% das empresas) com vendas entre três milhões e cinco milhões, que baixaram a quota de mercado em 0,8 pontos, e em 13% (105,6 milhões de euros) nas 66 empresas (22,1% das empresas) com vendas entre um milhão e três milhões de euros. Fontes do sector das agências de viagens contactadas pelo PressTUR salientaram ser importante ressalvar que há casos em que os dados das vendas BSP não reflectem as vendas da empresa titular da "chapa" IATA, pois há várias que se dedicam à chamada "consolidação", ou seja, a fazer as emissões de empresas que não têm BSP, por opção ou por terem sido excluídas por não cumprirem os critérios. Essas fontes também se referem a casos de "transferências" de emissões entre mercados, de que o mais notório é Angola, situação que tem penalizado designadamente a ES Viagens e a Atlântida, que ao fazerem mais emissões no mercado angolano reduzem no português, e há sectores que também se referem à eDreams, embora tudo indique que o seu
crescimento decorre de ter passado a contabilizar as emissões no BSP Portugal. Abreu consolida liderança O ano de 2011 foi marcado por um reforço da liderança da Abreu nas vendas BSP, tanto mais saliente quando a opinião generalizada do mercado é que houve uma acentuada diferença entre os desempenhos das vendas do segmento corporate, que resistiram à crise, e do segmento lazer, que terá sido o que mais sofreu com a austeridade, como o mostra a queda generalizada das vendas de operadores. A Solférias e a Soltrópico foram os únicos operadores a ter crescimento das vendas BSP em 2011, o que se deve em parte ao facto de em finais de 2011 terem deixado de ter charters (que não entravam para o BSP) para a ilha do Sal e passado a ter os seus programas em voos regulares da TAP e dos TACV, contabilizados em BSP. A Solférias foi mesmo o operador que teve o maior aumento das vendas BSP, com +99% ou mais quase 2,6 milhões que em 2010, para 5,2 milhões de euros, enquanto a Soltrópico teve um aumento de 88,2% ou aproximadamente 1,8 milhões, para 3,9 milhões. Mas esses dois casos foram excepções. A Nortravel, maior operador em vendas BSP, teve uma queda de 11,2%, para 6,8 milhões de euros, o Mundovip, nº 2, teve um decréscimo de 15,8%, para 6,2 milhões, e o Clube Viajar, nº 3, baixou 17,6%, para 5,2 milhões. Outros exemplos são as quedas da terraBrasil, em 12,1%, para 1,8 milhões, da Quadrante, em 27,2%, para 1,4 milhões, da Entremares, que entrou em default em Julho (clique para ler: Entremares entrou em default no BSP Portugal. Dívida de Junho é de 172,2 mil euros), em 76,3%, para 1,4 milhões. Entre as empresas que mais claramente operam na área do lazer, destacam-se ainda, entre outras, as queda da online Netviagens, em 41,3%, para 5,9 milhões, da Viajes Iberojet, em 63,2%, para 503 mil euros, e da TUI, em 8,3%, para 8,6 milhões. As fontes do PressTUR salientam que, porém, a entrada "em força" da eDreams no BSP Portugal e as compras da Intervisa e da BCD Travel pela ES Viagens e a sua integração na Top Partner criada no início de 2011 são potencialmente os factos de 2011 que mais repercussões terão no futuro próximo. Outra tendência para a qual chamam a atenção é para o incremento da "consolidação", que antecipam se acentue porque se prevê que será maior o número de agências que terão que passar a ter caução, ou que terão que reforçar a que têm, e sabese que a banca está bastante mais restritiva nessa matéria.
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Análise Estatística
Movimento de passageiros de cruzeiros em Lisboa cresce 62,1% em Janeiro Os cruzeiros no Porto de Lisboa tiveram o melhor começo de ano desde pelo menos 2007, com 11 escalas de navios e 22.159 passageiros em Janeiro, mais três escalas (+37,5%) e mais 8.490 passageiros (+62,1%) que há um ano, de acordo com os dados da APL Administração do Porto de Lisboa. A informação especifica que o Porto de Lisboa recebeu em Janeiro 22.159 passageiros em trânsito, que chegam e partem no mesmo navio, permanecendo algumas horas na capital portuguesa, e teve 350 em turnaround, ou seja, que começaram e/ou acabaram cruzeiros em Lisboa. Em trânsitos o aumento foi de 62,1% ou 8.216 e em turnaround foi de 360,5% ou 274, com +294 desembarques (+612,5%), para 342, e menos 20 embarques (-71,4%), para oito. Em número total de passageiros, antes de Janeiro deste ano, o melhor primeiro mês tinha sido o de 2011, com 13.669 passageiros e, depois, 2010, com 7.511, e 2007, com 7.210. Os piores meses de Janeiro tinham sido os de 2008, com 3.379 passageiros, e 2009, com 4.180. Entre Janeiro de 2008 e Janeiro de 2012, o movimento de cruzeiros no Porto de Lisboa tem um aumento 18.780 passageiros (+555,8%), com mais 18.446 passageiros em trânsito (+548,5%). O plano de escalas do Porto de Lisboa para este ano mostra um aumento de 31 escalas relativamente a 2011, para 361, com Abril e Maio a serem os meses de mai o r movi m e n t o de n a vi o s, respectivamente com 51 e 63 escalas. A informação também mostra que a P&O Cruises, com 44 escalas, é a operadora de cruzeiros cujos navios mais visitarão Lisboa em 2012. Porto do Funchal perspectiva 2012 ainda melhor depois de ano recorde em 2011 O Funchal, maior porto de cruzeiros de Portugal, perspectiva um 2012 ainda melhor que 2011, que foi ano recorde com 540.180 passageiros e 303 escalas, superando 2010 em oito escalas (+2,7%) e 47.680 passageiros (+9,7%), de acordo com os dados da APRAM - Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira. 2012 perspectiva-se seja "um bom ano, pois deverá manter-se a tendência de crescimento, contando-se neste momento com 334 reservas", anunciou a
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presidente da APRAM, Alexandra Mendonça, em conferência de imprensa sobre o balanço do ano passado. Alexandra Mendonça salientou nesse balanço a progressão registada ao nível dos chamados turnaround, designação que abarca os passageiros que iniciam (embarques) e/ou terminam (desembarques) cruzeiros no Funchal, que registaram em 2011 um aumento de 60,9% (+5.991) passageiros, para 15.832. A executiva destacou que essa é uma evolução que decorre do interface entre o porto e o aeroporto e que permite ao turista permanecer uns dias antes ou depois do cruzeiro na região, uma aposta que "se tem revelado muito positiva". Em 2011 o Porto do Funchal teve 7.978 embarques, +58,1% ou mais 2.932 que em 2010, e o número de desembarques aumentou 63,8% ou 3.059, para 7.854. A grande fatia do tráfego, porém, continua a ser a dos passageiros em trânsito, que normalmente visitam a Madeira por algumas horas, durante a escala do navio. Em 2011 foram 524.348 passageiros em trânsito, mais 8,6% ou mais 41.689 que em 2010. Embora Dezembro seja "cabeça de cartaz", pela concentração de navios na baía do Funchal para o espectáculo de fogo de artifício, o que, aliás, já está a interessar a ilha espanhola de Grã Canária em 2011. o mês de maior movimento voltou a ser em 2011 o de Novembro. Neste mês, o porto do Funchal teve 50 escalas e um total de 84.926 passageiros, enquanto em Dezembro teve 45 escalas e 73.370 passageiros. "O melhor mês em termos de movimentos
de navios e passageiros foi Novembro, habitualmente um dos meses de maior movimento quando muitos navios atravessam o Atlântico para reposicionarem-se nas Caraíbas e América do Sul", explica o comunicado da APRAM sobre a conferência de imprensa. Os dados da gestora do porto indicam que Novembro foi não só o mês de maior actividade, como aquele em que houve maior crescimento, com mais oito escalas e mais 20.431 passageiros que um ano antes. Em Dezembro, o crescimento foi em cinco escalas (+20%) e 2.998 passageiros (+4,3%), com mais 153 passageiros em turnaround (+8,1%, para 2.046) e mais 2.845 em trânsito (+8,1%, para 2.046). A perspectiva de um ano de 2012 melhor que 2011 é corroborada pelos primeiros meses da época turística, que a Madeira considera ser de Setembro a Maio. Nos primeiros quatro meses da época 2011/2012, o porto da Madeira está com mais três escalas (+2,3%, para 136) e mais 14.548 passageiros (+6,5%, para 237.649) que no período homólogo da época 2010/2011. Os dados da APRAM indicam que o crescimento do número de passageiros engloba aumentos de 13.062 passageiros em trânsito (+5,9%, para 233.660) e de 1.486 passageiros em turnaround (+59,4%, para 3.989), com mais 704 embarques (+62,3%, para 1.834) e mais 782 desembarques (+57%, para 2.155). As previsões para este ano apontam para o Funchal ter 347 escalas de cruzeiros, mais 44 escalas que em 2011.
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Análise Estatística
Portugal bate recordes no turismo internacional Receita, despesa e saldo atingem máximos em 2011 Portugal atingiu em 2011 novos recordes de despesas de visitantes estrangeiros no País, de despesa dos portugueses em viagens e turismo no estrangeiro e de saldo entre umas e outras, porque as exportações cresceram de forma mais forte que as importações, segundo os dados divulgados pelo Banco de Portugal. De acordo com o banco central, os estrangeiros que visitaram Portugal em 2011 despenderam no País um total de 8.145,5 milhões de euros, mais 7,2% ou mais 544,28 milhões que em 2010, enquanto a despesa dos portugueses em viagens e turismo no estrangeiro tiveram um aumento de 0,7% ou 20,7 milhões, para 2.973,56 milhões. Desta forma, o que mais cresceu foi o saldo, que atingiram o montante de 5.171,99 milhões de euros, em alta de 11,3% ou 523,5 milhões de euros. De acordo com os dados publicados hoje pelo banco central, que rectificou os valores relativos aos meses de Março a Outubro, as receitas turísticas (despesas dos visitantes estrangeiros), que em 2010 tinham superado o anterior máximo anual, de 2008, em 2,2%, ficaram no ano passado 9,5% acima desse ano, o que significa um aumento de 705,4 milhões de euros. Quanto à despesa dos portugueses em viagens e turismo no estrangeiro, afectadas pela conjuntura recessiva que o País está a viver, os dados do banco central indicam que também ficaram acima de 2008, mas apenas 0,5% ou 14 milhões de euros. O reflexo é que Portugal, que pela primeira vez tinha registado um saldo acima de quatro mil milhões de euros (4.533,4 milhões) em 2007, tendo decrescido nos anos seguintes, para 4.501,3 milhões em 2008 e 4.195,58 milhões em 2009, em 2011 reforçou a tendência de 2010 (aumento de 10,8%, para 4.648,4 milhões) e voltou a ter crescimento a dois dígitos com o qual superou pela primeira vez os cinco mil milhões, mais 14,1% ou mais 638,57 milhões que em 2007. Rússia, China e África do Sul ajudaram ao recorde da receita turística portuguesa Rússia, China e África do Sul contam-se entre os mercados emissores que tiveram contribuições
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fortes para o aumento da receita turística portuguesa em 2011, com um aumento conjunto de 26,2 milhões de euros, de acordo com dados do Banco de Portugal. O primeiro desses mercados foi a Rússia, que já não é propriamente um mercado emergente para o turismo português, com 53,26 milhões de euros, seguida da África do Sul, com 31,38 milhões, e, bastante abaixo, a China, com 12 milhões. Em variação percentual relativamente a 2010, porém, é a China que sobressai com um aumento de 84,2%, que se explica pelo valor mais baixo que tinha em 2010, mas também pela dimensão do aumento em 2011, que atinge os 5,48 milhões. O maior aumento, porém, é na despesa dos visitantes russos, que atinge os 15,8 milhões de euros, situando-se 42,3% acima de 2010. Da parte dos visitantes procedentes da África do Sul, o aumento em 2011 foi de 18,6% ou 4,9 milhões de euros, para 31,38 milhões. Estes aumentos a dois dígitos são "a regra" entre grandes mercados emissores ainda sem forte presença no turismo em Portugal, designadamente porque são emissores de longo curso. Estão nesta situação, entre outros, a Austrália, com um aumento de 12,3% ou 2,9 milhões de euros, para 26,58 milhões, a Coreia, com +17,7% ou mais 0,6 milhões, para 4,04 milhões, e a Índia, com +16% ou mais 0,48 milhões, para 3,5 milhões. Excepção foi o Japão, que já tendo alguma tradição no turismo em Portugal, no ano passado sofreu o impacto do grande sismo seguido de tsunami e de crise nuclear. Os visitantes japoneses, de acordo com os dados do Banco de Portugal recolhidos pelo PressTUR, realizaram 15,04 milhões de euros de despesa turística em Portugal no ano de 2011, menos 14,6% ou menos 2,58 milhões que em 2010, um ano que já não tinha sido bom, sobretudo quando se compara com 2008, em que a sua despesa totalizou 23,6 milhões. O "estranho caso" do Brasil que sobe em dormidas e reduz em despesa O Brasil, que tem sido o mercado emissor que mais tem crescido na hotelaria, segundo os dados do INE, em Dezembro voltou a ter um decréscimo em termos de despesa turística, de 0,5%, tal como em
Novembro, para 24,38 milhões. Fontes do sector contactadas pelo PressTUR continuam a dizer que esta quebra da despesa turística dos brasileiros em Portugal é aparente, pois reflecte essencialmente as suas estratégias para acautelarem eventuais desvalorizações do real, bem como para não terem que suportar os acréscimos de encargos com a utilização de cartão de crédito. Os brasileiros, segundo essas fontes, estão a optar mais por comprarem euros antes de partirem para usar nas suas despesas em viagem, evitando assim ser surpreendidos por alguma desvalorização do real em consequência das frequentes turbulências nos mercados internacionais, mas que torna essas despesas "não tracejáveis" pelo banco central português. Segundo o INE, o Brasil foi o mercado emissor que mais cresceu na hotelaria portuguesa tanto em Novembro como em Dezembro, com aumentos de 17,9% e 10,8%, respectivamente. Em termos de despesa turística em Portugal no entanto, segundo os dados do banco central português, os brasileiros baixaram cerca de 136 mil euros em Novembro e cerca de 126 mil em Dezembro. Com estas quebras, ainda que ligeiras, o balanço do quarto trimestre foi um aumento de apenas 2,4% ou 2,18 milhões, para 92,46 milhões, quando no primeiro trimestre tinha havido aumento de 13,7 milhões, que foi o segundo mais forte entre os mercados emissores com dados publicados (+21,5%, para 77,66 milhões), no segundo o aumento atingiu 18,2 milhões, sendo de novo o segundo mais forte (+21,7%, para 102,16 milhões), e no terceiro, embora mais moderado, tinha sido de 11,1 milhões (+11,3%, para 109,7 milhões). Apesar da evolução no quarto trimestre, o Brasil foi o 5º mercado em aumento da despesa turística em Portugal no ano de 2011, com mais 45,2 milhões ou +13,4%, para 381,99 milhões. Esse aumento, no entanto, fica muito aquém do verificado em dormidas na hotelaria, segundo cálculos do PressTUR a partir de dados do INE, que indicam um aumento de 23,2%, com o qual pela primeira vez é superada a marca do milhão de dormidas (1,025 milhões).
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Noticiário
A
APAVT promove candidatura à CTP
APAVT decidiu promover uma candidatura de consenso à C o nfederação do Tu r i sm o Po r t u gu ê s (CTP), tendo Francisco Calheiros aceite o desafio da associação para assumir a liderança deste projecto. “No seguimento das notícias vindas a público sobre este tema, tenho recebido da parte de diversos associados da CTP, associações e empresas, mensagens de apoio e incentivo para assumir este desafio”, afirma Francisco Calheiros, presidente da ES Viagens e também da A s s e m b l e i a G e ra l d a A PAVT, e m comunicado enviado à imprensa. “Neste contexto e em face da confiança que me tem sido transmitida, tanto directamente como através da APAVT, venho afirmar a minha disponibilidade para assumir esta responsabi lidade”, acrescenta Calheiros, sublinhando que “num momento particularmente difícil da economia nacional, conto, naturalmente, com todos os associados da
Confederação do Turismo Português para assegurar uma estrutura forte e coesa, representativa e dialogante, capaz de reafirmar o nosso sector como motor da recuperação e desenvolvimento do País e de defender eficazmente as suas empresas, independentemente da sua actividade específica, da sua dimensão, ou localização geográfica.” A AHRESP-Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, reagiu de imediato às notícias da APAVT, apoiando a iniciativa. “A AHRESP, como é óbvio, saúda esta candidatura”, disse à agência de notícias PressTUR o secretário-geral da Associação, José Manuel Esteves, augurando que introduza “um novo vigor” na CTP e sublinhando “que o interesse da AHRESP é a união do sector e perspectivou que os próximos órgãos sociais tenham um mandato de “muito trabalho”, tendo em conta os desafios que se colocam ao sector do Turismo”.
APAVT COM PARTICIPAÇÃO INOVADORA NA BTL Pela primeira vez, o stand da APAVT na BTL vai estar quase exclusivamente ao serviço do negócio dos associados. Nos primeiros dias, dedicados aos visitantes profissionais, 22 empresas da área do incoming ocupam os 144 m2 da APAVT no pavilhão 4, onde vão receber os membros da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), que se deslocam a Portugal para a sua convenção. Este projecto, que visa permitir às empresas associadas o desenvolvimento de parcerias comerciais com os buyers brasileiros, conta também com o apoio da TAP. Nos dias dedicados ao público, o espaço vai ser redecorado e passará a acolher associados da área do retalho, que ali irão promover vendas directas ao consumidor.
DIRECÇÃO PROMOVE REUNIÕES COM ASSOCIADOS Na sequência do acordo alcançado com a Secretaria de Estado do Turismo para a revisão da Lei das Agências de Viagens, a direcção da associação está a promover reuniões com os associados para esclarecimentos sobre o diploma que entrou em circuito legislativo. Depois de Faro, Lisboa e Porto, onde se reuniram dezenas de agentes associados, os Açores (Angra do heroísmo e Ponta Delgada) e a Madeira (Funchal) são os próximos destinos destas reuniões, agendadas para Março, em data, horário e local a anunciar brevemente. 10
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Vida Associativa
Quem é Quem
Nova liderança na APAVT Desde a sua tomada de posse, a 12 de Janeiro, que a APAVT tem uma nova equipa directiva, responsável por conduzir os destinos da associação no triénio 2012-2014. Saiba aqui quem é quem nesta nova liderança, incluindo os respectivos pelouros e responsabilidades, bem como quem são os novos coordenadores dos Capítulo Sectoriais e os Delegados Regionais. PRESIDENTE PEDRO COSTA FERREIRA Natural de Lisboa, Pedro Costa Ferreira, de 51 anos, é licenciado em Economia pela Universidade Católica. Com actividade profissional no turismo há mais de 20 anos, do seu percurso profissional destacam-se a direcção geral da Igestur, da Space e posteriormente a presidência da área de operadores turísticos do grupo ES Viagens, onde esteve cerca de dez anos. Em 2011 fundou a agência de viagens Lounge Travel, da qual é sócio-gerente. Ao presidente compete, além da coordenação dos trabalhos de toda a equipa directiva e respectivos dossiers, a representação institucional da associação a nível nacional e internacional. Tem também o pelouro de operadores turísticos e da comunicação. Por inerência de funções é também vice-presidente da Confederação do Turismo Português (CTP). VICE-PRESIDENTE JOÃO WELSH Natural e residente no Funchal, João Welsh, de 50 anos, é administrador da Agência de Navegação João de Freitas Martins, presidente da DMC Madeira, administrador da Top Atlântico Madeira e dos operadores turísticos Mundo Vip Madeira e Solférias. Com vasta experiência associativa onde desempenhou várias funções directivas, é actualmente Presidente da Assembleia Geral da AGEPOR - Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, e Conselheiro do Conselho Consultivo da Associação de Promoção da Madeira. Tem a seu cargo, juntamente com Maria de Lurdes Dinis, o pelouro da aviação, sendo ambos também os coordenadores do respectivo Capítulo. Tem também a seu cargo o pelouro dos Cruzeiros. Na ausência do presidente assume a liderança da associação. VICE-PRESIDENTE DUARTE CORREIA Madeirense, de 50 anos, Duarte Manuel Góis Correia é licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE. Com mais de 20 anos de experiência no sector, Duarte Correia é actualmente o presidente do conselho de administração da TUI Portugal, além de sócio gerente da agência de viagens Transfar, da Madeirainvestimentus (Hotel Regency Cliff) e da Madeiquintas (Quinta do Monte) e administrador da Seaturismo, entre outras. É o responsável pelo pelouro do Incoming e também a coordenação do respectivo Capítulo, sendo neste coadjuvado por Eduarda Neves. VICE-PRESIDENTE MARIA DE LURDES DINIS Natural de Fanhões, Maria de Lurdes Domingues Soares Dinis tem o curso de Director Técnico de Turismo pela Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Do seu curriculum destacam-se a presidência do conselho de administração da HCT e da AVIANA. Actualmente é directora-geral e sócia-gerente da agência de viagens WIDE e membro da administração da Go4Travel. Partilha, com João Welsh, o pelouro da aviação e a coordenação do respectivo Capítulo. 12
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Vida Associativa
DIRECTOR EDUARDA NEVES Natural de Lisboa, estudou no ISNP - Turismo e Guia-Intérprete, e na Universidade Católica, Programa Geral de Gestão com especialização em Finanças. Guia Intérprete durante sete anos, Directora Comercial das Viagens Presidente e em 1996 fundou a Portugal Travel Team, de que é Administradora, com 35 anos acumulados de experiência no Turismo. Tem a seu cargo o pelouro de MI, sendo também a coordenadora deste Capítulo, coadjuvada por Duarte Correia. DIRECTOR PEDRO BARROS Pedro de Sá Barros, 38 anos, é licenciado em economia pela Universidade do Porto, cidade de onde é natural. Actualmente é o CEO da Cosmos Viagens e turismo e da Cosmos Angola - Viagens e Turismo. Tem a seu cargo o pelouro da Distribuição, que partilha com Paula Alves. DIRECTOR-TESOUREIRO PAULA ALVES Paula Alves nasceu em Ponte da Barca, tendo vivido a sua infância e adolescência nos Estados Unidos. Regressada a Portugal, licenciou-se em Economia pela Universidade de Coimbra e iniciou a sua carreira profissional num escritório de contabilidade. Trabalhou cinco anos na Netjets Transportes Aéreos SA como coordenadora da equipa responsável pela certificação ISO 9001. Em 2010, foi cofundadora da empresa TravelTailors Portugal, da qual é sócia-gerente. Além de Tesoureira, tem o pelouro da administração interna da associação, partilha com Pedro Barros o pelouro da Distribuição e é responsável pelo novo pelouro do Online.
OS CAPÍTULOS SECTORIAIS Os capítulos sectoriais são órgãos consultivos da direcção, compostos por associados cuja actividade se desenvolve predominantemente nas respectivas áreas de especialização. Reunindo periodicamente, têm como principais objectivos identificar, debater e propor soluções para os desafios que se colocam aos sectores a que dizem respeito. Além dos que já existiam anteriormente, a actual direcção criou novos capítulos especialmente dedicados aos sectores de MI (Meetings Industry), Cruzeiros e Online. AVIAÇÃO Coordenador: JOÃO WELSH (TA MADEIRA) e MARIA DE LURDES DINIS (ELOCT) DISTRIBUIÇÃO Coordenador:
A APAVT nas regiões Os delegados regionais constituem o primeiro ponto de contacto com a associação, tendo a responsabilidade de representar os associados da sua área junto da direcção, bem como representar esta junto dos associados e outros organismos regionais para os quais estejam mandatados. AÇORES CATARINA CYMBRON (MELO TRAVEL - Ponta Delgada) Tel. 296 205 380 - Email. catarina.cymbron@melo-lda.pt MADEIRA GABRIEL GONÇALVES (GEO EXPLORER - Funchal) Tel. 291 203917 - Email. gabriel.goncalves@@betravelgroup.com NORTE CARLOS LARANJEIRA (SIRIUS TRAVEL - Porto) Tel. 917 531 824 - mail. laranjeira@sirius.pt
JOÃO BARBOSA (BEST TRAVEL) OPERADORES Coordenador: EDUARDO PINTO LOPES (SONHANDO) INCOMING Coordenador: DUARTE CORREIA (TUI PORTUGAL) MI Coordenador: EDUARDA NEVES (PORTUGAL TRAVEL TEAM) CRUZEIROS
CENTRO VITOR OSÓRIO (BETA VIAGENS - Coimbra) Tel. 239 793 000 - Email. vitorosorio@beta-viagens.pt SUL LUÍS TAVARES Luis Tavares (PORTUGALRES - Faro) Tel. 96 2831800 - Email. luistavares01@hotmail.com
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Coordenador: FRANCISCO TEIXEIRA (MELAIR) ONLINE Coordenador: FRANCISCO SÁ NOGUEIRA (PORTUGALRES)
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Legislação
APAVT e SET chegaram a acordo
Nova Lei para as Agências de Viagens Cumprindo o anúncio de que o processo de revisão estaria concluído até 31 de Janeiro, a associação e a tutela deram por findo nesse dia os trabalhos de revisão da Lei das Agências de Viagens, que conduzirão a um novo quadro legislativo que responde aos principais anseios do sector, criando melhores condições para o exercício da actividade das agências de viagens ao mesmo tempo que mantém, e nalguns casos reforça, a protecção do consumidor.
“A
ser aprovada no final do processo legislativo agora em curso, como esperamos o venha a ser, a nova Lei defende as empresas, e em particular as PME's e micro empresas que são um grande suporte e um grande empregador da economia nacional, permitindo que as necessidades de tesouraria destas empresas não se agrav em", afi r m o u n a o c a si ã o o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, acrescentando que "este é um acordo que resulta, acima de tudo, do encontro de objectivos comuns: a nossa grande preocupação com a defesa do teci do empre sa r i a l n e st e se c t o r e a resolução de algo que sempre repudiámos, o facto de se pedir um maior esforço relativo às pequenas empresas, e um menor esforço relativo às grandes empresas, e a defesa das pequenas e médias empresas, que tem também sido afirmada por este Governo como um dos seus principais objectivos".
P RINCIPAIS A LTERAÇÕES F ACE À A CTUAL L EI Desde logo, é eliminada a distinção entre agências vendedoras e organizadoras que, ignorando a realidade do mercado, havia sido reintroduzida na anterior lei. Por outro lado, passa a obrigar as entidades públicas de promoção turística (portais online) a inscreverem-se no RNAVT (Registo Nacional das Agências de Viagens e Turismo), sujeitando-se, assim, às mesmas obrigações legais e fiscais a que se sujeitam as agências de viagens. Também os institutos públicos deixam de 14
poder exercer directamente esta actividade. Esta possibilidade, como a APAVT sempre denunciou, demonstrava po r p a r te d o a n ter i o r l eg i s l a d o r u m profundo desprezo pelas empresas e um vincado pendor estatizante ao permitir concorrência desleal das entidades públicas às empresas privadas. Clarifica as situações que geram imediato cancelamento do registo no RNAVT, que na anterior Lei eram demasiado subjectivas e objecto de diferentes interpretações. Altera as regras de contribuição para o Fundo de Garantia, repondo a justiça no que diz respeito ao esforço que é solicitado às empresas na contribuição para esta garantia, instituindo valores que, serão inferiores ao custo das actuais cauções e garantias bancárias e da contribuição exigida pela anterior Lei para o Fundo, mantendo contudo, como a APAVT igualmente sempre defendeu, o seu valor a um nível adequado às verdadeiras necessidades de protecção do consumidor. Por outro lado, e como é de elementar justiça, far-se-á agora também uma distinção, para as agências já existentes antes da entrada em vigor da anterior Lei, em função do volume de negócios das empresas, corrigindo-se a injustiça que era tratar igual o que não o é. Finalmente, altera as regras de accionamento da Comissão Arbitral do Turismo de Portugal.
R EGIME DE EXCLUSIVIDADE Actualmente:
Encontra-se excluída da aplicação do n.º 1 do artigo 3.º a comercialização de serviços que não constituam viagens organizadas, feita através de meios telemáticos ou da internet por empreendimentos turísticos, empresas transportadoras, estabelecimentos, iniciativas ou projectos declarados de interesse para o turismo e entidades que prossigam atribuições públicas de promoção de Portugal ou das suas regiões enquanto destino turístico. Também os institutos públicos poderiam faze-lo sem limitação. Com a nova lei: Os estabelecimentos, iniciativas ou projectos declarados de interesse para o turismo e entidades que prossigam atribuições públicas podem exercer a actividade referida no n.º1 do art.º 3.º D E S D E Q U E I N S C R I TA S N O R N AVT (dispõem de 180 dias para se registarem no RNAVT). Os Institutos Públicos não podem exercer qualquer tipo de actividade de agência de viagens.
C ANCELAMENTO R EGISTO:
I M E D I ATO
DO
Com a nova lei, são clarificadas as situações que dão origem ao cancelado de imediato o registo no RNAVT e que passam a ser: - Em caso de declaração de insolvência, sem plano de insolvência aprovado; - Em caso de dissolução da Agência; - Em caso de não reposição dos Fundos do FGVT pela Agência responsável nos REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 30
Legislação
termos do n.º 3 do art.º 33.º; - Em caso de não prestação da contribuição adicional, se houver necessidade de reposição dos valores do Fundo.
F UNDO DE G ARANTIA DE V IAGENS E T URISMO Actualmente: O Fundo de Garantia terá de ter sempre um valor mínimo de € 1.000.000,00 (valor abaixo do qual se mantém a obrigação de reposição adicional, até € 4.000.000,00). As agências de viagens e turismo contribuem para o FGVT com os seguintes valores: a) € 6.000,00 para todas as agências vendedoras; b) €10.000,00 para todas as agências organizadoras e as que sejam simultaneamente vendedoras e organizadoras Os valores são prestados de forma progressiva, mediante prestação de uma contribuição inicial no valor de € 2.500.00 REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 30
para as agências vendedoras e de € 5.000,00 para as agências organizadoras e/ou vendedoras e organizadoras, de contribuições anuais de valor equivalente a 0,1% do volume de negócios da agência no ano imediatamente anterior. O pagamento das prestações anuais inicia-se no ano seguinte ao do pagamento da contribuição inicial e mantém-se até que a soma da contribuição inicial e das contribuições anuais prestadas perfaça o valor total da contribuição devida pela agência. Com a nova lei: a) O montante mínimo do FGVT é de € 2.000.000,00 (dois milhões de euros), mantém-se o princípio da solidariedade, embora limitada anualmente a € 1.000.000,00 (um milhão de euros); b) Receitas do Fundo revertem para o mesmo; c) Mantém-se o valor da contribuição única para novas agências; d) Cria-se um regime de excepção para as agências licenciadas à data da entrada
em vigor do DL 61/2011 de 06 de Maio que contribuem para o fundo em função do volume de negócios de cada uma e de forma progressiva até que o mesmo atinja o seu valor mínimo, deixando de contribuir a partir desse momento; e) A eventual reposição do FGVT (limite mínimo) será efectuada em função do volume de negócios, para todas as agências;
Q UEM P AGA E Q UANTO: V EJA A QUI Q UAL O S EU C ASO - No caso das novas agências, que se venham a registar após a entrada em vigor do novo diploma, o valor de contribuição único é de € 2.500,00, pago aquando da inscrição no RNAVT. - O mesmo valor (€ 2.500,00), será utilizado para agências registadas no RNAVT após entrada em vigor do decreto-lei 61/2011 de 06 de Maio. Neste caso, se estas já tiverem feito a sua contribuição e se o valor tiver sido superior aos 2.500 euros, serão reembolsadas da diferença. 15
Análise
- As agências de viagens já licenciadas antes da entrada em vigor do DL 61/ 2011 de 06 de Maio mas que não tenham ainda feito a sua contribuição para o FGVT - que constituem a larguíssima maioria - contribuirão de forma progressiva em função do volume de negócios, durante 3 anos e 6 meses (salvo se o FGVT atingir o seu valor mínimo antes dessa data), conforme o Quadro de Escalões seguinte. (Note-se que o "Volume de Negócios" aqui em questão é aquele a que se refere o Campo N15 do Anexo N da Declaração Anual de IVA- Regimes Especiais- IES) - As agências de viagens já licenciadas antes da entrada em vigor do DL 61/ 2011 de 06 de Maio e que já tenham feito a sua contribuição para o FGVT ao abrigo da lei actualmente em vigor e esta seja inferior ao valor global previsto em função do seu volume de negócios, irão contribuir com a diferença no prazo de 180 dias a contar da entrada em vigor do novo diploma. - As agências de viagens já licenciadas antes da entrada em vigor do DL 61/ 2011 de 06 de Maio e que já tenham feito a sua contribuição para o FGVT ao abrigo da lei actualmente em vigor, e esta seja superior à devida em função do volume de negócios previstos no Quadro, ser-lhes-á devolvida a quantia paga em excesso.
QUADRO DE ESCALÕES C ONTRIBUIÇÃO E SCALÃO F ACTURAÇÃO
DE
(€) CONTRIBUIÇÃO ANUAL (€) 1º ? 1 milhão 350 2º > 1 até 5 milhões 500 3º > 5 até 10 milhões 1.000 4º > 10 até 50 milhões 1.500 5º > 50 milhões 3.000 R EPOSIÇÃO DO F GVT Sempre que o FGVT atinja um valor inferior a € 1.000.000,00, as agências são notificadas para prestar contribuição adicional nos termos do Quadro, até que o FGVT atinja o seu valor mínimo de € 2.000.000,00. Este pagamento deve ser efectuado no prazo de 30 dias, a contar da notificação do Turismo de Portugal.
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Em simultâneo, deverá ser facultado o IES para apuramento do volume de negócios e do montante a repor na proporção, com base nos valores constantes do quadro acima referido
D EVOLUÇÃO DAS GARANTIAS EM P OSSE DO T dP O Turismo de Portugal devolv erá as garantias em sua posse logo após a realização da primeira contribuição para o FGVT. Ou seja, serão devolvidas todas as cauções (garantia bancária ou seguro caução) que estavam depositadas no TdP. O FGVT aplicar-se-á às reclamações pendentes à data da devolução da garantia bancária / seguro caução nos termos do n.º 6 do art.º 46.º do novo diploma. A LTERAÇÕES ÀS R EGRAS DE A CCIONAMENTO DO F GVT As regras de contagem do prazo para accionamento do FGVT (30 dias) foram alteradas, passando este prazo a ser contado a partir: - do termo da viagem; - do cancelamento da viagem imputável à agência; - da data de conhecimento da impossibilidade da realização por facto imputável à agência; - do encerramento do estabelecimento; - d a p u b l i c i ta ç ã o d a d ec l a r a ç ã o d e insolvência da agência; De notar que na nova lei o prazo considera-se cumprido com reclamação no livro de reclamações ou reclamação dirigida sob qualquer forma escrita à Agência de Viagens, ao Turismo de Portugal, à Direcção Geral do Consumidor, aos CIAC, Centros de Arbitragem e ao Provedor do Cliente das Agências de Viagens e Turismo. Ou seja, qualquer uma destas formas torna efectiva a reclamação, desde que dentro do prazo de 30 dias nas referidas circunstâncias, quando anteriormente só era válida a reclamação junto do TdP ou do Provedor do Cliente.
A S R AZÕES
DA S OLIDARIEDADE Alvo de acentuadas críticas aquando da
criação do FGVT na anterior lei, o mecanismo de solidariedade mantém?se no novo diploma. "E não apenas se mantém, como não nos opusemos a ele", escreveu Costa Ferreira em missiva enviada aos associados na sequência do acordo com a SET. As principais razões foram, por um lado, a convicção de que "o regresso a um regime de cauções individuais daria origem a uma razia nas agências pequenas, maior do que a lei contra a qual lutámos". Na base desta afirmação está o conhecimento de as companhias de seguros estarem a recusar a larga maioria dos pedidos de seguros de caução depois de realizada a respectiva análise de risco. "Face ao actual ambiente económico, foram criados critérios de aceitação mais restritivos à aceitação do seguro de caução", afirma a propósito o responsável de uma importante seguradora, esclarecendo que no último ano aceitou menos de 10% dos pedidos de caução. Por outro lado, a criação de um seguro de caução colectivo, em sede de APAVT, como se chegou a equacionar, obrigaria não só ao pagamento, pelas agências de viagens, do próprio seguro, mas também à constituição de um "colateral" que não seria mais do que uma espécie de fundo de garantia. "Ou seja, na prática, esta opção, além de colocar problemas de risco difíceis de resolver à APAVT, implicaria um esforço de tesouraria por parte das agências de viagens bem superior, em valor e duração, à solução encontrada", conclui Costa Ferreira.
R ECLAMAÇÕES À C OMISSÃO A RBITRAL P ASSAM A S ER P AGAS Com a nova lei, a tramitação do processo na comissão Arbitral implica o pagamento de uma taxa. Assim, o reclamante que requerer a intervenção da Comissão Arbitral terá de pagar uma taxa de 35 euros, sendo igual montante cobrado à agência sobre a qual recai a reclamação. Findo o processo, a Comissão Arbitral reembolsará a parte vencedora, sendo esse valor suportado pela parte vencida na proporção do decaimento. O processo poderá custar, à parte vencida, a quantia global máxima de 70 euros.
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e-Entrevista
José Minguez (Air Europa):
"As agências de viagens são os nossos principais parceiros" Q
ual o balanço possível da vossa operação em Portugal em 2011? O balanço foi claramente acima das expectativas, pois crescemos 44% nas vendas relativamente a 2010, com 183.657 passageiros transportados e um load-factor de 75,21%.
Quais os grandes objectivos para este ano, especialmente tendo em conta que o mercado de lazer deverá estar condicionado pela crise? A consolidação da rota e um aumento das vendas em 23%, sobretudo pelo aumento da nossa penetração no mercado corporate.
A que atribui estes resultados? Sobretudo o maior conhecimento da nossa companhia por parte das agências de viagens e do próprio passageiro final, ao network da Air Europa, que a partir do seu hub de Madrid voa para 27 destinos em todo o mundo, pela relação qualidade/ preço que é francamente muito positiva, pela nossa frota e também pela pontualidade, que é um factor muito importante, tanto para os passageiros em ligação para outros destinos como para os viajantes de negócios. No total dos passageiros transportados entre Espanha e Portugal, qual o peso dos que têm bilhetes emitidos em Portugal? Cerca de 58%. Quais os principais destinos finais dos passageiros vendidos em Portugal nos voos regulares? No ano passado os principais destinos foram Madrid, com 17%, Lisboa com 15%, Havana com 13%, Miami com 7% e Buenos Aires com 6,5%. Trata-se essencialmente de tráfego de lazer ou corporate? É essencialmente tráfego de lazer, nas rotas do longo curso, e corporate na ligação Lisboa-Madrid. Qual 18
o
peso
das
vendas
das
agências de viagens no total das vendas Portugal? As agências de viagens são os nossos principais parceiros. Cerca de 85% das nossas vendas em Portugal são vendas tradicionais, através das agências de viagens. Quais os principais factores diferenciadores da Air Europa? Como já referi, é um conjunto de vários factores. Obviamente um preço muito competitivo, as ligações com o longo curso em rotas procuradas pelo mercado português, um serviço diferenciado e altos índices de pontualidade, além duma frota nova, que tem uma média de cinco anos e termos manutenção da frota própria.
Qual a estratégia, este ano, da Air Europa em Portugal? Essencialmente continuar com o trabalho que temos vindo a desenvolver, dar seguimento às parcerias e criar novas, em resumo oferecer às agências de viagens e operadores turísticos o nosso produto, mostrar-lhes as vantagens para os seus clientes e para eles próprios, continuar a assegurar todo o apoio comercial e também no pósvenda. Estamos aqui para ficar, Portugal é um mercado estratégico para a Air Europa. Quais as principais novidades este ano? Desde logo o reforço dos destinos de longo curso. Caracas (CCS) passa a sete frequências semanais, Lima (LIM) em Abril passa a seis frequências e em Julho a sete, e vamos também reforçar Salvador da Baía (SSA) que passa a cinco frequências semanais. Na Europa vamos, neste Verão, começar a v oar para G e n e b ra ( G VA ) . Fa l a n d o d e f ro t a , a novidade para este ano é a incorporação de dois novos A330/200, pelo que ficamos com um total de nove deste tipo de aparelho. REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 30
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Entrevista
António Azevedo (ABAV):
"É preciso que os operadores portugueses formatem produtos que agradem aos brasileiros" Apesar do crescimento que já se vem a registar no turismo brasileiro em Portugal, existe ainda um enorme potencial por explorar, afirma o recém-eleito presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV). Lisboeta radicado no Brasil há 47 anos, António Azevedo defende um estreitamento de relações com a APAVT, a afirmação de Portugal como porta de entrada dos brasileiros na Europa, gostaria de ver empresas brasileiras na privatização da TAP e aconselha os operadores a formatar produtos mais apelativos para os turistas brasileiros, como é o caso dos "tours de compras".
C
omo comenta a quebra do turismo português no Brasil e que estratégia defende? Não é uma questão isolada de Portugal, mas sim de toda a Europa e também dos Estados Unidos. A crise enfrentada por alguns países tem sido o motivo da retração da procura de estrangeiros para o nosso país, principalmente em resorts e hotéis de luxo. Porém, estamos bastante confiantes no dinamismo dos empreendedores portugueses na procura de mais negócios e parceiros com o Brasil. Por isso, para a Feira das Américas - ABAV 2012, que será realizada de 24 a 26 de Outubro, esperamos contar com a presença de uma maior delegação de Portugal, presentes ao evento na condição de expositores e visitantes. Inclusive, diversos empresários de Portugal já demonstraram muito interesse em participar no evento. Além disso, durante a BTL, também estaremos presentes juntamente com uma forte comitiva de empresários brasileiros. De qualquer modo temos que estar atentos ao mercado para adequarmos e ajustarmos nossas ofertas. Já em relação ao desenvolvimento do turismo português no Brasil, penso que o mesmo precisa ser revisto e adequado ao mercado brasileiro, que tem características peculiares. 20
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Entrevista
Entende que o esforço promocional do Brasil em Portugal é suficiente? A questão do esforço promocional entre Brasil e Portugal não pode ser classificada como suficiente ou insuficiente, pois tudo depende do cenário atual que os dois países estão a viver e dos objetivos almejados por ambos. Isso é uma relação mais de "adequação" em relação à realidade. Portugal é um dos países mais importantes para o turismo brasileiro, pois é porta de entrada para a Europa e assim tem que ser entendido e vendido. Também a criação de novas parcerias é fundamental e faz parte dos objetivos da ABAV para os próximos anos. Como comenta e, na sua opinião, o que mais poderá ser feito para potenciar não só o aumento do número de turistas brasileiros em Portugal como também o aumento da sua estada média no nosso País? Existe um grande potencial de mercado que permite ampliar de forma muito significativa a procura de brasileiros - viajantes a lazer e negócios - para o destino Portugal, nos próximos anos. Apesar das estatísticas, Portugal, por incrível que pareça, ainda não faz parte das principais escolhas de viagens dos brasileiros. Ainda falta maior interação entre o trade turístico de Portugal e do Brasil e é preciso que os operadores portugueses formatem produtos que agradem os brasileiros, que têm gostos e preferências diferenciadas. Mais ações de integração são necessárias, como as já planeadas para a BTL deste ano, com forte apoio da TAP. E o esforço promocional de Portugal no Brasil? Considera suficiente? As estatísticas até indicariam que sim, mas o aumento do fluxo é na verdade decorrente de outros fatores, como o crescimento do rendimento das classes emergentes, que colocou no mercado cerca de 30 milhões de novos consumidores de produtos turísticos e que uma pesquisa aponta que têm o turismo como seu principal desejo. A minha sugestão é que Portugal planeie e desenvolva uma forte campanha promocional no Brasil, pois num país com as dimensões continentais ela é necessária e certamente o retorno será muito rentável.
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"Ainda falta maior interação entre o trade turístico de Portugal e do Brasil e é preciso que os operadores portugueses formatem produtos que agradem os brasileiros, que têm gostos e preferências diferenciadas" Como avalia o conceito de Portugal como porta de entrada dos brasileiros na Europa? É sem dúvida uma estratégia inteligente decorrente principalmente do fluxo de tráfego da TAP. Mas Portugal vem sendo reconhecido pelos seus atrativos turísticos, pelos turistas brasileiros. Quem vai, fica encantado e conta aos amigos. Portanto, Portugal tem o privilégio de dar as boas vindas europeias para os brasileiros e de incentivar os turistas a visitarem mais países deste continente. Daí a importância de Portugal nessa estratégia para atração de turistas. Quais são, na sua opinião, os atractivos de Portugal mais "vendáveis" ou mais apelativos para os brasileiros? Tanto para viagens de lazer, como para brasileiros que pretendem visitar parentes e estreitar contato com as raízes culturais da nossa gente, Portugal reúne características singulares e de grande aderência no mercado brasileiro. A principal delas é a facilidade do idioma. Também ganha crescente destaque no âmbito do mercado das viagens corporativas, pelas oportunidades de negócios decorrentes de acordos comerciais firmados entre empresas brasileiras e portuguesas. A Região de Lisboa, do Porto, e de Coimbra, além de Fátima, Vale do Douro, Évora e Ilha da Madeira são alguns exemplos de destinos que chamam a atenção dos brasileiros pelas suas características. Além desses, mais tradicionais, existem os destinos a serem explorados pelos chamados segmentos de mercado, como golf, gastronomia, enologia,
natureza, religiosidade, história, entre outros. No sentido inverso, quais os principais obstáculos à venda de Portugal como destino turístico aos brasileiros? Falta mostrar o lado mais moderno e inovador de Portugal, que é ainda muito desconhecido, necessitando para tal muito mais divulgação. E falta um item indispensável para agradar os brasileiros, os tours de compras, pois os turistas brasileiros adoram e ocupam a primeira posição em gasto médio per capita. Qual tem sido e qual é, na sua opinião, a importância do papel da TAP no desenvolvimento do turismo entre os dois países? O papel da TAP tem sido fundamental para incrementar o fluxo turístico entre Portugal e o Brasil, a partir de uma inteligente decisão de aumentar as frequências e os destinos de voos para o Brasil, sendo hoje a maior transportadora para a Europa com quase 80 voos semanais, que atendem 10 das principais capitais brasileiras. Mas, além disso, criou o conceito de hub Europa, conseguindo captar turistas de toda a Europa para o Brasil e vice-versa. São essas ideias inovadoras que fazem a diferença. Mas a TAP sozinha não faz milagres e é necessário unir as sinergias empresariais do trade e ações de marketing mais concretas dos governos de ambos os países. Que novas rotas gostaria que a TAP implementasse de/para o Brasil? A TAP é a companhia aérea estrangeira que mais voos tem para o Brasil e a privatização trará reflexos positivos no setor aéreo brasileiro. Atualmente, a TAP está nas principais rotas da rede aérea brasileira e isso tem contribuído para o avanço de parcerias Brasil-Portugal. Certamente, criteriosos estudos são feitos pela empresa para a tomada de decisão na inclusão de novas rotas e isso nos deixa tranquilo, pois sabemos da credibilidade da TAP no mercado. As áreas abrangidas pela companhia deixam-nos satisfeitos, mas sempre procuramos a ampliação dessa participação e tudo depende de uma série de fatores, não apenas estrutural, de um determinado aeroporto, por exemplo.
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Entrevista
Particularmente, gostaria muito que atendesse Curitiba, no Paraná, que é a maior capital do sul do Brasil e que tem uma posição estratégica intermediária entre os estados do sul e os países do cone sul e uma economia cada vez mais forte. Mas no Norte, a cidade de Belém, no Pará teria o apelo de ser a porta de entrada para a Amazônia. Gostaria de ver alguma empresa brasileira a tomar posição no capital da TAP no âmbito da sua privatização? Seria ótimo ter empresas brasileiras interessadas na privatização da TAP, pois seria uma alternativa de manter e até aumentar o fluxo da aéreo entre o Brasil e a Europa. Mas o mais importante numa privatização seria manter a atual equipe de gestores brasileiros, que conseguiram valorizar a TAP pois aí ela continuará em boas mãos, sejam os acionistas brasileiros ou de outro país. O que não é recomendável é uma excessiva concentração a nível de Companhias aéreas europeias, como já vem ocorrendo, sem benefícios para os passageiros. Considera que as agências de viagens portuguesas poderão ter um papel importante no receptivo e venda de destinos europeus aos brasileiros, nomeadamente através de parcerias com agências de viagens brasileiras? O estudo "ABTA Travel Trends Report 2012" aponta a tendência de aumento da procura pela consultoria de viagens, inclusive entre os consumidores mais jovens (de 15 a 24 anos de idade), teoricamente propensos às "facilidades" das compras "on-line", por terem maior familiaridade com as novas tecnologias. Segundo a pesquisa, além de aspectos relacionados à segurança, os consumidores encontram nas agências de viagens "inspirações altamente personalizadas e idéias baseadas nos seus gostos e orçamentos". Baseado nesse estudo, que é uma tendência internacional, o papel das agências de viagens é reconhecido como a linha de frente na preferência dos consumidores que querem viajar tranquilos, sem correr riscos de transtornos ou fraudes. Logo, a parceria entre agências brasileiras e portuguesas podem beneficiar não só o turismo dos dois
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"Seria ótimo ter empresas brasileiras interessadas na privatização da TAP" países, mas também uma série de segmentos, como o econômico e o social, por exemplo. A língua é, neste contexto, um factor diferenciador? Sem dúvida. A facilidade no idioma é um dos principais atrativos dos brasileiros que querem conhecer a Europa, especialmente para atender as classes emergentes, que eu já mencionei anteriormente e que na média tem menor conhecimento de outros idiomas. Porém, esse fator isolado não é determinante para a ida dos brasileiros a Portugal. Uma série de relevâncias influencia na decisão final do turista, entre elas a proximidade geográfica com o Brasil, a diversidade dos meios de hospedagem e vários outros motivos, que colocam Portugal no roteiro de viagens de muitos brasileiros.
Que oportunidades de cooperação entende que se poderão desenvolver com a APAVT? Assim como a ABAV, a APAVT também luta em prol dos interesses das agências de viagens, o que torna fundamental uma parceria entre as duas entidades. Acho que desse ponto de vista, as associações estão com o mesmo foco, que é nas tendências internacionais - como publicados pelos estudos da ABTA (Association of British Travel Agents) e pela ASTA (American Society of Travel Agents). Neste sentido ambas as entidades deverão assinar na BTL um Termo de Intenções para cooperações e realizações conjuntas
Sobre a ABAV, quantos associados tem actualmente a ABAV a nível nacional? Atualmente, a ABAV possui 3.500 agências de viagens associadas, espalhadas por todo o Brasil - incluindo os 26 estados da Federação e o Distrito Federal.
Considera que Portugal deveria ter uma presença mais importante na ABAV/Feira das Américas? Sim e essa participação é importante não só para promover os diversos destinos e regiões turísticas de Portugal, mas principalmente para os empresários. A minha participação na Feira Internacional do Turismo (Fitur), em Madrid, foi marcada pelo número extraordinário de empresários estrangeiros dispostos a investir no mercado brasileiro, com o intuito de atrair os turistas do país para os seus respectivos destinos internacionais. Portugal tem que estar em grande destaque nesse que é o maior evento turístico das Américas e uma grande vitrine, para quem quer apresentar seus produtos.
Quais os principais desafios do seu mandato? O mercado brasileiro de agências de viagens vivencia uma fase de transição, onde a consolidação do processo de profissionalização setorial faz com que prevaleça, sob a ótica do consumidor final, cada vez mais impactado pela multiplicidade da oferta e de informações, a crescente valorização dos serviços de consultoria de viagens. Neste cenário, o know-how de nossas agências associadas ganha renovada importância. Com isso, uma das preocupações que temos é investir na formação, tanto dos empresários como dos seus colaboradores. Sabemos que ser uma agência de viagens ABAV representa uma vantagem competitiva e isso exige da entidade constante inovação.
Que papel poderia ter a APAVT, na sua opinião, nesse domínio? Na Feira das Américas 2012 teremos muitas novidades que podem agregar novas conquistas à APAVT. Entre elas estão facilidades para quem visita o evento com o intuito de fazer negócios, como é o caso de rodadas de negócios e a criação de salas de treinamento, onde expositores e visitantes poderão interagir, com incremento das atividades de networking. Além disso, este ano teremos a criação de um espaço focado no mercado corporativo, em parceria com a Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp). Baseado nisso, a APAVT poderá liderar a participação empresarial, tanto no âmbito de lazer, quanto no de viagens corporativas.
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Assegura estar de portas abertas e interessado na dinamização da relação das Pousadas de Portugal com as Agências de Viagens, que têm um peso mínimo nas vendas deste produto. Em entrevista à Revista APAVT, o presidente do grupo Pestana Pousadas, José Manuel Castelão Costa, admite a possibilidade de alienar unidades, afirma como prioridade para o sector a promoção internacional, está convicto de que a banca mediu mal os riscos de alguns projectos e defende que não vale a pena apoiar novos, salvo se verdadeiramente excepcionais.
Castelão Costa (Pousadas de Portugal):
"Quero abrir a porta às agências de viagens" Entrevista: Paulo Brehm, Fotos: Rafael G. Antunes 24
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Entrevista
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ual o balanço de 2011 para as Pousadas? Foi um pouco aquém daquilo que era a nossa expectativa inicial, mas mesmo assim não foi um ano mau, foi um ano suficiente menos. O mercado interno caiu bastante mas houve, apesar de tudo, alguma compensação com o mercado internacional, onde temos vindo a fazer um esforço muito grande no sentido de intensificar a nossa acção comercial para trazer mais clientes estrangeiros. Quanto representou o mercado internacional? Representa já 58% do nosso volume de vendas, quando no ano anterior representava cerca de 52%. Tivemos portanto um aumento, em termos de peso relativo do mercado internacional, de seis pontos percentuais. A vantagem do mercado internacional, além de tudo o mais, é que o preço médio também é maior, não porque tenhamos uma politica comercial discriminatória, mas porque os estrangeiros utilizam menos as nossas promoções pontuais do que o mercado interno. O average room rate para o mercado estrangeiro acaba por ser superior ao do nacional. E qual foi a evolução do RevPAR? O RevPAR caiu. Houve uma quebra na ordem de 1,5 euros relativamente a 2010. Quais são os principais mercados internacionais? O primeiro mercado internacional é o espanhol, com 8,7% do total. Depois temos o inglês, com 7%, o alemão, com 6,2%, depois o francês, com 5,5%, o holandês, com 4,8%, e o brasileiro, com 4,1%. Como evoluiu o brasileiro? O brasileiro tem vindo a crescer. Teve um peso de 4,8% contra 3,5% em 2010. O grupo tem uma boa exposição e uma boa imagem no Brasil e, embora o termo "Pousada", no Brasil, normalmente desclassifique um pouco o produto, temos tido a preocupação de explicar que se tratam de pousadas históricas e de grande qualidade e o brasileiro gosta
"Temo que a alteração de estatutos poderá retirar ao Turismo de Portugal a agilidade para fazer campanhas, para ter actuações rápidas e expeditas" muito. O brasileiro, até porque normalmente não procura o Sol e Praia, mas vem mais para fazer turismo cultural, utiliza muito as Pousadas. É um mercado que tem vindo a crescer e estamos a trabalhar para que cresça mais. Quais os vossos principais canais de distribuição? Nas pousadas temos muito o chamado cliente directo. Enquanto nas unidades hoteleiras com 200, 300 ou 400 quartos temos muitos grupos, aqui nas Pousadas é sobretudo o cliente directo, que faz a marcação via internet ou via central de reservas. Exceptuando o mercado espanhol, que vem muito de automóvel, a maior parte do mercado faz o fly and drive, chega de avião, aluga carro e muitas vezes reserva e fica em mais do que uma pousada. E os portugueses? Como reservam? Fundamentalmente fazem reservas directas. Significa que o peso das Agências de viagens é pouco expressivo? É pequeno, muito pequeno, na ordem dos 15%. Mas sobretudo não tem vindo a crescer. Já tentei várias vezes, tenho falado com alguns agentes sobre como podemos dinamizar o papel deles na venda das Pousadas e tem havido várias desculpas para que não se dinamize. Algumas são legítimas, outras nem tanto. Penso que há alguns anos houve, eventualmente até da parte das Pousadas, algum divórcio com os agentes de viagens. Pelo menos tenho tido estas queixas, de que não ligamos aos agentes de viagens. E isso é verdade? A última coisa que queremos é fechar
canais de venda e as agências de viagens são para nós um parceiro fundamental. Queremos reactivar esta colaboração, temos perguntado o que devíamos fazer, começámos a desenvolver algumas actividades, mas a verdade é que as agências não têm tido grande interesse no produto Pousadas. Eventualmente têm outras alternativas mais interessantes porque as Pousadas de uma maneira geral têm poucos quartos, não podemos fazer alotments e as coisas n ã o têm ev o l u í d o . G o stava q ue evoluíssem. Têm talvez uma política comercial directa muito agressiva… De vez em quando fazemos promoções agressivas, porque temos inventário em stock, mas estão também disponíveis para os agentes. Julgo que são temas que vamos ter de voltar a falar com as agências. Todos os canais nos interessam e nunca percebi bem porque não temos uma maior ligação às agências de viagens. Sempre tive a sensação de que havia algum ressentimento das agências relativamente às Pousadas, talvez por alguma prática menos interessante que se passou anteriormente. Sempre me soou que as Pousadas, quando estavam na mó de cima em termos de negócio, se calhar desprezaram um bocadinho as agências de viagens, este foi o ruído de fundo que tive nessas conversas. Mas eu não quero isso, quero abrir a porta às agências de viagens. Conto com os agentes para ajudar nesta matéria, para dizerem o que querem e em que condições. Estou completamente disponível para estudar parcerias, estudar acções que sejam, claro está, boas para ambos. Mas é verdade que também têm feito uma grande aposta no canal online? É outro canal, muito importante, e como disse temos de estar presentes em todos, temos de estar onde estão os clientes. O futuro passa muito pelo online, até as próprias agencias já estão a fazer essa aposta. Isto não quer dizer que o offline não seja também importante, a nossa central de reservas, por exemplo, é um exemplo disso. O que me interessa é vender. Ainda por
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Entrevista
cima quando tenho um stock de alojamento que não está a ser utilizado, ou que tem uma parte significativa dele que não esta a ser utilizado. OS stocks não transitam. Quarto que não venda esta noite nunca mais venderei nesta vida. Gostava por isso dinamizar esta relação, assumo que a culpa também será nossa, mas é um desafio no qual estou interessadíssimo. Qual foi a ocupação média das Pousadas em 2011? Em média cerca de 50%. Há Pousadas, como a de Óbidos, que têm 80 e tal por cento ao ano e outras que terão 38%, não são um produto homogéneo. A rede é demasiado grande? O que acontece é que as Pousadas desenvolveram-se muito numa determinada altura, em virtude daquilo que foi uma lógica de desenvolvimento regional e de criação de emprego. E numa altura em que num raio de 50 km não havia um alojamento digno para se ficar. Hoje tudo se modificou, o mapa de Portugal veio transformar a localização das Pousadas. Um exemplo: Cerveira,
nascem de raiz com todas as facilidades.
"À primeira vista acho que tudo o que é racionalizar é positivo e também acho que termos um número infindável de regiões num país pequeno como o nosso não é razoável" que já não é Pousada, ou mesmo Elvas. Eram unidades que para quem ia ou vinha de Espanha passava à sua porta. Hoje isso já não acontece. Depois, com o desenvolvimento da actividade económica e do Turismo, começaram a aparecer produtos concorrentes com muita qualidade, e as Pousadas têm alguma falta de elasticidade para poder competir com estes produtos, porque o seu hardware, os seus edifícios, têm dificuldade em se adaptar, em criar as facilidades para os clientes; as piscinas cobertas, os ginásios, os pequenos spas. Isto é um problema. E depois a dimensão: Não podemos expandir uma Pousada que tem 22 quartos para 50 ou 60 para concorrer com unidades ao lado que
Mas o apelo das Pousadas históricas é único… Mas as pessoas mesmo nas históricas q u er em c a s a r a h i s tória c om as comodidades. Um casal com dois filhos, se o tempo não estiver bom, gosta de ter uma piscina, um ginásio, toda a espécie de facilidades. É por isto, de facto, que começámos a desenvolver uma nova geração de Pousadas, com localizações mais cêntricas, como o Porto, Viseu, agora a Cidadela, ou o Terreiro do Paço, onde estamos a desenvolver um projecto. Com dimensão, para que possam ter massa crítica, e depois com outras facilidades, que as mais pequenas não tinham nem têm possibilidades de ter. Pousadas que amanhã possam concorrer no mercado e as pessoas possam sentir que, sendo históricas, têm os produtos que outros têm. Tem sido esse o nosso caminho. Vão alienar unidades? Não escondo que com metade das Pousadas teríamos muito melhor rentabilidade. Há pousadas que
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Entrevista
contribuem negativamente para a nossa rentabilidade, pousadas que, pela sua localização, incluindo algumas históricas, não têm apelo para além de cama e mesa. Podem ter interesse, nomeadamente em modelos de exploração famil iar, mais ligado e mais enraizado ao local mas que não se enquadram na estratégia de grupo. Mas está prevista alguma alienação? Estamos a equacionar duas Pousadas, que são a de Elvas e a de Alijó, que são duas unidades que temos vindo a olhar para ver se conseguimos arranjar soluções que permitam que continuem a funcionar. Vamos ver como se comporta o mercado e também o interesse que possa existir nessas Pousadas. E que aberturas estão planeadas? Vamos abrir a da Cidadela. Começa a funcionar no início de Março, com a reunião anual do Grupo Pestana, vamos testá-la com o grupo. Logo a seguir temos um grupo internacional que vai ficar com a Pousada em exclusividade durante praticamente 15 dias e d ev eremo s abri - l a ao pú bl i c o eventualmente na terceira semana de Março.
"Há hotéis que já estão a trabalhar, não para a rentabilidade, mas para a liquidez, para poder ter dinheiro pagar ordenados ao fim do mês, para dar algum aos fornecedores" Como vai ser esta Pousada? Quantos quartos? Terá 128 quartos e de facto é uma Pousada que já pertence à nova geração. Quero dizer que a Cidadela, para nós, vai ser mais que uma Pousada. Vai ser um destino dentro do destino Cascais. Vamos ter neste espaço da Cidadela, além da própria Pousada, que inclui restaurante, salas, piscina, ginásio, tudo o que o cliente espera de uma unidade de qualidade, um outro restaurante, um lounge grande, bar e que pode servir para dançar e onde se podem fazer eventos, outras salas disponíveis para reuniões, etc. e teremos um programa de animação cultural. Nenhum destes espaços está limitado aos hóspedes, quisemos criar um destino que tenha ao mesmo tempo uma animação
lúdica, turística, cultural com eventos e ao mesmo tempo gastronómica, tudo a par da pousada. Serão espaços explorados pelo grupo? Tudo explorado pelo grupo mas com duas áreas de exploração autónomas, e queremos que ambas sejam rentáveis. Temos a "peneira" de ter em Portugal os três melhores hotéis do País: o Palace, a Pousada do Freixo e a Pousada da Cidadela. Este é o plano onde estamos a colocar a Cidadela. Vai ser um produto de grande qualidade e esperamos que com muita procura. Já começa a haver visitas de potenciais clientes que ficam maravilhados. Queremos que seja um point de Cascais, um destino dentro do destino, que valorize Cascais mas que sobressaia em Cascais. Vai ser seguramente uma das bandeiras do grupo. Que outros planos têm? Estamos à espera de aprovar o projecto do Terreiro do Paço. Está na Câmara, penso que tudo bem encaminhado, e gostaríamos de o desenvolver o mais rapidamente possível. Se tudo correr razoavelmente, temos condições de iniciar as obras ainda este ano, ou seja, aprovar o projecto, fazer o cadernos de
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"Estamos a equacionar (a alienação de) duas Pousadas, que são a de Elvas e a de Alijó" Em quanto? Ainda não está apurado, não devemos ter agravado em 2011 mas 2010 foram claramente muito negativos, na ordem dos 4-5 milhões de euros, o que não é suportável. Estão a tentar renegociar a renda? Estamos. Em dois planos. De acordo com o actual contrato, entendemos que a renda que estamos a pagar não é a que devíamos pagar. Porque estamos a pagar a mesma renda que pagávamos no início, com um inventário de onde já saíram várias Pousadas. Por outro lado, gostaríamos que houvesse um reequilíbrio do negócio. Isto é, que se percebesse que o negócio só tem interesse se o explorador e o senhorio tiverem ambos resultados. E aqui só o senhorio é que tem resultados, o explorador não tem. Isto tem que ser feito no âmbito de uma reanálise do contrato e já fizemos chegar à tutela as nossas preocupações.
encargos, lançar o concurso e adjudicar. Uma obra destas deverá sempre demorar entre 18 a 24 meses, portanto teremos condições para a ter a funcionar em 2014.
rede. Isto é um negócio e o accionista, embora já admita ter rentabilidades mais baixas que na hotelaria por causa do tipo de produto, não pode d e i x a r d e rentabilizar.
E o projecto de Coimbra? Tivemos muito interessados no convento. Infelizmente não chegámos a acordo porque os valores que estavam envolvidos apontavam para que aquilo fo sse i nv i áv el do po n t o de vi st a da rentabilidade, e portanto abandonamos o pr o jecto . C o i m br a e r a u m l o c a l qu e sempre achámos que teria interesse, mas nestas condições abandonámos. Agora temos é que pensar em consolidar, melhorar as que têm margem para melhorar, eventualmente redimensionar a
Qual foi o resultado das pousadas em 2011? Fechamos em GOP (Gross Operating Profit) com cerca de 5,5 milhões de euros. Mas obviamente temos uma renda excessiva que pagamos à Enatur, uma renda desajustada da realidade actual do negócio, porque quando fizemos a privatização parcial as perspectivas eram outras. O mundo mudou, toda a gente percebe isso, mas não é ajustado e temos resultados líquidos negativos.
E fora de Portugal, quais os planos? A única Pousada que temos neste momento é a de Salvador (Brasil). Temos muito trabalho de casa feito noutros destinos, mas interrompemos, vamos ver como é que evolui o mercado. Estão hoje mais integrados com os hotéis do grupo? Começámos uma reestruturação do grupo a seguir ao Verão do ano passado, com uma maior integração das estruturas das Pousadas e dos hotéis que também visa uma maior sinergia ao nível da actuação do grupo com um todo nos mercados internacionais para a promoção e venda do produto pousadas. O desafio é que os grandes operadores não trabalham um produto que tem 16 quartos e uma situação geográfica que não é de primeira linha. Tem de haver aqui uma sinergia e a capacidade de
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juntar pousadas que estejam próximas, como por exemplo já fazemos no Algarve. Temos três pousadas, em Sagres, Tavira e Estói, já não faz sentido não as trabalhar juntamente com os hotéis do grupo no Algarve. No Porto já estamos a trabalhar a Pousada do Freixo com o hotel do Porto. Com esta integração, que começou efectivamente no início deste ano, temos um só departamento comercial. Mas mesmo a outros níveis, já existe uma gestão conjunta, já temos um director geral para tudo, um só director de vendas, um só director de Recursos Humanos, um de Compras, etc. Num contexto de acentuada crise económica, quais são, na sua opinião, as prioridades do sector? A grande prioridade é a promoção no estrangeiro. Manter e eventualmente reforçar os meios para esta promoção. Refiro-me à promoção feita pelo Turismo de Portugal, institucional, do destino. Tem que haver uma intensificação deste esforço, na actual conjuntura este é o grande desafio. Depois acho que, além dos meios, o Turismo de Portugal tem de ter a agilidade necessária para fazer isto. E temo que a alteração de estatutos poderá retirar ao Turismo de Portugal a agilidade para fazer campanhas, para ter actuações rápidas e expeditas. Se precisa de vistos prévios e de uma série de burocracias, quando conseguir lançar uma campanha já o mercado está noutra. Receia que não esteja devidamente acautelada essa eventual perda de agilidade? É uma preocupação. Não quero acreditar que, sendo o Turismo uma actividade prioritária, de exportação, não se pensem nestas coisas. Por exemplo, o grupo Pestana vai perder este ano, directo ao resultado, cerca de 4,5 milhões de euros por causa do aumento do IVA na restauração, golfes, etc. que não são recuperáveis. O Turismo é uma actividade que tem de ser vista com cuidado. Ao perder autonomia administrativa e financeira, pode também haver a tentação de perder verbas. E um tema muito delicado, as consequências podem ser muito importantes.
"Não vale a pena continuar a apoiar projectos novos, a não ser que sejam completamente diferentes e inovadores"
E quanto aos apoios a novos investimentos? Dado que temos um stock de alojamento no País que não está a ser em parte utilizado, quando as taxas de ocupação estão longe de ser elevadas, não vale a pena continuar a apoiar projectos novos, a não ser que sejam completamente diferentes e inovadores. Mais do mesmo não faz sentido. Há oferta a mais? Para a procura que existe, sem dúvida alguma. Se não houvesse, as taxas de ocupação médias não andavam nos 50% e nos 40 e tal por cento em que andam, em termos médios anuais, nem o RevPAR estaria a cair. Porque os preços estão cada vez mais baixos. Porque para tentar vender quase o mesmo em quantidade temos de baixar os preços. Por isso digo que a aposta na promoção é determinante. Temos um stock instalado de alojamento e precisamos de mais clientes. E só temos mais clientes, além da acção dos privados, com maior promoção do destino. Há que perceber que nesta conjuntura há uma vertente que é a da consolidação orçamental que é muito importante. Mas é muito importante que haja consolidação com crescimento económico. Senão, o doente só agrava a sua situação. Como comenta a reorganização da estrutura promocional? À primeira vista acho que tudo o que é racionalizar é positivo e também acho que termos um número infindável de regiões num país pequeno como o nosso não é razoável. Com lógica de bom senso, francamente parece-me que as medidas são positivas. Mas não podemos racionalizar tirando os instrumentos que são fundamentais para aquilo que são os
nossos objectivos, que é crescer na captação de turistas internacionais, trazer maior valor às nossas exportações. O mercado interno não tem capacidade, pelo que se não conseguirmos captar mais mercado internacional as empresas vão fechar, não têm capacidade para se aguentar. Que outras medidas entende deveriam ser adoptadas? Há medidas que não custam dinheiro, que são importantes para os empresários e que podem ser implementadas. Por exemplo a questão da certificação energética. A questão do pagamento nas SCUTs é outra. Acho que não tem de ser anulado, é uma coisa que deve ser feita, mas há que encontrar soluções para facilitar o sistema de pagamento porque não faz sentido aos clientes estrangeiros irem pagar aos CTT. Percebo que o País não está em condições, estamos numa fase de emergência e temos todos que perceber isto, mas há que não atrapalhar, é o mínimo que se impõe. Alem da promoção, acho que se deve olhar com pés e cabeça para estas coisas. E o elevado endividamento da hotelaria? Que fazer? O sistema financeiro não tem dinheiro p a ra emp res ta r. A h o tel a ria é uma actividade de capital intensivo e não há dinheiro para emprestar à hotelaria. A actividade está a decrescer, isto é uma bola de neve. Há hotéis que já estão a trabalhar, não para a rentabilidade, mas para a liquidez, para poder ter dinheiro pagar ordenados ao fim do mês, para dar algum aos fornecedores. Isto pode conduzir ao encerramento de hotéis? Sim, não tenho dúvidas que isto não se aguenta por muito mais tempo. Penso que alguns terão de fechar, unidades que estão fortemente endividadas e que não geram meios para pagar ordenados fornecedores e custos financeiros. Facilitou-se demais no passado? Houve algum excesso de confiança e a banca mediu mal os riscos no
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financiamento de alguns projectos. Toda a gente se engana na avaliação dos projectos de investimento. Mesmo nós, que somos cuidadosos, muito racionais, com um grande foco na estrutura de custos, por vezes também nos enganamos. Temos prudência, trabalho de casa feito, nunca tentamos dar passos maiores que as pernas. Mas conheço alguns casos em que houve i nv esti mentos c o m pl e t a m e n t e
desajustados, mesmo sem o problema da crise, da actual realidade, em que a própria banca, o sistema financeiro emprestava dinheiro sem medir o risco que estava a correr. Portanto é natural que, quando há um abanão, as estruturas menos sólidas abanem mais e algumas caiam mesmo. No caso do vosso grupo, como se têm preparado?
O grupo tem feito um grande esforço. Temos esta filosofia que é procurar nãos gastar dinheiro mal gasto, procuramos racionalizar, seja em tempos de vagas gordas ou magras. E nestes períodos mais difíceis também sentimos os efeitos, mas temos algum trabalho de casa feito e estamos melhor preparados. Como o grupo tem uma dimensão internacional, o risco está mais repartido. Mesmo em termos nacionais, o grupo está estruturado, não está super endividado. Somos cautelosos por natureza, não é por acaso que andamos há 15 anos para entrar em Madrid e ainda não entrámos. Temos parâmetros. Temos capacidade para comprar um hotel em Madrid, estamos já em Londres, em Berlim, mas não o fazemos de qualquer maneira.
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Cruzeiros e Segurança A
pós o incidente em Itália, parece-me oportuno abordar neste artigo algumas das questões relacionadas com os procedimentos de segurança a bordo dos navios de cruzeiros, tendo como base a companhia que represento, mas que são regras internacionais aplicadas por toda a indústria. Em todos os cruzeiros são realizados exercícios de salvamento, chamados de "muster drill", com o objectivo de familiarizar todos os hóspedes e tripulantes com os procedimentos necessários no caso de existir uma emergência. Este exercício é obrigatório e realizado com base nas directrizes reguladoras da Convenção Internacional para a Segurança da Vida Humana no Mar (SOLAS). A sua realização é obrigatória durante as primeiras 24 horas, mas maioritariamente são realizados antes da partida do navio ou cerca de 30 a 60 minutos antes da partida no dia do embarque. As estações de reunião, conhecidas como "muster stations", estão estrategicamente localizadas e assinaladas, distribuídas por camarote e para um número de hóspedes correspondente à capacidade de cada um dos botes salva-vidas. O número da estação de reunião é comunicado ao hóspede no seu camarote, em local bem visível, e em alguns casos, também no seu cartão individual de identificação. Ao longo do navio, a tripulação identifica e orienta qual a estação de reunião de cada um dos hóspedes, através da informação impressa nos coletes salva-vidas ou no cartão individual de identificação. Durante o exercício são identificados todos os hóspedes presentes, e explicado como devem proceder em caso de emergência. Este exercício transmite ao hóspede uma identificação do local para onde deve dirigirse no caso do sinal de emergência ser accionado. Durante o exercício, são dadas algumas informações importantes aos hóspedes de como devem proceder em caso de emergência. Se estiverem no seu camarote, devem dirigir-se à sua estação de reunião levando consigo o colete salva-vidas, disponível no camarote, roupa quente e
Francisco Teixeira Director-Geral da MELAIR medicamentos necessários. Se não for o caso, é informado que devem dirigir-se directamente do local onde se encontram para a estação de reunião, onde lhes serão entregues coletes salva-vidas. No inicio do cruzeiro é entregue e colocado no pulso de todas as crianças, uma pulseira que identifica qual a sua estação de reunião. Em caso de emergência, as crianças são levadas pela tripulação para a estação de reunião correspondente, e aí entregue aos pais ou tutores. Será também importante descrever quais e como são estruturados os treinos da tripulação. Todos os membros da tripulação têm um número atribuído, o qual estão associadas responsabilidades específicas de emergência, o local para onde devem dirigirse e as suas funções. São realizados regularmente exercícios de treino com toda a tripulação. Os oficiais são enviados para os mais avançados simuladores da marinha, muito similares aos usados pelos pilotos da aviação. Aí existe a oportunidade de os colocar perante situações muito stressantes, medir a sua capacidade de resposta e ver como reagem a situações de extrema dificuldade e em cenários muito desafiantes. Os oficiais superiores são sujeitos a uma avaliação psicológica, para que se conheça como actuarão numa
situação de dificuldade e qual o seu perfil de personalidade. A oferta de cruzeiros na Europa cresceu fortemente durante a última década, contribuindo para que cerca de 6 milhões de europeus tenham realizado em 2011 um ou mais cruzeiros. Os destinos mais procurados são o Mediterrâneo e o Báltico seguido das Caraíbas. Sem dúvida, que tem existido uma forte divulgação e promoção por parte das companhias de cruzeiros, mas também, uma excelente resposta por parte do público, que fica agradado com o facto de viajar num hotel flutuante, que o leva a várias cidades na mesma viagem. São várias as propostas de destinos, de duração da viagem e também de preços, permitindo ao público encontrar com facilidade um cruzeiro ao seu gosto. A oferta a bordo é hoje muito vasta e abrangendo das mais variadas opções de diversão, lazer e gastronómicas, tornando-a numa boa relação de preço e qualidade. Em Portugal sentimos também um crescente interesse por cruzeiros, com os agentes de viagens acompanharem essa procura com uma crescente familiarização dos diversos produtos existentes, para além de hoje poderem aceder à disponibilidade e efectuar uma reserva em canais on-line, permitindo um melhor atendimento do seu cliente.
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