Revista APAVT, Edição 29 | Nov-Dez 2011

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REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 29

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“Ao correr da pena...”

João Passos, Presidente da Direcção da APAVT

Chegam ao fim seis anos de presidência da nossa APAVT, a mais importante associação turística nacional. Seis anos de presidência, que se seguiram a mais de 20 anos de trabalho associativo, sempre norteado pelo desejo de bem servir e de valorizar, qualificar e prestigiar a classe, a minha classe de há mais de 40 anos.

Caros Amigos,

sempre, convosco.

Certamente, ao lerem a nossa Revista, a última deste ano, e a minha habitual mensagem, está a iniciar-se o XXXVII Congresso da APAVT. É pois motivo incontornável que me debruce sobre este nosso Congresso, e também sobre os 36 já realizados.E é com particular satisfação que o faço, pois tenho o especial privilégio de ter assistido e participado em 34 desses Congressos.

Esta é também, a última "conversa" que tenho convosco através da nossa Revista. Chegam ao fim seis anos de presidência da nossa APAVT, a mais importante Associação turística nacional. Seis anos de presidência, que se seguiram a mais de 20 anos de trabalho associativo, sempre norteado pelo desejo de bem servir e de valorizar, qualificar e prestigiar a classe, a minha classe de há mais de 40 anos.

Vale a pena recordar que todos eles, sem excepção, tiveram uma importância inquestionável para o sector. Houve sempre o cuidado em agregar fornecedores, parceiros, políticos e governantes, tornando os Congressos da APAVT em verdadeiros fóruns do Turismo nacional, onde se discutiram temas que sempre apelaram ao desenvolvimento da actividade no seu todo, na qual os Agentes de Viagens desempenham um papel incontornável.

Sinto que não há trabalhos acabados, que há sempre algo que fica por fazer. Sinto que não há desempenhos livres de críticas, sobretudo de auto-crítica que desde sempre caracterizou a paixão que dedico a tudo a que entrego o meu compromisso. Como muitas vezes afirmei, a nossa Associação reflecte aquilo que os seus Associados querem que ela seja. Competiu-me a mim, e aos colegas que comigo partilharam as direcções a que presidi, pôr em prática esse querer. E sempre o fizemos com isenção, transparência e sentido de missão.

Ano após ano os Congressos da APAVT têm reafirmado e consolidado essa sua vocação, sempre com indesmentível sucesso, reconhecido por todos, privados e institucionais. Sucesso que lhe é conferido, sobretudo, pela natureza do seu próprio negócio - os Agentes de Viagens são, indubitavelmente, a principal ponte entre a oferta e a procura - e a sua Associação representa não só a esmagadora maioria de negócio gerado pelos seus Associados, mas também, a não menos importante qualidade e excelência dos serviços prestados aos seus clientes, sejam nacionais ou estrangeiros que nos procuram. Por tudo isto, estou certo que mais uma vez, o nosso Congresso vai ser seguramente exemplo de tudo isto. À margem de todos os escolhos que tivemos que ultrapassar, e dos ruídos de fundo que muitas vezes não passam de manifestações de egos de quem os provoca e diversão de quem os ecoa, a Associação logrou, mais uma vez, e com o apoio dos seus Associados, parceiros e Amigos, bem como do Turismo do Centro de Portugal, e em especial do seu sempre inexcedível e voluntarioso Presidente, montar em tempo um Congresso que vai de novo escrever História. Os próximos dias serão, estou certo, o reflexo desta convicção, e o resultado desta conjugação de vontades.

Foram tempos extremamente difíceis e complexos, durante os quais muitas decisões tiveram que ser tomadas; a APAVT não esteve nem está imune à enorme turbulência que se abateu sobre todos nós. Mas tudo foi feito no sentido de permitir que os Agentes de Viagens saibam que podem continuar a contar com a sua Associação como garante da defesa intransigente das suas legítimos expectativas. Difíceis serão também os tempos que esperam o meu sucessor nesta tarefa e a quem desejo, com toda a Amizade e respeito que me merece, o maior dos sucessos. Sucessos esses que serão musculados não só na reconhecida competência e capacidade do novo presidente e na equipa que o acompanha, mas também na capacidade de sacrifício e espírito associativo do pessoal da Associação, bem como no devotado trabalho dos assessores que em tanto me ajudaram. Termino, com o habitual

Um forte abraço,

Mais uma vez espero a vossa participação activa, sobretudo num tempo de incertezas quanto ao futuro, e de cenários adversos que têm que ser equacionados e profundamente discutidos no sentido de serem ultrapassados. Conto, como REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 29

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Nº 29 - 2011, WWW.APAVTNET.PT

CAPA

Pedro Machado (Turismo Centro de Portugal):

"A nossa marca é claramente a diversidade" Presidente da Direcção: João Passos Conselho Editorial: João Passos, Filipe Machado Santos, Rui Colmonero, Paulo Brehm

Confia nos agentes de viagens para o crescimento do turismo no Centro de Portugal, fala sobre a estratégia e os recursos da região para 2012, considera que o mapa das regiões tem ainda ajustes a fazer, assegura que não vai substituir-se aos privados na comercialização do destino através de portais, alvitra que quem fez o PENT desconhece o Centro, assim como afirma o desconhecem muitos dos delegados do Turismo de Portugal no exterior. Entrevista ao presidente do Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado. Pág. 20 ○

Edição Gráfica e Layout: Pedro António e Maria Duarte Publicidade: Jorge Reis jorgeareis.pub1@sapo.pt Tel. 91 758 53 10 Impressão e Acabamento: MX3-Artes Gráficas, Lda. Rua Alto do Sintra - Sintra Comercial Park Armazem 16 Fracção Q 2635-446 Rio de Mouro Tiragem: 3.000 exemplares Distribuição: APAVT Propriedade: APAVT-Associação Por tuguesa das Agências de Viagens e Turismo Rua Duque de Palmela, 2-1º Dtº 1250-098 Lisboa Tel. 21 3553010 / Fax. 21 3145080 apavt@apavtnet.pt www.apavtnet.pt

António Loureiro (Travelport/Galileo): "Quota de mercado do Galileo em Portugal é de 82%"

Redacção: Catarina Delduque, Guilherme Pereira da Silva Tel. 21 3142256 / Fax. 21 3525157 revista.apavt@net.novis.pt

Fotografia: Rafael G. Antunes, Arquivos APAVT, Arquivos Publituris

e-Entrevista

REVISTA APAVT Director Editorial: Paulo Brehm brehm@net.novis.pt

Colaborações: Sebastião Boavida, Silvério do Canto (Agência PressTur)

Vida Associativa

XXXVII CONGRESSO: O turismo no centro das atenções De 1 a 4 de Dezembro, o congresso da APAVT centra as atenções de Portugal sobre o Turismo, promovendo o debate em torno do tema "Turismo: Prioridade Nacional". Ao longo de três dias, a associação vai reunir em Viseu centenas de quadros e gestores de agências de viagens e outras empresas e instituições do sector, bem como governantes, políticos e imprensa.

Pág. 14

Análise Distribuição turística: ventos de mudança Está longe de esgotado o debate sobre o futuro modelo de relacionamento entre Operadores Turísticos e Agentes de Viagens, mas antevê-se que o actual paradigma venha a sofrer alterações num futuro mais ou menos próximo. Se na generalidade dos países da Europa a comercialização directa por parte dos operadores turísticos é uma realidade há já vários anos, da vizinha Espanha chegam os primeiros sinais de que essa é uma tendência que se poderá alastrar à Península Ibérica.

Reg. no ICS como nº 122699 ○

Nota do Editor: Os artigos de opinião são da responsabilidade exclusiva dos seus autores.

MENSAGEM DO PRESIDENTE ○

EDITORIAL ○

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ESTATÍSTICA ○

ÚLTIMA ○○

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editorial

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Paulo Brehm

stá a ter início o congresso da APAVT que, como

das agências de viagens e do Turismo de uma forma geral. Seria

habitualmente, fecha o calendário dos mais importantes

bom, pois, que todos se unissem em torno da APAVT,

eventos do Turismo Nacional. A deslocalização do congresso, de

colocando acima dos interesses pessoais o interesse do

Fortaleza para Viseu, não foi nem uma decisão nem uma tarefa

colectivo. Foi isso que Passos fez, estou certo é isso que Costa

fáceis. A evolução da economia ditou a necessidade de o fazer e

Ferreira fará, pois um e outro, objectivamente, fizeram os seus

a decisão da direcção revelou-se a mais acertada, como estou

percursos profissionais, com reconhecido sucesso, sem o

certo o demonstrarão os próximos dias. O sector, como o País,

protagonismo da associação. Nesta última edição deste ano

vive tempos difíceis, e a união de todos é a única forma eficaz de

deixamos a síntese do programa da direcção que se apresenta a

enfrentar estas dificuldades. O congresso ganha assim especial

eleições a 14 de Dezembro e tomará posse em Janeiro. Num

relevância, quer como momento de reafirmação do sector, quer,

outro registo, escolhemos para a entrevista de capa o

sobretudo, como veículo da reafirmação da importância do

presidente do Turismo Centro de Portugal, primeiro

Turismo enquanto actividade económica. Este é também o tempo

responsável pela escolha de Viseu para sede do 37º congresso.

em que se inicia um novo ciclo na vida associativa: João Passos

Dedicamos também espaço de análise a um dos temas que

está a terminar o seu último mandato e Pedro Costa Ferreira

estará em discussão na magna reunião dos agentes de viagens,

prepara-se para assumir a liderança da APAVT. Para quem, como

as relações entre agentes de viagens e operadores turísticos,

eu, teve o privilégio de acompanhar de perto os mais recentes

questão recorrente mas cada vez mais pertinente. Uma e-

anos na vida da associação, é muito claro que o ainda presidente

Entrevista a António Loureiro, do Galileo, dá-nos a conhecer o

é absolutamente merecedor do louvor que, acredito, a História

posicionamento deste GDS no mercado português e finalizamos

Associativa lhe outorgará. Quanto ao próximo presidente, que

com uma mensagem do anfitrião do congresso, opresidente da

reúne qualidades humanas e profissionais para o bom exercício

Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas.

desta liderança, espera-o um desafio que tudo indica será ainda mais exigente. O entusiasmo e a determinação que deixou já

Resta pois agradecer o apoio de todos, entrevistados, leitores e

transparecer na apresentação da sua candidatura levam-nos,

anunciantes, ao longo de 2011, reafirmando o nosso propósito

contudo, a acreditar que conseguirá superar, tanto mais

de vos continuar a servir no próximo ano.

facilmente quanto mais os associados se unirem à causa associativa. Mais importante que as pessoas que a governam é a

Boas Leituras, melhores negócios e, já agora, vostos de um

própria associação, que ao longo dos seus mais de sessenta anos

Santo Natal e um Ano Novo com garra para ultrapassar todos

de vida, tem contribuído para o desenvolvimento do negócio

os desafios.

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Análise Estatística

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Apesar da recessão em Portugal e do acentuado abrandamento da aviação a nível mundial, as vendas de voos regulares pelas agências de viagens portuguesas completaram em Outubro três meses consecutivos de crescimento, que, embora ligeiros, permitiram reduzir em quase 30% a queda que se verificou nos primeiros cinco meses deste ano. Os dados das vendas de voos regulares pelas agências de viagens portuguesas (BSP Portugal) a que o PressTUR teve acesso indicam que no mês de Outubro totalizaram 71,48 milhões de euros, mais 2,2% ou mais 1,55 milhões que há um ano. No conjunto dos dez meses de Janeiro a Outubro, os dados do PressTUR indicam que as vendas ascendem a praticamente 700 milhões de euros (699,8 milhões), menos 9,5 milhões que há um ano, mas mais 30,1 milhões que em 2009, quando Portugal também estava em recessão. A informação mostra que essa queda homóloga se deve à evolução negativa nos primeiros cinco meses, designadamente em Março, em que baixaram 9,6 milhões de euros, parcialmente pelo efeito Páscoa mais tarde este ano. Fontes do sector das agências de viagens contactadas pelo PressTUR comentaram que "é algo surpreendente" o que se está a passar com o BSP (sigla que vem da designação em inglês Billing and Settlement Plan), sistema da IATA que contabiliza as vendas de voos pelas agências de viagens reservados através dos GDS. A "surpresa" começa desde logo por a conjuntura económica que Portugal está a viver ter normalmente como corolário um decréscimo das vendas das agências de viagens, porque a percepção que existe é que as viagens são das primeiras despesas

Vendas BSP contrariam "tendência natural" e registam crescimento em Outubro

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que famílias e empresas cortam quando os tempos são de "apertar o cinto". Esta visão, porém, tem sido cada vez mais contestada, porque segundo várias organizações, entre as quais a OMT, cada vez menos as famílias e particulares estão dispostos a abdicar de viajar, embora contendo as despesas de viagens, optando por destinos mais próximos e estadas mais curtas. Ao nível das empresas, dizem ao PressTUR fontes da aviação, o que se está a passar é que com o mercado doméstico em retracção, as empresas vêem-se compelidas a investir mais em exportar, o que obriga a mais contactos internacionais, o que aliás transparece nas vendas BSP. Se estes dois factores podem explicar em grande medida o comportamento do BSP nestes primeiros dez meses de 2011, a verdade é que a austeridade não é o único desafio que as vendas de voos nas agências de viagens têm que enfrentar. O maior desses desafios é o aumento muito forte das vendas próprias das companhias aéreas, especialmente através dos seus websites, que não entram em BSP, numa tendência que é estimulada pela crescente penetração das low cost e da percepção pelos consumidores de que "é mais barato comprar na internet". Não existem dados que permitam quantificar qual o montante que está em causa, a não ser da parte da TAP, cuja directora de Vendas para Portugal, Paula Canada, revelou que no primeiro semestre registou um aumento de 30%, para 52,3 milhões, o que fez baixar para 74% a percentagem do produto da companhia que é vendido através das agências de viagens. Mas esse é apenas um exemplo, porque todas as companhias estão activas no mercado a promover as vendas nos seus websites, com realce para as low cost e entre estas para a Ryanair, que lidera o tráfego de e para os aeroportos do Porto e de Faro, que não admite outras formas de comercialização dos voos, embora sejam conhecidos cada vez mais casos de vendas de voos da Ryanair por agências de viagens, que os c o m p r a m directamente no site em nome dos clientes.

Vendas de voos domésticos nas agências estão "em vias de extinção" As vendas de voos domésticos representaram em Outubro apenas 9% das vendas BSP das agências de viagens portuguesas antes de taxas e sobretaxas, que é o nível mais baixo de sempre. Neste mês, as vendas líquidas de voos domésticos caíram para 4,6 milhões de euros, menos 20,1% ou menos 1,16 milhões que há um ano e ficaram 51% ou 4,8 milhões abaixo do mês homólogo de 2007, que foi o melhor Outubro desde 2005 em vendas dessas ligações. Fontes do mercado têm atribuído a contínua queda das vendas BSP de voos domésticos à tendência cada vez mais forte dos consumidores para comprarem online nos websites das companhias aéreas, por terem a percepção que encontram aí melhores preços. Esta tendência, dizem, tem origem na entrada da easyJet na rota Lisboa - Funchal, que é a que tradicionalmente tem mais peso no BSP dos voos domésticos. A easyJet, segundo essas fontes, não só levou consumidores para o seu website, como para os de outras companhias, nomeadamente a TAP, que continua a ser a transportadora aérea com maior número de voos e de lugares nessa rota. Os dados a que o PressTUR teve acesso indicam que antes de taxas e sobretaxas, com a queda em Outubro as vendas de voos domésticos acumulam nos dez meses desde o início de 2011 um decréscimo homólogo de 13,9% ou 9,3 milhões de euros, para 59,4 milhões, e ficam 41,6% ou 42,25 milhões abaixo de 2006, em que se situavam em 101,69 milhões. Relativamente aos voos internacionais, os dados do BSP antes de taxas e sobretaxas, indicam que em Outubro foi praticamente atingido o valor do mês homólogo de 2010 (-0,1%), com 46,9 milhões de euros, e que de Janeiro a Outubro a queda é de 5,1% ou 24,2 milhões, para 445,96 milhões. Estes dados antes de taxas e sobretaxas têm apenas relevância por permitirem ter uma percepção da evolução por voos domésticos e internacionais, uma vez que as taxas e sobretaxas das companhias aéreas são parte integrante do preço dos bilhetes, sendo obrigatória a publicitação do valor final, e cada vez mais as companhias fazem oscilar tarifas e/ou sobretaxas em função da concorrência nas diversas rotas. Até Outubro, as taxas e sobretaxas incluídas nos preços dos bilhetes ascendem a 194,4 milhões de euros, mais 14,1% ou mais 24 milhões que há um ano, tendo registado em Outubro um aumento de 16,1% ou 2,76 milhões, para 19,9 milhões.

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Análise Estatística

Porto de Lisboa mais perto de superar meio milhão de passageiros Lisboa teve em Outubro o melhor mês de sempre em passageiros de cruzeiros no seu porto, com um total de 86.923, e não só travou uma sequência de quatro meses consecutivos de quedas homólogas como ficou com um novo ano recorde ao alcance, como perspectiva a APL -Administração do Porto de Lisboa. Os dados da APL indicam que em Outubro o Porto de Lisboa recebeu 53 escalas, mais dez que há um ano, com 76.226 passageiros em trânsito e 10.697 que iniciaram e/ou terminaram cruzeiros na capital portuguesa. Relativamente ao mês homólogo de 2010, o Porto de Lisboa teve crescimentos de 28,8% no segmento dos passageiros em trânsito, a que corresponde um incremento de 17.056, e de 19,3% ou 1.734 nos chamados turnaround, com 5.223 embarques, mais 20,2% ou mais 878 que no ano passado, e 5.474 desembarques, em alta de 18,5% ou 856. Depois de quatro meses consecutivos de quebras, que tinham levado a que o crescimento homólogo este ano tivesse caído de 50,5% no fim dos primeiros cinco meses para 4,9% depois de completados nove meses, com Outubro o Porto de Lisboa volta a uma taxa de crescimento

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próxima dos dois dígitos, em 9,8%, e já ultrapassou o total do ano de 2009. De acordo com os dados da APL, nos dez meses de Janeiro a Outubro a capital portuguesa soma 276 escalas, mais 18 que há um ano, e 418.627 passageiros de cruzeiro, mais 37.474 que no período homólogo de 2010, que foi o melhor ano de sempre, e já ultrapassa em 2.869 passageiros o total de 2009, que foi o segundo melhor ano de sempre. O crescimento dos trânsitos, designação usada para os passageiros que passam por Lisboa em rota de e para outros portos e que em muitos casos aproveitam as horas na capital portuguesa para visitas, é o segmento que está a impulsionar o crescimento, com um aumento em 12,3% face a 2010, para 379.874, o que corresponde a mais 41.558 que há um ano. Já da parte dos turnaround, que é um segmento mais depende do mercado doméstico português, nos dez meses até Outubro o Porto de Lisboa soma 38.753, menos 9,5% ou menos 4.084 que há um ano, com decréscimos de 10,8% ou 2.328 embarques, para 19.326, e de 8,3% ou 1.756 desembarques, para 19.427. O Porto de Lisboa tem registado sucessivos recordes de passageiros de cruzeiros, que o

levaram a passar de pouco mais de cem mil em 1997 (113.476), para mais de 200 mil em 2003 (211.979), mais de 300 mil em 2007 (305.185) e mais de 400 mil em 2008 (407.508). Em 2009, apesar do impacto negativo da crise económico-financeira mundial nas viagens e turismo, o Porto de Lisboa registou o que foi então um novo máximo, com 415.758 passageiros, que ultrapassou em 2010, com 448.497. A perspectiva avançada para este ano pela APL - Administração do Porto de Lisboa é que será atingido um novo recorde, o que confirmou em meados de Outubro ao anunciar que prevê que no trimestre em curso 114 escalas e 178 mil passageiros, com aumentos de 36% em número de escalas e 31% em número de passageiros. De acordo com estas previsões, o Porto de Lisboa ultrapassará este ano, pela primeira vez, o meio milhão de passageiros, ficando próximo de 510 mil, mais cerca de 60 mil que em 2010, e irá bater o recorde de 308 escalas atingido em 2008, ficando próximo das 340. No final de Setembro, o Porto de Lisboa somava 223 escalas e 331.704 passageiros.

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Análise Estatística

Portugueses cortaram viagens de lazer em 13,7% no 1º Semestre A crise em Portugal já conta com as viagens de lazer dos portugueses entre as suas vítimas, segundo os dados publicados pelo INE, que indicam um corte de 13,7% nas viagens de lazer, recreio ou férias no primeiro semestre. Ainda assim, de acordo com a mesma informação, os portugueses viajaram mais, havendo um aumento de 2,7% no número de viagens turísticas, para 6,2 milhões, porque em contrapartida à queda das viagens de lazer, recreio ou férias houve um forte aumento de 18,9% nas viagens classificadas em "visita a familiares ou amigos", que representaram quase metade (48,4%) do total de deslocações nos primeiros seis meses, quando um ano antes representavam cerca de 42%. Ora, conforme mostram os dados do INE, enquanto nas viagens de lazer, recreio ou férias o "alojamento particular gratuito" foi uma opção que representou 51,8% das dormidas, nas deslocações para "visita a familiares ou amigos" essa atinge quase 96% das dormidas. Outro indicador do impacto da austeridade, como aliás é assinalado pelo INE, é que enquanto as viagens em território português aumentaram 3,8% e representaram aproximadamente 90% do total de viagens turísticas do semestre (cerca de 5,6 milhões), as desl o ca ç õ e s a o estrangeiro diminuíram 6,9%, para aproximadamente 620 mil. "A este facto não é alheio o período de retracção económica vivido, com reflexos negativos tanto nas deslocações por lazer como nas profissionais, em que os destinos no estrangeiro são menos procurados devido ao maior custo associado", escreve o Instituto, que não especifica qual foi a evolução do número de viagens por razões "pro fi ssi o na i s e de negócios" e por "outros motivos", como por "razões religiosas ou

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de saúde", referindo apenas que representaram, respectivamente, 8% (501 mil) e 6,2% (cerca de 400 mil) dos 6,2 milhões de viagens realizadas nos primeiros seis meses do ano por 2,3 milhões de turistas portugueses, 53,7% deles mulheres. A informação do INE relativamente às pernoitas originadas pelas viagens turísticas indica que totalizaram quase 19,6 milhões, em queda de 4,6% em relação aos primeiros seis meses de 2010, designadamente por queda da estada média, que baixou de 3,4 para 3,1 noites. De acordo com os dados do INE, desses 19,6 milhões de dormidas originadas pelas viagens turísticas, 66,4% foram em estabelecimento "particular gratuito" (cerca de 13 milhões), 24,9% foram em hotéis e pensões (cerca de 4,9 milhões), 5% em estabelecimento "particular pago" (cerca de 970 mil) e 3,8% em outros tipos de alojamento colectivo (cerca de 720 mil). As viagens de lazer, recreio ou férias foram as que originaram mais dormidas (cerca de 8,2 milhões ou aproximadamente 41% do total), 51,8% das quais em alojamento "particular gratuito" (cerca de 4,16 milhões), 39,3%

em hotéis e pensões (cerca de 3,16 milhões), 5,1% em alojamento "particular pago" (cerca de 407 mil) e 3,8% em outros estabelecimentos colectivos (cerca de 308 mil). Depois vêm as cerca de 7,6 milhões de dormidas (38,6% do total) realizadas em visitas a familiares ou amigos, 95,9% das quais em alojamento particular gratuito (cerca de 7,2 milhões)e 3,3% em hotéis e pensões (cerca de 250 mil). As dormidas em viagens profissionais e de negócios foram aproximadamente 2,3 milhões (11,7% do total), 47,6% das quais em hotéis e pensões (cerca de 1,1 milhões), 25,6% em alojamento particular gratuito (cerca de 590 mil), 22,1% em alojamento particular pago (cerca de 510 mil) e 4,8% em outros (cerca de 110 mil). As viagens por outros motivos, entre os quais o INE cita "razões religiosas ou de saúde", geraram cerca de 1,7 milhões de dormidas (aproximadamente 8,7% do total), maioritariamente (59,6%) em alojamento particular gratuito (1,01 milhões). Seguem-se hotéis e pensões, com 386 mil (22,8%), outro colectivo, com 292 mil (17,2%), e alojamento particular pago, com seis mil (0,4%).

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Análise Estatística

Turismo e transporte aéreo de passageiros geram receita líquida externa de 4.892 milhões As exportações portuguesas de turismo de passagens aéreas geraram um excedente para Portugal de 4.892 milhões de euros nos nove meses até Setembro, em alta de 15,3% ou 647,5 milhões em relação ao período homólogo de 2010, de acordo com os dados da Balança Corrente publicados pelo Banco de Portugal. A informação mostra que esse excedente permitiu reduzir em 33,7% o défice da Balança Corrente, quando há um ano a contribuição estava em 25,7%. Os dados do Banco de Portugal mostram que embora as exportações de turismo e transporte aéreo de passageiros, com um aumento até Setembro em 9,3%, tenham um crescimento inferior à evolução das exportações totais de Bens e Serviços, que crescem 14%, o seu saldo é positivo, ao contrário do que acontece com a totalidade das trocas comerciais.

As exportações de turismo e transporte aéreo de passageiros, com o montante conjunto de 8.210 milhões de euros até Setembro deste ano, representaram neste período 17,9% das exportações totais de Bens e Serviços, quando há um ano representavam 18,6%, designadamente porque a parcela do turismo internacional baixou de 14,5% para 13,7%, e a do transporte aéreo de passageiros teve uma estagnação em baixa (-0,01 pontos) nos 4,1%, já que tiveram aumentos de respectivamente 8% e 13,8%, enquanto as exportações totais de Bens e Serviços aumentaram 14%. Do lado das importações, porém, enquanto turismo e transporte aéreo de passageiros têm uma redução de 0,3%, com +0,6% na despesa dos portugueses em viagens e turismo no estrangeiro e 4,6% nas saídas de capitais pela compra de passagens aéreas, as importações totais de bens e serviços cresceram 5,3%.

Desta forma, com um excedente de 3.422,6 milhões de euros até Setembro, em alta de 13,1% ou 397,6 milhões, em relação ao período homólogo de 2010, o turismo internacional propiciou uma redução em 26,2% do défice da Balança Corrente, quando há um ano a contribuição estava em 19,8%. O transporte aéreo, cujo saldo tem um aumento de 20,5% ou 249,6 milhões de euros, para 1.469,4 milhões, contribuiu, assim, com uma redução de 13,2%, quando há um ano a taxa de cobertura era de 9,1%. Os dados do Banco de Portugal mostram ainda que até Setembro as exportações de turismo e transporte aéreo de passageiros representaram 56,7% das exportações totais de Serviços, menos 0,2 pontos que há um ano, e geraram 83,6% do excedente da Balança de Serviços, menos 0,4 pontos que há um ano.

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Exportações portuguesas de passagens aéreas sobem 13,8% até Setembro As empresas portuguesas de transporte aéreo de passageiros, a maior das quais a TAP, que é a maior exportadora do País, realizaram 1.895,37 milhões de euros em vendas no estrangeiro nos nove meses até Setembro deste ano, em alta de 13,8% ou 229,5 milhões relativamente a 2010, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal. O crescimento no último mês desse período, porém, foi inferior, situando-se em 8,6%, para 222,3 milhões, mais 17,5 milhões que há um ano. Apesar do abrandamento em Setembro, em média anual (12 meses de 1 de Outubro a 30 de Setembro) o crescimento das exportações de serviços de transporte aéreo de passageiros está em 16,6%, o que

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equivale a um aumento de 352,4 milhões de euros relativamente ao período homólogo anterior, para 2.117,7 milhões. A evolução da receita líquida, descontadas as compras de passagens aéreas a empresas estrangeiras, é, porém, ainda superior, tendo um aumento médio anualizado de 24,2%, porque as compras ao estrangeiro mantém-se em queda, tendo um decréscimo de 2,9%. Em Setembro essa queda foi de 9,1% ou 4,8 milhões de euros, para 48,3 milhões, e nos nove meses de Janeiro a Setembro o decréscimo é de 4,6% ou 20,4 milhões de euros, para 425,9 milhões. E, ao contrário do que acontece com as exportações, em que o aumento de 229,5 milhões até Setembro face ao período homólogo de 2010 ocorre em cima de um aumento de 236,2 milhões

em 2010, que mais que anulou a queda de 141,5 milhões, no caso das importações a tendência de queda v e m d e s d e 2 0 0 7, a n o e m q u e n o s primeiros nove meses tinham um crescimento de 29,4 milhões. Em 2008, esse aumento já estava anulado, com uma queda de 32,38 milhões, agravando-se em 2009, com uma queda de 29,6 milhões, e em 2010, com -2,4 milhões, pelo que nos primeiros nove meses deste ano a quebra face ao período homólogo de 2007 atinge 84,8 milhões. Essa queda, e sobretudo o aumento das exportações, que entre os primeiros nove meses de 2007 e 2011 se situa em 428,5 milhões, leva a que a receita líquida tenha um incremento de 53,7% ou 513,4 milhões

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e-Entrevista

António Loureiro (Travelport/Galileo):

"Quota de mercado do Galileo em Portugal é de 82% em 2011" Q

ual o balanço de 2011 já possível

oferta hoteleira, podendo pesquisar os hotéis

de fazer?

em todo o mundo através de múltiplos critérios

A nossa produção registou uma quebra de

- desde preço, a fornecedor, a quem dá mais

2,85% até Setembro, quando comparada com

comissão.

o

pela

TMA (Galileo nos sistemas móveis IPhone e

conjuntura actual. Em Outubro, no entanto,

IPad ) (ver caixa), que permite que o agente de

registámos um crescimento de 16,85% e em

viagens aceda ao GDS através do seu telefone

Novembro de 14,36%.

ou Tablet aonde se encontre e exista disponível

período

homólogo,

motivada

internet. Como evoluiu a quota de mercado?

Em relação a esta ferramenta, integralmente

De acordo com os dados disponíveis no MIDT

desenvolvida em Portugal, ela é pioneira em

(Marketing Information Data Transfer) a quota

todo o Universo GDS mundialmente falando e

de mercado da Travelport/Galileo em Portugal é

foi lançada em Portugal, Brasil e Espanha,

de 82% em 2011. Esta quota de mercado é

sendo que já foram feitos mais de 600

afectada, pela negativa, pela contabilização no

downloads da Apple Store em mercados tão

mercado português de um operador online

díspares como os EUA, Portugal, Brasil

internacional num outro GDS, o que é um facto

Austrália, Itália e Reino Unido.

meramente técnico. Não considerando este

Inovação produzida em Portugal para todos o

efeito, a quota de mercado seria seguramente

Mundo .

superior.

Vamos lançar até ao fim do ano a ferramenta "White label Bol", que é um motor de pesquisa

Pela adesão de mais agências ou pelo

para ser incorporado nos sites informativos do

aumento de produção das que já

cliente permitindo assim a sua reserva no site.

integravam a vossa carteira? O mercado prefere clara e com uma expressiva

Como perspectiva 2012?

maioria a nossa oferta e a nossa performance

Vai ser o ano de todas as batalhas no mercado

resulta dessa preferência. A opção dos

português. Vencer na conjuntura mais adversa

Operadores Turísticos por realizarem as suas

dos últimos 20 anos vai ser difícil, mas vamos

operações em voos regulares e a remoção dos

procurar apoiar o sector com novidades para

Sistemas de emissão e reserva directa colocados

combater essa conjuntura.

pela TAP - cuja relação custo/benefício, em

Vamos também apoiar os nossos clientes através

particular no plano da produtividade dos

do apoio a criação de soluções que permitam -

agentes, era claramente desfavorável em

congregando sinergias e concentrando

relação à oferta do Galileo - contribuíram para

esforços de investimento - dinamizar uma oferta

que a performance seja melhor que a

ao mercado que adaptando-se às realidades do

performance do mercado, excluindo os factos

mesmo - em termos de poder de compra -

acima referidos alheios à dinâmica do mercado

possam dar uma resposta competitiva e mais

português.

eficiente no plano das operações.

Quais as novidades, em termos de

O Presidente da IATA, Tony Tyler,

ferramentas, que apresentaram este ano

afirmou recentemente estar em curso uma

ao mercado?

reflexão sobre o modelo de distribuição,

Travelport Rooms and More, um "one stop

defendendo que os GDS's não estão a

shop booking tool" ou seja num único ponto o

assegurar a necessária diferenciação e

agente de viagens pode encontrar a mais vasta

que a venda directa pelas companhias

12

aéreas lhes permite reduzir custos. Como comenta? O Presidente da IATA, apesar de recente no cargo, deveria saber que nenhuma outra entidade, a não ser os GDS's, como a Travelport,

disponibiliza ao mercado uma

solução com uma performance e um custo/ beneficio tão eficaz, quer para as Companhias Aéreas como ao sector da Distribuição de Produtos e Serviços Turísticos. Mas lendo todas as declarações do Presidente da IATA percebe-se que a questão vai muito além dos GDS´s, pretendendo chegar à verdadeira questão que é a distribuição do produto transporte aéreo por terceiros, nomeadamente pelas agências de viagens. E isto não tem a ver com a distribuição em si, pois todos os Associados da IATA conhecem os custos da distribuição directa e mesmo alguns não associados da IATA - nomeadamente a EasyJet - já trabalham com os GDS, ou seja, reconhecem aos GDS uma utilidade que não reconhecem à própria IATA. Mesmo no Brasil, mercado onde as principais companhias locais não usavam os GDS ´s, a TAM e a GOL já colocaram todo o seu inventário de voos nacionais nos GDS´s, reconhecendo também a utilidade destes serviços e aceitando a sua relação custo/ beneficio. Por outro lado, a própria Comissão Europeia em devido tempo reconheceu o papel dos GDS´s em assegurar o acesso do consumidor ao transporte aéreo e sobretudo a sua contribuição para a transparência do mercado, assegurando a comparação de alternativas de oferta e de preço. No actual contexto em que o mercado associados da IATA e agentes de viagens - se interroga qual razão de ser da IATA, nomeadamente a respectiva relação custo/ beneficio, é tentador opinar sobre esta questão em relação a terceiros, ao invés de reflectir qual o valor que a própria organização acrescenta ao mercado em função do respectivo custo.

REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 29


Noticiário

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Vida Associativa

XXXVII CONGRESSO DA APAVT

O turismo no centro das atenções De 1 a 4 de Dezembro, o congresso da APAVT centra as atenções de Portugal sobre o Turismo, promovendo o debate em torno do tema "Turismo: Prioridade Nacional". Ao longo de três dias, a associação vai reunir em Viseu centenas de quadros e gestores de agências de viagens e outras empresas e instituições do sector, bem como governantes, políticos e imprensa.

G

OVERNO E P OLÍTICOS NO CONGRESSO O Ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, o Miistro da Economia, Álvaro Santos Pereira, a Secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, o presidente e um dos vicepresidentes da Comissão de Economia e Obras Públicas, respectivamente deputados Luis Campos Ferreira (PSD) e Helder Amaral (CDS-PP), a deputada Hortense Martins (PS), também ela membro da mesma comissão parlamentar, o deputado e secretário-geral do PSD, José de Matos Rosa, o deputado João Ramos (PCP) e o presidente da Câmara

Municipal de Viseu, Fernando Ruas (PSD), são alguns dos governantes e políticos com presença confirmada no congresso deste ano. Além destes políticos no activo, também o ex-ministro da Justiça e histórico socialista, José Vera Jardim, que desempenha as funções de Provedor do Cliente das Agências de Viagens e Turismo, e o ex-Secretário de Estado do Turismo, Vitor Neto, vão participar na 37ª edição da magna reunião da APAVT. "É sempre uma satisfação constatar o reconhecimento que a associação merece por parte do Governo e do poder político nas mais diversas ocasiões, em particular nos nossos congressos, espaços de

debate que constituem também oportunidades para que melhor identifiquem os desafios com que se debate o sector", afirma João Passos, presidente da APAVT, relembrando que, ao longo da sua história, a associação sempre pautou a sua conduta por uma permanente disponibilidade para o diálogo no sentido da construção do Turismo e na defesa dos interesses dos seus associados. "Todos reconhecerão que a APAVT nunca se coibiu de criticar o que entendeu criticável, da mesma forma que nunca deixou de aplaudir o que entendeu meritório, sempre com total frontalidade mas também com total lealdade" acrescenta Passos.

A PAVT R EÚNE A SSOCIAÇÕES S ECTOR

DO

Pela segunda vez, a associação promove no seu congresso um debate que reúne os líderes das principais associações do sector. Tal como nos Açores, em 2006, o congresso de Viseu inclui um painel, desta vez com o tema "Turismo: Os Desafios do Presente", no qual participam, além do presidente da APAVT, João Passos, os presidentes da AHP, Miguel Júdice, da AHETA, Elidérico Viegas, da APR e do CNIG, Diogo Gaspar Ferreira, e os secretários-gerais da AHRESP, José Manuel Esteves e da ARAC, Robalo de Almeida. Esta "cimeira" do turismo, como a intitulou um dos jornais online do 14

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Vida Associativa

s e c t o r, v i s a i d e n t i f i c a r o s m a i s importantes desafios com que se debate o sector na actual conjuntura e propor soluções, contando também com a presença dos representantes dos quatro maiores partidos com assento parlamentar, PSD, PS, CDS e PCP. "A legislação e a fiscalidade serão certamente temas abordados, pelo menos por parte da APAVT", antecipa o presidente da associação.

A CTIVIDADE DOS A GENTES DE V IAGENS EM A NÁLISE Além dos temas mais abrangentes que visam a reafirmação do Turismo enquanto actividade prioritária do País, o congresso constitui igualmente um espaço para a análise do negócio das empresas associadas. Neste contexto, Viseu vai ser palco de um debate sobre as tendências de futuro nas relações entre Agências de Viagens e Operadores Turísticos, um tema que tem sido objecto de debate em anteriores congressos e nos capítulos da Distribuição e Operação t u r í s t i c a d a A s s o c i a ç ã o ( v. a r t i g o n a página 16). "São duas vertentes de um mesmo negócio, que embora por vezes conflituantes são, sobretudo, complementares e com um propósito comum, que é o de servir o mercado", explica João Passos, para quem "uma das claras vantagens da APAVT em ter sob o mesmo tecto agentes e operadores é precisamente conseguirmos diálogos mais fáceis, mais construtivos e mais profícuos sobre os modelos que melhor sirvam os

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interesses de cada um e dos clientes". O Incoming é outra das actividades em foco no congresso. Os painéis "Portugal: Retomar o Crescimento Turístico" e "Portugal-Brasil: Turismo nos dois sentidos", qualquer um deles com a participação de reputados especialistas neste domínio, constituem contributos para o debate de soluções que visem o aumento do turismo receptivo, tema de particular importância na actual conjuntura. O segundo painel referido inclui também uma componente de outgoing, na medida em que pretende debater a evolução e perspectivas do turismo português para o Brasil, um dos mais importantes destinos de férias.

NETWORKING FORA DOS A UDITÓRIOS Parte integrante dos congressos e uma das mais-valias que estes oferecem aos participantes é o networking que se proporciona fora dos auditórios. Além das conversas, sejam pessoais ou de negócios, que são travadas entre os congressistas nos intervalos das sessões e pelos corredores do centro de congressos, os jantares oficiais constituem também oportunidades para

A IMPRENSA NO CONGRESSO Mais de duas dezenas de jornalistas asseguram a cobertura do congresso, quer da imprensa sectorial como da imprensa generalista e económica, incluindo suportes da imprensa escrita, rádio, televisão e online.

ver e rever amigos, colegas e parceiros de negócio. Na edição deste ano, a TravelPort/Galileo e a TAP, a par da Controlvet, empresa da área da segurança alimentar sediada em Viseu, são os anfitriões dos três jantares oficiais do congresso. O p r i mei r o ja n ta r, a c onvi te d a Controlvet, decorre no Montebelo Hotel & Spa, hotel-sede do XXXVII Congresso. No sai seguinte, a banda portuguesa de rock G.N.R. anima a já tradicional noite Trav e l p o r t / G a l i l e o, com actuação agendada para depois do jantar, no Expocenter de Viseu. À TAP cabe mais uma vez o jantar de encerramento, na noite de sábado, dia 3, que irá ter lugar na Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, deslumbrante espaço histórico que constitui uma das atracções turísticas da região, além de albergar no palácio um hotel de charme.

P ROGRAMA A COMPANHANTES

PARA

Além dos jantares, os acompanhantes dos congressistas podem usufruir de duas excursões matinais, ficando com as tardes livres para o (re)conhecimento de Viseu. Na sexta-feira, a Excursão "Respirar Ar Puro" , pela Serra do Caramulo, um dos segredos mais bem guardados de Portugal, onde se respira saúde, tranqui lidade e bem-estar, sentindo a natureza na sua plenitude, incluindo visita ao Museu do Caramulo. "Vinho do Dão" - Importância vitivinícola da Região Demarcada dos Vinhos do Dão é o tema da excursão de sábado, que inclui apresentação e prova de vinhos. 15


Análise

Distribuição Turística: Ventos de mudança Está longe de esgotado o debate sobre o futuro modelo de relacionamento entre Operadores Turísticos e Agentes de Viagens, mas antevê-se que o actual paradigma venha a sofrer alterações num futuro mais ou menos próximo. Se na generalidade dos países da Europa a comercialização directa por parte dos operadores turísticos é uma realidade há já vários anos, da vizinha Espanha chegam os primeiros sinais de que essa é uma tendência que se poderá alastrar à Península Ibérica Por Paulo Brehm

“E

m algum momento os operadores turísticos da Orizonia venderão directamente através da internet para o nicho de clientes que preferem este canal", disse ao diário online "Nexotur" José Duato, o director-geral da holding que integra os operadores Iberojet e Solplan, entre outros. Embora afirmando que "manteremos o status quo com as agências de viagens, que são o nosso cliente e o nosso canal de distribuição fundamental e primeiro" e que não prevê que as vendas directas na Internet atinjam um "volume importante", as afirmações de Duato não deixam margem para dúvidas quanto à estratégia do autointitulado "grupo de operadores turísticos líder em Espanha e Portugal". De resto, como recorda o mesmo diário, citado pela agência de notícias de turismo PressTur, no início deste ano o operador Pullmantur entrou na venda directa através do seu website, o que na ocasião gerou reacções negativas de algumas organizações de agências de viagens independentes. Mais recentemente, o operador turístico Kuoni lançou em Espanha um novo site que oferece ao consumidor a possibilidade de obter orçamentos personalizados online, comparar ofertas de última hora e beneficiar de promoções especiais, convidando os clientes a recorrer a uma das quatro lojas que abriu em Madrid, Barcelona e Valência para conhecer toda a oferta. Embora o site não contemple ainda a venda, o Hosteltur afirma tratar-se de "mais um passo na direcção da venda directa", recordando que há três anos o director geral da Kuoni, Carlos López, tinha afirmado que "a venda directa 16

chegará a Espanha, sem dúvida", questionando-se "se isso ocorreu com as companhias aéreas e outros fornecedores, porque não com os operadores turísticos?".

A PAVT P ROMOVE D EBATES O início da venda directa por parte dos operadores espanhóis pode bem ditar a alteração do modelo vigente em Portugal, que até agora têm formalmente mantido uma estratégia de exclusividade de comercialização através das agências de viagens. O tema não é novo, tendo sido objecto de aceso debate no congresso da APAVT em Búzios, em 2007 e tem vindo a ser debatido em sede dos Capítulos de Operadores e da Distribuição da associação. No congresso deste ano, em Viseu, o assunto voltará a ocupar destaque, num painel intitulado "Distribuição: Novos Modelos de Relacionamento", que conta, como oradores, responsáveis de diversas agências de viagens e operadores turísticos.

Q UE D IZEM OS O PERADORES T URÍSTICOS EM P ORTUGAL? Para perspectivar o que poderá mudar e quais as tendências em Portugal, a REVISTA APAVT ouviu os principais operadores turísticos no nosso País sobre esta matéria. Se todos, sem excepção, afirmaram que actualmente vendem os seus produtos exclusivamente através das agências de viagens e que não têm planos para qualquer mudança imediata deste modelo, a maioria considera que, num futuro mais ou menos próximo, este status vai sofrer alterações. "O modelo actual tem que ser alterado pelos

intervenientes, antes que seja imposto pelo mercado e se torne uma inevitabilidade em função da sobrevivência", afirma um dos operadores consultados, no que espelha a opinião da larga maioria dos inquiridos. "É quase certo que o façamos", afirmou um outro, embora sem precisar prazos. "Pode ser para o próximo ano ou no seguinte, de momento certo é que não comercializamos directamente ao consumidor final, sendo o nosso único canal de distribuição as agências" acrescentou. "A minha vontade é começar o mais rápido possível mas é necessário um consenso entre operadores para isto acontecer", diz um terceiro, partilhando o mesmo tipo de hesitação manifestada pelos operadores em Espanha. "Ao ritmo frenético que o mercado vai evoluindo, não podemos pôr de parte qualquer hipótese futura", "estamos atentos às evoluções e mudanças do mercado e do sector", "sei que se está atento à evolução do mercado nesse sentido, especialmente no mercado espanhol", são outras afirmações de outros tantos operadores em Portugal. "Tenho a tentação ou a necessidade de comercializar directamente, o que, aliás, mais não é do que o feito actualmente pelas companhias aéreas e cadeias hoteleiras ou hotéis isolados", conclui um outro. Em sentido contrário, também houve operadores que afastaram esse cenário. "Não temos qualquer plano presente ou futuro de comercializar a nossa programação directamente ao público", "mantemo-nos 100% fiéis aos nossos parceiros de comercialização, os agentes de viagens" ou "permito-me afirmar categoricamente que o REVISTA APAVT · EDIÇÃO Nº 29


Análise

nosso operador está vocacionado para venda exclusiva através das agências de viagens", são exemplos de afirmações dos que não perspectivam esta alteração, embora na realidade sejam em menor número do que os que consideram a venda directa uma inevitabilidade. "Um dia isto vai acontecer. É inevitável. Na Europa somos quase os únicos", conclui um dos inquiridos.

A S M OTIVAÇÕES Margens cada vez mais esmagadas e estranguladas, ampliação dos canais de venda e por essa via do próprio mercado e a "necessidade" de maior controlo de toda a cadeia, são os principais argumentos dos operadores inquiridos para justificar o estarem a ponderar a alteração do actual modelo. "Sabemos que grande parte das agências utiliza parte - grande parte - das comissões para fazer desconto ao cliente e que nós, operadores, somos obrigados a baixar os preços para assim conseguirmos vender", desabafa um dos operadores, para quem a eventual aposta na comercialização directa "é exactamente para não deixar fugir os clientes". O mesmo diz um segundo, para quem "no cenário actual o Tour Operador quase não tem margem para rentabilizar o negócio. Assim (vendendo directamente) pode ter mais margens e isto vai baixar os preços das viagens, aumentar as vendas. Muitas agências oferecem uma parte da comissão que recebem aos clientes, isto vai evitá-lo". O argumento não é novo no mercado, tendo sido, há alguns anos, uma das principais bandeiras das companhias aéreas para enveredar pela redução progressiva das comissões até à sua quase eliminação. Em Maio de 2002, em entrevista publicada na primeira edição desta revista, Luiz Mór afirmava não ser coerente a agência de viagens "dizer que ganha pouca comissão e, no entanto, repassá-la aos clientes". Na época, a remuneração da TAP havia já baixado dos 9% para os 7% e preparava-se a introdução, na prática comercial dos agentes, de uma service fee cobrada aos clientes, o que veio a suceder em 2003. As comissões das companhias aéreas continuaram a baixar até que, a partir de 1

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de Novembro de 2005, se fixaram no actual 1%. O alargamento do mercado é outro argumento invocado por alguns dos inquiridos, que defendem também a necessidade de reforçar a presença nos canais Web, onde está também de forma crescente o consumidor. Uma vez mais, recorda-se que este foi também uma das motivações alegadas pelas companhias aéreas, que defendiam a necessidade de estar presentes onde está o cliente, considerando que o canal tradicional - as agências de viagens - não dava resposta adequada a essa necessidade. Mas o alargamento de mercado, na opinião dos operadores, passa também por uma menor dependência do somatório dos mercados das agências de viagens e redes parceiras, no pressuposto de que

afirmaram estar a ponderar a comercialização directa, embora todos salvaguardando a necessidade de maior estudo, que não está ainda feito, ou concluído. "São hipóteses em discussão, uma vez que não existem ainda indicadores seguros do peso das vendas online tendo em conta os produtos que comercializamos", afirma um, enquanto outro defende que chegará ao mercado "possivelmente optando pelas duas vertentes". Já um terceiro afirma que "utilizaremos uma rede de estabelecimentos com marca própria para o fazer e outro diz exactamente o contrário. "Tem que ser exclusivamente online, senão não faz sentido. Seria mais uma agência de viagens". Em suma, as estratégias são diferenciadas, nomeadamente porque há operadores que estão integrados em grupos com redes de agências próprias e outros que não, o que naturalmente permite a adopção de diferentes modelos.

COMISSÕES EM BAIXA

há uma franja de mercado que escapa a este canal. Naturalmente, há também quem não veja qualquer necessidade de optar por um modelo diferente. "Dado que prestamos serviços com conteúdos a nível mundial e muito específicos, destinados a vários tipos e segmentos de consumidores, a comercialização directa não se enquadra no interesse da maioria destes. Assim, acreditamos na importância do agente de viagens como acréscimo de valor", sublinha um dos operadores inquiridos.

A S O PÇÕES A abertura de balcões, a venda exclusiva através da Web ou um misto de ambas, são as opções referidas pelos operadores que

Independentemente da estratégia que venha a ser seguida, a maioria dos operadores inquiridos afirmam que o nível de remuneração aos agentes de viagens terá de ser revisto em baixa. "É incomportável manter comissões de 16%, 17%, 18%" destaca um, enquanto outro afirma ser "recomendável uma diminuição dos níveis de comissionamento, uma vez que os actuais obrigam a um aumento dos preços finais, por vezes desencorajadores para o consumidor final, tendo-se depois de recorrer a promoções que se reflectem em perda de ganho ou mesmo prejuízo para o vendedor". Ao diminuir as comissões, argumenta, " o consumidor final compra um produto mais barato, o operador evita fazer promoções e o agente de viagens mantém o seu ganho". A aposta em preços net é referida por alguns, conquanto não seja consensual. Enquanto um inquirido defende essa opção, na qual os agentes de viagens poderiam colocar as suas próprias margens e/ou cobrar ao cliente uma taxa de serviço, outros repudiam totalmente a ideia, ficandose pela diminuição das comissões ou, melhor, a sua indexação a resultados. "Perspectivamos, e em verdade já testemunhamos, evoluções díspares

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Análise

conforme os operadores, alguns no sentido da baixa de comissões, outros no sentido do seu aumento. Em geral, estas tendências inversas prendem-se com a mai o r capacida de de fi de l i z a ç ã o do cliente - intermédio e final - dos primeiros, e a falta de melhores argumentos comerciais dos segundos", afirma um outro. Também nesta matéria há quem defenda a manutenção do actual status. "Sendo Portugal um mercado muito pequeno, com perspectivas de baixar nos próximos anos, o nível de comissionamento terá de se manter elevado de acordo com o respectivo valor acrescentado (serviços especializados). Os serviços que tiverem pouco valor acrescentado só terão interesse para os operadores sediados em mercados de grande consumo, por exemplo espanhóis, havendo, neste caso, uma canibalização de margens e de encerramentos ou falências em Portugal".

M ODELO D UAL A adopção de um modelo dual, de convivência entre a comercialização directa e através das agências de viagens, como existe na maioria dos países europeus, é aquele que é defendido pelo maior número dos operadores inquiridos que perspectivam a venda directa, embora com diferentes visões quanto à alteração do acordo comercial que implicaria com a distribuição. "Seguramente a relação comercial com os agentes de viagem seria alterada até por

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imposição dos próprios balcões. Achamos que o cenário mais provável seria manter as condições para os clientes com elevado nível de facturação", diz um, enquanto outro afirma p er emp to r i a mente que "as comissões seriam reduzidas para o canal agente de viagens". Para um terceiro, "a minha opinião é que não alteraria a forma tradicional de comercialização nem as comissões. O lógico seria que ambas formas de venda (b2b e b2c) co-existissem, respeitando sempre na venda b2c o operador os PVP aos quais comercializa o seu produto no b2b, sem que existissem vantagens para o consumidor pelo facto de fazer uma compra directa ao operador". Esta é, de resto, a opinião partilhada por outros inquiridos.

T RAVÕES

À M UDANÇA A "ruptura do status", como um dos operadores apelida a eventual alteração do modelo, conta com obstáculos que são objecto de análise, e travão, à decisão de adoptar uma estratégia b2c por parte dos operadores. A previsível "reacção" dos agentes de viagens, os custos de implementação das necessárias plataformas tecnológica, a reestruturação das próprias empresasoperadores, são alguns dos factos apontados. As opiniões sobre o peso de cada obstáculo são contudo diferenciadas. Se uns afirmam que "tendo em conta os custos de manutenção da plataforma e a necessária publicidade, provavelmente não haveriam grandes ganhos", outros há que asseguram que, com a associada diminuição de custos de distribuição com o canal tradicional, a "poupança seria uma realidade" ou que "o quadro económico-financeiro e político que atravessamos, que se irá manter por longos anos, não nos indica que os portugueses tenham qualquer força ou

vontade de investir em negócios que assentam bem em mercados com outro tipo de dimensão e maturidade (Europa, nomeadamente Espanha) ". "O único obstáculo é a falta de consenso entre operadores. Existem grupos grandes com operadores e agências e há conflitos de interesse", elege um outro.

V ANTAGENS

DO A CTUAL M ODELO Nenhum dos operadores contesta as virtudes e a necessidade de manutenção de uma relação com os agentes de viagens, a quem reconhecem, mormente nos produtos mais especializados, ou menos massificados, uma capacidade de apoio técnico ao consumidor final e uma p er s o n a l i za ç ã o q u e outro mod e lo dificilmente permitirá. O actual modelo permite também a possibilidade de concentração e concepção de um melhor produto, como aponta um dos inquiridos, destacando que a exclusividade da venda através das agências evita o investimento que, de outra forma, teria de ser feito em recursos humanos, quer em número como meios e formação. O menor investimento de marketing junto ao consumidor é também apontado por alguns, enquanto outros referem que só fará sentido manter o actual paradigma no caso dos operadores especializados. Outros, mais determinados à mudança, afirmam não reconhecer qualquer vantagem à manutenção do actual modelo, nomeadamente por sentirem que "no momento actual, com o cenário de crise que vivemos, vender exclusivamente através de agentes de viagens não é negócio. Grandes grupos de agências estão a obrigar os Operadores Turísticos a oferecer comissões altas e não há forma de os combater porque há sempre quem ceda". A discussão, como referimos, está longe de esgotada, mas tudo indica que se impõem alterações, sejam de que natur eza fo r, como re fe re um dos operadores entrevistados. "Em resumo, isto não está fácil e algo tem que ser feito, venda directa, menos oferta, aumento dos preços, diminuição das comissões, preços net, comissões com montantes fixos por valor de venda, ou outros ainda não citados. Mas algo tem que mudar!"

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Confia nos agentes de viagens para o crescimento do turismo no Centro de Portugal, fala sobre a estratégia e os recursos da região para 2012, considera que o mapa das regiões tem ainda ajustes a fazer, assegura que não vai substituir-se aos privados na comercialização do destino através de portais, alvitra que quem fez o PENT desconhece o Centro, assim como afirma o desconhecem muitos dos delegados do Turismo de Portugal no exterior. Em entrevista, o presidente da região de turismo anfitriã do XXXVII Congresso da APAVT, Pedro Machado, defende que a diversidade é o que mais caracteriza o centro do País.

Pedro Machado (Turismo Centro de Portugal):

"A nossa marca é claramente a diversidade" Entrevista: Paulo Brehm, Fotos: Rafael G. Antunes 20

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25-11-2011, 14:21


Entrevista

P

orquê a candidatura de Viseu ao congresso deste ano? O Centro de Portugal é hoje um destino que tem essencialmente nas suas cidades o seu grande manancial, quer do ponto de vista de estruturação do produto turístico, quer da oferta, quer também como plataforma de distribuição para o resto da região. Podíamos optar por cidades como Coimbra, Figueira da Foz, Aveiro ou Castelo Branco, mas Viseu fica praticamente equidistante em relação ao resto do País e é hoje um Destino que queremos afirmar. Temos aí boas condições de alojamento, boa restauração, estruturas e infra-estruturas capazes de receber um congresso com a importância do congresso da APAVT que, como ainda ontem lia num jornal, é o mais importante congresso de turismo de Portugal. Achámos pois que Viseu teria todas as condições, e seguramente que vai prová-lo, nos dia 1 a 4 de Dezembro, para receber este importante congresso. Os congressos são uma das fortes apostas da região? O Centro de Portugal tem, à partida, condições excepcionais para poder vir amanhã a afirmar-se como um importante destino no conjunto da realização de seminários, congressos e workshops, quer nacionais quer internacionais. Tem duas das principais universidades do nosso país. A de Coimbra, no ranking das universidades a nível mundial é a mais bem cotada e a de Aveiro, no âmbito das novas tecnologias, é uma das universidades de ponta, o que significa que temos só aqui, em Coimbra e Aveiro, dois centros de saber de excelência que podem galvanizar não apenas o mercado interno, mas particularmente os académicos internacionais que vêem nestas duas universidades referências mundiais. Se juntarmos a estas duas cidades, Viseu e Castelo Branco com os politécnicos, estamos a falar de um conjunto de centros de excelência de saber e de conhecimento, qualquer um deles tendo, ao longo do ano, um conjunto muito significativo de iniciativas deste género. Juntando a isto tudo temos hoje boas acessibilidades. O Centro de Portugal está a uma hora do aeroporto Sá Carneiro, a uma hora e 45 do aeroporto de Lisboa. O que significa que não tendo nós

Num ano de crise, em que se perspectivava um atrofiamento das verbas disponíveis, o Centro de Portugal tem mais dinheiro disponível para investir na promoção externa. uma estrutura aeroportuária, que é objectivamente fundamental apara a angariação e concretização de congressos internacionais, estamos de facto a uma distância mínima dos aeroportos que não difere muito do que se passa na maioria das capitais europeias. Julgo que o Centro de Portugal tem hoje um potencial enorme e este congresso vem reforçar a nossa visibilidade. Um dos vossos planos para este ano era a criação de um Convention Bureau… É um dos nossos objectivos, que faz parte do nosso plano 2001. É um projecto que candidatámos ao Programa Operacional Regional do Centro, o "Mais Centro". Porque Coimbra, por exemplo, que é uma das cidades com maior tradição sobretudo pelo peso da sua universidade, que comemora este ano 725 anos e tem uma longevidade e uma notoriedade enorme, recebe em média 60 a 70 congressos por ano o que significa que era urgente que o Turismo Centro de Portugal se adaptasse rapidamente a esta realidade e tirasse partido dela. Até para combater a sazonalidade… É um dos desafios. Temos uma forte tradição no "Sol e Praia" da Figueira da Foz, no "Touring Cultural e Patrimonial" que é ao longo do ano, mas se virmos os dados do INE temos os picos da Páscoa e do Verão e depois regista-se uma descida significativa da procura. Este é o antídoto para podermos ter durante o ano inteiro um conjunto de iniciativas que tragam pessoas para o Centro de Portugal. Qual o status do projecto? Acabámos toda a fase de levantamento de

instalações, acabámos o levantamento de todos os centros que podem de alguma forma contribuir para a realização de congressos. Politécnicos, universidades, escolas superiores, incubadoras de empresas, caso do Instituto Pedro Nunes que foi considerado uma referência mundial. Estamos numa fase de consolidação. Espero e desejo que concluamos este projecto em 2012. Com a quebra de consumo esperada, como espera evolua o turismo interno de que a região tanto depende? A nossa dependência do mercado interno também nos tem garantido a almofada que tornou possível que a média da procura tenha crescido em 2011 e 2010 comparativamente com outros destinos do País. Não estamos tão vulneráveis nem tão dependentes dos mercados externos como está o Algarve ou a Madeira. Nem do transporte aéreo, uma penalização que tem, neste caso, beneficiado o destino. Acho claramente que vai haver um arrefecimento do mercado interno em 2012. Não tínhamos a troika em 2010, temos em 2011. As consequências seguramente vão sentir-se mais em 2012 do que em 2011. Vamos ter o IVA mais caro, o corte de crédito nas PME's, as famílias mais pressionadas, o que significa que, em princípio, 2012 no limite mínimo vai ser igual a 2011 senão mesmo pior. O mercado interno vai desacelerar. Como vão contrariar os efeitos desta tendência? O Convention Bureau e a aposta nos congressos podem ser a primeira medida que vamos utilizar no sentido de inverter esse arrefecimento do mercado interno. Vai possibilitar-nos ter eventos, acções em que vêm 300, 500 ou 600 pessoas, que são as médias dos congressos no Centro de Portugal, ao longo do ano. Este arrefecimento também induz a uma maior aposta nos mercados externos? Claramente. E aí vamos reforçar a nossa aposta no mercado espanhol, vamos também reforçar a nossa aposta em dois mercados que tradicionalmente são mercados fortes para o Centro de Portugal a França e a Itália - que estão ainda por

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explorar, e estamos com bons indicadores relativamente ao mercado brasileiro. O Brasil cresce 32,5% para o nosso País e no Centro cresce 34%. Porque temos Fátima, porque temos Coimbra e a sua universidade, porque fica numa zona de passagem entre o Porto e Lisboa, sabendo-se que o fly and drive é uma das modalidades que o brasileiro utiliza. É também seguramente uma das nossas apostas. O leque de apostas é grande… Apostarmos nos congressos, no MICE, apostar e reforçar o nosso posicionamento nos mercados externos, sobretudo naqueles que nos têm dado indicadores de continuarem a crescer, apostar na proximidade com o mercado espanhol que ainda não esta completamente explorado e que, apesar de não se perspectivar uma situação melhor da que vamos ter em Portugal, pode encontrar no Centro uma alternativa a destinos mais longínquos. Qual a principal característica do Centro de Portugal em termos de oferta? A diversidade. A nossa marca é claramente a diversidade. Somos nisso muito

que é bem portuguesa.

Cultural". Desde centros históricos de referência, cidades médias como Coimbra, Viseu, Aveiro, Figueira da Foz, Castelo Branco, que hoje se afirmam e que permitem um touring com uma presença do turismo Natureza muito forte. Somos muito fortes em gastronomia. Se vale o exemplo, no concurso "Sete Maravilhas da Gastronomia", dos 21 finalistas o Centro tinha seis. Somos um destino de quantidade e qualidade. Temos o "Sol e Mar" também. No conjunto, temos provavelmente 5-6 produtos de referência. E muitos deles com uma capacidade e atractividade muito grande, que faz com que possamos ser muito competitivos.

competitivos porque o Centro não está amarrado a um ou dois produtos turísticos. Não estamos suportados por um produto único. Não estamos, como o Algarve, no "Sol e Mar" e no "Golfe", não estamos como a Madeira na "Natureza", não estamos como o Alentejo na "Gastronomia" e na "Natureza". Temos "Termalismo, Saúde e Bem-Estar". Somos provavelmente o destino com maior quantidade e qualidade em termos de balneários termais. Somos muito fortes do ponto de vista do "Touring Patrimonial e

Como vão superar as quebras dos orçamentos para a promoção? Criando alternativas de financiamento. Discutimos isto com a secretária de Estado do Turismo no passado mês de Outubro, numa reunião em que o modelo que nos foi apresentado para a contratualização da promoção externa é muito semelhante ao que conhecemos hoje. No caso da Centro de Portugal, além dos cinco mercados que já tínhamos - Espanha, França, Itália, Reino Unido e Alemanha - conseguimos conquistar

Não há espaço para andarmos a brincar às casinhas, aos institutos e às regiões. Porque a competitividade que hoje se coloca ao País, e face àquilo que é a nossa natureza e dimensão, não justifica esta multiplicação das estruturas

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o Benelux e o Brasil. Temos sete mercados para apostar em 2012 contra os 5 de 2011. Temos da parte do Turismo de Portugal um corte no orçamento de cerca de 13%, baixamos dos 700 e tal mil euros para 650660 mil euros para a promoção externa. O que fizemos? Reforçámos com um candidatura ao SIAC, que já está aprovada, na ordem dos 800.000 euros para 2012, o que vai fazer com que o nosso orçamento para a promoção externa passe dos cerca de 1 milhão que tínhamos em 2011 para 1,7 milhões em 2012. Num ano de crise, em que se perspectivava um atrofiamento das verbas disponíveis, o Centro de Portugal tem mais dinheiro disponível para investir na promoção externa. Qual o papel que atribui às Agências de Viagens? São muito importantes - eu próprio sou um utilizador das agências de viagens - mas há um trabalho a fazer, nomeadamente de ajustamento às tendências do mercado. Temos hoje clientes mais idosos, que viajam ao longo do ano, clientes que podem escolher de acordo com uma panóplia de informações que não tinham à disposição há 10 ou 20 anos. O online é um concorrente fortíssimo. Isto é um novo paradigma. Do lado da oferta também há mudanças, países concorrentes que não tinham expressão no mercado. Isto é a radiografia daquilo com

desafios que já referi.

O meu primeiro desafio é fazer com que os empresários, os agentes de viagens, conheçam o produto Centro de Portugal.

que o Turismo receptivo está confrontado. Alteração de paradigma na oferta, na procura, novas tipologias de clientes e existem, novos modelos de negócio, nomeadamente aqueles que os instrumentos tecnológicos vieram introduzir. Isto obriga a que as agências de viagens tenham de fazer uma introspecção e uma refundação em relação ao modelo de negócio tradicional. Por outro lado, quando olhamos para os balcões que vemos espalhados pelo país inteiro, temos de ter cuidado para não ser prejudicados por maus exemplos. Estou-me a lembrar do Caso Marsans, que de algum a forma colocou um anátema sobre os agentes de viagens que eu não considero seja verdadeiro, nem que se possa generalizar. Lançou, mas há que inverter. Acho que a APAVT esteve bem quando denunciou a Marsans, acho que o Turismo de Portugal foi lento a reagir ao caso, isso de alguma forma prejudicou aquilo que é o modelo de negócio tradicional que hoje está confrontado com os

O produto Centro de Portugal está nos escaparates das agências? Temos muito caminho a fazer aí. Até porque o Turismo Centro de Portugal é uma marca que tem três anos, que se está a construir. E a partir de um cenário complexo; Se há território onde as rivalidades são mais acentuadas este é o Centro, onde cada cidade quase tinha a sua própria estrutura e fazia apenas a promoção de si própria. O congresso pode ajudar nesse desígnio? O congresso vai ser a constatação de um facto que há muitas agências de viagens, incluindo as mais consagradas que estão em Lisboa e no Porto, que não conhecem o destino Centro de Portugal. Vai ser o desafio de os agentes, ou melhor ainda, os empresários das agências, conhecerem aquilo que é hoje a oferta do Centro de Portugal. A esmagadora maioria não sabe que é desta região um produto gastronómico com que doze chefs no Dubai fazem diariamente receitas, que é o Queijo da Serra. Os agentes de viagens não sabem que o Centro de Portugal tem um hotel design na Casa das Penhas Douradas ou eventualmente não conhecem exemplos de sucesso como é o caso do "H2Otel" na Covilhã, por exemplo, que tem taxas médias

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É a própria estrutura do Turismo de Portugal que tem pouca sensibilidade para destinos como aquele que eu represento

como aquele que eu represento. Por isso este é um trabalho de baixo para cima.

de ocupação perto dos 80% e oferecem um produto completamente diferenciado. O meu primeiro desafio é fazer com que os empresários, os agentes de viagens, conheçam o produto Centro de Portugal. O segundo é fazer com que eles possam contribuir para vender esse produto, em toda a sua diversidade, sabendo que ao fazê-lo podem ter a certeza absoluta que estão a colocar no balcão um produto de qualidade para o consumidor. O Centro de Portugal evoluiu. Há dez anos tinha uma unidade de 5-estrelas e hoje tem seis. Do ponto de vista da qualificação da oferta, há um claro upgrade. Estão disponíveis para apoiar fam trips? Claro que sim. Não só fazemos com agentes

internos como externos. Tivemos já vários grupos e convenções, mesmo internacionais, esse é um caminho claramente de afirmação de uma marca. Tem tido o apoio dos agentes do Incoming? Sim. Não vou especificar nomes mas esse trabalho tem vindo a ser feito. Mas há uma dificuldade que é estrutural e estruturante para o destino, que não facilita o trabalho de ninguém. Refiro-me ao papel que fazem os delegados do Turismo de Portugal, quando fazem as press trips ou as fam trips para o destino Portugal, que normalmente ficam concentradas em Lisboa e no Porto, que vão apenas para o Algarve ou para a Madeira. É a própria estrutura do Turismo de Portugal que tem pouca sensibilidade para destinos

Como avalia a actual organização administrativa do turismo em termos de regiões? Desde 2008 que a reforma do mapa regional do turismo ficou coxa. Melhorámos, é preciso ser justo, com a Lei 67/2008, quando se faz a agregação de um conjunto de instituições que estavam dispersas, passamos das tais 19 a cinco grandes entidades do turismo, mais seis pólos e mais 5 agências. Desse ponto de vista já foi um ganho exponencial. Mas do meu ponto de vista, a reforma, que foi feita pelo então Secretário de Estado Bernardo Trindade, ficou coxa por dois motivos: Do ponto de vista do território promoveu, ou de alguma forma alimentou, a descontinuidade do território. Quer dizer, há territórios, produto turístico, que estão divididos entre duas regiões que não têm que ter, ao abrigo desta lei, nenhuma convivência. Isto significa na prática que o presidente de uma entidade e o presidente de um pólo dentro de um destino comum podem ter estratégias completamente diversas, não são obrigados a articulá-las. Por outro lado, temos descontinuidade de produto. Lembro o caso das aldeias históricas, das aldeias de xisto, e outras. São produtos que, no caso da região centro, têm uma existência física em duas organizações e que podem ter com o presidente do Turismo Centro de Portugal uma estratégia e com o presidente do pólo da Serra da Estrela uma estratégia completamente distinta. Mais grave é que o presidente da Turismo do Centro, que também é o presidente da Agência Regional do Centro de Portugal, quando esteve agora no Brasil, ou for para Londres, vai promover a marca Centro de Portugal e, quando está aqui em Lisboa a gravar esta entrevista, é presidente de um território que não coincide

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com o território que está a promover alémfronteiras. Do ponto de vista do mapa regional temos ainda que avançar muito.

Agora não pode é haver agentes públicos ou de interesse

E relativamente à anunciada fusão dos AICEP, IAPMEI e TdP? Tenho algumas reservas acerca desta fusão. Acho que têm vocações e perfis perfeitamente distintos. O AICEP e o IAPMEI têm essencialmente a capacidade de internacionalizar a economia portuguesa, o Turismo de Portugal tem como principal função internacionalizar o destino. Não estamos a falar da mesma coisa. Mas não conheço ainda o projecto. A nível do BackOffice poderá gerar ganhos… Seguramente que sim. Vamos admitir que o que está previsto é no sentido da racionalização dos instrumentos, dos meios, dos recursos, sejam eles técnicos, materiais, financeiros ou humanos. Do ponto de vista académico faz sentido, até porque o que percebíamos é que existia completa dessintonia entre o AICEP o Turismo de Portugal e isso não resultava. Do ponto de vista pragmático e do ponto de vista do esforço nacional que está a ser feito, faz sentido que haja uma diplomacia externa e que esta diplomacia externa tenha naturalmente, não apenas no caso do turismo, ou no caso das empresas, mas diria que de uma forma geral transversalidade com outras fileiras como o calçado, a moda, o azeite ou o vinho, ou seja, a marca Portugal. Não sei se é esse o espírito que o PrimeiroMinistro quer dar ao anunciado Conselho Estratégico para a Internacionalização da Economia. Se for essa, parece-me ajustada, parece-me bem que haja a marca Portugal, a marca umbrella. Quando estamos numa feira como o WTM ou a ITB, temos de perceber a relatividade e a pequenez daquilo que é o destino Portugal. Não há espaço para andarmos a brincar às casinhas, aos institutos e às regiões. Porque a competitividade que hoje se coloca ao País, e face àquilo que é a nossa natureza e dimensão, não justifica esta multiplicação das estruturas que é bem portuguesa. Fernando pessoa chamava-lhe o provincianismo português. Mas é possível concertar esforços na

público, como aquele que eu represento, que sejam eles a distorcer as regras do mercado. Isso não aceito que aconteça promoção externa? Como disse, do ponto de vista teórico e académico, faz sentido que o AICEP e o Turismo de Portugal se entendam em relação àquilo que é a promoção externa e que ela possa resultar numa valência maior para os produtos. Desse ponto de vista há muito trabalho a fazer. Acho que quanto ao Turismo de Portugal há um trabalho ainda mais sério a fazer. Que é no sentido de os delegados do Turismo de Portugal serem efectivamente embaixadores da marca Portugal, mas para o País inteiro, sem estarem afunilados em visões estigmatizadas em relação a alguns dos destinos. O País é muito mais do que aquilo do que alguns delegados pensam. Há belíssimos exemplos, mas também há delegados que só conhecem 2-3 paragens. Estou curioso relativamente ao modelo que vai ser adoptado. Nomeadamente se é aquele em que o embaixador português junta a si o AICEP e o TdP, coordenando a acção dos delegados que estão nos países estrangeiros. Isso implicaria também um ajustamento do perfil do embaixador que for responsável por esta congregação. Num outro tema, qual a sua posição relativamente ao desenvolvimento de portais de comercialização por parte das entidades regionais? Sou um defensor, por natureza, da iniciativa privada. A todos os níveis. Acho mesmo que um dos problemas que o País tem hoje e que estamos a resolver com muito sacrifício é exactamente porque se estatizou muito, porque se municipalizou muito, aquilo que deveria ser da livre iniciativa privada. E acho que o Estado, os municípios e as instituições regionais como a minha têm que ser promotoras e facilitadoras da actividade e não serem elas a chamar a si aquilo que deve

ser feito pela iniciativa privada. Avançarei para uma dessas iniciativas se conseguir congregar os interesses do sector privado e eu não me substituir ao sector privado. Se isso acontecer com regras iguais, com transparência, com lisura para com os meus empresários eu avanço. Até hoje não tenho nenhuma plataforma. O Centro de Portugal hoje não esta a fazer a comercialização nem a operação. Entendo que eu, enquanto responsável regional, também tenho de ser um dinamizador da coesão e esta faz -e dando condições para que os empresários possam exercer bem a sua função. Se amanhã viermos a encontrar um modelo que gere esta transparência e esta igualdade de oportunidades eu sou o primeiro. Se não gerar, não vou chamar a mim uma função que considero ser do sector privado. Outros justificam-se pelo crescente peso do online… Há uma inevitabilidade. O online está em crescimento. É incontornável. Se é incontornável que hoje existe uma mudança de paradigma relativamente à distribuição, então quem está na distribuição tem que se ajustar e isso vai fazer com que algumas empresas possam perecer no meio do processo. Mas isso é normal, é a economia a funcionar. Não acontece só aos agentes de viagens, mas a todo o tipo de empresas. Agora não pode é haver agentes públicos ou de interesse público, como aquele que eu represento, que sejam eles a distorcer as regras do mercado. Isso não aceito que aconteça. Porque da mesma forma que eu não vou chamar assim à Turismo Centro de Portugal a operação e a distribuição em detrimento do sector privado, não vou amanhã chamar à Centro de Portugal o alojamento ou a restauração. Porque havemos de entrar no barco da operação e da distribuição e não entrar na restauração ou no alojamento? Nenhuma faria sentido. E quanto ao PENT? Como a entrevista não dá para falar de tudo, há 2-3 pontos que gostava de destacar. Haver PENT é melhor que não haver PENT. Por princípio, haver um documento estratégico público, conhecido, que podemos ler, aplicar, concordar ou discordar, é melhor que a inexistência de uma

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estratégia, de um documento síntese que faça o planeamento do turismo. Desse ponto de vista, estou de acordo. Haver metas no PENT, haver alcance de resultados e que nós, agentes regionais, sejam agências ou entidades, tenham de no final de cada ano apresentar resultados parece-me o mínimo exigível para um documento daquela natureza. Somos naturalmente apologistas da sua revisão, até porque o PENT que foi lançado em 2006 pelo ministro Pinho tinha metas para 2015 que hoje sabemos não serão atingidas. Não vamos atingir os 15% do Produto Interno Bruto, não vamos atingir os 15 milhões de turistas estrangeiros que estavam previstos e não vamos passar dos 6-7 mil milhões para os 12-15 milhões de euros de receitas do turismo em 2015. O mundo mudou, mudou a característica da procura, as características da oferta, é preciso ajustar este PENT. Tive oportunidade, na minha primeira reunião oficial com a senhora secretária de Estado, a 1 de Setembro, de lhe colocar a questão sobre a situação do PENT. Ela referiu-me que estava em análise e que estava à espera que lhe fosse dado, pelo Turismo de Portugal, um relatório síntese do ponto de situação. Enquanto aguardamos por essa resposta oficial, lembro que me pronunciei, em Março deste ano, claramente contra a proposta que nos tinha sido apresentada em relação à revisão e à aplicação das conclusões dessa revisão para o futuro Plano Estratégico Nacional. Em que aspectos? Em primeira instância porque este PENT define para o Centro de Portugal um conjunto de produtos turísticos com que nós não nos identificamos. Se quiséssemos, por absurdo, colocar na prática o que o PENT diz, teríamos como produto prioritário o mesmo produto que o Alqueva! Ou a estrutura que fez a revisão do PENT não conhece o País, ou

O PENT define para o Centro de Portugal um conjunto de produtos turísticos com que nós não nos identificamos

as conclusões a que chegou não são correctas e não são passíveis de ser aplicadas. Temos o turismo cultural, patrimonial e religioso e o Alqueva tem o mesmo como produto prioritário. Basta tirar a fotografia. Da mesma forma que, em relação ao PENT , não há especificidades sobre legislação laboral, sobre o trabalho na área da intervenção do sector do turismo, há enfim um conjunto de lacunas que um plano estratégico nacional deveria contemplar. E também não há especificidades sobre as assimetrias a e heterogeneidade do território. Somos confrontados em relação aquilo que são as metas que este novo PENT se propõe mas não tiveram em linha de conta um constrangimento que hoje existe e que é a introdução das portagens. Se há portagens Scut que se fazem sentir são, em grande evidência, as do coração do País. Estão-nos a custar 15-20% nas vendas. Há um conjunto de circunstâncias da actividade comercial que o sector atravessa que o PENT

não contempla. Discordámos, fixemos um documento, manifestámos esse documento em tempo útil, levei-o a uma assembleiageral, publiquei as conclusões e estamos à espera que haja da parte da tutela, pelo menos, algum feedback. Neste momento o que sanemos e que esta em revisão. Que mensagem gostaria deixar aos participantes do congresso da APAVT em Viseu? A mensagem que quero transmitir é a seriedade do trabalho que se está a fazer no Centro de Portugal. Agradecendo à APAVT, desejo que neste congresso todos desfrutem e aproveitem este Centro de Portugal, e percebam que é um destino que se está a construir mas que pode ser, já amanhã, um bom negócio para os agentes de viagens.

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APAVT com eleições a 14 de Dezembro

Um novo ciclo na vida associativa A 14 deste mês têm lugar as eleições para os Corpos Sociais que irão conduzir a associação no triénio 2012-2014, sufrágio a que se apresentou uma única lista, liderada por Pedro Costa Ferreira e apoiada por uma grande diversidade de empresas e grupos. "A mais relevante força de representação das agências de viagens, que visa construir um serviço de confiança ao consumidor" é a visão desta candidatura que tem por assinatura "Viajar com Confiança". Conheça o programa e os protagonistas da próxima equipa directiva da APAVT. Foi em Fevereiro deste ano que Pedro Costa Ferreira, o ex-presidente do operador turístico Mundovip que é hoje sócio-gerente da agência de viagens "Lounge" e membro do agrupamento GEA, comunicou publicamente a sua disponibilidade para organizar um programa e uma equipa para se apresentar a eleições, motivado pela análise que fazia do momento associativo e do sector, bem como por "um vasto conjunto de incentivos e apoios" que havia recebido. Decorridos oito meses, Costa Ferreira formaliza a candidatura e desvenda em conferência de imprensa as linhas programáticas com que se submete a eleições e a equipa que constitui para as levar a cabo. Avolumando-se os apoios conhecidos e não tendo surgido qualquer lista concorrente, este deverá pois ser o programa de orientação da APAVT nos três anos seguintes à tomada de posse, que deverá ocorrer em Janeiro de 2012. 1. A Associação A APAVT atravessará, durante o próximo mandato, a situação mais delicada da sua história recente, decorrente de um quadro empresarial de apoio enfraquecido agravado pela actual conjuntura económica - dois mandatos com prejuízo, significativa reestruturação dos serviços e extinção do veículo APAVTFORM.

Num quadro tão adverso como o descrito, o desafio de garantir e melhorar o nível dos serviços a fornecer é, naturalmente, colossal. Independentemente da área de actuação, neste âmbito, pretende-se estabelecer o princípio segundo o qual todos os protocolos e acordos de colaboração, realizados sob a égide ou com a colaboração da APAVT, permitam colocar a esmagadora maioria dos seus efeitos positivos directamente nas mãos dos associados, como contrapartida óbvia da quota paga. Pretende-se, em consequência: 1.1 anter a dinâmica da consultoria jurídica da associação, presentemente o serviço mais abrangente e com mais procura, no quadro da APAVT; 1.2 Manter o esforço de colaboração e apoio na área da formação, embora não mais no quadro da APAVTFORM, recentemente extinta; 1.3 Incrementar a dinâmica de apoio informativo aos agentes e viagens, proactivo e reactivo, no quadro da operação turística diária; 1.4 Dinamizar a criação de apoios/parcerias/ protocolos, que permitam incrementar o "value for money" da quota paga à APAVT pelos seus associados; 1.5 Manter em funcionamento e, se possível,

reforçar as dinâmicas e responsabilidades dos Capítulos de Distribuição, Incoming, Operadores e Transporte Aéreo, certos que estes sub-sectores envolvem interesses específicos, por vezes contraditórios e mesmo conflituantes; 1.6 Criar os capítulos MI e Cruzeiros, indo ao encontro da crescente importância destes segmentos no negócio das agências de viagens; 1.7 Reforçar a dinâmica e responsabilidades dos Delegados Regionais, quer ao nível do seu trabalho junto dos associados, quer ao nível do trabalho de representação da APAVT nas diversas entidades e instituições regionais que a associação integra; 1.8 Promover e dinamizar a adesão à associação do maior número possível de agências de viagens que partilhem dos princípios e valores da APAVT e que, pela sua forma de estar no mercado, defendam o interesse colectivo e promovam a confiança dos consumidores. 2. A representação das Agências de Viagens no quadro do sector turístico português Esta candidatura pretende desenvolver ao longo do triénio um trabalho que, defendendo e olhando para as questões com a visão do agente de viagens, contribua para a defesa das Agências de Viagens no quadro da cadeia de valor turística, mas

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também para a consolidação e desenvolvimento do sector turístico português como um todo, tendo em consideração os seus diversos sub-sectores, incoming e outgoing. Neste sentido: 2.1 Defende a manutenção de uma grande associação, representativa da esmagadora quota da actividade das agências de viagens em Portugal, quer em termos de volume de negócio, quer em termos de capacidade de geração de emprego, associando os diferentes sub-sectores do incoming e outgoing, bem como as mais diversas dimensões empresariais. 2.2 Defende que a APAVT não pode ser meramente um espaço de defesa corporativa das agências de viagens, tem que ser essencialmente, "et pour cause", a primeira 'antena' de exigência, factor de credibilidade e de seriedade do sector. 2.3 Defende que a APAVT deverá ser, tendencialmente, a associação das agências de viagens que: a) respeitam escrupulosamente os deveres éticos perante o mercado (a montante e a jusante), b) entendem que a actuação no mercado há muito que deixou de ser priorizada pelas relações - designadamente financeiras - com os fornecedores, para ser sustentada na construção de uma sólida relação com o cliente, consubstanciada nas mais-valias que lhe oferece, quer ao nível da capacidade de gestão da informação, como no acompanhamento ao longo da viagem e na assistência face às dificuldades. 2.4 Defende e promove que eventuais estratégias multi-canal por parte de hotéis, companhias aéreas, operadores, etc, respeitem e não ponham em causa a intervenção dos agentes de viagens, quando for essa a vontade do consumidor; defende ainda que todos os canais utilizados devem estar enquadrados pelo mesmo quadro de garantias ao consumidor que obrigam as agências de viagens. 2.5 Defende e apoia a existência de um projecto integrado para o sub-sector turístico dos cruzeiros, com o objectivo de desenvolver, com os demais parceiros do Turismo, uma estratégia a médio e longo prazo com base na posição geográfica dos portos portugueses e dos destinos do

Atlântico. 3. Participação no esforço de desenvolvimento das exportações portuguesas Entende esta candidatura que deve abordar com particular atenção os temas referentes à exportação de serviços, integrando assim e contribuindo para o esforço de recuperação do País. Neste sentido: 3.1 Será dirigida uma atenção especial aos temas do Incoming turístico, que deverá consubstanciar-se, como já referido, no reforço do dinamismo do respectivo Capítulo da APAVT e na implementação do Capítulo de MI. 3.2 A APAVT deverá estar crescentemente envolvida na definição das opções estratégicas do Turismo Português de uma

forma geral e das suas regiões em particular, naturalmente atribuindo prioridade às que sejam mais sensíveis para o País do ponto de vista da receita da exportação. 3.3 Desde já se manifesta que, independentemente dos problemas concretos que integrem a agenda dos próximos anos, se defenderá, por princípio: a) A necessidade de reforço da qualificação da oferta turística, nas suas mais variadas vertentes (concretamente e em primeiro lugar as que dizem respeito à requalificação do serviço prestado e à oferta de eventos que deve circundar a oferta hoteleira de base), bem como a sua adequação às actuais tendências da procura, em detrimento da manutenção de apostas sem critério que não o do interesse imediato; b) A necessidade de expansão da capacidade de ligação aérea ao nosso País, privilegiando o crescimento sustentando das

A DIMENSÃO DO MERCADO PORTUGUÊS ASSEMBLEIA GERAL Presidente - Francisco Calheiros (Top Atlântico) Lisboa Vice-Presidente - Carlos Costa (Club Tour) Porto Primeiro Secretário - Isabel Martins (Professional Team) Lisboa Segundo Secretário - Catarina Cymbron (Agência Melo) Ponta Delgada CONSELHO FISCAL Presidente - Armando Ferraz (Oásis) Lisboa Vogal Efectivo - António Palha (ACP Viagens) Lisboa Vogal Efectivo - Vitor Osório (Beta Viagens) Coimbra Vogal Suplente - Mafalda Bravo (Escalatur) Lisboa Vogal Suplente - Rita Bendix Rodrigues (Bendix & Rodrigues) Funchal Vogal Suplente - Luís Tavares (PortugalRes) Évora DIRECÇÃO Presidente - Pedro Costa Ferreira (Lounge) Lisboa Vice-Presidente - João Welsh (DMC Madeira) Funchal Vice-Presidente - Duarte Correia (TUI Portugal) Faro Vice-Presidente - Maria de Lurdes Dinis (ELOCT) Lisboa Director - Pedro Barros (Cosmos) Porto Director - Eduarda Neves (Travel Team) Faro Director-Tesoureiro - Paula Alves (TravelTailors) Lisboa Suplente - Carlos Laranjeira (Sirius) Porto Suplente - Luis Lourenço (Lusanova) Lisboa Suplente - Fernando Guimarães (Avic) Viana do Castelo DELEGADOS REGIONAIS Norte - Carlos Laranjeira (Sirius) Porto Centro - Vitor Osório (Beta Viagens) Coimbra Sul - Luís Tavares (PortugalRes) Évora Açores - Catarina Cymbron (Agência Melo) Ponta Delgada Madeira - a anunciar

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receitas dos diversos destinos nacionais, por contraposição a políticas meramente tacticistas; c) A necessidade de simplificação da organização turística nacional, com o objectivo de tornar mais eficazes os escassos recursos de promoção do País; d) A necessidade de existência de foco no gasto dos recursos de promoção, certos de que aqui, como em tantas outras áreas da gestão, "muito é pouco". 3.4 Deverá a APAVT acompanhar com muito interesse o processo de privatização da TAP, defendendo, não qualquer definição concreta da operação, mas todas as que permitirem: (i) manter, sustentadamente, as capacidades exportadoras da companhia (intimamente relacionadas com as capacidades exportadoras do próprio País), designadamente e em primeiro lugar o hub do aeroporto de Lisboa; (ii) manter um relacionamento estável com o sector das agências de viagens, factor adicional de manutenção das capacidades exportadoras da companhia e de coerência do sector. 4. A Lei das Agências de Viagens É entendimento desta candidatura que a actual lei das agências de viagens: a) é possivelmente inconstitucional (ao obrigar à responsabilidade solidária); b) é injusta (ao não considerar importantes diferenças de capacidade entre agências de dimensões completamente diversas, nomeadamente ao nível das garantias a prestar); c) é uma armadilha ao consumidor final (ao permitir que outras entidades, que não as agências de viagens, organizem e vendam viagens e alojamento, sem as garantias prestadas usualmente pelas agências de viagens aos consumidores, e ainda sem os mecanismos de resolução de conflitos colocados à disposição do consumidor, concretamente o Provedor do Cliente); d) parece um capricho da tutela (ao impedir que opções alternativas ao cash, com exactamente o mesmo valor do ponto de vista do acautelamento dos ineresses, designadamente seguros), como pode precipitar a falência de inúmeros projectos viáveis, importantes para a economia nacional, nomeadamente pela criação e

manutenção de emprego que representam. Deste modo, assume esta candidatura como objectivo da APAVT obstar a que os aspectos mais negativos da lei se verifiquem com o objectivo primeiro de assegurar a viabilidade económica (e a sua capacidade de gerar emprego) das agências de viagens, tendo em consideração que, neste âmbito, não é com "cadernos de encargos irredutíveis", puramente corporativos, que se contribui para a resolução dos problemas concretos e absolutamente demolidores como os que encaramos. 5. Dinâmica comunicacional Tem esta candidatura a plena consciência da absoluta necessidade de protagonismo por parte deste sub-sector turístico a diversos níveis, mormente junto do consumidor. Tem também esta candidatura a plena consciência da incapacidade financeira da associação em promover, no imediato, campanhas publicitárias de promoção/ defesa da imagem dos agentes de viagens. Ainda assim, pretende-se despender um esforço significativo de comunicação junto do consumidor, quer por parte da associação, quer por parte dos associados, parceiros indispensáveis neste desígnio, quer também por parte do Provedor do Cliente, com o objectivo último de afirmação das valências e das defesas que a utilização do agente de viagens reúne. 6. Provedor do Cliente No quadro das mais-valias oferecidas pelas agências de viagens associadas ao consumidor, é tão importante a capacidade de gestão da informação e a experiência do agente de viagens no apoio à tomada de decisão, como também a sua capacidade de apoiar, com sucesso, eventuais incidências que ocorram durante a viagem. O acesso a um serviço de regulação de litígios, simultaneamente escorreito, independente e com um histórico de decisões facilmente percebidas como razoáveis, por todos os intervenientes - o serviço do Provedor do Cliente - tem-se revelado porventura a montra principal do conceito de "viajar com confiança" que representa, afinal, a maior de todas as mais-valias que as agências de viagens associadas oferecem. Neste âmbito, defende esta candidatura a manutenção de uma importantíssima aposta

nos serviços do Provedor do Cliente, bem como na sua divulgação, que merecerá uma atenção acrescida da política de comunicação. 7. Fiscalidade Entende esta candidatura que a fiscalidade para o sector das agências de viagens deve respeitar o princípio da competitividade e evitar a todo o custo a concorrência fiscal das empresas, principalmente imposta pelo Estado. A APAVT deverá pois continuar a pugnar pela correcta aplicação do regime do IVA, sensibilizando o Estado para o cumprimento da notificação feita pela Comissão Europeia, colocando assim os agentes de viagens em pé de igualdade com os diferentes players do processo turístico. Esta candidatura entende também que as agências de viagens que se dedicam, no essencial, à exportação, deverão ter a possibilidade de, em função dos resultados, poder beneficiar de um regime de benefícios fiscais em sistema de majoração consoante o incremento comprovado de turistas em relação ao a n o a n t e r i o r, n u m a b a s e p l u r i a n u a l . Premeia-se, deste modo, a promoção directa, com sustentabilidade e resultados imediatos. 8. Relações Institucionais Defende esta candidatura a proactividade e o reforço do esforço de cooperação da APAVT com as demais associações sectoriais nacionais, quer bilateralmente quer no quadro da Confederação do Turismo Português, órgão de cúpula que entende dever ser crescentemente participado e interventivo na defesa do sector e das suas associadas. Também deverá promover as relações com as suas congéneres estrangeiras, prioritariamente com aquelas dos países de língua oficial portuguesa. Finalmente, deverá a associação manter e reforçar, se possível, a sua participação nos órgãos associativos de outros organismos internacionais, caso da ECTAA, pela cada vez maior importância da sua acção junto das instituições comunitárias, de onde emanam a grande maioria da legislação que rege a actividade turística.

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Última Página

Sejam bem-vindos a Viseu A

completa rede de infra-estruturas e serviços

que

tornam

viável

a

realização de grandes eventos, têm tornado Viseu numa cidade de referência, no que respeita a grandes organizações. A par do clima, história milenar, património rico e vasto, gastronomia e vinhos, entre outros factores que trazem vantagens competitivas a um destino turístico, Viseu tem "apostado" na diferenciação da oferta, na primazia da qualidade e na criação de infra-estruturas

e

equipamentos

que

suportam o desenvolvimento não só da Cidade e do Município em si, mas da Região num todo. A preocupação constante numa cidade limpa, segura, agradável, acessível, a realização de actividades culturais, o desenvolvimento,

a

preservação

do

Património…, valeu à Autarquia o título de A Melhor Cidade para Viver, em Portugal, num estudo da DECO. Turismo de Lazer, Histórico/Monumental, Turismo de Negócios, Saúde e Bem-estar, Turismo

Gastronómico,

Enoturismo,

Turismo Rural e de Habitação, aliados a uma excelente capacidade hoteleira e a uma hospitalidade ímpar tão típica das nossas gentes; o investimento numa Sinalética Turística de qualidade, como forma de apoio aos

nossos

visitantes,

demonstra

a

capacidade Turística e a importância do sector para a Autarquia. Tradição e modernidade respiram lado a lado, onde a antiguidade e a memória, os espaços verdes e o futuro se cruzam em

Fernando Ruas Presidente da Câmara Municipal de Viseu

surpresas sem fim. Viseu é sem dúvida uma cidade secular, com

papel

Visão no Futuro.

económica e do emprego. Pode ser este o

do sucesso deste sector tão promissor.

Prova disso é a capacidade de atrair e

sector alavanca para ajudar o país a sair da

Confiadamente, no bom caminho, Viseu,

organizar grandes eventos, pouco comuns

crise em que se encontra.

segue, com segurança, os trilhos do

em Municípios do Interior, nada tem a ver

Portugal tem capacidades confirmadas de

progresso e do crescimento harmonioso,

com o acaso.

que se pode afirmar no panorama global

baseado do espírito vivo e fraterno das suas

É, assim, com grande honra que recebemos

como um destino turístico de excelência. É

gentes que a tornam uma terra onde dá

agora, de 1 a 4 de Dezembro, o XXXVII

necessária uma campanha ousada com o

gosto viver.

Congresso da Associação Portuguesa das

objectivo único de captar novos mercados,

Agências de Viagens e Turismo com o tema:

novos clientes, quer no panorama nacional

PRIORIDADE NACIONAL.

como internacional.

Todos devemos ter a noção de que o sector

A aposta num turismo de qualidade,

do Turismo desempenha actualmente um

inovador e numa oferta variada, que o

fundamental

na

revitalização

nosso território nacional permite, é a chave

Tenho a certeza de que serão bem acolhidos.

Sejam bem-vindos a Viseu.

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