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Quais as soluções para a segurança pública no Centro de São Paulo?
Coronel Guto Ambar acredita que os desafios serão vencidos com união do poder público, de entidades privadas e da sociedade civil
OCoronel Guto Ambar trabalhou 30 anos na Policia Militar de São Paulo. A maior parte de sua carreira foi na área operacional, com policiamento nas ruas, lidando diretamente com a prevenção de crimes. Ele integrou as unidades de choque, com destaque para o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) de São Paulo. Também fez parte do 7º Batalhão, responsável pela área central da capital
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Atualmente o Cel. Ambar faz trabalhos de divulgação da polícia, como o livro comemorativo que marca os 200 anos da Polícia Militar de São Paulo. Em entrevista à revista da APECC, ele fala sobre a segurança pública na cidade de São Paulo e das possíveis soluções para problemas conhecidos da região central.
Como o senhor vê a questão da segurança pública no centro de São Paulo?
Tenho bastante experiência na prevenção da criminalidade e algumas coisas são básicas, requerendo um número adequado de pessoal e equipamento.
Embora eu não esteja mais na ativa, acompanho muito o que vem sendo feito, pelos outros trabalhos que faço e estão relacionados com a ação da Polícia Militar. Acredito que já é possível perceber mudanças na área da segurança pública na cidade. Existem relatórios mostrando uma queda nos últimos anos no número de roubos, por exemplo.
Claro, é preciso levar em conta que o centro tem uma população flutuante muito grande. Além da população que mora ali existe uma grande quantidade de pessoas que passam pela região para compras.
Então esse fluxo demanda algumas coisas específicas, que não são necessárias nos bairros residenciais, por exemplo.
Quais seriam essas demandas e como elas estão sendo atendidas?
Considerando que o número de pessoas é muito maior que nos bairros, o centro precisa de um número efetivo de policiais nas ruas. Quem visita a região vê que isso já está sendo feito.
Outros aspecto a se destacar são as parcerias. Por exemplo, acompanho muito o trabalho do Conseg 25 de Março e Sé. Os Consegs
(Conselhos Comunitários de Segurança) fazem um trabalho muito importante, servindo como uma “ponte” com instituições públicas, como a prefeitura, diferentes autoridades, bem como as forças de segurança, como as polícias civil e militar, além da Guarda Civil Metropolitana.
A APECC faz toda a diferença, gerando uma apro- ximação com os lojistas e com o comércio em geral. Como uma associação atuante, dialoga com os órgãos de segurança, fazendo essa articulação constante. Isso traz grandes benefícios, pois identificar as demandas do comércio nessa área ajuda a polícia a ter um conhecimento mais preciso e o que pode ser feito para melhorar.
Quais ações podem ser identificadas para melhoria da segurança na região central de São Paulo?
Veja bem, a questão da iluminação é fundamental. Sabemos que quanto mais iluminação, mais segurança, pois um ambiente escuro fica mais propício para que os marginais possam agir.
Isso está ligado à zeladoria, que é responsabilidade da prefeitura, mas também deve ser acompanhado pela sociedade civil. Olhe para a revitalização da Praça da Sé, onde houve uma ação muito importante, mesmo que pareça simples. Naquela região foram melhorados milhares de pontos de iluminação, com troca das lâmpadas por modelos de LED, com durabilidade maior.
Claro, ainda há necessidade de melhorias pontuais, mas quem trabalha com segurança sabe dessa relação. Com uma iluminação melhor, os resultados logo vão aparecer, os índices de criminalidade vão cair. Tivemos também a Operação Impacto, que está sendo direcionada para a região central de São Paulo. Ela deve ter resultados na diminuição de roubos de celular e pequenos furtos.
O senhor falou da necessidade de participação de todos. Que ações práticas a sociedade pode tomar para contribuir?
Primeiramente, vale lembrar que existem problemas específicos no centro que muitas vezes não são registrados em delegacias. Isso dificulta o planejamento de ações preventivas, pois as forças policiais não tem um “raio-X” completo para ver quais pontos merecem mais atenção.
É muito importante a população comunicar as autoridades de contrafeitos ao fazer o registro de Boletim de Ocorrência (B.O.) numa delegacia ou o Boletim Eletrônico de Ocorrência (B.E.O) na delegacia virtual https:// www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br/.
Outro exemplo nítido é a questão da zeladoria. Do lado de fora de uma estação de metrô muitas vezes está tudo sujo, quebrado, mal cuidado. Quando uma pessoa vê o ambiente nessas condições, automaticamente não se importa de sujar. Isso muda quando ela entra na estação e vê uma fila organizada e as condições de limpeza do local. Tudo remete a uma ordem e ela ficará inibida de jogar qualquer coisa no chão, porque vai procurar manter o que encontrou.
Acredito que, se trouxéssemos esse tipo de zelo, de preocupação, para o lado de fora, ajudaria muito na revitalização de todo o centro. Afinal, evitar de sujar é mais fácil que ter de limpar depois. Se todos entenderem isso, vamos ter um bom resultado, com certeza.
Ruama Melo é influenciadora digital, empreendedora e autora do livro “Manual Completo do Brás”.
Ainfluenciadora paulista Ruama Melo também é conhecida como “a rainha do Brás”. Com milhões de visualizações nas redes sociais, ela fala de moda, tendências e mostra em seus vídeos as melhores pedidas de lojas de todos os tamanhos.
Ela é formada em Marketing e trabalhou por muito tempo em uma empresa na indústria química. Após um período morando fora do país, voltou ao Brasil e abriu uma loja de roupas. Acumulando diferentes experiências, aventurou-se como produtora de conteúdo digital em 2015.
Inicialmente fazia vídeos mostrando o comércio no Brás. Com isso ficou famosa pelo seu canal de YouTube “Qual a Novidade? Brás”. Ela também é analista de tendências e escritora, autora do “Manual do Brás”, que reúne dicas para quem deseja fazer compras na região. “Fui abraçando todas as oportunidades que apareceram e até hoje é assim. As ações foram dando certo e hoje tenho um trabalho reconhecido como influenciadora e empresária”, contou ela em entrevista à revista da APECC.
Confira abaixo como foi a conversa, onde falou sobre moda, empreendedorismo e oportunidades no Circuito das Compras:
Você faz muitos vídeos no Brás e na região da 25. Qual a importância de oferecer esse tipo de conteúdo?
Tenho mais de 1000 vídeos no YouTube e milhares em outras plataformas. Faço vídeos diários, principalmente nas regiões do Brás e da 25 de Março.
Desde o início eu sabia que meus vídeos iriam ajudar os empreendedores. Fui percebendo o quanto era importante para quem recebia os conteúdos. Identifiquei entre meus seguidores pessoas que moravam longe, em cidades pequenas, e que não tinha acesso à informação. Meu material ajudou essas pessoas a ter informações e vir pro Circuito das Compras levar material para revender. Saber que ajudava os lojistas a venderam mais e as pessoas a encontrarem as melhores mercadorias e ofertas gerou em mim uma grande motivação.
Além de falar de lojas, você mostra novas tendências. Como tem sido a recepção do público?
Sempre gravei as lojas segundo minhas escolhas, os meus gostos. Como já tive loja, sei que não é só preço que as pessoas procuram. Também é preciso ter bom gosto, saber as tendências. Pois quando a gente fala de comprar e revender, tem que falar de tudo isso.
Eu amo o meu público e sei o que eles procuram. Tento ajudar mostrando bons produtos com bons preços. Às vezes mostro itens de decoração e dou dicas importantes. É como uma utilidade pública.
Como os lojistas do mercado popular podem se beneficiar desse tipo de conteúdo?
Acredito que o jeito que fazemos conteúdo de compras no Brasil é único. Eu pesquiso muito na internet e não conheço nenhum país que faça esse tipo de divulgação do comércio popular.
Creio que o brasileiro se liga muito na internet e os vídeos que eu faço influenciam o consumidor. Há um “mundo” do atacado para ser descoberto, principalmente na 25 de Março e na região do Brás.
Como você vê essa revolução no consumo causada pela internet, que deu visibilidade a lojas de todos os tamanhos?
Como eu estou na internet há muito tempo, sempre entendi que a TV iria perder o seu poder de influência. Posso dizer que a internet deu uma ‘voz’ para pessoas simples pessoas, gerando um outro tipo de comunicação com os consumidores.
Existe essa comunicação focada em grupos específicos, que ajudam as pessoas a verem conteúdo que é importante para elas. Isso deu oportunidade para novos nichos, ficou mais diversificado o consumo. Os comércios de menor porte agora podem mostrar o que vendem para as pessoas pelas redes sociais, por exemplo. Informação é poder e os empreendedores precisam se beneficiar disso.
Por que as pessoas deveriam fazer compras no Brás e região? Qual o diferencial?
Milhares de pessoas não sabem como o Brás e 25 de março tem coisas legais. O nosso mercado local está cheio de bons produtos, feito com material de primeira. Em 2015, quando comecei a fazer vídeos, o país estava numa crise econômica. Eu sei que ajudei milhares de famílias naquele período, trazendo informação e dando oportunidade para os pequenos empreendedoras. No Circuito das Compras é onde se faz os negócios girarem. Mostra a nossa moda, a nossa tendência. É o maior centro comercial da América Latina. Hoje em dia ficou mais popular e milhares de lojistas do Brasil inteiro voltaram seus olhos para a nosso comércio.
Seus vídeos têm milhões de visualizações. A que você atribui esse sucesso?
Quando comecei a publicar na internet não havia esse tipo de conteúdo. Então posso dizer que eu criei um jeito único de fazer. Quando penso em como foi todo esse crescimento, vejo que é porque havia verdade, sinceridade e paixão. Eu amo moda e consegui transmitir isso nos vídeos. Meus vídeos mostram a realidade. É um bom conteúdo para as pessoas poderem comprar e vender. Quando você traz conveniência, como são minhas dicas, consegue se destacar. Acho que esse é o caminho, pois as pessoas gostam e vão querer assistir mais.
Como empreendedora, que dicas daria a outras mulheres que desejam empreender?
O segredo é você amar aquilo que tem para poder oferecer. Se você oferece aquilo que ama é muito mais fácil pessoas comprarem. Além disso, o que você fala com verdade, transmite amor. Então, para empreender você precisa realmente amar o que faz. Assim você consegue transmitir verdade e amor para que a outra pessoa possa desejar o seu produto ou serviço.