O autor não deseja impor a sua verdade. Deseja, apenas, encorajar outras pessoas a procurarem a sua verdade, sem fugirem de si mesmos. Espera, mais do que tudo, que as verdades que descobriu possam suavizar os caminhos do próximo.
...Não digam que a idéia não é possível. O homem está cansado de fazer coisas que eram julgadas impossíveis, coisas que os sábios realistas zombavam dos loucos sonhadores. Hoje o homem voa, anda por baixo d'água e pousou até na lua. E os realistas de hoje zombam dos realistas de ontem achando-os ignorantes. Por que ter medo de sonhar? Por que não perseguir o sonho? Não se trata de padronizar comportamentos, mas de prevenir. Se damos vacinas aos nossos filhos para prevenirmos doenças do corpo por que não darmos vacinas éticas, morais e filosóficas para prevenirmos doenças da mente deles?... 978-85-98792-19-4
9 788598 792194
Floriano Alves Borba
Os Amorais
O aprofundamento na Psicologia o ajuda a respaldar algumas de suas opiniões, mas a graduação, mestrado ou doutorado não são vistos por ele como as coisas mais importantes. Segundo o autor, existe uma sabedoria espalhada pelo Universo que pode ser apreendida por qualquer um. Ninguém é mais do que ninguém, ninguém é menos do que ninguém. O estudo ajuda, mas a sensibilidade é fundamental. Em Os Amorais, Floriano procura transmitir ao leitor o que a sua sensibilidade conseguiu captar e vislumbrar.
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...Por que esperar a instalação de um desvio moral, sabe-se lá com que conseqüências, para então tentar minimizar com religião, psicanálise ou psicologia? Por que não colocar o psicanalista ou psicólogo no jardim de infância detectando possíveis desvios e ajudar essas crianças a não terem um futuro sombrio. Não estou falando de robotização, padronização de comportamentos. Estou falando de desvios, por vezes graves, detectáveis em tenra idade. Quando a infecção se instala atacamos com antibiótico para não deixá-la crescer. Por que não atacar uma infecção mental, moral, enquanto ela não cresce?...
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Floriano Alves Borba formou-se em Odontologia em 1973, mas seu interesse maior sempre foi voltado para os assuntos ligados à filosofia, religião e a psiquê humana. Essa tendência levou o autor a se interessar pela Psicanálise. E, procurando suprir a necessidade de um conhecimento maior, busca agora a graduação em Psicanálise.
Floriano Alves Borba
Disse alguém certa vez: “Não há nada mais forte do que uma ideia cujo tempo tenha chegado.” E, ao que parece, um conceito que defendi numa tese há alguns anos atrás está vindo à tona. Reportagens aqui e ali, livros estão começando a aceitar a idéia da existência da doença moral, moral e não mental. Conversando com uma pessoa que muito prezo perguntei-lhe sobre que assunto eu deveria escrever um livro.
OsOsAmorais Amorais
Ela me aconselhou a escrever sobre esse tema. Resolvi por mãos à obra e estender o assunto para a possível prevenção desse tipo de doença. Sentei-me ao computador pronto a escrever um texto técnico, mas um aluvião de ideias começou a brotar de minha mente e, no automático, foi saindo um discurso em substância com a mesma ideia central, porém completamente diferente do imaginado. Como não costumo travar minha intuição dei vazão ao que veio e da maneira que veio. Espero que consigam entender a proposta do livro que externa opiniões, sonhos e esperanças de uma alma aflita que procura respostas e soluções como todas as outras. Floriano Alves Borba
Os Amorais
FLORIANO ALVES BORBA
Os Amorais
Copyright © 2011 by Floriano Alves Borba Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-98792-19-4 CAPA | PROJETO GRÁFICO | DIAGRAMAÇÃO Aped - Apoio e Produção Editora Ltda.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ B719a Borba, Floriano Alves, 1952Os amorais / Floriano Alves Borba. - 1.ed. - Rio de Janeiro : APED, 2011. il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-98792-19-4 1. Condições morais - Ficção. 2. Ética social - Ficção. 3. Ficção brasileira. I. Título. 11-3005.
24.05.11
CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3 27.05.11
Aped - Apoio & Produção Editora Ltda. Rua Sylvio da Rocha Pollis, 201 - bl. 04 - 1106 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - 22793-395 Tel.: (21) 3183-0849/ 2498-8483 www.aped2.com.br aped@wnetrj.com.br
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Sumário Prefácio Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Capítulo 25 Capítulo 26 Capítulo 27 Capítulo 28 Capítulo 29 Capítulo 30 Capítulo 31 Capítulo 32 Capítulo 33 Capítulo 34 Capítulo 35 Capítulo 36 Capítulo 37 Capítulo 38
…7 Hospital Psiquiátrico Vandormmy…9 Delegacia de Polícia de Bela Vista…15 Hospital Municipal Barão do Engenho…21 Reflexões de Almeida …25 O Pátio…31 José Luiz de Almeida Santos Jr. …37 O latrocínio…41 A visita de Sílvio…45 Tiago…49 Dr. Borges…53 Dona Bárbara…57 Jantar em família…61 Na cena do crime…65 A iniciação…69 A consulta…71 A aflição de Sílvio…75 O alvo supremo…79 Felipe…83 As amigas íntimas…87 Projeto Gênesis…91 Duas irmãs…95 Almeida e Bárbara…99 Boate Orange…103 Jorge e Cibele…107 A iniciação…111 A consulta de Almeida…115 O funcionamento da mente…119 Reflexos da palestra…123 Elias e Luzimar…127 A locadora…131 O aniversário de Tiago…135 Ampliando a investigação…141 Gênesis II …145 O fim de semana…149 Balanço do ocorrido…153 Conversa com Almeida…157 A reação de Átila…161 Gênesis III A palestra de Elias…165
Capítulo 39 Capítulo 40 Capítulo 41 Capítulo 42 Capítulo 43 Capítulo 44 Capítulo 45 Capítulo 46 Capítulo 47 Capítulo 48 Capítulo 49 Capítulo 50 Capítulo 51 Capítulo 52 Capítulo 53 Capítulo 54
A vida segue…171 Calixto…175 Alfonso Telles…177 E a vida continua seguindo…181 A preocupação de Felipe…185 A estratégia de defesa…189 Pondo o plano em prática…193 Borges e Elias…197 A escola do bem…203 A escola do mal…207 O ataque…211 O fim da Confraria…215 Destinos traçados…219 A escola Bela Vista…221 Conclusão…227 A tese de Cibele da prevenção das Doenças Morais…229
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Prefácio
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isse alguém certa vez: “Não há nada mais forte do que uma ideia cujo tempo tenha chegado.” E, ao que parece, um conceito que defendi numa tese há alguns anos atrás está vindo à tona. Reportagens aqui e ali, livros estão começando a aceitar a ideia da existência da doença moral, moral e não mental. Conversando com uma pessoa que muito prezo perguntei-lhe sobre qual assunto eu deveria escrever um livro. Ela me aconselhou a escrever sobre esse tema. Resolvi por mãos à obra e estender o assunto para a possível prevenção desse tipo de doença. Sentei-me ao computador pronto a escrever um texto técnico, mas um aluvião de ideias começou a brotar de minha mente e, no automático, foi saindo um discurso em substância com a mesma ideia central, porém completamente diferente do imaginado. Como não costumo travar minha intuição dei vazão ao que veio e da maneira como veio. Espero que consigam entender a proposta do livro que externa opiniões, sonhos e esperanças de uma alma aflita que procura respostas e soluções como todas as outras.
Floriano Alves Borba
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Capítulo 1 Hospital Psiquiátrico Vandormmy
A
noitece, a chuva campeia lá fora, gotículas respingam na janela do velho prédio de estilo colonial, cristais momentâneos se formam no vidro. Apesar da bruma a natureza está calma. Para dentro da janela, no entanto, a agitação retorna, Sílvio está tendo outra convulsão. – Enfermeira – grita o Dr. Borges – Uma ampola de Valiun 10. – Já é a terceira doutor. – E daí? Eu te perguntei alguma coisa? – (nervoso) Notando a enfermeira chateada ele se recompõe e ... – Desculpe. Me ajuda aqui, proteja a cabeça dele. Ele já vai acalmar. E a gente pensou que ia ser um plantão tranquilo. Dr. Borges era um médico muito dedicado, atencioso, sempre preocupado com seus pacientes, leitor assíduo de livros de filosofia, com sua crença particular em Deus, mas arredio em termos de religião. Fizera a especialização por ser fascinado por tudo que se relaciona com a área da mente, do pensamento. Quando adolescente pretendia ser filósofo, mas por ter familiar com problemas mentais foi derivando e se apaixonando pela Psiquiatria. Trabalhava no serviço público com a mesma paixão que no consultório particular. Os cabelos já estavam encanecendo. Apesar de, às vezes, cansado, mantinha um entusiasmo juvenil no trabalho. |9|
Sílvio já apresentava sinais de melhora, a convulsão parando, ainda inconsciente. Dera entrada no hospital ainda lúcido, caminhando por si, mas parece que só teve energia para chegar até lá, pois assim que passou da porta de entrada caiu já em convulsão. Era paciente ambulatorial e há muito não tinha uma crise. – Vamos deixá-lo descansar. Acho que dessa vez as crises passam. – Como é que o senhor sabe? – Intuição, sei lá. O filósofo dizia: “Só sei que nada sei”. E eu digo: Só sei que sei. Não me pergunte como, mas sei. E deu um sorriso. De fato, se passou um tempo e Sílvio não teve mais convulsão entrando num sono profundo e reparador. No dia seguinte. – Como você está se sentindo? – pergunta o Dr. Borges. – Cansado. Mas estou bem – diz Silvio. – O que é que houve? Você está a tanto tempo sem crise. – Não sei Dr., é um troço esquisito. Começa devagar, uma tensão que não se apercebe... – Que vai aumentando com o passar dos dias, você vai perdendo o controle, começa a perceber, mas não consegue parar para raciocinar e, de repente, pimba. Já era – disse Elias, o técnico de enfermagem. – É, é isso, como você sabe? – surpreende-se Sílvio. – Experiência. – Elias e suas observações. De onde é que você tira tudo isso? – questiona o doutor. – Dos meus estudos doutrinários. – E que doutrina você segue? – Católico, evangélico, espírita. – Para de onda Elias. – Sou católico por ser universalista; evangélico por seguir o evangelho, até porque nasci em família evangélica e espírita por meu lado científico. | 10 |
– Desisto Elias, vou ver os outros pacientes, não dá para te aguentar, depois eu volto para rever a medicação do Sílvio. – Vamos lá – diz Elias para Sílvio – Levante, é hora do banho e trocar a roupa de cama. – Sim senhor. Elias era um sujeito religioso, nascido em família evangélica acostumou-se a ler sempre a Bíblia, conhecendo-a razoavelmente bem. Era, no entanto, fervoroso adepto do Espiritismo. Tinha feito apenas o segundo grau e o curso técnico de enfermagem, mas tinha uma cultura fabulosa, devorava livro atrás de livro, técnicos e religiosos. Para tudo, no entanto, tinha uma explicação religiosa. Sílvio era paciente do ambulatório, disciplinado, humilde, educado, tímido, nunca faltava às consultas. Vendo-se mais à vontade, sem o doutor por perto, pergunta a Elias. – Moço. Como é que você sabe dessas coisas? É coisa de espírito? Elias, sorrindo, responde. – Vou tentar te explicar Sílvio. – O que você tem precisa de tratamento, pois você já apresenta problema no seu perispírito. – Péris o que? – Perispírito. Para encurtar, sua alma. Mas também sofre a influência, perturbação de entidades espirituais que não devem gostar de você. – É, eu sinto isso. Um desconforto de alguém me olhando e que parece que me acusa. Mas eu não fiz nada de mal a ninguém. – Eu sei Sílvio. Não fez mal a ninguém nessa vida. Nessa vida você é um homem que tenta ser correto, trabalhador, mas em encarnações passadas... – Encarnações o que? – Sílvio, a gente nasce, vive, morre e se prepara para nascer de novo e corrigir o que fez de errado e aprender coisas novas, assim a gente vai evoluindo. – Ah! tá. Entendi, mas eu não quero mais mal a ninguém. | 11 |
– Eu sei, mas eles não te perdoaram e ainda te perseguem. – Por que, se eu não quero mal a ninguém? – Porque eles não acreditam que você tenha realmente se modificado. – Mas eu não me lembro do que eu fiz. – Sílvio, se existe reencarnação, o que você acha que você fez nas passadas? – Esquisito. – O que? – Algo está me dizendo pra eu não pensar nisso. – Pois é. – E a gente não se lembra porque? – Porque, na maior parte das vezes, iria atrapalhar o que a gente tem pra fazer agora. – E o que eu posso fazer? – Primeiro é continuar a fazer o que está fazendo, tentar ser bom, depois, estudar sobre essas coisas para entender e saber se defender melhor. – O senhor me ajuda? – Posso te emprestar uns livros se você quiser. – Quero sim senhor. A conversa é interrompida com a volta do Dr. Borges. – Elias faça a medicação da paciente do leito quatro. Já está no prontuário. – A clarividente? – Clarividente o que, Elias. Ela está é alucinando. – É, tem razão Doutor, são as duas coisas. – Tu endoidou de vez Elias. – Para entender um doido só outro doido doutor. He! He! A paciente do leito quatro tinha alucinações visuais e às vezes auditivas ou ambas simultaneamente. Havia chegado de manhã ao hospital. Filha de um policial, estava acompanhada pela irmã mais nova. O pai, viúvo, estava para chegar, pois já largara o plantão na delegacia. Tinha crises desde a infância, mas piorou após a morte da mãe. | 12 |
– Calma Clarisse, calma – dizia Estela, você já vai melhorar. Elias aproximou-se, fez a medicação, que logo atuou, e ajudou a menina a por a irmã aquietada na cama. O pai chega e o Dr. Borges é avisado. – Bom dia, como vai o senhor. – Preocupado, doutor. – Infelizmente, não vou poder conversar com o senhor agora. Estou saindo do plantão. Mas amanhã de manhã estarei no ambulatório. O Sr. pode vir conversar comigo? – Amanhã, posso sim doutor. – Ok! O pai de Clarisse era o delegado de polícia Jorge. Honesto, incorruptível, cuidava das filhas desde o suicídio da esposa três anos atrás. Era um homem amargurado, que tentava encontrar um sentido para a vida. Tocava o dia a dia, no entanto cheio de esperança. Sentia-se, em parte, culpado pela morte da mulher, achando que não tinha dado a devida atenção a ela por causa da dedicação ao trabalho. Procurava agora dar mais atenção à filha para evitar o pior. – O que houve papai? – perguntou Estela. – O que houve de que? – Você não está só preocupado com a Clarisse. O que aconteceu? – Não posso esconder nada de você, não é minha filha? – Eu te conheço, pai. – Tive que prender o filho de um ex-antigo amigo. – Ex-antigo amigo? – É. O rapaz não vale nada, mas o pai acha que eu o prendi por perseguição. – Como assim? – Há muitos anos, quando éramos jovens, eu e o colega éramos muito amigos e vizinhos. Mesmas festas, mesmos bailes, garotas. Estudávamos juntos, no mesmo colégio. Ele, no entanto, andava com uns caras da pesada que eu não gostava de andar. O tempo passou, ele arrumou um emprego, eu entrei para a polícia e a gente perdeu contato. Um dia saímos da delegacia para | 13 |
atender um chamado de assalto em andamento. Cercamos a residência e começou um tiroteio, invadimos a mansão e, num dado momento dei de cara com um encapuzado, armado. Pus o dedo no gatilho enquanto a cabeça fervia. Como num flash passou pela minha cabeça o que eu lera num livro espírita dias antes sobre como proceder em caso de ameaça de morte, agindo em legítima defesa. A entidade dizia: Se puder não matar, não mate. Atinja uma área não vital, a perna, por exemplo. E assim eu fiz. Acabado o tumulto, prestando socorro, retirei o capuz do indivíduo e tomei um choque, era o meu amigo. O tiro esfacelou os ossos e ele teve que amputar a perna da canela para baixo. Ele me odeia desde esse dia. Não adiantou eu explicar que eu tentei foi não matá-lo. – E o que aconteceu depois? – Aí mesmo é que perdemos contato. Ele, inteligente que era, voltou a estudar, tornou-se um brilhante advogado, atua na área de comércio exterior, está rico. De uns tempos para cá abriu três processos contra mim, alegando bobagens. O que tem me salvado é minha ficha limpa e a inconsistência das provas. Por isso ele acha que eu prendi o filho dele por retaliação. – Mas para que ele se meteu com bandidos se podia ter seguido outro caminho? – Do pouco que eu investiguei na época, ele não queria ser bandido. Queria pegar uma bolada para montar um negócio próprio e viver honestamente. Só que isso não dá certo. Os “amigos” não te largam pro resto da vida e querem vampirizar o teu sucesso, ou fazem chantagem, ou outra coisa qualquer. Não têm escrúpulos mesmo.
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