Bebete Alvim, mineira de Belo Horizonte, é cantora, compositora, artista plástica, romancista, cronista, poetisa, contista. Publicou diversos livros infantis, entre eles, O Outro Lado do Lado, Vovô e o Gênio, O Menino e a Lua, Um Chulé Sem Pés, A Borboleta de Gravata, sendo os três últimos reeditados pela Aped. Os Net-Boys e o Gênio do Portal W3 foi sua primeira obra para o público juvenil. Possui diversos contos publicados em versão digital pela Editora Aped. Convidada para palestras, cursos, entrevistas, Bienais e Feiras do Livro, atua em sua carreira literária como uma “incentivadora da leitura e fazedora de histórias e de leitores.” www.bebetealvim.com.br www.acaixadasminhasartes.blogspot.com
Jonas fechou a porta do banheiro e se ajoelhou em frente ao vaso sanitário. Deu uma golfada, e sentiu o suor lhe escorrer pela fronte. Admitiu o medo e se apressou em sair da loja o quanto antes. Não era homenzinho o bastante para continuar. A sua curiosidade que se danasse. Queria se livrar do antiquário, daquele objeto encoberto e daquela loja que lhe provocavam calafrios. (Trecho do conto O Antiquário) Virgílio tinha um brilho lúgubre nos olhos, e ao mesmo tempo aterrorizante – “Quem tem medo do Virgílio”? – que até mesmo Magotrevas sentiu um arrepio na espinha, ao vê-lo assim tão sequioso. Pareceu-lhe que a sua vingança era a dele: — Muito bem, Virgílio! É bom que saiba, antes de aplicarmos o meu golpe, que além de ser um golpe de mestre, magistral, será também um golpe fatal. Lembra-se de quando lhe falei sobre o meu mestre? (Trecho do Conto O Golpe Magistral) A coisa aconteceu tão de repente e estranhamente, que ela não teve tempo sequer de questioná-la. Mesmo porque naquela fração, de segundo ninguém poderia. Ela estava só, tocando ao piano “Bachianas Brasileiras nº 5”, de Villa-Lobos, com a janela aberta, numa manhã quente de verão. As cortinas se esvoaçavam com o miúdo vento fresco, que envolvia, como um manto sagrado, toda a sua musicalidade naquele instante. Ela parecia uma deusa, assim com toda a sua delicadeza feminina. Estava compenetrada, mas o rosto era suave. E seus dedos deslizavam as teclas como se tocassem nuvens. Foi então que aconteceu o inesperado...
Bebete Alvim
O imaginário — ilusório, fictício, irreal — está ao alcance de qualquer um.
De qualquer pessoa que,
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(Trecho do conto O Jogo do Além)
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— Entre! Feche a porta ou morreremos congelados, ora! — Eu já estou morto, lembra-se? Vicente não havia perdido seu senso de humor, e isso fez com que Judite soltasse uma risada, quase escandalosa, diante do fato de estar recebendo a visita de seu marido já falecido. Sabia que aquela sua gargalhada histérica encobria todo o seu pavor, e resolveu aceitar a situação. Com maestria, convidou o defunto para entrar: — Ora! Já que veio, fique à vontade!
imaginosa, possa, na sua livre faculdade de imaginar, conceber
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e criar histórias, por exemplo.
Fantasias, muitas vezes,
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configuram as ideias e os devaneios de quem as imagina.
Não é pecado imaginar a realidade sob o ângulo da visão prática das coisas; o que, aliás, vem a ser o real.
Como o lúdico, a ficção torna-se mais prazerosa, sendo possível escrever contos mentirosos.
(Trecho do Conto A Escolhida)
Deslavados, sim, mas deliciosos,
Ficção
para jovens
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Copyright © 2013 by Bebete Alvim Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-xx-xx Projeto gráfico: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Editoração eletrônica: Thiago Ribeiro Revisão: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Capa: Thiago Ribeiro Ilustrações: Caco Milano Foto da Autora: Philipp Bothe.
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Aped - Apoio & Produção Editora Ltda. Rua Sylvio da Rocha Pollis, 201 – bl. 04 – 1106 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro – RJ – 22793-395 Tel.: (21) 2498-8483/ 9996-9067 www.apededitora.com.br aped@wnetrj.com.br
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Dedicatória É possível, sim, dedicar este livro ao Universo, que sempre me apontou o caminho. E aos guiões à frente de minha estrada, meus mentores espirituais, principalmente os Anjos, por me permitirem segui-los com suas divinas e adoráveis inspirações...
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Prefácio Escrever um prefácio é sempre uma tarefa muito difícil e de tamanha responsabilidade, principalmente para uma autora como Bebete Alvim, com nome já consagrado no mercado literário, com inúmeras aparições e ações no segmento literário, face a sua preocupação constante com a literatura, uma marca registrada na literatura infantil. Bebete Alvim foi conquistando seu espaço merecidamente. Quem conhece a autora como eu, no seu mundo particular, sabe que sua cabeça não para de fervilhar ideias brilhantes e enriquecedoras. Elas borbulham a 100º. Por trás de cada obra, por trás de cada livro aparece uma escritora diferente. É, ali, dentro do seu “escritória” — neologismo criado pela autora para falar do seu espaço criativo 7
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—, que borbulham ideias e faz contato com seus fãs, através dos blogs, sites e diversas redes sociais das quais Bebete faz parte. Bebete Alvim não para. A cada telefonema da autora, uma nova história, com “H”, que humildemente nos encaminha para avaliarmos. E foi assim que Bebete Alvim conquistou seu espaço na Editora Aped, e conquistou de vez o coração desta editora que redige este prefácio. Ao todo, já publicou sete contos na Coleção Um Conto e “.”, reeditou três obras pela Apedezinha e, agora, nos presenteia com esta obra. Há mais de um ano, Bebete é membro da família Aped, é amiga querida; é “amigautora”. Não tenho palavras para expressar todo o seu talento. Seria uma tentativa inútil da minha parte, tentar usá-las para imprimir no papel sua veia literária e sua personalidade marcante. Então, caro leitor, deixo a tarefa para você: conferir, com seus próprios olhos, esta e tantas obras publicadas por Bebete Alvim, e confirmar que nestas linhas não constam exageros, nem “mentiras deslavadas”. Uma saborosa leitura para você.
Zélia de Oliveira Editora
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Sumário
O Jogo do Além ............................................................ 11 O Antiquário ................................................................. 25 O Golpe Magistral ....................................................... 37 A Escolhida .................................................................... 49
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A
noite estava fria e chuvosa. Ouvia-se uma trovoada atrás da outra. E o clarão vivo e rápido dos relâmpagos clareava, momentaneamente, através das janelas, a sala onde Judite encontrava-se sozinha, sentada diante da sua máquina de escrever, que permanecia sobre a escrivaninha colonial, que abrigava seus papéis e objetos de escrita. O último capítulo de seu romance policial seria interrompido naquele instante, quando faltavam dez minutos para 23 horas... Alguém tocou a campainha. Pela vidraça da janela, Judite não pôde visualizar imagem alguma no jardim da frente. Não ouviu nenhum carro estacionar e nem o barulho costumeiro do ranger do portão da entrada. Quem poderia ser 13
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