Márcia Abreu
Em 90 Anos Antes, primeiro livro da Série Renascer, David Andrews conta toda sua vida, desde a sua transformação de um simples mortal para um vampiro, até os dias atuais –, dias estes marcados pelo seu reencontro com Elise.
Márcia Abreu, nasceu em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Aos 38 anos, é casada, mãe, dona de casa e trabalha com telemarketing, mas o que mais gosta de fazer é inventar histórias e escrevê-las. Filha de advogado e de enfermeira, afirma ter o gênio forte de um advogado. Entretanto, o coração amoroso vem da profissão da mãe. Sempre teve vontade de escrever, e sabia que esse dom e vontade nasceram com ela. Mas colocar as palavras no papel era sua maior dificuldade. A autora achava que jamais conseguiria criar um livro inteiro, e foi deixando as inspirações de lado em razão da realidade e das atribuições do dia a dia. Um belo dia apareceu um anjo em sua vida, um grande amigo, e com cinco palavras despertou o furacão literário que existia dentro da autora. Começou, então, a escrever aos 37 anos, e não conseguiu mais parar. A Série Renascer foi escrita a pedido das filhas, que muito a incentivaram.
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Um dia eu disse a Elizabeth: – Não vou deixar que nada te aconteça, prometo. Está preparada? E ela me respondeu sorrindo, feliz: – Sim, vamos! Do seu lado estou sempre preparada e sei que nada pode me acontecer. Hoje, quando lembro dessas palavras tenho vontade de morrer, não cumpri minha promessa... “Meu peito se desfaz em areia aonde não há lugar para mais ninguém e meu mundo some por completo, vivo como se eu fosse uma duna arrastada pelo vento ao prazer da natureza, condenada ao mundo por toda eternidade em desertos de saudade e sofrimento.” “Um castigo sem fim...” “Sem palavras que expressem o que sinto na verdade...”
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David se apaixona por Elizabeth Evans, uma vampira que encontrou na floresta. Apaixonados, iriam se casar, mas em 1901, quando um vingativo e inesperado desafeto de Elizabeth a reencontra, astuciosamente consegue atrai-la para a mesma floresta, matando-a e queimando seu corpo. 90 anos de completa agonia se passaram na vida do imortal David Andrews. Vivendo em um total desinteresse por tudo e por todos, sentia-se como um verdadeiro vampiro. Nem completamente vivo... e completamente morto! Até que em uma noite, por ironia, o destino lhe prega uma peça e coloca novamente Elizabeth em sua “vida”, reencarnada na pele de outra mulher, Elise.
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Copyright © 2012 by Márcia Abreu Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-98792-67-5 Projeto gráfico e editoração eletrônica: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Revisão: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Capa: Marcos Vieira Site da autora: www.marciaabreu.com CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros – RJ
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Toda a série Renascer é dedicada principalmente às minhas filhas Carolina Abreu e Natália Abreu, por serem maravilhosas, compreensivas e alegrarem meus dias com sua música. Por nunca desistirem de mim, e por me incentivarem a cada dia! Amo vocês meninas! A todos os meus filhos, que sempre estarão no meu coração, independente da distância. Ao meu marido, que está ao meu lado dividindo comigo a vida e me dando o prazer de sua companhia. À minha primeira leitora Talita Almeida. Meu amor, um grande beijo para você e muito obrigada pelo incentivo. E, em especial, ao meu eterno amigo Násser Asad que nunca me deixou sozinha e esteve ao meu lado nos piores e melhores momentos da minha vida, desde que me conheceu. Por ter paciência e demonstrar todo o interesse do mundo quando eu resolvia contar minhas longas histórias, fosse pessoalmente, por telefone ou e-mail. Quando digo especial, digo porque foi o único responsável por eu, hoje, estar publicando um livro. Uma vez, há alguns anos, ele usou cinco palavrinhas que ficaram gravadas em minha mente: “Você deveria escrever um livro” Está aí, até agora, escrevi seis! 5
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Agradecimentos
Agradeรงo primeiramente a Deus por estar sempre me dando forรงas para continuar e por nunca me deixar cair! Agradeรงo a todos que me ajudaram neste projeto e a todos que ainda estรฃo ajudando! Muito Obrigada.
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Sumário
Conversa - O Início de Tudo • 13 1. Afogamento • 15 2. A Floresta • 25 3. A Garota da floresta • 39 4. Decisão • 49 5. Pedido • 61 6. Livro de Elizabeth • 75 7. O Visitante e a... • 87 8. O Casamento • 97 9. Surto de violência • 107 10. Reencontro • 119 11. Elise • 129 Conversa - Ano de Elise - Ano de 1991• 149 Elise Reily: Minhas Lembranças – Parte 1 – Um Anjo em Minha Vida! • 155
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Eu estava completamente vivo... E completamente morto... David Andrews Meus olhos eram duas pedras brilhantes e frias! David Andrews Coisas que eu não quero esquecer..! Elise Reily Desisti de lutar comigo e deixei o anjo maravilhoso da morte me levar, depois disso só vi escuridão e minha consciência apagou... Elise Reily
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Willow, maio de 2011.
Conversa O Início de tudo
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m dia eu disse a Elizabeth: – Não vou deixar que nada te aconteça, prometo. Está preparada? E ela me respondeu sorrindo, feliz: – Sim, vamos! Do seu lado estou sempre preparada e sei que nada pode me acontecer. – Hoje, quando lembro dessas palavras tenho vontade de morrer, não cumpri minha promessa... “Meu peito se desfaz em areia aonde não há lugar para mais ninguém e meu mundo some por completo, vivo como se eu fosse uma duna arrastada pelo vento ao prazer da natureza, condenada ao mundo por toda eternidade em desertos de saudade e sofrimento.” “Um castigo sem fim...” “Sem palavras que expressem o que sinto na verdade...” – Mas quem é Elizabeth? Eu queria muito saber tudo o que realmente aconteceu com você e Elise! Preciso entender porque você é contra minha decisão! – Só não quero que você sofra como eu srta. Andrews, viver eternamente pode ser difícil e você tem de estar preparada. 13
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─ Então me conte sua história, acho que já posso entender. ─ Claro! Vou te dizer como fui transformado, depois começo a contar minha história 90 anos antes de Elise. ─ Legal! Vamos, comece a falar! ─ Tenha paciência srta. Andrews... Nossa conversa será muito, muito longa...
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1. Afogamento
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eu nome é David Andrews, sou um ser do tipo que os humanos chamam de vampiro. Uma raça assassina que amedronta, mata e bebe sangue, preferencialmente dos humanos. Uma raça que os próprios humanos, ou sua grande maioria, não acreditam que exista. Mas nós existimos, somos discretos e não gostamos de chamar a atenção, vivemos misturados, e ao mesmo tempo isolados em nosso segredo. Levamos uma vida em parte comum e até normal se não fossem alguns fatos que são impossíveis de adaptar como, alimentação, sono e algumas outras coisinhas. Eu e meus amigos somos diferentes dos outros vampiros, não atacamos, matamos, amedrontamos ou sequer bebemos o sangue humano, pois achamos que os humanos são como nós, ou melhor, nós queremos ser como eles, não queremos ser monstros de contos nem de histórias de terror, queremos parecer normais e vivemos com o máximo de normalidade possível. Tirando a nossa alimentação conseguimos fazer todo o resto parecer normal, nos alimentamos de grandes animais. Eu tinha vinte e dois anos quando fui transformado em 1861, sou de Painswick, Inglaterra. 15
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Eu e o meu pai tínhamos uma pequena propriedade em Painswick, onde criávamos ovelhas para a fabricação de lã. Philip e Jhonas eram irmãos e meus amigos de infância, moravam em uma casa próxima a minha e eu tinha a mãe deles como substituta da mãe que eu nunca tive, pois a minha morreu assim que eu nasci. Quando fui transformado, estava com Philip e Jhonas pescando no rio perto de casa. Nessa fase da minha vida, eu já não tinha mais meu pai que faleceu um ano antes desse acidente. Eu morava praticamente sozinho. Não estava totalmente só pelo fato de Philip e Jhonas nunca saírem da minha casa, nós fazíamos tudo juntos e eles me ajudavam com todo trabalho da propriedade. Do outro lado do rio havia uma família com duas moças que passeavam, as moças eram lindas e olhavam para o nosso lado com charme e graça, elas sorriam para chamar a nossa atenção, ficavam de brincadeiras e nós adorávamos, éramos jovens e cheios de vontade de ter uma namorada. Philip se encantou demais com uma das moças e resolveu nadar para se exibir, ele sabia que não era fácil nadar naquela profundidade, o rio era traiçoeiro e cheio de grandes buracos no fundo. Outras pessoas já haviam morrido ali. Ele me disse antes de pular: ─ Vamos David, deixe de ser medroso. ─ Não Philip é perigoso! ─ Gritou Jhonas. ─ Não Philip! ─ Gritei junto com Jhonas. Mas ele achou que conseguiria, quando se jogou na água eu e Jhonas gritamos para que não fizesse isso, que era muito perigoso, mas Philip não quis nos escutar e se jogou no rio de qualquer jeito. Ele afundou e subiu novamente, manteve-se na superfície por algum tempo e depois começou a afundar outra vez, sumindo dentro d’água, me joguei também para tentar ajudar, pois eu sabia nadar um pouco. Eu não me arriscaria ali, mas precisava ajudá-lo. Jhonas correu para chamar ajuda, mas não chegou a tempo. 16
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Foi tudo muito rápido, agarrei Philip e tentei subir com ele para a superfície, mas Philip entrou em desespero e me puxou para baixo, agarrou no meu pescoço tentando subir para respirar e eu não conseguia me livrar dele, afundávamos cada vez mais. Perdi todo o ar que tinha na luta para fazer Philip me soltar e quando ele começou a enfraquecer eu já estava perdendo os sentidos. Afogamos os dois... Quando acordei sentia uma dor insuportável e depois que a dor passou percebi que estava em uma casa estranha com algumas pessoas mais estranhas ainda. Foi quando descobri que um homem que estava ali, Adam Collins, havia me tirado da água quase morto e tentou me ajudar com seu veneno. Ele não conseguiu salvar Philip, que já estava morto quando Adam me tirou da água. Fiquei totalmente revoltado e demorei para aceitar a sorte do destino, mas Adam me fez ver as coisas por outro lado, um lado melhor e eu acabei aceitando, afinal, não tinha mais volta. Era aceitar ou aceitar. Isso foi a cento e cinquenta anos, e eu ainda tenho vinte e dois... vou passar o resto da eternidade com essa idade! Alguns anos depois da minha transformação, Adam foi morar em Willow (Alasca), e eu fui junto com ele e sua família. Sua família consistia somente nele e sua esposa Mary, mas ele gostava de dizer que eu era parte dela. Eu gostava dele, gosto até hoje, mas sentia que meu lugar não era com eles, faltava algo que eu tinha muita necessidade de recuperar. Depois de transformado, comecei a ver e sentir coisas que nunca havia notado quando era humano! Foi em Willow que conheci Etienne Bell, hoje, Etienne Miller, mas essa parte explico depois. Ela era amiga de Adam e de sua esposa desde os tempos em Painswick, veio sozinha para Willow antes de Adam me transformar, e quando nos conhecemos aqui em Willow, ela ficou muito minha amiga também. Muito mais que amiga na verdade! 17
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Etienne é mais nova do que eu em idade humana e mais velha como vampira, mas ela demorou muito para me dizer sua idade real, que contarei a você em outra oportunidade. Ela tem dezessete anos, é divertida, animada, pequena, corpinho de boneca com cabelos claros e longos, rostinho de princesa e tem uma personalidade muito forte. Vivi com Adam um bom tempo e aprendi muita coisa com ele, inclusive a preservar os humanos. Mas Adam não ficava muito tempo em um lugar, e eles resolveram ir morar na França. Fiquei meio perdido pois não queria ir, não gostava de ficar mudando toda hora e adorei o Alasca, me sentia bem aqui, em Willow. Em uma visita de Etienne, eu contei a ela da mudança para a França onde Adam passaria a viver. Ela chegou na minha casa toda animada como sempre, me abraçou e perguntou: ─ Olá David! Cadê Adam e Mary? ─ Não estão em casa. Vamos passear no jardim? ─ Convidei. Eu estava um pouco triste. ─ Vamos. Ela me olhou um pouco desconfiada e perguntou assim que chegamos ao jardim: ─ O que está errado? Você está estranho. ─ Não é nada minha querida. ─ Tentei disfarçar. ─ Te conheço o suficiente para saber que você está triste e não gosto nada disso. ─ Ela insistiu, para variar! ─ Adam vai para França com Mary. ─ Disse aborrecido. ─ Você vai com eles? Etienne perguntou curiosa, não queria perder os amigos, principalmente a mim que fiz uma amizade verdadeira com ela. ─ Não, não sei ainda o que vou fazer, mas não quero sair do país. ─ Abaixei a cabeça. ─ Você não pode ficar sozinho no mundo, é deprimente demais! Etienne se lamentava por mim, ela falava muito e achava que era deprimente ficar sozinho, mas na verdade ela tinha intenção de me levar para sua casa e eu não percebi na hora. 18
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─ Tenho você, é minha melhor amiga. ─ Sorri para ela, ainda sem entender sua intenção. ─ Eu sei, mas nem sempre vou poder estar perto de você, te fazer companhia, alegrar seu dia, te fazer rir etc... etc... ─ Ela se sentia o máximo, e achei graça. ─ Vou ficar esperando ansiosamente os dias que você puder vir minha querida, e quando chegar vai poder alegrar meu dia, me fazer rir etc... etc... ─ Ficamos rindo juntos. Etienne sempre me alegrava. ─ Você não precisa se preocupar comigo Etienne, vou ficar bem e não pretendo sair de perto de você. ─ Preciso me preocupar sim. Que chato isso! Por que Adam não sossega em um lugar só? ─ Ela tentava fingir que estava aborrecida, mas não estava. ─ É a vida que eles gostam de levar, o que se pode fazer? Não se pode fazer nada! ─ Perguntei e respondi aborrecido outra vez e sem entender o motivo dela estar tão feliz, e fingia não estar. Depois de um tempo em silêncio lembrei do amor da vida dela, fazia tempo que ela não falava dele e eu queria mudar de assunto. Etienne era loucamente apaixonada por um vampiro que, aparentemente, não estava nem ligando para ela. Perguntei curioso: ─ Mudando de assunto, e aquele cara que você fala tanto? ─ Archie? Continua na mesma. ─ E..? ─ Insisti como ela fazia quando eu não queria dizer alguma coisa. Ela pensou um pouco e depois disse, decepcionada com a própria sorte: ─ Acho que ele não quer nada comigo, me olha diferente, mas acho que é só amizade. ─ Ela abaixou a cabeça. ─ Do jeito que você fala dele, com todo esse amor que sente, ele seria um idiota se não quisesse você, você é linda, esperta, comunicativa, brincalhona, chata, insuportável às vezes, mas eu aguento. Não imagino quem não iria te querer! Ela me olhou desconfiada e eu conclui: ─ É... realmente ele é um idiota. 19
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─ Você está me cortejando?! ─ Etienne achava graça. ─ De jeito nenhum, o que sinto por você é uma pura e bela amizade. ─ Me defendi. ─ Então você também é um idiota? ─ Ela defendeu Archie ainda sorrindo. ─ Só porque você não quer nada comigo é um idiota? ─ Tudo bem, está certo, não vou mais falar mal do rapaz, só quero que você seja feliz, eu te adoro, muito mesmo. ─ E era verdade, eu só queria o bem dela. Etienne sorriu e teve uma ideia, aliás, ela fingiu ter uma ideia, porque essa ideia já estava na cabeça dela desde o momento que contei da mudança, e eu não havia notado ainda. Ela disse mais séria: ─ Vem morar comigo e meus irmãos, você vai gostar deles. Assim não fica sozinho e não precisa se afastar de mim. Seus olhos brilharam, certamente já me imaginando morando com ela e seus irmãos. ─ Não sei se seria uma boa ideia, seus irmãos podem não gostar do convite que você está me fazendo. Eles nem me conhecem! ─ Fiquei apreensivo. ─ Vão gostar sim, falo sempre de você lá em casa e eles tinham dito que queriam te conhecer, estão loucos para te conhecer! São bons amigos e sei que você vai gostar deles também, vamos? Desisti de contrariar Etienne: ─ Vou lá visitar e conhecê-los primeiro, se eles gostarem de mim e eu deles, poderei pensar no assunto. Disse isso para ela parar de insistir, eu não tinha a intenção de morar com ninguém desconhecido. Mas Etienne quando colocava uma coisa na cabeça tinha de fazer, e ela gostava demais de mim para me deixar sozinho ou me deixar ir embora. Depois de alguns dias, por muita insistência de Etienne, fui na casa dela conhecer seus irmãos. Não eram irmãos de verdade, eram tipo um grupo que viviam em plena harmonia, vampiros que eram solitários como eu, 20
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e resolveram se juntar formando uma família. Inclusive Archie, o amor dela também morava lá. Todos me trataram muito bem, só Archie que não foi muito com minha cara na época, mas foi extremamente educado, me convidaram para fazer parte do grupo e como eles realmente eram ótimas pessoas e eu, não querendo ficar sozinho o resto da eternidade, resolvi mudar para esta casa onde fui muito bem recebido. Me senti em casa com eles! Passei a morar, desde então, com todos os sete irmãos: Etienne, Archie, Monique, Antony, Jully, Richard e Kenai. Depois de algum tempo de convivência com eles descobri o motivo pelo qual Archie não gostava de mim; ele era apaixonado por Etienne e a amizade dela comigo o deixava muito perturbado, ele achava que eu queria Etienne como mulher, o que não era verdade. Nunca olhei para ela desse jeito, eu a adorava de uma forma diferente, e ela também era pura em sua amizade comigo, eu sentia isso nela, era como se eu fosse realmente seu irmão. Tínhamos uma enorme afinidade e intimidade, o bastante para deixar Archie louco de ciúme e raiva de mim. Um dia Archie estava sozinho na sala, sentado no sofá, pensativo e amargurado com sua vida de sofrimento por um amor supostamente não correspondido, e resolvi dar uma de cupido, já estava enjoado com aquele clima todo, ela querendo ele, ele querendo ela e achando que eu também queria. Uma grande e insuportável mistura de sentimentos que me aborrecia muito, ainda mais pelo fato de Archie não tomar uma atitude e ficar se lamentando pelos cantos. Sentei perto dele e comecei a conversar: ─ Quer jogar xadrez? ─ Perguntei. ─ Não. ─ Ele foi seco mas não me intimidou. ─ Você poderia me ensinar a tocar piano, o que acha? Sabe tocar muito bem! ─ Archie tocava piano como ninguém, era um verdadeiro profissional. ─ Sei tocar mas não sei ensinar. Ele não queria mesmo papo comigo, mas eu queria conversar, tinha de achar um jeito de chegar no ponto certo dos sentimentos dele. 21
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─ Hum! ─ Fiquei sem assunto diante de tamanha recepção, mas não iria desistir. Ficamos em silêncio um tempo até que Archie deixou a educação de lado e falou sem meias palavras: ─ O que você quer aqui afinal? Me deixe em paz! ─ Você não gosta muito de mim não é? ─ Perguntei jogando honestamente com ele, afinal ele realmente não gostava. ─ Impressão sua. ─ Ele foi seco e mentiu, depois completou irritado comigo. ─ Que diferença isso faz para você? Já tem tudo que quer! ─ Pode ser que eu tenha mesmo, mas realmente queria sua amizade. ─ Pensei um pouco e disse sendo honesto. ─ Eu gosto de você. Archie não disse nada e eu continuei: ─ Etienne me disse que você só precisa se acostumar com a ideia, que você se preocupa muito com todos aqui. ─ Joguei. ─ Ideia de que? ─ Ele ficou curioso e nervoso. ─ Eu com ela, você sabe... ─ Vocês dois estão juntos?! ─ Ele perguntou amargurado e ficou arrasado só em pensar na possibilidade de me ver abraçando e beijando ela dentro de casa. Resolvi acabar com a tortura dele e disse: ─ Não estou com ela Archie, gosto dela como uma irmã que nunca tive, não do jeito que você pensa. ─ Confessei. ─ Mas você acabou de dizer... ─ Ele ficou confuso e eu cortei dizendo. ─ Dei a entender porque queria ver sua reação, sei que você é apaixonado e agora tenho certeza de que você não gosta de mim por causa dela. ─ O que adianta? Ela parece apaixonada por você. ─ Ele estava derrotado. ─ Isso é mais um engano seu, antes de te conhecer ela já me falava sobre você, ela está apaixonada e você ai só pensando bobagens. Etienne me adora, sei disso, mas como irmã e nós não temos nenhum sentimento de homem e mulher um pelo outro. ─ Dei um tapinha no ombro dele e levantei, ele ficou em silêncio meio em dúvida. 22
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Eu insisti: ─ Melhor você tomar uma atitude, deixe de ser tímido, a garota está te esperando. ─ Você tem certeza disso? Não quero parecer um bobo na frente dela. ─ Ele estava inseguro. ─ Papel de bobo você já está fazendo deixando uma linda moça sofrer por você, e você ai sofrendo por ela. Isso não tem sentido, vocês se amam, acabe logo com esse clima e sejam felizes! Ninguém nessa casa aguenta mais vocês dois. Archie riu, saí deixando ele sozinho com sua nova esperança de felicidade e cheio de amor em seu coração gelado. Ainda ouvi ele dizer: ─ Obrigado David! Depois de dois anos eles se casaram e deram uma linda festa. Etienne estava radiante em seu vestido maravilhoso e Archie me olhava com o coração cheio de amizade e gratidão. Foi então que ela passou a se chamar Etienne Miller, depois do casamento. Archie é hoje meu melhor amigo, junto com os outros claro, mas Archie e Etienne que seguraram a maior parte da minha angústia, do meu desespero durante muitos anos e se não fosse por eles, não estaria aqui contando essa história hoje! E foi nessa casa, com meus sete novos amigos que tudo aconteceu...
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