Degusta desencontros de um escritor

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Seus livros são o resultado de um trabalho desenvolvido nos últimos anos. Carregados de uma intensa paixão pela vida, ao mesmo tempo em que celebram a vida de todas as formas, desde o mais simples desabrochar de uma rosa, até a mais complexa criação do ser humano.

Desencontros de um Escritor

Seu primeiro livro Cidade Nua, Ed. Protexto, 2009, reuniu poemas, crônicas e poesias escritos durante a sua juventude e foi concluído após 20 anos de trabalho.

“Kayra senta-se ao lado de Cesar e inicia a relatar tudo que passou e fez desde que deixou a aldeia em Lubango; Cesar, atento a tudo, vez ou outra interrompia com uma ou outra pergunta; foram horas ali, sentados, falando, rindo como velhos amigos. Cesar notou que Kayra havia se tornado uma mulher mais madura, e percebeu que seu rosto trazia a marca de sofrimento; mesmo assim, a admirava e achava mais linda ainda, principalmente quando sorria, tinha vontade era de beijar sua boca e acabar logo com tudo, porém se controlou até que tocou no rádio a música do Coldplay, “Fix You”. Cesar se recordou do doce e inesquecível beijo na Fenda de Tundavala, Kayra percebeu o silêncio e parou de falar. Ficaram ali se olhando por alguns instantes, até que a força de um destino é maior do que tudo que possamos imaginar ou escrever; em uma volúpia de desejo e paixão, ambos se beijaram como há algum tempo, sentiam seus lábios úmidos de desejo se tocarem, se violarem em movimentos de língua, seus corpos carentes de abraços e de carinhos, permitiram às suas mãos explorarem cada um o corpo do outro, cada poro, cada pelo, cada reentrância foi tocada, sentida numa exaltação à vida, percebeu-se o cheiro do outro, o perfume do outro, a intimidade do outro, suas roupas foram tiradas uma a uma, em um frenesi de excitação, loucura, desejo, carência, e numa cumplicidade única, quando se deram por si, estavam nus sobre o surrado sofá, e ali mesmo, sem restrições, fizeram amor, um amor que foi proibido e negado por tanto tempo, se entregaram um ao outro e seus corpos transpiravam, se contorciam, gemidos se ouviam e as paredes ali testemunhavam aquela loucura de sexo, um gozo atrás do outro, prazer em forma de amor inquestionável, irrevogável. Amaram-se como deveriam se amar desde que se conheceram, amanheceram ali grudados em conchinha após um êxtase indescritível; foram interrompidos apenas pelo celular de Kayra, que insistentemente a chamava para a realidade, procura-o, apalpando a mão por sobre a mesa do centro da sala, quando o coloca ao ouvido, um misto de pavor e temor toma conta de sua expressão, enquanto Cesar, sonolento, pergunta o que está acontecendo.”

Adalberto Scardelai

Adalberto Scardelai nasceu em Catanduva/SP, em 1962. Em 1964, mudou-se para a capital. Estudou no Colégio N. S. Consolata até concluir o primário. Para a conclusão do ensino médio, transferiu-se para a Escola Estadual Prof. Oswaldo Quirino Simões. Aos 23 anos, iniciou seus primeiros esboços poéticos e participou do Concurso Literário da Editora Crisalis, RJ. Foi classificado e teve o seu primeiro poema intitulado “Cactos” publicado na coletânea. No mesmo ano, sua primeira crônica, intitulada “Crônica dos Longínquos Espaços”, teve destaque e foi publicada no jornal A Tribuna, da cidade de São Carlos/SP. E nunca mais parou de escrever, embrenhando-se, mais tarde, no universo dos romances.

Desencontros de um Escritor Adalberto Scardelai

Amor, ódio, traição e paixão acompanham a vida e trajetória de um escritor de sucesso internacional aonde se vê diante da extrema solidão, da ausência de carinho e afeto; e descobre que simplesmente nunca amou até conhecer uma mulher que irá mudar a sua vida, poderia ser um conto de fadas ou sua própria vida romanceada, mas se torna uma história trágica diante das circunstâncias cruéis que a vida lhe impõe, agregado a um mundo controlado pelo poder do dinheiro, que não o permite ser feliz. Uma história onde desencontros acontecem, não por acaso, mas por obra do destino. Caminhos e escolhas erradas fazem parte da vida de Cesar e podem levá-lo ao esquecimento e ao fracasso de sua carreira.

Para acompanhar os trabalhos do escritor, acesse: http://adalbertoscardelai.blogspot.com Adalberto Scardelai é Acadêmico da Academia de Artes e Literatura de Fortaleza.

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Copyright © 2013 by Adalberto Scardelai Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-087-8 Projeto gráfico: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Editoração eletrônica: Thiago Ribeiro Revisão: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Capa: Thiago Ribeiro

CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros – RJ S298d Scardelai, Adalberto, 1962Desencontros de um escritor / Adalberto Scardelai. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Aped, 2013. 154 p. : il ; 21 cm. ISBN 978-85-8255-087-8 1. Romance brasileiro. I. Título. 13-05777.

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-1

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Aped - Apoio & Produção Editora Ltda. Rua Sylvio da Rocha Pollis, 201 – bl. 04 – 1106 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro – RJ – 22793-395 Tel.: (21) 2498-8483/ 9996-9067 www.apededitora.com.br aped@wnetrj.com.br

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Resiste ao tempo e foge dele, pois nele estĂĄ tua vida, que se esvai por entre teus dedos e foge do teu controle. NĂŁo sabes quanto tempo te resta, porĂŠm tenha cuidado, pois este tempo pode estar acabando. Portanto, viva.

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Dedico este livro em mem贸ria de meu pai Walter Scardelai.

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Tantos encontros marquei pela vida, e tantos outros desmarquei diante de imposições de outros, entretanto hoje percebo que deveria ter ido a todos eles e descoberto que vários caminhos existiam diante deles e talvez, entre tantos, um encontro não seria desmarcado. Perdemos tempo demais desmarcando encontros e nos perguntando coisas idiotas; pudéssemos ser tão inteligentes como nossas dúvidas, assim poderíamos saber qual caminho seguir...

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Prefácio

Da água para o vinho. Assim é Adalberto Scardelai, escritor da Academia Brasileira de Artes e Literatura de Fortaleza. Em sua primeira obra publicada pela Aped, Scardelai mostrou para os seus leitores como desenvolver e amarrar cada ponta dos acontecimentos que se sucediam em Vaticinus. Mistérios que iam, aos poucos, sendo desvendados, deixando os leitores instigados a virar sempre mais uma página sem conseguir parar de ler. Da ficção, partiu para esse belíssimo romance. Em Desencontros de um Escritor, sua segunda obra publicada pela Aped, Adalberto nos faz refletir sobre os sentimentos mais difíceis que podemos lidar: o amor. Agora, o escritor fala em amor, paixão, ódio entre outros, através da história de Cezar, o protagonista, que se vê abrindo a porta do seu coração e se deparando com a solidão. Um escritor, que diante de um casamento de anos, descobre que sente falta de carinho e afeto. Que lhe falta a emoção. Vê-se diante de uma terrível constatação: apesar de estar casado há anos, nunca amou sua mulher. Aliás, nunca amara ninguém. Em busca do sentimento verdadeiro, Cezar, um escritor de sucesso, vê sua vida sendo revirada e colocada de pernas para o 11

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ar, ao conhecer Kayra — uma mulher que mudará sua vida em todos os sentidos. Tão perto do grande amor, as circunstâncias que a vida lhe impõe, não permitem que se entregue totalmente. O que poderia ser um lindo conto de fadas é transformado pelo mundo, controlado pelo poder e pelo dinheiro, num desencontro que poderá levá-lo ao esquecimento e ao fracasso de sua carreira de escritor. É neste mar de emoções e contradições, do desejo, da paixão, da impossibilidade de viver um grande amor em toda a sua plenitude que Adalberto fará o leitor mergulhar, como se fossemos nós os protagonistas dessa história. Uma história que, com certeza, muitos já viveram ou ainda viverão. Boa leitura. Zélia Oliveira Editora da Aped.

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Notas do Autor

Desencontros de um Escritor é meu sexto livro, no ápice dos meus cinquenta anos de vida e após a nomeação como acadêmico na Academia de Artes e Letras de Fortaleza. Sem dúvida, é um momento único que me faz repensar toda a trajetória até aqui; creio que hoje, como escritor, há um amadurecimento maior tanto na escrita como no modo de se contar a história. Neste livro em particular muitos de meus leitores dirão que é autobiográfico, e eu categoricamente afirmo, não é. Não passa de uma obra de ficção, cuja história e seus personagens nada têm de real, a não ser na questão do amor; portanto qualquer fato é mera coincidência, mas é um livro que traz à tona um tema ou temas como amor, solidão, traição e desejo; coisas cotidianas que já foram esmiuçadas com destreza por dezenas de outros autores. Não é a última palavra, mas pretende questionar e reafirmar que a única coisa realmente humana é o amor. É a única forma de que possamos ser melhores e crescer a cada dia. Quero deixar aqui meu expresso agradecimento à minha editora Zélia de Oliveira (APED), pela paciência em ler meus textos e pela maestria e ousadia em acreditar neles. Meu muito obrigado à toda equipe de capistas, revisores e outros profissionais, sem 13

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os quais um livro não é nada. E em especial a você, leitor, que transforma a arte de escrever em algo digno. Escrever é arte, é aprender, reaprender e também é amar. O autor.

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Sumário

Prefácio • 11 Notas do Autor • 13 1 – Próximo Livro • 17 2 – Voo do Escritor • 25 3 – Recepção de Kayra • 35 4 – Na Aldeia • 41 5 – Visita à Sala de Aula • 47 6 – Primeiras Linhas • 51 7 – Soyo´s Bar • 55 8 – Fenda de Tundavala • 61 9 – Evitando Kayra • 67 10 – Noite em Lubango • 69 11 – Rinoceronte Branco • 77 12 – Visitas no Hospital • 81 13 – Casamento de Kayra • 87 14 – Conversam na Igreja • 93 15 – Volta ao Brasil • 97 15

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16 – Separação • 103 Dois Meses Depois... • 111 17 — Busca de Kayra • 113 18 — Visitando John • 121 19 — Café • 125 20 — Reencontros na Foyles • 129 Cinco Meses Depois... • 133 21 — Homenagens em Lubango • 135 Seis Anos Depois... • 139 22 — Parque do Ibirapuera • 141 23 — Balneário Piçarras • 147 Poema de Kayra • 151

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1 – Próximo Livro

O

uvia apenas o som das ondas que se arremessavam com força perto das pedras, a alguns metros de onde Cesar estava sentado, apenas olhando o horizonte distante, parecia estar divagando sobre sua vida, seu olhar compenetrado e distante o deixava igual estátua, imóvel e sereno diante daquela força esplêndida do mar. Não percebeu quando Suzana se aproximou vestindo um lindo vestido florido e sensualmente transparente que deixava suas formas perfeitas transparecerem diante do sol, tinha um chapéu delineado com flores em um tom rosa que lhe dava um toque especial enquanto seus cabelos negros e encaracolados se esbanjavam ao vento vindo do mar. Delicadamente, sentou—se ao lado de Cesar que não percebeu sua presença, e num toque sutil e delicado lhe beijou o rosto, colocando sua mão sobre a dele, indagando-o: — O que faz aqui, meu amor? Parece distante e sozinho. Cesar apenas continuou a olhar, sem muito se importar com Suzana ao seu lado, como se estivesse hipnotizado por algo ainda maior. — Meu amor. — Insiste Suzana. — Está me ouvindo? Cesar sai de seu estado hipnótico e diz: 17

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— Hã, me desculpe, estava absorto neste mar imenso e não percebi você ao meu lado, me desculpe. — É, percebi que estava encantando com algo, no entanto o que é, por acaso é outra mulher que está em seus pensamentos? — Meu amor, minha vida, não existe outra mulher, apenas você. Estava aqui pensando em como transformar tudo isso aqui em algo digno de ser lido por alguém. — Como assim? Está pensando em seu próximo livro? — Sim, o editor me ligou hoje pela manhã e preciso entregar meu próximo livro dentro de seis meses e nem ao menos tenho ideia sobre o que vou escrever, achei que seria útil vir até aqui e tentar perceber algo. Estou naquela fase de branco autoral. — Acho que se preocupa demais com isso, com certeza terá uma grande ideia, você é um grande escritor. — Talvez, tenho minhas dúvidas quanto a isto, já pensei e imaginei tudo que é possível, e de certa forma tudo já foi escrito, já foi falado, já foi contado... — Contudo existem milhares de formas de se contar a mesma história sem que ela perca o encanto. — interrompe Suzana. — Sei disso meu amor, entretanto estou tentando achar a boa história, e isto tem me deixando noites sem dormir. — Seria melhor você se isolar um pouco, quem sabe assim conseguiria escrever algo, que tal uma viagem para algum lugar esquecido no mundo, assim poderia ficar sem nada, sem telefone, sem internet, sem e-mail, apenas você e sua história, seus personagens... — Sabe que não conseguiria ficar longe de tudo isso, não tem como realizar minhas pesquisas para que a história tenha sentido. — Você é capaz meu amor, tenho certeza disto, já escreveu ótimos livros, já contou belíssimas histórias e já emocionou muita gente, tenho certeza que será capaz. — Será? — Um olhar de dúvida é lançado ao mar e o silêncio se esvai por um segundo até o quebrar das ondas. — Te sinto perdido, sinto você em um turbilhão de ideias e ao mesmo tempo sem base para se agarrar em nada, você ainda me ama? 18

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— Claro! Que pergunta idiota. — Tá vendo, não tem certeza nem disto, não tem certeza mais do seu sentimento por mim. — Você está falando besteira agora, claro que te amo, e você é tudo para mim, sabe bem disto, você é meu ar, meus sonhos, minha realidade, sabe bem disso. — Não tenho tanta certeza assim. — O que está falando, Suzana? Não estou entendendo aonde quer chegar. — Quero chegar aonde deveríamos ter chegado há dez anos, lembra? — O que teve há dez anos? O que está falando? — Tá vendo, nem se lembra mais, fico me iludindo com você o tempo todo, porém na verdade nunca me amou, apenas ama seus livros, você é ridículo. — Se soubesse do que está falando, talvez eu possa lhe responder, e não penso só em meus livros, penso em você o tempo todo, você faz parte de mim... — Sim, pode ser, talvez, como uma referência. É isto que sou para você: uma referência para as suas histórias. — Olha, não sei o que aconteceu com você hoje, está de TPM; sim, porque está falando nada com nada. — Talvez esteja de TPM sim, não sei mais ou talvez esteja farta de toda esta farsa que é nosso casamento, senhor Cesar Ribeiro, mais parece personagem de novela mexicana, você me dá nojo. — Olha quem está falando, você nem ao menos sabe ser agradecida, te tirei da sarjeta, você não era nada, lembra? — Talvez continue sendo nada, sou apenas uma marionete para te servir, estou farta disso. — Sabe, acho que vou aceitar a sua proposta. — Que proposta? — De me ausentar por uns tempos para escrever meu novo livro e refletir sobre nós dois, temos que dar um tempo para nós. — Talvez isto seja realmente necessário, mas se me amasse mesmo, sabe que não precisaria fugir ou se esconder. 19

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