Finitus

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Quem seria aquele rapaz que, do nada, bateu na janela de Liana. Qual o mistério que o envolvia? O que ele desejava de Liana? Por que foi escolhida? “Do nada ele estava ali, o rapaz, Christopher, da mesma forma que estava há seis anos, com o mesmo jeans amassado, os tênis de correr, a camiseta branca. Mais básico não podia ser. Mas tinha um Juliana Walker é formada em psicologia, e devoradora de livros e filmes.

novo detalhe, estava com a mochila. E o mais estranho, que reparei por último, estava molhado apesar de não estar chovendo. Fiquei olhando para ele com os olhos arregalados, sem acreditar, pois eu podia estar sonolenta,

Sua paixão pela ficção começou com Star Wars, há muito tempo. Paixão que só a levou a ficar cada vez mais próxima do mundo imaginário.

sonhando, ou muito impregnada de romance do século XVIII, mas acho que Christopher não tinha envelhecido um dia. Nunca na minha vida desmaiei, mas senti uma tontura e só senti algo pegar minha cabeça. Tudo escureceu.”

Arriscou-se então a escrever. Suas obras, voltadas para a fantasia e ficção, têm um toque de romance, que acredita ser essencial em toda história.

Finitus é uma história de amor diferente, mas que pode alcançar os mais diversos corações.

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Em busca de todas essas respostas, Liana deixa-se envolver pelo belo rapaz que entra em sua vida de forma avassaladora, mudando totalmente o seu ritmo. Sem saber ao certo onde estava pisando, Liana aceita o ajudar Christopher a encontrar as respostas que tanto procurava. Mas Christopher não lhe dava pistas. O que seria o tão falado projeto Finitus que o rapaz estava dedicando a sua vida. Almas gêmeas? Duas almas conectadas por uma força inexplicável. Seria possível? Essa é a história de como Liana encontrou Christopher, aquele que pode ter sido seu melhor amigo, seu irmão, seu amor. Mas, essa resposta o leitor somente terá ao ler esta belíssima obra de Juliana Walker.

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Copyright © 2012 by Juliana Walker Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-005-2 Projeto gráfico e editoração eletrônica: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Revisão: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Capa: Vanessa Orgélio

CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros — RJ C978f Walker, Juliana Finitus / Juliana Walker. - Rio de Janeiro : APED, 2012. ISBN 978-85-8255-055-2 1. Romance brasileiro. I. Título. 12-9026. CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3 10.12.12 13.12.12 041418

Aped - Apoio & Produção Editora Ltda. Rua Sylvio da Rocha Pollis, 201 — bl. 04 — 1106 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro — RJ — 22793-395 Tel.: (21) 2498-8483/ 9996-9067 www.apededitora.com.br aped@wnetrj.com.br

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Dedico aos apaixonados e aos que acreditam no amor. Aos que amam, mesmo sem receber o amor de volta. Aos que sentem, e aos que não temem sentir. E também aos que temem, pois quem teme o amor, não percebe que é porque já ama. Juliana Walker

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Prólogo

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unca entendi bem o que era alma gêmea, duas almas vivendo em um só corpo, conectadas eternamente por uma força inexplicável. Afinal, o que seria isso? Como podemos ter uma alma que é nossa, mas vive em outra pessoa? Ouvi falar que podemos encontrar essa alma em um amigo, um irmão, na família, mas o mais falado é que nossa alma gêmea é nosso companheiro eterno, aquele com quem dividiremos nossas vidas, aquele que entenderá tudo sobre nós, sem abrirmos a boca. É aquele que sentamos lado a lado, em silêncio, sem precisar dizer uma palavra, e ainda assim, sabemos que não estamos sós, que temos um amigo, alguém que sempre nos entenderá, não importa o quão difícil nossa vida possa ficar. Uma vez senti que o encontrei, essa parte de mim jogada no universo, mas ele não estava a minha procura, e nem eu a procura dele. Mas isso não me impediu de reconhecê-lo, de saber quem ele era, talvez não no primeiro momento, mas com o passar do tempo. Ele simplesmente veio a mim, assim do nada, e me encantou, e sei que ele sentiu-se da mesma forma, e até hoje, eu aguardo 7

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a certeza de que saberei quem ele é realmente e se ele encontrou o que estava procurando... Essa é a história de como eu encontrei um homem, aquele que pode ter sido meu melhor amigo, meu irmão, meu amor, mas creio que essa resposta só ele poderá me dar...

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iana Wedge estava sentada em seu jardim, lendo, entediada, como todas as tardes de terça-feira. Não que não gostasse da leitura em si, pelo contrário, ela amava, mas as leituras eram tão fantásticas que cada vez que Liana olhava em volta via o quão entediante era a sua vida. Era uma típica garota que vivia em um casarão aconchegante, em Oxford, Inglaterra. Seus pais morreram em um acidente e ela passou a viver com sua tia Emily, uma professora, que desejava que a sobrinha seguisse também a sua profissão, e era isso que Liana queria. Seguir o ramo da literatura, mas quando descobriu esse mundo maravilhoso passou a se perguntar se havia mais na vida. Liana completara 19 anos e logo iria para a universidade, a mesma que seus pais frequentaram, e imaginou se eles se orgulhariam dela se estivessem lá. Ela não era, nem nunca foi uma garota que chamasse a atenção. Pelo contrário, sempre estivera meio à sombra, por sua escolha. Não que não fosse bonita, pois era uma garota bonita, diziam que se parecia com sua tia, os cabelos claros e olhos escuros, e sua estatura mignon a fazia sempre delicada. E era muito 9

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delicada. Bondosa, educada, uma pessoa quase normal, como se definia. Quando sua tia lhe perguntava de onde Liana tirava esse “quase”, dizia que era porque a vida era complicada demais para qualquer um ser normal. Principalmente quando se tratava de questões que envolviam outras pessoas. Como as pessoas eram complicadas e difíceis de lidar. Mas como sua tia sempre dizia: “As pessoas não são complicadas meu bem, você as complica e multiplica por dois”. Nos últimos meses, estava mais isolada devido às questões amorosas, como sua tia gostava de chamar, e Liana fora repreendida por esse único falso amor, como Liana gostava de chamar. Ela teve um namoro relâmpago com um rapaz, estudante de Oxford, mas não sentia que suas almas combinavam, o que sua tia atribuía como leitura demais, e sonhos demais. Essa era a vida de Liana. Para quem observasse de longe, parecia uma vida sem preocupações e fácil, mas só Liana sabia o quanto estava em uma crise existencial pessoal, o que para a sociedade era um exagero. Ia dormir em agonia, achando sua vida tediosa, e acordava sem esperança para nada. E o pior é que ela via a vida das pessoas andar e prosperar, mas a dela nunca mudava e nada acontecia. Olhava para o céu todos os dias aguardando alguma coisa acontecer. Mal sabia ela devemos tomar cuidado com o que desejamos.

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ra um dia glorioso, tinha acabado de voltar da universidade, e estava muito entusiasmada com o curso agora, eles leram sobre um livro de ficção que me fascinou e me fez pensar muito na vida. Estava super animada aquele dia, e nem sei o motivo, afinal, estava tão entediada ultimamente. Minha tia me aguardava feliz, esperando as novidades sobre a faculdade, sobre tudo. Assim era minha tia, uma mulher que amava a vida, e amava viver minha vida comigo. Passamos a tarde tomando chá e conversando, e ao me deitar agradeci tanto por essa vida, pela primeira vez, acho que era minha vida afinal, já podia vê-la, senti-la, me acostumar a isso, e não podia negar, agora estava gostando. Afinal, eu tinha tudo pela frente, por que eu deveria ser infeliz? Fui dormir pensando no livro. Em outros mundos e, por um segundo, achei que estava enlouquecendo, pois quem em meio a tanta maravilha, iria querer um mundo totalmente estranho? E dormi pensando no romance do livro, a história de dois estranhos, de mundos diferentes que, por amor, venceram tudo. Estava ficando mais romântica do que o normal. 11

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*** Tive sonhos estranhos e acordei assustada e suando no meio da noite, com a forte impressão de que vi uma luz na minha janela. Fiquei pensando o que poderia ser, mas era uma luz muito forte para ser de um carro, afinal, eu dormia no segundo andar da casa. Receosa, fui até a janela olhar, e nada vi, estava uma madrugada silenciosa e fresca, como as de ultimamente. Já ia me deitar novamente, quando ouvi um barulho vindo lá debaixo de minha janela, no jardim. Apavorei-me e pensei em chamar minha tia, mas de que adiantaria duas mulheres se fosse um ladrão? Mas algo me dizia que não era um ladrão, mas um animal, um gato, ou um esquilo. Comecei a chamar pelo bichano sem obter resposta. Senti-me uma tola ali, e resolvi fechar a janela e voltar a dormir. Assim que deitei e já estava quase adormecendo, ouvi uma batida na minha janela. Essa me assustou de verdade. E quando acendi a luz e olhei, vi um rosto ali, me olhando. A única reação que tive foi de gritar. Minha tia veio correndo, assustada, mas quando chegou não conseguia dizer a ela sobre o rosto, não conseguia dizer nada além de “foi um pesadelo tia, só isso”. E essa frase mudou toda minha vida. Às vezes não sabemos por que falamos coisas assim, por que mentimos, mesmo quando nossa vida parece correr perigo, mas por alguma razão, algo dentro de mim me dizia ser aquilo a coisa certa a fazer. Sendo aquele rosto de um fantasma, um assassino, um zumbi, um E.T, seja lá o que fosse, eu não queria dividir isso com ninguém. Assim que minha tia saiu, fui até a janela e fiquei olhando para o vidro fechado para ver se o rosto aparecia novamente. E me preparei para não levar um susto. Fiquei alguns minutos ali, olhando, quando do nada o rosto apareceu de novo, e meu coração quase saltou pela boca de tanto esforço que fiz para não gritar. 12

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Era um rapaz, estava ensopado, apesar de não estar chovendo, e ele fazia sinais com a mão para deixá-lo entrar. “Essa é boa.” Pensei. Vou deixar um estranho entrar em meu quarto, e ensopado ainda por cima. Abri um pouco a janela e por uma fresta pergunte a ele. — Quem é você? O que quer aqui? Precisa de ajuda? O rapaz parecia cansado e fez que sim com a cabeça, e na hora vi em seus olhos que não deveria ser um ladrão.. — O que quer aqui? Perguntei pela fresta. Ele tomou ar, como se tivesse corrido muito até àquela hora e disse: — Eu só preciso me secar e saber o que estou fazendo aqui. Aquela foi boa, ele veio à minha janela, e não sabia o que estava fazendo lá? Olhei para ele por um bom tempo, olhei bem em seus olhos, eram profundos e castanhos, e resolvi arriscar. Se ele fosse um assassino e me matasse, aqueles olhos o salvariam. O rapaz entrou em meu quarto e olhou para tudo, estranhando. Corri para dar-lhe uma toalha e ele prontamente começou a se secar, sem dizer uma palavra. E fiquei ali, sentada na minha cama, apenas olhando aquele estranho rapaz dos olhos castanhos. E digo agora, assim que olhei naqueles olhos, eles nunca mais saíram de meus pensamentos.

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uerido, O que posso dizer agora? Você está muito zangado comigo, eu sei e entendo, mas espero que sua raiva passe logo, pois não sei se aguentaria perder você. Você foi minha luz nas trevas, em que eu mesma me joguei há muito tempo, e espero que assim que ler essa carta, possa vir até aqui para te contar tudo cara a cara. Saiba disso, o amor não escolhemos, ele nos escolhe, e saiba que mais do que tudo, o meu amor por você foi o que me salvou. Não sei quanto tempo terei, então desejo mais que tudo vê-lo. Eu te amei desde antes de nascer, você é meu filho, minha vida. Espero que me perdoe e venha me ver. Eu te amo. Liana Krabber. Asilo St. Mary, Oxford.

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Oxford, 19… A mudança de Minha Vida

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ois estranhos, um rapaz e uma moça, um quarto, várias perguntas, mas apenas a moça está curiosa. O rapaz se preocupa apenas em secar-se, e quem sabe, fugir logo dali. Afinal quem era ele? Se fosse alguém decente não entraria assim por janelas de moças sozinhas. Mas, pensando bem, quem deixou fui eu, então o indecente não precisa ser ele exatamente. Resolvi começar o interrogatório já que o rapaz parecia estar em outra dimensão. — Você tem nome? Como se o tirasse de um devaneio, apenas olhou para mim com olhar intrigado. — Em que ano estamos mesmo? Não acreditei nele, só podia estar brincando. — 19... Ele franziu o cenho e sentou-se na minha cama pensativo. Continuei olhando firme para ele que parecia nem notar que eu estava lá. Resolvi tentar de novo. 17

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— Você tem nome? Ele olhou devagar para mim e balançou a cabeça afirmando. Eu já estava perdendo a paciência. — Então, pode me dizer, ou é segredo? Ele continuou com o olhar vago e disse: — Christopher Domnov. — Você é o que? Alemão? Russo? — Não, sou inglês, acho, estamos na Inglaterra não é? Ele me deu uma cutucada grossa quase imperceptível. — Sim, estamos, achei que você que não soubesse, afinal, você nem sabe em que ano estamos. Eu resolvi provocá-lo também, e ele pareceu não ligar, ou fingiu. — É irrelevante isso, o ano, o que importa é que estou aqui, mas não sei por que estava no seu jardim. Eu estava começando a achar aquele cara estranho, seria um louco fugitivo, um drogado? — Está bêbado? — Perguntei séria para ele. Ele riu pela primeira vez, mas foi um sorriso quase forçado. — Não. Nunca bebo se quer saber. Ah, quer saber, estávamos indo bem, ele ia se abrir, pois eu precisava saber dele. — Quer me dizer alguma coisa que faça sentido Chris? Posso chamá-lo de Chris? Ele deu de ombros. — Tanto faz. Aquele jeito grosso dele me irritava. — Então, Chris, me fale de você, explique-me por que você estava no meio da madrugada no meu jardim, sem saber ao menos em que ano estamos. Você veio me avisar que tem um exterminador vindo me matar? Na hora me veio o filme Exterminador do Futuro, e lembrei-me de Kyle Reese, como eu era apaixonada por ele, imaginei vivendo aquela história, mas enrubesci e me arrependi de ter dito aquilo. Afinal, Kyle e Sara têm um filho juntos, e isso implica ro18

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mance, várias coisas, e não queria pensar nisso aquela hora, mas sem querer pensei, e vi que ele percebeu. — Não, não vim avisar de exterminadores, apesar de que se o mundo estivesse daquele jeito não seria tão ruim afinal. Eu o olhei incrédulo, ele falava de fim de mundo? Comecei a sacar o cara, ele era louco, e resolvi dar um ultimato, ou ele falava ou chamava a polícia. — Você quer ser preso? — Perguntei de supetão. Ele me olhou devagar. — Por que eu iria querer isso? — Eu vou chamar a polícia se continuar aqui sem me dizer nada sobre você. — Eu preferiria que não chamasse, mas se você quer fazer isso, a escolha é sua, não posso interferir. — ENTÃO ME DIGA O QUE FAZ AQUI! Eu gritei, não aguentei, aquele cara me irritava muito, e nem me preocupei com minha tia, pois sabia que agora ela já estava sonhando com o sr. Darcy e não me ouviria. Chris me olhou com uma paciência quase forçada e disse. — Tudo bem, eu digo tudo, mas não acho que você vai acreditar, pois é uma história muito avançada você, mas... — Não importa se vou acreditar, já sei, é isso que você ia me dizer não é? Ele subestimava minha inteligência. Ele não respondeu, e ficou me encarando com aqueles olhos castanhos que por mais que eu estivesse irritada, seus olhos me chamavam. Odiei-me por isso. — Antes de falar tudo, preciso entender por que cai aqui, na sua casa, mas acho que só saberei depois, e minha história é longa, mas você deve saber, senão não estaria aqui. Vou precisar de tempo, e agora não temos, é tarde, estou cansado disso, e tenho de dormir. — O que quer que eu faça? — Perguntei sem saber o que fazer, não iria mandá-lo para o olho da rua, e estava curiosa sobre sua vida. 19

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Eu só tinha um plano na cabeça. Tinha de inventar algo sobre ele, e deixá-lo na minha casa. Ficamos nos olhando, cada um pensando em um plano. — Você tem dinheiro? — Perguntei. Ele olhou nos bolsos. — Não, e perdi minha mochila, se eu encontrá-la... — Ela pode estar lá fora, procure, veja se tem dinheiro, e vamos dar um jeito, mas se quiser ir também, por mim, tudo bem. Não sei por que disse aquilo, eu não queria que ele fosse. Ele deu um meio sorriso. — Não posso ir, já disse, cai aqui por um motivo, e tenho de descobrir. — Do jeito que fala parece que caiu do céu. Falei, e dei uma risada alta e quase forçada. Ele não gostou. — Amanha nos falamos, vou procurar a minha mochila e volto. Eu já ia concordar com ele, quando me lembrei de minha tia Emily. — Não, vocênão pode voltar assim, tenho uma tia que mora aqui, espere, você vai amanhã para a universidade de Oxford, sabe onde fica? — Eu encontro. Virei os olhos e suspirei, ele falava como se não fosse do planeta Terra. — Então você me encontra lá fora para ninguém te ver, e se tiver dinheiro você fica em um hotel barato, mas se não der, finjo que você é meu namorado e falo que você veio de longe e passará uns dias aqui. Minha tia é louca para que eu arranje namorado. — Mas não somos namorados. Eu quase bati nele àquela hora. — CLARO QUE NÃO! Parece que você não entende. E não faça essa cara de repulsa por se passar por namorado. Você é gay? Ele pareceu ofendido. — Claro que não. Pareço gay? — Com essa repulsa parece. — Eu sou assim. 20

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Ele era estranho, e depois que me dei conta que talvez a repulsa seja só por mim, e me senti meio estranha. — Tá bom, vai agora, e amanhã na Oxford, ok? Ele foi se dirigindo à janela sem dizer nada. — DE NADA! — Eu gritei para ele. Ele olhou para mim da janela, e dei aquele meio sorriso. — Eu ia agradecer. Obrigado... Como se chama mesmo? Ele nem quis saber meu nome, e eu nem percebi, eu estava bem com homens mesmo. — Sou Liana. — De que? — De que o que? — Eu perguntei estupidamente. — Seu sobrenome. — Wedge. — Ok Liana Wedge, até amanhã. — Até. Sentei-me na cama e fiquei ali, por um tempo que nem notei, olhando para janela, mal acreditando nisso. Parecia um sonho, ou pesadelo.

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