Silmara Záfia
Mudou-se para Natal no início da vida adulta. Conheceu seu esposo numa rede social e largou a família e faculdade para se casarem. Hoje, tem um filho pequeno e, grávida, espera a família aumentar. Escreve histórias de romance e aventura voltadas para o público jovem. Passa horas lendo e escrevendo sua ideias loucas.
Eu sabia que ele iria me beijar e aquilo fez uma chama acender dentro de mim como se eu a muito ansiasse por aqueles lábios. Luiz Miguel chegou ainda mais perto de mim de modo que nossos corpos se encostaram de leve. Ele deslizou as mãos para minha nuca, entrelaçando os dedos no meu cabelo, deixando-me arrepiada. Eu não tinha forças o bastante para pará-lo e boa parte de mim o odiava por estar me levando por esse caminho tortuoso e errado. Percebi ele engolir seco e encurtar a distância entre nossas bocas, roçou os lábios semiabertos nos meus e desceu para meu queixo, beijando-o e mordendo bem de leve, algumas vezes.
Meu Segredo
Silmara Záfia é empresária e mora em Itaí, interior de São Paulo. Cresceu no interior do Rio Grande do Norte ouvindo seus pais contarem histórias de assombração.
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Meu Segredo
Amor a primeira vista... Isso ainda acontece? Para Elisha Carter aconteceu. Foi assim também para Luiz Miguel. Mas algo tinha de dar errado. Como um amor que teria nascido no primeiro momento de um encontro, estava fadado a não dar certo? Como duas pessoas que tanto se amavam e estavam totalmente certas desse sentimento, não poderiam ser felizes? Não poderiam se unir para viver toda uma vida? O que tornaria esse amor tão impossível de acontecer? Seria somente o fato de Luiz Miguel ser mais velho que Elisha, que tinha apenas 15 anos? Qual seria o segredo que impediria esse lindo amor de acontecer? Somente lendo Meu Segredo, o leitor entenderá que nem sempre, por mais puro e sincero que seja o amor entre duas pessoas, será o suficiente para que elas vivam felizes para sempre. Meu Segredo é a história de uma bela menina, quase mulher, que se apaixonou perdidamente e lutou, com todas as suas forças, para impedir que esse sentimento crescesse dentro de seu coração.
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Copyright © 2012 by Silmara Záfia Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-008-3 Projeto gráfico: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Editoração eletrônica: Thiago Ribeiro Revisão: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Capa: Thiago Ribeiro CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros – RJ R576m Záfia, Silmara Meu segredo / Silmara Záfia. - Rio de Janeiro : APED, 2012. ISBN 978-85-8255-088-3 1. Ficção brasileira. I. Titulo. 12-9028.
CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3
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“A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.” Luís Fernando Veríssimo.
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Dedicatória
Para Isabella Corrêa Pimenta, por cada linha que você leu, por cada conselho e pelas conversas animadoras. Queria ter a metade do seu otimismo. Esse livro é para você.
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Agradecimentos
Agradeço a Deus, por atender os meus mais estranhos pedidos. Ao Jack, meu esposo maravilhoso, que me incentivou a escrever e me deu a oportunidade de conhecer o Brasil e o exterior, enriquecendo e ampliando meus conhecimentos, fazendo com que eu cada vez mais tenha ideias para escrever. Ao meu pai, por me contar suas histórias de assombração. À Zélia de Oliveira, minha editora, por aquele telefonema na manhã de domingo, por que só nós duas sabemos como é passar o final de semana trabalhando. A partir daquele momento, acreditei que o livro poderia ser publicado. A cada música da Taylor Swift, que me inspirou. Obrigada a todos os meus amigos virtuais – Bruna Brito, Gerciane Martins, Leticia Ibiapina, Anna Oliveira, Marcos Aidan (aprendi seu “nome”!), Edu Carvallaho, Fabby Macêdo, Carla Paiva, Catiele Oliveira, Aldree Renault, Karina Gomes e principalmente Isabella, por cada texto que vocês analisaram, por cada conversa positiva e pelas ideias que me sugeriram, e acima de tudo, por não me excluírem das redes sociais, pois sei que perturbo muito vocês. 9
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A Diego Miguel, meu filho único À Thaynna Azevedo, Silvania Fernandes e Bella. À minha mãe, ao Sílvio, ao Rognistone e Gisele, por acreditarem que daria certo. E, por último, e mais importante: Agradeço a todas as minhas leitoras, que me apoiaram e me defenderam, tiveram paciência comigo e me deram a maior força para publicar o livro. Queria dar a cada uma de vocês uma Pajero Full, cor preta, como a de Luiz Miguel. Mas como não posso, sintam-se agarradas por um abraço urso meu!
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Sumário
Prólogo • 17 1. Interiorana • 19 2. O Primeiro Olhar • 25 3. Encantada em Conhecê-lo • 29 4. Devaneios Soltos • 35 5. Esse Clima... • 43 6. Confissões • 53 7. Pedido • 63 8. Flagra • 77 9. Ciúmes • 95 10. “O Turista” • 101 11. Primeiro Livro de Luiz Miguel • 111 12. De Volta para Casa • 117 13. Tempestade • 125 14. Visões • 133 15. Sol • 139 16. Apenas Amigos • 147 17. Virgindade • 151 18. Um Novo Olhar • 161 19. O Homem de Costas Ocas • 175 11
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20. Dádiva • 185 21. Seguindo em Frente • 195 22. Não é Drama, é Dor • 205 23. Não é Ciúme, é Medo • 219 24. Não são Palavras, são Sentimentos • 223
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Ainda guardo na memória aquela primeira noite Minha mão estava pousada no vidro da janela do meu quarto Enquanto você acenava para mim Seu olhar meio tímido atravessando o para-brisas do carro Fazendo meu coração martelar nos ouvidos Só nós dois sabíamos Se nos amávamos, Por que acabamos desse jeito? Nos dias em que não durmo direito Lembro-me de quando precisei ficar com você, Eu tentava te convencer de que não poderíamos ficar juntos, E você me beijava enquanto o arrependimento me torturava Eram tantos muros que eu não seria capaz de quebrar Mas nunca imaginei que o veria me esquecendo Fico me lembrando de seus passos lentos atravessando a escuridão Do meu quintal, depois daquela tempestade, O cheiro fresco da chuva na grama, A batida forte de seu coração. 13
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Ainda posso sentir o calor das suas mãos Você me carregou em seu colo Enquanto eu estava despedaçada E eu te assisti dormir Enquanto resolvia o que fazer com nossas vidas Depois da única prova de amor que te dei Eu não costumava fugir no meio da noite, Mas por você, comecei a fazer esse tipo de coisas Porque eu não contava com o que viria depois Então assisto sua nova vida passar Como costumava assisti-lo sorrir para mim E sinto que você está me esquecendo Como eu sentia o calor dos seus braços Em volta de mim Não há um único dia em que não sinta falta de nossa última noite E vou continuar te observando de perto Para saber se você está bem Realmente esperando que esteja E torço para que, de vez em quando, Olhe para mim e lembre-se das vezes em que ficamos juntos Mas não sei se meu beijo foi algo que sente falta Eu poderia planejar um primeiro dia de aula Ou comprar um vestido novo Mas eu nunca planejei como reagiria Ao te ver se tornando pai Por isso, vou sentar no chão do meu quarto Escondendo-me das sombras na escuridão E vou abraçar meus próprios joelhos Pois sinto falta do seu abraço 14
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E tudo que eu não sei é se você lembrará De cada vez em que estivemos juntos Como nosso segredo ficará Para sempre na minha memória...
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Prólogo
Q
uando eu tinha quinze anos pensei que nunca fosse precisar contar essa parte da minha vida para ninguém, pois era um segredo tão intenso, tão meu e dele, que na minha imaginação, ele seria menos meu se eu compartilhasse com alguém. Ou, talvez, tivesse medo de ser julgada pelas pessoas que me cercavam, ou até mesmo condenada, da mesma maneira como condenaria alguém se eu estivesse do outro lado, se fosse eu a ouvinte dessa história. Mas acontece que desde que meus erros tornaram-se irreversíveis, não tinha mais dormido direito. Às vezes deixava a luz acesa, mas nunca foi o bastante para afastar as coisas que a escuridão da noite me trazia, como se fossem um castigo pelo que fiz. Você sabe quantas coisas podem estar escondidas nas sombras dos moveis após o cair da madrugada? Já ouviu o quão ensurdecedor é o barulho do silêncio? Não sei se sabem do que estou falando, mas ele sabia, por isso contei minha história a ele como vou tentar contar a vocês nessas páginas, com uma riqueza maior de detalhes do que quando narrei os fatos naquela noite. É tão difícil lutar contra quem você é. A batalha acontece dentro de nós, de maneira abstrata, e na medida em que não 17
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podemos usar a força física, a parte boa vai perdendo para a parte ruim, batalha após batalha, vezes seguidas, até que o mal dentro da gente tenha vencido a guerra. Elisha Carter
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1. Interiorana
– E
lisha, você tem certeza de que não quer ficar conosco? — Perguntou vovó Kate, inclinando-se para o banco traseiro para me olhar, com seus olhos acinzentados, cheios de saudade antecipada. Uma mecha do cabelo loiro, tão claro que os fios brancos nem eram notados, pendia pelo seu rosto e ela ergueu a mão para colocá-la cuidadosamente atrás da orelha. O movimento foi rápido, entretanto podia jurar que a vi apanhar uma lágrima. Um nó formou-se em minha garganta, antes de responder. Demoraria quase um ano até rever a ela e a vovô John, pais do meu pai. Respirei o mais fundo que pude e engoli a saliva, obrigando o nó a descer garganta abaixo, antes que qualquer umidade se fizesse lágrima em meus olhos. — Tenho vó. Não que eu realmente queira, mas é meu dever voltar ao nosso exílio. — Falei com uma ironia desnecessária, enquanto íamos para o aeroporto. — Meu bem, — vovô a chamou enquanto mantia o olhar na estrada — não podemos fazer essa injustiça com Angela. Elisha é tudo que ela tem. Ele era um homem de poucas palavras. Sessenta e oito anos, sete a mais que minha vó, pele clara e os poucos cabelos 19
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que restavam, alternavam entre branco e castanho, formando um cinza quase prateado. Homem de poucas palavras... Como deve ter sido meu pai... Minha vó tentou me convencer de todas as formas a cursar o colegial em Los Angeles, Califórnia. Mas eu não poderia deixar minha mãe sozinha. No interior do nordeste brasileiro, existe uma desconhecida cidadezinha chamada Sítio Novo, com a população de 5.087 habitantes. E foi lá, há dez anos, que minha mãe escolheu nos exilar do mundo, após o assassinato do meu pai. Não somos brasileiras, nascemos nos Estados Unidos, mas minha mãe fez questão de esquecer, aos poucos, o nosso idioma natal. Todo ano, nas férias da escola, eu viajava para a casa de meus avós paternos, os únicos que tenho, todavia esse ano foi diferente. Havia acabado o ensino fundamental e minha vó insistiu, pelas seis semanas que passei lá, para que eu terminasse meus estudos secundários em Los Angeles. Foi de coração partido que neguei todos seus os apelos. Eu adorava a Califórnia (apesar de só ir para lá no inverno), e detestava Sítio Novo, era o meu inferno na terra. Odiava o fato de não terem lojas dignas de uma tarde de compras, a falta de um cinema, odiava, de verdade, as fofocas de cidade pequena e, principalmente, o fato de não haver uma única pizzaria na cidade. Mas jamais me mudaria deixando a minha mãe sozinha. Então, fechei meu coração para a minha paixão californiana e entrei no avião, disse adeus aos meus avós e parti de volta ao purgatório. Após um voo longo, cheguei a Natal, capital do Rio Grande do Norte, Estado em que vivemos. Mamãe me esperava e quando passei pelos portões de desembarque, avistei-a, inquieta, no local de espera. Abriu um sorriso de um canto a outro exibindo seus dentes perfeitos. Dei a volta, passando pelas outras pessoas que aguardavam o desembarque e a abracei. Como eu sentia falta do seu cheiro. — Elisha, filha, que saudades, —disse-me segurando meu rosto com as duas mãos, olhando para cada pedacinho de mim e o 20
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canto do seu olho direito ficou úmido, intensificando ainda mais o azul celeste de seus olhos. — Parece que você cresceu ainda mais! — Para mãe, só foram algumas semanas longe e, além disso, já tenho 15 anos, nem cresço mais! — Assim espero. — Eu também estava morta de saudades! Seguimos viagem para Sítio Novo no Eco Sport bege perolado, carro este que eu não tinha permissão para dirigir até os 18 anos, enquanto a minha mãe tagarelava sobre a festa de São Sebastião, o padroeiro da cidade, que estava para acontecer. — Filha? O que você tem? – Perguntou ao me ver encolhendo. — Nada mãe! — Respondi desviando o rosto da janela do carro. — Você sempre fica assim quando passamos por esses cruzeirinhos. Ela referia-se àquelas cruzinhas que colocam nos locais onde pessoas morreram de acidente de carro. — Não é nada. Continua contando sobre as novidades. Enquanto falava, seus olhos brilhavam de alegria, até que ela chegou ao assunto que deseja me dizer. — Conheci um cara. — Disse, olhando para mim com os olhos de uma adolescente apaixonada que espera a aprovação dos pais. — Um cara? Que cara? — Um cara! O cara, por assim dizer. Filha ele é lindo, e eu acho que estou me apaixonando por ele! — Que bom, mãe, como ele é? Minha mãe continuou falando, contando todos os detalhes do tal Luiz Miguel, até que chegamos em nossa cidade. A minha casa estava do mesmo jeito. Fui direto para o meu quarto descansar, dormi cedo. Na manhã seguinte era o dia da tão esperada festa. Assim que levantei, tomei um café da manhã rápido e a campainha tocou. Fui correndo atender, pois já sabia quem era. Minha melhor amiga Silvânia Fernandes. Abraçamo-nos muito forte e depois saímos para dar uma volta e colocar a conversa em dia. 21
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Não havia amizade melhor que aquela. Fisicamente, a única coisa que tínhamos em comum era o azul dos olhos. Silvânia era morena, cabelos lisos, castanho escuro e caia levemente ondulado nas pontas, um pouco abaixo dos ombros, media menos de 1,60m de altura e todo o seu corpo estava nas proporções certas. Era incrivelmente bonito o contraste entre seus olhos claros e o cabelo escuro... Enquanto tudo que eu queria era ignorar a fita métrica que dizia que eu já beirava 1,80m. A cidade estava movimentada, a rua principal estava num trânsito quase raro de se ver. Salões de beleza improvisados nas varandas das casas funcionavam a todo vapor (literalmente), com uma demanda que superava a oferta. Os bares lotados de gente que preferia se embriagar antes mesmo da festa começar. Típico de Sítio Novo! Muita gente nova na cidade; fato que não era difícil de constatar, já que todos se conheciam e quando há “carne fresca” na área é um alvoroço. Tudo consequência da festa. Enquanto caminhávamos, eu o vi. Era loiro, olhos azuis, e tinha a altura certa para que, juntos, não parecêssemos estranho. Estava na pracinha, a poucos passos de nós, com Alisson, um garoto da minha turma. Não precisou mais do que dois segundo para que eu me lembrasse de onde o conhecia. Exatamente há um ano ele havia me paquerado, na última festa do padroeiro. Não era da cidade e, aparentemente, só a frequentava uma vez por ano. Na primeira vez que nos vimos não rolou nada, pois eu só tinha quatorze anos, e estaria morta se minha mãe desconfiasse. Encaramo-nos por um tempo e ele sorriu para mim. Podia ver em seus olhos que ele queria dizer: “Eu acho que já nos conhecemos!”... E eu estava feliz em revê-lo, sentindo as bochechas queimarem (coisa que simplesmente odiava em mim: corar feito uma interiorana). — Essa noite ela está disponível! Não desperdice a festa com outras! — Disse SilvâniaSilvânia, diretamente para o garoto, fazendo-me repensar o motivo pelo qual tinha me levado a se tornar sua amiga. — Ela é louca! — Disse para os rapazes, segurando forte no cotovelo dela e a levando para longe o mais rápido que podia. 22
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Dei uma aceno para Alisson e sorri para o garoto, porém, tenho certeza de que o sorriso saiu mais parecido com uma careta, em meio ao rosto corado. Ainda fiquei feliz por não ter tropeçado em nenhuma pedra de paralelepípedo que compunha o calçamento irregular, enquanto nos afastávamos e eu reclamava com ela. — Algumas vezes você me faz pensar que está num complô contra minha pessoa! — Resmunguei bem perto do seu ouvido, com a voz bem grave para que ela notasse o quanto irritada eu estava. — Não reclame! — Ela disse com um sorriso brincalhão, afastando a franja que pendia abaixo das sobrancelhas. — Aposto minha entrada da festa, que nessa madrugada, você não voltará para casa na companhia de tia Ângela. — O ingresso é um quilo de alimento, então guarde sua aposta para você mesma! Quase me matou de vergonha! Passei as costas da mão direita pelas duas bochechas, verificando se ainda estava corada. — Deixa de coisa! Ele adorou saber que você já está ao alcance dele! — Eu nem sei o nome dele! — Logo você vai descobrir, — ela deu-me um empurrãozinho — e só espero que sua mãe não atrapalhe nada. A minha mãe era muito autoritária, poucos meninos a agradavam. Mas eu respeitava as suas decisões, afinal ela sabia o que era melhor pra mim. Até aquele mês... O dia passou rápido, combinei com SilvâniaSilvânia que iríamos juntas para a festa, por volta das 23hs. O resto da tarde e começo da noite foram dedicados aos cuidados da beleza. Minha mãe fez o jantar (fato raro) e estava extremamente empolgada falando do Miguel Luiz, ou seria Luiz Miguel, não me lembrava exatamente. Ela o encontraria na festa, e esperava que hoje rolasse qualquer coisa entre eles. Eu lhe desejei sorte, do fundo do meu coração, e a abracei. Ela me retribui com um abraço muito forte e caloroso. — Filha, você faz tanta falta. — Te amo mãe! — Eu também te amo filha. 23
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