Degusta O Segundo Toque

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Na vida ministerial, são pastores do Centro Comunitário Cristão que se uniu em fevereiro de 2011 com mais outras três comunidades em Jundiaí-SP, dando origem a uma só congregação. São autores de diversos livros profissionais e espirituais, e enfatizam a obra Ontem, Hoje e Amanhã com Jesus onde descrevem a visão espiritual durante seus mais de vinte anos de vida pastoral. Ainda na área espiritual, são autores das obras Deus Fala Através de Sonhos; Em Busca da Verdade; Para Onde Iremos Daqui, A Marca dos Filhos e Tesouros do Maior Livro do Mundo. Acima de tudo são cristãos, servos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Atualmente trabalham em função da unidade do corpo de Cristo.

Para tanto, Deus quer que sejamos pedras vivas, lapidadas, torneadas, bem ajustadas, para serem encaixadas umas nas outras e formarmos um grande e perfeito Edifício. No processo de preparação (vivendo os mandamentos de Jesus: amor, humildade, perdão, comunhão, unidade) estaremos produzindo beleza e ouro, que vêm do próprio Jesus pela sua graça...”

O Segundo Toque

José Carlos e Márcia Marion são docentes e pesquisadores tendo exercido atividades acadêmicas na USP, PUC-SP e Faculdade de Ciências Gerencias de Jundiaí.

Enquanto aguardamos a sua volta, somos convidados pelo Espírito Santo para cooperar na construção de uma igreja gloriosa, magnífica em excelência, para que o nome de Deus Pai e do Seu Filho sejam conhecidos em toda a terra. Esta é a visão celestial para nós: fazermos com que o Corpo de Cristo, a noiva, em processo de embelezamento, torne-se adornada, reluzente, brilhante como pedras preciosas.

José Carlos Marion Márcia Maria Costa Marion

“...Não há uma visão celestial sem Casa. Nós somos o Corpo de Cristo, a igreja, através da união das pedras vivas onde Deus habita. Jesus Cristo (Emanuel) que iniciou esta Casa (sendo a pedra fundamental) é a porta da igreja. Ele é o único meio de entrar nesta Casa, de se comunicar, de ter comunhão com Deus. Esta Casa vai ser concluída por Jesus na sua volta. Jesus Cristo não virá para “pedaços” da igreja e também não virá para um harém, mas para UMA Noiva.

José Carlos Marion Márcia Maria Costa Marion

O Segundo Toque

Em O Segundo Toque, os autores falam acerca da unidade da Igreja, dos muitos preconceitos e tabus sobre este assunto, e conforme diz a bíblia: que somos “ministros da reconciliação”. A Palavra de Deus nos ensina que somos um só Corpo. Todavia, unidade não significa uniformidade, já que o Corpo tem membros com funções diferentes. Assim, os autores querem falar de unidade na diversidade e compartilhar diversas experiências sobre a unidade que se tem observado no Brasil e em todo mundo. Assim, este livro tem a finalidade de trazer à tona este tema tão relevante para a volta de Jesus e despertar as pessoas para a unidade do Corpo de Cristo, cooperando para que a oração do Senhor Jesus em João 17:21 se cumpra: Sermos um para que o mundo creia que Jesus foi enviado por Deus Pai para salvar o mundo.



O Segundo Toque



José Carlos Marion Márcia Maria Costa Marion

O Segundo Toque


Copyright © 2013 by xxxxxxxxxxxxxx Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-xxxxxxxxxxx Projeto gráfico e editoração eletrônica: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Revisão: Luiz Calcaldi e Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Capa: Thiago . Imagem: Arquivo Google

Aped - Apoio & Produção Editora Ltda. Rua Sylvio da Rocha Pollis, 201 - bl. 04 - 1106 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ - 22793-395 Tel.: (21) 2498-8483/ 9996-9067 www.apededitora.com.br aped@wnetrj.com.br


Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. Efésios 2:13-16



Apresentação

Quando eu e minha esposa tomamos a decisão de narrar nossa experiência (ainda que incipiente) com a unidade, pensamos em ajudar pessoas cristãs que sentem o peso por este chamado para a unidade, que certamente está no coração de Deus Pai. Pensamos em esclarecer este assunto (quase uma “prestação de contas”) para tantas pessoas que conhecem nosso ministério pastoral e que, por mais de 20 anos, têm nos abençoado de alguma forma. Também, em sermos transparentes, principalmente com irmãos que através do nosso ministério conheceram o evangelho, e continuam debaixo da nossa cobertura ou não, mas que têm fortes vínculos conosco. Pensamos em compartilhar diversas experiências sobre a unidade que temos observado (em alguns casos vivenciados) na comunidade que congregamos, na nossa cidade, no Brasil, em países da América do Sul e em todo mundo. Assim, este livro tem a finalidade de ajudar a “memória” deste tema que se torna tão relevante para a volta de Cristo. Pensamos em despertar irmãos que desconhecem o que tem sido divulgado por defensores da unidade do Corpo de Cristo como a “Nova Evangelização”: Sermos um para que o mundo creia que Jesus foi enviado por Deus Pai para salvar o mundo. |7


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Pensamos em esclarecer melhor a visão de um “Novo Ecumenismo” que abrange o mundo pentecostal/carismático, que insiste mais na experiência espiritual que no debate teológico. Neste livro, falamos acerca da unidade da igreja. Sabemos que este assunto, muitas vezes, requer quebrar fortalezas na nossa mente. Temos preconceitos, tabus sobre este assunto, ao mesmo tempo em que a Bíblia nos diz que somos ministros da reconciliação. A Palavra de Deus nos ensina que somos um só Corpo. Todavia, unidade não significa uniformidade, já que o Corpo tem membros com funções diferentes. Assim, queremos falar de unidade na diversidade. Creio que isto nos ajuda a preparar nossos corações sobre o assunto. É importante lembrar que Cristo purifica a igreja com a lavagem da água, a palavra, para nos apresentar a si mesmo como igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga ou qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Efésios 5:26,27). Por outro lado, de maneira alguma queremos teologizar este assunto. Não temos pretensão alguma em sermos mestres neste assunto e defender linhas teológicas, doutrinas e estratégias sobre a unidade. Sabemos, sim, que Deus tem levantado doutores sobre este tema que estão ministrando com muita graça e sabedoria e que, parafraseando a Bíblia, não somos dignos de desatar-lhes as correias das sandálias. Neste modesto livro, dividimos o assunto em quatro partes: Na primeira parte, (Capítulos 1 a 3) falamos sobre nossa opinião e nosso ministério em relação à unidade. Na segunda parte, (Capítulos 4 a 6) abordamos os prejuízos da divisão e as primeiras tentativas de unidade. Na terceira parte, (Capítulos 7 a 9) descrevemos alguns exemplos de unidade e as tentativas da mesma entre os evangélicos e entre evangélicos com católicos. Finalmente, na quarta parte, (Capítulos 10 a 12) tratamos da necessidade da unidade com judeus messiânicos, o esforço da Igreja Católica em busca da mesma e uma proposta de visão para a unidade. Como anexos, incluímos mensagens resumidas de alguns embaixadores da Unidade.


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Agradecemos às pessoas maravilhosas que nos abençoaram grandemente para que este trabalho se tornasse realidade. Por mais de oito anos caminhamos juntos com um grupo homens de Deus que amam a unidade e que conseguiram, com a unção do Espírito Santo, transformar quatro comunidades cristãs em uma. Assim, agradeço a eles que muito me ensinaram: Francisco Vanderlinde, Renato Aparecido Silva, Tadeu Lança, Maurício Barbosa, Élcio Barbosa, Galdino Cruz, Arnaldo Marion, Jamê Nobre, Tony Felício, Abnério Cabral, Paulo Manzini, José Laurindo Pinto e Harold Walker. Também, por mais de três anos, os irmãos do ENCRISTUS (Encontro de Cristãos em Busca da Unidade e Santidade), que nos ensinaram a amar e discernir o Corpo de Cristo no ecumenismo espiritual. Somos profundamente agradecidos ao Pr. Jamê Nobre — Comunidade Cristã Missionária (Jundiaí-SP), ao Reinaldo B. dos Reis — Renovação Carismática Católica (Sorocaba-SP), ao Pe. Marcial Maçaneiro, scj — Assessor da CNBB Brasília (Taubaté-SP), à Iete Aleixo — Comunidade Bom Pastor (Rio de Janeiro-RJ), à Ângela De Bellis — Comunidade de Jesus (Rio de Janeiro-RJ), ao Pr. Rui Luís Rodrigues — Comunidade Carisma (Osasco-SP), ao Izaías de Souza Carneiro — Comunidade Coração Novo (Rio de Janeiro-RJ), ao Dom Francisco Biasin — Presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e membro do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso (um organismo do Vaticano), atualmente Bispo da Barra do Piraí (Volta Redonda-RJ), ao Pedro Arruda — Comunidade Católica e ao Pr. Álvaro Pauluci — Comunidade Carisma (Osasco-SP). No âmbito internacional, não poderíamos deixar de citar grandes homens de Deus que também têm nos ensinado a grandeza da unidade da igreja, como: Federico Palácios (Córdoba, Argentina); Tony Sanches (Kansas City — EUA); Pastor Jorge Himitian (Igreja Cristã da Argentina); Prof. Matteo Calisi (fundador da Comunidade de Jesus, Bari, Italia), Rev. Prof. Pe. Timothy Greemeens (Igreja Ortoxa Albaneza Santa Maria, Worcester,


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MA, EUA); Rev. Dr. Giovanni Traettino (pastor, bispo, presidente da Igreja Evangélica da Reconciliação, Nápoles, Itália); Benjamin Berger (judeu messiânico da Congregação do Cordeiro em Monte Sião, Jerusalém, Israel); Rev. Dr. Norberto Saraco (pastor da Igreja Boas Novas e reitor da Fiet — Instituto Teológico em Buenos Aires); Pe. Ezequiel Faria (Missão Católica de Nazaré, Benguela, Angola); Pastor Bruno Ierulo (pastor da Cach the Fire e Unidos em Cristo, Toronto, Canadá); Arcebispo Sean Larkin (Igreja Anglicana, Woking, Inglaterra) e Bispo Tony Palmer (Anglicano, Assis, Itália). Também ao Pr. Luiz Roberto Cascaldi, que cuidou da revisão deste livro e contribuiu com a pesquisa e a transcrição de alguns textos que gravei para ganhar tempo. Os Autores


Sumário

Apresentação.......................................................................7 Parte I Nosso Ministério, Nossa Visão.................................13 1. Para Que Hora Você Nasceu?........................................ 15 2. Conversão para a Unidade: o “Segundo Toque”.......... 29 3. O Ministério de Consertar Redes e a Unidade.............. 43 Parte II Os Prejuízos da Divisão e as Tentativas para a Unidade.........................................................61 4. As Três Coisas que Mais Abominamos na Igreja............63 5. A História da Igreja e Sua Principal Mácula................... 75 6. As Tentativas de Unidade no Século XX.........................99 Parte III Algumas Unidade sem Funcionamento................121 7. Alguns Exemplos de Unidade...................................... 123 8. A Busca da Unidade no Meio Evangélico.....................141 9. A Busca de Unidade com os Católicos.........................159 | 11


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Parte IV Unidade, Olhando para o Futuro.........................177 10. A Busca de Unidade entre a Igreja e Israel................179 11. Iniciativas da Igreja Católica em Busca da Unidade...201 12. Considerações sobre o Pensamento de uma Visão para a Unidade...........................................................221 Anexo 1 Alguns Avanços Significativos na Busca da Unidade...................................................239 Anexo 2 Sobre o Encristus.................................................257 Apêndice Informações Relevantes neste Livro..................267 Bibliografia.......................................................................279


Parte I

Nosso Ministério, Nossa Visão

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1. Para Que Hora Você Nasceu?

O propósito de Deus para cada um de nós A Bíblia é o único livro que responde as quatro perguntas que mais intrigam o ser humano: 1. Quem sou eu? 2. O que estou fazendo aqui (por que vim a este mundo)? 3. De onde eu vim? 4. Para onde eu vou (depois da morte)? Algumas destas respostas, entre outros textos, encontramos no livro de Efésios, Capítulo 1. Para nós, que cremos em um Deus soberano, criador de todas as coisas, creio que a pergunta que mais nos incomoda neste momento é a segunda: Qual é o propósito de Deus para minha vida? Por que eu nasci? Qual é o meu dom (carisma)? O que Deus quer de mim? Estou no centro da vontade de Deus? O apóstolo Paulo diz em Gálatas 1:15,16 que ele foi separado desde o ventre de sua mãe e que aprouve a Deus ser chamado pela Sua graça, para revelar seu filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios. Este foi seu chamado específico e, ainda que por um tempo estivesse distante deste propósito, de uma maneira sobrenatural assumiu seu chamado, pois, para isto, ele nasceu. Em João 12:27 Jesus disse: Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai salva-me desta hora? Mas para isto | 15


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vim a esta hora. Poderíamos dizer que Jesus veio para muitas coisas: falar do seu reino, falar do Pai, curar, libertar, ensinar o amor e a graça, demonstrar o poder de Deus, profetizar, anunciar o final dos tempos etc. Mas todos estes atributos são secundários perto da razão específica da encarnação de Cristo. Ele veio primordialmente para cumprir um propósito, para um momento específico: morrer na cruz. Entendemos que cada um de nós tem um objetivo específico para estar neste mundo. No plano espiritual nascemos para louvar e glorificar a Deus, para sermos santos, para sermos filhos por adoção, para conhecermos o mistério da vontade de Deus (que é Cristo) e participarmos do mistério de Cristo (que é a Igreja). Neste contexto louvamos, adoramos, evangelizamos, praticamos os dons do Espírito Santo, temos comunhão etc., ou seja, vivemos nossa vida cristã. Porém, diante deste quadro maravilhoso, entendemos que existe uma razão mais específica para estarmos neste mundo. Provavelmente existe um chamado único para cada um de nós. Não que estes exemplos a seguir sejam de Deus, mas observamos pessoas que dizem que nasceram para dar a sua vida por uma causa, por um ideal, entre eles: o comunismo, o nazismo, os camicases (suicidas japoneses na segunda guerra), alguns radicais muçulmanos etc. No plano cristão, encontramos missionários (principalmente os da igreja perseguida) que deram (ou estão prontos para dar) a vida por amor a Cristo. Encontramos mártires, mas, também, muitas vezes no anonimato, pessoas que abriram mão de tudo para trabalhar em favor do evangelho, do amor, da paternidade, do serviço a Deus.

Como glorificar a Deus Pai Imagine uma pessoa num leito de morte e a família reunida atenta às suas últimas palavras. O que ele teria a dizer? Penso que ele falaria de sua vida, suas conquistas, sua vitórias, mas


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também de seus sonhos que não puderam ser realizados na sua passagem pela terra. Assim foi com Jesus em João 17, um capítulo da sua despedida antes de ir para sua paixão. Duas coisas parecem que se destacam nesta última manifestação antes do caminho para o calvário: a) prestação de contas; b) um sonho que ainda se realizará. O sonho de Jesus, o qual ele pede insistentemente ao Pai, é que haja unidade na igreja que ele está fundando. Os versos 11, 21, 22 e 23 contemplam a súplica de Jesus para que sejamos um, assim como ele e o Pai são um. Ele “sonha” com seu Corpo unido para que o mundo creia nele como o enviado de Deus. Por diversas vezes faremos referências a estes versículos neste livro. Por outro lado, Jesus faz uma “prestação de contas” ao Pai, como por exemplo, nos versículos 4, 6, 8, 12, 14 e 26. Em tudo, Jesus fez o que o Pai lhe pediu. Ele foi a maior expressão da vontade do Pai que já pisou nesta Terra. No verso 4, porém, ele resume como glorificou (prestou culto, homenageou, honrou) o Pai: Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer. No verso seguinte, Jesus pede que, depois de glorificar o Pai, ele seja glorificado pelo Pai. Não creio que o propósito de Deus seja diferente para conosco. Ele quer ser glorificado por cada um de nós que O conhecemos como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviou, através da consumação da obra que Ele nos confiou. Qual é a obra que Ele nos confiou? Obra, aqui, pode ter um sentido plural, coletivo ou específico. Todavia, será que na nossa obra está incluso o sonho de Jesus? Será que somos chamados como participantes da consumação deste clamor de Jesus?


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Nosso chamado Em nossa vida pastoral, fomos instrumentos de salvação, de discipulado de vidas (se muitas ou poucas, Deus sabe), da prática do amor, da divulgação da Palavra. Foram mais de 20 anos de atividades intensas, quase sem descanso, com bastante sacrifício, mas muito gratificante. Todavia, numa reunião em 2010 com um pequeno grupo de pessoas de várias denominações em busca da unidade, inspirado pela palavra do Pr. Rui Luis Rodrigues da Comunidade Carisma (Osasco/SP), tivemos a convicção de que para aquele momento (ou para aquela causa) havíamos nascido. Nascemos para estar ali com aqueles irmãos, debaixo de uma unção muito forte, para dedicar nossa vida em favor do preparo da Noiva gloriosa para a volta de Jesus. Para estar naquela sala, naquele dia, naquela hora, viemos ao mundo. Isto não invalida nada do que foi feito em nome de Deus, mas o cerne, o propósito maior (e se fosse o único teria valido a pena) era aquele momento. Entendi que começava a fazer parte de uma geração que se chamará de “pais da geração curada” que vai num fluxo contrário ao maior pecado da igreja hoje, pecado este originado por Satanás diante de Deus: a divisão. Creio que, quase sempre, a descoberta do propósito precípuo de se ter nascido começa, assim como Jesus descreve, num momento de “alma perturbada”, de angústia, de insatisfação. Você percebe que está fazendo muita coisa útil, dando frutos, mas, num sentido metafórico, está agindo como Marta (Lucas 10:38-42) que não escolheu a melhor parte, não escolheu aquilo que é necessário e que não nos será tirado. Neste caso, as coisas são feitas porque precisam ser feitas, mas não trazem o êxtase necessário daquilo que é o centro da vontade de Deus. Outro aspecto é que estar no centro do chamado (razão de estar neste mundo), ainda que traga alegria indescritível ao nosso espírito, não significa que não trará sofrimentos, lutas,


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frustrações, dores profundas. A diferença é que há tanta convicção no nosso coração, que a palavra “dúvida” desaparece das nossas vidas. Jesus foi para a via-crúcis, uma morte cruel, com todos os requintes de torturas, abandono total, desprezo, humilhações, as piores ofensas. Porém, para aquela hora, ele veio ao mundo, dizendo ao Pai: Abba Pai, tudo te é possível; passe de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero e, sim, o que tu queres (Marcos 14:36). Quando revelamos a prioridade deste propósito, começamos a enfrentar reações extremas e inimagináveis. No caso de Jesus, seus discípulos queriam impedir o propósito da sua morte na cruz. Embora nada se compare a Jesus, quando ficou claro que nosso propósito de unidade não era apenas entre evangélicos, mas também com católicos carismáticos, tivemos algumas situações difíceis. Por exemplo, duas comunidades no sertão nordestino (Paraíba) que dávamos cobertura e, em parte, sustento, acabaram se desligando de nós. Entenderam que a rivalidade entre evangélicos e católicos no nordeste (sobretudo no sertão) era muito forte e eles queriam se resguardar. Entendemos isto, porém, ainda traz muita dor. Muitos boatos e maledicências surgiram a nosso respeito, como se tivéssemos abandonado a fé. Líderes que nós consagramos (até mesmo um casal de pastores) desligaram-se de nós. Convites para ministrações em outras comunidades foram se esvaziando, pois nossa ênfase passou a ser a unidade. Havia uma sensação de abandono e muitas coisas mudaram em nossas vidas. Até mesmo no plano espiritual, aquilo que chamamos de perseguição maligna acentuou-se e passamos por crises que nunca havíamos experimentado antes. Só o Espírito Santo dá sabedoria para passar por estas oposições.

É bom estar no centro da vontade de Deus Outro aspecto importante foi identificar quem estaria ao nosso lado ou que teria o mesmo chamado que nós. No caso de


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Jesus, quanto mais ele revelava a razão da sua vinda a este mundo, menos adeptos ele tinha. Apenas um discípulo estava na crucificação; houve traição, negação e abandono. Mas não havia problema para Jesus, pois ele estava no centro da vontade de Deus. Quando tive direção deste chamado, sabia que ele só teria significado se houvesse aderência plena de minha esposa. Novamente, o Espírito Santo agiu considerando a causa para a qual fomos chamados. Numa primeira reunião de unidade que a convidei, ela foi, aparentemente com má vontade. Todavia, nesta reunião (encontro) de três dias (de sexta à noite até domingo na hora do almoço), constrangida pela presença do Espírito Santo, ela chorou os três dias e, o que é mais maravilhoso, ela recebeu uma cura no Corpo de Cristo, como veremos no Capítulo 9. Não bastasse tudo isto, ela tornou-se uma grande parceira neste propósito (é claro que este chamado é para o casal). Deus deu a ela o dom de conhecer e ter muita facilidade em diversas línguas. Como este ministério requer relacionamento com irmãos de outras línguas, ela tem sido não só minha interlocutora, como também de outros irmãos. Além disso, Deus tem dado muita graça para ela contribuir neste propósito. Por outro lado, este fato aconteceu quando meu quarto filho, o caçula, estava deixando nossa casa para trabalhar em outra cidade (e casando-se, um tempo depois). A experiência tem mostrado casos de separação de casais quando acontece a “síndrome do ninho vazio”, quando os filhos, razão maior do casal vão embora, casam-se. Parece que, neste momento, o casamento perde o sentido. O casamento continua forte quando o casal tem um propósito (uma missão) de Deus para cumprir. Quando a nossa casa ficou vazia, vimos que o Senhor tinha para nós algo muito grandioso para executarmos juntos: trabalhar em favor da unidade.


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