Degusta Weigon Estrander

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Vagner Penna

No planeta chamado Atrion, em um sistema solar próximo ao nosso, Seikan, o rei das forças ocultas e da magia negra, travava uma batalha com a Tríade pelo domínio total do planeta. Sabe-se que a Tríade nasceu da união dos últimos povos livres: as gárgulas, ainans e homens. Juntos, formavam um exército jamais visto, mas Seikan possui os óbis, monstros gigantescos com força descomunal que devastavam a Tríade nas batalhas, enfraquecendo-os a cada confronto.

Vagner Penna é o pseudônimo de Vagner da Silva Penna. Nasceu em Suzano, interior de São Paulo, em 1978. Conheceu a literatura desde muito cedo, sempre adorou histórias de ficção, terror e principalmente contos medievais com cavaleiros, espadas e boas batalhas pelo bem. Casado e pai de Isabelli, é formado em Ciências Biológicas, e atualmente trabalha como funcionário público na cidade de Poá, onde também reside. Agora lança o seu primeiro livro.

Vagner Penna O grupo enfrentou os manaias e com extrema bravura conseguiu destruir todos que os atacaram, sobrando apenas alguns que fugiram. Como um todo, a missão foi considerada um sucesso, pois a fonte de soldados de Seikan havia secado apesar da espada não ter sido recuperada. ldelai olhou para seus amigos ainans e em silêncio cravou sua espada no chão às margens das nascentes que agora só possuíam águas cristalinas e transparentes como qualquer outra nascente de Atrion... ...O grupo cansado reuniu forças e partiu, neles residia a última esperança de Atrion e de todo povo livre do Planeta.

Quando não havia mais esperança para os bons, algo indescritível aconteceu. Mesmo com todo o seu poder, Seikan foi derrotado misteriosamente e banido para as terras mortas. Assim, a Tríade se desfez, e cada espécie seguiu seu rumo. Agora, livres da ameaça das trevas do norte. O senhor da escuridão permaneceu inerte em sua prisão, sem muros, por vários séculos, e a paz reinou em toda Atrion. As antigas guerras passaram a ser esquecidas sendo contadas somente como lendas e histórias para assustar as crianças, mas, após vários séculos, Seikan se reergueu e juntamente com seus bruxos e guerreiros formaram um imenso exército – muito mais cruel do que outrora. Restando somente um reino a ser conquistado, a esperança deste recaiu sobre uma espada confeccionada com o metal de um meteorito negro com poderes inimagináveis. A espada foi perdida após uma batalha, caindo nas mãos de soldados de Seikan, ocasionando a morte do pai de Weigon Estrander, que deu a sua vida para proteger a espada. Assim foi formada a nova Tríade e com ela a Sociedade da Espada Negra, que teria a maior das missões: recuperar a espada antes que caísse nas mãos de Seikan.


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Copyright © 2012 by Vagner Penna Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-98792-xx-xx Projeto gráfico e editoração eletrônica: Aped - Apoio e Produção Editora Ltda. Revisão: Isabelle Vitorino Capa: Zélia de Oliveira Imagem: Arquivo Google CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros – RJ

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A cada passo que dávamos não importando para onde, éramos obrigados a caminhar sobre os corpos de nossos companheiros. Nunca mais esquecerei aquele inferno ao qual tenho que retornar dia após dia. (Eda capitã do reino Leste)

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Agradeรงo a minha esposa Danielle, por estar sempre ao meu lado, por acreditar em mim e ter me dado uma filha maravilhosa, nossa linda Isabelli. Agradeรงo a Deus, por tudo de bom que aconteceu e acontece em minha vida.

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Sumário

Weigon Estrander e a Sociedade da Espada Negra...................................11 Prólogo.........................................................................................................................13 Forjando a Espada Negra......................................................................................25 O Escolhido da Espada...........................................................................................33 Primeiros Combates no Reino da Floresta.................................................. 39 A Jornada para o Reino Leste............................................................................. 47 A Formação da Nova Tríade e o Roubo da Espada.....................................61 A Sociedade da Espada Negra............................................................................. 81 Os Trigêmeos das Sombras....................................................................................91 O Vale das Fêmeas Manaias.................................................................................99 A Chegada do Grande Exército de Seikan..................................................107 O Chamado da Espada............................................................................................ 113 Ruhtra Salguod, Rei das Gárgulas................................................................117 O Confronto com Seikan.................................................................................... 125 A Batalha Final.......................................................................................................129 Epílogo........................................................................................................................ 135

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Weigon Estrander e a Sociedade da Espada Negra

Atrion era um Planeta que no seu passado havia tido paz e prosperidade, suas dimensões territoriais eram cinco vezes maiores do que a Terra e era repleto de vida. Em uma época medieval onde magia era a maior arma de poucos e o homem o seu maior inimigo, o malévolo Seikan, rei supremo da escuridão pretendia conquistar e estender o seu reino de trevas por toda Atrion. Um único reino ainda não havia se curvado aos pés de Seikan. Em uma única espada, a esperança de liberdade de todo um planeta. Em um único jovem, o poder interior para empunhar e controlar está incrível espada.

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Prólogo

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s batalhas mais sangrentas entre o bem e o mal no planeta Atrion deram início no ano místico de duzentos e trinta com o surgimento dos óbis, monstros gigantescos de pele acinzentada e com uma força descomunal. Eles devastavam os exércitos de vários reinos juntamente com os alabaks e manaias, duas outras espécies de demônios das trevas nascidos para o mal. Esses monstros não demonstravam muita inteligência, eles eram controlados totalmente por Seikan, rei do Reino Ocidental que se alto proclamava rei da escuridão, outrora um grande mago conhecedor da magia negra e ocultismos de Atrion. E, assim, os reinos foram caindo um a um, milhares de seres, de incontáveis espécies, foram mortos por Seikan. Os reinos mais fortes, os dos humanos, lutaram bravamente, mas era uma luta desigual e injusta tamanha a força e o poder de Seikan. A carnificina, reino após reino, aumentava o poder e os domínios do Rei da Escuridão. Separados, esses reinos eram fracos, não tinham chance contra o imenso poder das hordas sanguinárias de óbis, manaias e alabaks. Um único rei, talvez o último dos bravos guerreiros, formou uma aliança jamais realizada antes em toda Atrion, seu nome era Elleinade Bassai. Elleinade juntou em um único exér13


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cito homens, gárgulas e ainans, três povos que nunca haviam lutado juntos e nem se gostavam, mas que para a sobrevivência de suas espécies tiveram de colocar suas diferenças de lado formando assim a Tríade. Muitos outros povos também se uniram a Tríade como os elfos, ninfas e outros seres. Juntos a Tríade eles selecionaram seus dez melhores guerreiros para uma missão que poderia ser a ultima esperança dos bons. Enquanto os soldados da Tríade preparavam-se para travar uma batalha épica jamais travada antes, os dez guerreiros liderados por Amaru, general da décima terceira legião do Reino Leste invadia o castelo de Seikan que era fortemente vigiado. A missão deles era assassinar as fêmeas dos manaias responsáveis pela produção em massa de guerreiros, que já nasciam prontos para guerra, elas davam à luz sempre a gêmeos, uma fêmea e um macho, as fêmeas não precisavam ser fecundadas para reproduzirem-se e por este motivo Seikan possuía um exército ilimitado que crescia a cada dia. A missão dos dez cavaleiros da Tríade era parar com a produção de manaias, mas como entrar em um reduto protegido por milhares de guerreiros sedentos por sangue? O grupo teve a ajuda de uma das últimas ninfas do clã de Meliades, a única que já havia escapado das masmorras do castelo de Seikan antes que ele conseguisse o seu objetivo — usurpar os filhos que a ninfa carregava em seu ventre — e ele tinha planos de transformá-los em seus discípulos, pois sabia a força do clã de Meliades. A ninfa mostrou uma rota segura por entre túneis que cortavam as terras mortas e terminavam dentro dos subterrâneos do castelo negro que era a fortaleza de Seikan. Quando Enila, a ninfa Meliades, conseguiu fugir do castelo ela estava com poucas semanas de gestação, mas agora em seu retorno já prestes a dar à luz, as dificuldades aumentavam, mas Enila era uma extraordinária guerreira. — Você está bem? Podemos continuar Enila? — Perguntou Amaru, o líder da missão. — Sim, estou bem. — Começou. — Embora o peso de minha barriga seja grande levarei vocês até o fim! — Respondeu. 14


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O grupo continuou caminhando pelos túneis escuros, guiados apenas pela luz das tochas incandescentes, todos sabiam que essa era uma missão só de ida, pois uma vez dentro do castelo de Seikan dificilmente conseguiriam sair. Ao mesmo tempo em que o grupo liderado por Amaru invadia sorrateiramente os domínios de Seikan, a Tríade deslocava o seu imenso exército pelas terras devastadas pela guerra em direção ao Reino Leste, um dos únicos ainda estruturados para resistir a Seikan, onde as batalhas aconteciam em praticamente todos os cantos do planeta. O grupo liderado por Amaru aproximou-se da entrada secreta do castelo negro. — É por aqui Amaru, é só abrirmos essa porta velha e estaremos dentro das masmorras de Seikan! — Disse a ninfa. Abriu então a velha porta de madeira, com dificuldade, e um a um eles entraram. Enila, a ninfa, caminhava pesadamente, com dores que dificultavam sobremaneira seus movimentos! Amaru, porém, percebeu e disse: — Enila, sua missão termina por aqui. Por favor, retorne e salve-se! Enila arregalou os olhos, insegura e indecisa, e dirigiu um olhar suplicante para Amaru;ainda assim, esforçou-se para disfarçar sua emoções, e fingiu estar segura de si, emprestando um tom firme e enérgico à sua voz : — Não! Irei até o final! Eu quero que Seikan saiba que eu fiz parte da destruição de seu exército!...” Ela era uma ninfa de extrema bravura — comum em todas de seu clã — com habilidades invejadas até por Seikan e mesmo prestes a dar à luz não deixava de ser importante para o grupo já reduzido para esta missão tão importante. — Tudo bem, mas tome cuidado, afinal está grávida e prestes a dar à luz. — Falou. Assim eles continuaram e passaram por entre os calabouços do castelo de Seikan. Estranharam o silêncio absoluto que imperava por detrás das úmidas e escuras celas que em outrora estavam cheias de prisioneiros e agora vazias. 15


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Enila com espanto contou para o grupo que quando fugiu haviam milhares de prisioneiros ali e que eles eram torturados o tempo todo. O grupo não entendeu o acontecido, mas continuou a missão rumo às fêmeas manaias. Ao passarem por um grande fosso, eles sentiram um cheiro insuportável de carne em decomposição e assim descobriram o paradeiro dos prisioneiros, ali, achavam-se milhares de corpos jogados uns em cima dos outros em um imenso fosso cheio de ratos e todo tipo de insetos que se possa imaginar, uma cena horrível. — Seikan matou todos os prisioneiros! — Exclamou Enila assustada. Amaru e seus guerreiros ficaram apreensivos e chocados com o que seus olhos os fizeram presenciar. Neste momento até os mais experientes guerreiros surpreenderam-se com tamanha brutalidade. — Devemos continuar! — Disse Amaru. — Vamos! Acabaremos com isso hoje! Eles prosseguiram por aquele local escuro e assustador e após algum tempo chegaram ao local onde pensavam estar as fêmeas manaias. O local estava fortemente protegido por alabaks, uma raça de demônio com rostos e corpos castigados pelas deformações causadas pelas chagas, com olhos negros vazios de sentimento e pele pálida. Iniciou-se o confronto. Os alabaks estavam em número três vezes maior que o grupo de Amaru. Enila mesmo grávida e prestes a dar à luz, derrubou vários alabaks com suas flechas certeiras, Amaru e seu grupo composto por homens, gárgulas e ainans lutaram bravamente e um a um os alabaks caíram ao chão até não restar mais nenhum com vida. — Deve ser aqui que as fêmeas estão. Caso contrário este local não estaria tão protegido. — Comentou o grupo exausto após o término do confronto. Em seguida arrombaram a grande porta, mas ao entrarem descobriram que a sala gigantesca estava vazia, não havia ninguém, somente um imenso espelho de cerca de trinta metros de altura, muito largo e com a parte superior 16


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arredondada como se fosse uma porta. Em toda sua extensão havia escritas muito antigas e em uma língua não conhecida pelo grupo, já exaustos e sem atingir o objetivo, aproximaram-se do imenso objeto imponente e Enila tentou ler a estranha escrita. — Essa escrita possui uma semelhança com a dos Meliades só que é muito mais antiga, contudo, mesmo assim consigo entender algumas partes. — Falou. — Está escrito: “O portal de Kebek encurtará a viagem dos que por ele passarem”. — O que isso quer dizer Enila? — Perguntou Amaru. — Eu não sei, existem muitas outras palavras que não fazem sentido algum para mim. — Em nosso reino existem algumas lendas muito antigas sobre o portal de Kebek, uma dessas lendas fala que ele leva os que por ele passarem a qualquer lugar, encurtando assim a viagem de dias para segundos. — Falou uma das gárgulas do grupo. — Amaru, provavelmente as fêmeas dos manaias nunca estiveram aqui. Elas devem estar há quilômetros desse local. Resta agora descobrir como atravessar esse portal. Ele pediu para que Enila continuasse lendo as escritas do portal. Após algum tempo ela descobriu que o estranho objeto era uma passagem de ida e volta. Ela encostou sua mão na lateral do portal e levou um susto com o mesmo, pois o portal que parecia um grande espelho modificou-se para aparência de um espelho d’água. — O que está acontecendo? — Perguntou Amaru. — Parece que o portal está se abrindo. Alguma coisa está vindo por ele, preparem-se. De uma única vez atravessaram seis manaias que foram rapidamente abatidos, exceto um que foi imobilizado pelo grupo. — Como fazemos para atravessar o portal? Diga-nos agora! — Exigiu Amaru para o manaia. O manaia recusou-se a dizer qualquer coisa, por isso Enila cravou uma flecha no peito dele fazendo o sangue esguichar para todos os lados matando-o na mesma hora. — Eu descobri como atravessar, ele já não tinha mais utilidade. — Disse sem mostrar nenhuma piedade. 17


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A ninfa deixava transparecer um ódio jamais visto pelo grupo de guerreiros, pois ela havia sido prisioneira do exército de Seikan e sabia como era a crueldade do mesmo. — É só repetir essas palavras que estão escritas aqui embaixo do portal e ele irá se abrir. — Explicou.— Arbak ed arof anap ortened atimrep ahnim megassap. — Leu em voz alta para todos. Na língua Meliades significa: Abra de fora para dentro e permita minha passagem. O portal transformou-se novamente em um espelho d’água, preocupado, Amaru pediu que todos ficassem atentos ao atravessarem o portal. Ao atravessarem todos saíram em um grande vale com uma lagoa de águas tão lindas como um pôr do sol se não fossem as centenas de manaias fêmeas, algumas prestes a dar à luz e outras tantas em trabalho de parto, o local pareceria um paraíso. Contudo, naquele lugar a produção dos demônios era em massa. Amaru e seus companheiros partiram para cima das manaias e começaram a lutar, por sorte não havia no local muitos manaias machos, já que Seikan havia deslocado todo seu exército para o campo de batalha para lutar com a Tríade. Mas eles sabiam que as fêmeas eram extremamente violentas e ágeis, se o grupo de Amaru não fosse composto pelos melhores entre os melhores da Tríade provavelmente estariam todos mortos. Amaru e Enila mataram várias manaias grávidas sem piedade, pois as mesmas e seus filhos eram animais sedentos de ódio e não pensariam duas vezes em matar o inimigo. Os poucos machos foram derrotados e no final da batalha todos os manaias estavam mortos. No grupo de Amaru duas baixas foram sofridas, uma gárgula e um ainan, restando assim apenas oito guerreiros. Seikan que estava no campo de batalha sentiu que algo havia acontecido em seus domínios e deslocou-se juntamente com um grande contingente de alabaks rumo ao seu castelo. Amaru, Enila e os guerreiros da Tríade após cumprirem sua missão começaram a planejar a retirada. 18


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— Amaru, nossa missão está feita e já podemos ir embora agora. Voltaremos pelo portal para o castelo de Seikan, mas temos que ser rápidos, pois logo ele perceberá o que aconteceu e contra ele não teremos chance. Próximo ao campo de batalha Seikan levantou o braço esquerdo e convocou um duarem, uma espécie de dragão demônio. O duarem saiu de trás das nuvens escuras e pousou em frente a Seikan que o montou e ordenou para que partissem para o castelo. Seus contingentes de alabaks o seguiram por terra montados em erbas, uma espécie de felino com unhas e dentes muito afiados, mas sem nenhum pelo no corpo, uma criatura horrível. Amaru e seu grupo entraram no portal e dentro dele perceberam que não seria tão fácil sair como havia sido para entrar, eles depararam-se com inúmeras saídas. O grupo perguntou para Amaru o que fariam. Ele pensou se entrariam em qualquer um dos portais ou se tentariam achar o portal certo. — O que você acha Enila? Consegue achar o portal certo? — Perguntou Amaru. — Irei tentar, mas vai demorar um pouco e eu não sei quanto tempo temos até Seikan nos encontrar. Eles demoraram muito tempo e nada de achar o portal certo. Seikan se aproximou do castelo e deu ordem para que os seus alabaks vasculhassem tudo. Amaru e seus companheiros decidiram escolher um dos portais para atravessá-lo mesmo sem saber onde ele os levaria. Eles atravessaram e perceberam que não saíram na grande sala por onde chegaram, mas que ainda estavam dentro do castelo de Seikan. Seikan imediatamente sentiu a presença de Enila e se dirigiu para o local onde ela estava. Enila ao atravessar começou a passar mal e caiu no chão, ela estava sentindo fortes contrações e percebeu que a hora de seus filhos nascerem estava próxima. Amaru carregou Enila em seu colo apressado e temendo o pior, pois se Seikan os encontrassem nenhum deles sairia vivo. 19


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Seikan passou pela sala do portal de Kebek e deparou-se com seus alabaks mortos, fato que o deixou extremamente nervoso. Amaru e seu grupo já estavam nos calabouços do castelo, enquanto Seikan continuava no encalço dos invasores. Enila ficou pior e sua bolsa rompeu. Amaru então percebeu que teria que fazer o parto das crianças e por isso parou em um canto protegido do calabouço. — Continue Amaru. Vá sem mim! — Disse Enila. — Eu só vou atrapalhar vocês, salvem-se. — Não te deixaremos para trás. Ficaremos com você aqui e lutaremos! — Falou Amaru. A ninfa sentia as dores do parto cada vez mais forte e Amaru vendo aquela situação resolveu fazer o parto, pois, caso contrário, morreriam ela e os bebês. — Força Enila. O primeiro já está saindo. Vai empurra com força. Vai! — Dói muito. Eu não estou aguentando mais tanta dor! — Reclamou. — Aaaaaaaaiiiiiiiii... — O primeiro já saiu. Vamos, continue a fazer força. Enila continuava mesmo sem aguentar a dor, seu corpo já todo encharcado de suor fervia mesmo estando em um calabouço tão úmido e frio como aquele. O segundo filho nasceu e Amaru percebeu que já sendo raros dois ninfos Meliades ela ainda tinha mais um em seu ventre. — Você irá ter mais um, são três no total. Minha amiga, força. Ele também já está nascendo. Enquanto Amaru terminava o parto da ninfa, os outros dois ninfos eram limpos pelo grupo e colocados em uma manta improvisada com a capa de um ainan. Eles perceberam que as crianças eram do sexo masculino e informam Enila. — Seus filhos são lindos. — Você teve três lindos filhos. — Falou Amaru após o nascimento do terceiro filho. — Muito obrigado Amaru por ter feito o parto de meus filhos. 20


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Ao final tudo correu bem e as três crianças e sua mãe estavam vivos, mas Seikan se aproximava. Um dos guerreiros da Tríade correu em direção à Amaru e comunicou que Seikan e seu exército de alabaks estavam chegando. Enila disse a Amaru que sua hora havia chegado e que seu tempo havia terminado. — Eu ficarei e atrasarei Seikan. Amaru proteja os meus filhos, ele não pode pegá-los, pois ele tem planos maléficos para eles. — Eu não irei. Lutarei ao seu lado até o fim. — Rebateu. Ele pediu que duas gárgulas — por serem mais rápidos — fugissem com os bebês e os protegessem. — Nossa missão foi cumprida. Ficaremos aqui e os atrasaremos. O restante do grupo concordou em ficar. Amaru Enila e os cinco guerreiros que restaram se preparam para o combate, enquanto as duas gárgulas fugiram com os bebês Meliades. Eles sempre souberam que a missão era sem volta, mas eles aceitaram os riscos para salvar os seus reinos. Seikan se aproximou com seus alabaks e foi recebido com flechas, vários deles caíram mortos, entretanto eles estavam em maior número. Seikan atingiu com sua espada Amaru que caiu por conta do golpe, Enila correu para ajudá-lo e apesar de estar toda ensanguentada e ainda sentindo muita dor derrubou vários alabaks, mas o seu grupo estava em número muito menor. Seikan se aproximou de Enila e a sombra de sua armadura negra escureceu todo o ambiente. — Vocês podem ter destruído a fonte do meu exército, mas no final eu venci e você não verá o amanhecer novamente. — Disse ao levantar a sua espada. Ele deferiu o golpe fatal na ninfa, mas antes que sua lâmina a atingisse mortalmente, Amaru em seu último sopro de vida entrou na frente da lâmina e recebeu o golpe fatal dele. Amaru caiu abraçado com Enila. Contudo, Seikan deferiu um chute que o jogou longe e com sua mão direita ergueu a ninfa pelo pescoço e a aproximou do seu elmo. Ela viu seus olhos de 21


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fogo enquanto ele cravava sua espada em seu peito e esperava os seus últimos sopros de vida. O grupo todo de Amaru foi derrotado e morto, por isso Seikan ordenou que seu exército atacasse a Tríade com todo seu contingente. A Tríade não conseguiu chegar ao Reino Leste e foi surpreendida nos domínios das gárgulas. O grande exército de Seikan partiu para a batalha, manaias, alabaks e óbis sedentos por sangue correram em direção à formação de defesa que havia sido feita às pressas e que facilmente foi rompida pelos gigantes óbis. Eles estavam localizados na floresta de árvores gigantes quando Seikan surgiu com imensos óbis e todo seu contingente de manaias. O exército da Tríade possuía um contingente grande, mas Seikan encontrava-se em vantagem, pois cada óbis possuía a força de mais de cinquenta pessoas. A batalha iniciou-se e os gigantes destruíram tudo que encontraram no caminho, com seus imensos tacapes eles arrebentaram tudo. A floresta estava em chamas e a Tríade já estava quase derrotada, por isso os três reis se desesperaram vendo o fim tão próximo. E quando tudo parecia estar terminado um objeto estranho cruzou os céus de Atrion e ao que parecia tinha alguma ligação com os gigantescos óbis, pois os mesmos começaram a cair, alguns deles tentaram, mas não conseguiram fugir. E sendo assim, todos se transformaram em pedra. A Tríade percebeu a oportunidade e gastou suas últimas forças atacando, já que sem os gigantes o exército de Seikan não era mais tão forte. Os poucos manaias que restaram fugiram e Seikan estava derrotado. Ele foi banido para as terras mortas do extremo sul do planeta, um local onde nenhum tipo de magia ou poder poderia ser utilizado e permaneceu lá.

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