Degusta Horizontes Vocação

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amiga, e por quem acaba mostrando-se sentimentalmente envolvida. A dúvida sobre a origem de suas visões e qual o verdadeiro sentido que elas possuem voltam a atormentá-la. Sem imaginar o tipo de risco que seu novo amigo está correndo, e ainda preocupada com Clarisse, Ana Clara tentará, mais uma vez, evitar que o destino seja cruel com aqueles que lhe são caros.

Ana Clara continua às voltas com suas visões de assassinatos, mas desta vez o protagonista de seus tormentos é um homem elegante e envolvente chamado Eduardo, apresentado por sua melhor amiga, Clarisse. Depois de muito tempo com o coração endurecido e mergulhado em solidão, sente-se tocada pelo jeito especial de Eduardo, o que lhe deixa ainda mais angustiada pela certeza do perigo. Incapaz de imaginar que o assassino de seus pais está tão próximo, o perigo continua rondando a si e aos seus amigos, em uma espécie de sinistro ensaio para a morte. ?

“Zaconi olhava para sua vítima com frieza. Nada em seu ser sinalizava um mínimo de compaixão... Tratava-se apenas de mais um lucrativo e prazeroso negócio...”

Roberto Laaf é graduado em licenciatura em Ciências. É um carioca apaixonado por literatura. 978-85-910326-1-7

Autor das obras: Virgo – A Era dos Homens e o Emocionante Épico Histórico Demetrius – Um coração Grego

9 788591 032617

As ações de Ana Clara para proteger sua melhor amiga mostraram-se desastrosas, colocando-a em uma situação de risco que jamais poderia imaginar. Contudo, ela conseguiu influenciar em seu destino e, pela primeira vez, suas visões não anteciparam a morte de alguém. Sentindo-se responsável por tudo o que aconteceu à amiga, Ana Clara empenhou-se para que ela pudesse superar o trauma, cuidando para que nada lhe faltasse e agindo de forma inesperada para que pudesse, inclusive, manter seu emprego na clínica veterinária. Agora é a vez de Ana Clara receber ajuda de Clarisse, que, imaginando ser possível entender e curar as terríveis visões que atormentam sua amiga, apresenta-lhe um homem influente que talvez possa, de alguma forma, ajudá-la a desvendar o mistério com suas premonições. No entanto, as coisas não seguem o rumo esperado e Ana Clara surpreende-se ao ter visões com o novo conhecido que lhe foi apresentado pela




Roberto Laaf 2011


Todos os direitos reservados ao autor

Biblioteca Nacional – EDA Registro Nº: 474.442 ISBN 978-85-910326-1-7 Revisão de texto: Bramasole Editora Ltda. e Cássia Pires Editoração eletrônica: Aped - Apoio e Produção Ltda. CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

L11h v.2 Laaf, Roberto, 1968Horizontes : vocação / Roberto Laaf. - Rio de Janeiro : R. Laaf, 2011. (Horizontes ; 2) ISBN 978-85-910326-1-7 1. Romance brasileiro. I. Título. II. Título: Vocação. III. Série. 11-2838.

18.05.11

CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3 23.05.11

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Dedicatória

Para Raquel, minha filha amada, com o desejo de que ela cresça com a mesma força de espírito da personagem Ana Clara.



Agradecimentos

Quero agradecer uma vez mais, e sempre, à minha esposa Rita, pela inesgotável paciência durante os longos momentos de ausência que se fizeram necessários para a conclusão desta obra; e pelo contínuo incentivo para que eu prossiga firme em meus projetos literários. À Monique Calian, minha adorada assessora, que tem sido incansável com seu apoio durante toda a extenuante campanha de divulgação. Aos meus associados Bruno Menezes e Vinícius Souza, que acreditaram e tanto colaboraram para tornar real o início da campanha. Ao querido amigo Marcos Campos Dias, pela presença constante; por sua dedicação e demonstração de amizade incondicional nos momentos mais críticos durante a produção dos booktrailers. À queridíssima cantora e compositora Vivian Ruano, pela criação da maravilhosa música tema “Minhas Premonições” para o primeiro livro da trilogia. E também agradeço a todos os amigos que apoiaram o meu trabalho de forma direta ou indireta, pois o apoio destes tem sido um alento durante o exaustivo processo de criação e produção de Horizontes Novel.



Capítulo 1

A cobertura do edifício Golden Green, na Avenida Sernambetiba, possui uma das vistas mais privilegiadas da Barra da Tijuca, bairro nobre na cidade do Rio de Janeiro. Para o político Luís Araújo Cavallin, candidato ao Senado pelo partido conservador de direita nas eleições que estavam para acontecer em pouco mais de dois meses, contemplar o moroso pôr do sol de sua suntuosa cobertura era um prazer incomparável. Momento de reflexão no qual se permitia levar por sonhos milionários que seriam impensáveis, até mesmo para os políticos mais corruptos, era naquele lugar que Cavallin costumava traçar os planos que lhe permitiam tornar suas fantasias em realidade. A realização de seu mais recente sonho, porém, dependia exclusivamente de que fosse eleito senador nas eleições vindouras. Sua rede de contatos e influência dentro do governo era enorme, e, por mais incrível que isso pudesse parecer, havia se mostrado um fator negativo durante as últimas semanas, após o vazamento de algumas informações a respeito de empréstimos que teria recebido para sua campanha política. De alguma forma, descobriram que uma parte considerável desses empréstimos era proveniente do comércio ilegal de armas militares e do narcotráfico internacional. A campanha de Cavallin sofreu um duro golpe depois que a imprensa divulgou diversas notas sobre os rumores que lhe cercavam, e a última pesquisa de intenção de votos mostrara-se assustadora, colocando-o em segundo lugar na preferência da população.


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A situação já estava bem complicada para Cavallin, mas ficou ainda pior depois que um de seus informantes, dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), lhe avisou que um agente havia sido designado para acompanhar cada um de seus movimentos há várias semanas. Com efeito, as manobras realizadas por Cavallin colocavam em risco a segurança nacional! Tal como fogo em mato seco, a informação se espalhou com incrível velocidade até chegar a todos que o conheciam. A maior parte de seus contatos em todos os campos de atuação passou a ignorar suas tentativas de comunicação, temendo que o novo agente em sua cola rastreasse cada uma de suas ramificações escusas. Cavallin sentia-se cada vez mais isolado ao perceber que seus movimentos estavam ficando limitados. Desejando colocar um fim naquela situação e na perseguição que, supostamente, começara há algumas semanas, ou, ao menos, atrasá-la o quanto fosse possível, Cavallin abriu mão de contemplar o belo final de tarde a partir de sua cobertura e saiu por volta das cinco horas da tarde para se encontrar com um de seus contatos especiais no World Cyber Center, o maior cyber café da América Latina, e que ficava apenas a alguns quarteirões de sua residência. Cavallin elegera aquele lugar como ponto de encontro ideal para estar com o tipo de pessoa que encontraria em alguns instantes, justamente por se tratar de um ambiente amplo e bem movimentado. Logo que chegou ao cyber café, dirigiu-se ao balcão para pegar o cartão magnético que lhe daria acesso ao box que havia reservado. Os boxes do World Cyber Center eram bem confortáveis, com espaço suficiente para três pessoas.


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Contavam com revestimento especial para proteção acústica, evitando que tudo o que fosse falado em seu interior pudesse ser escutado do lado de fora ou nos boxes adjacentes. Normalmente, eram usados para pequenas reuniões ou apresentações de slides que necessitavam de computador. Além disso, toda a estrutura do cyber possuía suporte para conectividade wireless, permitindo, dessa forma, que algumas pessoas levassem seus próprios computadores portáteis. Assim, sequer precisariam instalar seus aplicativos ou abrir seus documentos pessoais no computador do cyber. Ao introduzir o cartão magnético para abrir a porta do boxe, Cavallin viu uma luz verde acender no painel e a porta automática correu para o lado permitindo-lhe que entrasse. Ele olhou dentro do pequeno espaço que reservara para a próxima hora e ficou satisfeito. Como sempre, cheirava a novo, e tudo estava arrumado em seu devido lugar com impecável precisão. Sentou na confortável cadeira diante da tela de LCD widescreen e olhou para seu relógio. Ainda tinha alguns minutos antes que seu contato chegasse. Na bancada, havia um console com alguns botões para controle do boxe, como fechar a porta, chamar atendente, regular a intensidade do ar-condicionado, luminosidade interna, entre outros. Depois de pressionar o botão que fechava a porta, inseriu o mesmo cartão que utilizou para entrar no boxe em um local apropriado no console, fazendo com que a tela do monitor se acendesse ao mesmo tempo em que o teclado de silicone com teclas translúcidas e luminosas também se acendesse. Cavallin abriu o aplicativo de navegação na Internet e acessou a página de um dos principais jornais do país. Ficou ali por um bom tempo, impaciente, olhando para o relógio entre uma reportagem e outra, àquela altura, achando que seu contato não apareceria. Mas, no exato momento em que encerrou sua conexão com a Internet, três batidas no vidro chamaram sua atenção. Era seu contato, a espera havia terminado.


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— Pensei que não tivesse recebido minha mensagem. Já estava achando que você não apareceria — disse Cavallin, ao abrir a porta do boxe com certa irritação para que seu contato entrasse. Era Zaconi, um assassino de aluguel que, no passado, havia eliminado um investigador particular a pedido de Cavallin. Zaconi passou pela divisória do boxe e sentou ao lado do político sem demonstrar qualquer emoção por suas primeiras palavras. — O que estou fazendo aqui? — o assassino perguntou, sério, com sua intimidadora voz rouca. — Espero que as ferramentas de trabalho que lhe forneci no ano passado tenham sido a altura de suas habilidades — Cavallin comentou, como que insinuando a Zaconi que ele lhe devia um favor. Zaconi fez uma expressão de impaciente. Detestava ficar de conversa com seus clientes. Sua preferência era manter o foco no objetivo. Percebendo o desinteresse de Zaconi em dialogar, Cavallin foi ao ponto: — Tenho um serviço para você. Coisa pequena, nada muito complicado. — Qual é o tipo de serviço? — Trata-se de uma consultoria para uma agência do governo no setor de inteligência. — Ótimo, estava mesmo precisando de um bom emprego. Pelo que está me dizendo, o salário não pode ser menos do que quatro mil reais — comentou Zaconi, insinuando que a morte que seria encomendada, de alguém do governo, não sairia por menos de 40 mil reais. O valor nas negociações entre os dois era sempre combinado dessa forma, ou seja, cada mil reais estipulado na verdade equivalia a dez mil reais. O político se remexeu na cadeira, incomodado com aquela observação.


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— Pelo que eu soube, o salário é de dois mil reais. É melhor não criar grandes expectativas — advertiu Cavallin, de sua parte, deixando claro que pagaria apenas 20 mil pela morte que pretendia encomendar. Zaconi não moveu um músculo sequer em seu rosto. Permaneceu sério, apenas encarando seu interlocutor. — Aqui, nesta pasta — Cavallin colocou uma valise preta sobre a bancada —, estão as instruções necessárias para você fazer uma boa entrevista. Zaconi abriu a valise e pegou uma pasta de cartolina dentro dela. Ele notou que também havia uma boa quantidade de dinheiro, provavelmente o adiantamento correspondente à metade do valor sugerido por Cavallin, como era praxe em seus negócios. Leu algumas informações a respeito da vítima, memorizou seu endereço e logo em seguida colocou a pasta de cartolina de volta, dentro da valise. — Não estou interessado no trabalho. Cavallin ficou estupefato com aquela reação. — Como é que é? Como assim, não está interessado? — Cavallin indagou, tomado de surpresa. Zaconi se levantou. — Escute aqui, Zaconi, eu não tenho tempo para isso, não farei leilão para esse tipo de serviço. Quando você precisou de mim, eu te ajudei, agora estou querendo que aceite esse emprego e estaremos quites. — Abra a porta, não temos mais nada a discutir. — Zaconi, preste atenção, não pense que não tenho outra pessoa para a vaga. Sei que está precisando de dinheiro e se você perder essa oportunidade, garanto que não terá outra chance. — Você tem muita imaginação. Agora, deixe-me sair antes que eu perca minha pouca paciência — ameaçou Zaconi, com uma expressão de enfado misturado à raiva.


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Com a mão fechada, Cavallin bateu com força no botão que abria a porta automática do boxe, demonstrando estar bastante irritado com a recusa de Zaconi em pegar o serviço que precisava resolver com a maior urgência. Apesar do clima fresco dentro do boxe, com temperatura mantida a 21 graus, Cavallin suava como se estivesse sob um sol abrasador. Estava extremamente nervoso. Notou que sua mão tremia ao pegar o telefone celular no bolso de sua jaqueta. Precisava resolver aquele assunto urgentemente. Não esperava que Zaconi fosse recusar sua proposta. Pegou seu telefone celular e ligou para a única pessoa que poderia substituir Zaconi em uma tarefa daquelas, seu contato de intermédio com o narcotráfico colombiano, Juan Pablo Muñoz. Após quatro toques, uma voz de sotaque castelhano atendeu: — Pablito? — Cavallin perguntou. — Si, senhor Araújo. Buenas tardes. O que desejas? — Preciso de sua ajuda para limpar meu quintal. — Estou voltando para a Colômbia na próxima sextafeira. Não creio que possa ajudá-lo nesse momento. — Eu tenho tudo o que você precisa para fazer esse trabalho amanhã à noite. Se me ajudar com isso, garanto que será muito bem recompensado. O colombiano ficou em silêncio, considerando a proposta de Cavallin. — Pablito? — Tudo bem. Amanhã à noite farei essa limpeza para você. Podemos nos encontrar durante o dia para acertarmos os detalhes?


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— Certamente. Amanhã ligarei para você indicando o local e o horário de nosso encontro. Depois de encerrar a ligação, Cavallin recostou-se na cadeira e suspirou, aliviado. Pablito era um assassino tão bom quanto Zaconi, senão melhor. Com toda certeza daria conta do recado. Mataria aquele agente do governo sem pestanejar. Depois disso, até que se reorganizassem para lhe perseguir novamente, já estaria eleito e com seus planos em andamento. A única questão incômoda naquilo tudo era saber que ficaria em débito com Pablito, não importando a quantia que lhe pagasse para assassinar o agente do governo. Ele sabia que, no futuro, isso lhe seria cobrado de outra maneira, mas não havia alternativa. Zaconi falhara com ele em um momento que não podia falhar. Cuidaria disso em outra oportunidade; naquele momento, o importante era que as coisas se resolvessem.


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