c) Quem – sempre em referência a pessoas ou coisas personificadas – só se emprega precedido de preposição, e exerce as seguintes funções sintáticas: Ali vai o professor a quem ofereci o livro (objeto indireto). Apresento-te o amigo a quem hospedei no verão passado (objeto direto). Não conheci o professor a quem te referes (complemento relativo). As companhias com quem andas são péssimas (adjunto adverbial). O amigo por quem fomos enganados desapareceu (agente da passiva).
d) Cujo(s), cuja(s) – precedidos ou não de preposição – valem sempre do qual, da qual, dos quais, das quais (caso em que a preposição de tem sentido de posse) e funcionam como adjunto adnominal do substantivo seguinte com o qual concordam em gênero e número. O sintagma a que cujo pertence exercerá a função que determinar sua relação com o núcleo verbal. Assim, cuja casa é objeto direto de comprei e sobre cuja matéria é complemento relativo de discutíamos: O homem cuja casa comprei embarcou ontem (= a casa do qual). Terminei o livro sobre cuja matéria tanto discutíamos (= sobre a matéria do qual). Observação: Erros no emprego de cujo. Constitui erro empregar cujo: a) como sinônimo de o qual, a qual, os quais, as quais: Aqui está o livro cujo livro compramos (= o qual); b) precedido ou seguido de artigo: Este é o autor à cuja obra te referiste (Não há acento indicativo da crase). Compramos os livros de cujos os autores nos esquecemos.
Emprego de relativos – Em lugar de em que, de que, a que, nas referências a lugar, empregam-se, respectivamente, onde, donde, aonde (que funcionam como adjunto adverbial ou complemento relativo): O colégio onde estudas é excelente. A cidade donde vens tem fama de ter bom clima. A praia aonde te diriges parece perigosa.
Modernamente, os gramáticos têm tentado evitar o uso indiscriminado de onde e aonde, reservando o primeiro para a ideia de repouso e o segundo para a de movimento: O lugar onde estudas... O lugar aonde vais...
Esta lição da gramática tende a ser cada vez mais respeitada na língua escrita contemporânea, embora não sejam poucos os exemplos em contrário, entre escritores brasileiros e portugueses. e) O qual – e flexões que concordam em gênero e número com o antecedente – substitui que e dá à expressão mais ênfase. Para maior vigor ou clareza pode-se até repetir o antecedente depois de o qual: “O primeiro senhor de Ormuz de que temos notícia foi Male-Caez, o qual, habitando na ilha de Caez, dominava todas as ilhas daquele estreito” [AH.2, 54]. Ao livro ninguém fez referência, o qual livro merece a maior consideração, no meu entender.