Asfalto Zine
São Paulo - Brasil
Edição 02
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Relatos de Cidade: Mobilidade é o segundo estudo da nossa plataforma Cidades Imateriais. Neste estudo, queríamos falar de deslocamentos, mas sob um ponto de vista específico, procurando explorar dimensões que os envolvem e os ultrapassam. Por isso, partimos de uma pergunta: como a forma que nos deslocamos influencia a nossa relação e conexão com a cidade? Para nos aproximar deste tema partindo de outros pontos de vista, convidamos 10 pessoas/coletivos para emprestar seus olhares e suas histórias durante os deslocamentos por São Paulo. Entregamos para cada uma delas uma máquina analógica para que tirassem fotos. Nós também tiramos as nossas fotos para viver a experiência e integrar o nosso olhar ao estudo da mesma maneira. A ideia de recuperar a máquina analógica surgiu por conta da experiência que ela proporciona: é preciso lidar com a surpresa da revelação que, por sua vez, acaba fazendo com que você preste mais atenção no instante, nos lugares, nas escolhas. Como Bárbara Copque nos ensina, a fotografia provoca “a intensificação do ato de olhar dos envolvidos, animando narrativas visuais e relatos verbais” e estas mesmas fotografias “fazem suas próprias perguntas e, como uma interlocutora, faz-nos falar”. Essa interlocução provocada pela fotografia foi experimentada na segunda etapa da jornada: quando revelamos as fotos e mostramos individualmente para cada um. A cada revelação, quando olhávamos as fotos antes da pessoa que as havia tirado, era automático o processo de atribuir sentidos, tentar adivinhar o que se tentava mostrar... mas nada substituía a história
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que havia por trás de cada foto, histórias particulares, um amálgama entre lugar, subjetivo e coletivo. Além das conversas individuais, também reunimos todos, com as fotos em mãos, para provocar esta mesma experiência de olhares cruzados. Neste processo, fragmentos de cidade foram se revelando, ao mesmo tempo em que a diversidade da cidade transparecia na diversidade de olhares e de histórias. A cidade que vemos e vivemos é um recorte que carrega em si um quê de cidade, mas também um quê da gente. Não enxergamos a cidade, em sua totalidade, mas somente relatos de cidade, os nossos e os de quem estamos dispostos a ouvir e experimentar. Imersos nos relatos de cidade, os deslocamentos e os modais mostraramse como molduras do olhar e também das experiências de cidade que vivemos em nosso dia-a-dia, podendo ser pequenas e restritas, mas também largas e livres. A nossa relação com a cidade varia no tempo, mas sobretudo no espaço que preenche os nossos deslocamentos. Quanto menos tempo, menos cidade; quanto mais espaço, mais cidade. O sentido de cidade em cada um também é função do espaço com o qual cada um se relaciona durante os deslocamentos. Nas próximas páginas, convidamos vocês a se deslocarem pela cidade através das histórias e das fotos de cada um que participou do processo... e ao final, compartilhamos com vocês os aprendizados que tiramos de toda essa jornada. Por isso, distanciem-se, deixemse levar pelo olhar e pelas histórias, e descubram, neste deslocar, outras possibilidades de São Paulo.
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“A cidade são as pessoas, eu reparo nelas, quando eu estou no ônibus eu sinto que faço parte de um todo. Imagino que eu e todas aquelas pessoas temos algo em comum, e nosso caminho de fato se encontra em algum ponto. Eu me permito conhecer pessoas no ônibus, dar boa noite, bom dia; se eu pego um ônibus todo dia no mesmo horário eu acabo tendo uma relação com aquelas pessoas, que não é uma relação de amizade, mas é uma relação de convivência. No ônibus estou mais aberto e no carro estou mais contemplativo, me isolo mais, e não faço parte daquilo que está lá fora.”
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“Andar à pé é a melhor forma de me conectar com a cidade e comigo mesma. Eu comecei a andar à pé depois de ser super viciada em carro e precisar inverter a minha vivência na cidade, e foi muito louco porque eu descobri uma cidade completamente diferente do que eu conhecia, cheia de detalhes, desenhos e frases. Antes, de carro, era isso: ir de um ponto ao outro eliminando tudo que tem no meio do caminho, realmente eu não conhecia a cidade, entrava de uma garagem na outra, de um estacionamento para outro e não vivia absolutamente nada do espaço público.”
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“Somos urbanos em tudo, gostamos da cidade à noite, existe conexão entre os prédios, as ruas, as pessoas, o caos, o barulho, e tudo isso está em volta, e esse é um dos motivos de não andarmos de carro, não nos conectamos com a frente, olhamos em volta, para cima, para os lados, e a bike é ótima para isso. Além de ser meio de transporte, é lazer, a gente chama de teletransporte, porque você não fica preso a um lugar, você fica mais aberto para o que a rua te proporciona. O caminho é sempre diferente, nunca é o mesmo, você pode ir parando, diminuindo ou alongando o caminho.”
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“Moramos na Grande São Paulo, e depois que começamos a vir mais para cá parece que a mente expandiu, as pessoas que moram aqui não dão o valor para a grandeza dessa cidade, tem tudo aqui, aqui é o mundo! Mas falta senso de comunidade, as pessoas não sentem que o espaço público é o espaço delas. A ênfase está na violência, todo mundo acha que a rua é um lugar perigoso. Se as pessoas começarem a sair elas vão ver que não é assim, e quanto mais elas saírem, menos violento será. Essa diversidade só pode ser vivida nessa loucura, você vê gente pedindo dinheiro, fazendo arte no meio da rua, e viver isso te faz sentir vivo, acompanhando.”
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“Tem uma coisa mágica aqui, essa cidade é bem menos dura do que parece, eu sempre fui de ficar nos mesmos lugares, mas hoje, andando mais à pé, eu percebo mais a cidade, eu a descubro mais. É um movimento recente, mas hoje eu circulo mais, eu fui expandindo, comecei a ir mais para o centro, e outros locais, e você vai aumentando o seu espaço na cidade. Fui descobrindo muitos pedaços, bibocas e me sinto livre para circular, e grande parte desse meu redescobrimento foi quando me livrei do carro e saí da bolha, porque na bolha você vive o trânsito, e então você descobre que não precisava fazer daquele jeito e que tem muita coisa para descobrir por aí.”
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“São Paulo é uma ilusão, não entrega o que promete, ela estimula a individualização, não entendeu o coletivo... Você vê as pessoas no trem lotado, olhando para a Marginal parada e pensando que é melhor estar lá, no seu carro parado do que imaginar um transporte público e coletivo de melhor qualidade. O caminho é muito importante, tanto para observar o que está acontecendo quanto o caminho em si. Quem mora na periferia tem uma outra relação com o tempo, por exemplo, se eu falo que um lugar fica a 50 minutos daqui, vocês vão pensar: nossa esse lugar é muito longe! Eu já penso: esse lugar é aqui do lado, então eu vou!”
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“São Paulo é fria, é concreto, é caótica. Mas é nesse caos que eu encontro um tempo para mim, é nesse momento dentro do carro, parada no trânsito que eu reflito e penso em mim. Pensando bem , me relaciono pouco com São Paulo fora do carro, mesmo quando vou a um parque, vou de carro, acho que me tornei dependente, mesmo odiando dirigir, acho que sou muito otimista, e transformei essa experiência ruim em algo positivo para mim.”
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“É uma cidade de contrastes, né? É como a minha vida, antes eu morava na Grande São Paulo, e tinha uma relação ruim, de obrigação com essa cidade, demorava 2 horas para ir e voltar, era só problema. Hoje moro em uma região central, faço coisas à pé, de carro e no dia-a-dia de ônibus, ainda estou criando uma relação com a cidade, as coisas são mais misturadas, mais diversas, e eu observo isso e acho muito bonito. Vejo muita coisa da janela do ônibus, é nesse momento que observo a cidade, e também é o momento que tiro para mim, para refletir nesse caos, é como se eu parasse, mas estou em movimento. ”
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“A cidade é o que percebo, o que me chama atenção, o que vejo, muita gente olha mas não vê, e é esse meu apelo. Estamos bombardeados por muitas informações e temos dificuldade de entender qual é a pauta, o que é tema, o que é importante, o que é relevante. Nos meus deslocamentos vejo a cidade se transformar, há muita semelhança, mas muita desigualdade também, e quando você amplia esse parâmetro, você começa a perceber o que é original, o que tem de identidade e vai se sentindo pertencente, onde você pertence, e como você pertence ao mundo.”
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“Para mim, a ideia de cidade, é uma cidade na escala humana com uma relação de proximidade. A bicicleta casa perfeitamente com essa relação: primeiro por conta da questão da cidade lenta, lenta no aspecto da relação mais franca e direta que temos com tudo, com comércio local, com as pessoas, com os problemas da cidade, com os cheiros, velocidade, acho que essa questão é muito inata e muito simbólica da bicicleta. A relação que se constrói com a cidade à partir dela é muito bonita, muito holística, você está muito mais aberto aos acasos, às surpresas da cidade, boas e negativas e consegue vê-la com menos preconceito, mais democrática.”
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O processo do Relatos de Cidade: Mobilidade mostrou-se bastante reflexivo. A cada história, a cada conversa, a cada fotografia revelada, escolhas iam se evidenciando, assim como a descoberta de como a nossa individualidade pode ser ao mesmo tempo libertadora ou nos aprisionar, dependendo das nossas escolhas de deslocamento. Podemos nos fechar em nós mesmos, ou nos abrir para as possibilidades e para o inesperado. O caminho pode sim importar e não ser apenas uma ligação entre um ponto a outro. Para muitos foi como que colocar a sua visão de cidade no divã e perceber como a cidade que se enxerga se mistura com o seu próprio eu e com o seu estilo de vida. Se, por um lado, vivemos em um paradigma de mobilidade que visa organizar os corpos e favorecer o tempo. Por outro lado, parece haver possibilidades de criação, possibilidades libertadoras em meio a tal lógica. Do ponto de vista do citadino, este comportamento estereotipado não é regra. A subjetividade faz-se presente, desenha enunciados, percursos, encontra brechas. Táticas contrariam esta pretensa ordem de controle dos corpos e trajetos, lugares brotam nos percursos, inundados por memórias e histórias. Modais que permitem maiores liberdades de espaço abrem maior habitabilidade, encontros. Nesta jornada, percebemos que trajetos, percursos e deslocamentos são verdadeiras janelas para se falar da cidade vivida e em processo. Descobrimos também que falar destes três elementos é também falar de espaços públicos e de como nos relacionamos e experienciamos estes espaços das cidades.
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Aqui, vale abrirmos um parênteses para falar um pouquinho sobre estes espaços em São Paulo, usando como referência a antropóloga Teresa Caldeira. Primeiro, queríamos pedir um minuto de silêncio, pois minha gente, é um massacre, um verdadeiro massacre do espaço público o que vem acontecendo em São Paulo, e na maior parte das cidades latinoamericanas, ao longo do século XX. Reflexo da segregação social que também se inscreve no espaço e que é uma marca do nosso processo de urbanização: foram pelo menos 3 ciclos de urbanização na cidade de São Paulo no século XX e o último deles, que vem se configurando desde a década de 1980, é marcado pela instauração dos enclaves fortificados, ou seja, “espaços privatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer e trabalho”, como nos ensina Teresa Caldeira. Neste processo, importantes atividades que se davam nas ruas e espaços públicos passaram a ser feitas em lugares fechados e marcados por vigilância e controle. A rua foi sendo estigmatizada, concepção ainda vigente e reforçada por um discurso midiático pautado nessa noção de violência inscrita no espaço. Esse processo tem consequências profundas para o padrão de circulação na cidade, pois os enclaves fragmentam o espaço público e mudam completamente a interação com ele. Trata-se de um lugar para se passar e não para se permanecer, um lugar de ir e não de estar. Assim, como aponta Caldeira “a ideia de sair para um passeio a pé, de passar naturalmente por estranhos, o ato de passear em meio a uma multidão de pessoas anônimas, que simboliza a experiência moderna da cidade, estão comprometidos
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numa cidade de muros. As pessoas se sentem restringidas em seus movimentos, assustadas e controladas; saem menos à noite, andam menos pelas ruas, e evitam ‘zonas proibidas’ que só fazem crescer no mapa mental de qualquer morador da cidade. Os encontros no espaço público se tornaram a cada dia mais tensos, até violentos, porque tem como referência os estereótipos e medos das pessoas. Tensão, separação, discriminação e suspeição são as novas marcas da vida pública”. A mobilidade, em uma cidade de muros, é então organizada e pensada para favorecer o tempo, e não o espaço, deve-se permanecer pouco nesse espaço perigoso que é a rua. Deve-se ir rápido, pegar o caminho mais curto, de preferência caminhos sem faróis. Desta forma, as estruturas parecem sempre impor uma condição de passageiro e não de viajante, onde o caminho nunca importa, o que importa é ir de um ponto a outro, o que mina a nossa forma de se relacionar com a cidade, porque, para muitos, os momentos de deslocamentos são os únicos onde poderiam se relacionar com a diversidade que a cidade oferece.
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No entanto, quando tiramos o olhar desses processos estruturantes e olhamos para o citadino, imerso nessa noção e nesse discurso, também percebemos que há possibilidades de escolha, de quebra de paradigma no próprio dia a dia. Apesar das imposições da estrutura e de uma concepção homogênea que tenta apagar a diversidade e exorcizar a rua, vemos que ainda há esperança, e que, mesmo com todas essas barreiras, muitos circulantes encontram espaços para criar, observar e se conectar. Na diversidade dos convites que fizemos no Relatos de Cidade: Mobilidade, pudemos encontrar muitos circulantes, verdadeiros exploradores urbanos, que utilizam o seu dia a dia, os seus deslocamentos para mudar o próprio paradigma de cidade que enxergam. Percebemos também como o modal irá restringir ou libertar essas relações. Nos diferentes relatos e histórias, ficou evidente que quanto maior o ganho de tempo e velocidade, menor a relação com o espaço público e, por consequência, uma relação mais enfraquecida com a cidade. No lado oposto, vimos que, modais que oferecem maior liberdade e maior interação com o espaço oferecem também uma maior interação com o espaço público e, como consequência, uma conexão maior com a cidade.
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Quando vistos de perto, estes deslocamentos que tem maior relação com a cidade, são verdadeiras práticas narrativas, que dotam de significado o espaço, encontram nele novos usos da rua e novas possibilidades de circulação. Esses deslocamentos preenchidos com mais espaço e mais tempo dotam o espaço homogêneo com diversidade, uma diversidade somente apreensível para seus praticantes. Essas práticas narrativas e táticas do cotidiano deveriam ser tidas como um repositório de inspiração para quem pensa e desenha a rua, pois são nelas que se podem encontrar os desejos, o que se está por vir, as inovações. O que não cabe nas nossas categorias explicativas não deve ser exorcizado, pois é na diversidade e no conflito que existe matéria prima para se pensar o novo e repensar o atual, de forma colaborativa. São eles que de alguma forma hackeiam todos os constrangimentos das estruturas e no conflito, enxergam possibilidades. Desta forma, a jornada do Relatos de Cidade: Mobilidade evidenciou para nós a importância das escolhas de deslocamento e como essas escolhas influenciam o tipo de cidade que você vê e se relaciona. E, mais do que isso, os modais que ganham espaço e perdem tempo são formas de intervenção urbana. Deslocar-se é movimento, mas também é um ato simbólico, é uma forma de habitar o mundo. Quanto mais se privilegia o espaço e menos o tempo, essa intervenção se potencializa, como é o caso extremo do caminhar, o modal que confere o maior privilégio ao espaço no lugar do tempo.
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Francesco Careri irá falar que “o caminhar, mesmo não sendo a construção física de um espaço, implica uma transformação do lugar e dos seus significados. A presença física do homem num espaço não mapeado – e o variar das percepções que dá ele recebe ao atravessá-lo – é uma forma de transformação da paisagem que, embora não deixe sinais tangíveis, modifica culturalmente o significado do espaço e, consequentemente, o espaço em si, transformando-o em lugar. O caminhar produz lugares. (...) O caminhar (...) é ato perceptivo e ato criativo, que ao mesmo tempo é leitura e escrita do território”. Esta jornada também nos ensinou um segundo aspecto sobre as escolhas que fazemos em nossos deslocamentos: estas escolhas são também escolhas políticas. Isso porque, nestes deslocamentos que favorecem o espaço e não o tempo é maior também a noção de coletividade, pois estas formas de nos deslocarmos irão também possibilitar o encontro com a diversidade e com o diferente. Neste sentido, o grau de restrições e constrangimentos do modal influenciam também em como você lida e enxerga essa diversidade.
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As formas de deslocamentos que privilegiam o espaço são atos políticos por desmascararem o discurso midiático do medo e da insegurança, ocupar as ruas através dos deslocamentos é dotálas de maior segurança e não o contrário. Estas formas, em seus percursos, acabam por ressuscitar o que ainda há de espaço público nas ruas. Por isso, concordamos com Francesco Careri quando ele diz que “quem perde tempo ganha espaço”, e acrescentaríamos: trata-se de um ganho de espaço público, ou seja, um espaço dotado de sentido compartilhado, de diversidade e de conflitos necessários.
espaço Maior interação com o espaço público
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tempo menor interação com o espaço público.
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Autores que nos inspiraram nesta edição: • Teresa Pires do Rio Caldeira em “Cidades de Muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo” • Michel De Certeau em “A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer” • Francesco Careri em “Walkscapes: o caminhar como prática estética” • Bárbara Copque em “Fotografa: expor (e se expor). A utilização da fotografia no contexto da pesquisa etnográfica”
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Agradecemos aos participantes que relataram suas histórias e documentaram seus olhares, percursos e deslocamentos através das fotos nas páginas dessa publicação: Marcos Paulo, Leticia Sabino, Bia Ferrer & Marlos Barros, coletivo Ponto Crítico, Jean Boechat, Thiago Peixoto, Patrícia Marques, Manuela Isliker, Mauro Neri e Daniel Guth. apraca.cc facebook.com/apracacc instagram/apraca.cc
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