Síntese da obra o sermão de santo antónio aos peixes

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Agrupamento de Escolas Verde Horizonte - Mação SEDE- Escola Básica dos 2º,3º Ciclos com Ensino Secundário de Mação

– Cód. 160660 FICHA INFORMATIVA PORTUGUÊS – MÓDULO VI

Prof.ª Clara Neves

11.ºC CARACTERÍSTICAS DO “SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES” 1. Introdução

O Pe. António Vieira é considerado o maior orador sacro português e domina todo o século XVII pela sua personalidade vigorosa que capta a atenção dos ouvintes. Destaca-se, ainda, pela coragem evidenciada na luta, através das palavras, contra a exploração dos povos oprimidos e pelo patriotismo evidenciado na luta pela manutenção da independência nacional, numa época instável como foi a da Restauração. É marcante, também, o seu anticonvencionalíssimo e ousadia ao combater a organização social e religiosa mais poderosa de Portugal – O Tribunal do Santo Ofício – cujas práticas anticristãs denuncia, independentemente dos perigos a que se expôs e do sofrimento que tais atitudes lhe causaram. 2. Razão do título do sermão de Sto. António aos Peixes: O sermão inspira-se na lenda medieval segundo a qual Santo António, numa das pregações destinadas a emendar o comportamento dos homens, decide falar aos peixes ao constatar que os homens não lhe prestam atenção. Compreensivos e atentos, os peixes levantam as cabeças à superfície das águas, comprovando a força da palavra do santo. António Vieira imitá-lo-á visto que também não é ouvido pelos colonos do Maranhão que exploram os Ameríndios (índios) e os escravos negros; à semelhança do santo que tanto venera, falará aos “peixes” – alegoria dos colonos. Deste modo pode criticá-los sem temer represálias. 3. Contexto em que foi pregado este sermão e objetivo do mesmo: Foi pregado na cidade brasileira de São Luís do Maranhão, em 13 de Junho de 1654, «três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino, a procurar o remédio da salvação dos Índios (…) E nele tocou todos os pontos de doutrina (posto que perseguida) que mais necessários eram ao bem espiritual e temporal daquela terra, como facilmente se pode entender das mesmas alegorias.» 3.1 Funções do sermão: O sermão tem uma missão social (salvar os ameríndios da cobiça e exploração, isto é, salvá-los da antropofagia que era a prática comum entre os homens na sociedade), e é também um instrumento de intervenção na vida política do país; tem também uma missão espiritual: divulgar a palavra de Cristo, o Evangelho e histórias de santos como exemplos de condutas a imitar. 4. Intencionalidade comunicativa do pregador: O sermão é um texto que pretende: a) ensinar através do recurso a citações bíblicas, dados da História natural, exemplos da sabedoria popular. Tem, portanto, uma função informativa (informa sobre diversos saberes); b) agradar aos ouvintes através do recurso a frases exclamativas, interrogações retóricas, gradações, apóstrofes, alegorias. Tem uma função emotiva (desperta emoções nos ouvintes); c) persuadir os ouvintes através da argumentação por meio do confronto com a Bíblia, emprego do modo imperativo, do vocativo e interrogações retóricas. Tem uma função apelativa (interpela os ouvintes, obrigando-os a refletir no que é dito); d) intervir na sociedade portuguesa da sua época.


5. A estrutura do sermão (a organização temática e discursiva do texto) 1ª parte do sermão: O Exórdio ou Introdução (cap. I) O conceito predicável como ponto de partida: o sermão parte de uma afirmação retirada da Bíblia à qual se dá o nome de conceito predicável. O conceito predicável que inicia este sermão é «Vós sois o sal da terra», afirmação retirada por Vieira do Evangelho de São Mateus. Que pretende dizer o pregador aos seus ouvintes do Maranhão? O sal preserva os alimentos impedindo- os de se estragarem (era assim que antigamente a carne e o peixe eram conservados); ora, tal como o sal preserva os alimentos da corrupção, o mesmo faz a palavra de Cristo a quem a ouve, visto que a palavra divina transmitida pelos pregadores (eles são o sal) impede que os colonos (a terra) se afastem do caminho do bem. O conceito predicável é uma verdade intemporal que tem raízes bíblicas e que, por esse facto, dá credibilidade à pregação já que ninguém se atreve a contestar a palavra de Cristo.

O Exórdio é uma parte importante porque é através dela que o pregador capta a atenção dos ouvintes, logo, tem que prender e agradar. Neste, o pregador apresenta o tema do sermão: a necessidade dos colonos do Maranhão alterarem a sua conduta desumana. Resumidamente: no exórdio Vieira diz que se as palavras do pregador (o sal) não cumprem a sua função de impedir a corrupção entre os homens, duas questões devem ser analisadas:  será que o defeito está nos pregadores cujas palavras não convencem porque dizem uma coisa e fazem o contrário do que pregam? A solução para este caso consiste em deitar fora o sal porque não presta: «é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.» (cap. I)  Mas também pode acontecer que o pregador ou sal seja bom e a terra ou colonos o desprezem: «E à terra que não se deixa salgar, que se lhe há de fazer?» (cap. I) «Este ponto não resolveu Cristo Nosso Senhor no Evangelho; mas temos a sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António.»  Assim sendo, Vieira opta por imitar Sto António que deixou os homens e se virou para melhores ouvintes: os peixes.  O Exórdio termina com uma invocação à Virgem Maria ou Domina Maris (Senhora do mar) para obter a inspiração necessária à pregação convincente que deseja. 2ª parte do sermão: Exposição e Confirmação (cap. II-V) Nestes capítulos, o orador desenvolve, através de um discurso fortemente argumentativo, a tese exposta no cap. I: é necessário reformar os costumes dos colonos do Maranhão. Assim, se existe o Bem e o Mal, o sermão, a partir do cap. I, será dividido em 2 partes, a saber: - louvor das virtudes dos peixes, em geral – cap. II - louvores aos peixes em particular, no cap. III: serão louvados o Santo Peixe de Tobias, a Rémora, o Torpedo e o peixe Quatro-Olhos. - repreensão aos peixes em geral: cap. IV - repreensão aos peixes em particular – cap. V: são repreendidos os peixes Roncadores, Pegadores, Voadores e o Polvo. 

Para defender as suas ideias, Vieira recorre a uma argumentação cerrada, a uma linguagem alegórica de modo a tornar claras e facilmente compreensíveis determinadas realidades abstratas (os vícios e as virtudes humanas) e a citações bíblicas e ou de padres famosos/ santos para melhor convencer acerca da pertinência das suas ideias. A alegoria é uma figura de estilo através da qual se refere ideias abstratas recorrendo a exemplos comuns do mundo material; os vários peixes elogiados e repreendidos são alegorias da maldade e bondade humanas. Capítulo II– síntese das ideias: As 2 qualidades dos peixes mencionadas no início deste capítulo estabelecem um contraste com 2 defeitos humanos:


- «os peixes ouvem e não falam», donde se depreende que os homens falam demais e não ouvem os bons conselhos do pregador; - seguidamente, Vieira informa que quer pregar com a mesma imparcialidade que Santo António usou nas suas pregações porque essa é a atitude que deve manifestar qualquer pregador digno desse nome: «Uma é louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o bem para o conservar e repreender o mal para preservar dele.», isto é, o louvor das virtudes (humanas) influencia a continuidade das mesmas e a crítica aos vícios (humanos) leva a que quem os pratica se consciencialize dessa prática errada. - Vieira justifica, com novos argumentos, o elogio das virtudes em geral dos peixes: foram os primeiros animais criados por Deus, são os animais mais numerosos e com maiores dimensões, são ordeiros, tranquilos e ouviram com atenção e devoção a mensagem de Santo António, contrariamente aos homens que a desprezaram «tão furiosos e obstinados». - Os peixes vivem retirados do convívio com os humanos, facto que revela a sua sensatez pois são independentes e livres: «Quanto mais longe dos homens, tanto melhor; trato e familiaridade com eles, Deus vos livre!» - Na conclusão do cap. II, Vieira interpela diretamente os peixes e diz-lhes: «Vede, peixes, quão grande bem é estar longe dos homens.»

Capítulo III – síntese das ideias Neste capítulo, o pregador passa à enumeração dos peixes que serão elogiados e das razões que levam a esses elogios. Cada peixe representa, alegoricamente, virtudes humanas. - 1º peixe elogiado: o peixe de Tobias, personagem do Antigo Testamento que, no momento em que ia lavar os pés ao rio, é surpreendido por «um grande peixe com a boca aberta em ação de que o queria tragar. Gritou Tobias assombrado (…)» Acontece que este peixe assustador ia, afinal, salvar Tobias com as suas entranhas: «o fel era bom para salvar da cegueira e o coração para lançar fora os demónios.» - 2º peixe elogiado: a rémora «peixezinho tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder»; a rémora é alegoria da energia e força de vontade que devem ser o “leme”/ a orientação das ações humanas. A rémora representa todos os que são imunes, como Santo António, à «fúria das paixões», guiando-se na vida pela racionalidade. - 3º peixe elogiado: «aquele outro peixezinho, a que os latinos chamam torpedo»; este peixe produz uma descarga elétrica que passa para a mão do pescador, fazendo-lhe tremer o braço. Isto quer dizer que a virtude deste peixe contagia o ser humano, sendo essa virtude a energia para lutar contra a atração pelo mal. Com esta nova alegoria Vieira critica os padres pregadores que se interessam apenas por falar sem atender à qualidade das suas mensagens evidenciando ausência de espírito crítico e descuido relativamente aos fiéis que “pescam” com os respetivos discursos. Isto nunca acontecia com os sermões de Santo António visto que aqueles que os ouviam “tremiam” de tanta emoção que, «tremendo, confessaram seus furtos; (…) todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram.» - 4º peixe elogiado: o quatro-olhos - «Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos!» Tantos olhos num único peixe (2 virados para o céu e 2 virados para baixo) devem-se ao facto de serem muito perseguidos no mar e no ar, pelas aves marítimas. Deste facto o pregador conclui que


este peixe ensina os homens a olharem para o céu para praticarem a virtude e a não esquecerem o inferno sempre que olham para a terra. Capítulo IV – síntese das ideias Neste capítulo, Vieira repreende os peixes em geral porque os peixes grandes comem os pequenos (alegoricamente é referida a antropofagia social, isto é, os homens poderosos aniquilam os mais frágeis, os marginalizados da sociedade: os índios e negros do Brasil). Assim sendo, a terra parece «um açougue» ou matadouro, já que os marginalizados vão morrendo de cansaço, fome e doença, diante da indiferença dos colonos. Mas os homens também se comem uns aos outros mesmo dentro da mesma classe social, porque cobiçam os bens uns dos outros, são interesseiros: «Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão de comer e como se hão de comer. Morreu algum deles, vereis logo tantos sobre o miserável a despedaçá-lo e a comê-lo. Comem-nos os herdeiros, comem-no (…) ainda o pobre defunto o não comeu a terra, e já o tem comido toda a terra.» Os peixes comem-se uns aos outros no mar por razões de sobrevivência, mas os seres humanos aniquilam-se e desprezam-se por amor excessivo ao dinheiro. Esta constatação leva a uma 2ª repreensão geral aos peixes alegoria dos homens: estes dão a vida por insignificâncias, «um retalho de pano», mas os bens terrenos são ilusórios e fonte de discórdias; o costume de se aproveitarem dos bens dos naufragados é condenável: «Pode haver maior ignorância e mais rematada cegueira que esta?» Deviam seguir o exemplo de Santo António que, tendo nascido rico, abandonou tudo para imitar Jesus Cristo.

Capítulo V – síntese das ideias Neste capítulo, Vieira repreende alguns peixes em particular: «Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós» Os peixes criticados são alegorias dos piores vícios humanos, ainda que haja uma gradação nesta enumeração porque o polvo será o “peixe” mais criticado. -1º peixe repreendido: o roncador – é a alegoria dos homens arrogantes e vaidosos que prometem e não cumprem porque «o muito roncar antes da ocasião, é sinal de dormir nela»; «Assim que, amigos roncadores, o verdadeiro conselho é calar e imitar a Santo António. Duas cousas há nos homens que os costumam fazer roncadores, porque ambas incham: o saber e o poder.»

-2º peixe repreendido: o peixe pegador – é a alegoria da adulação e do parasitismo, vícios da alta nobreza e classe política, gostam de receber favores e da adulação daqueles que deles dependem. Estes peixes nadam presos a um «tubarão», membro mais importante na escala social que eles vão explorando como podem.

-3º peixe repreendido: o peixe voador – é a alegoria dos sempre insatisfeitos com a vida e ambiciosos porque não se contentando em nadar no mar, querem voar como os pássaros: «Dizei-me, voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois porque vos meteis a ser aves? (…) Peixes, contente-se cada um com o seu elemento. (…) À vista deste exemplo, peixes, tomai todos na memória esta sentença: quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem.»


-4º peixe repreendido: o polvo, alegoria da hipocrisia e da traição, os vícios piores entre todos. Contra o polvo ergueram-se as vozes de dois santos importantes: S. Basílio e Santo Ambrósio porque o polvo aparenta ser aquilo que não é: «com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão.» Percebemos o alcance da crítica ao polvo: como ele, também os monges enganam os fiéis, passando por homens piedosos quando não passam de homens imorais e interesseiros que utilizam a palavra de Deus para melhor conseguirem os seus verdadeiros intentos. Através de anáforas, frases paralelísticas e comparações, Vieira descreve a aparência enganadora o polvo que, devido ao mimetismo, se disfarça para melhor enganar os inocentes e que é pior traidor do que foi Judas, o traidor de Cristo. «Se está nos limos faz-se verde, se está na areia, faz-se branco, se está no lodo, faz-se pardo (…) E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado (…) Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende.» Para além das razões já invocadas contra o polvo, Vieira refere o contraste entre a “sujidade” moral do polvo e a transparência do elemento natural em que habita – o mar: «Oh que excesso tão afrontoso e tão indigno de um elemento tão puro, tão claro e tão cristalino como o da água, espelho natural não só da terra, senão do mesmo céu!» Vieira intui os argumentos que os peixes/ homens empregariam, se pudessem falar, para rebater as acusações contra o polvo: «Vejo, peixes, que pelo conhecimento que tendes das terras em que batem os vossos mares, me estais respondendo e convindo, que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas e muito maiores e mais perniciosas traições. (…) Mas ponde os olhos António, vosso pregador, e vereis nele o mais ouro exemplar da candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano.» Isto é, é verdade que a terra está infestada de traidores e não apenas o mar onde vivem os peixes acusados, sobretudo o polvo, pior entre os piores. Mas também é verdade que há habitantes da terra que se destacam pela pureza de coração e amor à verdade, como é o caso de Santo António a quem Vieira imita e cita frequentemente no seu sermão. Que se há de então fazer, já que Santo António é inimitável? Para Vieira, basta que os portugueses do seu tempo se mantenham fiéis aos valores morais e éticos que outrora existiam em Portugal e que agora parecem estar arredados das intenções dos colonos do Maranhão: «E sabei também que para haver tudo isto em cada um de nós, bastava antigamente ser português, não era necessário ser santo.»

3ª parte do Sermão: Peroração ou Conclusão – cap. VI No último capítulo, Vieira quer “consolar” os peixes, eles que para além de terem sido alvo de duras críticas, também foram excluídos do terceiro livro da Bíblia – O Levítico. Esta desconsideração feita aos animais marinhos num livro sagrado deve-se a esta razão: «(…) foi porque os outros animais podiam ir vivos ao sacrifício |entenda-se que se tratava de uma oferenda a Deus que passava por sacrificar animais, tal como era habitual nas práticas religiosas ancestrais| e os peixes geralmente não, senão mortos; e cousa morta não quer Deus que se lhe ofereça, nem chegue aos seus altares.» Ora, tal como os peixes que morrem antes de chegar a Deus, também «quantas almas chegam àquele altar mortas (…) estando em pecado mortal!» No entanto, os peixes estão em vantagem relativamente aos humanos já que nem chegam a aproximar-se de Deus, não o podendo ofender; opostamente, os homens chegam a Deus cheios de pecados, facto que leva o pregador a exclamar: «Peixes, dai muitas graças a Deus de vos livrar deste perigo, porque melhor é não chegar ao sacrifício, que chegar morto.» Mas as vantagens dos peixes não se resumem apenas ao que foi referido antes: o pregador também é humano e dotado de razão, contrariamente aos peixes que agem segundo as leis da


natureza. Assim sendo, o pregador inveja «a bruteza» dos peixes porque estes não ofendem a Deus já que nem pensam nem têm vontade própria. Vieira termina reconhecendo, numa atitude humilde, as fraquezas inerentes aos seres humanos que falham perante Deus porque a inteligência destrói a inocência e pureza que os peixes, seres irracionais, conservam e o livre-arbítrio que falta aos peixes nem sempre o conduz à prática mais cristã : «Vós fostes criados por Deus para servir ao homem, e conseguis o fim para que fostes criados; a mim criou-me para o servir a ele, e eu não consigo o fim para que me criou.» Acrescenta a esta confissão da sua indignidade face a Deus, o pedido aos peixes para que louvem a Deus, criador da vida e a quem tudo se deve. II – Principais recursos estilísticos presentes no Sermão de Santo António aos Peixes: 1. Alegoria: todo o sermão é alegórico ou uma extensa alegoria, a partir do cap. II (os peixes são alegorias dos homens e das virtudes e vícios destes). 2. Anáfora e Paralelismo sintático ou estrutural: Ex. «Os peixes, pelo contrário, lá se vivem nos seus mares e rios, lá se mergulham nos seus pegos, lá se escondem nas suas grutas» – cap. II Ex2. «Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas, vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego?» 3. Apóstrofes : Ex. «Vindo pois, irmãos, às vossas virtudes (…)» – cap. I Ex2. «Vede, peixes, quão grande bem é estar longe dos homens» – cap. I Ex.3 «Ah moradores do Maranhão, quanto (…)» – cap. II Ex.4 «Parece-vos isto bem, peixes?» (interrogação retórica + apóstrofe) – cap. IV 4. Antíteses: Ex. «Uma é louvar o bem, outra é repreender o mal» (paral. sintático + antítese) Ex2 «tanto mais unido com Deus, quanto mais apartado dos homens» – cap. II Ex3 «tão pequeno no corpo e tão grande na força e no poder» Ex4 «traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras» – cap. V Ex5 «de manhã e de tarde, de dia e de noite» – cap. I Ex6 «e visse na terra os homens tão furiosos e tão obstinados e no mar os peixes tão quietos e tão devotos» – cap. II 6. Enumerações: Ex. «Comem-no os herdeiros, comem-no os testamenteiros, comem-no os legatários, comem-no os acredores; comem-no os oficiais dos órfãos e dos defuntos e ausentes; come-o o médico (…), come-o o sangrador, (…)» – cap. IV Ex.2 «(…) que também nelas há falsidades, enganos, fingimentos, embustes, ciladas e muito maiores e mais perniciosas traições» – cap. V Ex 3 «primeiro deixou Lisboa, depois Coimbra, e finalmente Portugal» (enumeração + gradação) – cap. II 7. Gradações Ex. «sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira» – cap. I Ex2. «Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças fora de água» (enumeração + gradação) – cap. I


8. Comparações Ex. «Rodeia a nau o tubarão nas calmarias da Linha com os seus pegadores às costas, tão cerzidos com a pele, que mais parecem remendos» – cap. V Ex2 «O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos parece uma estrela (…)» – cap. V

9. Metáforas Ex. «e esse fel que tanto vos amarga (…) uma é alumiar e curar as vossas cegueiras, e outra lançar-vos os demónios fora de casa» – cap. III Ex2 «Quem dera aos pescadores do nosso elemento (…) Tanto pescar e tão pouco tremer!» – cap. III Ex3 «onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes» – cap. III Ex4 «porque a fome que de lá traziam, a fartavam em comer e devorar os pequenos» – cap. IV Ex5 «Com aquela corda e com aquele pano, pescou ele muitos» – cap. IV Ex6 «porque ambas incham: o saber e o poder» – cap. V 10. Quiasmo Ex. «mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso e os peixes o uso sem a razão» – cap. II 11. Interrogações e exclamações retóricas «Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo?» – cap. I «Oh grande louvor para os peixes e grande afronta e confusão para os homens!» – cap. II «Pois a quem vos quer tirar as cegueiras, a quem vos quer livrar dos demónios perseguis vós?» – cap. III 12. Repetições Ex. «Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a cidade é que haveis de olhar» – cap. IV

Publicado em http://portugues11ano.blogspot.com por António Alves


Ficha de verificação de leitura da obra de Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes A. Completa as frases seguintes com a informação adequada. 1.

O

Sermão

de

Santo

António

aos

Peixes

foi

proferido

em

_____________,

na

cidade

de

salga

ou

_______________________. 2. O conceito predicável que surge no capítulo I é ___________________________. 3.

No

capítulo

I,

o

pregador

apresenta

dois

problemas:

ou

o

sal

não

___________________________________. 4. O orador segue o exemplo de _______________ e resolve pregar para os ______________________. 5.

No

capítulo

II,

o

orador

apresenta

a

estrutura

do

Sermão:

na

primeira

parte,

_____________________________ e, na segunda, _________________________. 6.

Uma

das

virtudes

gerais

evidenciada

pelo

orador

no

capítulo

II

é

_______________________________________________________. 7. No capítulo III, são referidos as virtudes dos seguintes peixes: o Santo Peixe de Tobias, a ________________, o ________________ e o ____________________. 8. O orador estabelece um paralelismo entre o Santo Peixe de Tobias e _______________________. 9. A Rémora é elogiada pela sua __________________ e, de acordo com o pregador, se houvesse uma Rémora em terra ______________________________________. 10. No capítulo IV, o orador começa por denunciar um comportamento chocante dos peixes em geral: _____________________________________________________. 11. À semelhança dos peixes também os ___________________________________: quando, por exemplo, ________________________________________________. 12. No capítulo V, o pregador apresenta os defeitos dos seguintes peixes: os _________________________, os _______________________, os __________________ e o Polvo. 13. O Polvo é acusado de ser o maior ________________________ porque ___________________________ para __________________________________. 14. O pregador estabelece um paralelismo entre o Polvo e _____________________, mas conclui que _________________ é menos _______________ do que o Polvo, pois a sua _______________________ foi à vista de todos. 15. No capítulo VI, o orador estabelece uma comparação entre _____________ e os ______________ e conclui que _________________ é o ser com mais defeitos.


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