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Em Rede
Nilson Fernandes, especialista em cloud da Connectoway
Cloud como estratégia de crescimento de negócios para provedores regionais
É um fato conhecido que toda empresa precisa compreender rapidamente as demandas de inovação que necessitam atender, para se adequarem às mudanças do mercado e às tendências de transformação digital. Com um provedor regional não poderia ser diferente, e ainda há um agravante: essas empresas estão na base da evolução tecnológica em curso. Isso significa que precisarão se preparar não apenas para atender a aumentos de tráfego, mas também no volume de dados armazenados e processados, especialmente em nuvens. A interconectividade e a oferta de serviços complementares também estão no radar dos provedores regionais, que precisarão ter uma preocupação básica adicional: oferecer segurança para os dados que processam e armazenam devido à mudança de padrão no uso de Internet, que multiplicou em diversas vezes as portas para ataques e falhas de segurança.
Esta seção aborda aspectos tecnológicos das comunicações corporativas, em especial redes locais, mas incluindo também redes de acesso e WANs. Os leitores podem enviar suas dúvidas para Redação de RTI, e-mail: inforti@arandanet.com.br.
Se por um lado a pandemia trouxe a necessidade de aceleração da transformação digital para todos os tipos de negócios, por outro, aumentou a importância estratégica da hospedagem de dados, coincidindo ainda com a entrada em vigor no Brasil da LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados, que desde 1° de agosto deste ano já fornece base para a aplicação de multas contra empresas que não incluíram a segurança da informação dentro da jornada de digitalização. Lembrando que há muitos provedores regionais que armazenam os dados de
seus clientes em servidores situados em outros países, os quais precisarão, além de informar sobre essa prática, ter equipamentos com um nível de segurança ainda maior.
Diante desse cenário, que ainda inclui movimentos de mercado que indicam forte tendência de consolidação no setor, será que os provedores regionais estão analisando todas as possibilidades de transformação de suas próprias estruturas? Será que têm visto todas as potencialidades que a cloud computing oferece como negócio, além de seus cuidados em função da LGPD, que podem ser tanto um fator de melhoria de oferta de serviços aos clientes, como de valorização do próprio serviço?
A nuvem se tornou um dos serviços essenciais para o funcionamento do ecossistema de serviços de Internet e empresas. É um caminho sem volta. Porém, há que se ter uma estratégia completa de transformação também para quem é a nuvem, e, portanto, de investimentos, que possibilitem a oferta de serviços agregados, inovação, melhoria no relacionamento com o cliente final e, claro, aumentem a receita do negócio.
De acordo com um relatório da IDC Brasil, divulgado em abril de 2021, a cloud avança como elemento-chave na infraestrutura de TI dos negócios. Somados, os gastos com IaaS –Infrastructure as a Service e PaaS –Platform as a Service em nuvem pública no Brasil devem atingir US$ 3 bilhões, um crescimento de 46,5% em relação a 2020. O serviço de nuvem pública possibilita maior flexibilidade, agilidade e escalabilidade, combinando microsserviços, conexões com multinuvens e soluções prontas, que agregam ao modelo de entrega.
Eis aqui uma janela de oportunidade. Quando falamos em nuvens públicas como serviço, além de agregar possibilidades que vão além da conectividade ofertada para o cliente final, também permitem que o provedor otimize o pagamento de impostos, por ser um SVA - Serviço de Valor Agregado, por exemplo.
O provedor regional precisa olhar a transformação de seu negócio e basear suas decisões de forma que a venda do serviço de conectividade e a nuvem caminhem juntas no processo de entrega para o cliente. Ao fazer isso, abrem-se oportunidades para atendê-lo em todas as frentes de
entrega, ao mesmo tempo em que torna possível uma constante inovação e o surgimento de novas soluções.
A nuvem é financeiramente atrativa porque hoje os provedores regionais têm a possibilidade de trabalhar com serviços de valor agregado, na medida em que também há vantagens com a redução de impostos. Some-se a isto a natureza do cliente de procurar empresas que forneçam soluções “fim a fim”, desde o link até a nuvem.
O resultado é que a demanda cada vez maior por volume de dados e Internet de qualidade (disponibilidade, latência e alcance territorial) fortalece as soluções em nuvem, ao mesmo tempo em que transforma alguns dos elementos que compõem esse ecossistema em commodity, como a conectividade, quando considerada isoladamente.
As empresas estão em uma jornada de transformação digital que não terá fim e a nuvem é a ponta do iceberg para que todo o restante da cadeia funcione de forma harmônica. As empresas têm sido cada vez mais criteriosas em seus processos de reinvenção tecnológica. Elas perceberam que, se o caminho para a cloud computing é inevitável, que seja percorrido de maneira racional e com a máxima visão de longo prazo possível.
É neste momento que a segurança dos dados se torna sensível e estratégica. E integrar os conceitos da LGPD para segurança atual e futura dos negócios passa a ser uma necessidade básica.
De cara os fornecedores de cloud precisam informar a seus clientes onde os dados estarão armazenados, uma vez que a interconectividade pode fazer com que parte esteja em território estrangeiro: quais as ferramentas de gestão e prevenção para casos de perda de dados; e quais as precauções que o próprio provedor regional tem para com seus colaboradores, os quais têm sido, muitas vezes, a origem do acesso indevido ou da abertura de portas para vazamentos de informações de clientes.
A resposta, claramente, está na escolha das ferramentas e dos processos que serão utilizados na base, ou seja, nos provedores, que devem ser definidos após uma ampla análise do mercado de cloud e do negócio dos clientes atendidos.